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AULA 1 MERCHANDISING E PROMOÇÃO DE VENDAS Prof. Ubirajara Morgado 02 CONVERSA INICIAL O futuro não está à nossa frente. Ele já aconteceu! Philip Kotler No turbilhão de informações que sentimos, as pessoas frequentemente se sentem em um crescente desconforto sobre o futuro. As economias estão passando por rápidas e violentas transformações, advindas da chamada globalização ou das mudanças tecnológicas. Logicamente esse desconforto com a tecnologia também nos traz muitas oportunidades, mas também empresas morrem e empresas nascem. Isso nos faz refletir sobre marcas, vendas ao varejo, sensibilidade a preços, diminuição do marketing e da propaganda de massa e erosão da lealdade às marcas. Mas o marketing é mais do que isso. Marketing é um processo ordenado e criativo de pensar e planejar para o mercado. O processo se inicia com a pesquisa do mercado e o conhecimento da sua dinâmica para identificação de oportunidades; para segmentar o mercado e escolher aqueles mercados-alvo que a empresa pode satisfazer de maneira superior. Por isso podemos afirmar que o marketing é um dos campos mais dinâmicos dentro da disputada arena administrativa e lança, frequentemente, desafios a que as empresas devem responder. Este capitulo introduzirá alguns conceitos de promoção de vendas e merchandising. Inicialmente, compararemos a promoção de vendas com base na visão acadêmica e na visão prática, identificando, em seguida, algumas das principais técnicas promocionais e de merchandising usadas no mercado. O capítulo também abordará o papel da promoção de vendas e do merchandising, enfatizando a função exibição. Logo, a promoção de vendas será enfocada de dois pontos de vista distintos: para compras planejadas e para compras por impulso. O capítulo seguira com uma discussão sobre o comprometimento do consumidor e o valor da marca promovidos pela ação de promoção de vendas. Para finalizar, a visão tática e a visão estratégica da promoção de vendas serão colocadas lado a lado, sendo ressaltadas em relação ao contexto econômico e político do país. 03 CONTEXTUALIZANDO A Procter & Gamble (também conhecida como P&G) é considerada a empresa mais hábil dos Estados Unidos em bens de consumo. Figura 1 – Procter & Gamble Fonte: Google Imagens/Procter & Gamble. Ela vende a marca número um em 19 das 39 categorias em que compete e está entre as três marcas top em 34 dessas categorias. Sua participação no mercado está próxima a 25%. Quais seriam os princípios seguidos pela Procter para estar nessa posição? 1. a P&G conhece o seu consumidor. Ela o estuda e também pesquisa os revendedores. Tem linha direta com esses consumidores. 2. a P&G gasta tempo analisando uma oportunidade e a longo prazo luta para que aquele produto seja um produto de sucesso. Exemplo: batatas Pringles. 3. Investe e muito em inovação, lançando marcas que oferecem novos benefícios aos seus consumidores. A marca de creme dental Crest passou por 10 anos de pesquisas antes de ser lançada como eficaz contra as cáries. O mesmo ocorreu com o xampu contra caspas, o Head & Shoulders. Lançou a fralda descartável Pampers quando sentiu que os jovens estavam insatisfeitos com o lavar de fraldas. 4. Desenvolve produtos com qualidade acima da média e sempre passa por melhorias (o que é uma realidade). 5. Fabrica seus produtos em vários tamanhos e formas de modo a satisfazer as várias preferências dos consumidores. Isso dá maior espaço nas prateleiras. 6. Estende as marcas fortes para lançamento de novos produtos, dando reconhecimento mais instantâneo e credibilidade, com despesas de propagandas muito menores. 7. Lança diversas marcas de produtos da mesma categoria. Exemplo: produz oito marcas de sabão em pó e seis de xampu. 8. É a segunda maior anunciante de bens de consumo dos Estados Unidos (propaganda intensa). 9. Possui uma agressiva força de vendas. Assim, a liderança de mercado da P&G não está baseada em fazer bem uma coisa, mas na orquestração bem-sucedida de múltiplos fatores que contribuem para esta liderança. É o marketing em ação. Mais ainda, o 04 uso da promoção de vendas e do merchandising em sua forma mais poderosa! (Mundo..., 2006) TEMA 1 – A EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O marketing tem uma importância crucial para um bom desempenho onde impera a inovação e a competitividade e essa importância recebe o reconhecimento dos empresários brasileiros. Tudo isso aliado ao simples fato de que, se uma empresa desenvolve e produz algo (produtos ou serviços), terá que ter uma contrapartida, ou seja, é preciso trocá-lo com os seus usuários e clientes. O atendimento dos desejos e necessidades dos clientes é o que diferencia as empresas vitoriosas e que permanecerão no mercado. Para que isso ocorra, faz-se necessário o uso intenso de estratégias e ações de marketing, acompanhadas do seu respectivo planejamento e plano de ação. A história é testemunha da evolução que o planejamento estratégico teve desde a sociedade industrial, passando pela sociedade da informação e culminando em nossos tempos, ou seja, a sociedade do conhecimento. Todas as civilizações demonstram que utilizaram, de alguma forma, uma espécie de estratégia ou de planejamento. Encontramos exemplos de governantes (reis ou administradores) que, na iminência de seus atos, tiveram que rapidamente agir, utilizando-se do planejamento estratégico para definir o que, por quê, como e quando fazer, objetivando a vitória. Mesmo assim, transcorrendo todo o período histórico, somente em meados dos anos 50 é que surgiu o que efetivamente podemos chamar de planejamento estratégico exercido na prática e objetivando o tratamento de problemas econômicos, tais como oferta e demanda. Evoluindo no tempo, chegamos aos anos 70, em que fórmulas simplistas, mas de difícil utilização, foram aplicadas junto ao planejamento estratégico até encontrarmos o declínio (anos 80) desse mesmo planejamento estratégico, que aconteceu pelo aparecimento das ferramentas japonesas de gestão (qualidade total), entre outras, tais como administração por objetivos, reengenharia, seis sigma, produção enxuta, teoria dos Jogos, empowerment, organizações virtuais, etc. Um estudo realizado por Davenport (2004, p. 22) mostrou que, desde o lançamento do livro Vencendo a crise, escrito por Tom Peters em 1982, “apareceram quase setenta novas ferramentas de gestão. As empresas, nessa época, buscavam vantagens competitivas apenas em ferramentas de gestão da 05 moda, deixando de lado análises mais profundas, reflexões e a criatividade necessária para o sucesso de longo prazo”. Um time de grandes teóricos como Peter Druker, Michael Porter, Henry Mintzberg, Nitin Nohria, Clayton Christensen, entre outros, chamaram a atenção para o risco das empresas em adotarem soluções genéricas sem um alinhamento com enfoque estratégico, criando, assim, uma desvinculação das realidades da empresa e culturas organizacionais forçadas. TEMA 2 – ATRIBUTOS DAS GRANDES ESTRATÉGIAS Propósito claro e consistente Diz-se que, se você não sabe para onde está indo, não há estrada que possa levá-lo até lá. As organizações precisam existir por alguma razão. O que justifica a sua? Valor real agregado Organizações que têm um diferencial agregam valor. Se qualquer uma delas fechar, o consumidor sentirá sua falta. E quanto à sua empresa? Escolhas claras A excelência vem de um esforço bem definido. A tentativa de fazer muitas coisas impede de fazer uma única coisa bem feita. O que sua empresa decidiu fazer? E o que decidiu não fazer? Sistema de criação de valor únicoDe acordo com a apostila de Fundamentos de Marketing da PUC-Minas (2013), “ao contrário das motos japonesas, a Harley-Davidson foi sempre fiel ao princípio de vender sonhos de liberdade”. Figura 2 – Harley-Davidson Fonte: Google Imagens/Harley Davidson. 06 O primeiro passo para uma boa execução é traduzir a ideia em um sistema de ação em que os esforços estejam alinhados e se reforcem mutuamente. Isso acontece em sua empresa? Para a maior parte das companhias, a resposta é “não”. Indicadores significativos Formas globais de medir resultados, como retorno sobre o investimento (ROI), indicam se a estratégia está funcionando, mas outros indicadores de desempenho, ligados especificamente à sua estratégia, são ainda melhores. Eles transformam grandes aspirações em objetivos mensuráveis e orientam a empresa em direção ao que importa. Paixão Não é um conceito concreto, mas ela está no âmago de toda a boa estratégia. Mesmo nos setores mais convencionais, as empresas que se destacam se preocupam profundamente com o que fazem. Apple é uma empresa a frente do seu tempo, pois consegue como nenhuma outra compreender os desejos e necessidades do consumidor e traduzi-los em produtos (Fundamentos..., 2013). Figura 3 – O novo iMac Fonte: Google Imagens/Apple. Porter (2002) explica que, “nos anos 90, estabeleceu-se um caos conceitual referente à Planejamento Estratégico. O autor argumenta que muitas empresas perderam seus posicionamentos, encantadas com novos modelos de gestão, os quais acabaram falhando um após outro”. Segundo Nhoria, Joyce e Roberson (2003) e através de uma pesquisa com 160 empresas no período de 10 anos (entre 1986 e 1996), com o objetivo de identificar os motivos pelos quais algumas empresas prosperaram nos contextos mais difíceis, enquanto que outras do mesmo setor de atividade, com um porte parecido e utilizando uma tecnologia semelhante, entraram em decadência. A pesquisa mostrou que o planejamento estratégico aparecia em primeiro lugar 07 como uma das práticas mais importantes e fundamentais realizadas pelas empresas com maior sucesso. Dessa forma, Nhoria, Joyce e Roberson (2003) mostraram que a estratégia é um fator chave para o sucesso das empresas”. Para Kaplan e Norton (2004, p. 37), “o planejamento estratégico está em fase de renovação e reinvenção. Os autores argumentam que as empresas voltem a usar a ferramenta como forma de sustentabilidade, recuperando sua relevância perante as organizações”. Onde procurarmos sobre estratégia, encontraremos muitas fontes que tratam desse tema. Muitas fontes tratam a estratégia como um plano para um futuro. Outras como um comportamento da organização durante a sua existência. Há mais ainda onde a estratégia está colocada como uma posição para localizar produtos em determinados mercados. Finalmente (mas não esgotadas as possibilidades), veem estratégia como uma visão em como a organização conduz o seu negócio. Mintzberg termina o seu pensamento com a hipótese de que “estratégia seria um truque, uma ação específica para burlar a concorrência” (Mintzberg, 1978). No entanto, existem pontos em comum entre autores que escrevem sobre estratégia. Afirmam que a estratégia é utilizada para gerir as alterações ambientais; é complexa, pois o ambiente também é complexo e mutável; afeta a organização como um todo; inclui as ações decididas e o processo para implementá-las; ocorre nos diferentes níveis da organização: corporativa e nas unidades de negócios; e, na sua formulação, envolve a necessidade de detalhada análise (Mintzberg, 1978). “Os produtos da NATURA são caros, certo? Mas por que vendem tanto? A resposta pode estar nos benefícios que eles proporcionam em função do preço que é cobrado” (Ebah, [s.d]). Figura 4 – Produtos Natura Fonte: Google Imagens/Ekos Natura. 08 TEMA 3 – CONTANDO SUA HISTÓRIA: ERROS QUE AS ESTRATÉGIAS COMETEM As declarações que captam estratégias cuidadosamente refinadas dão uma direção, estabelecem prioridades e guiam as atividades de uma empresa. Elas também ajudam a comunicar sua história para o público externo. Estratégias e declarações fracas funcionam de forma oposta. Mas muito interessante é olharmos com atenção para os comentários críticos de Mintzberg e, em particular quando ele utilizou-se da expressão “um truque” para burlar a concorrência. Quando pensamos em “truque”, logo nos vem à mente algo irreal ou mesmo no mundo antiético, mas em se tratando desse autor, seria o olhar parcial e enviesado na formulação da estratégia e objetivando somente o externo, ou seja, a concorrência. Somos sabedores de que a estratégia é muito mais ampla do que somente o cenário externo, pois prevê alinhamento interno (todos os níveis hierárquicos) e também tem o seu foco no produto, processos. TEMA 4 – EVITE AS ARMADILHAS A SEGUIR A seguir, teceremos algumas considerações para evitar que o planejamento estratégico sofra consequências negativas. Basta se precaver e não praticar as seguintes ações: Fazer declarações genéricas Dizer simplesmente que você é um editor de livros, um fabricante de aço ou que trabalha com marketing esportivo é pouco. Dentro do setor, o que o distingue dos outros? Pergunte a si mesmo: “Se os consumidores lessem a minha declaração, eles reconheceriam minha empresa?” E meus funcionários? A Pixar não diz que faz filmes – diz que desenvolve “filmes de animação computadorizada com personagens inesquecíveis e histórias reconfortantes que agradam públicos de todas as idades” (Tecmundo, [s.d.]). Ter medo de fazer escolhas Mesmo que utilizemos diferentes estratégias (e algumas fontes não confiáveis indicam seguir esse procedimento), “não é possível fazer tudo para todos”. O resultado não será o esperado, ou seja, positivo. Usar clichês 09 Declarações grandiosas que não são apoiadas em detalhes sólidos são vazias. Termos como líder em excelência ou notável não dizem nada de específico. Declarações de estratégia ganham credibilidade quando transmitem com clareza o que uma empresa faz. Esquecer os meios Muitas declarações fracas dizem o quê, mas deixam de explicar o como – as atividades e os recursos críticos que permitem que a empresa concretize sua vantagem competitiva. É por meio do como que os leitores adquirem confiança no que você está fazendo. O que acha mais convincente: “somos produtores de baixo custo” ou “somos produtores de baixo custo operando a maior fábrica de dióxido de titânio do mundo, utilizando tecnologia própria da Du Pont”? Deixar o consumidor de lado O público a que você atende é parte crucial da história. Isso não apenas define seu campo de batalha, mas também informa quem, no final das contas, vai decidir se você é realmente importante. Ser maçante Muitas declarações de estratégia, em seu rascunho inicial, não têm convicção ou inspiração. Pergunte a si mesmo: você gostaria de trabalhar para essa empresa? Gostaria de ser cliente dela? A empresa L’Occitane, de cosméticos e perfumes assume um posicionamento romântico. Figura 4 – L’Occitane Fonte: Google Imagens/L'occitane. 010 TEMA 5 – BENEFÍCIOS DA ESTRATÉGIA A condução estratégica da organização é um fator primordial, cuja efetivação tem grande impacto nos resultados empresariais (Day, 1992). A consciência do gerenciamento estratégico permite benefícios como: 1. Um guia para toda a organização no sentido de lhe oferecer um caminho que esclareça para onde estão indo e o que almejam alcançar. 2. Pré-dispõe os administradores a focalizar as mudanças ambientais,oportunidades e possíveis ameaças. 3. Possibilita uma melhor avaliação de novas possibilidades de investimentos 4. Auxilia na unificação das decisões estratégicas concebidas nos vários setores da organização. 5. Cria uma postura gerencial pró-ativa (Thompson; Strickland, 1998). Mintzberg (2004), complementam esses benefícios, salientando que a estratégia fixa a direção, focaliza o esforço, define a organização e provê consistência. Tais vantagens somente serão atingidas se, dentre as tendências existentes entre as áreas e as gerências, não for levado excessivamente a sério o ponto de vista de cada um. Para resolver essa questão do perigo do olhar parcial na formulação da estratégia, Mintzberg (2004) apontam a necessidade de conhecer a visão de estratégia nas várias escolas do pensamento administrativo: design, planejamento, posicionamento, empreendedora, cognitiva, aprendizagem, poder, cultural, ambiental e configuração. Para tal, é necessário, primeiro, um conhecimento profundo das abordagens propostas e, em segundo lugar, deixar de lado as tendências pessoais oriundas da área a que se está vinculado. Realmente é um ardoroso trabalho, que deve almejar o desenvolvimento de uma perspectiva global, a qual não será obtida com a exploração individual, com a “soma linear das observações independentes” (Mintzberg, 2004) e tampouco com respostas incontestáveis. Assim, a alternativa é procurar questionar os posicionamentos, mesmo sem atingir um denominador comum, a fim de realizar reflexões que conduzam a formulações mais conscientes. A fórmula única para a eficácia da formulação estratégica não é o melhor caminho, mesmo sendo, muitas vezes, em algumas áreas do pensamento 011 administrativo, difícil de aceitar atuar em terrenos onde o específico e o geral precisam conviver, sem premiar concepções estabelecidas como verdade dentro de determinado setor de atuação. Marketing e estratégia O perigo do olhar parcial na formulação da estratégia, Mintzberg (2004) “aponta a necessidade de conhecer a visão de estratégia nas várias escolas do pensamento administrativo: design, planejamento, posicionamento, empreendedora, cognitiva, aprendizagem, poder, cultural, ambiental e configuração”. Para esse mesmo autor (Mintzberg, 2004), “é necessário, primeiro, um conhecimento profundo das abordagens propostas e, em segundo lugar, deixar de lado as tendências pessoais oriundas da área a que se está vinculado”. A área de marketing está inserida nessa seara de contraposições. A sua maior contribuição neste contexto globalizado e altamente competitivo é o seu foco estratégico. Marketing tem muito a colaborar para com o desenvolvimento da visão estratégica da organização, pois esta está vinculada às alterações ambientais e o marketing desenvolve atividades relacionadas a consumidores, canais e concorrentes, os quais estão inseridos nesta esfera (Mintzberg, 2004). “Este perfil do marketing, continuamente interligado às questões internas e externas, é ideal para auxiliar a organização na análise e no cruzamento das competências do negócio com as oportunidades existentes, a fim de explorá-las, e com as possíveis ameaças, para neutralizá-las” (Day, 1992). O sucesso e os objetivos organizacionais somente são alcançados quando utilizamos de uma visão estratégica, visto que essa mesma visão estratégica representa pensar a organização em uma forma global (no todo), visando colocá- la em um ambiente dinâmico em que ameaças e oportunidades surjam, mas sejam devidamente tratadas. O mercado de produtos e serviços se expandiu com o efeito da chamada globalização, trazendo um agravamento na concorrência, levando o consumidor a ter dúvidas entre qual escolha fazer frente à diversidade de ofertas. Assim sendo, o marketing tido como processo de entrega de valor para o cliente vem responder a essa dificuldade. Dessa forma, o processo estratégico de marketing configura-se no desenrolar dessa questão, pois o valor não está somente no objeto da transação, mas nas atividades e nas pessoas envolvidas antes, durante e depois da sua efetivação. O marketing necessita priorizar o seu enfoque sistêmico. Na sua visão funcional, desenvolvia atividades de pesquisa de mercado e 012 monitoramento de produto, preço, promoção e distribuição. Com a abordagem processual, passa a desdobrar-se em atividades de negociação, resolução de conflitos, gerenciamento de relacionamentos, comunicação interna, administrando interfaces, construindo equipes, interpretando informações e realizando julgamentos estratégicos (Webster, 1988). “O enfoque de processo e não de funções isoladas é decisivo. Esse precisa assim ocorrer, porque as ações, isoladamente, não têm condições de atingir os fins almejados. Somente o conjunto das etapas levará ao gerenciamento estratégico da organização” (Thompson; Strickland, 1998). Portanto, e de acordo com o exposto, deve-se ter muito cuidado e atenção ao processo para a formação da estratégia de marketing. Para tal, propõem-se dois modelos, cujos autores desenvolveram e testaram variáveis que possibilitam a formulação e implementação da estratégia de marketing. O primeiro proposto é o modelo de formação da estratégia de marketing (MSM – Marketing Strategy Making), desenvolvido e testado por Menon et al. (1999): Ele caracteriza a formação da estratégia de marketing com a relação entre três grupos de elementos: antecedentes (centralização, formalização e cultura inovadora), processo (análise situacional, abrangência, ênfase nos ativos e competências de marketing, integração entre funções, qualidade da comunicação, comprometimento com o consenso da estratégia e comprometimento com os recursos da estratégia) e os resultados (criatividade da estratégia, aprendizagem organizacional e desempenho de mercado). Ressalta-se que o grande diferencial deste modelo para outros da área é a sua preocupação com os elementos organizacionais, desenvolvendo uma visão sistêmica e não contemplando somente a área de marketing, além da visão macroambiental Para Menon et al. (1999, p. 21), este modelo é definido como “um complexo conjunto de atividades, processo e rotinas envolvidas na formulação e execução dos planos de marketing”. O binômio formulação-execução é apresentado conjuntamente, pois, segundo tais autores, sua cisão pode prejudicar os resultados aos quais o sistema se propõe. Elementos da formação da estratégia Os elementos que fazem parte do processo de formação da estratégia de marketing, segundo Menon et al. (1999), correspondem à: 1. Análise das forças e fraquezas, ameaças e oportunidades organizacionais; 2. À sistemática identificação e avaliação profunda das múltiplas alternativas para escolher a estratégia; 3. À ênfase nos ativo e competências de marketing, que são os recursos e habilidades para a entrega de valor superior ao mercado; 013 4. À integração entre as funções, que preconiza a inter-relação dos setores e níveis das organizações, com o desenvolvimento de grupos de trabalho multidisciplinares; 5. À natureza da comunicação, formal e informal, durante o processo de formulação da estratégia; 6. À existência de recursos humanos, materiais e temporais adequados e comprometidos com o processo; 7. Ao comprometimento consensual da equipe em relação à estratégia escolhida. O ambiente organizacional aparece com algumas questões no contexto da operacionalização desse modelo e que nos fazem refletir sobre os componentes formadores da estratégia de marketing: como se dá o processo decisório? Há muitas regras e procedimentos? NA PRÁTICA Questões 1. Um dos grandes segredos de vender maisé saber para quem vender. Assim, os esforços são direcionados para as pessoas que têm o real interesse em adquirir o seu produto ou serviço. Estabelecer o público-alvo é um fator primordial no planejamento estratégico de marketing, podendo passar por readequações ao longo do tempo. Assim, ter uma definição mais completa do consumidor certamente ajudará na estruturação dos objetivos comerciais da sua empresa. Ao planejar estrategicamente o meu mercado, quem seria o meu público-alvo? a. O meu público-alvo é a concorrência, visto que ao colocar um produto no mercado precisarei saber a ação/reação desta concorrência e antever os próximos passos para readequação da estratégia; b. É necessário, então, pesquisar e juntar o máximo de informações a fim de conhecê-lo a fundo e traçar um perfil assertivo, levando em consideração, para isso, a demografia, os hábitos de consumo, entre outros detalhes referentes ao comportamento dele. Dessa forma, é possível oferecer as melhores soluções para satisfazê-lo e ter a certeza de que o público certo será impactado da maneira correta — uma vez que você saberá para onde direcionar os seus esforços de venda e, assim, maximizar o retorno do investimento realizado. c. Todo o planejamento estará voltado nos processos para que o produto seja eficaz no mercado, tenha aceitação pelo público consumidor. Então, o público-alvo se traduz no produto que será demandado. 014 d. É obrigatório pesquisar e juntar o máximo de informações a fim de conhecer a fundo e traçar um perfil assertivo, levando em consideração, para isso, o relacionamento mantido com a empresa. Dessa forma, é possível oferecer as melhores soluções para satisfazê-lo e ter a certeza de que o público certo será impactado da maneira correta — uma vez que você saberá para onde direcionar os seus esforços de venda e, assim, maximizar o retorno do investimento realizado. 2. Pensando estrategicamente, qual é meu diferencial? Abrir um negócio próprio é a realização de um sonho e, sem dúvida, você não quer que ele seja comum, não é mesmo? Ou seja, dará o melhor de si para que a empresa se destaque em relação à concorrência e cresça de forma sustentável. Para tal, são necessários atributos para tornar-se único. a. É fundamental oferecer vantagens e benefícios exclusivos ao consumidor, algo que o seu concorrente não pode proporcionar. Porém, não basta apenas ter esse diferencial, é preciso divulgá-lo fortemente para que o público perceba o valor daquilo que estará adquirindo. b. O diferencial que mais interessa ao consumidor é o preço. Quando falamos em valor para o cliente, estamos nos referindo, exclusivamente ao fator preço. c. Devo praticar o chamado benchmarking, ou seja, primeiro seguir o que a concorrência está praticando e depois aplicar ao meu negócio. O primeiro passo deve vir da concorrência. d. Não necessariamente devo ter, ao abrir o meu negócio, um diferencial. O que importará será a manutenção daquele negócio frente à concorrência. O fator tempo definirá a estratégia a ser construída. 3. Onde estão os meus clientes? Embora pareça fácil responder a essa pergunta, ela não é tão simples quanto parece. Afinal, com todos os avanços tecnológicos ao se tratar de produtos, por exemplo, eles podem estar a um clique de distância — do outro lado do quarteirão ou em outro país. Portanto, assim como é necessário definir o público-alvo, é essencial saber onde está a maior concentração dos seus consumidores para levar sua oferta até eles. Isto é, traçar as estratégias de divulgação e distribuição das soluções que você oferece. É isso mesmo? a. Não necessariamente! Devo estrategicamente observar a concorrência e os seus produtos. Aceitação, fatia de mercado, público-alvo. 015 b. Correto! Clientes são o principal motivo da existência de uma organização. Assim sendo, devo buscá-los na concorrência e também cativar novos, mesmo em outras áreas de interesse. c. Como fazer isso? Bom, lembra quando falamos que, para definir o público ideal, é necessário pesquisar muito para conhecê-lo bem? Isso inclui saber a localização em que há um maior número de pessoas dispostas a comprar ou que buscam aquilo que você pode oferecer. Nesse contexto, pesquisas de mercado – estudos para determinar as perspectivas de venda do produto ou serviço e indicar a maneira de se obter os melhores resultados – são grandes aliadas para que o seu negócio seja assertivo desde o início d. Os clientes estão em todo o lugar. A minha prospecção deverá verificar e trazê-los para que façam parte do meu quadro de clientes. 4. Quando fazer uma pesquisa de mercado objetivando o estudo deste mercado consumidor? a. Este é um estudo que acompanha o seu negócio durante toda a sua trajetória, exceto antes de iniciar o seu negócio. b. A primeira pesquisa é feita ainda na etapa de planejamento para conhecer o seu público e identificar os seus concorrentes, para, então, traçar os objetivos. Depois disso, ela pode ser realizada a qualquer momento para responder e solucionar problemas que sejam identificados. c. Somente se houver a intenção de lançar um novo produto no mercado, é possível desenvolver uma pesquisa para projetar a aceitação dele. d. Não necessariamente devemos prover recursos para a pesquisa, principalmente pelos altos custos que ela representa. No negócio, o fator custo é a chave para o sucesso do mesmo. 1. Dependendo do seu ramo de atuação e do que oferece, sua lista de concorrentes pode ser bem ampla. Assim sendo, quem são os seus concorrentes? a. Concorrência pressupõe que atuem com o mesmo produto e mesma localização geográfica. Deverá a atenção estar voltada para os mais próximos do seu ponto. 016 b. A concorrência pode ser direta (atendem as diferentes necessidades que a sua empresa), ou indireta (possuem diferenças com o que o seu negócio vende). c. A pesquisa de mercado identificará os concorrentes e as ações necessárias a serem tomadas. d. Para identificá-los, é indispensável que depois da pesquisa de mercado seja feita uma análise que combine os dados recolhidos com informações referentes ao ambiente interno e externo da empresa. Isso ajudará a identificar os pontos fortes e fracos de cada um deles em comparação ao seu negócio. Desta maneira, é possível detectar pontos que talvez seja necessário melhorar e também pode mostrar novas oportunidades para se destacar, ganhando maior participação no mercado. FINALIZANDO Este capítulo foi muito importante para o real entendimento da proposta do que vem a ser o marketing e a sua importância para a longevidade de uma organização. A estratégia de marketing a ser desenvolvida e aqui explicada envolve várias outras áreas de conhecimento. A maior contribuição do marketing, portanto, passa a ser, nesse ambiente globalizado e altamente competitivo, o seu foco estratégico, com a sua atenção voltada para os consumidores, os canais e os concorrentes. Essa estratégica busca as competências do negócio, buscando as oportunidades existentes para o momento atual e o futuro. 017 REFERÊNCIAS AAKER, D. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman 2001. COBRA, M. Marketing básico: uma abordagem brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. DAVENPORT, T. H. Resgatando o “I” da “TI”. In: DAVENPORT, T. H.; MARCHAND, D. A.; DICKSON, T. Dominando a gestão da informação. Porto Alegre: Bookman, 2004. DAY, G. S. Marketing’s contribution to the strategy dialogue. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 20, n. 4, 1992. EBAH. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/>.Acesso em: 8 dez. 2017. FERNANDES, B. H. R.; FLEURY, M. T. L.; MILLS, J. Construindo o diálogo entre competência, recursos e desempenho organizacional. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 46 n. 4, p. 48-65, out./dez. 2006. FLEURY, A.; FLEURY, M.T.L. 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O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. _____. _____. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006, MINTZBERG, H. Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2004. _____. Patterns in strategy formation. Management Science, v. 24, n. 9, p. 934- 948, maio. 1978 MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M. E. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998. MUNDO das marcas. Procter & Gamble (P&G), 15 ago. 2006. Disponível em: <<http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/08/procter-gamble-touching- lives.html>. Acesso em: 8 dez. 2017. NOHRIA, N.; JOYCE, W.; ROBERSON, B. What really works. Harvard Business Review, jul. 2003. Disponível em: <https://hbr.org/2003/07/what-really-works>. Acesso em: 8 dez. 2017. PORTER, M. E. Estratégia e internet. In: Planejamento Estratégico. On Advanced in strategie. Harvard Business Review, 2002. Rio de Janeiro: Campus, p. 9-54. TECMUNDO. Cinema. 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