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Cultura e Identidade Surdas


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Módulo 4 – Cultura, comunidade e identidade surdas 
 
Apresentação do Módulo 
Neste módulo você estudará sobre as medidas legais executadas pelo poder público para a 
promoção do acesso das pessoas com deficiência aos direitos sociais e civis, os elementos 
presentes na cultura surda e reconhecerá alguns surdos famosos. Além disso, ampliará seu 
vocabulário estudando os sinais para saudações, despedidas, bebidas, alimentos e animais. 
 
Objetivos do Módulo 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
 Analisar o breve histórico sobre a construção de políticas públicas para a promoção 
do acesso das pessoas com deficiência aos direitos sociais e civis; 
 Valorizar a capacitação dos servidores públicos em Libras para o atendimento à 
pessoa surda; 
 Compreender a existência de uma cultura surda sobre a qual os indivíduos surdos 
constroem sua identidade; 
 Reconhecer que os surdos e sua comunidade têm vida social ativa tanto quanto 
qualquer outro indivíduo e seu grupo social; 
 Identificar surdos famosos; 
 Empregar sinais de saudação e despedida, bem como bebidas, alimentos e animais. 
 Utilizar os sinais de alguns verbos, os marcadores dos tempos verbais e o sistema 
pronominal da Libras. 
 
 
Estrutura do Módulo 
Aula 1 – Políticas inclusivas, acessibilidade e cidadania 
 
 
Aula 2 – Cultura surda e modalidade viso-espacial da Libras 
Aula 3 – Personalidades surdas: a inclusão no topo da lista 
Aula 4 – Hora da prática: saudações e despedidas 
 
Aula 1 – Políticas inclusivas, acessibilidade e cidadania 
Você conhece esses símbolos? 
 
 
 Língua de sinais Surdo Surdez 
Esses sinais, que não são itens lexicais da Libras, são símbolos convencionados em todo o 
mundo para identificar os aspectos da cultura e identidade surdas. O primeiro é o símbolo 
de língua de sinais, usado em todo o mundo, e foi o único a ser incorporado ao léxico de 
todas as línguas. O segundo é o símbolo de surdo (sinalizante) e, onde ele estiver afixado, 
significará que há pessoas que se comunicam em sinais. O terceiro é o Símbolo 
Internacional da Surdez, sobre o qual você estudará mais à frente. 
Seguindo uma tendência mundial de construção de uma cultura social inclusiva e de 
aceitação das diferenças, existe hoje, no Brasil, um conjunto de ações afirmativas que vem 
sendo implementado, visando à promoção do acesso das pessoas com deficiência aos 
direitos civis e de cidadania, como a eliminação de barreiras comunicativas nos órgãos da 
administração pública. 
Especialmente nas últimas duas décadas, o Brasil se tornou Estado-parte e país signatário 
dos principais acordos e convenções internacionais que estabelecem medidas de respeito 
aos direitos humanos, em um esforço significativo para a prevenção e eliminação do 
preconceito em relação às pessoas com deficiência e para a promoção da acessibilidade e 
inclusão social. 
 
 
Estude a seguir os principais marcos filosóficos legais. 
1.1. Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência 
Um dos principais marcos filosóficos das políticas inclusivas brasileiras é a Convenção 
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas 
Portadoras de Deficiência
1
, realizada na Guatemala, em junho de 1999. 
Promulgada pelo governo brasileiro por meio do Decreto nº 3.956/2001
2
, essa convenção, 
também conhecida como Convenção de Guatemala, objetiva a implementação de ações 
que previnam e eliminem todas as formas de discriminação contra as pessoas com 
deficiência e propiciem sua plena integração à sociedade. 
 
Esse sinal, que significa EU TE AMO, é a soma das iniciais, em datilologia, da expressão 
inglesa I LOVE YOU, e foi incorporado ao léxico das línguas de sinais em todo o mundo 
não apenas para declarar amor, mas também como um símbolo da cordialidade entre as 
pessoas da comunidade surda. 
 
Em relação às pessoas surdas, os Estados-parte da Convenção de Guatemala se 
comprometem a implementar medidas que eliminem os obstáculos de comunicação por 
meio do desenvolvimento de meios e recursos destinados a facilitar ou promover a vida 
independente, a autossuficiência e a integração total em condições de igualdade à 
sociedade (art. IV, inc. 2, alínea b). 
 
1http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/o.Convencao.Personas.Portadoras.de.Deficiencia.
htm 
2
 http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/24/docs/internacional_01.pdf 
 
 
A partir dessa convenção, outras iniciativas legais foram delineando um quadro de 
políticas públicas de acessibilidade e inclusão social, que estão em franco processo de 
consolidação nesta última década. 
 
1.2. Lei nº 10.098/2000 
A Lei nº 10.098/2000
3
 é um dos marcos legais que inauguram esse período de 
reconhecimento e promoção dos direitos humanos, ao estabelecer normas e critérios 
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência mediante a 
supressão de barreiras arquitetônicas no mobiliário urbano, nos meios de transporte e de 
comunicação. 
Além de oficializar o conceito de acessibilidade por meio dessa Lei, o Poder Público se 
compromete a eliminar as barreiras nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na 
construção e reforma de edifícios e, ainda, nos meios de transporte e comunicação. 
Acessibilidade 
A Lei nº 10.098/2000, em seu art. 2º, inc. I, define o termo acessibilidade como a 
possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos 
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos 
sistemas e meios de comunicação por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade 
reduzida. 
Para a comunidade surda, esse foi um grande avanço pois, mais do que a supressão de 
barreiras na comunicação, o documento legal evidencia o reconhecimento oficial de seu 
direito à comunicação e à informação, ao trabalho, à educação, à cultura, ao transporte e ao 
lazer, sendo este o ponto de partida para um processo contínuo de conquistas sociais dos 
surdos. 
 
1.3. Decreto nº 5.296/20004 
 
3
 http://www.leidireto.com.br/lei-10098.html 
 
 
Parte dessas conquistas está expressa no Decreto nº 5.296/2004
4
, que regulamenta a Lei nº 
10.098/2002. 
O decreto, que traz a conceituação de deficiência auditiva e é aceito como o mais adequado 
nos meios técnicos e científicos, determina as normas técnicas a serem adotadas para a 
promoção da acessibilidade das pessoas com deficiências, que vão desde a eliminação de 
barreiras arquitetônicas e urbanísticas nas vias públicas à adaptação dos transportes 
coletivos, passando pelo financiamento de tecnologias assistivas, definindo, inclusive, 
prazos para que as medidas sejam implementadas. 
O Decreto nº 5.296/2004, em seu art. 5º, § 1º, inciso I, alínea b, define deficiência auditiva 
como: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por 
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
Em relação ao acesso à informação e à comunicação das pessoas com deficiência auditiva, 
além das normas para adaptação dos aparelhos do sistema de comunicação, como televisão 
e de telefonia móvel, entre outras providências, o decreto prevê que a Administração 
Pública, em todas as suas instâncias de serviços, deverá dispensar tratamento prioritário à 
pessoa surda por meio de intérpretes ou pessoas capacitadas em Libras, cabendo aos órgãos 
e entidades promover essa capacitação. 
Os frutos desse decreto para a população surda são bastante significativos. Verifica-se a 
adaptação dos aparelhos de telecomunicação e da própria programação televisiva com 
legendas ou janela com intérpreteda Libras, dos aparelhos de telefonia fixa ou móvel com 
envio de mensagens de texto e até mesmo em sinais e de equipamentos diversos que, com 
sinais de luz ou vibratórios, possibilitam a ação autônoma nas pequenas ações do dia a dia, 
por exemplo, saber se a campainha está tocando ou despertar na hora desejada. 
Você conhece esse símbolo? Já o vimos no início da aula. 
 
 
4
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2004/decreto/d5296.htm 
 
 
É o Símbolo Internacional da Surdez. 
Adotado no Brasil em 1981, o uso desse símbolo foi proposto pela Federação Mundial dos 
Surdos e é uma convenção internacional desde 1980. Ele é de colocação obrigatória em 
todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas surdas. 
Entretanto, a comunidade surda critica a utilização desse símbolo, argumentando que o 
travessão na diagonal sempre esteve relacionado à “proibição”, como a placa de “proibido 
estacionar”, “proibido fumar”, “proibido falar ao celular”, etc. 
Por analogia, estaríamos sinalizando “é proibido ouvir”. Claro que não é essa a intenção do 
símbolo, mas a interpretação da comunidade surda vale a reflexão. 
Porém, a conquista mais importante – e reivindicação mais antiga – é, de longe, a 
determinação para a capacitação dos servidores públicos em Libras, para atendimento aos 
cidadãos. 
 
Aula 2 – Cultura surda e modalidade viso-espacial da Libras 
 
E como é a vida social dos surdos? Que tipo de atividade eles têm? Vão para a “balada”? 
Atividades culturais? 
O vídeo a seguir, de uma autêntica atividade da comunidade surda, nos dá uma pequena 
mostra de como a vida das pessoas surdas é tão cercada de eventos sociais quanto qualquer 
outra. 
 
Balada dos Surdos 
http://www.youtube.com/watch?v=mUBmW8LoULU 
 
Mas, e quanto à sua atividade profissional? E se, em uma abordagem de rotina, você se 
deparasse com um surdo? Como agiria? 
 
 
Assista ao vídeo a seguir e verifique o que pode acontecer quando não se está preparado 
para esse tipo de situação. 
 
Vídeo Polícia Civil – Assim Não 
 
Percebeu como uma abordagem que poderia ser de simples resolução tornou-se 
complicada e até colocou em risco a operação? 
Estude a seguir conceitos que o auxiliarão a desmistificar algumas ideias presentes no 
imaginário coletivo sobre as pessoas com deficiência auditiva. 
 
2.1. A cultura surda 
 (...) “Durante minha infância, no momento da convivência oral, eu não refletia sobre a 
existência das pessoas e me sentia único do mundo, solitário; nem imaginava a realidade 
do mundo. 
Aos 16 anos, comecei aprender Libras e vi o movimento dos Surdos sinalizando na ASSPE 
– eu sempre observava os rostos deles. Depois de alguns anos, eu senti o movimento dos 
Surdos sinalizados como colorido; eu via cores na comunicação através da língua de 
sinais e percebi que sou Surdo feliz e que antes, no mundo ouvinte, não era colorido. Por 
exemplo, uns sujeitos Surdos falam as piadas e caio na gargalhada, mas as piadas 
ouvintes eu sinto escuro, não têm graça. 
O mundo ouvinte é preto e branco pra mim, mas Mundo Surdo é um colorido vivo e 
alegre. 
Eu sou um Surdo deste Brasil, mas já existe literatura Surda que fala sobre a Cultura 
Surda, as Comunidades Surdas, a Língua de Sinais com os costumes e valores do Povo 
Surdo. Vamos falar sobre isso agora.” 
Fonte: http://www.suvag.org.br/arquivos/raf.pdf 
 
 
O depoimento acima, de Rafael Ferraz (2009), descreve uma situação muito corriqueira 
entre os integrantes da comunidade surda. 
A comunidade surda brasileira, ou “povo surdo”, como eles próprios preferem ser 
reconhecidos, é assim denominada porque é composta por indivíduos que se reconhecem 
pela ótica cultural – diferente da deficiência – e possuem organização política de vida 
fundada em suas habilidades e potencialidades (Silva et al., 2007). Nesse caso, sua 
principal habilidade é visual, e é por meio da visão que o surdo apreende e se relaciona 
como mundo. Não por acaso sua língua é viso-espacial. 
A relação visual com o mundo gera hábitos igualmente visuais, levando o surdo a construir 
conceitos, em vários momentos, diferenciados daqueles estabelecidos entre os não surdos. 
É um jeito de ser e estar no mundo peculiar a quem usa a visão como principal meio de 
construção dos conhecimentos socialmente relevantes. A esse jeito peculiar chamamos de 
cultura surda. 
A pesquisadora Nídia Sá (2006) define cultura como “um campo de forças subjetivas que 
dá sentido ao grupo”. Nesse contexto, a língua de sinais é a força subjetiva que dá sentido à 
comunidade surda, constituindo e expressando sua relação diferenciada com os demais 
grupos sociais que usam a língua oral. 
Os surdos que se identificam com esse jeito de ser e estar no mundo, com essa cultura, e 
que se comunicam preferencialmente com a língua de sinais, constroem sua identidade 
pessoal a partir das características identitárias desse grupo, isto é, uma identidade surda. 
Os surdos que assim se identificam em geral se autodenominam “Surdos”, com “S” 
maiúsculo, como marca social e política, e para diferenciar da surdez vista como patologia 
ou deficiência. 
Para esses Surdos, a deficiência auditiva é uma categoria dentro da qual se concentram os 
níveis de perda auditiva, não a caracterização do indivíduo. Os Surdos frequentam 
atividades próprias da comunidade surda, como teatro surdo, associações, festas culturais, 
baladas, além de frequentarem bares, lanchonetes e cinemas. 
 
2.2. A comunidade surda brasileira 
 
 
A comunidade surda brasileira dos principais centros urbanos é bastante organizada e 
procura promover eventos que contemplem as características de sua população. Para se ter 
uma ideia, desde 1984 existe a Confederação Brasileira de Desportos Surdos (CBDS), com 
o propósito de fomentar a prática desportiva em todo o Brasil como proposta afirmativa 
das potencialidades dos indivíduos surdos. 
Notícias do mundo surdo 
Nem deficiente auditivo, nem portador de deficiência! Surdo-mudo então, nem pensar! 
Os indivíduos pertencentes às comunidades surdas preferem ser chamados simplesmente 
de SURDOS. 
Em geral, os surdos não são mudos, pois não apresentam lesões ou problemas nas cordas 
vocais; não falam porque não ouvem. Além disso, a expressão “surdo-mudo” remonta à 
época em que a surdez era vista como patologia e o surdo como incapaz, sendo este 
também o motivo pelo qual não são simpáticos à expressão “deficientes” auditivos. 
 
A CBDS é constituída pelas associações regionais de surdos e promove torneios e 
campeonatos em diversas modalidades desportivas, consolidando-se ainda como uma porta 
de entrada para os eventos desportivos internacionais. O Brasil, hoje, é detentor de diversos 
títulos sul-americanos, como o bicampeonato de futebol masculino, o tricampeonato de 
voleibol feminino, o bicampeonato de tênis de mesa e o campeonato de atletismo. 
Como membro integrante do Comitê Internacional dos Desportos Surdos, a CBDS 
participa das Olimpíadas Surdas, cuja última edição aconteceu em Taipei, Taiwan, em 
2009. 
 
2.3. O teatro surdo 
 
 
Outra marca da cultura surda é o teatro surdo. Com um sem-número de atores, 
comediantes, contadores de histórias e clowns, essa modalidade artística tem fortalecido o 
espaço social das pessoas surdas, que se veem como protagonistas de sua própria cultura. 
 
Fonte: http://papeldeseda.zip.net/arch2006-11-12_2006-11-18.html 
Mas, quando há ouvintes (como são chamados os não surdos) que participam das 
comunidades surdas, os Surdos também participam de atividades e eventos comuns aos 
dois grupos sociais. 
Assistam ao vídeo de um grande astro da música pop internacional. Ele é finlandês, surdo, 
líder de uma banda de “rap” e admirado por fãs de vários países, surdos e ouvintes. 
Perceba que a letra da música é apresentada em quatro diferentes línguas: cantadaem 
inglês, sinalizada pelo “rapper” em Língua Finlandesa de Sinais, está legendado em 
português e tem janela de tradução em Libras. Interessante, não? 
 
Our Life Sing Mark 
http://www.youtube.com/watch?v=pFLEOU4WCFg&feature=relate
d 
 
Bem, para finalizar nossa aula teórica, assista ao vídeo abaixo e constate como uma 
situação que poderia ter um desdobramento até trágico pode ser bem-sucedida quando se 
sabe Libras. 
 
 
 
 
Vídeo Polícia Militar – Assim Sim 
 
Aula 3 – Personalidades surdas: a inclusão no topo da lista 
 
Você conhece essa moça? Ela é a primeira miss surda brasileira. 
Vanessa Vidal foi eleita Miss Ceará 2008. 
 
A cearense Vanessa Vidal foi eleita para representar seu estado no concurso Miss Brasil 
2008, marcado para 13 de abril, em São Paulo (SP). O curioso, no entanto, é que pela 
primeira vez está entre as candidatas uma jovem com deficiência auditiva. A loira, que tem 
24 anos, já nasceu com a deficiência, mas, por meio da ajuda de fonoaudiólogos e da 
insistência da mãe, desenvolveu a fala, aprendeu Libras e leva uma vida normal. 
Além de cursar Ciências Contábeis e Letras-Libras, Vanessa também é responsável pela 
área cultural do Instituto dos Surdos do Ceará e professora na Escola de Surdos. 
“Minha escolha como Miss Ceará já está sendo uma grande vitória aqui no estado. A 
oportunidade de participar do Miss Brasil ajudará na socialização, na inclusão social e 
também na inclusão educacional de outras pessoas com deficiência. Com certeza isso 
 
 
incentivará a diminuir o preconceito e a descriminação e, quem sabe, construir um mundo 
melhor, mais justo, mais fraterno, com menos desigualdade”, diz ao G1. 
Candidata considera que sua escolha favorece o fim do preconceito 
Para ela, os principais requisitos de uma Miss são carisma, beleza e inteligência, atributos 
que ela afirma ter de sobra. 
“Me sinto muito preparada para esse concurso. Quero representar bem o meu estado com 
todas as suas belezas culturais e turísticas. Também faço um trabalho social com os 
deficientes e sei o quanto é importante ajudá-los; sou voluntária na causa, e isso me deixa 
ainda mais determinada a buscar o título de Miss Brasil”, destaca. 
Fonte: http://nova.abril.com.br/edicoes/421/vida_trabalho/surda-miss.shtml 
Talvez isso não tivesse acontecido se não estivéssemos vivendo um amplo processo de 
transformação social e de aceitação e convivência harmônica com as diferenças. 
Para além dos surdos históricos, como Beethoven, Graham Bell e Hellen Keller, a 
contemporaneidade está repleta de surdos famosos que continuam fazendo sucesso no 
cenário nacional e internacional. 
 
 
 Brenda Costa Lou Ferrigno Bill Clinton 
 
Por exemplo, a modelo brasileira Brenda Costa, surda congênita; a atriz Emmanuelle 
Laborit, ganhadora do Oscar de melhor atriz em 1996; o ator Lou Ferrigno, que interpretou 
“O incrível Hulk” por longos anos, e o ex-presidente Bill Clinton fazem parte dessa lista. 
 
 
Clinton ficou surdo ainda jovem, quando tocava em uma banda de rock e perdeu a audição 
por causa do volume da música que ouvia. 
Aliás, conhecida como PAIR (perda auditiva induzida por ruído), esse tipo de perda 
auditiva tem contribuído largamente para o aumento dos índices de deficiência auditiva em 
todo o mundo. Em boa parte, devido ao excessivo tempo de uso dos aparelhos de som 
portáteis individuais. 
No Brasil, uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho (NR 15) desde 1978 
estabelece os limites de tolerância do ouvido humano à exposição ao ruído. Veja a tabela 
abaixo. Ela nos auxilia, inclusive, a escolher melhor os eletroeletrônicos que usamos em 
casa. 
 
Tabela de tolerância de exposição ao ruído 
NÍVEL DE RUÍDO dB (A) 
MÁXIMA EXPOSIÇÃO 
DIÁRIA PERMISSÍVEL 
85 8 horas 
86 7 horas 
87 6 horas 
88 5 horas 
89 4 horas e 30 minutos 
90 4 horas 
91 3 horas e 30 minutos 
92 3 horas 
93 2 horas e 40 minutos 
94 2 horas e 15 minutos 
95 2 horas 
96 1 hora e 45 minutos 
 
 
98 1 hora e 15 minutos 
100 1 hora 
102 45 minutos 
104 35 minutos 
105 30 minutos 
106 26 minutos 
108 20 minutos 
110 15 minutos 
112 10 minutos 
114 8 minutos 
115 7 minutos 
Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE - (61) 3317 - 6537/2430 - acs@mte.gov.br 
http://www.mte.gov.br/sgcnoticia.asp?IdConteudoNoticia=7302&PalavraChave=fundacent
ro,%20sa%FAde 
Aula 4 – Hora da prática 
 
4.1. Vocabulário 
4.1.1. Saudações e despedidas 
Assista ao vídeo a seguir para ampliar seus conhecimentos linguísticos da Libras. 
 
Vídeo Saudações e Despedidas 
 
4.1.2. Alimentos e bebidas 
mailto:acs@mte.gov.br
 
 
O vídeo a seguir apresenta um conjunto de sinais que compõem nosso dia a dia. São 
alimentos e bebidas mais presentes na mesa e no lazer dos brasileiros. 
 
Alimentos e Bebidas 
 
4.1.3. Animais 
Assista ao vídeo a seguir, bastante lúdico, que apresenta os animais mais conhecidos. 
Aproveite para praticar bastante! 
 
VÍDEO ANIMAIS 
 
4.2. Verbos e tempo verbal 
Neste item você estudará os sinais de alguns verbos e os marcadores dos tempos verbais. 
Vamos começar pelos verbos. 
 
Vídeo Verbos 
 
Na Libras, não há sinais diferentes para a conjugação do verbo em tempos diferentes. Por 
exemplo, na língua portuguesa, o verbo “ser”, no tempo presente, vira “é”; no pretérito 
perfeito, “foi”; no futuro, “será”. São palavras diferentes para expressar o mesmo verbo. 
 
 
Em Libras, isso não acontece. Os sinais são realizados acompanhados dos marcadores de 
tempo verbal, como na figura abaixo. 
 
AGORA EU ESTOU BRINCANDO 
 
 AGORA BRINCAR 
Fonte: http://dc153.4shared.com/doc/2tGto4x9/preview.html 
Os marcadores do tempo verbal da Libras são o conteúdo do vídeo que você assistirá a 
seguir. 
 
Vídeo Tempo Verbal 
 
4.3. Pronomes 
A Libras também possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso. 
Assim como na língua portuguesa, os pronomes são classificados em pessoais, 
demonstrativos e possessivos. 
Os pronomes pessoais e demonstrativos apresentam uma peculiaridade em relação à língua 
portuguesa. Os pronomes apresentam diversas configurações de mão para determinar 
singular, plural, dual, trial, quadrial – esses últimos referem-se à primeira pessoa do plural. 
1ª pessoa do singular 
 
 
 
 EU 
1ª pessoa do plural 
 
 NÓS NÓS DOIS NÓS TRÊS NÓS QUATRO 
Fonte: Dicionário Libras Atualizado CAS FADERS. 
No vídeo a seguir, você conhecerá os principais sinais do sistema pronominal da Libras. 
 
Vídeo Pronomes 
 
4.4. Exercitando 
a. Crie frases completas para responder às seguintes perguntas: 
Imagine-se em um passeio ao zoológico: 
­ O que os macacos estão fazendo? 
­ O que os elefantes estão comendo? 
­ O que tem no espaço dos leões? 
­ Quais animais estão no laguinho do zoológico? 
 
 
­ Se precisar, acesse o Dicionário Libras on-line
5
 
b. Aproveite a aquisição desse novo vocabulário para construir as seguintes orações: 
- Gosto muito de café, mas não gosto de leite. 
- De manhã, meus filhos comem pão com queijo e tomam suco de laranja. Eu 
prefiro suco de manga e como maçã e banana com mel. 
- A comida preferida da minha família no almoço de domingo é... 
- Para os sinais que você ainda não conhece, use a imaginação! 
Observação: Esses exercícios não precisam ser enviados para o tutor. 
 
Finalizando... 
Neste módulo você estudou que: 
 Seguindo uma tendência mundial de construção de uma cultura social inclusiva e de 
aceitação das diferenças, existe hoje, no Brasil, um conjunto de ações afirmativas 
que vem sendo implementado, visando à promoção do acesso das pessoas com 
deficiência aos direitos civise de cidadania, como a eliminação de barreiras 
comunicativas nos órgãos da administração pública; 
 Um dos principais marcos filosóficos das políticas inclusivas brasileiras é a 
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência; 
 A Lei nº 10.098/2000 é um dos marcos legais que inauguram esse período de 
reconhecimento e promoção dos direitos humanos, ao estabelecer normas e 
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência 
mediante a supressão de barreiras arquitetônicas, no mobiliário urbano, nos meios 
de transporte e de comunicação; 
 A relação visual com o mundo gera hábitos igualmente visuais, levando o surdo a 
construir conceitos, em vários momentos, diferenciados daqueles estabelecidos 
 
5
 www.dicionariolibras.com.br 
http://www.dicionariolibras.com.br/
 
 
entre os não surdos. É um jeito de ser e estar no mundo peculiar a quem usa a visão 
como principal meio de construção dos conhecimentos socialmente relevantes. A 
esse jeito peculiar chamamos de cultura surda; 
 A comunidade surda brasileira dos principais centros urbanos é bastante organizada 
e procura promover eventos que contemplem as características de sua população. 
Para se ter uma ideia, desde 1984, existe a Confederação Brasileira de Desportos 
Surdos (CBDS), com o propósito de fomentar a prática desportiva em todo o Brasil, 
como proposta afirmativa das potencialidades dos indivíduos surdos; 
 Para além dos surdos históricos, como Beethoven, Graham Bell e Hellen Keller, a 
contemporaneidade está repleta de surdos famosos que continuam fazendo sucesso 
no cenário nacional e internacional. 
 
Exercícios 
1. Assinale a alternativa correta. Há apenas uma. 
a) ( ) A Convenção de Guatemala, embora seja um marco filosófico das políticas de 
inclusão social em todo o mundo, não é reconhecida no Brasil. 
b) ( X ) A Lei nº 10.098/2000 traz o conceito de acessibilidade adotado em todo o país. 
c) ( ) Em relação ao conceito de deficiência auditiva, a legislação brasileira não é clara, 
pois há vários níveis de perda auditiva. 
 
2. Faça as associações entre as colunas e assinale a única alternativa correta. 
I - ( ) É o símbolo do surdo. Onde este sinal estiver 
afixado, significará que há pessoas que se comunicam 
em língua de sinais. 
 
 
 
II - ( ) Símbolo Internacional da Surdez, criticado pela 
comunidade surda. 
 
III - ( ) Símbolo universal da língua de sinais, 
incorporado ao léxico de todas as línguas. 
a) ( ) I, II, III 
b) ( ) II, I, III 
c) ( X ) II, III, I 
d) ( ) III, II, I 
 
3. Avalie os itens e assinale V para os verdadeiros e F para os falsos. 
I – ( ) Os surdos pertencem a um grupo cultural diferente, principalmente por sua relação 
visual com o mundo. 
II – ( ) A comunicação em Libras é a principal marca da comunidade surda brasileira. 
III – ( ) São terminologias aceitas pelas comunidades surdas: surdo-mudo, portadores de 
deficiência auditiva, deficientes auditivos. 
IV – ( ) Por causa da perda auditiva, surdos profundos ficam impedidos de participar de 
atividades culturais. 
a) ( ) F, F, V, V 
b) ( X ) V, V, F, F 
c) ( ) V, F, V, F 
d) ( ) V, V, V, F 
 
4. Assinale a única alternativa ERRADA. 
 
 
a) ( ) A palavra Surdo, grafada com “s” maiúsculo, é uma marca política das comunidades 
surdas. 
b) ( ) Para os Surdos, a deficiência auditiva é uma categoria dentro qual estão os níveis de 
perda auditiva. 
c) ( X ) Os surdos não conseguem se organizar politicamente para alcançar seus direitos 
civis e sociais. 
d) ( ) Cultura surda é um conjunto de hábitos, conceitos e valores construídos com base 
na relação visual com o mundo, diferente daqueles construídos pelos ouvintes. 
 
5. Avalie os itens a seguir e assinale a alternativa correta. 
a) ( X ) As políticas inclusivas brasileiras favorecem o surgimento de personalidades 
surdas. 
b) ( ) Personalidades surdas, como Bill Clinton, Brenda Costa e Lou Ferrigno ficaram 
famosas por difundir e usar a língua de sinais. 
c) ( ) A sociedade atual é muito inclusiva e sem preconceitos, o que facilita o acesso das 
pessoas surdas ao estrelato e à fama. 
 
6. Assinale a alternativa correta. 
a) ( ) PAIR é a sigla de perda auditiva induzida por ruído, que é a principal causa de 
surdez da sociedade atual. 
b) ( ) No Brasil, ainda não há elementos normatizadores para exposição do ouvido 
humano aos ruídos. 
c) ( X ) Existe uma norma técnica brasileira que orienta a tolerância do ouvido humano aos 
ruídos e que nos auxilia, inclusive, na aquisição de produtos eletroeletrônicos. 
 
7. Escolha uma das atividades a seguir, grave e encaminhe ao seu tutor de acordo com o 
prazo determinado. 
 
 
a. Assista novamente ao vídeo sobre saudações e despedidas e elabore uma 
apresentação funcional para identificar-se ao cidadão surdo que precisa de 
atendimento. Por meio da datilologia, “escreva” seu nome, cargo, posto ou função 
que exerce, a força da segurança pública e o ente federado ao qual pertence. 
b. Assista aos vídeos verbo e tempo verbal, escolha 3 verbos e conjugue-os na primeira 
pessoa do plural: um no presente, outro no passado e outro no futuro.

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