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Qualidade de Vida no Trabalho – origem evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica

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Qualidade de Vida no Trabalho: 
origem, evolução e conceitos – 
uma revisão bibliográfica
Aluno: Wilmar do Nascimento1
Orientador: Maurício Fernandes Pereira2
Tutora: Juliana Pereira3
Resumo
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um 
assunto bastante corrente nos dias de hoje 
dentro e fora das empresas, mas nem sempre 
é tratada e aplicada de maneira adequada. 
Com o desenvolvimento de novas tecnolo-
gias, disputa de mercado e a globalização, 
as empresas estão exigindo cada vez mais 
competências de seus funcionários e em troca 
proclamam uma qualidade de vida no traba-
lho, que está muito distante do que realmente 
significa. Através de estudo teórico-bibliográ-
fico, este artigo tem como objetivo principal 
descrever a origem, a evolução e os concei-
tos da QVT, mostrando a sua importância e 
o que ela representa tanto para a empresa 
como para os funcionários, e que na prática 
é necessária muita vontade e disposição para 
sua efetivação. Pretende-se também, a partir 
deste artigo, propor um estudo mais avança-
do para a elaboração de um modelo de quali-
dade de vida no trabalho (QVT) no Departa-
mento de Endemias da Secretaria de Saúde 
de Florianópolis, mais especificamente no 
setor de combate ao mosquito Aedes aegypti.
Palavras-chave: Qualidade de vida no tra-
balho. QVT. Evolução. Conceitos.
Abstract
Quality of Life at Work (QLW) is a talked over 
subject, actually, inside or outside in the com-
panies, but it‘s not brushed and applied just 
way. Advent development of the new or right 
tech, the market contention and the globaliza-
tion, the companies are calling for proficiency 
employers, but in return for sponsor a Quality 
of the Life at Work, that is far way than it’s. 
By way of theoretical-bibliographic work, this 
paper brings as main objective to describe the 
origin, the conceptions and the evolution of 
QLW, to show its importance and which its re-
present much the company as employers, that 
practical is necessary much desire and frame 
of mind in fact. Too, This paper is a propose 
to advanced study for a kind of QLW, Ende-
mic Disease Department of the Health Secre-
tary, especially , on the section of the Fighting 
against Dengue Mosquito (Aedes aegypti), on 
Florianópolis (SC).
Key words: Quality of work life. QWL. Evo-
lution. Conceptions.
1 Graduado em Filosofia pela Fundação Educacional do Sul de Santa Catariana (1987). 
Especialização em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente pelo Instituto de 
Psicologia/USP (1966). E-mail: wilestiva@gmail.com.
2 Pós-Doutor pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de 
Lisboa (2010). E-mail: mpereira@cse.ufsc.br.
3 Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações e Bacharel em Administração pela 
Universidade Federal Santa Catarina (UFSC). E-mail: tutor26@cursoscad.ufsc.br.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 179
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
1 Introdução
Com desenvolvimento contínuo das tecnologias e a globalização, as 
empresas estão preocupadas em produzir com qualidade, pois o mercado 
está cada vez mais exigente, competitivo e seletivo e quem não produz com 
qualidade acaba ficando fora dele. A qualidade dos produtos é influenciada 
pela capacitação, pelo treinamento e pela motivação dos funcionários.
As exigências do mercado e a competitividade levaram as empresas a 
exigirem mais dos trabalhadores, e essa pressão trouxe consequências como 
o aumento dos acidentes de trabalho e/ou afastamento por motivo de saúde 
como estresse, depressão, entre outras.
O bom desempenho de uma empresa também passa pela motivação 
de seus empregados, pelo reconhecimento e pela valorização por parte do 
empregador ou gestor, e isso envolve a qualidade de vida no trabalho, pois 
grande parte da sua vida o indivíduo passa dentro do ambiente de trabalho 
e, se esse ambiente não for favorável, ele acaba sucumbindo e não rendendo 
o esperado, o que compromete todo o processo de produção.
O reconhecimento de que o bem-estar do trabalhador traz resultados 
positivos à empresa fez com que muitas delas começassem a se preocupar 
com o bem-estar dos seus trabalhadores, proporcionando a eles um ambiente 
melhor de trabalho, com mais conforto, segurança, etc.
O serviço público não fica indiferente à evolução da qualidade de vida 
no trabalho; porém, verifica-se que, se dentro das empresas privadas já é difícil 
a implantação e manutenção da QVT, nas empresas públicas, essa dificuldade 
é ainda maior e mais complicada, pois percebe-se que dentro destas não há 
preocupação com a qualidade dos serviços prestados e muito menos com a 
QVT dos funcionários. A falta de qualidade nos serviços públicos e dos fun-
cionários se deve, entre outros fatores, à troca constante de gestores, pois, a 
cada quatro anos, novas políticas são implantadas, mas sem continuidade.
Alguns setores públicos fazem referência à importância da qualidade 
dos serviços, porém na prática essa preocupação é fictícia, já que se percebe 
que, na maioria dos setores, os ambientes e os materiais de trabalho não são 
favoráveis à execução dos serviços, sem contar a falta de funcionários devido 
a afastamentos por doenças, aposentadorias ou remanejamentos, levando 
outros funcionários a terem uma carga de trabalho excessiva. Para agravar 
ainda mais a situação, crescem de forma assustadora os serviços públicos 
180 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
executados por firmas prestadoras de serviços, as quais, no que diz respeito 
à qualidade de vida no trabalho, são questionadas, a começar pelos salários 
e pelas condições de segurança. Portanto, o objetivo geral deste artigo é des-
crever a evolução da qualidade de vida no trabalho.
2 Exposição do Tema: a origem e a evolução da quali-
dade de vida no trabalho
Segundo Rodrigues (1999) – com outros títulos e autores e em diferentes 
contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar 
ao trabalhador na execução de suas tarefas –, a qualidade de vida sempre foi 
objeto de preocupação da raça humana.
Historicamente exemplificando, para a espécie humana o domínio de 
técnicas adequadas à produção do fogo, no período Neolítico, sem dúvida se 
traduziu como um enorme salto no que se refere à qualidade de vida. Com o 
fogo, o homem passou a se proteger do frio e dos predadores, além de poder 
cozinhar os alimentos.
No período denominado como proto-história, a invenção da roda, cerca 
de 4.000 a.C., proporcionou a substituição dos antigos trenós por carros de 
duas e quatro rodas. Esse fato revolucionou a vida humana, pois facilitou 
não só a sua locomoção, mas também o transporte de cargas, e melhorou 
sua qualidade de vida.
Os ensinamentos de Euclides de Alexandria (300 a.C.) sobre os princípios 
da geometria serviram de inspiração para a melhoria do método de trabalho 
dos agricultores à margem do Rio Nilo, assim como a Lei das Alavancas, de 
Arquimedes, formulada em 287 a.C, veio diminuir o esforço físico de muitos 
trabalhadores.
A origem do movimento de qualidade de vida no trabalho remonta 
a 1950, com o surgimento da abordagem sociotécnica; porém, somente na 
década de 1960, tomaram impulso as iniciativas de cientistas sociais, líderes 
sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar 
o trabalho a fim de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e no 
bem-estar geral dos trabalhadores. (FERNANDES, 1996)
Segundo Chiavenato (2004), o termo QVT foi cunhado por Louis Davis, 
na década de 1970, quando desenvolvia um projeto sobre desenho de cargos. 
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 181
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
Para ele, o conceito de QVT refere-se à preocupaçãocom o bem-estar geral 
e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. Posteriormente, 
alguns autores europeus desenvolveram outras conceituações dentro da abor-
dagem sociotécnica e da democracia industrial. Então, na década de 1970, 
surge um movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos 
EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e ao grande 
sucesso dos estilos e das técnicas gerenciais dos programas de produtividade 
japonesa, centrada nos empregados. Existia uma tentativa de integrar os inte-
resses dos empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes 
de reduzirem os conflitos.
No século XX, muitos pesquisadores contribuíram para o estudo sobre 
a satisfação do indivíduo no trabalho. Entre eles destacam-se Helton Mayo, 
cujas pesquisas, conforme Ferreira, Reis e Pereira (1999), Hampton (1991) e 
Rodrigues (1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento 
humano, da motivação dos indivíduos para a obtenção das metas organiza-
cionais e da Qualidade de Vida do Trabalhador, principalmente a partir das 
análises efetuadas na Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início 
da década de 1920, que culminaram com a escola de Relações Humanas.
Com o advento da globalização, as empresas têm sido pressionadas 
por acirrada disputa de mercado. Nesse contexto, uma organização deve ser 
compreendida como “[...] unidade social artificialmente criada e estruturada, 
continuadamente alterada para se manter no tempo, e com a função de atingir 
metas específicas que satisfaçam as necessidades de seus participantes e da 
sociedade.” (ETZIONI, 1981, p. 7)
Segundo Garvin (1992, p. 25), nesse momento,
[...] pela primeira vez, altos executivos, em nível de presidência 
e alta diretoria, expressam interesse na qualidade, ligando-a com 
lucratividade, definindo-a do ponto de vista do cliente e requerendo 
sua inclusão no processo de planejamento estratégico.
Dentro deste contexto muitas empresas – brasileiras e internacionais – 
passaram a introduzir “[...] os sistemas participativos de gestão com o objetivo 
principal de aumentar a produtividade e apoiar os programas de qualidade, 
mas não visando realmente à participação dos empregados, conforme se ve-
rifica nas pesquisas do [...]” Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Inovação e 
182 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (NINEIT). (RELATÓRIO..., 
1998 apud MONACO; GUIMARÃES, 2000, p. 70)
Seguindo esse contexto, Albuquerque e França (1998, p. 40) descrevem:
O ambiente empresarial brasileiro vem se tornando intensamente 
competitivo em virtude das profundas mudanças que vêm ocor-
rendo na economia mundial, nas relações sociais e políticas, na 
tecnologia, na organização produtiva, nas relações de trabalho 
e na própria inserção do elemento humano no tecido social e 
produtivo.
Ainda segundo os autores, especificamente tratando-se do Brasil:
Essas transformações assumiram expressão maior em conseqüên-
cia da abertura abrupta da economia, das implementações dos 
programas de estabilização monetária e das reformas constitucio-
nais, visando à redução e à reorientação do papel do Estado na 
economia. (ALBUQUERQUE; FRANÇA, 1998, p. 40)
Para encarar todos esses desafios, muitas empresas brasileiras estão 
implantando Programas de Qualidade no Trabalho (PQT). O PQT é uma 
técnica de administração aperfeiçoada no Japão, a partir de ideias americanas 
ali introduzidas logo após a Segunda Guerra Mundial.
Garvin (1992) descreve o desenvolvimento da qualidade em quatro 
eras, divididas na fase da inspeção formal, do controle estatístico do processo, 
da garantia da qualidade e da gestão estratégica da qualidade.
Para Campos (1989, p. 13), o programa de qualidade total:
[...] é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método 
cartesiano, aproveita muito do trabalho de Taylor, utiliza o controle 
estatístico de processo, adota os conceitos sobre comportamento 
humano lançado por Maslow e aproveita todo o conhecimento 
ocidental sobre a qualidade, principalmente o trabalho de Juran.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 183
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
2.1 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho
Hoje se fala muito em qualidade total e isso remete a outro tema que é a 
qualidade de vida no trabalho como forma de se obter a qualidade total. Para 
maior entendimento da importância da qualidade de vida no trabalho tanto 
para o empregado quanto para o empregador, pretende-se a seguir descrever 
os principais conceitos e ideias sobre qualidade de vida no trabalho (QVT).
Conforme França (1997, p. 80):
Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto de ações 
de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e 
inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A 
construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do 
momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, 
o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento 
biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização 
de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação 
de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das 
pessoas durante o trabalho na empresa.
A autora ainda esclarece que “[...] a origem do conceito vem da medici-
na psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano, 
em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes.” 
(FRANÇA, 1997, p. 80)
E conclui, ao afirmar que,
No campo do trabalho esta abordagem pode ser associada à 
ética da condição humana. Esta ética busca desde a identifica-
ção, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais 
observáveis no ambiente físico, padrões de relações de trabalho, 
carga física e mental requerida para cada atividade, implicações 
políticas e ideológicas, dinâmica da liderança empresarial e do 
poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento 
e satisfação no trabalho. (FRANÇA, 1997, p. 80)
Para Maximiano (2000, p. 498), “[...] a QVT baseia-se em uma visão 
integral das pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial. O enfoque 
biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que propõe 
a visão integrada, ou holística, do ser humano.”
184 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Segundo Vasconcelos (2001, p. 25), “[...] a construção da qualidade 
de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa 
e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial.”
Davis e Newstrom (2001, p. 146) definem:
Por qualidade de vida no trabalho (QVT) queremos dizer os 
pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho 
para as pessoas. A proposta básica é desenvolver ambientes de 
trabalho que sejam tão bons para as pessoas como para a saúde 
econômica da organização.
Percebe-se que a QVT procura criar uma relação harmoniosa entre 
empregado e empregador através de um ambiente humanizado que seja bom 
para o empregado e para o empregador.
Para Chiavenato (2004, p. 448), “[...] a organização que quiser atender 
bem o cliente externo, ela não poderá se esquecer de atender bem o cliente 
interno.” Mais uma vez percebe-se que a gestão da qualidade total nas or-
ganizações depende, fundamentalmente, do aproveitamento do potencial 
humano, e isso, por conseguinte, depende de quão bem as pessoas se sentem 
trabalhando na organização.
A definição de QVT, adotada por França e Zaima (2002, p. 406), diz 
que: “[...] é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação 
de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicase estruturais no ambiente 
de trabalho.”
Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar 
uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre o 
capital e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.”
Percebe-se, através dos conceitos de QVT, que o foco é o bem-estar do 
funcionário, isto é, o empregado precisa se sentir seguro e tranquilo durante o 
desempenho das suas atividades. Isso é reforçado por Quirino e Xavier (1987, 
p. 71-82), quando descrevem que 
[...] a expressão QVT representa uma ligação direta com as con-
dições em que trabalham os empregados de uma empresa e com 
a satisfação das necessidades do homem levando-se em conside-
ração os aspectos de satisfação no cargo e trabalho humanizado.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 185
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
Ainda segundo Quirino e Xavier (1987), a QVT pode ser avaliada de 
duas maneiras dentro de uma organização: de maneira objetiva, avaliando 
a mensuração das condições materiais (disponibilidade de equipamentos, 
tecnologia, padrões de salários e benefícios, ambiente físico, entre outras); ou 
de maneira subjetiva que investigaria a percepção dos trabalhadores sobre as 
condições objetivas, avaliando-as em satisfatórias ou não satisfatórias.
Para Albuquerque e França (1998, p. 41),
A Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de 
uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias 
e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora 
do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de 
desenvolvimento humano na realização do seu ofício.
O desenvolvimento de novas tecnologias obriga as empresas a traba-
lharem com mão de obra cada vez mais especializada, exigindo funcionários 
cada vez mais qualificados, treinados e em constante capacitação, por outro 
lado, elas oferecem melhores condições de trabalho e até salário. Essas cons-
tantes inovações tecnológicas fizeram também evoluir os conceitos do QVT, 
que são descrias por Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 
42), conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Evolução do conceito de QVT
ConCepções 
evolutivas do Qvt CaraCterístiCas ou visão
1. QVT como uma 
variável (1959 a 1972)
Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se 
como melhorar a qualidade de vida no trabalho 
para o indivíduo.
2. QVT como uma 
abordagem (1969 a 
1974)
O foco era o indivíduo antes do resultado orga-
nizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se 
trazer melhorias tanto ao empregado como à di-
reção.
Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42)
186 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
ConCepções 
evolutivas do Qvt CaraCterístiCas ou visão
3. QVT como um 
método (1972 a 1975)
Um conjunto de abordagens, métodos ou técni-
cas para melhorar o ambiente de trabalho e tor-
nar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. 
QVT era vista como sinônimo de grupos autô-
nomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou 
desenho de novas plantas com integração social 
e técnica.
4. QVT como um 
movimento (1975 a 
1980)
Declaração ideológica sobre a natureza do tra-
balho e as relações dos trabalhadores com a 
organização. Os termos “administração partici-
pativa” e “democracia industrial” eram freqüen-
temente ditos como ideais do movimento de 
QVT.
5. QVT como tudo 
(1979 a 1982)
Como panaceia contra a competição estran-
geira, problemas de qualidade, baixas taxas de 
produtividade, problemas de queixas e outros 
problemas organizacionais.
6. QVT como nada 
(futuro)
No caso de alguns projetos de QVT fracassarem 
no futuro, não passará de um “modismo” passa-
geiro.
Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42)
Apesar da evolução do QVT e das inovações tecnológicas, percebe-se 
que o ser humano continua a passar grande parte do seu tempo trabalhando 
e se capacitando cada vez mais para manter-se no mercado de trabalho. Isso 
provoca a reflexão sobre desafio imaginado pelos idealizadores do QVT, que 
é torná-la uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas mais um modismo, 
que como tantos outros que vêm e vão. E esse desafio torna-se mais instigante 
neste momento em que o empregado se vê envolvido numa rotina diária cada 
vez mais desgastante e massacrante.
Na visão de Veiga (2000), após os sucessivos processos de downsizing, 
reestruturação e reengenharia que marcaram toda a década de 1990, nota-se 
atualmente que as pessoas têm trabalhado cada vez mais, e, por extensão, 
têm tido menos tempo para si mesmas.
Handy (1995, p. 25), com base nessa realidade, declarou que:
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 187
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
O problema começou quando transformamos o tempo em uma 
mercadoria, quando compramos o tempo das pessoas em nossas 
empresas em vez de comprar a produção. Quanto mais tempo 
você vende, nessas condições, mais dinheiro fará. Então, há uma 
troca inevitável entre o tempo e o dinheiro. As empresas, por sua 
vez, tornam-se exigentes. Querem menos tempo das pessoas que 
eles pagam por hora, porém mais das pessoas que pagam por ano, 
porque, no último caso, cada hora extra durante o ano é gratuita.
Limongi (1995 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) e Albuquerque e 
França (1997 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) “[...] consideram que a 
sociedade vive novos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa, 
gerando, em consequência, novos valores e demandas de Qualidade de Vida 
no Trabalho” e que para ajudar a suprir e entender essas demandas é necessá-
ria a interação de outras áreas do conhecimento, tais como: Saúde, Ecologia, 
Ergonomia, Psicologia, Sociologia, Economia, Administração e Engenharia.
Walton (1973 apud RODRIGUES, 1999, p. 81) considera que 
[...] a expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente 
freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos, 
negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço 
tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.
Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48) propôs oito categorias 
conceituais, incluindo critérios de QVT para conceituar qualidade de vida no 
trabalho (Tabela 2).
188 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Tabela 2: Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho (QVT)
Critérios indiCadores Qvt
1. Compensação 
justa e adequada
Equidade interna e externa
Justiça na compensação
Partilha de ganhos de produtividade
2. Condições de 
trabalho
Jornada de trabalho razoável
Ambiente físico seguro e saudável
Ausência de insalubridade
3. Uso e 
desenvolvimento de 
capacidades
Autonomia
Auto-controle relativo
Qualidades múltiplas
Informações sobre o processo total do trabalho
4. Oportunidade 
de crescimento e 
segurança
Possibilidade de carreira
Crescimento pessoal
Perspectiva de avanço salarial
Segurança de emprego
5. Integração social 
na organização
Ausência de preconceitos
Igualdade
Mobilidade
Relacionamento
Senso Comunitário
6. Constitucionalismo
Direitos de proteção ao trabalhador
Privacidade pessoal
Liberdade de expressão
Tratamento imparcial
Direitos trabalhistas
7. Trabalho e espaço 
total de vida
Papel balanceado do trabalho na vida pessoal
Papel balanceado no trabalho
Estabilidade de horários
Poucas mudanças geográficas
Tempo para lazer da família
8. Relevância social 
do trabalho na vida
Imagem da empresa
Responsabilidade social da empresa
Responsabilidade pelos produtos
Práticas de emprego
Fonte: Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48)
Com base na Tabela 2, pode-se destacar a importância doscritérios uti-
lizados pelos autores para avaliar a qualidade de vida total no trabalho, como:
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 189
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
a) compensação justa e adequada – é remuneração justa pelo traba-
lho executado, o respeito à equidade interna (comparação com os 
colegas) e equidade externa (mercado de trabalho);
b) condição de trabalho envolve a jornada e carga de trabalho e os 
meios oferecidos para o desenvolvimento dos serviços: equipamento 
de segurança, equipamentos adequados para o trabalho;
c) uso e desenvolvimento de capacidades implicam condições para 
aproveitamento da capacidade humana e intelectual;
d) oportunidade de crescimento e segurança – consiste em oferecer 
condições de crescimento e segurança, isto é, plano de carreira 
pessoal e estabilidade;
e) integração social na organização – destaca a igualdade independen-
temente da orientação sexual, classe social, idade, etc.;
f) constitucionalismo – serve para medir o respeito aos direitos do 
trabalhador e o cumprimento às leis trabalhistas;
g) trabalho e o Espaço Total da Vida – serve para avaliar o equilíbrio 
entre a vida pessoal e o trabalho;
h) relevância do Trabalho na Vida – avalia a observação do empregado 
em relação à imagem da empresa com a responsabilidade social na 
comunidade e a qualidade do serviço prestado.
Para Bom Sucesso (1998), pode-se dizer, de maneira geral, que a qua-
lidade de vida no trabalho abrange:
a) renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais;
b) orgulho pelo trabalho realizado;
c) vida emocional satisfatória;
d) autoestima;
e) imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;
f) equilíbrio entre trabalho e lazer;
g) horários e condições de trabalho sensato;
h) oportunidades e perspectivas de carreira;
i) possibilidade de uso do potencial;
j) respeito aos direitos; e
k) justiça nas recompensas.
190 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Para Silva e De Marchi (1997), a adoção de programas de qualidade 
de vida e promoção da saúde proporcionaria ao indivíduo maior resistência 
ao estresse, maior estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência 
no trabalho, melhor autoimagem e melhor relacionamento. Por outro lado, 
as empresas seriam beneficiadas com uma força de trabalho mais saudável, 
menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo 
de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um 
melhor ambiente de trabalho.
2.2 Qualidade de Vida no Trabalho: teoria versus Prá-
tica
Ao se avaliarem os conceitos sobre o que é qualidade de vida no traba-
lho, percebe-se que entre a teoria e a prática existe um abismo.
Essa avaliação é feita também pelo Professor Lindolfo Galvão de Albu-
querque, da FEA/USP (LIMONGI-FRANÇA; ASSIS, 1995, p. 28):
[...] existe uma grande distância entre o discurso e a prática. 
Filosoficamente, todo mundo acha importante a implantação 
de programas de QVT, mas na prática prevalece o imediatismo e 
os investimentos de médio e longo prazos são esquecidos. Tudo 
está por fazer. A maioria dos programas de QVT tem origem nas 
atividades de segurança e saúde no trabalhado e muitos nem 
sequer se associam a programas de qualidade total ou de me-
lhoria do clima organizacional. QVT só faz sentido quando deixa 
de ser restrita a programas internos de saúde ou lazer e passa a 
ser discutida num sentido mais amplo, incluindo qualidade das 
relações de trabalho e suas conseqüências na saúde das pessoas 
e da organização.
E o professor ainda acrescenta, de acordo com Limongi-França e Assis 
(1995, p. 29):
QVT é uma evolução da Qualidade Total. É o último elo da ca-
deia. Não dá para falar em Qualidade Total se não se abranger 
a qualidade de vida das pessoas no trabalho. O esforço que tem 
que se desenvolver é de conscientização e preparação para uma 
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 191
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
postura de qualidade em todos os sentidos. É necessária a coe-
rência em todos os enfoques. QVT significa condições adequadas 
e os desafios de respeitar e ser respeitado como profissional. O 
trabalho focado e em serviço social e saúde é muito imediatista. 
É necessário colocar a QVT num contexto mais intelectual, não 
só concreto e imediato. O excesso de pragmatismo leva ao redu-
cionismo. QVT deve estar num contexto mais amplo de qualidade 
e de gestão. A gestão das pessoas deve incluir esta preocupação.
Refletindo sobre o que foi descrito até o momento sobre o que representa 
a QVT, nota-se que os autores descrevem muito bem sobre a importância de 
um PQT e do QVT. Os conceitos sobre o que é o QVT são muito abrangentes 
e mostram que a implantação de um programa de QVT depende da compre-
ensão e dos esforços de todos os envolvidos.
Para que a QVT tenha sucesso, é necessário que ela ultrapasse a fronteira 
da empresa. Não se pode pensar que, concedendo um ambiente favorável 
para o trabalhador dentro da empresa, o restante estará resolvido.
Por outro lado, percebe-se que a falta do conhecimento sobre a impor-
tância do QVT e da sua aplicação tem dificultado o seu sucesso. Isso se explica 
pelo fato de muitos gestores pensarem que se perde muito tempo e dinheiro 
para implantação e manutenção da QVT. Eles preferem investir em tecnologias 
para terem um retorno rápido, esquecendo-se de que quem opera a máquina 
pode não estar dando tudo de si por não estar num ambiente favorável ou 
por não estar motivado. É notável que o investimento em QVT traz retorno 
de produtividade, qualidade e consequentemente financeiro.
Segundo Fernandes (1996, p. 38-39),
Apesar de toda a badalação em cima das novas tecnologias 
de produção, ferramentas de Qualidade etc., é fato facilmente 
constatável que mais e mais trabalhadores se queixam de uma 
rotina de trabalho, de uma subutilização de suas potencialida-
des e talentos, e de condições de trabalho inadequadas. Estes 
problemas ligados à insatisfação no trabalho têm conseqüências 
que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do 
rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada, 
reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito marcante 
sobre a saúde metal e física dos trabalhadores, e em decorrência 
na rentabilidade empresarial.
192 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Nos dias atuais, percebe-se que o trabalho deixou de ser algo prazeroso 
para se tornar algo angustiante e até mesmo deprimente, e isso se deve à 
modernidade, à globalização e ao mercado competitivo, pois as empresas, 
em busca de produção com qualidade, pregoam benefícios aos empregados, 
que, iludidos por esses benesses, acabam se tornando viciados em trabalho.
Isso remete a outro contexto, que é a ética do workaholic, a qual, de 
acordo com Caldas,
[...] não é a de trabalhar para viver, mas viver para trabalhar. Para o 
workaholic, sua carreira é sua vida, seu culto. E o culto da carreira, 
que rege sua obsessão, é guiado pela Deusa do Sucesso. Ele reza 
as receitas de profetas, gurus e “gente bem-sucedida”: ele adora 
heróis empresariais, venera seus símbolos e prega suas palavras e 
ações com fervor, como se fossem verdades universais, como se 
todos devessem conhecer seu evangelho. (CALDAS, 1998, p. 33)
Caldas (1998, p. 33) ainda continua:
Mas como o sucesso é um destino hipotético, a carreira moder-
na e a obsessão do workaholic é uma corrida que não tem fim, 
nem ponto de chegada, nem vencedores. [...] Ser workaholic é, 
em essência, ser moderno. Admira-se o indivíduo obcecado por 
trabalho, como se isto fosse certo e preciso. Como se ele soubesse 
aondevai, ou para quê. Como se ele refletisse sobre seu destino, 
ou sobre seu caminho. [...] Em nossa ânsia de “não ficar para 
trás”, cada vez mais nos movemos mais rápidos, e cada vez mais 
de forma menos reflexiva: passamos da emoção à ação, sem a 
mediação da razão, do pensamento. Corremos tanto que os de-
talhes nos escapam, como as nuances entre o certo e o errado, 
entre o saudável e o doentio, entre o urgente e o necessário.
Para Wood Jr. (1998), a maioria dos workaholics não percebe o aspecto 
patológico de sua conduta. O autor os trata de “mestres da racionalização”. 
Eles são obcecados pelo que fazem e não conseguem fazer outra coisa, mesmo 
quando estão fora do horário de trabalho. Toda a sua vida está focada na 
empresa e ele remete isso aos demais funcionários, exigindo, quando em cargo 
superior, que estes compartilhem da sua ideia, levando muitos empregados 
ao estresse, à depressão ou até mesmo à demissão.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 193
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
O mundo da globalização aumentou a competitividade, exigindo que 
a pessoa seja cada vez mais qualificada, ou seja, “a melhor”, e isso está fa-
zendo com que ela busque constantemente atualização e capacitação para se 
manter ou se colocar no mercado de trabalho e consequentemente ter uma 
boa remuneração. Assim, o indivíduo percebe que isso virou um ciclo vicioso, 
pois as tecnologias mudam muito e, ao tentar acompanhar essas mudanças, 
acaba esquecendo de viver outras realidades e consequentemente perdendo 
qualidade de vida.
Isso leva a refletir quando De Masi (2000, p. 330) indaga por que:
O atual desenvolvimento técnico não é acompanhado de um 
avanço semelhante na convivência civil e na felicidade humana; 
como e por que milhões de trabalhadores, embora libertados do 
embrutecimento físico, dotados de máquinas portentosas, encar-
regados de deveres intelectuais por vezes até agradáveis e bem 
pagos vivem numa condição estressante e insuportável; como e 
por que a conquista da precisão transformou-se em idéia fixa da 
pontualidade, da produtividade a todo custo, da competitivida-
de, dos prazos, dos controles, das avaliações, dos confrontos; e, 
como e por que o progresso material não se traduziu em melhor 
qualidade de vida, enfim, a resposta está na mentalidade de 
dirigentes interessados apenas nas glórias passageiras.
E o autor continua:
Eles desumanizam as organizações que dirigem. Eles não são 
efetivamente agentes do progresso humano; estão muito longe 
disso. Sua conduta auto-crática e tacanha não permite vislumbrar 
as finalidades nobres do trabalho. E cedo ou tarde eles são traga-
dos pelo próprio monstro que geraram. (DE MASI, 2000, p. 330)
Essas leituras mostram que o desenvolvimento de tecnologias e a 
globalização fizeram com que as pessoas se envolvessem demais com o seu 
trabalho ao ponto de muitos se esquecerem de sua vida familiar e do lazer, 
tudo em nome de sucesso e/ou garantia do emprego, pensando com isso ter 
melhor qualidade de vida. Porém, não percebem que isso é ilusório, pois, 
junto com o sucesso profissional, muitas vezes vêm o estresse, a depressão e 
a necessidade de trabalhar cada vez mais para manter o status quo.
194 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
3 Metodologia
Todo trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que 
permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Exis-
tem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa 
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de 
recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito 
do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2002)
Conforme Salomon (2004), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se em 
conhecimentos proporcionados pela Biblioteconomia e pela Documentação, 
entre outras ciências e técnicas empregadas de forma metódica envolvendo a 
identificação, localização e obtenção da informação, fichamento e redação do 
trabalho científico. Esse processo solicita uma busca planejada de informações 
bibliográficas para elaborar e documentar um trabalho de pesquisa científica.
Assim, de acordo Salomon (2004), pode-se dividir a pesquisa biblio-
gráfica em três fases:
a) Fase da preparação: compreende identificação, localização, fichamento 
e obtenção da informação.
b) Fase de realização: abrange a realização do fichamento do docu-
mento localizado e obtido que, após o procedimento da leitura, 
será selecionado definitivamente para a elaboração da redação do 
trabalho científico.
c) Fase da comunicação: conforme El-Guindy (2004, p. 79), “A co-
municação é a coroação do trabalho de investigação científica, e ao 
mesmo tempo, o momento de maior realização do pesquisador.” Nessa 
etapa dar-se-á a redação do trabalho científico por meio do produto 
científico já determinado de acordo com os propósitos da pesquisa.
O procedimento de obtenção dos dados para a elaboração deste artigo 
foi através de fontes secundárias, tais como livros, artigos, usando-se a pesqui-
sa bibliográfica. Esse tipo de pesquisa é feito com base no levantamento de 
referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, 
como livros, artigos científicos, páginas de websites.
Essa pesquisa está dividida em três fases: preparação (leitura e seleção 
do material bibliográfico; elaboração (organização do material lido); e co-
municação (considerações e encaminhamentos acerca do tema em estudo).
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 195
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
Quanto à natureza da pesquisa, ela é definida como básica, pois o 
objetivo desse tipo de pesquisa é gerar conhecimentos novos, úteis para o 
avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e inte-
resses universais.
Essa metodologia é a mais apropriada, segundo Richardson 
et al. (1989), quando se procura explicar o funcionamento de 
estruturas sociais, ou quando se propõe analisar um fenômeno 
singular (Boudon, 1989), buscando verificar suas origens ou 
razões. (RICHARDSON et al., 1989; BOUDON, 1989 apud 
METODOLOGIA..., 2013)
É oportuno lembrar que o QVT é um tema complexo sob o ponto de 
vista da compreensão e recente sob o ponto de vista da investigação (pesquisa).
4 Considerações Finais
Este artigo foi elaborado com o objetivo de descrever os principais 
conceitos e ideias que melhor representassem o significado de Qualidade de 
Vida no Trabalho (QVT) e, a partir desse conhecimento, propor no futuro um 
estudo mais avançado para a criação de um modelo de QVT no departamen-
to de combate às endemias, mais especificamente a dengue, da Secretaria 
Municipal de Saúde de Florianópolis.
A partir dessa abordagem, percebe-se que a qualidade de vida no 
trabalho é um tema extremamente complexo e mais ainda quando avaliado 
na prática. Para Bodstein (1997) e Rodrigues (1999), sempre houve uma 
preocupação com a qualidade de vida do trabalhador, mesmo que superficial.
Na avaliação de Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42),
Houve uma evolução do conceito de QVT. Mas, na prática não 
foi equivalente, pois com o aumento da competitividade e a 
globalização as empresas passaram a produzir mais e conseqüen-
temente a exigir mais qualidade nas tarefas executadas por parte 
dos empregados, levando muitos deles a fadiga física e metal.
Segundo Matos (1996, p. 34),
196 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Para se falar de qualidade de vida, temos que entrar no campo da 
motivação humana, buscando descobrir quais as necessidades do 
homem e o que aspira como realização de vida. A qualidadede 
vida importa consciência individual e social sobre o significado 
da vida para que o homem coloque sua força transformadora 
em sua realização plena.
Porém, percebe-se que muitas empresas, ao implementarem a qualidade 
de vida no trabalho, o fazem para reduzir os afastamentos e/os atestados, e 
dessa forma aumentarem a produtividade.
Não dá para falar de qualidade total sem levar em conta a qualidade de 
vida das pessoas. A qualidade de vida no trabalho não deve ser encarada como 
uma forma de apregoar favores ao trabalhador, mas uma forma de interagir 
o trabalhador e a empresa para o crescimento e desenvolvimento de ambos.
Percebe-se que muito precisa ser feito e entendido para que a QVT 
tenha sucesso e não seja apenas um modismo.
O estudo da QVT mostra que, se aplicada de maneira sensata e sem 
interesses particulares, todos tem a ganhar, pois, através da QVT, é possível 
criar um vínculo estável e de companheirismo entre empregado e emprega-
dor, uma vez que nesta relação todos têm voz e vez, tornando o ambiente de 
trabalho muito mais agradável.
Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar 
uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre capital 
e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.”
Um dos objetivos específicos deste artigo é o de obter conhecimento 
suficiente para propor no futuro um estudo mais avançado para a criação de 
um modelo de QVT no departamento de combate a endemias da Prefeitura 
Municipal de Florianópolis, mais especificamente no setor de combate ao 
mosquito Aedes aegypti, em que se percebe que a QVT não existe ou está 
comprometida, já que, após um levantamento administrativo sobre os motivos 
das faltas dos funcionários do setor, verificam-se afastamentos por problemas 
de saúde, outros faltam constantemente por motivos injustificáveis, outros 
com atestados médicos e/ou perícias médicas, outros readaptados e/ou se 
encontram emocionalmente abalados.
Pretende-se, com este estudo, despertar a atenção e sensibilizar os ges-
tores públicos responsáveis pelo bem-estar dos funcionários para que possam 
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 197
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
tomar atitudes que viabilizem o estudo e a implantação da QVT nos serviços 
públicos, pois estes são os que menos investem e se preocupam de fato com 
o bem-estar dos seus colaboradores.
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