AULA 5 - PSICOLOGIA COMUNITÁRIA - O sofrimento ético-político como categoria de exclusão/inclusão

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O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
AULA 5
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
AUTORA: BADER SAWAIA
DOUTORA EM PSICOLOGIA SOCIAL
PROFESSORA DE PSICOLOGIA DA PUCSP
“ A linha que separa o bem do mal não passa pelo Estado, nem entre classes, tampouco por partidos políticos, mas exatamente em cada coração humano, e por todos os corações humanos”.
Soljenitsin
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
Justificativas do texto:
1- opção pela afetividade, em especial pelo sofrimento, para estudar a exclusão;
2- qualificação do sofrimento como ético político
3- expressão dialética da exclusão/inclusão
Recuperar conceitos discriminados pelas ciências nas análises de questões sociais e perguntar por que eles foram excluídos ou classificados como patológicos ou a nível de desordem
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
Afetividade – tonalidade e cor emocional que preenche a existência do ser humano.
Se apresenta como:
Sentimento – reações moderadas de prazer e desprazer que não se refere a objetos específicos;
Emoção – fenômeno afetivo intenso, breve , centrado em fenômenos que interrompem o fluxo normal da conduta
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
Afetividade – conceito desestabilizador da análise psicossocial da exclusão
Perguntar por sofrimento e por felicidade no estudo da exclusão é superar a concepção de que a preocupação do pobre é a sobrevivência .
Se justifica trabalhar a emoção de quem passa fome ?
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
Coloca no centro das reflexões sobre a exclusão a ideia de humanidade
Exclusão e a ideia de desejo, temporalidade e afetividade ao mesmo tempo ideia de poder, de economia e de direitos sociais.
Exclusão vista como sofrimento de diferentes qualidades, dá força ao sujeito sem tirar a responsabilidade do Estado.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
Sofrimento do sujeito tem sua gênese nas intersubjetividades delineadas socialmente.
Estudar a exclusão através das emoções de quem a vive é refletir sobre o descompromisso com o sofrimento do homem por parte do Estado, da sociedade civil e do próprio indivíduo.
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Para Bordieu – é preciso combater a tecnocracia econômica e trazer à tona o conhecimento dos homens, seu cotidiano e seu sofrimento.
Psicologia social deve contribuir com estas questões , não apenas introduzindo a emoção como tema de pesquisa e reflexão.
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Reflexão:
Exclusão a partir da afetividade
Exclusão é uma questão ético-política
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Agnes Heller nasceu em Budapeste. Foi professora de sociologia na Universidade de Trobe, na Austrália. Atualmente leciona na New School for Social Research, em Nova Iorque.
Na sua teoria, Heller divide a vida em atividades cotidianas (objetivadas) e não-cotidianas (de certa forma as subjetivadas). Todo homem nasce no cotidiano, mas ao produzir reflexões teóricas, filosóficas, artísticas e políticas estaria na dimensão não- cotidiana, que, evidentemente, tem sua origem no próprio cotidiano.
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna. Spinoza propunha uma espécie de determinismo, segundo o qual absolutamente tudo o que acontece ocorre através da operação da necessidade. A liberdade é a nossa capacidade de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos.
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Vygotsky é o grande fundador da escola soviética de psicologia histórico-cultural. Era necessário, na época, a construção de uma ponte que ligasse a psicologia "natural", mais quantitativa, à psicologia "mental", mais subjetiva. A psique é sempre efetivamente social e efetivamente construída. A oposição social × individual deve ser substituída por individual e coletiva, entendendo por coletivo as contribuições do indivíduo à coletividade (histórica, cultural, institucional).
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Estes autores concebem a emoção positivamente como constitutiva do pensamento e da ação , coletiva ou individual.
Processo imanente que se constitui e se atualiza pelas diferentes manifestações históricas
Emoção – fenômeno objetivo e subjetivo – matéria prima da condição humana.
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Qualifica-se pela maneira como sou tratada e trato o outro na intersubjetividade.
Dinâmica, conteúdo e qualidade são determinados pela organização social
É o retrato das vivências cotidianas das questões sociais dominantes em cada época histórica
Sofrimento que surge de ser tratado como inferior sem valor ou inútil na sociedade.
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Revela a ética da vivência cotidiana da desigualdade social
Revela a negação imposta socialmente à maioria de apropriar-se da produção material, cultural e social de sua época
Revela a negação de se movimentar no espaço público
Revela a negação de expressar desejo e afeto.
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Contraponto : felicidade pública ou ético política
Felicidade pública ou ético política – conquista da cidadania e da emancipação de si e do outro
Felicidade pública ou ético política – ultrapassagem da prática do individualismo e do corporativismo para abrir-se à humanidade
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
Conhecer o sofrimento ético político – analisar as formas sutis de privação humana por trás da aparência de integração social; entender a exclusão/inclusão como : desigualdade social, injustiça e exploração.
Ideias-força deste momento histórico – subjetividade e seus correlatos – emoção e sentido pessoal
Valorização do afeto e da sensibilidade – banalização do mal do outro e insensibilidade ao sofrimento do outro. (leitura do parágrafo: “ Vivemos...p.106)
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SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO
A referência ao sofrimento e à felicidade ético política é a negação da afetividade narcísica.
Afetividade narcísica – vê na multiplicidade humana um perigo mortal e não um potencial inexplorado de potencialidades sociais não realizadas.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
DIALÉTICA DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO
Exclusão/inclusão – formam um par indissociável que se constitui na própria relação
Excluídos não formam uma categoria homogênea e inerte ocupada apenas com a sobrevivência física e presa às necessidades.
Excluídos - aqueles que estão incluídos socialmente pela exclusão dos direitos humanos
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
DIALÉTICA DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO
- A análise da exclusão através do sofrimento ético político permite perceber que a exclusão é um processo complexo, configurado nas ligações entre o pensar, sentir e agir e as determinações sociais estabelecidas pela raça, classe, idade e gênero.O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
DIALÉTICA DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO
- Pesquisas sobre moradores de rua – formas de configurar o pensar, agir e sentir na exclusão que vão desde os que resistem à exclusão; aos que se subjugam à exclusão; e os que não querem sair da situação atual , porque ela é boa.
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DIALÉTICA DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO
Questões:
Não querer sair da rua é uma experiência de liberdade ? É uma revelação de ruptura social e psicológica com a inclusão? É o abandono do direito de sua própria liberdade ? É a cristalização de uma identidade negativa? É uma auto repressão de quem já interiorizou a servidão e a miséria que não quer desejar outra coisa quando lhe é oferecida ?
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DIALÉTICA DA EXCLUSÃO/INCLUSÃO
Respostas às questões : seriam orientações para políticas públicas
Apoio da Psicologia Social – para fornecer conceitos e teorias para compreender estes discursos dos excluídos no plano intra e intersubjetivo.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE À DIALÉTICA DA EXCLUSÃO / INCLUSÃO
 Substituição de dois conceitos centrais do trabalho psicossocial clássico – conscientização e educação popular - pelo conceito de potência de ação.
Potencializar – significa atuar ao mesmo tempo na configuração da ação, do significado e da emoção, de forma coletiva e individual.
Potencializar – pressupõe desenvolver valores éticos, na forma de sentimentos, desejos e necessidades para superar o sofrimento ético político.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE À DIALÉTICA DA EXCLUSÃO / INCLUSÃO
Moradores de rua – mesmo na miséria não estão reduzidos às necessidades biológicas; o sofrimento deles revela o processo de exclusão, sendo o maior deles o descrédito social.
Não é apenas o desejo de igualar-se , mas de diferenciar-se e ser reconhecido.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE À DIALÉTICA DA EXCLUSÃO / INCLUSÃO
Orientação teórico prática da Psicologia Social: associação de duas estratégias de enfrentamento da exclusão:
1- material e jurídica – estratégia de responsabilidade do poder público
2-afetiva e intersubjetiva - compreensão e análise do excluído na luta pela cidadania
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PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE À DIALÉTICA DA EXCLUSÃO / INCLUSÃO
Práxis psicossocial – em comunidades, empresas ou escolas – fortalecer a legitimidade social de cada um pelo exercício da legitimidade individual.
Evitar atividades que impedem a sensibilidade, alimentam a passividade, limitam o conhecimento e a reflexão crítica do presente.
Preocupação com a potencialização de cada um e da coletividade.
O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão
PSICOLOGIA SOCIAL FRENTE À DIALÉTICA DA EXCLUSÃO / INCLUSÃO
Práxis psicossocial deve combater a miséria e a banalização do mal do outro
Introdução da afetividade na análise e na prática de enfrentamento da exclusão é colocar a felicidade como critério de definição da cidadania e do cuidado que a sociedade eo Estado tem com o seu cidadão.