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Bilinguismo na Educação de Surdos

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17/02/2019 AVA UNINOVE
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Correntes Educacionais II -
Bilinguismo
AO FINAL DA AULA, O ALUNO TERÁ CONHECIDO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO BILINGUISMO,
UMA DAS CORRENTES COMUNICATIVAS MAIS ADEQUADAS À EDUCAÇÃO DE SURDOS.
AUTOR(A): PROF. MARIA CAROLINA CASATI DIGIAMPIETRI
Bilinguismo
    Você já ouviu dizer que o Canadá ou Paraguai são países bilíngues? Já e sabe o que isso quer dizer? Não,
exatamente? Então, car@ alun@, seus problemas acabaram-se! ;) Quando dizemos que um país é bilíngue,
significa que são duas as línguas oficiais dessa nação. No caso do Canadá e do Paraguai, as línguas oficiais
são Inglês e Francês e Espanhol e Guarani, respectivamente.
    Na verdade, o Brasil também é um país bilíngue: nossas línguas oficiais são Português e Língua Brasileira
de Sinais (Libras). É! Aposto que você não sabia! Mas esse é assunto para outra conversa... Neste tópico,
gostaria de falar contigo sobre uma abordagem de educação chamada Biliguimo. Bora?
    Pode-se dizer que são três as principais abordagens ou correntes comunicativas para a Educação de
Surdos: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo. No Oralismo, o surdo é visto como um deficiente que
deve ser inserido na sociedade majoritária ouvinte; para isso, ele deve ser realibitado por meio da língua
oral e tratamentos fonoaudiológicos. Para a Comunicação Total, o surdo é um indivíduo completo e que faz
parte de uma minoria linguística (sua língua é a língua de sinias); ele não precisa de reabilitação e o mais
importante é fazê-lo se comunicar com os demais membros da sociedade. Neste tópico, car@ alun@, vamos
falar sobre aquele que é considerado um dos métodos mais eficientes para a Educação de Surdos: o
Bilinguismo.
    O pressuposto básico desta abordagem é que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, proficiente (ter domínio)
em duas línguas. A língua materna do surdo, nesta abordagem, é a língua de sinais e a segunda, a língua
oral oficial de seu país.
    Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar uma vida ouvinte (assim como ocorria no Oralismo e na
Comunicação Total), ele pode (e deve) aceitar e assumir sua surdez. O conceito mais importante que o
Bilinguismo traz à baila é o de comunidade surda. Vamos falar mais sobre isso.
    O termo  comunidade surda significa que esse grupo possui língua, cultura e história.Eles não são um
grupo de deficientes, são uma minoria linguística que, por ter língua e cultura próprias, enxergam e
organizam o mundo de forma oparticular (assim como todos os outros grupos sociais, isto é, todas as outras
línguas - de sinais ou não - do mundo).
    O Bilinguismo, assim, se preocupa em entender “o Surdo, suas particularidades, sua língua (a língua de
sinais), sua cultura e a forma singular de pensar, agir, etc”. (Goldelfd, 2002:43)
 
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SURDO OU SURDO?
Para alguns autores, o fato de os surdos terem língua, cultura, crenças, valores os torna uma
comunidade legítima. Assim, preferem redigir Surdo com letra maiúscula por considerarem a
surdez uma questão de identidade. Outros usam “surdo” (com “s” minúsculo) uma vez que fazem
referência ao caráter patológico da surdez. Interessante, não? Para ser mais, leia Vendo Vozes: Uma
viagem ao mundo dos surdos, de Oliver Sacks. Além dessa, o autor aborda (e explica) muitas outras
questões relacionadas à surdez e às línguas de sinais.  
    Ainda que considere o surdo na sua integralidade (enquanto sujeito) e na sua particularidade (linguística
e cultural), a filosofia Bilíngue não rejeita o aprendizado da língua oral, na verdade, este processo é até
estimulado. Ocorre, porém, que o domínio da língua oral   não é visto como a única meta educacional do
surdo, muito menos como uma possibilidade de diminuir as diferenças causadas pela surdez.
    Há duas metodologias bilíngues:
Na primeira, a criança surda precisa adquirir a língua de sinais e a modalidade oral da língua de seu país;
só depois, deve ser alfabetizada na língua oficial de seu país.
Na segunda, ela deve adquirir a língua de sinais e apenas a modalidade escrita da língua oficial de seu país.
    Como eu disse, para o Bilinguismo, é imprescindível que o surdo adquira a língua de sinais (esta
abordagem acredita que uma vez formado um sistema linguístico – o de sinais – a criança formará o outro –
o da língua oral – de maneira muito mais rápida e eficiente). De fato, para a filosofia bilíngue, a língua de
sinais é a única que o surdo pode dominar plenamente e que se adequa a todas as suas necessidades
comunicativas e cognitivas.
A IMPORTâNCIA DA LINGUAGEM
Sabe-se que cerca de 95% (!) dos surdos nascem de famílias ouvintes que, muitas vezes, só vão
descobrir a surdez quando o filho tem por volta dos 4 anos de idade. Isso é muito sério, uma vez que
faz com que essas crianças ficam todo esse tempo sem língua nenhuma! Para Brito (1993), a
privação da língua de sinais nos primeiros anos de vida causa as seguintes consequências às
crianças surdas. É por meio da comunicação que as pessoas compartilham experiências, planejam
suas vidas e interagem umas com as outras (Capovilla, 2002). Ou seja, sem a formação do
pensamento linguístico, a criança não consegue construir o pensamento crítico nem ter uma vida
funcional; fica, portanto, como as crianças selvagens, aquelas que crescem sem contato com outros
humanos e se comportam por instinto, sem pensamento linguístico e crítico.
De fato, privar o surdo de adquirir sua língua é algo bem complicado. Veja o que pode acontecer  de acordo
com Brito:
“a) Este (o surdo) perde a oportunidade de usar a linguagem, senão o mais importante, pelo menos um dos
principais instrumentos para a solução de tarefas que se lhe apresentam no desenvolvimento da ação
inteligente;
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b) o surdo não há de recorrer ao planejamento para a solução de problemas;
c) não supera a ação impulsiva;
d) não adquire independência da situação visual concreta;
e) não controla seu próprio comportamento e o ambiente;
f) não se socializa adequadamente. (p. 41, apud Goldfeld, 2002:46).
Pensando nas abordagens
                     Como você pode perceber, cada uma das abordagens educacionais para surdos enfatiza um aspecto
diferente do processo de aquisição da linguagem. O Oralismo tem foco na língua oral, a Comunicação Total,
na interação e o Bilinguismo, na língua de sinais. Cada uma tem suas vantagens e pontos negativos e, como
educadores, o mais importante é que levemos em conta as necessidades do nosso aluno e envolvamos a
família no momento da escolha da abordagem mais adequada. Mas, não se esqueça: é preciso que, antes de
mais nada, o surdo tenha direito de adquirir e conhecer a sua língua. Se, depois de ter constituído um
sistema linguístico - adquirido língua de sinais - ele optar por não mais usá-la, colocar aparelhos ou mesmo
falar língua oral, isso deve ser, de fato, uma opção, consciente, pensada e tomada com base em informação
e conhecimento!
ATIVIDADE FINAL
Falar que um país é Bilíngue significa que
A. Esse país é estrangeiro.
B. O país tem duas línguas oficiais.
C. O país tem várias gírias e uma língua oficial.
D. O país não tem língua oficial.
Há basicamente duas metodologias de Educação Bilíngue para surdos: 
A. uma que diz que o surdo precisa se integrar à sociedade ouvinte e outra
que acredita que o surdo deve viver isolado. 
B. uma que diz que o surdo deve aprender a modalidade oral da língua
oficial de seu país e outra que diz que o importante é que o surdo
consiga se comunicar. 
C. uma que prega que o surdo deve ter como primeira língua oral de seu
país e outra que acredita que o surdonão pode ser educado. 
D. uma que acredita que o surdo deve adquirir a língua de sinais e a
modalidade oral da língua oficial de seu país e outra que prega que o
surdo deve adquirir a língua de sinais e apenas a modalidade escrita da
língua oficial de seu país. 
O Bilinguismo na Educação de Surdos pressupõe que: 
A. o surdo precisa almejar a vida da comunidade ouvinte 
B. a língua de sinais é a única que o surdo pode dominar plenamente. 
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C. o surdo precisa – obrigatoriamente – aprender a língua oral oficial de
seu país. 
D. a língua oral é a única válida para a instrução do aluno surdo. 
REFERÊNCIA
BRITO, L.F. Integração social e educação de surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993.
CAPOVILLA. F.C. (org) Neuropsicologia e aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Scor
Tecci Editora, 2002.
GOLDFELD, M. Breve relato sobre a educação de surdos. São Paulo: Plexus Editora, 2002.
SACKS, O. Vendo vozes: Uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
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