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DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: OBS: O princípio da igualdade (isonomia), prevista no texto constitucional possui duplo sentido, quais sejam, a igualdade formal e material. A igualdade formal é aquela que não estabelece distinção alguma entre as pessoas. Assim, em iguais condições, todos devem ser tratados igualmente (igualdade formal). EX: Homens e mulheres possuem o mesmo direito à vida. EX: se um homem e uma mulher recebem a mesma remuneração, devem pagar imposto de renda com base em alíquotas idênticas. Por outro lado, temos a igualdade material, também chamada de igualdade substancial ou aristotélica. Aproximadamente no ano 300 antes de Cristo, o grande filósofo Aristóteles proferiu a seguinte frase: “Devemos tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades”. Deste modo, a Constituição Federal, simultaneamente, assegura a igualdade formal (quando diante de condições iguais) e determina a busca por uma igualdade material (quando diante de desigualdades). Note: ATENÇÃO: Apesar da Constituição Federal se referir apenas aos brasileiros e estrangeiros RESIDENTES no Brasil, os diretos e deveres previstos no art. 5 possuem alcance não somente a estes, mas a todos aqueles que se encontrem em território nacional, e por consequência se submetem a jurisdição nacional (interpretação extensiva). OBS: Incluem-se neste rol as pessoas jurídicas, quando o direito for compatível com sua natureza. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; OBS: Trata-se do princípio da legalidade. CUIDADO: O princípio da legalidade prevista no presente inciso é o aplicado ao particular e não o aplicado a administração pública. Note as diferenças: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; OBS: A definição de tortura é definida pela Lei n 9.455-97 (Lei de Tortura). OBS: Entende-se por tratamento desumano aquele contrário a condição da pessoa humana. OBS: Entende-se por tratamento degradante aquele que diminui (reduz) a condição de pessoa humana e sua dignidade. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; OBS: A proibição do anonimato visa garantir uma futura responsabilização de quem violar direitos de terceiros, fazendo uso do direito a manifestação do pensamento de forma ilegal e irresponsável. OBS: Note que não há direito fundamental de caráter absoluto, assim, mesmo possuindo o direito de manifestação do pensamento, não é autorizado o seu exercício de forma irresponsável, ou seja, de forma que venha a atingir bens jurídicos também protegidos pela carta magna, tais como a honra, imagem e a vida privada. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; OBS: Observe que o direito de resposta deverá ser proporcional ao agravo (ofensa). EX: Utilização de meios de comunição de grande alcance. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; OBS: O Estado brasileiro é laico, ou seja, não adota uma religião oficial, sendo permitido o livre exercício dos mais variados cultos religioso, desde que respeitado os bons costumes e os ditames da lei. CUIDADO: Essa liberdade de consciência e de crença NÃO é absoluta (incondicionada). Deste modo, não poderá o sujeito prejudicar direitos de terceiros alegando o direito a liberdade de crença ou de consciência. EX: Exercício de culto religioso que atente ao sossego público. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; EX: Presídio e o exercício de cultos religiosos. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; CUIDADO: CAI MUITO EM PROVA! OBS: Trata-se da ESCUSA DE CONSCIÊNCIA, ou seja, o direito conferido ao indivíduo de negar o cumprimento de obrigação a todos impostas em razão de convicção filosófica, políticas ou de crença. CUIDADO: Neste caso, aquele que alegar escusa de consciência estará sujeito ao cumprimento de prestação alternativa que será fixada em lei. Assim, a escusa de consciência somente será exercida se for possível à prestação de obrigação alternativa fixada em lei. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; CUIDADO: Isso não quer dizer que não poderá haver responsabilização daquele que gerar danos materiais ou morais a terceiros. ATENÇÃO: Assim, não existe no Brasil a censura. OBS: Não confunda a classificação indicativa de espetáculos públicos com censura. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; OBS: A indenização será proporcional aos danos causados em decorrência da violação a intimidade, vida privada, honra e imagem da pessoa. QUESTÕES DE CONCURSO FCC – DEFENSORIA PÚBLICA- AM - 2018 Considerando as normas constitucionais que garantem o direito à igualdade, é INCOMPATÍVEL com a Constituição Federal a edição de lei que estabeleça incentivos específicos para a proteção do mercado de trabalho da mulher e a previsão de idade mínima da mulher inferior à idade mínima do homem, como requisito para aquisição da aposentadoria voluntária por servidor público titular de cargo efetivo. CERTO ERRADO TJMT – 2018 – JUIZ DE DIREITO Marque a alternativa CORRETA. A) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante, exceto quando violar direito da pessoa idosa ou criança em situação de risco. B) É livre a manifestação do pensamento e permitido o anonimato, sempre que necessário para ressalvar interesse público. C) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo e vedada à indenização por dano material, moral ou à imagem, se praticada por meio de programa de rádio ou TV. D) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. CESPE – ABIN - 2018 A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item a seguir. O direito à liberdade de expressão artística previsto constitucionalmente não exclui a possibilidade de o poder público exigir licença prévia para a realização de determinadas exposições de arte ou concertos musicais. CERTO ERRADO FEPESE – 2017 – ESCRIVÃO DE POLÍCIA É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,mediante autorização ou licença. CERTO ERRADO ESAF – 2017 – AUDITOR FISCAL REYNARD ILLARY reuniu várias peças de seu acervo de artes plásticas (telas retratando trabalhadores em plena atividade laboral) e produziu um documentário, com imagens e sons, em relação a elas. É correto afirmar que a divulgação dessa atividade artística: A) precisa ser submetida à aprovação do órgão público responsável pela censura de obras de arte. B) é livre e independe de censura ou licença. C) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela censura de obras de arte, mas reclama autorização. D) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela censura de obras de arte, mas reclama licença. E) não precisa ser submetida à aprovação de órgão público responsável pela censura de obras de arte, mas reclama licença no caso de utilização de veículos de comunicação de massa. QUADRIX – 2017 – AUXILIAR ADMINISTRATIVO De acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das garantias fundamentais. O princípio da legalidade, previsto na CF, que afirma que ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, pode ser explicado, afirmando-se que o cidadão, no âmbito de suas relações particulares, somente poderá fazer o que a lei permitir. CERTO ERRADO CESPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA - 2016 A escusa de consciência por motivos religiosos, filosóficos ou políticos é protegida constitucionalmente, exceto nos casos de invocação para se eximir de obrigação legal imposta a todos e de recusa de cumprimento de prestação alternativa fixada em lei. CERTO ERRADO XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; OBS: Segundo o STF, o conceito de “casa” deve ser interpretado de forma ampla, sendo que a corte constitucional adota para tal o conceito de casa previsto no art. 150 do CP. Note: § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; Ex: Trailer, barraca, apartamentos e etc. II - aposento ocupado de habitação coletiva; Ex: Quarto de hotel, motel, pensionato e etc. III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Ex: Escritório de advocacia, consultório médico e etc. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. ATENÇÃO: Duas correntes definem o conceito de “dia”. - Critério cronológico: Para esta teoria entende-se por “dia” os horários que estão entre as 6hs da manhã até às 18hs da noite. - Critério físico astronômico: Entende-se como “dia” o período entre a aurora (nascimento do sol) e o crepúsculo (pôr do sol). OBS: O STF e a doutrina majoritária adotam o critério físico astronômico. CUIDADO: A inviolabilidade de domicílio protege o morador, e não necessariamente o proprietário do local. ATENÇÃO: Segundo o CESPE, havendo divergência entre os cônjuges, acerca da autorização para entrada no domicilio, não poderá haver a entrada. CUIDADO: No que tange a necessidade de autorização judicial durante o dia, temos a chamada cláusula de reserva de jurisdição. Isso significa que o ingresso só pode ser autorizado por Membros do Poder Judiciário. Assim, CPIs, autoridades administrativas, fazendárias, fiscais ou policiais não podem determinar violação de domicílio. ATENÇÃO: Considerando o Estatuto do Desarmamento, há os crimes de posse e de porte ilegal de arma de fogo. A guarda desautorizada de arma em casa configura posse ilegal, enquanto conduzi-la no carro ou na cintura seria porte. O STJ entende que transportá-la na boleia do caminhão seria porte, negando, assim, a extensão do conceito de casa (STJ, RESP 1.362.124). ATENÇÃO: Agora pense na seguinte situação: Mediante fundadas suspeitas da ocorrência de tráfico de drogas, os policiais, sem autorização judicial, durante a noite, entram na residência, mas nada de ilícito encontram. Nesse caso, eles deveriam ser responsabilizados? A questão foi submetida ao STF, tendo o Tribunal explicitado que os policiais só responderiam se tivessem agido de má-fé. Do contrário, agindo de boa-fé e justificando posteriormente as circunstâncias que os levaram a ingressar sem autorização, eles não poderiam ser punidos nas esferas penal, civil ou administrativa (STF, RE 603.616). CUIDADO: Resgatando a ideia de não existir direito absoluto, o STF afastou a ilicitude das provas obtidas a partir de escuta ambiental por meio de aparato policial instalado em escritório de advocacia, durante a noite, mediante autorização judicial (do próprio STF). No julgamento, o Tribunal afirmou a necessidade de se proceder à ponderação de interesses por estar-se diante de conflito de direito à intimidade da vida privada – inviolabilidade de domicílio X poder-dever da Administração de reprimir a prática de crimes. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; OBS: Se realizarmos uma interpretação literal do presente inciso, chegaremos a conclusão de que somente poderá ser violado o sigilo das comunicações telefônicas, sendo o sigilo das correspondências, comunicações telegráficas e as de dados absolutas, ou seja, não poderão ser violadas em hipóteses alguma. CUIDADO: ISSO NÃO É VERDADE! ATENÇÃO: O STF entende que nenhuma das inviolabilidades possui caráter absoluto, podendo deste modo serem “quebradas”. OBS: O inciso estudado deve ser analisado separadamente e interpretado da seguinte forma: - COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS; No que tange as COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, somente poderão ser “violadas” mediante autorização judicial (reserva de jurisdição), na forma e nas hipóteses da lei, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Assim, não poderá haver ordem administrativa que autorize interceptação telefônica, pois somente autoridade judicial possui competência para tal. CUIDADO: Note que o texto constitucional prevê que somente haverá interceptação telefônica (quebra do sigilo das comunicações telefônicas) mediante autorização judicial e (+) para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Deste modo, não poderá ocorrer interceptação telefônica para fins de investigação ou instrução de processos administrativos ou cíveis. ATENÇÃO: Porém, entende o STF que, o conteúdo de interceptação telefônica poderá ser utilizado SUBSIDIARIAMENTE em processo administrativo. OBS: A lei que regulamenta a interceptação das comunicações telefônicas é a lei n 9.296/96. MUITO CUIDADO: Não confunda os conceitos de interceptação telefônica, escuta telefônica e gravação telefônica. Note: A interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores, situação que depende, sempre, de ordem judicial prévia, por força do art. 5º, XII, da Constituição Federal. EX: No curso de uma instrução processual penal, a pedido do representante do Ministério Público competente, o magistradoautoriza a captação do conteúdo da conversa entre dois traficantes de drogas ilícitas, sem o conhecimento destes. A escuta telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. EX: João e Maria conversam e Pedro grava o conteúdo do diálogo, com o consentimento de Maria, mas sem que João saiba. A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou a ciência do outro. EX: Maria e João conversam e ela grava o conteúdo desse diálogo, sem que João saiba. A relevância de tal distinção é que a escuta e a gravação telefônicas - por não constituírem interceptação telefônica em sentido estrito - não se sujeitam à obrigatória necessidade de ordem judicial prévia e podem, a depender do caso concreto ser utilizadas licitamente como prova no processo (repita-se: sem necessidade alguma de autorização judicial). ATENÇÃO: Nos três institutos acima (interceptação, escuta e gravação), estamos falando, sempre, da captação do "conteúdo da comunicação" (conteúdo do diálogo). Já na "quebra do sigilo telefônico" (quebra dos registros ou dados telefônicos), não se trata de captação de conteúdo algum! Quebra do sigilo telefônico nada mais é do que autorizar o acesso aos registros pretéritos de determinado telefone, isto é, autorizar o acesso aos registros das ligações ativas (realizadas) e passivas (recebidas) realizadas por dado telefone em determinado espaço de tempo (últimos dois anos, por exemplo). Enfim, na quebra do sigilo telefônico, ninguém tem acesso a conteúdo algum da conversa; o acesso é somente aos registros das ligações realizadas (e recebidas) a partir de determinado telefone (ligou para quem, recebeu ligações de quem, qual a duração de cada ligação, ligou quantas vezes no mesmo dia etc.). ATENÇÃO: No que tange à necessidade de autorização judicial para o acesso ao conteúdo das conversas de WhatsApp de telefone celular apreendido, o Superior Tribunal de Justiça veio a enfrentar a questão no julgamento do RHC nº 51.531, quando firmou o entendimento de que ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de WhatsApp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. - CORRESPODÊNCIAS, COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS E DE DADOS; No que se refere as inviolabilidades das CORRESPONDÊNCIAS, COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS E DE DADOS, poderão estas serem “quebradas” por ordem judicial ou por ordem administrativa por autoridade competente, DESDE QUE A LEI (INFRACONSTITUCIONAL) assim autorize. Assim, podemos apontar como exemplo, o disposto no art. 41 da LEP (Lei de Execuções Penais), que autoriza o diretor do estabelecimento prisional a devassar (violar) conteúdo de correspondência de preso nos casos de fundadas de suspeitas de atos ilícitos por parte deste. Note o disposto no referido artigo: Art. 41 - Constituem direitos do preso: XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. Note o entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca do tema: “A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a clausula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de praticas ilícitas”. ATENÇÃO: Seguindo o mesmo entendimento, o STF entende que as Comissões Parlamentares de Inquérito, que segundo o art. 58, § 3º da C.F, possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais e poderão determinar a ”quebra” dos dados bancários e fiscais, desde que de forma motivada. CUIDADO: Apesar do texto constitucional afirmar que as CPI’s possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, isso não quer dizer que poderá autorizar interceptação telefônica, pois como vimos, tal conduta constitui clausula de reserva de jurisdição (somente pode ser realizada por autoridade judiciária). Note o conteúdo do entendimento jurisprudencial da Suprema Corte: “A quebra do sigilo, por ato de CPI, deve ser necessariamente fundamentada, sob pena de invalidade. A CPI – que dispõe de competência constitucional para ordenar a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico das pessoas sob investigação do Poder Legislativo – somente poderá praticar tal ato, que se reveste de gravíssimas consequências, se justificar, de modo adequado, e sempre mediante indicação concreta de fatos específicos, a necessidade de adoção dessa medida excepcional”. ATENÇÃO: O STF garantiu a Receita Federal o acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial. Note o teor do entendimento: O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão desta quarta- feira (24) o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Por maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Em suma: COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS (Conteúdo das comunicações) SOMENTE COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (RESERVA DE JURISDIÇÃO) CORRESPONDÊNCIAS AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). COMUNICAÇÕES DE DADOS - Fiscal; - Bancário; - Telefônico (apenas registros). AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (QUANDO A LEI ASSIM AUTORIZAR). QUESTÕES DE CONCURSO FUMARC – AGENTE DE POLÍCIA – PCMG A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO A) em caso de desastre. B) em caso de flagrante delito. C) para prestar socorro. D) por determinação judicial, a qualquer hora. VUNESP – ANALISTA ORGANIZACIONAL - 2016 Segundo a Constituição Federal, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo A) para prestar socorro no caso de desastre, ou durante o dia ou à noite, para cumprimento de ordem judicial. B) em caso de flagrante delito, para prestar socorro durante o dia, ou à noite por determinação judicial. C) por autorização judicial, ou por ordem do Promotor de Justiça, durante o dia ou à noite. D) para cumprimento de ordem judicial, policial ou do Promotor de Justiça e para prestar socorro, durante o dia ou à noite. E) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. PLANEJAR CONSULTORIA – PROCURADOR MUNICIPAL - 2016 No que concerneaos direito fundamentais, sobre a inviolabilidade do domicílio é correto afirmar: A) "a casa é asilo violável do individuo, podendo nela penetrar somente sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou durante o dia, por determinação judicial" B) "a casa é asilo inviolável do individuo, nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, qualquer hora do dia ou da noite, por determinação judicial" C) "a casa é asilo inviolável do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial" D) "a casa é asilo inviolável do individuo, todos nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial" E) "a casa é asilo violável do individuo, nela podendo penetrar com consentimento escrito do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, qualquer hora do dia ou da noite, por determinação judicial". FUNCAB – 2016 – TÉCNICO DE SAÚDE SUPLEMENTAR Dispõe o artigo 5o, inciso XI da Constituição da República Federativa do Brasil “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial". Nesse sentido, assinale a alternativa correta. A) O conceito de "casa", na seara constitucional, tem que ser interpretado em caráter abrangente. Ou seja, para fins do inciso XI do art. 5o da CRBB/1988, um bar, um restaurante, um ônibus utilizado como transporte, por exemplo, participam do conceito constitucional de “casa". B) Em caso de infrações penais, o ingresso em casa alheia, mesmo sem autorização do titular, pode se dar sem mandado, inclusive durante a noite, esteja o crime ocorrendo ou na iminência de ocorrer. C) As Comissões Parlamentares de inquérito, por exercerem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, podem, sem ordem judicial, determinar o ingresso forçado em domicílio alheio. D) O conceito de "casa", aludido no artigo supra, tem que ser interpretado em caráter restrito. Ou seja, “casa" é apenas a residência, a habitação com intenção definitiva de estabelecimento do indivíduo, não abrangendo o espaço em que o indivíduo exerce qualquer atividade de índole profissional. E) Quaisquer ordens judiciais determinando a violação de domicílio devem ser cumpridas durante o dia ou durante a noite. FCC – DEFENSOR PÚBLICO - 2018 A interceptação de comunicações telefônicas pode ser realizada pela autoridade policial em caso de prisão em flagrante apenas para acesso de dados de aplicativos como Whatsapp e Facebook, independentemente de ordem judicial. CERTO ERRADO CESPE – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – PCMA - 2018 A interceptação telefônica, a escuta ambiental e a gravação clandestina são métodos iguais e, por isso, devem ser utilizadas da mesma forma. CERTO ERRADO CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO - 2017 Embora a CF preveja a inviolabilidade das comunicações telefônicas, é admitida a interceptação das comunicações telefônicas, na forma da lei, para fins de investigação criminal ou A) instrução processual penal, mediante autorização judicial, por determinação de comissão parlamentar de inquérito regularmente instaurada, ou investigação de ato de improbidade administrativa, por determinação do Ministério Público. B) instrução processual penal, mediante autorização judicial. C) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou por determinação de comissão parlamentar de inquérito regularmente instaurada. D) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou investigação de ato de improbidade administrativa, por determinação do Ministério Público. IADES – CORREIOS – 2017 – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO É inviolável o sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo quando a autoridade policial, em investigação criminal, entender necessário, para a apuração dos fatos, afastar o referido sigilo, fazendo-o com ordem do delegado geral de polícia. CERTO ERRADO XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; OBS: A doutrina constitucional exemplifica o artigo 5º, XIII da CF/88 como um caso clássico de dispositivo constitucional de eficácia contida, ou seja, são as normas constitucionais dotadas de aplicabilidade direta, imediata, mas o legislador pode restringir a sua eficácia. Assim, existe ampla liberdade de trabalho, ofício e profissão enquanto não sobrevier legislação infraconstitucional ordinária exigindo qualificações mais específicas. Ex: A Lei nº 8.906-94 (Estatuto da OAB), estabelece a exigência para o exercício da advocacia de que o profissional seja bacharel em Direito e seja previamente aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Deste modo, várias são as profissões, atividades e ofícios que exigem qualificações especificas. ATENÇÃO: O STF decidiu que o risco à coletividade é o critério que deve ser utilizado para determinar se uma determinada profissão deve ou não ser regulamentada. Neste sentido, firmou-se o entendimento na Suprema Corte de que os músicos não precisariam estar inscritos na Ordem dos músicos para exercerem a atividade, pois esta não gera riscos a coletividade. Note o teor da decisão: O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal reafirmou jurisprudência no sentido de que a atividade de músico é manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão, e, portanto, é incompatível com a Constituição Federal a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), bem como de pagamento de anuidade, para o exercício da profissão. XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; OBS: A liberdade de informação abrange três direitos, quais sejam, o de informar (transmitir a informação), o de se informar (garantia do individuo de buscar informações de interesse geral sem que haja obstáculos para isso), e o de ser informado (direito de cada cidadão de ter acesso a informações constantes em repartições públicas acerca da sua pessoa). OBS: Note que os conceitos acima são diferentes, mas se complementam, ou seja, juntos resultam no direito de acesso a informações previstas no texto constitucional. CUIDADO: O direito de informação não é absoluto, podendo ser restringido tal direito quando o sigilo da informação for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado ou diante de Estado de Sítio. ATENÇÃO: O sigilo da fonte será protegido quando for necessário ao exercício profissional. Assim, o sigilo da fonte consiste no impedimento de coerção ao profissional de imprensa (jornalista em sentido amplo), a informar a fonte (origem) da informação que veicula. CUIDADO: O referido sigilo da fonte não é exceção da proibição do anonimato, também prevista na Constituição Federal, pois a fonte será resguardada, mas aquele que divulga a informação (jornalista) será identificado e se responsabiliza por ela. OBS: Nada impede que a fonte seja descoberta de outra forma. Assim, o que o sigilo da fonte proíbe é que o profissional da imprensa seja coagido a apontar a origemda informação que veiculou, e não a descoberta em si de onde surgiu a determina informação. XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; OBS: O remédio constitucional adequado para “atacar” a violação do direito de locomoção é o Habeas Corpus (liberdade do corpo). OBS: Não é necessário que o HC seja impetrado por advogado, ou seja, qualquer pessoa poderá fazer uso de forma direta do referido remédio constitucional. ATENÇÃO: Segundo o STF, não é absoluto o direito de locomoção. Desta forma, segundo a Suprema Corte, poderá a Administração Pública interditar uma determinada rua, por exemplo. ATENÇÃO: O presente inciso é classificado como norma constitucional de eficácia contida, ou seja, poderá lei infraconstitucional limitar o exercício do respectivo direito previsto no texto constitucional. EX: Exigência de “visto” para a entrada de estrangeiros em território nacional. CUIDADO: Entende-se por tempo de paz o momento de normalidade. Deste modo, em tempo de guerra ou de decretação de Estado de Sítio, poderá haver a restrição do direito de locomoção, pois como já falamos, não há direito fundamental absoluto. ATENÇÃO: Note que o direito de locomoção é conferido de forma ampla, ou seja, aplicado não apenas aos brasileiros, mas também aos estrangeiros, respeitado os limites e restrições previstas na lei. CUIDADO: Entende a doutrina e a jurisprudência que o pedágio não viola o direito de locomoção, pois nada impede e nem poderia impedir ao cidadão de locomover-se a pé, por exemplo, pela referida via pública, sendo assegurado a ele o total direito de ir e vir, ainda que incômodo e de maneira desagradável e desconfortável. ATENÇÃO: Apesar de parte da doutrina denominar o direito de locomoção como direito de ir e vir, entende-se que tal direito não se resume apenas a estes, mas também ao direito de permanecer (ISSO CAI EM PROVA)! XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; O direito de reunião é meio de manifestação coletiva da liberdade de expressão, em que pessoas se associam temporariamente (isso diferencia reunião com associação), tendo por objeto um interesse comum, que poderá ser, por exemplo, o mero intercâmbio de ideias, a divulgação de problema da comunidade ou a reivindicação de alguma providência. Essa proteção constitucional refere-se não só às reuniões estáticas, em específico local aberto ao público, como também às manifestações em percurso móvel, como as passeatas, os comícios, os desfiles etc. São as seguintes as características do direito de reunião assegurado na Constituição Federal de 1988: a) FINALIDADE PACÍFICA; Existe direito de reunião, desde que esta seja meio de expressão coletiva com intuito lícito e pacífico. Não há direito à realização de reuniões que tenham por fim praticar quaisquer espécies de atos de violência. b) AUSÊNCIA DE ARMAS; Os participantes da reunião não poderão portar armas. CUIDADO: Assim, por exemplo, uma reunião de policiais civis grevistas portando armas constitui flagrante desrespeito à Constituição. Porém, se algum dos manifestantes, isoladamente, estiver portando arma, esse fato não autoriza a dissolução da reunião pelo Poder Público. Nesse caso, a autoridade policial competente deverá desarmar ou afastar o indivíduo infrator, prosseguindo a reunião com os demais participantes desarmados. Em suma, o que é vedado é a realização de uma “reunião armada”. Na hipótese de um indivíduo presente em uma reunião estar armado, Isoladamente, não se há de falar em uma “reunião com armas”. c) LOCAIS ABERTOS AO PÚBLICO; O direito de reunião deve ser exercido em local aberto ao público, ainda que em percurso móvel, evitando-se com isso a perturbação da ordem pública, ou mesmo a lesão a eventual direito de propriedade. Um exemplo de infração ao direito de reunião seria a tentativa de realização de uma reunião de manifestantes no recinto do Palácio do Planalto, ambiente de trabalho do Presidente da República. d) NÃO FRUSTRAÇÃO DE OUTRA REUNIÃO ANTERIORMENTE CONVOCADA PARA O MESMO LOCAL; O direito de reunião de um grupo não pode atrapalhar reunião anteriormente convocada para o mesmo local por outros indivíduos, já previamente avisada à autoridade competente. e) DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO; O direito de reunião independe de autorização. Significa dizer que as autoridades públicas não dispõem de competência e discricionariedade para decidirem pela conveniência, ou não, da realização da reunião, tampouco para interferirem indevidamente nas reuniões lícitas e pacíficas, em que não haja lesão ou perturbação à ordem pública. f) NECESSIDADE DE PRÉVIO AVISO À AUTORIDADE COMPETENTE. O direito de reunião não exige autorização, mas exige prévio aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso tem por fim dar conhecimento à autoridade competente sobre a realização da reunião, para que esta adote as providências que se fizerem necessárias, tais como a regularização do trânsito, a garantia da se¬gurança e da ordem públicas, o impedimento de realização de outra reunião no mesmo local. CUIDADO: Ademais, vale lembrar que a própria Constituição Federal, em circunstâncias excepcionais, admite expressamente a restrição e até a suspensão do direito de reunião. Assim, na hipótese de decretação do estado de defesa (CF, 136, § 1°, I, “a”) e do estado de sítio (CF, art. 139, IV). ATENÇÃO: Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão ao direito de reunião, ocasionada por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por parte do Poder Público, o indivíduo deverá impetrar um mandado de segurança, e não habeas corpus. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; OBS: Entende-se por associação de caráter paramilitar aquela onde ocorre a organização particular de cidadãos armados e fardados, sem, contudo, pertencerem às forças militares regulares. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; OBS: Note que o transito em julgado é necessário apenas no caso de dissolução da associação, pois se tratar-se apenas da suspensão, qualquer decisão judicial será o suficiente. XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; CUIDADO: Não confunda REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL com SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. ATENÇÃO: O art. 5º, XXI da C.F confere legitimidade para que as associações defendam, em juízo, o direito de seus associados. Nesta hipótese genérica, temos o caso de representação processual, sendo necessário a autorização expressa e especifica dos associados, podendo ser firmada individualmente, ou em assembleia dos associados. No entanto, o art. 5º, LXX da CF, menciona a possibilidade das associações representar os interesses de seus associados mediante MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. Porém, neste caso, trata-se de substituição processual, no qual a associação defende direitos deseus associados em nome próprio, não havendo necessidade de autorização especifica para tanto. QUESTÕES DE CONCURSO CESPE – AUDITOR – TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL – BA - 2018 Acerca dos direitos individuais e coletivos, julgue os itens a seguir. I O exercício do direito de reunião em locais abertos ao público depende de prévia autorização da autoridade competente. II As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial com trânsito em julgado. III As entidades associativas têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente, independentemente de autorização expressa. Assinale a opção correta. A) Apenas o item I está certo. B) Apenas o item II está certo C) Apenas os itens I e III estão certos. D) Apenas os itens II e III estão certos. E) Todos os itens estão certos. FCC – DETRAN - 2018 A realização de reunião de pessoas, em via pública, para manifestar apoio ou repúdio à adoção de determinada política pública, é assegurada pela Constituição Federal, desde que A) pacífica, sem armas e que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente, não dependendo de autorização. B) pacífica e sem armas, mediante autorização prévia da autoridade competente. C) para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, sendo ademais vedada a interferência estatal em seu funcionamento. D) haja lei municipal que autorize a realização de reuniões no local escolhido. E) pacífica, sem armas e realizada durante o dia, mediante autorização judicial. FUNDEP – AUDITOR - 2018 A respeito do direito de associação, é correto afirmar: A) A criação de associações independe de autorização estatal, salvo expressa determinação legal. B) A associação de caráter paramilitar somente pode ser constituída nos casos previstos em lei e mediante prévia autorização do poder público. C) As entidades associativas, independentemente de autorização expressa, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. D) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. E) Ninguém pode ser compelido a associar-se ou a permanecer associado, salvo expressa determinação legal. XXII - é garantido o direito de propriedade; OBS: O direito de propriedade previsto no texto constitucional possui sentido amplo, ou seja, não se restringe apenas a propriedade imóvel (urbana ou rural), mas a qualquer bem que possua valor econômico, tais como os bens móveis (veículos entre outros). ATENÇÃO: Apesar da C.F estabelecer o direito de propriedade, assim como os demais direitos fundamentais, este direito não possui caráter absoluto, podendo vir a ser restringido. EX: Desapropriação (iremos estudá-la a seguir). XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; OBS: A Constituição Federal garante o direito de propriedade, mas no mesmo passo exige que seu proprietário atenda (respeite) a sua função social. Assim, a título de exemplo, uma fazenda, não produtiva, deixa de atender a sua função social, pois se espera que a mesma produza e venha a trazer benefícios para a sociedade. OBS: O respeito ao meio ambiente está inserido na exigência do cumprimento da função social das propriedades. ATENÇÃO: Os imóveis urbanos também devem atender as suas funções sociais, quais sejam o respeito às normas de construção do local aonde se encontrem. Em suma: Entende-se por PLANO DIRETOR o mecanismo legal que visa orientar a ocupação do solo urbano, tomando por base interesses coletivos e difusos, tais como a preservação da natureza e da memória, e os interesses particulares de seus moradores. XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Pode-se definir desapropriação como o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, de necessidade pública, ou de interesse social. Assim, a CF estabelece uma classificação, em três espécies, de formas de desapropriação onde haverá indenização PRÉVIA, JUSTA e em DINHEIRO. Estas hipóteses de desapropriação são denominadas de desapropriações ordinárias. Note: - DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE PÚBLICA; A desapropriação por necessidade pública tem caráter de urgência, ou seja, caso a desapropriação não seja realizada naquele dado momento, os prejuízos poderão ser irreparáveis ao interesse coletivo. - DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA; A desapropriação por utilidade pública implica em concretizar ações que terão reflexo de comodidade e utilidade ao coletivo. Assim, não há caráter de urgência, mas sua implementação será oportuna e conveniente ao interesse público. - DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL; Quando a desapropriação tiver como objetivo atender a uma política pública, enfrentando problemas sociais com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais, ela se denomina desapropriação por interesse social. EX: Desapropriação para construção de casas populares. ATENÇÃO: Além das hipóteses de desapropriação ordinária, ou seja, aquela embasada na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, onde haverá indenização prévia, justa e em dinheiro, o texto constitucional prevê hipóteses de desapropriação extraordinária, ou seja, aquelas onde não haverá indenização em dinheiro ou até mesmo não havendo indenização alguma por não estar de acordo com os ditames da função social da propriedade ou por serem utilizadas em atividades ilícitas. Note as espécies de desapropriação extraordinária: - DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO; Trata-se da situação onde a propriedade não atendeu a sua função social. Neste caso, se for a propriedade urbana, a indenização não é paga em dinheiro e sim por meio de títulos da dívida pública cuja a emissão deve ser previamente aprovada pelo Senado, o resgate deve ser feito em até dez anos sendo o valor parcelado. Porém, se a propriedade for rural, assim como a desapropriação urbana, o pagamento também é feito por meio de títulos, contudo são títulos da dívida agrária e o prazo para o resgate é de no máximo vinte anos. - DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIO (EXPROPRIAÇÃO); A norma constitucional é severa com o proprietário que cultiva plantas psicotrópicas ilegalmente e aquele que realiza exploração de trabalho escravo ao prever que tais situações geram a desapropriação imediata, não sendo concedido a este indenização alguma, além de não prejudicar as demais sanções penais. Note: Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. ATENÇÃO: Interessante destacar que a desapropriação gerada pelo motivo em tela, também atingirá os bens móveis. Como dito anteriormente, tais bens também são passiveis de desapropriação. Destaquemos o parágrafo único do Art. 243: Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômicoapreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; OBS: Trata-se do instrumento de intervenção estatal mediante o qual, em situação de perigo público iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços particulares com indenização ulterior, se houver dano. ATENÇÃO: Não se trata de aquisição da propriedade particular pelo Poder Público, pois a mesma, após sua utilização necessária, será devolvida ao particular, assegurado o direito de indenização se houver dano. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; OBS: A lei responsável por classificar a propriedade rural, como pequena ou não, é denominada de “Estatuto da Terra”. QUESTÕES DE CONCURSO CESPE – AGU – ADVOGADO O ato de a União desapropriar, mediante prévia e justa indenização, para fins de reforma agrária, imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função social configura desapropriação por utilidade pública. CERTO ERRADO CESPE – AUDITOR - 2017 Com relação aos atos administrativos e suas classificações, julgue os itens seguintes. A requisição administrativa caracteriza-se por ser ato administrativo autoexecutório, independente de autorização judicial e de natureza transitória, podendo abranger, além de bens móveis e imóveis, serviços prestados por particulares. Seu pressuposto é o perigo público iminente. CERTO ERRADO CESPE – DEFENSOR PÚBLICO - 2017 Acerca da intervenção do Estado na propriedade e no domínio econômico, julgue os próximos itens. A requisição administrativa é ato unilateral e autoexecutório por meio do qual o Estado, em caso de iminente perigo público, utiliza bem móvel ou imóvel. Esse instituto administrativo, a exemplo da desapropriação, não incide sobre serviços. CERTO ERRADO CESPE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2017 A pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, usufrui de impenhorabilidade no que se refere ao pagamento dos débitos decorrentes de sua atividade produtiva. CERTO ERRADO XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; OBS: Trata-se da proteção aos direitos autorais. OBS: A doutrina conceitua direitos autorais como a propriedade sobre aquilo que decorre da capacidade inventiva e criadora do homem. OBS: A lei, atualmente, fixa o prazo de 70 (setenta) anos para o exercício dos direitos autorais transmitidos aos herdeiros dos autores. Deste modo, após o falecimento do respectivo autor, os direitos autorais que lhe pertenciam serão transferidos aos seus herdeiros pelo prazo previsto em lei (atualmente de 70 anos). XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; OBS: Os direitos autorais individuais em obras coletivas são denominados como direito de arena. EX: Jogo de futebol e novela. XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; OBS: Trata-se da proteção a propriedade intelectual no âmbito industrial e empresarial. OBS: Uma das formas adotadas pela lei para assegurar os autores de inventos industriais é a patente. Note algumas observações acerca da patente: XXX - é garantido o direito de herança; OBS: A Constituição Federal apenas garante o direito de herança, cabendo à lei regulamentar o exercício e os procedimentos acerca do referido tema. EX: Direito Civil (sucessões). CUIDADO: A obrigação financeira da pessoa falecida de reparar determinado dano pode ser estendida aos seus sucessores, sendo limitada ao valor do patrimônio transferido pela sucessão decorrente do óbito. XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal do "de cujus"; OBS: Entende-se por “de cujus” o falecido. ATENÇÃO: O STJ entendeu que a legislação brasileira não se aplica à herança de imóvel fora do país. XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; OBS: O presente inciso estabelece o dever do Estado em promover a defesa do consumidor. EX: Código de Defesa do Consumidor – CDC. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; OBS: Trata-se do direito ao acesso às informações dos órgãos públicos. OBS: O acesso à informação é regulado pela Lei n o 12.527-11 (Lei de Acesso à Informação). OBS: A intenção da C.F é gerar transparência nos atos de governo (administração pública), baseado no princípio da publicidade. CUIDADO: Porém, o referido direito não possui caráter absoluto (incondicionado), pois existem informações onde o Estado não estará obrigado a prestar ao cidadão, uma vez que a violação ao seu sigilo gera perigo a segurança do Estado e da sociedade. EX: Determinadas informações sobre as Forças Armadas e matéria radioativa. ATENÇÃO: As informações se dividem em três grupos. Note: - Informações de interesse PARTICULAR; São aquelas em que predomina, ou o interesse é exclusivo, da própria pessoa que busca a informação. Subdivide-se em dois grupos: - Interesse de informação acerca da própria pessoa; Neste caso, busca o interessado obter informações perante os órgãos públicos acerca de si mesma. ATENÇÃO: Neste caso, se negado o acesso ao direito de informação, o mesmo será “combatido” através de Habeas Data. - Informações de interesse particular acerca de assunto que não seja restrito a própria pessoa; Neste caso, busca-se a informação por interesse particular, mas o conteúdo da mesma não se limita a própria pessoa do solicitante. ATENÇÃO: Neste caso, se negado o acesso ao direito de informação, o mesmo poderá ser “combatido” através de Mandado de Segurança. - Informações de interesse COLETIVO; Trata-se da informação que diz respeito a um grupo certo e determinado. ATENÇÃO: Em caso de recusa injustificada por parte dos órgãos públicos, deverá o lesado fazer o uso do Mandado de Segurança. - Informações de interesse GERAL; Trata-se da informação que diz respeito a todos de forma geral (indeterminada). ATENÇÃO: Em caso de recusa injustificada por parte dos órgãos públicos, deverá o lesado fazer o uso do Mandado de Segurança. XXXIV - são a todos assegurados, independentementedo pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; OBS: Denominado pela doutrina como direito de petição, se consubstancia em instrumentos de exercício da cidadania. OBS: É assegurado a todos. CUIDADO: Trata-se do peticionamento direcionado a Administração Pública e não ao Poder Judiciário, pois esta, em regra, deverá ser exercido através de advogado. Deste modo, não confunda direito de petição com direito de ação (possibilidade de provocar o Poder Judiciário). OBS: Poderá ser exercido em prol de interesses próprios, coletivos ou gerais. EX: Petição dirigida ao Conselho Tutelar em decorrência de violação a direitos de criança ou adolescente. ATENÇÃO: Exige forma escrita, mas é absolutamente informal, uma vez que não está submetido a requisitos formais e não depende da atuação de advogado. ATENÇÃO: Em caso de negativa, omissão ou se a informação for incompleta, caberá mandado de segurança. b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; OBS: O Poder Público somente estará obrigado a fornecer a certidão se a própria pessoa solicitar e a informação for de seu interesse pessoal. CUIDADO: Em caso de negativa, omissão ou se a informação contida na certidão for incompleta, caberá mandado de segurança e não habeas data. OBS: As regras acerca dos remédios constitucionais, tais como o mandado de segurança, habeas data entre outros, serão estudadas nas próximas aulas. QUESTÕES DE CONCURSO CESPE – GUARDA MUNICIPAL – 2018 À luz do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir, acerca dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais. A obrigação financeira da pessoa falecida de reparar determinado dano pode ser estendida aos seus sucessores, sendo limitada ao valor do patrimônio transferido pela sucessão decorrente do óbito. CERTO ERRADO UFRJ – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - 2017 Sobre os direitos e garantias fundamentais, consagrados na Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que é assegurado, mediante pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. CERTO ERRADO FCC – TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO - 2017 Determinado indivíduo requer, perante Secretaria Municipal de Educação, que lhe seja informado o número de faltas ao trabalho, nos últimos 12 meses, dos servidores públicos ocupantes de cargos efetivos lotados na escola junto à qual funciona Associação de Pais e Mestres de que faz parte. Nessa situação, à luz da Constituição Federal, cabe ao órgão da Administração . A) exigir que o pedido seja justificado pelo requerente, antes de fornecer a resposta, a fim de averiguar se os motivos oferecem risco à segurança do Estado ou à intimidade e vida privada dos servidores. B) recusar-se a prestar a informação, sob a justificativa de se tratar de informação cujo sigilo é imprescindível à segurança do Estado e de seus agentes. C) recusar-se a prestar a informação, a que somente se assegura acesso se disser respeito ao próprio interessado, sob pena de ofensa ao direito à intimidade e à vida privada. D) atender ao pedido, que pode ser formulado independentemente de justificativa, por se tratar de informação de interesse geral, a que todos têm acesso assegurado. E) atender ao pedido, ficando o requerente, no entanto, sujeito ao ônus da sucumbência, se comprovada má-fé. CONSULPLAN – OFICIAL DE JUSTIÇA - 2017 A obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, é assegurada a todos, independentemente do pagamento de taxas. CERTO ERRADO AOCP – TÉCNICO ESCRITURÁRIO – 2017 Aos autores, pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, direito este de caráter personalíssimo, sendo intransmissível, mesmo aos herdeiros. CERTO ERRADO FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - 2017 A segurança da sociedade e do Estado não são critérios válidos para que o órgão público negue ao indivíduo o acesso às informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral. CERTO ERRADO GABARITO – 1- C - 2 – E - 3 – D - 4 – C - 5 – E - 6 - E XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; OBS: O presente inciso é denominado pela doutrina de princípio constitucional de acesso à jurisdição, princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, direito de ação ou princípio do livre acesso à justiça. Trata-se de garantia constitucional conferida a todos (brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros). Assim, sua legitimidade é universal, ou seja, qualquer pessoa está legitimada a provocar o Poder Judiciário diante de lesão ou ameaça de lesão a direito. ATENÇÃO: O acesso ao Poder Judiciário poderá ocorrer no caso de lesão ou mera ameaça de lesão. Deste modo, não é necessário que o direito seja efetivamente lesado, bastando para tal que haja a mera ameaça de lesão para que a garantia constitucional ora estudada possa ser exercida. EX: Habeas Corpus Preventivo. CUIDADO: Não se trata de garantia absoluta, pois, apesar de, em regra, não haver a chamada “jurisdição condicionada” ou “instância administrativa de cunho forçado” (aquela onde é exigido o esgotamento das vias administrativas para acesso ao Poder Judiciário), no caso das competições desportivas tal regra é afastada. Assim, em regra, o esgotamento da via administrativa não é condição indispensável para o acesso ao Poder Judiciário, inexistindo a jurisdição condicionada, não havendo a necessidade do esgotamento das vias administrativas para que haja o acesso a justiça através dos órgãos do Poder Judiciário. Porém, excepcionalmente, nas ações referentes às competições desportivas e à disciplina destas, só haverá acesso ao Poder Judiciário após esgotados as instâncias da justiça desportiva (administrativa). CUIDADO: A Justiça Desportiva não integra o Poder Judiciário! Na verdade, ela é um órgão administrativo. Então, o Tribunal de Justiça Desportivo (TJD) ou o Superior Tribunal de Justiça Desportivo (STJD) não têm relação com o Judiciário. Note o que dispõe o art. 217, § 1º da CF: § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. ATENÇÃO: Para evitar que o caso se arraste indefinidamente na justiça desportiva, impedindo a ação do Judiciário, a Constituição fixou o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do processo, para que seja proferida decisão final. Então, ultrapassado esse prazo, mesmo que não se tenha decisão final, poderá a parte interessada recorrer ao Poder Judiciário. OBS: As questões trabalhistas decorrentes de contrato entre atleta e entidade desportiva serão da competência da Justiça do Trabalho, e não da Justiça desportiva. Isso porque esta só julga questões relativas à disciplina e às competições desportivas. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; OBS: Trata-se do princípio da segurança jurídica. OBS: Atos ilegais não geram direito adquirido. OBS: Antes do direito adquirido, ou seja, a incorporação do direito ao patrimônio jurídico da pessoa, ocorrerá a mera expectativa de direito. CUIDADO: As decisões administrativas proferidas emprocessos administrativos não geram coisa julgada (sistema da unidade de jurisdição). EX: ATO JURÍDICO PERFEITO: João constrói um prédio com seis andares, conforme a lei em vigência. Porém, após o termino da construção, lei nova proíbe a construção de prédios com mais de quatro andares naquele local. DIREITO ADQUIRIDO: Maria possui idade e tempo de contribuição suficiente para aposentar, porém lei nova modifica os requisitos de tempo e idade. COISA JULGADA: Ana ingressa com ação judicial em desfavor de Luciana, e após a utilização dos recursos processuais a ela cabíveis, é condenada a pagar indenização. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; OBS: Os presentes incisos devem ser estudados conjuntamente, pois se complementam e formam o principio do juiz natural. Um tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado temporariamente para julgar um caso (ou alguns casos) específico após o delito ter sido cometido. EX: Tribunal de Nuremberg criado pelos aliados para julgar os nazistas pelos crimes de guerra. OBS: Os Tribunais de exceção não são imparciais, uma vez que a sua criação é direcionada para um caso específico, ou seja, só é criado um tribunal de exceção quando há algum interesse na direção das decisões e do resultado. ATENÇÃO: Assim, a CF proíbe expressamente a criação de tribunais ou juízos de exceção, mesmo diante de guerra declarada, estado de sítio ou estado de defesa. Deste modo, a instauração de tribunal ou juízo de exceção no Brasil gerará a declaração de inconstitucionalidade de suas decisões. OBS: O STF entende que o Tribunal do Júri não é tribunal de exceção, pois a definição constitucional de sua competência é prévia aos fatos ocorridos. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; Não se confunde a plenitude de defesa e a ampla defesa, pois a primeira é muito mais abrangente do que a segunda. A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os meios de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais como: sociológicos, políticos, religiosos, morais etc. Já a ampla defesa, exercida tanto em processos judiciais como em administrativos, entende- se pela defesa técnica, relativa aos aspectos jurídicos, sendo: o direito de trazer ao processo todos os elementos necessários a esclarecer a verdade, o direito de omitir-se, calar- se, produzir provas, recorrer de decisões, contraditar testemunhas, conhecer de todos atos e documentos do processo etc. b) o sigilo das votações; O Conselho de Sentença (órgão responsável pelo julgamento no Tribunal do Júri) é formado por sete jurados, sendo que suas decisões são vestidas por maioria de votos. Os jurados devem responder a diversos questionamentos, que são os “quesitos” e, para tanto, utilizam-se das cédulas, uma contendo o vocábulo “sim” e a outra com a expressão “não”. Portanto, apenas é necessário que quatro jurados tenham decidido no mesmo norte, para que se obtenha o saldo da votação do quesito. Ao final de cada resposta, o Juiz deve conferir os votos proferidos pelo Conselho de Sentença. A exposição de um veredicto unânime afetaria, segundo alguns doutrinadores, o princípio constitucional do sigilo das votações. Devido a isto, a corrente doutrinária majoritária sustenta que é necessário que o Juiz Presidente encerre a conferência dos votos sempre que encontrar quatro votos no mesmo sentido. É o pensamento de Guilherme Souza Nucci. Desta maneira, deve o Julgador, conforme art. 483 do CPP, encerrar a apuração dos votos na sala especial assim que obtiver quatro votos semelhantes. O quesito, nesse caso, já estará devidamente respondido, pois o julgamento se dá por maioria de votos. c) a soberania dos veredictos; Ser soberano significa atingir a supremacia, o mais alto grau de uma escala, o poder absoluto, acima do qual inexiste outro. Traduzindo-se esse valor para o contexto do veredicto popular, quer-se assegurar seja esta a última voz a decidir o caso, quando apresentado a julgamento no Tribunal do Júri. CUIDADO: Isso não quer dizer que não haverá recurso. OBS: O Tribunal do Júri é órgão do Poder Judiciário de 1º instância. Em caso de decisão manifestamente contrária à prova dos autos, razão pela qual, o Tribunal de 2º Grau entendendo procedente o apelo, determinará que seja realizado um novo julgamento pela mesma instituição popular, não substituindo, no entanto, a vontade do povo na prolação do veredicto. Ou seja, a afronta ao princípio constitucional da soberania dos veredictos somente pode ocorrer quando houver uma decisão completamente contrária à prova dos autos. OBS: É perfeitamente possível a instituição de Tribunal do Júri na Justiça Federal (quando o crime doloso contra a vida for de competência da Justiça Federal). Neste caso, o recurso será dirigido ao respectivo Tribunal Regional Federal. EX: Chacina em aldeia indígena. d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; A competência do tribunal do Júri está prevista no artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição Federal, o qual aduz que o tribunal do júri é o órgão competente para julgar os crimes DOLOSOS contra a vida e os crimes conexos com estes. Resumidamente, podemos dizer que serão julgados pelo tribunal do Júri os seguintes crimes: a) Homicídio doloso (simples ou qualificado); b) Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; c) As diversas formas de aborto puníveis, previstas no CP; d) Infanticídio; e) Os crimes conexos com estes, de acordo com o caso concreto. Entende-se por crime conexo o delito relacionado a outro porque praticado para a realização ou ocultação do segundo, porque estão em relação de causa e efeito, ou porque um é cometido durante a execução do outro. Assim, é o crime unido a outro por um ponto comum. EX: Homicídio executado para eliminar a testemunha de um roubo. EX: Matar o segurança para sequestrar o empresário. EX: Homicídio de comparsa de roubo para obter de forma exclusiva o produto do delito. ATENÇÃO: O Tribunal do Júri será competente para julgar crimes conexos, desde que não sejam crimes eleitorais, juízo de menores (Vara da Infância e Juventude) ou sujeitos à Justiça Militar. CUIDADO: Não é porque um crime resulta no evento morte, que este será julgado pelo tribunal do Júri. Há diversos crimes que resultam no evento morte e que não são julgados no tribunal do júri, como, por exemplo, estupro seguido de morte, roubo seguido de morte, tortura qualificada pela morte, dentre outros, pois nestes crimes o dolo direto do agente não é matar, e sim roubar, estuprar, etc. Importante ressaltar a súmula 603 do STF: "A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri", pois o latrocínio é um crime eminentemente patrimonial, sendo a vida atingida por reflexo. (STJ, HC133.364) Outro ponto de extrema importância correlacionado com o tema é o Foro por prerrogativa de função. Há determinados agentes que, em razão da função pública que exercem, a lei conferiu-lhes a regra de serem julgados por um tribunal específico. Desta forma, um agente que comete um crime doloso contra a vida, porém que possui um foro por prerrogativa de função, será julgado por qual tribunal? Pacificou-se na doutrina e jurisprudência de que quando o foro por prerrogativa de função for previsto na Constituição Federal,utiliza-se a regra da especificidade, desta forma, a competência do foro por prerrogativa de função irá prevalecer. EX: Presidente da República, Deputados Federais e Senadores da República possuem prerrogativa de foro no STF. EX: Governadores de Estado e do DF possuem prerrogativa de foro no STJ. Todavia, se o foro por prerrogativa de função for previsto em lei federal ou em constituição estadual, a competência do tribunal do júri irá prevalecer. Note o teor da Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. E se determinado agente, que não possui foro por prerrogativa de função, cometer um crime doloso contra a vida em concurso com uma pessoa que tenha foro ''privilegiado'' previsto na CF; ambos serão julgados pelo foro privilegiado, em razão da conexão? NÃO! Neste caso, não haverá a reunião dos processos, e sim a cisão. O agente que não possui ''foro privilegiado'' será julgado pelo Tribunal do Júri, enquanto que o agente que possui foro por prerrogativa de função previsto na CF será julgado por este. Por fim, é pacífico que Emenda Constitucional ou lei federal podem AMPLIAR a competência do tribunal do júri. QUESTÕES DE CONCURSO FGV – ANALISTA LEGISLATIVO - 2016 Determinado deputado estadual é apontado, em uma investigação, como o autor de crime doloso contra a vida. O seu advogado, ao tomar conhecimento de que o Ministério Público iria acusá-lo perante o tribunal do júri. À luz da sistemática constitucional, assinale a afirmativa correta. A) O foro por prerrogativa de função, previsto na Constituição Federal ou na Estadual, prevalece sobre qualquer outro, incluindo a competência do tribunal do júri. B) A competência do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função, previsto exclusivamente na Constituição Estadual. C) A competência do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função, previsto exclusivamente na Constituição Federal. D) O foro por prerrogativa de função, previsto na Constituição Federal ou na Estadual, jamais prevalece sobre as competências específicas, como a do tribunal do júri. E) Nas situações em que haja foro por prerrogativa de função, o tribunal competente, em se tratando de crime doloso contra a vida, deve ser organizado de forma semelhante ao júri popular. CESPE – STF – ANALISTA JUDICIÁRIO O julgamento dos crimes dolosos contra a vida é de competência do tribunal do júri, mas a CF não impede que outros crimes sejam igualmente julgados por esse órgão. CERTO ERRADO CESPE – GUARDA MUNICIPAL – 2018 A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a expectativa de direito. CERTO ERRADO FCC – AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - 2017 A Constituição Federal brasileira, ao disciplinar o desporto, no título da ordem social, estabelece que “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei” (art. 217, § 1° ). Há, neste caso, uma mitigação constitucional do direito fundamental de livre acesso ao Poder Judiciário, devendo, no entanto, ser respeitado o prazo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para decisão final pela justiça desportiva. CERTO ERRADO XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; OBS: O presente inciso apresenta o princípio da legalidade penal. O princípio da legalidade penal se desdobra em três subprincípios: - Princípio da Reserva Legal ou Legalidade em Sentido Estrito; Significa dizer que somente lei em sentido estrito, ou seja, lei ordinária ou complementar poderá definir crime e cominar pena. Deste modo, não é qualquer espécie normativa (lei em sentido amplo) que poderá tratar de matéria penal. Assim, medida provisória e lei delegada, por exemplo, não podem ser utilizadas para definir crimes ou cominar (prever) penas. OBS: Os Estados, Distrito Federal e Municípios não poderão legislar sobre matérias penais, pois, conforme a CF, somente a União cabe legislar acerca de direito penal, e, mediante lei ordinária ou lei complementar. - Princípio da Anterioridade Penal; Segundo o principio da anterioridade penal somente lei vigente antes do fato poderá defini-lo como crime, assim como definir sua respectiva pena. Deste modo, a lei deve ser anterior ao fato. - Principio da Taxatividade; A lei penal deve ser certa, não se admitindo descrições vagas e imprecisas acerca da conduta proibida. OBS: Também chamado de princípio da clareza. CUIDADO: A doutrina e a jurisprudência aplicam interpretação extensiva no que tange “crime” e “pena”. Assim, o principio da legalidade penal se aplica tanto aos crimes como as contravenções penais, assim como as penas e as medidas de segurança. A medida de segurança constitui uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado ao agente inimputável ou semi-imputável. Note: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Irretroatividade é a qualidade de não retroagir, não ser válido para o passado. As leis e atos normativos em geral, a princípio, são editadas para que passem a valer para o futuro, desde a data da publicação ou a partir de um período fixado, geralmente no final do seu texto. XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; Trata-se de norma programática cujo principal destinatário é o legislador. Entende-se por normas programáticas aquelas cuja função é estabelecer os caminhos que os órgãos estatais deverão trilhar para o atendimento da vontade do legislador constituinte (responsável pela elaboração das normas constitucionais), para completar sua obra. Assim, o presente inciso é um “recado” ao legislador que, conforme a Constituição Federal, deverá estabelecer através de lei punições aqueles que atentarem contra os direitos e liberdades fundamentais previstas no texto constitucional. XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Em suma... XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; OBS: Trata-se do princípio da pessoalidade ou personalização da pena. Esse princípio tem total correção com o princípio da responsabilidade pessoal, que proíbe a imposição de pena por fato de outrem, pois ninguém pode ser punido por fato alheio. Deste modo, o filho não responde pelo delito do pai, a esposa não responde pelo delito do marido etc. CUIDADO: Porém, a obrigação de reparar danos ou a decretação de pena consistente no perdimento de bens poderá ser estendida aos sucessores do condenado, no caso de morte deste,
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