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1º Identificando a Obra (4) FATIMA

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1º Identificando a Obra:
Obra: A Língua de Eulália: Novela Sociolinguística.
Autor: Marcos Bagno
Grupo: 02 Integrantes:
Ana Paula,
Maria de Fátima,
Vania,
Mariana.
17 eds., 3ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,2014.
“ A Chegada. ”
Vera, Sílvia e Emília foram as primeiras a descer na rodoviária de Atibaia quando o ônibus estacionou. – Respirem fundo –manda Vera e as outras duas obedecem. – Já sentiram a diferença do AR?
2º Apresentação da Obra:
Nesta obra o autor argumenta que falar diferente não e falar errado e o que pode parecer erro, no português não-padrão, tem uma explicação lógica. Para explicar essa problemática ele reúne então na obra “ A Língua de Eulália” as universitárias Vera, Silvia e Emília, que vão passar as férias no sitio da professora Irene. Delicada, Irene se reúne todos os dias com as três educadoras do ensino fundamental, transformando suas férias numa espécie de atualização pedagógica, em que as universitárias reciclam e ampliam seus conhecimentos e sabores linguísticos. Sendo assim, Irene acaba dando subsídios para que as universitárias passem a encarar, com um novo olhar, as variedades não – padrão da língua portuguesa. A novela acontece em diálogos deliciosamente informativos. A obra “ A Língua de Eulália” trata a sociolinguística como ela deve ser tratada: com seriedade, mas sem sisudez.
3º Estrutura da Obra:
A obra está dividida em 23 capítulos totalizando 221 páginas.
4º Resumo da Obra:
Emília, Vera e Sílvia são universitárias e professoras de uma escola pública que vão passar as férias no interior de São Paulo, na casa de Irene, tia de Vera, que é uma linguística. Logo que chegaram as universitárias criticam o português falado por Eulália, que é a empregada da casa e amiga de Irene. A partir disso, Irene resolve explicar questões linguísticas a elas e esclarecer, através de aulas, que o preconceito linguístico não tem fundamentação, pois a história da língua portuguesa passou por várias fazes e cada uma delas explica o uso dessa multiplicidade linguística. Irene elucida, a partir da fala de Eulália, que há muitas diferenças no modo de falar, sendo algumas delas: diferenças fonéticas, no modo de pronunciar os sons da língua, diferenças sintáticas no modo de organizar as frases, as orações e as apartes que as compõem, diferenças semânticas no significado das palavras e diferenças no uso da língua. Para dar nome a uma língua seria necessário levar em consideração as múltiplas variáveis que envolvem o ser que fala como: cor, sexo, nível social, grau de instrução, etc. – toda língua, além de várias geograficamente, no espaço, também muda e varia. – Quer dizer, muda com o tempo e varia no espaço. A mudança ao longo do tempo se chama diacrônica. A variação geográfica se chama variação diatópica. A norma padrão (PP) é aquele modelo ideal de língua que deve ser usado pelas autoridades, pelos órgãos oficiais, pelas pessoas cultas, pelos escritores e jornalistas, aqueles que deve ser ensinado e aprendido na escola. – todas As variedades de uma língua tem recursos linguísticos suficientes para desempenhar sua função de veículo de comunicação, de expressão e de interação entre seres humanos. Nas aulas de linguísticas que Irene ministrou nas férias as universitárias, várias conceitos foram abordados, os principais são: O mito da língua homogênea, ou seja, as multiplicidades linguísticas que existem e necessitam ser respeitadas, sendo que sua utilização não deve ser considerada inadequada, pois são modos diferentes de se falar a mesma língua e, seu emprego, não prejudica o entendimento e tudo que parece erro no português não-padrão (PNP) tem uma explicação cientifica e logica, e acaba incentivando o ensino da norma padrão, pois esta foi criada para que exista um modelo de comunicação nacional. No entanto, sugere que o ensino desta, seja voltado para a linguística. – O livro busca sempre comparar o português padrão com o não-padrão para provar que há mais semelhanças que diferenças entre eles. Neste contexto discute que o falante da norma não-padrão tem dificuldade de aprender a norma padrão, primeiramente porque o primeiro é transmitido naturalmente, já o segundo requer aprendizado e, como na maioria das vezes, essas pessoas pertencem a classe baixa, abandonam a escola cedo para trabalhar ou desistem de estudar por serem discriminadas linguisticamente, dessa forma o problema acaba adquirindo grandes proporções. Esses preconceitos fazem com que a criança que chega à escola falando (PNP) seja considerada uma “ deficiente” linguística, quando na verdade ela simplesmente fala uma língua diferente daquela que é ensinada na escola. Por outro lado, cria no professor a sensação de estar tentando ensinar alguma coisa a alguém que nunca terá condições de aprender. Daí resulta que o aluno fica desestimulado a aprender, e o professor, desestimulado a ensinar. Todo professor, e professor de língua. A escola não reconhece a existência de uma multiplicidade de variedades de português e tenta impor a norma-padrão sem procurar saber em que medida ela é na pratica uma “ Língua estrangeira” para muitos alunos, senão para todos. – Irene usa a história da língua na tentativa de mostrar que a língua portuguesa, em todas as suas variedades, continua em transformação, continua mudando, caminhando para as formas que terá daqui a algum tempo. Todavia, eficácia do português não-padrão não pode ser negada, pois consegue diminuir as regras gramaticais tornando-as mais simples, isso ocorre frequentemente com o uso de concordância, plural e conjugação verbal. Essa postura não deve ser detestada, pois esse processo é comum em muitas outras línguas, mesmo na norma padrão delas como o Inglês, por exemplo. No caso do português, há ocorrência de vários fenômenos linguísticos, os principais são: Rotacização que a troca de (L) por (R) nos encontros consonantais, este pode ser explicado através da origem das palavras no latim que recebiam (R), mas com o passar do tempo essas palavras sofreram modificações, porém alguns falantes não tiveram ciência disso e assim estão preservando os traços do português arcaico;(eliminação das marcas de plural redundantes; yeismo) que é a troca de (LH) por (L) , essas mudanças ocorreram devido a ser mais cômodo pronunciar (L) do que (LH); (simplificação das conjunções verbais), por exemplo, eles gosta, nós gosta, vocês gosta; (assimilação) é a transformação de (ND) em (N) e de (MB) em (M), isso se explica porque essas consoantes são dentais e o som de uma está muito próximo da outra; (redução) do ditongo ou em (O), exemplo poco (pouco) e ropa(roupa), (EL) em (E), exemplo chêro(cheiro) e quÊxo (queixo), E e O átonos pretônicas , exemplo bibida (bebida) e fumiga (formiga); (contração) das proparoxítonas em paroxítonas, que não e exclusiva do português não-padrão que tem um ritmo paroxítono, já que palavras proparoxítonas em latim passaram a serem paroxítonas também no português padrão, exemplo arvre (árvore); (desnalização) de vogais postônicas que ocorre na norma padrão e não padrão, caracteriza-se por eliminar o som nasal das vogais que estão depois da silaba tônica, o que é uma tendência natural da língua , exemplo home (homem); (arcaísmo) que surgiu devido ao português arcaico ter sido ensinado no Brasil, com isso seus traços ainda permanecem em regiões afastadas das principais cidades brasileiras pela falta de contato com as mudanças que surgiram na língua, exemplo escuitar (escutar); (função da partícula SE) como verdadeiro sujeito da oração;( analogia) que é a mudança linguística causada pela interferência de uma forma já existente, por exemplo palavras que mudam de classe gramatical por causa do som de uma vogal, é o caso do pronome obliquo mim com sujeito de infinitivos, com este ocorreu algo interessante, pois esse costume foi transmitido dos menos cultos para os mais cultos. A classificação de uma variedade como culta é uma questão de grau de frequência. Classifica-se como culta aquela variedade na qual as formas consideradas padrão ocorrem com maior intensidade.O falante culto, como qualquer falante, está sujeito a todo tipo de influências externas e internas. Ele sofre pressão do ambiente em que se encontra, do tipo de situação, da hierarquia social em que se acha em relação às demais pessoas com quem está interagindo. O certo de hoje já foi o errado de ontem. O livro aborda e explica, através de exemplos, todos esses fenômenos onde se pode perceber que, do ponto de vista linguístico, não existe erro, mas sim o adequado e o inadequado, assim é necessário que o ensino do português - padrão seja voltado para linguística para que o cidadão perceba a importância de adequar a sua forma de comunicação em diferentes contextos, permitindo-lhe o acesso as práticas sociais de leitura e escrita e que se faz necessário desvendar o mito da língua única, mencionando o seu valor social e abordando temas como variantes linguísticas e fenômenos da língua para evitar o denominado preconceito linguístico. É um mito a unidade linguística do Brasil, pois há muitas línguas no país, além das línguas indígenas e das línguas trazidas pelos imigrantes, falam-se diferentes tipos da língua portuguesa, cada uma delas com características próprias, com diferenças em seu status social, mas todos com uma lógica linguística facilmente demonstrável; traços característicos do (PNP) (considerados erros) se encontram em outras línguas, o que mostra que eles não são uma prova da ignorância ou da deficiência mental do nosso povo; muitos aspectos considerados errados no (PNP) (e no PP do Brasil)são na verdade arcaísmos, vestígios da língua portuguesa falada muitos Século atrás; a língua escrita não deve ser usada como camisa-de-força para submeter e aprisionar a língua falada; a escrita é a tentativa de representação da língua falada e nasceu centenas de milhares de anos depois de o homem ter começado a falar. O preconceito que pesa sobre o (PNP) faz parte de toda uma triste coleção de inverdades, de distorções, de falácias que povoam a mente da maioria das pessoas mesmo as supostamente mais bem informadas: Ele está no porão escuro da imaginação onde se amontoam mitos e preconceitos de toda ordem: racial: O índio preguiçoso, o negro malandro, o japonês trabalhador, o judeu mesquinho, o português burro; sexual: a interiorização da mulher, o desprezo pelo homossexual pé vertido e doente, a valorização do macho rude e indelicado; cultural: o conhecimento cientifico valorizado em detrimento do conhecimento popular, por exemplo, o desprezo por práticas medicinais naturais e tradicionais em favor de medicamentos químicos industrializados; ou a valorização da cultura transmitida oralmente; socioeconômica: valorização do rico e do poderoso e desprezo do Humilde e do Oprimido, por exemplo, chamar o nordestino de atrasado e o sulista de progressista; ou acreditar que tudo o que vem do primeiro mundo é intrinsecamente bom, bonito, infalível e necessário. - Enfim, um monte de bobagens-diz Emília. – Isso mesmo – retoma Irene. – E é nessa montanha de bobagens, nesse “lixão” que temos dentro da nossa mente, que jogamos a língua falada pelas pessoas diferentes de nós, criando mais uma ordem de preconceito: O preconceito linguístico. – Mas não deveria ser assim-intervém Sílvia, em tom emocionado. – A Humanidade já passou por experiências terríveis o bastante, principalmente no último Século, começar para a aprender que a intolerância, a inflexibilidade, o fanatismo, o desrespeito pelo diferente não levam a lugar nenhum, a não ser à violência e à destruição... – É claro que não podemos modificar o mundo, transformar a mente de todas as pessoas – Irene -, mas podemos começar a dar a nossa pequena contribuição, tornando mais claro e respirável o ambiente que nos movemos diariamente. – Você tem razão, Irene, é mesmo questão ecológica - Comenta Emília-, afinal, gente, basta uma pequena semente para fazer brotar e crescer uma árvore enorme, que dará sombra, flores perfumadas e frutos saborosos. (Os frutos saborosos são aqueles alunos que vão continuar suas jornadas no ensino para passar seus conhecimentos para outras Veras, Emília, Silvais, Irenes e Eulália da vida) – Quem sabe se uma de nós é a generosa jardineira que vai plantar e regar com paciência o amor à está pequena semente?

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