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A PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR E O MULTIPLICADOR O multiplicador ✓ No capítulo anterior Keynes coloca que segundo o que chama de lei psicológica fundamental, quando aumenta a renda da comunidade o seu consumo não cresce em montante absoluto igual, os agentes poupam parcela da renda. ✓ Mostra que o emprego aumenta pari passu com o investimento. ✓ Discute agora a relação entre renda e investimento: qual a variação de renda que deverá ocorrer quando há alteração do investimento. • Keynes estabelece o multiplicador de investimento O multiplicador de investimento ✓O que é o multiplicador de investimento? • Ele indica que, quando se produz um acréscimo no investimento total, a renda sobe num montante igual a k vezes o acréscimo do I • k = é o multiplicador de investimento ✓O multiplicador de investimento é derivado do conceito de PMgC. ▪ Considerando que: ΔY => 1 > ΔC > 0 O multiplicador de investimento ✓ Em I + C + G = Y, ✓ substituindo C por C = CA + cY, ✓ obteremos I + CA + G = Y (1 – c) ✓Quando há variação do investimento, temos: ΔY = ΔI ; (1-c) ✓ Quando há incremento do investimento - por exemplo, em obras públicas ou investimento do setor privado - o aumento do emprego só ficará restrito ao emprego primário proporcionado pela elevação do gasto em I, caso a comunidade mantenha o consumo inalterado, apesar do aumento do emprego e da renda O multiplicador de investimento ✓O investimento, ao crescer, estimula a renda e a produção das indústrias que produzem para o consumo, ampliando novamente a renda até gerar a poupança necessária para financiar o investimento realizado. ✓ “O seu esforço para consumir uma parte da renda suplementar estimulará a produção até que o novo nível (e distribuição) das rendas proporcione uma margem de poupança suficiente para corresponder ao investimento ampliado.” (TG 119) A multiplicação da renda ✓Como? O que ocorrerá quando houver I2 > I1 => ΔY: ✓Δ na renda dos produtores de bens de capital (lucros e salários), assim como na renda dos produtores dos bens intermediários necessários à produção incrementada de bens de capital; ✓essa variação na renda determina variações no consumo: ▪ΔC = c. ΔY; ✓as novas decisões de consumir geram nova renda (para os produtores de bens finais e para os produtores de bens intermediários necessários à produção dos 1os)... Exemplificando ✓ Considerando uma propensão marginal a consumir igual a 0,8: ▪ a variação inicial do investimento de 100 gera um aumento de 80 no consumo; • o excesso da renda sobre o consumo é “poupado”; ▪ a variação de 80 no consumo gera variação de 80 na renda e nova variação no consumo, mas somente de 64 (80 x 0,8); ✓ ΔI gera ΔY = ΔI + ΔC. ΔI inicial ΔY ΔC ΔS 100 100 80 20 80 64 16 64 51,2 12,8 ... ... ... Total 100 500 400 100 Propensão marginal a consumir e multiplicador O multiplicador k = 1/(1-c); ▪se c = 0, o multiplicador é igual a 1; ▪se c = 1, o multiplicador tende a infinito... c k 0 1 1/3 1,5 1/2 2 3/4 4 9/10 10 1 Infinito Pensando graficamente A economia encontra-se em repouso no ponto A ao longo da linha de 45o, Y = I + C. C = CA + cY Y C, I C + IA A Y1 IA + C1 C1 IA 45o Desequilibrio e ajustamento Há variação do I sem aumento do C C = CA + cY Y C, I C + I1 A Y1 I1 + C1 C + I2 ‘ Variando o investimento, sem variação no consumo, a relação C/Y torna-se inferior ao que poderia alcançar.’ C1 I2I1 O novo equilíbrio C = CA + cY Y C, I C + I1 A Y1 I1 + C1 C + I2 Y2 B O multiplicador leva a economia ao ponto B. I2 + C2 C1 C2 I2 I1 Variações no gasto autônomo ✓ Em I + CA+ G + (X – M) = Y, (1 – c) ❑ variações autônomas (em relação à renda) do gasto deslocam a função demanda agregada e deflagram o efeito-multiplicador (i.e., variações induzidas no consumo): ▪ ΔA. [1/(1-c)] = ΔY • por exemplo, ΔCA/(1-c) = ΔY; • pode-se imaginar que CA é função de várias outras variáveis, como a taxa de juros, a confiança do consumidor, as cotações de itens importantes na riqueza das famílias como imóveis e ações, etc... Multiplicador do emprego ✓Se os preços são dados, a variação autônoma no gasto ΔA gera uma variação total na renda real ΔY= Δ A.k; ✓Para que a renda real aumente, o emprego deve também aumentar; ✓ logo, é possível definir um multiplicador do emprego; ✓Okun constatou que, para a economia norte-americana, cada 3 pontos percentuais a mais no crescimento no PIB real reduzem a taxa de desemprego em 1%. O multiplicador na economia aberta e com governo ✓Uma possível função de demanda agregada é: I + CA +c.Y + G + X – m.Y = Y ▪ m = propensão marginal a importar; ▪ Como há governo, há impostos e transferências governamentais: C = CA + c(Y – tY + TR) = CA + cYd sendo: ▪t = alíquota do imposto sobre a renda; ▪TR = transferências do governo ao setor privado ▪Yd = renda disponível. ▪ Então, I + CA +c.Y – ctY + cTR + G + X – m.Y = Y O multiplicador na economia aberta e com governo ✓ I + CA +c.Y – ctY + cTR + G + X – m.Y = Y; ▪ I + CA + cTR + G + X = Y(1 – c – ct + m) ▪ Y = I + CA + cTR + G + X; 1 – c(1 – t) + m ▪ΔY = ΔA . 1 ; 1 – c(1 – t) + m ✓Variações em A (I, CA, cTR, G ou X) deflagram o efeito-multiplicador; ✓Dado o ΔA, o multiplicador k ▪ aumenta com c; ▪ cai quando t e m aumentam. Fatores que podem restringir o multiplicador ✓Possíveis restrições: 1.A forma de financiamento pode elevar a taxa de juros e retardar os investimentos em outras direções. 2.Pode haver aumento do custo dos bens de capital e reduzir a EMgK. 3.O programa do governo pode afetar a confiança e ter efeito sobre a preferência pela liquidez ou diminuir a EMgK 4.Parte dos gastos pode vazar para o exterior 5.A PMgC não é constante e pode diminuir quando a renda cresce Fatores que podem restringir o multiplicador ✓ As diferentes compensações leva à queda do multiplicador “De qualquer modo, é pelo princípio geral do multiplicador que se deve explicar como as flutuações no montante do investimento, comparativamente pequenas em proporção à renda nacional, podem gerar alterações no emprego e na renda globais de amplitude muito maior que elas próprias” (TG 123) O multiplicador como processo no tempo ✓O efeito do tempo e os possíveis desequilíbrios ▪ Pode retardar se o aumento do I e do emprego nas indústrias de BK não é previsto e, a princípio, não se verificar aumento nas empresas produtoras de bens de consumo ▪ Isto pode trazer certo desequilíbrio de produção entre os dois setores, com aumento dos preços de bens de consumo e redistribuição de renda a favor dos empresários deste setor. ▪ As indústrias de bens de consumo vão pouco a pouco se adaptando à nova procura. ✓O tempo de reação dos empresários do setor de bens de consumo e o grau de utilização da capacidade produtiva ▪ o tempo de reação e o efeito do multiplicador é curto se houver capacidade ociosa e depender apenas do aumento do emprego ▪ é maior se a expansão das indústrias de BK não foi prevista e exigir aumento de investimento. ▪ o aumento do investimento total deve ocorrer em períodos sucessivos num certo intervalo de tempo ✓A expansão depende das expectativas sobre o valor do Δ C O multiplicador como processo no tempo ✓“O essencial é perceber que o transcurso do efeito-multipicador no tempo envolve a modificação das expectativas de curto prazo e a inter-relação de um grande conjunto de decisões individualmentetomadas pelas empresas, provavelmente ao longo de vários períodos curtos. O efeito-multiplicador é tudo menos um mecanismo automático.” (AC 189) ✓Coloca-se a questão da incerteza. Papel da política fiscal ✓O papel da política fiscal como fator de expansão na crise econômica ✓A política fiscal e os gastos baseados em empréstimos
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