Buscar

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ART. 5 C.F (14)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
DOS DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
 
 
 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
OBS: O princípio da igualdade (isonomia), prevista no texto constitucional possui duplo sentido, 
quais sejam, a igualdade formal e material. 
 
A igualdade formal é aquela que não estabelece distinção alguma entre as pessoas. 
 
Assim, em iguais condições, todos devem ser tratados igualmente (igualdade formal). 
EX: Homens e mulheres possuem o mesmo direito à vida. 
EX: se um homem e uma mulher recebem a mesma remuneração, devem pagar imposto de 
renda com base em alíquotas idênticas. 
Por outro lado, temos a igualdade material, também chamada de igualdade 
substancial ou aristotélica. 
 
Aproximadamente no ano 300 antes de Cristo, o grande filósofo Aristóteles proferiu a seguinte 
frase: 
 
 “Devemos tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de 
suas desigualdades”. 
 
Deste modo, a Constituição Federal, simultaneamente, assegura a igualdade formal (quando 
diante de condições iguais) e determina a busca por uma igualdade material (quando diante de 
desigualdades). 
Note: 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: Apesar da Constituição Federal se referir apenas aos brasileiros e estrangeiros 
RESIDENTES no Brasil, os diretos e deveres previstos no art. 5 possuem alcance não 
somente a estes, mas a todos aqueles que se encontrem em território nacional, e por 
consequência se submetem a jurisdição nacional (interpretação extensiva). 
OBS: Incluem-se neste rol as pessoas jurídicas, quando o direito for compatível com sua 
natureza. 
 
 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
OBS: Trata-se do princípio da legalidade. 
CUIDADO: O princípio da legalidade prevista no presente inciso é o aplicado ao particular e não 
o aplicado a administração pública. Note as diferenças: 
 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
OBS: A definição de tortura é definida pela Lei n 9.455-97 (Lei de Tortura). 
OBS: Entende-se por tratamento desumano aquele contrário a condição da pessoa humana. 
OBS: Entende-se por tratamento degradante aquele que diminui (reduz) a condição de pessoa 
humana e sua dignidade. 
 
 IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
OBS: A proibição do anonimato visa garantir uma futura responsabilização de quem violar 
direitos de terceiros, fazendo uso do direito a manifestação do pensamento de forma ilegal e 
irresponsável. 
OBS: Note que não há direito fundamental de caráter absoluto, assim, mesmo possuindo o 
direito de manifestação do pensamento, não é autorizado o seu exercício de forma 
irresponsável, ou seja, de forma que venha a atingir bens jurídicos também protegidos pela 
carta magna, tais como a honra, imagem e a vida privada. 
 V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
OBS: Observe que o direito de resposta deverá ser proporcional ao agravo (ofensa). 
EX: Utilização de meios de comunição de grande alcance. 
 VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
 
OBS: O Estado brasileiro é laico, ou seja, não adota uma religião oficial, sendo permitido o livre 
exercício dos mais variados cultos religioso, desde que respeitado os bons costumes e os 
ditames da lei. 
CUIDADO: Essa liberdade de consciência e de crença NÃO é absoluta (incondicionada). 
Deste modo, não poderá o sujeito prejudicar direitos de terceiros alegando o direito a liberdade 
de crença ou de consciência. 
EX: Exercício de culto religioso que atente ao sossego público. 
 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
EX: Presídio e o exercício de cultos religiosos. 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
CUIDADO: CAI MUITO EM PROVA! 
OBS: Trata-se da ESCUSA DE CONSCIÊNCIA, ou seja, o direito conferido ao indivíduo de negar o 
cumprimento de obrigação a todos impostas em razão de convicção filosófica, políticas ou de 
crença. 
CUIDADO: Neste caso, aquele que alegar escusa de consciência estará sujeito ao cumprimento 
de prestação alternativa que será fixada em lei. Assim, a escusa de consciência somente será 
exercida se for possível à prestação de obrigação alternativa fixada em lei. 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença; 
CUIDADO: Isso não quer dizer que não poderá haver responsabilização daquele que gerar 
danos materiais ou morais a terceiros. 
ATENÇÃO: Assim, não existe no Brasil a censura. 
OBS: Não confunda a classificação indicativa de espetáculos públicos com censura. 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
OBS: A indenização será proporcional aos danos causados em decorrência da violação a 
intimidade, vida privada, honra e imagem da pessoa. 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
FCC – DEFENSORIA PÚBLICA- AM - 2018 
Considerando as normas constitucionais que garantem o direito à igualdade, é 
INCOMPATÍVEL com a Constituição Federal a edição de lei que estabeleça 
incentivos específicos para a proteção do mercado de trabalho da mulher e a 
previsão de idade mínima da mulher inferior à idade mínima do homem, como 
requisito para aquisição da aposentadoria voluntária por servidor público titular 
de cargo efetivo. 
CERTO 
ERRADO 
 
TJMT – 2018 – JUIZ DE DIREITO 
Marque a alternativa CORRETA. 
A) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante, exceto quando violar direito da pessoa idosa ou criança em 
situação de risco. 
 
B) É livre a manifestação do pensamento e permitido o anonimato, sempre 
que necessário para ressalvar interesse público. 
 
 
C) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo e vedada à 
indenização por dano material, moral ou à imagem, se praticada por meio 
de programa de rádio ou TV. 
 
D) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei. 
 
CESPE – ABIN - 2018 
A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item a seguir. 
 
O direito à liberdade de expressão artística previsto constitucionalmente não 
exclui a possibilidade de o poder público exigir licença prévia para a realização 
de determinadas exposições de arte ou concertos musicais. 
 
CERTO 
ERRADO 
 
FEPESE – 2017 – ESCRIVÃO DE POLÍCIA 
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,mediante autorização ou licença. 
CERTO 
ERRADO 
 
ESAF – 2017 – AUDITOR FISCAL 
REYNARD ILLARY reuniu várias peças de seu acervo de artes plásticas (telas 
retratando trabalhadores em plena atividade laboral) e produziu um 
documentário, com imagens e sons, em relação a elas. É correto afirmar que a 
divulgação dessa atividade artística: 
A) precisa ser submetida à aprovação do órgão público responsável pela 
censura de obras de arte. 
 
B) é livre e independe de censura ou licença. 
 
 
C) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela 
censura de obras de arte, mas reclama autorização. 
 
D) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela 
censura de obras de arte, mas reclama licença. 
 
 
E) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela 
censura de obras de arte, mas reclama licença no caso de utilização de 
veículos de comunicação de massa. 
 
QUADRIX – 2017 – AUXILIAR ADMINISTRATIVO 
De acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item 
seguinte a respeito dos direitos e das garantias fundamentais. 
 
O princípio da legalidade, previsto na CF, que afirma que ninguém será 
obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, 
pode ser explicado, afirmando-se que o cidadão, no âmbito de suas relações 
particulares, somente poderá fazer o que a lei permitir. 
 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA - 2016 
A escusa de consciência por motivos religiosos, filosóficos ou políticos é 
protegida constitucionalmente, exceto nos casos de invocação para se eximir 
de obrigação legal imposta a todos e de recusa de cumprimento de prestação 
alternativa fixada em lei. 
CERTO 
ERRADO 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
OBS: Segundo o STF, o conceito de “casa” deve ser interpretado de forma ampla, sendo 
que a corte constitucional adota para tal o conceito de casa previsto no art. 150 do CP. Note: 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
 I - qualquer compartimento habitado; 
Ex: Trailer, barraca, apartamentos e etc. 
 
 II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
Ex: Quarto de hotel, motel, pensionato e etc. 
 
 III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade. 
Ex: Escritório de advocacia, consultório médico e etc. 
 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
 I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto 
aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
 II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
ATENÇÃO: Duas correntes definem o conceito de “dia”. 
- Critério cronológico: Para esta teoria entende-se por “dia” os horários que estão 
entre as 6hs da manhã até às 18hs da noite. 
- Critério físico astronômico: Entende-se como “dia” o período entre a aurora 
(nascimento do sol) e o crepúsculo (pôr do sol). 
 
OBS: O STF e a doutrina majoritária adotam o critério físico astronômico. 
CUIDADO: A inviolabilidade de domicílio protege o morador, e não necessariamente o 
proprietário do local. 
ATENÇÃO: Segundo o CESPE, havendo divergência entre os cônjuges, acerca da autorização 
para entrada no domicilio, não poderá haver a entrada. 
CUIDADO: No que tange a necessidade de autorização judicial durante o dia, temos a 
chamada cláusula de reserva de jurisdição. 
 Isso significa que o ingresso só pode ser autorizado por Membros do Poder Judiciário. 
 Assim, CPIs, autoridades administrativas, fazendárias, fiscais ou policiais não podem 
determinar violação de domicílio. 
 
ATENÇÃO: Considerando o Estatuto do Desarmamento, há os crimes de posse e de porte ilegal 
de arma de fogo. 
A guarda desautorizada de arma em casa configura posse ilegal, enquanto conduzi-la 
no carro ou na cintura seria porte. 
O STJ entende que transportá-la na boleia do caminhão seria porte, negando, 
assim, a extensão do conceito de casa (STJ, RESP 1.362.124). 
 
ATENÇÃO: Agora pense na seguinte situação: 
Mediante fundadas suspeitas da ocorrência de tráfico de drogas, os policiais, sem 
autorização judicial, durante a noite, entram na residência, mas nada de ilícito 
encontram. 
Nesse caso, eles deveriam ser responsabilizados? 
 
A questão foi submetida ao STF, tendo o Tribunal explicitado que os policiais só 
responderiam se tivessem agido de má-fé. 
Do contrário, agindo de boa-fé e justificando posteriormente as circunstâncias que 
os levaram a ingressar sem autorização, eles não poderiam ser punidos nas esferas 
penal, civil ou administrativa (STF, RE 603.616). 
 
CUIDADO: Resgatando a ideia de não existir direito absoluto, o STF afastou a ilicitude das 
provas obtidas a partir de escuta ambiental por meio de aparato policial instalado em 
escritório de advocacia, durante a noite, mediante autorização judicial (do próprio STF). 
No julgamento, o Tribunal afirmou a necessidade de se proceder à ponderação de interesses 
por estar-se diante de conflito de direito à intimidade da vida privada – inviolabilidade de 
domicílio X poder-dever da Administração de reprimir a prática de crimes. 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
OBS: Se realizarmos uma interpretação literal do presente inciso, chegaremos a conclusão de 
que somente poderá ser violado o sigilo das comunicações telefônicas, sendo o sigilo das 
correspondências, comunicações telegráficas e as de dados absolutas, ou seja, não poderão ser 
violadas em hipóteses alguma. 
 
CUIDADO: ISSO NÃO É VERDADE! 
 
ATENÇÃO: O STF entende que nenhuma das inviolabilidades possui caráter absoluto, podendo 
deste modo serem “quebradas”. 
OBS: O inciso estudado deve ser analisado separadamente e interpretado da seguinte forma: 
 
- COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS; 
No que tange as COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, somente poderão ser “violadas” mediante 
autorização judicial (reserva de jurisdição), na forma e nas hipóteses da lei, para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. 
Assim, não poderá haver ordem administrativa que autorize interceptação telefônica, pois 
somente autoridade judicial possui competência para tal. 
CUIDADO: Note que o texto constitucional prevê que somente haverá interceptação telefônica 
(quebra do sigilo das comunicações telefônicas) mediante autorização judicial e (+) para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. 
Deste modo, não poderá ocorrer interceptação telefônica para fins de investigação ou instrução 
de processos administrativos ou cíveis. 
ATENÇÃO: Porém, entende o STF que, o conteúdo de interceptação telefônica poderá ser 
utilizado SUBSIDIARIAMENTE em processo administrativo. 
OBS: A lei que regulamenta a interceptação das comunicações telefônicas é a lei n 9.296/96. 
 
MUITO CUIDADO: Não confunda os conceitos de interceptação telefônica, escuta telefônica e 
gravação telefônica. Note: 
A interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, sem o 
conhecimento dos interlocutores, situação que depende, sempre, de ordem judicial prévia, por 
força do art. 5º, XII, da Constituição Federal. 
EX: No curso de uma instrução processual penal, a pedido do representante do Ministério 
Público competente, o magistradoautoriza a captação do conteúdo da conversa entre dois 
traficantes de drogas ilícitas, sem o conhecimento destes. 
 
A escuta telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento 
de apenas um dos interlocutores. 
EX: João e Maria conversam e Pedro grava o conteúdo do diálogo, com o consentimento de 
Maria, mas sem que João saiba. 
 
A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento 
ou a ciência do outro. 
EX: Maria e João conversam e ela grava o conteúdo desse diálogo, sem que João saiba. 
 
A relevância de tal distinção é que a escuta e a gravação telefônicas - por não constituírem 
interceptação telefônica em sentido estrito - não se sujeitam à obrigatória necessidade de 
ordem judicial prévia e podem, a depender do caso concreto ser utilizadas licitamente como 
prova no processo (repita-se: sem necessidade alguma de autorização judicial). 
ATENÇÃO: Nos três institutos acima (interceptação, escuta e gravação), estamos falando, 
sempre, da captação do "conteúdo da comunicação" (conteúdo do diálogo). 
Já na "quebra do sigilo telefônico" (quebra dos registros ou dados telefônicos), não se trata de 
captação de conteúdo algum! Quebra do sigilo telefônico nada mais é do que autorizar o acesso 
aos registros pretéritos de determinado telefone, isto é, autorizar o acesso aos registros das 
ligações ativas (realizadas) e passivas (recebidas) realizadas por dado telefone em determinado 
espaço de tempo (últimos dois anos, por exemplo). 
 
Enfim, na quebra do sigilo telefônico, ninguém tem acesso a conteúdo algum da conversa; o 
acesso é somente aos registros das ligações realizadas (e recebidas) a partir de determinado 
telefone (ligou para quem, recebeu ligações de quem, qual a duração de cada ligação, ligou 
quantas vezes no mesmo dia etc.). 
 
ATENÇÃO: No que tange à necessidade de autorização judicial para o acesso ao conteúdo das 
conversas de WhatsApp de telefone celular apreendido, o Superior Tribunal de Justiça 
veio a enfrentar a questão no julgamento do RHC nº 51.531, quando firmou o 
entendimento de que ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas 
de WhatsApp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, 
sem prévia autorização judicial. 
 
- CORRESPODÊNCIAS, COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS E DE DADOS; 
No que se refere as inviolabilidades das CORRESPONDÊNCIAS, COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS 
E DE DADOS, poderão estas serem “quebradas” por ordem judicial ou por ordem 
administrativa por autoridade competente, DESDE QUE A LEI (INFRACONSTITUCIONAL) assim 
autorize. 
Assim, podemos apontar como exemplo, o disposto no art. 41 da LEP (Lei de Execuções Penais), 
que autoriza o diretor do estabelecimento prisional a devassar (violar) conteúdo de 
correspondência de preso nos casos de fundadas de suspeitas de atos ilícitos por parte deste. 
Note o disposto no referido artigo: 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura 
e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons 
costumes. 
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser 
suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. 
 
Note o entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca do tema: 
“A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, 
de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre 
excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo 
único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida 
pelos sentenciados, eis que a clausula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar 
não pode constituir instrumento de salvaguarda de praticas ilícitas”. 
 
 
ATENÇÃO: Seguindo o mesmo entendimento, o STF entende que as Comissões 
Parlamentares de Inquérito, que segundo o art. 58, § 3º da C.F, possuem poderes 
de investigação próprios das autoridades judiciais e poderão determinar a ”quebra” 
dos dados bancários e fiscais, desde que de forma motivada. 
CUIDADO: Apesar do texto constitucional afirmar que as CPI’s possuem poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, isso não quer dizer que poderá autorizar 
interceptação telefônica, pois como vimos, tal conduta constitui clausula de reserva de 
jurisdição (somente pode ser realizada por autoridade judiciária). 
 
Note o conteúdo do entendimento jurisprudencial da Suprema Corte: 
“A quebra do sigilo, por ato de CPI, deve ser necessariamente fundamentada, sob 
pena de invalidade. A CPI – que dispõe de competência constitucional para 
ordenar a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico das pessoas sob 
investigação do Poder Legislativo – somente poderá praticar tal ato, que se reveste 
de gravíssimas consequências, se justificar, de modo adequado, e sempre mediante 
indicação concreta de fatos específicos, a necessidade de adoção dessa medida 
excepcional”. 
 
ATENÇÃO: O STF garantiu a Receita Federal o acesso a dados bancários dos contribuintes sem 
necessidade de autorização judicial. 
Note o teor do entendimento: 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão desta quarta-
feira (24) o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos 
da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal receber 
dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia 
autorização judicial. Por maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de 
que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de 
sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de 
terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o 
dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição 
Federal. 
 
Em suma: 
 
COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS 
 
(Conteúdo das comunicações) 
 
 
SOMENTE COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL 
 
(RESERVA DE JURISDIÇÃO) 
 
 
CORRESPONDÊNCIAS 
 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL 
 
OU 
 
AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
(QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). 
 
 
COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS 
 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL 
 
OU 
 
AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
(QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). 
 
 
COMUNICAÇÕES DE DADOS 
 
- Fiscal; 
- Bancário; 
- Telefônico (apenas registros). 
 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL 
 
OU 
 
AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
(QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). 
 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
FUMARC – AGENTE DE POLÍCIA – PCMG 
 
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem permissão 
do morador, EXCETO 
A) em caso de desastre. 
B) em caso de flagrante delito. 
C) para prestar socorro. 
D) por determinação judicial, a qualquer hora. 
VUNESP – ANALISTA ORGANIZACIONAL - 2016 
Segundo a Constituição Federal, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
A) para prestar socorro no caso de desastre, ou durante o dia ou à noite, para 
cumprimento de ordem judicial. 
B) em caso de flagrante delito, para prestar socorro durante o dia, ou à noite 
por determinação judicial. 
C) por autorização judicial, ou por ordem do Promotor de Justiça, durante o 
dia ou à noite. 
D) para cumprimento de ordem judicial, policial ou do Promotor de Justiça e 
para prestar socorro, durante o dia ou à noite. 
E) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial. 
 
PLANEJAR CONSULTORIA – PROCURADOR MUNICIPAL - 2016 
No que concerneaos direito fundamentais, sobre a inviolabilidade do domicílio 
é correto afirmar: 
A) "a casa é asilo violável do individuo, podendo nela penetrar somente sem o 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou durante o dia, por determinação judicial" 
 
B) "a casa é asilo inviolável do individuo, nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou para prestar socorro, qualquer hora do dia ou da noite, por 
determinação judicial" 
 
C) "a casa é asilo inviolável do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial" 
 
D) "a casa é asilo inviolável do individuo, todos nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito, ou para 
prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial" 
 
E) "a casa é asilo violável do individuo, nela podendo penetrar com 
consentimento escrito do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, qualquer hora do dia ou da noite, por 
determinação judicial". 
 
FUNCAB – 2016 – TÉCNICO DE SAÚDE SUPLEMENTAR 
Dispõe o artigo 5o, inciso XI da Constituição da República Federativa do 
Brasil “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito 
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial". Nesse sentido, assinale a alternativa correta. 
A) O conceito de "casa", na seara constitucional, tem que ser interpretado em 
caráter abrangente. Ou seja, para fins do inciso XI do art. 5o da CRBB/1988, 
um bar, um restaurante, um ônibus utilizado como transporte, por 
exemplo, participam do conceito constitucional de “casa". 
 
B) Em caso de infrações penais, o ingresso em casa alheia, mesmo sem 
autorização do titular, pode se dar sem mandado, inclusive durante a noite, 
esteja o crime ocorrendo ou na iminência de ocorrer. 
 
 
C) As Comissões Parlamentares de inquérito, por exercerem poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, podem, sem ordem judicial, 
determinar o ingresso forçado em domicílio alheio. 
 
D) O conceito de "casa", aludido no artigo supra, tem que ser interpretado em 
caráter restrito. Ou seja, “casa" é apenas a residência, a habitação com 
intenção definitiva de estabelecimento do indivíduo, não abrangendo o 
espaço em que o indivíduo exerce qualquer atividade de índole 
profissional. 
 
 
E) Quaisquer ordens judiciais determinando a violação de domicílio devem ser 
cumpridas durante o dia ou durante a noite. 
 
FCC – DEFENSOR PÚBLICO - 2018 
A interceptação de comunicações telefônicas pode ser realizada pela 
autoridade policial em caso de prisão em flagrante apenas para acesso de dados 
de aplicativos como Whatsapp e Facebook, independentemente de ordem 
judicial. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – PCMA - 2018 
A interceptação telefônica, a escuta ambiental e a gravação clandestina são 
métodos iguais e, por isso, devem ser utilizadas da mesma forma. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO - 2017 
Embora a CF preveja a inviolabilidade das comunicações telefônicas, é admitida 
a interceptação das comunicações telefônicas, na forma da lei, para fins de 
investigação criminal ou 
A) instrução processual penal, mediante autorização judicial, por 
determinação de comissão parlamentar de inquérito regularmente 
instaurada, ou investigação de ato de improbidade administrativa, por 
determinação do Ministério Público. 
 
B) instrução processual penal, mediante autorização judicial. 
 
 
C) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou por 
determinação de comissão parlamentar de inquérito regularmente 
instaurada. 
 
D) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou investigação 
de ato de improbidade administrativa, por determinação do Ministério 
Público. 
IADES – CORREIOS – 2017 – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO 
É inviolável o sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo quando a autoridade policial, em 
investigação criminal, entender necessário, para a apuração dos fatos, afastar o 
referido sigilo, fazendo-o com ordem do delegado geral de polícia. 
CERTO 
ERRADO 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
OBS: A doutrina constitucional exemplifica o artigo 5º, XIII da CF/88 como um caso clássico de 
dispositivo constitucional de eficácia contida, ou seja, são as normas constitucionais dotadas de 
aplicabilidade direta, imediata, mas o legislador pode restringir a sua eficácia. 
Assim, existe ampla liberdade de trabalho, ofício e profissão enquanto não sobrevier legislação 
infraconstitucional ordinária exigindo qualificações mais específicas. 
Ex: A Lei nº 8.906-94 (Estatuto da OAB), estabelece a exigência para o exercício da advocacia de 
que o profissional seja bacharel em Direito e seja previamente aprovado no Exame da Ordem 
dos Advogados do Brasil. 
Deste modo, várias são as profissões, atividades e ofícios que exigem qualificações especificas. 
ATENÇÃO: O STF decidiu que o risco à coletividade é o critério que deve ser utilizado para 
determinar se uma determinada profissão deve ou não ser regulamentada. 
Neste sentido, firmou-se o entendimento na Suprema Corte de que os músicos não precisariam 
estar inscritos na Ordem dos músicos para exercerem a atividade, pois esta não gera riscos a 
coletividade. Note o teor da decisão: 
O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal reafirmou jurisprudência no 
sentido de que a atividade de músico é manifestação artística protegida pela 
garantia da liberdade de expressão, e, portanto, é incompatível com a Constituição 
Federal a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), bem 
como de pagamento de anuidade, para o exercício da profissão. 
 
 XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
OBS: A liberdade de informação abrange três direitos, quais sejam, o de informar 
(transmitir a informação), o de se informar (garantia do individuo de buscar informações 
de interesse geral sem que haja obstáculos para isso), e o de ser informado (direito de 
cada cidadão de ter acesso a informações constantes em repartições públicas acerca da sua 
pessoa). 
OBS: Note que os conceitos acima são diferentes, mas se complementam, ou seja, juntos 
resultam no direito de acesso a informações previstas no texto constitucional. 
CUIDADO: O direito de informação não é absoluto, podendo ser restringido tal 
direito quando o sigilo da informação for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado 
ou diante de Estado de Sítio. 
ATENÇÃO: O sigilo da fonte será protegido quando for necessário ao exercício profissional. 
Assim, o sigilo da fonte consiste no impedimento de coerção ao profissional de imprensa 
(jornalista em sentido amplo), a informar a fonte (origem) da informação que veicula. 
CUIDADO: O referido sigilo da fonte não é exceção da proibição do anonimato, também 
prevista na Constituição Federal, pois a fonte será resguardada, mas aquele que divulga a 
informação (jornalista) será identificado e se responsabiliza por ela. 
OBS: Nada impede que a fonte seja descoberta de outra forma. 
Assim, o que o sigilo da fonte proíbe é que o profissional da imprensa seja coagido a apontar a 
origemda informação que veiculou, e não a descoberta em si de onde surgiu a determina 
informação. 
 
 XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus 
bens; 
OBS: O remédio constitucional adequado para “atacar” a violação do direito de locomoção é o 
Habeas Corpus (liberdade do corpo). 
OBS: Não é necessário que o HC seja impetrado por advogado, ou seja, qualquer pessoa poderá 
fazer uso de forma direta do referido remédio constitucional. 
ATENÇÃO: Segundo o STF, não é absoluto o direito de locomoção. Desta forma, segundo a 
Suprema Corte, poderá a Administração Pública interditar uma determinada rua, por exemplo. 
ATENÇÃO: O presente inciso é classificado como norma constitucional de eficácia contida, 
ou seja, poderá lei infraconstitucional limitar o exercício do respectivo direito previsto no texto 
constitucional. 
EX: Exigência de “visto” para a entrada de estrangeiros em território nacional. 
CUIDADO: Entende-se por tempo de paz o momento de normalidade. 
Deste modo, em tempo de guerra ou de decretação de Estado de Sítio, poderá haver a restrição 
do direito de locomoção, pois como já falamos, não há direito fundamental absoluto. 
ATENÇÃO: Note que o direito de locomoção é conferido de forma ampla, ou seja, aplicado não 
apenas aos brasileiros, mas também aos estrangeiros, respeitado os limites e restrições 
previstas na lei. 
CUIDADO: Entende a doutrina e a jurisprudência que o pedágio não viola o direito de 
locomoção, pois nada impede e nem poderia impedir ao cidadão de locomover-se a pé, por 
exemplo, pela referida via pública, sendo assegurado a ele o total direito de ir e vir, ainda que 
incômodo e de maneira desagradável e desconfortável. 
ATENÇÃO: Apesar de parte da doutrina denominar o direito de locomoção como direito de ir e 
vir, entende-se que tal direito não se resume apenas a estes, mas também ao direito de 
permanecer (ISSO CAI EM PROVA)! 
 
 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
 
O direito de reunião é meio de manifestação coletiva da liberdade de expressão, em que 
pessoas se associam temporariamente (isso diferencia reunião com associação), tendo por 
objeto um interesse comum, que poderá ser, por exemplo, o mero intercâmbio de ideias, a 
divulgação de problema da comunidade ou a reivindicação de alguma providência. 
Essa proteção constitucional refere-se não só às reuniões estáticas, em específico local aberto 
ao público, como também às manifestações em percurso móvel, como as passeatas, os 
comícios, os desfiles etc. 
São as seguintes as características do direito de reunião assegurado na Constituição Federal de 
1988: 
a) FINALIDADE PACÍFICA; 
 
Existe direito de reunião, desde que esta seja meio de expressão coletiva com intuito lícito e 
pacífico. 
Não há direito à realização de reuniões que tenham por fim praticar quaisquer espécies de atos 
de violência. 
 
 
b) AUSÊNCIA DE ARMAS; 
 
Os participantes da reunião não poderão portar armas. 
CUIDADO: Assim, por exemplo, uma reunião de policiais civis grevistas portando armas 
constitui flagrante desrespeito à Constituição. 
Porém, se algum dos manifestantes, isoladamente, estiver portando arma, esse fato não 
autoriza a dissolução da reunião pelo Poder Público. Nesse caso, a autoridade policial 
competente deverá desarmar ou afastar o indivíduo infrator, prosseguindo a reunião com os 
demais participantes desarmados. 
Em suma, o que é vedado é a realização de uma “reunião armada”. Na hipótese de um 
indivíduo presente em uma reunião estar armado, Isoladamente, não se há de falar em uma 
“reunião com armas”. 
 
c) LOCAIS ABERTOS AO PÚBLICO; 
 
O direito de reunião deve ser exercido em local aberto ao público, ainda que em percurso 
móvel, evitando-se com isso a perturbação da ordem pública, ou mesmo a lesão a eventual 
direito de propriedade. 
Um exemplo de infração ao direito de reunião seria a tentativa de realização de uma reunião de 
manifestantes no recinto do Palácio do Planalto, ambiente de trabalho do Presidente da 
República. 
 
d) NÃO FRUSTRAÇÃO DE OUTRA REUNIÃO 
ANTERIORMENTE CONVOCADA PARA O MESMO LOCAL; 
 
O direito de reunião de um grupo não pode atrapalhar reunião anteriormente convocada para 
o mesmo local por outros indivíduos, já previamente avisada à autoridade competente. 
 
 
e) DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO; 
 
O direito de reunião independe de autorização. 
Significa dizer que as autoridades públicas não dispõem de competência e discricionariedade 
para decidirem pela conveniência, ou não, da realização da reunião, tampouco para 
interferirem indevidamente nas reuniões lícitas e pacíficas, em que não haja lesão ou 
perturbação à ordem pública. 
 
f) NECESSIDADE DE PRÉVIO AVISO À AUTORIDADE 
COMPETENTE. 
 
O direito de reunião não exige autorização, mas exige prévio aviso à autoridade competente. 
 
Esse prévio aviso tem por fim dar conhecimento à autoridade competente sobre a realização da 
reunião, para que esta adote as providências que se fizerem necessárias, tais como a 
regularização do trânsito, a garantia da se¬gurança e da ordem públicas, o impedimento de 
realização de outra reunião no mesmo local. 
 
CUIDADO: Ademais, vale lembrar que a própria Constituição Federal, em 
circunstâncias excepcionais, admite expressamente a restrição e até a suspensão do 
direito de reunião. Assim, na hipótese de decretação do estado de defesa (CF, 136, 
§ 1°, I, “a”) e do estado de sítio (CF, art. 139, IV). 
ATENÇÃO: Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão ao direito de reunião, 
ocasionada por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por parte do Poder Público, o 
indivíduo deverá impetrar um mandado de segurança, e não habeas 
corpus. 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
OBS: Entende-se por associação de caráter paramilitar aquela onde ocorre a organização 
particular de cidadãos armados e fardados, sem, contudo, pertencerem às forças militares 
regulares. 
 
 XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas 
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu 
funcionamento; 
 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
OBS: Note que o transito em julgado é necessário apenas no caso de dissolução da associação, 
pois se tratar-se apenas da suspensão, qualquer decisão judicial será o suficiente. 
 
 XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
 
 XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
CUIDADO: Não confunda REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL com SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. 
ATENÇÃO: O art. 5º, XXI da C.F confere legitimidade para que as associações defendam, em 
juízo, o direito de seus associados. 
Nesta hipótese genérica, temos o caso de representação processual, sendo 
necessário a autorização expressa e especifica dos associados, podendo ser 
firmada individualmente, ou em assembleia dos associados. 
No entanto, o art. 5º, LXX da CF, menciona a possibilidade das associações representar os 
interesses de seus associados mediante MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. 
Porém, neste caso, trata-se de substituição processual, no qual a associação 
defende direitos deseus associados em nome próprio, não havendo 
necessidade de autorização especifica para tanto. 
 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
CESPE – AUDITOR – TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL – BA - 2018 
Acerca dos direitos individuais e coletivos, julgue os itens a seguir. 
 
I O exercício do direito de reunião em locais abertos ao público depende de 
prévia autorização da autoridade competente. 
 
II As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão 
judicial com trânsito em julgado. 
 
III As entidades associativas têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente, independentemente de autorização expressa. 
 
Assinale a opção correta. 
 
A) Apenas o item I está certo. 
B) Apenas o item II está certo 
C) Apenas os itens I e III estão certos. 
D) Apenas os itens II e III estão certos. 
E) Todos os itens estão certos. 
 
 
FCC – DETRAN - 2018 
A realização de reunião de pessoas, em via pública, para manifestar apoio ou 
repúdio à adoção de determinada política pública, é assegurada pela 
Constituição Federal, desde que 
A) pacífica, sem armas e que não frustre outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente, não dependendo de autorização. 
 
B) pacífica e sem armas, mediante autorização prévia da autoridade 
competente. 
 
 
C) para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, sendo ademais vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento. 
 
D) haja lei municipal que autorize a realização de reuniões no local escolhido. 
 
 
E) pacífica, sem armas e realizada durante o dia, mediante autorização 
judicial. 
 
FUNDEP – AUDITOR - 2018 
A respeito do direito de associação, é correto afirmar: 
A) A criação de associações independe de autorização estatal, salvo expressa 
determinação legal. 
 
B) A associação de caráter paramilitar somente pode ser constituída nos casos 
previstos em lei e mediante prévia autorização do poder público. 
C) As entidades associativas, independentemente de autorização expressa, 
têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou 
extrajudicialmente. 
 
D) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o 
trânsito em julgado. 
 
 
E) Ninguém pode ser compelido a associar-se ou a permanecer associado, 
salvo expressa determinação legal. 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
OBS: O direito de propriedade previsto no texto constitucional possui sentido amplo, ou seja, 
não se restringe apenas a propriedade imóvel (urbana ou rural), mas a qualquer bem que 
possua valor econômico, tais como os bens móveis (veículos entre outros). 
ATENÇÃO: Apesar da C.F estabelecer o direito de propriedade, assim como os demais direitos 
fundamentais, este direito não possui caráter absoluto, podendo vir a ser restringido. 
EX: Desapropriação (iremos estudá-la a seguir). 
 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
OBS: A Constituição Federal garante o direito de propriedade, mas no mesmo passo exige que 
seu proprietário atenda (respeite) a sua função social. 
Assim, a título de exemplo, uma fazenda, não produtiva, deixa de atender a sua função social, 
pois se espera que a mesma produza e venha a trazer benefícios para a sociedade. 
OBS: O respeito ao meio ambiente está inserido na exigência do cumprimento da função social 
das propriedades. 
ATENÇÃO: Os imóveis urbanos também devem atender as suas funções sociais, quais sejam o 
respeito às normas de construção do local aonde se encontrem. 
Em suma: 
 
 
 
 
Entende-se por PLANO DIRETOR o mecanismo legal que visa orientar a ocupação do 
solo urbano, tomando por base interesses coletivos e difusos, tais como a preservação da 
natureza e da memória, e os interesses particulares de seus moradores. 
 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
Pode-se definir desapropriação como o procedimento de direito público pelo qual o Poder 
Público transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, de 
necessidade pública, ou de interesse social. 
Assim, a CF estabelece uma classificação, em três espécies, de formas de desapropriação 
onde haverá indenização PRÉVIA, JUSTA e em DINHEIRO. 
Estas hipóteses de desapropriação são denominadas de desapropriações ordinárias. 
Note: 
- DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE PÚBLICA; 
A desapropriação por necessidade pública tem caráter de urgência, ou seja, caso a 
desapropriação não seja realizada naquele dado momento, os prejuízos poderão ser 
irreparáveis ao interesse coletivo. 
 
- DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA; 
A desapropriação por utilidade pública implica em concretizar ações que terão reflexo de 
comodidade e utilidade ao coletivo. 
Assim, não há caráter de urgência, mas sua implementação será oportuna e conveniente ao 
interesse público. 
 
- DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL; 
Quando a desapropriação tiver como objetivo atender a uma política pública, enfrentando 
problemas sociais com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais, ela se denomina 
desapropriação por interesse social. 
EX: Desapropriação para construção de casas populares. 
 
ATENÇÃO: Além das hipóteses de desapropriação ordinária, ou seja, aquela embasada 
na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, onde haverá 
indenização prévia, justa e em dinheiro, o texto constitucional prevê 
hipóteses de desapropriação extraordinária, ou seja, aquelas onde não haverá 
indenização em dinheiro ou até mesmo não havendo 
indenização alguma por não estar de acordo com os ditames da função social da 
propriedade ou por serem utilizadas em atividades ilícitas. 
Note as espécies de desapropriação extraordinária: 
 
- DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO; 
Trata-se da situação onde a propriedade não atendeu a sua função social. 
Neste caso, se for a propriedade urbana, a indenização não é paga em dinheiro e 
sim por meio de títulos da dívida pública cuja a emissão deve ser previamente aprovada pelo 
Senado, o resgate deve ser feito em até dez anos sendo o valor parcelado. 
 
Porém, se a propriedade for rural, assim como a desapropriação urbana, o pagamento 
também é feito por meio de títulos, contudo são títulos da dívida agrária e o prazo para o 
resgate é de no máximo vinte anos. 
 
- DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIO (EXPROPRIAÇÃO); 
A norma constitucional é severa com o proprietário que cultiva plantas psicotrópicas 
ilegalmente e aquele que realiza exploração de trabalho escravo ao prever que tais situações 
geram a desapropriação imediata, não sendo concedido a este indenização alguma, além de 
não prejudicar as demais sanções penais. Note: 
 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de 
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma 
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que 
couber, o disposto no art. 5º. 
 
ATENÇÃO: Interessante destacar que a desapropriação gerada pelo motivo em tela, também 
atingirá os bens móveis. Como dito anteriormente, tais bens também são passiveis de 
desapropriação. Destaquemos o parágrafo único do Art. 243: 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômicoapreendido em 
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de 
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação 
específica, na forma da lei. 
 
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá 
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se 
houver dano; 
OBS: Trata-se do instrumento de intervenção estatal mediante o qual, em situação de perigo 
público iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços particulares com 
indenização ulterior, se houver dano. 
ATENÇÃO: Não se trata de aquisição da propriedade particular pelo Poder Público, pois a 
mesma, após sua utilização necessária, será devolvida ao particular, assegurado o direito de 
indenização se houver dano. 
 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada 
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de 
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento; 
OBS: A lei responsável por classificar a propriedade rural, como pequena ou não, é denominada 
de “Estatuto da Terra”. 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
CESPE – AGU – ADVOGADO 
O ato de a União desapropriar, mediante prévia e justa indenização, para fins de 
reforma agrária, imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função social 
configura desapropriação por utilidade pública. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – AUDITOR - 2017 
Com relação aos atos administrativos e suas classificações, julgue os itens 
seguintes. A requisição administrativa caracteriza-se por ser ato administrativo 
autoexecutório, independente de autorização judicial e de natureza transitória, 
podendo abranger, além de bens móveis e imóveis, serviços prestados por 
particulares. Seu pressuposto é o perigo público iminente. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – DEFENSOR PÚBLICO - 2017 
Acerca da intervenção do Estado na propriedade e no domínio econômico, julgue 
os próximos itens. A requisição administrativa é ato unilateral e autoexecutório 
por meio do qual o Estado, em caso de iminente perigo público, utiliza bem móvel 
ou imóvel. Esse instituto administrativo, a exemplo da desapropriação, não incide 
sobre serviços. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2017 
A pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, usufrui de 
impenhorabilidade no que se refere ao pagamento dos débitos decorrentes de 
sua atividade produtiva. 
CERTO 
ERRADO 
 
 XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
OBS: Trata-se da proteção aos direitos autorais. 
OBS: A doutrina conceitua direitos autorais como a propriedade sobre aquilo que decorre da 
capacidade inventiva e criadora do homem. 
OBS: A lei, atualmente, fixa o prazo de 70 (setenta) anos para o exercício dos direitos autorais 
transmitidos aos herdeiros dos autores. 
Deste modo, após o falecimento do respectivo autor, os direitos autorais que lhe pertenciam 
serão transferidos aos seus herdeiros pelo prazo previsto em lei (atualmente de 70 anos). 
 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução 
da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
 b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que 
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas 
representações sindicais e associativas; 
OBS: Os direitos autorais individuais em obras coletivas são denominados como direito de 
arena. 
EX: Jogo de futebol e novela. 
 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário 
para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das 
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
OBS: Trata-se da proteção a propriedade intelectual no âmbito industrial e empresarial. 
OBS: Uma das formas adotadas pela lei para assegurar os autores de inventos industriais é a 
patente. 
Note algumas observações acerca da patente: 
 
 
 
 
 
 
 XXX - é garantido o direito de herança; 
OBS: A Constituição Federal apenas garante o direito de herança, cabendo à lei regulamentar o 
exercício e os procedimentos acerca do referido tema. 
EX: Direito Civil (sucessões). 
CUIDADO: A obrigação financeira da pessoa falecida de reparar determinado dano pode ser 
estendida aos seus sucessores, sendo limitada ao valor do patrimônio transferido pela 
sucessão decorrente do óbito. 
 
 XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável à lei pessoal do "de cujus"; 
OBS: Entende-se por “de cujus” o falecido. 
ATENÇÃO: O STJ entendeu que a legislação brasileira não se aplica à herança de imóvel fora do 
país. 
 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
OBS: O presente inciso estabelece o dever do Estado em promover a defesa do consumidor. 
EX: Código de Defesa do Consumidor – CDC. 
 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
OBS: Trata-se do direito ao acesso às informações dos órgãos públicos. 
OBS: O acesso à informação é regulado pela Lei n o 12.527-11 (Lei de Acesso à Informação). 
OBS: A intenção da C.F é gerar transparência nos atos de governo (administração pública), 
baseado no princípio da publicidade. 
CUIDADO: Porém, o referido direito não possui caráter absoluto 
(incondicionado), pois existem informações onde o Estado não estará obrigado a prestar 
ao cidadão, uma vez que a violação ao seu sigilo gera perigo a segurança do Estado e da 
sociedade. 
EX: Determinadas informações sobre as Forças Armadas e matéria radioativa. 
 
ATENÇÃO: As informações se dividem em três grupos. Note: 
- Informações de interesse PARTICULAR; 
São aquelas em que predomina, ou o interesse é exclusivo, da própria pessoa que busca a 
informação. 
Subdivide-se em dois grupos: 
- Interesse de informação acerca da própria pessoa; 
Neste caso, busca o interessado obter informações perante os órgãos públicos acerca de si 
mesma. 
ATENÇÃO: Neste caso, se negado o acesso ao direito de informação, o mesmo será 
“combatido” através de Habeas Data. 
 
- Informações de interesse particular acerca de assunto que não seja restrito a própria 
pessoa; 
Neste caso, busca-se a informação por interesse particular, mas o conteúdo da mesma não se 
limita a própria pessoa do solicitante. 
ATENÇÃO: Neste caso, se negado o acesso ao direito de informação, o mesmo poderá ser 
“combatido” através de Mandado de Segurança. 
 
- Informações de interesse COLETIVO; 
Trata-se da informação que diz respeito a um grupo certo e determinado. 
ATENÇÃO: Em caso de recusa injustificada por parte dos órgãos públicos, deverá o lesado fazer 
o uso do Mandado de Segurança. 
 
- Informações de interesse GERAL; 
Trata-se da informação que diz respeito a todos de forma geral (indeterminada). 
ATENÇÃO: Em caso de recusa injustificada por parte dos órgãos públicos, deverá o lesado fazer 
o uso do Mandado de Segurança. 
 
 XXXIV - são a todos assegurados, independentementedo pagamento de taxas: 
 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder; 
OBS: Denominado pela doutrina como direito de petição, se consubstancia em instrumentos de 
exercício da cidadania. 
OBS: É assegurado a todos. 
CUIDADO: Trata-se do peticionamento direcionado a Administração Pública e não ao Poder 
Judiciário, pois esta, em regra, deverá ser exercido através de advogado. 
Deste modo, não confunda direito de petição com direito de ação (possibilidade de 
provocar o Poder Judiciário). 
OBS: Poderá ser exercido em prol de interesses próprios, coletivos ou gerais. 
EX: Petição dirigida ao Conselho Tutelar em decorrência de violação a direitos de criança ou 
adolescente. 
ATENÇÃO: Exige forma escrita, mas é absolutamente informal, uma vez que não está 
submetido a requisitos formais e não depende da atuação de advogado. 
ATENÇÃO: Em caso de negativa, omissão ou se a informação for incompleta, caberá 
mandado de segurança. 
 
 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
OBS: O Poder Público somente estará obrigado a fornecer a certidão se a própria pessoa 
solicitar e a informação for de seu interesse pessoal. 
CUIDADO: Em caso de negativa, omissão ou se a informação contida na certidão for 
incompleta, caberá mandado de segurança e não habeas data. 
OBS: As regras acerca dos remédios constitucionais, tais como o mandado de segurança, 
habeas data entre outros, serão estudadas nas próximas aulas. 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
CESPE – GUARDA MUNICIPAL – 2018 
À luz do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir, 
acerca dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais. 
 
A obrigação financeira da pessoa falecida de reparar determinado dano pode 
ser estendida aos seus sucessores, sendo limitada ao valor do patrimônio 
transferido pela sucessão decorrente do óbito. 
 
CERTO 
ERRADO 
 
UFRJ – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - 2017 
Sobre os direitos e garantias fundamentais, consagrados na Constituição 
Federal de 1988, é correto afirmar que é assegurado, mediante pagamento de 
taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder. 
CERTO 
ERRADO 
 
FCC – TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO - 2017 
Determinado indivíduo requer, perante Secretaria Municipal de Educação, que 
lhe seja informado o número de faltas ao trabalho, nos últimos 12 meses, dos 
servidores públicos ocupantes de cargos efetivos lotados na escola junto à qual 
funciona Associação de Pais e Mestres de que faz parte. Nessa situação, à luz 
da Constituição Federal, cabe ao órgão da Administração . 
A) exigir que o pedido seja justificado pelo requerente, antes de fornecer a 
resposta, a fim de averiguar se os motivos oferecem risco à segurança do 
Estado ou à intimidade e vida privada dos servidores. 
 
B) recusar-se a prestar a informação, sob a justificativa de se tratar de 
informação cujo sigilo é imprescindível à segurança do Estado e de seus 
agentes. 
 
 
C) recusar-se a prestar a informação, a que somente se assegura acesso se 
disser respeito ao próprio interessado, sob pena de ofensa ao direito à 
intimidade e à vida privada. 
 
D) atender ao pedido, que pode ser formulado independentemente de 
justificativa, por se tratar de informação de interesse geral, a que todos 
têm acesso assegurado. 
E) atender ao pedido, ficando o requerente, no entanto, sujeito ao ônus da 
sucumbência, se comprovada má-fé. 
CONSULPLAN – OFICIAL DE JUSTIÇA - 2017 
A obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal, é assegurada a todos, 
independentemente do pagamento de taxas. 
CERTO 
ERRADO 
 
AOCP – TÉCNICO ESCRITURÁRIO – 2017 
Aos autores, pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução 
de suas obras, direito este de caráter personalíssimo, sendo intransmissível, 
mesmo aos herdeiros. 
CERTO 
ERRADO 
 
FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - 2017 
A segurança da sociedade e do Estado não são critérios válidos para que o órgão 
público negue ao indivíduo o acesso às informações de seu interesse particular, 
ou de interesse coletivo ou geral. 
CERTO 
ERRADO 
 
 
 
GABARITO – 1- C - 2 – E - 3 – D - 4 – C - 5 – E - 6 - E 
 
 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
 
OBS: O presente inciso é denominado pela doutrina de princípio constitucional de acesso à 
jurisdição, princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, direito de ação ou princípio 
do livre acesso à justiça. 
Trata-se de garantia constitucional conferida a todos (brasileiros natos ou naturalizados e 
estrangeiros). 
Assim, sua legitimidade é universal, ou seja, qualquer pessoa está legitimada a provocar o 
Poder Judiciário diante de lesão ou ameaça de lesão a direito. 
ATENÇÃO: O acesso ao Poder Judiciário poderá ocorrer no caso de lesão ou mera ameaça de 
lesão. Deste modo, não é necessário que o direito seja efetivamente lesado, bastando para tal 
que haja a mera ameaça de lesão para que a garantia constitucional ora estudada possa ser 
exercida. 
EX: Habeas Corpus Preventivo. 
CUIDADO: Não se trata de garantia absoluta, pois, apesar de, em regra, não haver a 
chamada “jurisdição condicionada” ou “instância administrativa de cunho forçado” (aquela 
onde é exigido o esgotamento das vias administrativas para acesso ao Poder Judiciário), no caso 
das competições desportivas tal regra é afastada. 
Assim, em regra, o esgotamento da via administrativa não é condição indispensável para o 
acesso ao Poder Judiciário, inexistindo a jurisdição condicionada, não havendo a necessidade 
do esgotamento das vias administrativas para que haja o acesso a justiça através dos órgãos do 
Poder Judiciário. 
Porém, excepcionalmente, nas ações referentes às competições desportivas e à 
disciplina destas, só haverá acesso ao Poder Judiciário após esgotados as instâncias da justiça 
desportiva (administrativa). 
CUIDADO: A Justiça Desportiva não integra o Poder Judiciário! 
Na verdade, ela é um órgão administrativo. Então, o Tribunal de Justiça Desportivo (TJD) ou o 
Superior Tribunal de Justiça Desportivo (STJD) não têm relação com o Judiciário. 
 
 Note o que dispõe o art. 217, § 1º da CF: 
 
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições 
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
 
ATENÇÃO: Para evitar que o caso se arraste indefinidamente na justiça desportiva, impedindo a 
ação do Judiciário, a Constituição fixou o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do 
processo, para que seja proferida decisão final. 
Então, ultrapassado esse prazo, mesmo que não se tenha decisão final, poderá a parte 
interessada recorrer ao Poder Judiciário. 
OBS: As questões trabalhistas decorrentes de contrato entre atleta e entidade 
desportiva serão da competência da Justiça do Trabalho, e não da Justiça desportiva. Isso 
porque esta só julga questões relativas à disciplina e às competições desportivas. 
 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada; 
 
OBS: Trata-se do princípio da segurança jurídica. 
 
 
OBS: Atos ilegais não geram direito adquirido. 
OBS: Antes do direito adquirido, ou seja, a incorporação do direito ao patrimônio jurídico da 
pessoa, ocorrerá a mera expectativa de direito. 
CUIDADO: As decisões administrativas proferidas emprocessos administrativos não geram 
coisa julgada (sistema da unidade de jurisdição). 
EX: 
ATO JURÍDICO PERFEITO: João constrói um prédio com seis andares, conforme a lei em 
vigência. Porém, após o termino da construção, lei nova proíbe a construção de prédios com 
mais de quatro andares naquele local. 
DIREITO ADQUIRIDO: Maria possui idade e tempo de contribuição suficiente para aposentar, 
porém lei nova modifica os requisitos de tempo e idade. 
COISA JULGADA: Ana ingressa com ação judicial em desfavor de Luciana, e após a utilização dos 
recursos processuais a ela cabíveis, é condenada a pagar indenização. 
 
 XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente; 
 
OBS: Os presentes incisos devem ser estudados conjuntamente, pois se complementam e 
formam o principio do juiz natural. 
Um tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado temporariamente para julgar um caso (ou 
alguns casos) específico após o delito ter sido cometido. 
EX: Tribunal de Nuremberg criado pelos aliados para julgar os nazistas pelos crimes de guerra. 
 
OBS: Os Tribunais de exceção não são imparciais, uma vez que a sua criação é direcionada para 
um caso específico, ou seja, só é criado um tribunal de exceção quando há algum interesse na 
direção das decisões e do resultado. 
ATENÇÃO: Assim, a CF proíbe expressamente a criação de tribunais ou 
juízos de exceção, mesmo diante de guerra declarada, estado de sítio 
ou estado de defesa. 
Deste modo, a instauração de tribunal ou juízo de exceção no Brasil gerará a declaração de 
inconstitucionalidade de suas decisões. 
OBS: O STF entende que o Tribunal do Júri não é tribunal de exceção, pois a 
definição constitucional de sua competência é prévia aos fatos ocorridos. 
 
 XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a 
lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
Não se confunde a plenitude de defesa e a ampla defesa, pois a primeira é 
muito mais abrangente do que a segunda. 
A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os 
meios de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não 
jurídicos, tais como: sociológicos, políticos, religiosos, morais etc. 
Já a ampla defesa, exercida tanto em processos judiciais como em administrativos, entende-
se pela defesa técnica, relativa aos aspectos jurídicos, sendo: o direito de trazer ao 
processo todos os elementos necessários a esclarecer a verdade, o direito de omitir-se, calar-
se, produzir provas, recorrer de decisões, contraditar testemunhas, conhecer de todos atos e 
documentos do processo etc. 
 
b) o sigilo das votações; 
O Conselho de Sentença (órgão responsável pelo julgamento no Tribunal do Júri) é formado 
por sete jurados, sendo que suas decisões são vestidas por maioria de votos. 
Os jurados devem responder a diversos questionamentos, que são os “quesitos” e, para 
tanto, utilizam-se das cédulas, uma contendo o vocábulo “sim” e a outra com a expressão 
“não”. Portanto, apenas é necessário que quatro jurados tenham 
decidido no mesmo norte, para que se obtenha o saldo da votação do quesito. Ao 
final de cada resposta, o Juiz deve conferir os votos proferidos pelo Conselho de Sentença. 
A exposição de um veredicto unânime afetaria, segundo alguns doutrinadores, o princípio 
constitucional do sigilo das votações. 
Devido a isto, a corrente doutrinária majoritária sustenta que é necessário que o Juiz 
Presidente encerre a conferência dos votos sempre que encontrar quatro votos no mesmo 
sentido. É o pensamento de Guilherme Souza Nucci. 
Desta maneira, deve o Julgador, conforme art. 483 do CPP, encerrar a apuração dos votos na 
sala especial assim que obtiver quatro votos semelhantes. O quesito, nesse caso, já estará 
devidamente respondido, pois o julgamento se dá por maioria de votos. 
 
c) a soberania dos veredictos; 
Ser soberano significa atingir a supremacia, o mais alto grau de uma escala, o poder absoluto, 
acima do qual inexiste outro. 
Traduzindo-se esse valor para o contexto do veredicto popular, quer-se assegurar seja esta a 
última voz a decidir o caso, quando apresentado a julgamento no Tribunal do Júri. 
CUIDADO: Isso não quer dizer que não haverá recurso. 
OBS: O Tribunal do Júri é órgão do Poder Judiciário de 1º instância. 
Em caso de decisão manifestamente contrária à prova dos autos, razão pela 
qual, o Tribunal de 2º Grau entendendo procedente o apelo, determinará que seja realizado 
um novo julgamento pela mesma instituição popular, não substituindo, no entanto, a vontade 
do povo na prolação do veredicto. 
Ou seja, a afronta ao princípio constitucional da soberania dos veredictos somente pode 
ocorrer quando houver uma decisão completamente contrária à prova dos autos. 
OBS: É perfeitamente possível a instituição de Tribunal do Júri na Justiça Federal (quando o 
crime doloso contra a vida for de competência da Justiça Federal). 
Neste caso, o recurso será dirigido ao respectivo Tribunal Regional Federal. 
EX: Chacina em aldeia indígena. 
 
 d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
 
 
 
A competência do tribunal do Júri está prevista no artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição 
Federal, o qual aduz que o tribunal do júri é o órgão competente para julgar os crimes 
DOLOSOS contra a vida e os crimes conexos com estes. 
 
Resumidamente, podemos dizer que serão julgados pelo tribunal do Júri os seguintes crimes: 
 
a) Homicídio doloso (simples ou qualificado); 
 
b) Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; 
 
 
c) As diversas formas de aborto puníveis, previstas no CP; 
 
d) Infanticídio; 
 
e) Os crimes conexos com estes, de acordo com o caso concreto. 
 
Entende-se por crime conexo o delito relacionado a outro porque praticado para a realização 
ou ocultação do segundo, porque estão em relação de causa e efeito, ou porque um é cometido 
durante a execução do outro. 
 
Assim, é o crime unido a outro por um ponto comum. 
 
EX: Homicídio executado para eliminar a testemunha de um roubo. 
 
EX: Matar o segurança para sequestrar o empresário. 
 
EX: Homicídio de comparsa de roubo para obter de forma exclusiva o produto do delito. 
 
ATENÇÃO: O Tribunal do Júri será competente para julgar crimes conexos, desde que 
não sejam crimes eleitorais, juízo de menores (Vara da Infância e 
Juventude) ou sujeitos à Justiça Militar. 
 
CUIDADO: Não é porque um crime resulta no evento morte, que este será julgado pelo 
tribunal do Júri. 
 
Há diversos crimes que resultam no evento morte e que não são julgados no tribunal do júri, 
como, por exemplo, estupro seguido de morte, roubo seguido de morte, tortura qualificada 
pela morte, dentre outros, pois nestes crimes o dolo direto do 
agente não é matar, e sim roubar, estuprar, etc. 
 
Importante ressaltar a súmula 603 do STF: 
 
"A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não 
do Tribunal do Júri", pois o latrocínio é um crime eminentemente patrimonial, 
sendo a vida atingida por reflexo. (STJ, HC133.364) 
 
Outro ponto de extrema importância correlacionado com o tema é o Foro por 
prerrogativa de função. 
 Há determinados agentes que, em razão da função pública que exercem, a lei conferiu-lhes a 
regra de serem julgados por um tribunal específico. 
Desta forma, um agente que comete um crime doloso contra a vida, porém que possui um 
foro por prerrogativa de função, será julgado por qual tribunal? 
Pacificou-se na doutrina e jurisprudência de que quando o foro por prerrogativa de função for 
previsto na Constituição Federal,utiliza-se a regra da especificidade, desta 
forma, a competência do foro por prerrogativa de função irá prevalecer. 
 
EX: Presidente da República, Deputados Federais e Senadores da República possuem 
prerrogativa de foro no STF. 
 
EX: Governadores de Estado e do DF possuem prerrogativa de foro no STJ. 
 
 
Todavia, se o foro por prerrogativa de função for previsto em lei federal ou 
em constituição estadual, a competência do tribunal do júri irá 
prevalecer. 
 
Note o teor da Súmula Vinculante 45: 
 
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. 
 
E se determinado agente, que não possui foro por prerrogativa de função, cometer um crime 
doloso contra a vida em concurso com uma pessoa que tenha foro ''privilegiado'' previsto na 
CF; ambos serão julgados pelo foro privilegiado, em razão da conexão? 
NÃO! 
Neste caso, não haverá a reunião dos processos, e sim a cisão. O agente que não 
possui ''foro privilegiado'' será julgado pelo Tribunal do Júri, 
enquanto que o agente que possui foro por prerrogativa de 
função previsto na CF será julgado por este. 
Por fim, é pacífico que Emenda Constitucional ou lei federal podem AMPLIAR a 
competência do tribunal do júri. 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
 
FGV – ANALISTA LEGISLATIVO - 2016 
Determinado deputado estadual é apontado, em uma investigação, como o 
autor de crime doloso contra a vida. O seu advogado, ao tomar conhecimento 
de que o Ministério Público iria acusá-lo perante o tribunal do júri. 
À luz da sistemática constitucional, assinale a afirmativa correta. 
A) O foro por prerrogativa de função, previsto na Constituição Federal ou na 
Estadual, prevalece sobre qualquer outro, incluindo a competência do 
tribunal do júri. 
B) A competência do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa 
de função, previsto exclusivamente na Constituição Estadual. 
C) A competência do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa 
de função, previsto exclusivamente na Constituição Federal. 
D) O foro por prerrogativa de função, previsto na Constituição Federal ou na 
Estadual, jamais prevalece sobre as competências específicas, como a do 
tribunal do júri. 
E) Nas situações em que haja foro por prerrogativa de função, o tribunal 
competente, em se tratando de crime doloso contra a vida, deve ser 
organizado de forma semelhante ao júri popular. 
 
CESPE – STF – ANALISTA JUDICIÁRIO 
O julgamento dos crimes dolosos contra a vida é de competência do tribunal 
do júri, mas a CF não impede que outros crimes sejam igualmente julgados por 
esse órgão. 
CERTO 
ERRADO 
 
CESPE – GUARDA MUNICIPAL – 2018 
A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 
expectativa de direito. 
CERTO 
ERRADO 
 
FCC – AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - 2017 
A Constituição Federal brasileira, ao disciplinar o desporto, no título da ordem 
social, estabelece que “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à 
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da 
justiça desportiva, regulada em lei” (art. 217, § 1° ). Há, neste caso, 
uma mitigação constitucional do direito fundamental de livre acesso ao Poder 
Judiciário, devendo, no entanto, ser respeitado o prazo de sessenta dias, 
contados da instauração do processo, para decisão final pela justiça desportiva. 
CERTO 
ERRADO 
 
 XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal; 
 
OBS: O presente inciso apresenta o princípio da legalidade penal. 
O princípio da legalidade penal se desdobra em três subprincípios: 
 
 
 
 
- Princípio da Reserva Legal ou Legalidade em Sentido Estrito; 
Significa dizer que somente lei em sentido estrito, ou seja, lei ordinária ou complementar 
poderá definir crime e cominar pena. 
Deste modo, não é qualquer espécie normativa (lei em sentido amplo) que poderá tratar de 
matéria penal. 
Assim, medida provisória e lei delegada, por exemplo, não podem ser utilizadas 
para definir crimes ou cominar (prever) penas. 
OBS: Os Estados, Distrito Federal e Municípios não poderão legislar sobre matérias penais, pois, 
conforme a CF, somente a União cabe legislar acerca de direito penal, e, mediante lei ordinária 
ou lei complementar. 
 
- Princípio da Anterioridade Penal; 
Segundo o principio da anterioridade penal somente lei vigente antes do fato poderá defini-lo 
como crime, assim como definir sua respectiva pena. 
Deste modo, a lei deve ser anterior ao fato. 
 
- Principio da Taxatividade; 
A lei penal deve ser certa, não se admitindo descrições vagas e imprecisas acerca da conduta 
proibida. 
OBS: Também chamado de princípio da clareza. 
 
CUIDADO: A doutrina e a jurisprudência aplicam interpretação extensiva no que tange “crime” 
e “pena”. 
 Assim, o principio da legalidade penal se aplica tanto aos crimes como as contravenções 
penais, assim como as penas e as medidas de segurança. 
A medida de segurança constitui uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado ao agente 
inimputável ou semi-imputável. 
 
Note: 
 
 
 XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
Irretroatividade é a qualidade de não retroagir, não ser válido para o passado. As leis e atos 
normativos em geral, a princípio, são editadas para que passem a valer para o futuro, desde a 
data da publicação ou a partir de um período fixado, geralmente no final do seu texto. 
 
 
 
 
 XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
Trata-se de norma programática cujo principal destinatário é o legislador. 
Entende-se por normas programáticas aquelas cuja função é estabelecer os caminhos que os 
órgãos estatais deverão trilhar para o atendimento da vontade do legislador constituinte 
(responsável pela elaboração das normas constitucionais), para completar sua obra. 
Assim, o presente inciso é um “recado” ao legislador que, conforme a Constituição Federal, 
deverá estabelecer através de lei punições aqueles que atentarem contra os direitos e 
liberdades fundamentais previstas no texto constitucional. 
 
 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
 XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
 
Em suma... 
 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; 
 
OBS: Trata-se do princípio da pessoalidade ou personalização da pena. 
Esse princípio tem total correção com o princípio da responsabilidade pessoal, que proíbe a 
imposição de pena por fato de outrem, pois ninguém pode ser punido por fato alheio. 
Deste modo, o filho não responde pelo delito do pai, a esposa não responde pelo delito do 
marido etc. 
CUIDADO: Porém, a obrigação de reparar danos ou a decretação de pena consistente no 
perdimento de bens poderá ser estendida aos sucessores do condenado, no caso de morte 
deste,

Continue navegando