Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PREPARAÇÃO IMPARÁVEL rumo ao mpu NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL MANUEL PIÑON Atualmente, exerce o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e é Professor, voltado para a área de concursos públicos. Foi aprovado nos seguintes concursos públicos: 1 – Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB 2009/2010; 2 – Analista de Finanças e Controle – AFC (hoje, Auditor Federal de Finanças e Controle) da Con- troladoria-Geral da União – CGU (hoje, Ministé- rio da Transparência) em 2008; e 3 – Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN (Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil) em 1998. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO 1. Introdução ao Estudo da LRF ....................................................................6 2. Princípios .............................................................................................13 3. Principais Pontos da LRF ........................................................................16 3.1 Equilíbrio das Contas Públicas ...............................................................16 3.2 Efeitos no Planejamento e no Processo Orçamentário ...............................17 3.3 Anexo de Metas Fiscais da LDO .............................................................20 3.4 Anexo de Riscos Fiscais da LDO.............................................................24 3.5 Lei Orçamentária Anual (LOA) ...............................................................26 3.6 Resultado Nominal e Resultado Primário .................................................27 3.7 Execução Orçamentária e Cumprimento de Metas ....................................30 3.8 Receita Pública e Receita Corrente Líquida (RCL) .....................................32 3.9 Renúncia de Receita ............................................................................35 3.10 Geração da Despesa ..........................................................................36 3.11 Despesa Obrigatória de Caráter Continuado ..........................................39 3.12 A Regra de Ouro ...............................................................................43 3.13 Transparência na Gestão Fiscal ............................................................46 3.14 Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO)...........................49 3.15 Relatório de Gestão Fiscal (RGF) ..........................................................51 3.16 Escrituração, Consolidação e Prestação de Contas ..................................53 3.17 Limites de Despesa com Pessoal e Seguridade Social .............................56 3.18 Destinação de Recursos para Setor Privado ...........................................70 3.19 Limites: Dívida, Operações de Crédito, Garantias ...................................72 O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 4 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Resumo ...................................................................................................92 Questões Comentadas em Aula ................................................................ 102 Questões de Concurso ............................................................................. 111 Gabarito ................................................................................................ 118 O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 5 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Olá, amigo(a) concurseiro(a)! O nosso objetivo nesta aula é conhecer os principais pontos da LRF que poderão ser cobrados em sua prova. Abaixo, para descontrair, uma brincadeira comparando indiretamente o grau de responsabilidade fiscal de uma prefeitura qualquer antes da LRF com a responsabi- lidade de um adolescente qualquer com o dinheiro. Prof. Manuel Piñon E-mail: manuelpinon@hotmail.com O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 6 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 1. Introdução ao Estudo da LRF Vamos começar esta aula com uma perguntinha básica que você deve estar “doido(a)” para me fazer: Professor, finalmente, o que é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)? Antes de mais nada, guarde que a LRF é a Lei Complementar de n. 101, que foi aprovada em 2000. A LRF pode ser entendida como sendo um “Código de Boas Condutas Fiscais”, buscando estabelecer um novo paradigma para as finanças públicas de nosso país. Baseia-se nos princípios da administração pública e tem como objetivo a diminuição da dívida pública, a estabilização dos preços, o de- senvolvimento sustentável, dentre outros, de modo que o orçamento pú- blico seja, efetivamente, mecanismo de limitação de gastos, de organiza- ção estatal e de representação dos anseios sociais. De acordo com a doutrina, o seu objetivo foi a instrumentalização dos princípios norteadores da administração pública: legalidade, publicidade, moralidade, impes- soalidade e eficiência, a partir de um eixo de quatro premissas básicas: planeja- mento, transparência, controle e responsabilização. Ainda de acordo com a doutrina, a LRF traz uma mudança de cultura no trato da coisa pública, mais especificamente, do dinheiro púbico. Estabelece normas orientadoras das finanças públicas no país e rígidas punições aos adminis- tradores que não mantiverem o equilíbrio de suas contas. É importante destacar que a LRF sofreu grande influência de ordenamentos jurídicos internacionais, contando com o que havia de mais sofisticado até então acerca de finanças públicas, especialmente da experiência da Nova Zelândia. Veja a tabela-resumo abaixo: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 7 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Experiências Internacionais Principais Características Fundo Monetário Internacional – Fiscal Transparency • transparência dos atos que envolvam atividades fiscais passadas, presentes e programadas ou futuras; • reforça o planejamento; • informações orçamentárias apresentadas periodicamente, aumentando a publicidade e a prestação de contas. Comunidade Econômica Europeia – Tratado de Maastricht • critério para verificação da sustentabilidade financeira dos estados-membros; • comprometimento dos membros com metas fiscais e com deficits fiscais excessivos;• metas orçamentárias e para o endividamento, monitoradas por uma comissão. Nova Zelândia – Fiscal Responsability Act • o Executivo tem liberdade para orçar e gastar, porém exi- ge-se forte transparência sobre esses itens; • redução das dívidas públicas a níveis prudentes; • alcançar e manter níveis de patrimônio líquido para enfren- tar possíveis riscos fiscais; • gerenciamento dos riscos fiscais existentes. EUA – Budget Enforcement Act • aplicado apenas ao Governo Federal; • Congresso fixa metas de superavit e os mecanismos de controle seguem as regras do Budget Enforcement Act; • Sequestration: limitação de empenho para garantir limites e metas orçamentárias; • compensação orçamentária: atos que levem ao aumento das despesas devem ser compensados com redução de outras despesas ou aumento de receitas. Nota: Fonte: adaptado de Nascimento de Debus (2002, pp. 6-7); Toledo e Rossi (2005, pp. 9-14) e Nascimento (2006, pp. 176-177). A LRF regulamenta parte do art. 163 e todo o contexto do art. 169 da Consti- tuição Federal, no capítulo relativo às finanças públicas e ainda estabelece normas específicas de Contabilidade Pública, conforme previsão em seus artigos 50 e 51. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 8 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 1. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Julgue o item subsequente, relativo às finanças do setor público. A aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal colabora com a organização da gestão das finanças públicas do setor público brasileiro. Certo. É isso mesmo! Vamos ver o início da LRF com grifos nossos: Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de re- ceita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. Em outras palavras, a LRF regulamenta, especificamente, as regras previstas nos artigos 163/169 da CF/1988, estabelecendo normas de finanças públicas vol- tadas para a responsabilidade na gestão fiscal bem como disciplina outras providências. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 9 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Sugiro que, se possível, após o estudo dessa aula, você dê uma lida na LRF1. A leitura da “lei seca”, da “letra da lei” é muito cobrada, especialmente no caso da LRF, em provas de concurso. A ideia aqui é comentar os pontos mais importantes da LRF, especialmente os as- pectos mais cobrados, reproduzindo trechos dessa norma nas resoluções de questões. Para acertar muitas questões, como veremos, basta saber a sua literalidade, sendo indicada a sua revisão nas vésperas da prova. Bom, tenha logo em mente que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) esta- belece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, mediante ações que previnam riscos e corrijam os desvios 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 10 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, destacando-se o plane- jamento, o controle, a transparência e a responsabilização, como premis- sas básicas. Embora a LRF estabeleça normas de finanças públicas voltadas para a responsabili- dade na gestão fiscal, seu objetivo não é revogar nem preencher as lacunas da Lei n. 4.320/1964, ou seja, a Lei n. 4.320/1964 continua valendo para o ciclo orçamen- tário, sendo que a LRF aborda apenas alguns aspectos, como quando acrescenta funções à LOA e, especialmente, à LDO. Guarde, portanto, que a LRF não cumpre a função da vindoura Lei Complementar que disciplinará todo o § 9º do artigo 165 da CF/1988 e revogará a Lei n. 4.320/1964. Em verdade, em termos de abrangência, a LRF estabelece normas de finan- ças públicas, a serem observadas pelos três poderes nas três esferas de governo: federal, estadual, distrital e municipal, voltadas para a responsa- bilidade na gestão fiscal. No que diz respeito à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; bem como as res- pectivas Administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas es- tatais dependentes. Ainda, a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; e a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 11 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Repare que a empresa estatal não dependente (ou independente) não faz parte do campo de aplicação da LRF, já que é autossustentável, não sofrendo as res- trições da LRF para concorrer com a iniciativa privada em igualdade de condições. Nesse contexto, destaca-se que uma empresa controlada é uma sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertence, direta ou indiretamente, a ente da Federação e que uma empresa estatal dependente é uma empresa con- trolada, mas que recebe do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. É importante destacar ainda que responsabilidade na gestão fiscal, por sua vez, pressupõe: • ação planejada e transparente; • prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas; • garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, operações de cré- dito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. No que diz respeito ao seu amparo constitucional, a Lei de Responsabilidade Fiscal visa a regulamentar a Constituição Federal, no Título “Da Tributação e do Orçamento”, cujo Capítulo II estabelece as normasgerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo. Em particular, a LRF vem atender à prescrição do artigo 163 da CF de 1988, cuja redação é a seguinte: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 12 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Lei complementar disporá sobre: I – finanças públicas; II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais en- tidades controladas pelo poder público; III – concessão de garantias pelas entidades públicas; IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública; V – fiscalização das instituições financeiras; VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguar- dadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvi- mento regional. Além disso, a LRF atende ao artigo 169 da Carta Magna, que determina o es- tabelecimento de limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de lei complementar. Um outro dispositivo atendido pela LRF consiste na prescrição do artigo 165, § 9º, II, da Constituição. De acordo com esse dispositivo, “...cabe à lei complementar estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como condições para a instituição e funcionamento de Fundos”. A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 19, também se entrelaça com o artigo 169 da CF/1988. Confira com grifos nossos: LRF: “Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Fede- ração, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados (...)”. CF/1988: “Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabe- lecidos em lei complementar”. Finalmente, a partir do seu artigo 68, a LRF vem atender à prescrição do artigo 250 da Constituição de 1988, assegurando “recursos para o pagamento dos bene- fícios concedidos pelo regime geral de previdência social, em adição aos recursos O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 13 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei, que disporá sobre a natureza e adminis- tração desse fundo”. 2. Princípios Já sabemos que são quatro as vigas mestras que sustem a LRF em seu audacio- so projeto de moralizar a gestão pública brasileira: 1) planejamento; 2) transparência; 3) controle; e 4) responsabilização. O planejamento serve para determinar os objetivos a alcançar e as ações a se- rem realizadas, compatibilizando-as com os meios disponíveis para a sua execução. Tenha em mente que o planejamento em questão diz respeito às metas, limi- tes e condições para renúncia e arrecadação de receitas e geração de des- pesas, refletidas nas peças orçamentárias, ou seja, no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA). Nessa pegada, podemos dizer que, em verdade, o planejamento é a base do processo de gestão fiscal, já que é por meio dele que se programará a execução do orçamento, adequando as ações governamentais ao que fora planejado. Já a transparência exige que todos os atos de entidades públicas sejam pra- ticados com publicidade e com ampla prestação de contas em diversos meios e, para isso, implica na divulgação irrestrita dos projetos e dos resultados da admi- O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 14 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br nistração pública. Dessa forma, cria peças e procedimentos, como o anexo de metas fiscais, o anexo de riscos fiscais, o relatório resumido da execução orçamentária e o relatório de gestão fiscal, como foco também no uso da internet para essa divulgação. No âmbito da transparência, a LRF prevê ainda a participação popular no orçamento público, indo além da simples divulgação de dado, buscando dar con- dições e subsídios à população, por meio de informações claras e objetivas, para que a sociedade acompanhe e fiscalize a atividade dos gestores públicos. Por seu turno, o pilar do controle diz respeito a um efetivo acompanhamento da arrecadação e dos gastos públicos, de modo a possibilitar a efetiva correção nas condutas gerenciais equivocadas dos administradores, gerenciando o risco por meio de ações fiscalizadoras e de imposição de prazos na gestão de políticas e de procedimentos, que podem ser de natureza legal, técnica ou de gestão. É importante destacar que a LRF, no âmbito do controle, estabelece diversos mecanismos de correção de desvios, definindo prazos, formas de adequa- ção e, por último, sanções institucionais, em caso de descumprimento. Em verdade, a LRF nos traz um Sistema de Controle Institucional múltiplo que permite que todos os poderes estejam sujeitos igualmente ao cumprimento de re- gras e a serem fiscalizados nesse sentido. Finalmente, no que diz respeito à responsabilização, que é a obrigação de prestar contas e responder por suas ações, a LRF imputa sanções administrati- vas ao agente e ao ente federado, que violar a norma, tais como o impedimento de receber transferências voluntárias, a proibição de contratar operações de crédito e prestação de garantias. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 15 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Vale destacar que as sanções para condutas como as que citamos estão previs- tas na Lei n. 10.028/2000, na Lei de Improbidade n. 8.429/1992, dentre outras. Os princípios específicos da LRF mais relevantes, que devem ser utiliza- dos na sua interpretação, são: • planejamento ou ação planejada; • transparência na gestão fiscal ou das contas públicas – ação transparente; • equilíbrio das contas públicas (a seguir comentado); • responsabilidade na gestão fiscal ou dos recursos públicos; • cumprimento de metas de resultado; • obediência a limites e condições para realização de operações de crédito, in- clusive por antecipação de receita orçamentária; • obediência a limites para a dívida consolidada, inclusive para a dívida mobi- liária; • obediência a limites para despesas com pessoal; • cumprimento de condições para geração de despesas de pessoal; • cumprimento de condições para geração de despesas da seguridade social (saúde, previdência e assistênciasocial); • cumprimento de condições para geração de despesas obrigatórias de caráter continuado; • cumprimento de condições para renúncia de receita. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 16 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3. Principais Pontos da LRF A ideia agora é apresentar os principais aspectos da LRF de modo a facilitar o seu entendimento quando você for fazer a leitura da lei. Vamos, sempre que possível, colocando questões sobre os temas e, em cada resolução, reproduzindo os trechos da LRF para que você veja a sua aplicação em prova e como a banca examinadora do seu concurso gostar de cobrar. 3.1 Equilíbrio das Contas Públicas Segundo o princípio do equilíbrio orçamentário (lembra dele?), o orçamen- to sempre estará equilibrado, uma vez que se trata de uma demonstração contábil. Diferentemente do equilíbrio orçamentário preconizado pelo princípio do equilíbrio, a Lei de Responsabilidade Fiscal traz uma nova noção de equilíbrio para as contas públicas: o equilíbrio das chamadas “contas primárias”, traduzida no Resultado Pri- mário equilibrado. Significa, em outras palavras, que o equilíbrio a ser buscado é o equilíbrio au- tossustentável, ou seja, aquele que prescinde de operações de crédito e, portan- to, que não resulta em aumento da dívida pública. Esta é a verdadeira tradução do slogan “gastar apenas o que se arrecada” ou, “pay as you go”, como adotado no orçamento americano. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 17 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Uma leitura equivocada e apressada da LRF poderia dar margem a você pensar que, a partir da publicação da LRF, nenhum ente público poderia contratar opera- ções de crédito, o que não é verdade. A partir da análise do Capítulo VII da LRF, que trata da dívida e do endivida- mento público, sabemos que, nos termos da Resolução n. 40 e da Resolução n. 43, aprovadas pelo Senado Federal, foram definidos limites para a dívida pública de todos os entes nacionais. 3.2 Efeitos no Planejamento e no Processo Orçamentário PPA - Define as políticas públicas consubstancia- das nos programas, com metas e indicadores, pelo período de 4 anos. LDO – Estabelece as metas e prioridades da administração pública, para cada ano e orienta e elaboração do Orçamento. LOA – Disciplina todos os programas e ações no exercício, provendo recursos para a execução das ações necessárias ao alcance das metas. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 18 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br No quadro acima, podemos ver a base legal do processo orçamentário brasileiro com destaque para a LRF e para a Lei n. 4.320/1964. Em relação ao PPA, que deve ser ressaltado pela atuação da LRF, é a confirmação da condição do PPA como documento de mais alta hierarquia no sistema de planejamento de qualquer ente público, razão pela qual todos os demais planos e programas devem subordinar-se às diretrizes, objetivos e metas nele estabelecidos. 2. (CESPE/DPU/CONTADOR/2016) Com relação às disposições constantes na LRF a respeito da lei orçamentária anual (LOA), à lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e ao plano plurianual (PPA), julgue o item subsecutivo. O PPA deve dispor sobre a forma de utilização e do montante da reserva de contingência. Errado. Vamos ver o que o artigo 5º da LRF dispõe: Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: (...) III – conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: a) (VETADO) b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. Repare que, apesar de a reserva de contingência estar contida na LOA, o seu mon- tante e a sua maneira de ser usada estão dispostos na LDO, já que a aprovação da LDO é anterior à da LOA. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 19 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Amigo(a), neste ponto, chamo a sua atenção para o fato de que a LRF procura aperfeiçoar a sistemática traçada pela norma constitucional, atribuindo novas e importantes funções ao orçamento e à LDO. Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO recebe novas e im- portantes funções, dentre elas: • dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas; • estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as me- tas de resultado primário e nominal previstas para o exercício; • dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos progra- mas financiados pelo orçamento; • disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas; • quantificar o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do mon- tante da dívida e das despesas com juros; • estabelecer limitações à expansão de despesas obrigatórias de caráter continuado. Nesse contexto, é importante destacar que a LRF criou três anexos que deverão integrar a LDO: anexo de metas fiscais, anexo de riscos fiscais e anexo dos objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, sendo esse último apenas para a União. Os 2 primeiros anexos são os mais cobrados em prova e serão abordados em tópicos específicos adiante. Já o anexo com os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, engloba parâmetros e as projeções para seus principais agre- gados e variáveis, e, também, as metas de inflação, para o exercício subsequente. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 20 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade Fis- cal e com a Lei de Acesso à Informação, julgue o seguinte item. Cabe à Lei de Diretrizes Orçamentárias definir limites e condições para a expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. Errado. É importante informar que, em sua versão original, no inciso III do artigo 4º da LRF, a LDO, atendendo ao disposto no § 2º do art. 165 da Constituição, a LDO definiria os limites e condições para expansão das despesasde caráter obrigatório e conti- nuado, entretanto esse inciso foi vetado pelo Presidente da República: Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e: III – (VETADO). 3.3 Anexo de Metas Fiscais da LDO A Lei de Responsabilidade Fiscal veio fortalecer a LDO, especialmente a partir da exigência do Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais em valores correntes e constantes para um período de três anos. De acordo com o artigo 4º, § 2º, da LRF, o anexo de metas fiscais deve conter: I – avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; II – demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálcu- lo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os obje- tivos da política econômica nacional; O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 21 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br III – evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; IV – avaliação da situação financeira e atuarial: a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; V – demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. Essas metas correspondem às previsões para receitas e despesas, re- sultado nominal e resultado primário, além do montante da dívida pública para o exercício a que se referir à LDO e os dois seguintes. Nota-se que o legislador imputou ao administrador público um esforço maior para a confecção do seu principal instrumento de planejamento. Além das metas a serem alcançadas, o Anexo de Metas Fiscais deverá apre- sentar uma avaliação do cumprimento das metas de exercícios anteriores. Estes resultados pretéritos deverão influenciar na elaboração das novas metas a serem alcançadas, ainda segundo a lei, “evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional”. Entenda-se, neste caso, como objetivos atuais da política econômica nacional, o equilíbrio fiscal e o controle do endividamento em todos os níveis de governo. Interessa também ao Anexo de Metas Fiscais apresentar a evolução do patri- mônio líquido dos entes públicos, com especial cuidado quanto à destinação dos recursos originários das privatizações e alienações de ativos em geral. Amigo(a), chamo a sua atenção ao fato de que as receitas de alienações de bens não devem ser somadas ao cálculo da Receita Corrente Líquida, por tratar-se de receitas de capital, e, igualmente, não serão elas computadas no cálculo do Resultado Primário, por constituírem receitas de caráter eventual. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 22 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br O Anexo de Metas Fiscais incluirá, ainda, a avaliação da situação dos fundos de caráter previdenciário, utilizados em geral na complementação de aposenta- dorias, ou simplesmente no pagamento de pensões e serviços médicos utilizados pelos servidores e seus dependentes. No passado, recursos desses fundos eram utilizados com frequência para finali- dades diversas daquelas previstas em seus estatutos. Busca a LRF, desta forma, proteger os regimes próprios de previdência, assegurando a utilização dos seus recursos na finalidade específica e garantindo a sua viabilidade eco- nômico-financeira. Por último, o Anexo de Metas Fiscais deverá apresentar as estimativas dos efeitos de incentivos fiscais ou qualquer tipo de renúncia que importe na perda de receitas próprias da União, dos Estados ou dos Municípios. A apresentação da margem de expansão das despesas de caráter conti- nuado, definidas nos artigos 16 e 17, torna transparentes os objetivos de longo prazo do administrador público, além da herança que uma administração poderá deixar para a sucessora. Certamente que a renúncia fiscal e as despesas de caráter continuado trarão impacto sobre a Receita Corrente Líquida e sobre o Resultado Primário, e o admi- nistrador deverá observar a coerência entre as ações planejadas e os resultados pretendidos. 4. (CESPE/TCE-PB/AUDITOR/2018) O anexo de metas fiscais, que integra o projeto de LDO, deve dispor sobre a) as normas relativas ao controle de custos. b) a avaliação do RGPS. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 23 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br c) as exigências para transferências de recursos a entidades privadas. d) o equilíbrio entre receitas e despesas. e) os critérios e a forma de limitação de empenho. Letra b. Colega, guarde que, de acordo com o artigo 4, § 2˚, da Lei de Responsabilidade Fis- cal (LRF), o Anexo de Metas Fiscais deve tratar da avaliação da situação financeira, da atuarial dos Regimes Geral de Previdência Social (RGPS) e próprio de servido- res públicos (RPPA) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), além de outros fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial, fora outros assuntos presentes nesse dispositivo. 5. (CESPE/STJ/ANALISTA) Julgue a assertiva: O anexo de metas fiscais, exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, deverá inte- grar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), estabelecendo em valores correntes e constantes a meta para o montante da dívida pública para o exercício a que se referir e apara os dois seguintes. Certo. Sem dúvida o anexo de metas fiscais, exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, deverá integrar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), estabelecendo em valores correntes e constantes as metas para o montante da dívida pública para o exercício a que se referir e apara os dois seguintes (art. 4º, § 1º da LRF). O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 24 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3.4 Anexo de Riscos Fiscais da LDO O Anexo de Riscos Fiscais, outra inovação da LRF, a constar da LDO, destaca aqueles fatos que poderão impactar nos resultados fiscais (contas públi- cas) estabelecidos para o exercício e informa as providências a serem toma- das, caso ocorram. Para exemplificar, cito as sentenças judiciais, que podem a qualquer momento gerar uma despesa inesperada, se não houver uma reserva para esse tipo de contingência. O reconhecimento de uma despesa potencial corresponderá a um novo elemento a seravaliado nas metas propostas no Anexo de Metas Fiscais. Os riscos fiscais englobam os riscos orçamentários e os riscos da dívida. Os Riscos Fiscais Orçamentários estão relacionados à possibilidade de que as receitas e despesas projetadas na elaboração do projeto de lei orçamentária anual não ve- nham a se confirmar durante o exercício financeiro, enquanto os Riscos Fiscais da Dívida estão diretamente relacionados às flutuações de variáveis macroeconômicas que impactem o endividamento público, tais como taxa básica de juros, variação cambial e inflação. Para a LDO da União, a LRF determina a definição dos objetivos macroeconômi- cos a serem alcançados, deixando clara a metodologia a ser utilizada. Para tanto, em anexo específico (além dos demais anexos propostos), serão apresentados os parâmetros e as projeções referentes à arrecadação de tributos, aos gastos com investimentos, às transferências etc. Além disso, a União deverá apresentar na sua LDO a previsão de inflação para o exercício seguinte. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 25 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Guarde a ideia de que a LRF elegeu a LDO como instrumento mais importante para a obtenção do equilíbrio nas contas públicas, a partir de um conjunto de metas que, após aprovadas, passam a ser compromisso de governo. 6. (CESPE/DPU/CONTADOR/2016) Com relação às disposições constantes na LRF a respeito da lei orçamentária anual (LOA), à lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e ao plano plurianual (PPA), julgue o item subsecutivo. Passivos contingentes são despesas que envolvem certo grau de incerteza quanto a sua efetiva ocorrência. Nesse sentido, a LDO contém o anexo de riscos fiscais, no qual são avaliados os passivos contingentes e outros riscos fiscais. Certo. Veja o que o § 3º do artigo 5º da LRF dispõe: § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão ava- liados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. Bem, tendo em mente a letra da lei, bastava saber que realmente um passivo contingente envolve incerteza, já que, em tese, a discussão a seu respeito ainda não acabou. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 26 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3.5 Lei Orçamentária Anual (LOA) Da mesma forma que na LDO, várias alterações também foram introdu- zidas, pela LRF, na sistemática de elaboração do orçamento anual. Dentre as principais, destacam-se: • o demonstrativo da compatibilidade da programação do orçamento com as metas da LDO previstas no respectivo Anexo de Metas Fiscais; • a previsão da reserva de contingência, em percentual da receita corrente líquida, destinada ao pagamento de restos a pagar e passivos contingentes, além de outros imprevistos fiscais; • a LOA deverá apresentar as despesas relativas à dívida pública, mo- biliária ou contratual e respectivas receitas, sendo o refinanciamento da dívida (e suas receitas) demonstrado de forma separada, tanto na LOA como nas leis de créditos adicionais. De acordo com o artigo 5º da LRF, a LOA demonstrará que está compatível e adequada ao Anexo de Metas Fiscais, tendo ainda, por acompanhamento, o de- monstrativo de efeitos sobre as receitas e as despesas decorrentes de anistias, isenções, subsídios etc. Neste caso, a LOA, sendo orientada pela LDO, deve manter os objetivos defini- dos nesta. É o que se observa, ainda, na reserva de contingência, que a LDO deverá prever para o atendimento às despesas previstas no Anexo de Riscos Fiscais. Ressalte-se ainda que a dívida pública tem um tratamento especial na LOA. Outro ponto relevante na execução da LOA é que os pagamentos de senten- ças judiciais (os famosos precatórios) deverão identificar os respectivos benefi- ciados, de forma a evidenciar a ordem cronológica da sua ocorrência (visou inibir aquelas absurdas furadas de fila). O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 27 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Em relação à LOA e aos orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimentos, merece destaque aqui que, no caso de uma empresa estatal considerada depen- dente, ela participará do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. Por outro lado, integram o orçamento de investimentos apenas as chamadas empresas estatais não dependentes. 3.6 Resultado Nominal e Resultado Primário Como vimos, o equilíbrio das contas públicas é a espinha dorsal da LRF. Nesse sentido, já sabemos que a LRF orienta acerca do equilíbrio entre receitas e despesas, a limitação de empenho e movimentação financeira, a não geração de despesas consideradas não autorizadas, irregulares e lesi- vas ao patrimônio público e os critérios para criação, expansão ou aperfei- çoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa. Os conceitos de resultados nominal e primário da LRF estão estabeleci- dos em seu artigo 9º. Resultado primário: é a diferença entre receitas e despesas primárias, delas excluídos os juros, receitas financeiras (aplicações), receita de privatizações, en- cargos e o principal da dívida pública (pagos e recebidos) etc. As receitas primárias correspondem ao total das receitas orçamentárias, de- duzidas as operações de crédito, as provenientes de rendimentos de aplicações fi- nanceiras e retorno de operações de crédito (juros e amortizações), o recebimento de recursos oriundos de empréstimos concedidos e as receitas de privatizações. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 28 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br As despesas primárias correspondem ao total das despesas orçamentárias, deduzidas as despesas com juros e amortização da dívida interna e externa, com a aquisição de títulos de capital integralizado e as despesas com concessão de em- préstimos com retorno garantido. Resultado nominal: é a diferença entre todas as receitas arrecadadas e todas as despesas empenhadas, incluindo os juros e o principal da dívida e ainda acrescentando as receitas financeiras. O Demonstrativo do Resultado Nominal apresenta a apuração do resul- tado nominal. Esse demonstrativo integra o Relatório Resumido da Execu- ção Orçamentária e deverá ser publicado até trinta dias após o encerra- mento de cada bimestre. O objetivo da apuração do Resultado Nominal é medir a evolução da Dívida Fiscal Líquida. Bem, em relação ao cumprimento de metas de resultado primário ou nominal, a LRF orienta a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todosos tributos da competência constitucional do ente. Visando sempre a responsabilização do titular do poder ou órgão no que se refe- re à gestão dos recursos e do patrimônio públicos, a regra matriz do cumprimento de metas de resultado encontra-se nos artigos 14 e 17 da LRF. O artigo 14 prevê que a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na Lei de Diretrizes Orçamentá- rias e ainda a demonstração, pelo proponente, de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da Lei Orçamentária e de que não afetará as metas de resul- tados fiscais previstas no anexo próprio da Lei de Diretrizes Orçamentárias. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 29 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Já o parágrafo 2º do artigo 17 menciona que os atos que criarem ou aumen- tarem despesa serão acompanhados da comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais. O cumprimento de metas de resultado pode ser alcançado por meio do moni- toramento constante entre a arrecadação de receitas e o dispêndio de recursos. Assim, deve sempre ser verificado, ao final de cada bimestre, se a realização da receita comporta a execução das despesas fixadas. Caso contrário, o cumprimento das metas de resultado primário e nominal estaria comprometido. Assim, caso seja verificado, ao final de cada bimestre, que a realização da re- ceita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. Amigo(a), chamo a sua atenção para o fato de que o cumprimento das metas de resultado primário e nominal é demonstrado no Anexo de Metas Fiscais. Conforme estabelecido na LRF, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limita- ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. Pode-se observar que a essência da LRF (em termos de resultado) são as metas de resultado primário e nominal. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 30 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3.7 Execução Orçamentária e Cumprimento de Metas De acordo com o artigo 8º da LRF, até trinta dias após a publicação dos orça- mentos, nos termos em que dispuser a LDO, o Poder Executivo estabelecerá a pro- gramação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. É importante destacar que, em atendimento ao artigo 8º, parágrafo único da LRF, aqueles recursos legalmente vinculados à finalidade específica deverão ser utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. No que diz respeito aos precatórios, a LRF em seu artigo 10 dispõe que “a execu- ção orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de senten- ças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição. Por sua vez, o artigo 13º da LRF determina que o Poder Executivo deverá, até trinta dias após a publicação do orçamento anual, efetuar o desdobramento das receitas em metas bimestrais de arrecadação, informando quais medidas serão adotadas para o combate à sonegação, na cobrança da dívida ativa e referente aos créditos executáveis pela via administrativa. É relevante destacar a importância dessa medida, uma vez que tais metas bi- mestrais de receita servirão de parâmetro para a limitação de empenho e movimentação financeira. Falando em limitação de empenho e movimentação financeira, o artigo 9º, caput, da LRF dispõe que, se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primá- rio ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais, os Poderes e o Ministério O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 31 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 30 dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela LDO. Por seu turno, o artigo 31, § 1º, II, da LRF determina que a limitação de em- penho também será promovida pelo ente que ultrapassar o limite para a dívida consolidada, para que obtenha o resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite. Seguindo essa linha de raciocínio, caso aconteça uma frustração da receita es- timada no orçamento, deverá ser estabelecida limitação de empenho e movimen- tação financeira, com o objetivo de obter os resultados previstos na LDO e impedir assumir compromissos sem respaldo financeiro. Em função de decisão do STF em sede de ADIN, atualmente, o Poder Executivo não pode limitar os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público caso estes não promovam a limitação no prazo estabelecido no caput do art. 9º, ou seja, existe a limitação de empenho aos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público, mas ela deve ser efetuada por ato próprio e não pelo executivo. É importante destacar que a LRF, em seu artigo 9º, § 2º, apresenta despesas que não podem sofrer a limitação de empenho, que é o caso das despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destina- das ao pagamento do serviço da dívida, além daquelas ressalvadas pela LDO. Ainda sobre esse tema, a LRF, em seu artigo 9º, § 1º, dispõe que, caso ocor- ra o restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados ocorrerá de forma proporcional às reduções efetivadas. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 32 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Destaca-se ainda que, de acordo com o artigo 65 da LRF, em situações extre- mas, como estado de defesa e/ou de sítio, decretado na forma da Constituição, ou na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquantoperdurar a situação serão dispensados o atingimento dos resultados fis- cais e a limitação de empenho prevista no art. 9º dessa norma. 3.8 Receita Pública e Receita Corrente Líquida (RCL) No âmbito da Receita Pública, a LRF nos diz ser requisito essencial da responsa- bilidade na gestão fiscal, a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente. Mas, por outro lado, fica proibida a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe tal determinação no que se refere aos impostos, ou seja, a vedação quanto às transferências voluntárias se refere apenas aos impostos e não aos tributos, não alcançando, entretanto, as transferências voluntárias destinadas às ações nas áreas de assistência social, saúde e educação. No que tange às previsões de receitas, a LRF em seu artigo 12 assim dispõe: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstra- tivo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 33 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Registra-se ainda que, de acordo com o artigo 13 da LRF, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à eva- são e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. A Receita Corrente Líquida (RCL) representa o total das receitas correntes, di- minuídas de algumas receitas estabelecidas pela própria lei. A RCL constitui parâmetro para quase todos os cálculos relacionados à execução orçamentária, elaboração de relatórios e adequação dos poderes e órgãos aos limites estabelecidos pela norma, como no cálculo do limite para as despesas de pessoal, dívida pública, operações de crédito e concessão de garantia. Aí, eu sei que você está doido(a) para me perguntar: Professor, e como se apura a receita corrente líquida? Meu amigo(a), no caso da União, a receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze an- teriores, excluídas as duplicidades (art. 2º, § 3º, da LRF). Em outras palavras, a RCL corresponde ao somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos: • na União: os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e no inciso II do art. 195 (relacionadas à seguridade social) e no art. 239 da CF/1988 (PIS, PASEP). • nos Estados: as parcelas entregues aos Municípios por determinação cons- titucional. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 34 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br • na União, nos Estados e nos Municípios: a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as recei- tas provenientes da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da CF/1988 (compensação entre os diversos sistemas previdenciários). • no DF, no Amapá e em Roraima: recursos transferidos pela União decor- rentes da competência da própria União para organizar e manter o Poder Ju- diciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do DF, bem como prestar assistência financeira ao DF para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; e, ainda, despesas da União com servidores de ex-territórios Amapá e de Roraima. Destaca-se ainda que devem ser computados no cálculo da receita corrente lí- quida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar n. 87/1996 – Lei Kandir –, e do fundo previsto pelo art. 60 do ADCT – FUNDEB. É importante indicar também que a RCL será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos 11 anteriores, excluídas as duplicidades. Assim, a apuração da RCL é feita durante o período de um ano, não necessaria- mente coincidente com o ano civil e que o mês de referência, ou atual, é o mês imediatamente anterior àquele em que a receita corrente líquida estiver sendo apurada (art. 6º, parágrafo único, da Portaria STN n. 589/2001). Por exemplo, se a RCL estiver sendo apurada em dezembro, o mês de referência será novembro do mesmo ano e assim por diante. Lembre-se que as receitas correntes são, via de regra, aquelas provenientes de arrecadações de tributos, contribuições, de aluguéis de prédios públicos, ser- viços, e de alguma outra atividade estatal, ou seja, são as receitas operacionais arrecadadas de forma contínua e “quase” permanentes. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 35 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Dessa maneira, a LRF, por meio do conceito de RCL, separou as receitas disponí- veis a cada um dos entes daquelas que eles não têm autonomia para gerenciar, de modo a evitar que o ente faça cálculos e determine percentuais em cima de receitas brutas, que na verdade não estão realmente disponíveis. 3.9 Renúncia de Receita A concessão indiscriminada dos chamados “incentivos fiscais” (principal arma usada na chamada “guerra fiscal”) é prática danosa às finanças de qualquer ente público, e deve estar sujeita a regras disciplinadoras. De acordo com o artigo 14, § 1º, da LRF, a renúncia de receitas compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que corres- pondam a tratamento diferenciado. A partir da vigência da LRF, tais iniciativas deverão atender, não só ao que dispuser a LDO, mas também aos seguintes requisitos: • estimar o impacto orçamentário financeiro no exercício inicial de sua vigência e nos dois seguintes; • demonstrar que a renúncia delas decorrente foi considerada ao se estimar a receita do orçamento e que não afetará as metas de resul- tados fiscais previstas na LDO; • prever medidas de compensação nos três exercícios já referidos, po- dendo ser por meio de: elevação de alíquota, ampliação da base de cálculo ou novos tributos ou contribuições, sendo que nos dois últi- mos casos o benefício só entrará em vigor após a ocorrênciado au- mento da receita. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 36 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Estas medidas deverão observar ainda o princípio da anterioridade, nos termos do Código Tributário Nacional. Guarde que estão isentos das restrições acima ape- nas os cancelamentos de débitos em valor inferior aos seus custos de cobrança, assim como às alterações das alíquotas dos tributos de natureza extrafiscal (II, IE, IPI, IOF). Ainda a respeito da renúncia de receitas, lembre-se de que, de acordo com ar- tigo 5º, II, da LRF, o projeto de LOA, elaborado de forma compatível com o PPA e com a LDO, será acompanhado do demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e be- nefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado. 3.10 Geração da Despesa Podemos entender geração de despesa como aquele aumento de despesa por meio de criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental. A regra básica da LRF para todo e qualquer aumento de despesa pode ser assim traduzida: toda e qualquer despesa que não esteja acompanha- da de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos três primeiros exercícios de sua vigência, da sua adequação orçamentária e financeira com a LOA, o PPA e a LDO e, no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas compensatórias, é considerada não autoriza- da, irregular e lesiva ao patrimônio público. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 37 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Essa norma é condição prévia, não só para a aquisição de bens, serviços e obras, como também para a desapropriação de imóveis urbanos, que, de acordo com a Constituição, deverá ser paga em dinheiro. Chamo a sua atenção para o conceito de despesa obrigatória de caráter continuado que é a despesa corrente: • derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo; • geradora de obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Por conseguinte, a limitação dos gastos com pessoal em percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) deve-se à necessidade de manter o setor público com os recursos necessários à sua manutenção e ao atendimento das demandas sociais. 7. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o item a seguir. Para licitar serviços, é imperioso que o ordenador de despesas do órgão licitante declare que os gastos atrelados ao futuro contrato estarão adequados à lei de orça- mento e compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Certo. A assertiva está correta e de acordo com os ditames da LRF. Vamos aproveitar essa questão para ler o artigo 16 da LRF, marcando em negrito as partes que interessam para essa questão: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 38 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação or- çamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e su- ficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instru- mentos e não infrinja qualquer de suas disposições. § 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4º As normas do caput constituem condição prévia para: I – empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição”. 8. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue o item a seguir. A simples prorrogação de despesa criada por prazo determinado não configura au- mento de despesa pública. Errado. A assertiva está em desacordo com os ditames da LRF. Vamos aproveitar essa questão para ler o artigo 17 da LRF, marcando em negrito a parte que interessa para essa questão: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 39 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obriga- ção legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado”. Para a assertiva ficar correta, é só retirar a palavra “não”. 3.11 Despesa Obrigatória de Caráter Continuado A despesa obrigatória de caráter continuado é a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios financeiros. Ao se criar despesa obrigatória de caráter continuado, o poder público deverá inserir no ato de sua criação, comprovação de que a despesa criada ou aumenta- da não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. Essa comprovação acima mencionada será efetivada mediante demonstração das premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo da compatibili- dade da despesa com as demais regras do Plano Plurianual e da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Por sua vez, o aumento permanente de receita é o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 40 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br A despesa de caráter continuado não poderá ser executada antes da compro- vação de que esse gasto não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais. Observe que já listamos uma série de vedações impostas pela LRF aos Gestores Públicos no intuito de torná-los responsáveis! Essa é a ideia da LRF! A geração de despesa de caráter continuado destinada ao serviço da dívida e ao reajustamento de remuneração ou subsídio dos servidores públicos dispensa a demonstração da estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes. É importante destacar que, no que diz respeito ao reajustamento de remunera- ção ou subsídio dos servidores públicos acima excepcionado, estamos falando ape- nas daquela revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices da remuneração dos servidores e do subsídio de membro de poder, de detentor de mandato eletivo, de Ministros de Estado e de Secretários Estaduais e Municipais, que é uma revisão para apenas manter o poder de compra. Dessa forma, guarde que os reajustes para aumentar o poder aquisitivo, como os que ocorrem em per- centuais acima da inflação do período, devem seguir as regras da LRF. Chamo a sua atenção ao fato de que também considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado. 9. (CESPE/PREFEITURA-FORTALEZA/PROCURADOR/2017) A respeito de endivida- mento e de receita e despesa públicas, julgue o item seguinte. A previsão de compensação dos efeitos produzidos por atos que impliquem redução de receitas e aumento de despesas de duração continuada e que perdurem por mais de três anos constitui uma inovação substancial do controle orçamentário na LRF. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 41 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br Certo. Vamos ver o que nos diz o artigo 17 da LRF, que trata das despesas obrigatórias de caráter continuado. Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obriga- ção legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos perío- dos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premis- sas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo deter- minado. Esta questão também foi boa para vermos a “letra da lei”! Bem, as Despesas Obri- gatórias de Caráter Continuado são em verdade gastos correntes que duram um longo período (superior a 2 exercícios) e são obrigatórias por determinação legal. Até aqui, beleza! Mas preste atenção nas medidas de compensação previstas na LRF na parte que trata das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 42 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 1) aumento permanente de receita; ou 2) redução permanente de despesa. Tentando pegar os mais afoitos, o CESPE trocou as bolas, escrevendo na assertiva a mesma coisa só que de outra forma, ou seja, que “atos que impliquem redução de receitas e aumento de despesas de duração continuada” necessitam de compensação financeira, e afirma que isso inovou no controle orçamentário, o que é a mais pura verdade! 10. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR/2016) A respeito da administração da execução or- çamentária, julgue o item que se segue. Se determinado órgão público assinar contrato que crie obrigação legal para o ente público por período superior a dois exercícios financeiros, os efeitos financeiros da me- dida poderão ser compensados pela redução permanente da despesa orçamentária. Certo. A questão está correta e cobra o conhecimento do artigo 17 da LRF. Precisamos ter em mente que as medidas de compensação previstas na LRF na parte que trata das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado são: 1) aumento permanente de receita; ou 2) redução permanente de despesa. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para GEOVA DE FREITAS QUEIROZ - 11955123411, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 43 de 118 NOÇÕES DE AFO E ORÇAMENTO PÚBLICO Lei de Responsabilidade Fiscal Prof. Manuel Piñon www.grancursosonline.com.br 3.12 A Regra de Ouro Segundo o artigo 167, III, da Constituição Federal, “é vedada a realiza- ção de operações de crédito que excedam as despesas de capital, ressalva- das as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com fi- nalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta”. Esse comando constitucional traz a chamada “regra de ouro”, que pre- tende dificultar a contratação de empréstimos para financiar gastos correntes, evi- tando que o ente tome dinheiro emprestado de terceiros para pagar despesas de pessoal, juros ou outros gastos de custeio, ou seja, o endividamento público deve ser vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da máquina admi- nistrativa e demais serviços. Veja a literalidade do artigo 12 da LRF que reforça a regra de ouro: § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. A “regra de ouro”, prevista na CF/1988 para coibir o financiamento, via operação de crédito, de despesas correntes, era matéria orçamentária, ou seja, o limite das operações de crédito é o montante das despesas de capi- tal
Compartilhar