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apostila curso arteterapia completo

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autores. 
 
Depois da breve observação, vamos passar para a próxima imagem, 
trabalhando no sentido de aumentar nossa compreensão de arte, de mundo e de 
subjetividade. 
 
 
FIGURA 2 – “O GRITO” DE EDVARD MUNCH (1893) 
 
FONTE: Disponível em: <www.pitoresco.com.br/espelho/destaques/grito/index.htm> 
Acesso em: 17 jan. 2009. 
 
 
E esse quadro, qual impressão ele lhe causa, em que o autor pensava ou o 
que ele sentia ao pintar essa figura? 
E então como foi a experiência? Foi possível perceber as relações entre 
observador e imagem? 
Ao fixarmos os olhos na imagem, por mais que não tenhamos consciência, 
diversos sentimentos, ideias e pensamentos surgem, quase que automaticamente. 
A Figura 1, uma tela de Claude Monet (1840-1926), artista francês, faz parte 
da série “Ninfeias”, fase em que o pintor se dedicava à pintura de flores do jardim de 
sua própria casa. Neste momento da vida artística, Monet reflete em suas telas um 
ambiente de paz, natureza, vida, luz. As obras de Monet permitem que se mergulhe 
no universo da pintura, fica fácil se transportar para a cena exposta e sentir a 
emoção de estar ali, participando da imagem. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. 
 
As telas de Monet causam realmente uma “impressão”, não tem como ficar 
indiferente, o trabalho com as cores, as luzes, os reflexos e as sombras, causam um 
impacto. 
 
 
Na fase em que se dedicou à pintura de lírios (1914-1922) o artista revelou 
uma enorme habilidade no trabalho com nuances e luzes. Algumas obras de Monet 
fazem uma ponte entre o real e o abstrato, pois partem de uma beleza real que os 
olhos veem para uma beleza que se consegue apenas com o treino na observação e 
na capacidade de deixar o pensamento fluir para além da percepção visual, rumo ao 
imaginário criativo, e esse é mais um encanto nas suas obras, as quais permitem 
serem visualizadas de várias formas, de acordo com as particularidades do 
observador. A impressão é de visualizar a cena “ao vivo e em cores”. Quanta 
singeleza e quanta perfeição. 
As paisagens representadas são passagens para outro mundo, outra vida, 
uma vida mais tranquila, menos estressante, com ar mais puro, flores, tempo para 
descansar, cheiro de mato, som de água jorrando... 
E quanto ao segundo quadro (Figura 2), uma obra de Edvard Munch (1863 – 
1944), pintor expressionista (estilo este que preserva mais a expressão das ideias e 
sentimentos do artista do que a própria realidade). As cores são utilizadas no sentido 
de dar vida aos sentimentos do artista. O sentimento de angústia e dor que se tem 
ao olhar para o quadro não é mera coincidência. A tela parece retratar fielmente 
como Munch sentia-se na ocasião, retrato de sua revolta e desespero frente aos 
infortuitos que a vivência terrena lhe proporcionava. 
Munch recebeu do pai uma educação extremamente rígida, para seguir a 
carreira artística acabou rompendo laços com o patriarca da família e seguindo para 
Oslo na Noruega. Desde muito cedo, a imagem sinistra da morte deixou marcas em 
sua vida, ainda na sua infância assistiu a morte da mãe, mais tarde perdeu duas 
irmãs. A doença também o assombrou, sua irmã mais nova teve uma patologia 
psiquiátrica e ele próprio vivia muito doente. 
 
 
 
 
 
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A figura humana, aparentemente desestruturada, doente, retratada em “O 
Grito” mostra o desespero de ver o mundo se desfazendo em uma grande fúria, 
(note os tons de vermelho no céu) a perenidade da vida e a incapacidade frente à 
morte. Certamente este cenário é capaz de retratar a impressão que se tem quando 
um ente querido vem a falecer. Nós, ali, estagnados no caminho da vida, e a morte 
roubando, sem misericórdia alguma, alguém importante em nossa vida. 
A morte é uma imposição desleal ao ser humano, pois não oferece trégua ou 
recursos adicionais para o combate, não se pode fazer nada, apenas se conforma, 
ou se desespera. Por ser, assim, tão carrasca e provocar diversos sentimentos de 
dor, esse tema é retratado frequentemente por inúmeros artistas. 
Munch conseguiu uma maneira de sublimar toda essa angústia por meio da 
pintura. O que restava a ele, senão pintar o seu grito, a sua dor? A ansiedade é 
demonstrada não apenas no semblante do personagem, mas também no fundo, 
todo estremecido pelo grito, uma percepção de mundo bastante distorcida pelos 
sentimentos de quem vive em grande sofrimento. 
A arte por seu aspecto subjetivo permite diversas interpretações, aqui 
apresentamos uma delas, mas alguns estudiosos da obra de Munch acreditam que o 
que é retratado no quadro é um episódio de Tsunami e uma erupção vulcânica (o 
vermelho representaria a lava). Neste caso, o desespero representado seria das 
pessoas da região da tragédia. 
Contudo, provavelmente todos concordam que a angústia, a doença e a 
morte são temas muito presentes em sua obra. 
Trabalhar com a morte cria um clima de melancolia e tristeza, entretanto o 
terapeuta deve tomar contato com esses temas, pois durante seu trabalho clínico 
provavelmente vai se deparar com diversas psicopatologias que iniciaram com a 
morte de uma pessoa querida. 
Pausando nossa viagem pelas telas desses dois grandes pintores, voltemos 
ao conceito de arte. 
No seu original a palavra “arte” vem do latim e equivale ao verbete grego 
“tékne”. A arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, 
sabendo que tékne se traduz em criação, fabricação ou produção de algo. 
 
 
 
 
 
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De certa forma, as obras de arte também são formas de compreender a 
realidade, dentro de uma dimensão histórica, social e cultural. 
Portanto, por mais que tenhamos diferentes reflexões sobre o que é arte, 
não possuímos uma definição ou um conceito completo, definitivo e acabado. As 
conclusões são baseadas nos conhecimentos e vivências acumuladas ao longo da 
existência, determinadas em grande parte pelas transformações sociais. 
O desenvolvimento da arte não está enraizado em seu tempo, na realidade, 
ele ultrapassa a dimensão da história e do contexto social, dinamicamente acaba 
adquirindo formas de acordo com a percepção do observador e pela sociedade à 
qual ele pertence. Podemos afirmar que ela é feita duas vezes, uma pelo artista e 
outra pelo observador e assim se estabelece uma relação, vejamos o diagrama 
abaixo: 
 
 
 
 
 
Observando o diagrama percebe-se que a relação é cíclica, pois a obra do 
artista é recebida pelo público de acordo com o contexto social e cultural, mas a 
inspiração para a execução da obra também surge das influências sócio-históricas 
de determinada época. 
Esse é um conceito bastante amplo e significativo, pois permite que a arte 
seja entendida, considerando, por um lado as experiências emotivas e cognitivas de 
cada espectador e, por outro, o contexto social, histórico, político e cultural, tanto de 
 
OBRA 
ARTISTA 
 
PÚBLICO 
CONTEXTO SOCIAL 
 
 
 
 
 
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produções quanto de análises processuais das diversas áreas da expansão artística: 
artes visuais, música, teatro ou dança. 
 
 
1.2 A ARTE E SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA CULTURA 
 
 
Pela arte pensamentos tomam forma e ideais de culturas e etnias têm a 
oportunidade de serem apreciados pela sociedade no seu todo. Assim, o conceito de 
arte está ligado à história do homem e do mundo, porém não está preso 
necessariamente a determinado contexto, é essencialmente mutável. 
Para exemplificar, voltemos algumas décadas no tempo e analisemos como 
a arte era entendida antigamente. Como será que nossos bisavôs definiriam a arte? 
Possivelmente, na época, fosse difícil pensar em uma arte digital, ou no 
desenvolvimento de uma ciberarte (manipulação das novas tecnologias e mídias 
atuais para a construção de objetos artísticos), mas hoje esse fator é determinante 
para compreendermos a arte num sentido mais amplo e completo. 
 
Tudo passa pelas tecnologias e a humanidade está marcada pelos desafios 
políticos, econômicos e sociais decorrentes de uma nova configuração da 
realidade, em que campos da atividade humana, estão utilizando 
intensamente as redes de comunicação e a informação computadorizada 
(SANTOS, 2006). 
 
O conceito de obra de arte é uma construção social, não pode ser um 
trabalho isolado. A arte possibilita um diálogo com quem a observa, cria situações 
que podem se tornar desafiantes para o apreciador e, algumas vezes, os materiais 
utilizados na própria composição propõem uma reflexão sobre o significado da arte. 
 
Um novo tipo de sociedade condiciona um novo tipo de arte. Porque a 
função da arte varia de acordo com as exigências colocadas pela nova 
sociedade; porque uma nova sociedade é governada por um novo esquema 
de condições econômicas; e porque mudanças na organização social e, 
 
 
 
 
 
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portanto, mudanças nas necessidades objetivas dessa sociedade, resultam 
em uma função diferente de arte (KOELLREUTTER, 1997). 
 
 
 
Contudo, a arte está ligada aos fatores históricos e sociais, mas dialoga 
ativamente com nossa sociedade, criando os estilos de época, e acompanhando a 
evolução do homem e da tecnologia. 
 
 
 
 
 
Quando se lida com as formas em artes visuais convive-se habitualmente 
com as relações entre superfície, espaço, volume, linhas, cores e a luz. 
Cada um desses elementos tem suas próprias possibilidades expressivas e 
são ricos em significados, tanto em si mesmo como em relação aos demais. 
E todos eles são intermediados pelos autores e observadores ao se 
utilizarem de métodos e técnicas específicas para produzi-las e percebê-las 
(SANTOS, 2007). 
 
Ressalta-se ainda o valor de uma educação da práxis artística, preocupada 
com o aprofundamento de conceitos, critérios e processos, considerando o universo 
de visualidade do mundo contemporâneo e a complexidade do discurso visual, e 
EXPERIÊNCIAS 
PESSOAIS 
 
PÚBLICO 
 
POLITÍCA 
 
CULTURA 
 
TECNOLOGIA 
 
SOCIEDADE
FATORES 
HISTÓRICOS 
 
REALIDADE
 
ARTE 
 
 
 
 
 
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nesse contexto, promovendo a ampliação e enriquecimento dos repertórios sensível-
cognitivos, aprofundando os modos de ver, observar, expressar e comunicar por 
meio de imagens, sons ou movimentos corporais. 
Muitas vezes, o primeiro contato que os indivíduos têm com a arte é na 
escola, nas aulas de arte, obrigatórias no currículo do ensino fundamental. Espera-
se que os estudantes, nestas aulas, vivenciem intensamente o processo artístico, a 
fim de contribuir significativamente em seus modos de fazer técnico, de 
representação imaginativa e de expressividade. Ao mesmo tempo, espera-se 
também que aprendam sobre os artistas e obras de arte de diferentes períodos, 
complementando assim seus conhecimentos na área. 
Mas, será possível que o professor de artes trabalhe com as funções 
terapêuticas do fazer artístico? 
O professor pode explorar, estudar e se especializar em arteterapia e, na 
medida do possível, conversar sobre as produções de seus alunos, se algum caso 
chamar sua atenção e ele não conseguir dar conta em sala, é aconselhável que ele 
faça o encaminhamento do aluno para um atendimento psicológico. 
A arte foi e é sinônimo de expressão de sentimentos, emoções, revoltas, 
traumas... Nossa forma de ver a arte ou de fazer arte revela a compreensão que 
temos do mundo. Vejamos isso mais a fundo no Módulo 3. 
 
 
 
 
 
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1.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO 
HUMANOS 
 
 
Nosso mundo é essencialmente visual, estamos cercados por imagens. 
Viver nos espaços urbanos é deparar-se com múltiplos estímulos visuais. No 
entanto, os apelos visuais não se limitam a espaços geográficos. Meios de 
comunicação como a televisão e a internet fazem circular imagens em tempo real 
por qualquer lugar do mundo. Isso faz com que um episódio do Japão possa ser 
visto no Brasil paralelamente ao fato. Por isso, mesmo em uma pequena cidade 
pode-se ter acesso ao mundo todo. 
Os diversos apelos visuais interferem na compreensão que se tem sobre o 
dia a dia, a vida, o trabalho, a política, os valores morais e contribuem para formular 
ideias sobre lugares, culturas, fatos. 
 
 
 
 
Nosso cotidiano está povoado de imagens da mídia, propagandas, folhetos, 
fotos, imagens, reportagens, enfim, há muitas formas visuais. Todas essas formas 
correspondem a maneiras de interpretar o mundo. São maneiras de se integrar ao 
tempo e ao espaço. 
As imagens postas em jogo no cotidiano instauram a necessidade de 
interpretação, isso porque são formas criadas a partir de certa cultura, dentro de 
uma ideologia, ou seja, não são neutras. 
 
 
 
 
 
 
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Ao criar uma determinada obra, o artista se vale da matéria construída 
socialmente. Como parte da cultura, a arte é a maneira de indicar os 
caminhos poéticos trilhados por aquele grupo. Criar uma obra de arte vai 
além da utilização da linguagem (desenho, pintura, escultura), vai além do 
domínio técnico, porque criar uma forma demanda reflexão, conhecimento 
sobre o objeto. Além disso, a obra de arte comunica ideias (PEREIRA, 
2007). 
 
 
 
 
 
A arte de rua, um muro grafitado, uma parede desenhada, são transmissões 
de ideias, concepções de mundo, formas de pensar. 
 
Os elementos de visualidade apresentam-se sempre articulados 
expressivamente e em situações compositivas indicadas por: movimentos 
(reais ou aparentes), direções, ritmos, simetrias/assimetrias, contrastes, 
tensões, proporção, etc. E são percebidas por nós nessa totalidade, embora 
seja possível discriminá-la quando aprendemos a fazer exercícios e análises 
visuais. (SANTOS, 2007). 
 
Para fins
didáticos, o processo de leitura de imagens pode ser baseado na 
estrutura abaixo: 
 Elementos da visualidade: ponto, linha, forma, espaço, volume, textura, 
cor observando a relação entre eles e dando uma especial atenção à 
composição, ritmo, variação, contrastes, harmonia, tensão. 
 Estilo: figurativo, não figurativo, abstrato, naturalista. 
 
 
 
 
 
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 Técnica: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, instalação, 
fotografia. 
 Artista: informações sobre suas principais obras, traços de 
personalidade, curiosidades. 
 Período: pré-histórico, antigo, medieval, moderno ou contemporâneo. 
 
A arte é uma ponte que nos leva a conhecer e expressar os sentimentos, e a 
forma de nossa consciência apreendê-los é por meio da experiência estética. Na 
arte, busca-se concretizar os sentimentos numa forma, que a consciência capta de 
maneira mais global e abrangente do que no pensamento rotineiro (DUARTE JR, 
2000). 
 
Concebe-se sentimento enquanto apreensão da situação em que nos 
encontramos, que precede qualquer significação que os símbolos 
expressam. O sentir é anterior ao pensar, e compreende aspectos 
perceptivos e aspectos emocionais (LANGER, 1980). 
 
É preciso que se verifique como a arte se constitui num elemento 
terapêutico; como ela provê elementos para que o homem desenvolva sua atividade 
significadora, ampliando seu conhecimento a regiões que a percepção e o 
simbolismo conceitual não alcançam. 
Destaca-se a necessidade de traçar uma distinção entre os conceitos de 
comunicação e expressão, para melhor compreender a abrangência destes nas 
atividades artísticas. Quando se faz referência à comunicação, comumente o termo 
traz à mente a ideia de transmissão de significados explícitos, por meio da 
linguagem. Por outro lado, a expressão tem uma conotação de indicação, 
desvendamento de sentimentos. 
A imaginação é o que diferencia o homem de qualquer outro ser vivo, por 
meio dela é possível transcender ao imediatismo das coisas e projetar o que ainda 
não existe. Certamente somos movidos pela possibilidade do “vir a ser”, é a 
dimensão da utopia, a capacidade de projetar algo novo sobre as antigas estruturas 
tanto internas como externas. 
 
 
 
 
 
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Nesse sentido, a atividade artística resulta de uma organização de 
experiências individuais, pois o desenho, a pintura ou a escultura, a música, a dança 
ou o teatro trazem importantes aspectos de um conjunto de experiências pessoais 
(do autor), organizadas em um todo significativo. 
A arte é muito mais que um simples passatempo, busca-se por meio das 
diferentes expressões artísticas desenvolver uma consciência estética, ou seja, uma 
atitude harmoniosa e equilibrada perante o mundo, em que os sentimentos, a razão 
e a imaginação se integram. 
A consciência estética é a busca de uma visão global do sentido da 
existência; um sentido pessoal, criado a partir dos sentimentos e da compreensão da 
realidade circundante. É a capacidade de decisão e escolha, o que exige atitudes de 
análise e crítica para que o homem não se submeta à imposição de valores e 
sentidos, mas que possa selecioná-los e recriá-los segundo sua própria realidade 
existencial. 
 
 
 
 
 
A arte é para o homem a possibilidade de manifestação de seus sentimentos 
mais complexos, projetando por meio de formas, linhas, cores, sons, gestos e ritmos 
uma nova realidade, um novo mundo. 
Um mundo onde a harmonia se estabelece a partir da utilização de materiais 
cuja natureza se opõem como, por exemplo: água e fogo, tinta e terra, 
estabelecendo dessa forma uma relação de dependência e continuidade entre as 
formas projetadas. 
“Os espelhos são usados para ver o 
rosto, a arte para ver a alma”. 
George Bernard Shaw (escritor irlandês). 
 
 
 
 
 
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As relações que se estabelecem entre os diferentes materiais, anunciam a 
possibilidade do “vir a ser”, algo novo surge de estruturas antigas, é o resultado do 
olhar criativo, que apesar de contextos existenciais diversos consegue sonhar. 
Assim, todo fazer nasce de um sonho. O primeiro movimento do sonhar é a 
idealização, ou seja, a possibilidade de imaginar, visualizar o novo, denunciar uma 
realidade, tendo em vista a realidade vivenciada e a realidade sonhada. 
Nesse sentido, a ação do arteterapeuta é de grande responsabilidade, pois 
trata de conteúdos subjetivos e carregados emocionalmente. A função desses 
profissionais parece ser duplamente desafiadora, já que também precisam ser 
consideradas, durante o processo, pois “complexas questões da subjetividade de 
cada homem e mulher, coparticipantes na árdua tarefa de reconstruir os caminhos 
da própria sensibilidade, emoção e intuição” (SANTOS, 2006). 
 
 
 
 
 
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1.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL 
 
 
Diferentemente de outros meios de comunicação e expressão, a arte torna a 
vida e o cotidiano rico em significados, mesmo quando não há uma consciência clara 
disso. 
Sujeito e objeto se fundem em uma única composição, afirmando para o 
mundo, que há beleza nas diferenças, que a beleza emerge de diferentes formas e 
necessita do diferente para estabelecer uma nova forma. 
O que se busca nas atividades artísticas é promover ao homem maior 
liberdade para a autoexpressão, libertando-se de amarras que o impedem de ser 
completo e viver plenamente sua condição humana. 
Mesmo que aparentemente existam animais mais livres da dependência dos 
instintos ou reflexos automáticos, podemos dizer que existe um grande abismo entre 
o comportamento dos animais e o dos seres humanos. Para dar um só exemplo, 
mesmo o chipanzé mais evoluído possui apenas rudimentos do que permitiria 
desenvolver a linguagem simbólica e tudo o que dela resulta: aprender, reelaborar o 
conteúdo aprendido e promover o novo (invenção). 
Isso quer dizer que a vida animal é, em grande medida, uma repetição do 
padrão básico vivido por sua espécie. Já o ser humano tem, individualmente e como 
espécie, a capacidade de romper com boa parte do seu passado, questionar o 
presente e criar a novidade futura. E a arte é prova disso, ou melhor, a arte pode 
servir como instrumento de interpretação deste universo cultural humano que o 
distingue dos outros seres vivos na face da terra. 
Há estudiosos que veem na obra de arte uma manifestação pura e simples 
da sensibilidade do artista. Outros a encaram como uma atividade plenamente 
lúdica, gratuita, livre de quaisquer preocupações utilitárias ou condicionamentos 
exteriores a sua produção artística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não é preciso negar totalmente a validade de cada uma dessas concepções 
para reconhecer na atividade artística
outra característica importante: o fato de que a 
arte é um fenômeno social. Isso significa que é praticamente impossível situar uma 
obra de arte sem estabelecer um vínculo entre ela e determinada sociedade 
(MAGALHÃES, 2008). 
A arte é um fenômeno social, pois o artista é um ser social. Como ser social, 
o artista reflete na obra de arte sua maneira própria de sentir o mundo em que vive, 
as alegrias e as angústias, os problemas e as esperanças de seu momento histórico. 
Tais mudanças na arte refletem as transformações que se processam na 
realidade social. A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, cada 
época, com suas características, contando o seu momento de vida faz um percurso 
próprio na representação, como questão de sobrevivência (SANTOS, 2006). 
 
 
 
 
MOMENTO 
HISTÓRICO 
SOCIEDADE 
ARTISTA 
 
 
 
 
 
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O pensador húngaro Georg Luckács (1885-1971), afirma o seguinte 
conceito: “Os artistas vivem em sociedade e – queira ou não – existe uma influência 
recíproca entre ele e a sociedade. O artista – queira ou não – se apoia numa 
determinada concepção do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo”. 
 
 
A obra de arte é percebida socialmente pelo público – por mais íntima e 
subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta será 
sempre percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de arte será, 
então, um elemento social de comunicação da mensagem de seu criador. 
No que diz respeito ao artista, as relações de sua arte com a sociedade 
podem ser de paz e harmonia, de fuga e ilusão, de protestos e revolta. 
Quanto à sociedade – considerando principalmente os órgãos do Estado, 
seu relacionamento com determinada arte pode ser de ajuda e incentivo ou 
de censura e limitação à atividade criadora (MAGALHÃES, 2008). 
 
 
“Como fenômeno social, a arte possui, portanto, relações com a sociedade. 
Essas relações não são estáticas e imutáveis, mas, ao contrário, são dinâmicas, 
modificando-se conforme o contexto histórico” (MAGALHÃES, 2008.). E envolvem 
três elementos fundamentais: a obra de arte, o seu autor e o público. Foram-se em 
torno desses três elementos os vínculos entre arte e sociedade num vasto sistema 
solidário de influências recíprocas. 
Entende-se que a arte é capaz de fazer flexibilizar pensamentos e relações, 
em que o criador é sempre capaz de conectar e mudar as interações produzidas no 
mundo da imagem pré-concebida. Percebe as transformações e se percebe 
transformador. 
De certa forma, a estética migra para a vida do sujeito preparando-o para o 
entendimento e para a resolução, tornando-o cidadão, consciente de si e espelho 
para o outro, utilizando-se de sua iniciativa e poder de decisão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 3 - IMAGEM PAUL KLEE 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=471>. 
Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
O indivíduo criativo supera a capacidade de imitar, produzir fatos, conectar a 
outras relações. As relações criadas estarão sempre se conectando e formando 
novas tensões que o suprem para outras formações estéticas e/ou vivenciais. 
Verifica-se um cruzamento entre estética e ética e/ou caráter, quando se 
descobre que o belo pode despertar as virtudes positivas no indivíduo e, por isso, 
deve fazer parte de sua educação. 
 
Vamos para mais uma atividade prática? 
 
Olhe para a pintura abaixo e observe atentamente seus detalhes, tais como: 
 As cores que foram utilizadas. 
 A disposição da figura no espaço. 
 É uma obra figurativa ou abstrata? 
 E você, qual é a sua maneira de perceber o mundo? 
 Que sentimentos ela melhor representaria? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 4 – O NASCIMENTO DE VÊNUS, DE SANDRO BOTTICELLI, SÉC. XV 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://stelladauer.wordpress.com/2006/10/31/renascimento-e-outros-
movimentos-secularismo/> Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
 
A pintura de Botticelli foi feita por encomenda de Lorenzo Di Médici para 
servir de afresco para sua residência. A tela retrata a deusa Vênus surgindo dentro 
de uma concha em meio ao oceano, possivelmente foi inspirada na mitologia grega. 
A repercussão desta obra não foi muito positiva na época, pois a arte era repleta de 
temas católicos, além de não se ater (necessariamente) a religiosidade acreditava-
se que a obra tinha influências pagãs. 
E você que influências pode perceber nesta obra? 
 
 
 
 
 
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1.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA 
 
 
Nesta unidade vamos abordar a terapia propriamente dita. E neste 
momento, é importante explicar o porquê da escolha da psicologia como base neste 
estudo. Levando-se em conta que o termo “terapia” permite inúmeras formas de 
abordagem e diversos profissionais atuantes. 
De acordo com a Associação Brasileira de Arteterapia, “podem atuar como 
arteterapeutas profissionais com graduação na área de saúde como medicina, 
psicologia, enfermagem, fisioterapia, etc, e que tenham curso de extensão em 
arteterapia”. 
Contudo, independente da graduação que o profissional tenha cursado é de 
extrema importância que estude ou atualize seus conhecimentos em psicologia para 
dar suporte a sua atuação profissional, permitindo que o profissional esteja 
capacitado para fazer avaliações e intervenções arteterapêuticas. 
Para tanto, esse curso, permite um estudo geral da origem da psicologia e 
da sua evolução no decorrer da história do homem. É importante para o trabalho 
terapêutico que esses conhecimentos sejam ampliados, com ajuda de cursos, livros, 
especializações. Lembrando sempre que este curso não pretende formar 
arteterapeutas, mas sim atualizar sobre os conhecimentos de arteterapia. 
 
 
 
 
 
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1.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA 
 
 
 
FONTE: Clip-art Word 
Um retrospecto e uma breve visão panorâmica da atual psicologia formam o 
conteúdo das considerações iniciais desta unidade, pois é de relevante importância 
a psicologia para o desenvolvimento do trabalho do arteterapeuta. 
O termo psico tem origem grega, vem de psique Ψ, cujo significado é alma. 
Já o termo terapia, também de origem grega, tem o significado de tratamento ou 
cuidado com a saúde. Desta forma, psicoterapia significa tratamento da alma. 
Aqueles que tratam ou cuidam de almas são os psicoterapeutas. 
Falando de uma maneira mais científica, poderíamos dizer que: “a Psicologia 
é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais, ou 
seja, estuda o que motiva, sustenta o comportamento humano, os processos 
mentais, as sensação, a emoção, a percepção, a aprendizagem, a inteligência...” 
(Disponível
em: <http://arthurcapivari.blogspot.com/> Acesso em: 18 fev. 2009) 
Assim, qualquer disfunção comportamental ou “mental” é objeto de estudo e 
atuação psicoterapêutica. 
O homem, desde os primórdios da humanidade, vem desenvolvendo ações 
para com o cuidado com as almas e/ou mentes. O Homem dito primitivo, ou pré-
histórico, de cerca de 5 a 10.000 anos, não conhecia a escrita e seus conhecimentos 
eram passados oralmente de geração a geração. De modo geral, todas as 
sociedades primitivas, viviam de forma totalmente integrada à natureza. 
A concepção adotada nesta época admitia que o ser humano era um ser 
integrado à natureza e ao Cosmos. Assim, o homem era parte integrante do todo, da 
 
 
 
 
 
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natureza, e também formado por elementos desse todo. Essa visão explicativa sobre 
a natureza humana deu origem a um sistema de explicações para se compreender o 
mundo e o próprio homem. 
Essas explicações ou princípios são chamados de pensamentos míticos, 
cuja preocupação é dar uma explicação plausível para a existência de determinado 
fenômeno. Assim, por exemplo, se explica a origem do universo por mitos sobre 
Tupã. O pensamento mítico é característico do ser humano, e mesmo hoje, 
utilizamos essa forma de pensar quando explicamos determinado fenômeno não 
tendo como base o pensamento lógico científico. 
As dramatizações, os rituais, o uso de ervas, plantas e animais eram 
comuns nesta época. Tudo para restabelecer o equilíbrio entre Homem x Natureza. 
No Xamanismo, uma filosofia de vida bastante antiga, que busca o encontro 
do homem com a natureza e com seu próprio mundo interior, as práticas ritualísticas 
individuais ou coletivas, as danças tribais, os sacrifícios, entre outras, eram as 
formas de tratamento das almas, que adoeciam por perderem sua capacidade de 
integração com a natureza. Nesse sentido, surge a arte como elemento de cura. A 
confecção de bonecos (vodus), o uso da pintura corporal e ritualística, a confecção 
de objetos específicos para as curas ou para uso do doente, as músicas e danças 
entre outras, são elementos da arte que se associam ao tratamento da alma. 
 
FIGURA 5 – XAMANISMO E RITUAIS 
 
FONTE: Disponível em: <http://img.socioambiental.org/d/239479-1/yekuana_10.jpg>. 
Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
 
 
 
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Dessa forma, a arte passa a integrar um código ou uma 
linguagem a serviço das necessidades humanas. A arte 
passa a ser uma forma de expressão do pensamento 
humano, de suas visões de mundo, de seus 
pensamentos, de sua forma de viver o cotidiano. A 
pintura, o desenho, a escultura (criação de objetos de 
barro, de madeira, de pedra, etc.) passam a ter um 
objetivo, não só de expressão, mas também de ações 
de cura. 
A partir do momento em que o homem domina a escrita, a transmissão dos 
conhecimentos toma outra dimensão, bem maior e mais abrangente. O mundo 
ocidental tem como referência do início desse período, chamado de Idade Antiga, o 
ano 600 a.C. na Grécia. 
“Os primeiros pensadores gregos começaram a questionar a forma de 
explicação da natureza por princípios míticos. Não era mais plausível uma 
explicação que se baseasse apenas em suposições” (Disponível em: 
<http://www.tesesims.uerj.br/lildbi/docsonline/4/9/294-Denise_Scofano.pdf> Acesso 
em: 18 fev. 2009.) 
A partir desse ponto, as coisas deveriam ser explicadas por elas mesmas, 
isso é, deve-se explicar a natureza, compreendendo como ela é a partir de seus 
próprios elementos. Assim, as primeiras explicações sobre o universo, versavam 
sobre sua estrutura e formação. Buscando analisar do que as coisas são feitas e 
como funcionam é que o conhecimento é produzido. A esse processo denominou-se 
pensamento lógico. 
O pensamento lógico deve ser capaz não só de explicar as coisas do 
universo, mas também as coisas da própria natureza humana. Pensar, por exemplo, 
qual é a essência da natureza humana. Como podemos nos conhecer? Quais são 
nossas capacidades? Quais são nossas virtudes? Como posso entender a alma 
humana? 
Para responder a essas questões os filósofos gregos passam a desenvolver 
suas teorias ou explicações. Platão pesquisou e pensou sobre a natureza 
 
 
 
 
 
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transcendente do homem. Sócrates vai questionar a própria essência do ser 
humano, em sua famosa frase: “Conhece-te a ti mesmo”, que revela a essência de 
seu pensamento. Esse período é chamado de antropocêntrico. 
FIGURA 6 – PLATÃO E SÓCRATES 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/platao/imagens/platao-15.jpg>. 
Acesso em: 19 fev. 2009. 
 
 
A partir desse ponto, a alma é considerada como algo a ser desenvolvido, 
visto que a condição natural do homem é desenvolver-se, e a condição patológica 
ou de doença seria a incapacidade de desenvolvimento da alma. A cura para a alma 
seria a recuperação da capacidade de seu desenvolvimento, e aí a filosofia teria um 
grande papel. A arte da cura está mais para o intelectual do que para as ações 
materiais. A cura da alma passa a ser dissociada da materialidade e da natureza, é 
preciso entender a alma por meio de sua expressão moral (as paixões humanas) e 
por meio de seu pensamento. Daí surge a ideia de que Sócrates foi o primeiro 
psicoterapeuta, pois começou a usar da indagação, do raciocínio, como forma de 
investigação e desenvolvimento da alma humana. 
O conceito sobre alma começa a mudar a partir do domínio do pensamento 
cristão, já a partir dos primeiros séculos até os anos 1200 d.C. aproximadamente. No 
chamado período teocêntrico (Deus é o centro de tudo) todo o conhecimento deve 
estar sob a perspectiva da bíblia. Deste modo, a alma humana é considerada como 
dissociada do corpo. O corpo é o lugar do pecado, das imperfeições, do mal. A alma, 
ou espírito deve prevalecer sobre o corpo, salvando o homem do pecado. 
 
 
 
 
 
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O tratamento dado para as almas doentes são 
os exorcismos, privações (jejuns alimentares), 
sacrifícios, sangrias e flagelações, eram as formas 
mais comuns de busca da cura para a alma doente, 
sempre buscando o fortalecimento do espírito. 
A partir do renascimento e o declínio do período de domínio religioso sobre a 
ciência e a arte, aos poucos as ideias sobre alma começam a se desvincular da 
religião. O pensamento de Descartes foi primordial nesse sentido. Sua frase 
máxima: “Penso, logo existo”, traduz o sentido a ser dado à alma a partir de então. A 
alma passa a ser considerada como razão. O adoecer psíquico passa a significar a 
perda da razão, e então se reforça o sentido de loucura como irracionalidade. 
À medida que as ciências eram retomadas, os estudos 
sobre a biologia, a medicina e engenharia avançavam, 
também as bases para uma nova maneira de se pensar o 
psiquismo humano foram se estabelecendo. 
O cérebro é reconhecidamente o órgão responsável
pela coordenação de várias atividades corporais, como a visão, audição e 
pensamento. Os novos conhecimentos sobre o corpo humano deram margem para 
se pensar em fenômenos específicos, tal como a memória e a percepção. 
Com o objetivo de se estudar o fenômeno de como se tem a consciência da 
percepção dos sentidos vão surgir os primeiros psicólogos. Entre eles Wundt, 
considerado o pai da psicologia moderna. Seus estudos em laboratórios específicos 
deram à psicologia o status de ciência autônoma. Assim, aquilo que era considerado 
a alma, ou psiquismo, passa a ser objeto de estudo, agora com o nome de 
consciência do homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 7 – WILHELM WUNDT (1832 – 1920) 
 
 
Os laboratórios de Wundt implantados na Alemanha em meados do século 
XIX foram a base para a divulgação da psicologia como uma ciência investigativa da 
consciência humana. 
A emergência do capitalismo, do mecanicismo e do empirismo foram fatores 
coadjuvantes para uma nova compreensão do ser humano. 
A divulgação dos conhecimentos de Wundt começa a alçar a Europa e a 
América. Na Inglaterra, unem-se as influências das descobertas de Darwin (a 
evolução das espécies) e os estudos comparativos sobre as capacidades e 
habilidades humanas começam a se desenvolver. Cientistas como Galton elaboram 
estudos sobre a hereditariedade e as diferenças individuais. 
Nos Estados Unidos, no início do século XX, influenciado pelo forte 
pragmatismo os cientistas buscaram aliar os estudos da natureza humana ao senso 
de utilidade. Surge então a psicologia aplicada. Desse modo, a psicologia vai 
estabelecendo mais um ramo além da investigação e passa a ser uma profissão. Os 
conhecimentos avançam, os testes psicológicos começam a ser aplicados nas 
empresas, no exército, nas escolas e por fim chega aos consultórios. 
Enquanto isso, na Europa, inicia-se a consolidação da psicoterapia por meio 
das descobertas de Freud. Em seus estudos sobre histeria e sonhos, Freud 
descobre o inconsciente, e com isso a comprovação de que nem todos os nossos 
comportamentos são conscientes e racionais, independente de a pessoa ser ou não 
doente. Todo o ser humano tem um inconsciente sob o qual é construído seu eu ou 
ego. 
 
FIGURA 8 – SIGMUND FREUD (1856 – 1939) 
 
 
 
 
 
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Os estudos da psicologia relevam que alguns comportamentos são ditados 
pelo inconsciente e que é possível se ter acesso a ele por meio do processo de 
análise dos sonhos, dos atos falhos e das “piadas” ou chistes. A esse processo 
Freud denominou de psicanálise. 
O seu seguidor mais brilhante, Carl Jung, começa a aplicar a psicanálise em 
pacientes psicóticos. No entanto, os métodos de Freud não surtem os mesmos 
efeitos. Jung passa, então, a utilizar outras formas de contato com seus pacientes. 
Ele propõe que seus pacientes pintem, desenhem, façam esculturas, e outros tipos 
de arte para expressar seus sentimentos. 
Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, um dos maiores estudiosos da vida 
interior e um dos precursores da Psicologia Profunda, descobriu que o inconsciente 
e os conflitos e traumas podem ser expressos pela arte. Entre 1907 e 1912, 
colaborou com Freud a ponto de ter sido cogitado pelo mestre Sigmund como seu 
sucessor. 
 
FIGURA 9 – CARL JUNG (1875 - 1961) 
 
 
 
 
 
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Jung revela a função do simbolismo nas artes e nas expressões do 
inconsciente. Identifica que há temas universais comuns a todos os homens, 
independente de origem, idade ou cor. Os arquétipos seriam expressões desses 
temas, tal como os relacionados às funções de mãe (o oceano, por exemplo) e de 
pai (o sol, por exemplo). 
Jung também passa a investigar os mitos (lembram do pensamento mítico 
mencionado no início do texto) e descobre que eles continuam sendo produzidos por 
nossas mentes, embora recontextualizados. 
 
FIGURA 10 – QUADRO SINTÉTICO DAS RAÍZES DA PSICOLOGIA (FREIRE,1998) 
 
 
 
 
 
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1.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA 
 
 
No contexto atual, estamos permeados pela necessidade de agilidade, perfeição, 
tolerância, autoestima, consumo, equilíbrio, sucesso, poder, beleza, bom relacionamento, 
família. 
Mas será possível em nossa formação humana preencher todos esses requisitos? 
Possivelmente não. Neste contexto surge a Psicologia, no sentido de melhorar 
nossa capacidade para tolerar frustrações, melhorando nosso convívio social, nossa 
capacidade de trabalho e por consequência, nossa autoestima e qualidade de vida. 
As três grandes áreas de atuação da psicologia são: 
 
 
 
 
 
Atualmente, entende-se que essas áreas de atuação se ramificam em atuações 
mais específicas, mas também muito importantes dentro da ação do terapeuta, tais como: 
psicologia do trânsito, psicologia hospitalar, psicologia forense, psicologia comunitária, 
psicologia do esporte, dentre outras. 
Apenas como destaque, pois faz parte da psicologia clínica, é relevante lembrar a 
psicologia de grupo ou dinâmica de grupo, herança da gestalt e que constitui uma ala de 
interesse e de grande utilização no momento. É uma técnica que é usada para melhorar o 
relacionamento dos diversos membros de um grupo. Serve, também, para facilitar a 
discussão de problemas nas empresas, nas escolas, na família, etc., o que, fora de uma 
dinâmica de grupo, seria difícil e complicado. 
 
 
PSICOLOGIA
CLÍNICA ESCOLAR OU 
EDUCACIONAL 
ORGANIZACIONAL 
 
 
 
 
 
 
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Hoje é comum, nas escolas, nas indústrias e em 
áreas do comércio, do desporto, etc., contar com um 
departamento de psicologia, responsável pela aplicação 
de testes de aptidão, pela orientação e ajustamento do 
grupo. A psicologia está presente em todos os ramos 
da sociedade e tornou-se parte integrante e 
imprescindível da vida moderna. A era do profissionalismo 
trouxe a era da especialização, e os campos de atuação 
do psicólogo são, hoje, mais concretos e específicos. 
A psicologia de hoje se caracteriza pela abertura e democratização do seu 
sistema global, o que gerou a enorme diversidade de interesse, de pesquisa, a 
multiplicidade de correntes, compondo um painel de minisistemas. O uso do método científico 
constitui parte integrante de suas atividades, o que comprova sua identidade como ciência. 
 
FIGURA 11 – PSICOTERAPIA EM GRUPO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.isn.org.br/imagens/terapia_de_grupo.jpg> 
Acesso em: 18 fev. 2009.
A arteterapia permite atuação em qualquer ramo da psicologia. Pode-se 
trabalhar com expressões artísticas no consultório (nos atendimentos individuais e 
no grupo); nas escolas. A arteterapia ajuda a despertar a capacidade criativa e a 
expressividade dos alunos; nas empresas, aumenta a motivação e a interação entre 
 
 
 
 
 
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a equipe. Existem pesquisas de trabalhos arteterapêuticos realizados em hospitais, 
escolas, comunidades, consultórios, grupos de adolescentes, escolas especiais e 
empresas. 
Trabalhando com arteterapia muitas descobertas são possíveis, desde a 
mistura de cores até a composição de imagens que comunicam emoções reprimidas 
ou desconhecidas. A alegria de tocar a argila, que materializa objetos e 
personagens. 
Segundo Philippini (1994) ser arteterapeuta é partilhar do prazer: 
 
Prazer de participar de pontes para aqueles que já não podem ou querem 
falar, pontes frágeis ou sólidas, com fios, arames, madeira ou às vezes 
apenas sonhos... Prazer de ver na metamorfose de velhas caixas, o 
surgimento de cofres, casas, castelos, configurando proteção e abrigo de 
lembranças e desejos. Prazer de ver o nascimento de criaturas fantásticas 
aparecendo de repente, das dobras de um retalho ou das muitas sobras do 
lixo doméstico. Prazer, enfim, de ver surgir o novo, a possibilidade, a 
promessa. No dia a dia, sou observadora participante e privilegiada da 
abertura de novos canais de comunicação, que facilitam o acesso do 
inconsciente, através das múltiplas formas de expressão, da 
experimentação, criação, destruição e recriação de diferentes materiais 
expressivos. (PHILIPPINI, 1994). 
 
Na vida não existem somente prazeres, é claro. Muitas vezes, há problemas, 
desarranjos, frustrações, tristezas, resistências, mas as cores, as imagens 
disformes, também comunicam esses afetos. Assim, cabe ao arteterapeuta ajudar o 
paciente a se equilibrar entre a euforia da alegria e o sofrimento da dor, acreditando 
que o trabalho terapêutico produtivo resulta de muita dedicação, desde a escolha 
adequada de materiais expressivos até o favorecimento de estratégias que 
favoreçam transformações. 
Philippini (1994) afirma que um processo arteterapêutico bem-sucedido 
depende da harmonia de um complexo conjunto de variáveis, que facilitam a 
descoberta de si mesmo. E para isso é necessário não perder de vista que os 
processos de criação, apesar de singulares, são regidos por princípios universais e 
 
 
 
 
 
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arquetípicos, e que os materiais expressivos, como veículos da criação, possuem 
propriedades terapêuticas que devem ser conhecidas e respeitadas. 
Desta forma, os recursos de expressão em Arteterapia poderão permitir que 
acontecimentos aprisionados no inconsciente sejam simbolizados e configurados em 
imagens, que possam conduzir à consciência informações deste universo obscuro. A 
simbologia configurada em materialidade, leva à compreensão, transformação, 
estruturação e expansão de toda a personalidade do indivíduo criador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
----------- FIM MÓDULO I ----------- 
Arteterapia_02.pdf
 
 
 
 
 
Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
Curso de Arteterapia 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE 
 
 
2.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE 
 
 
Pirâmides egípcias, escorregadores gigantes, cestos de vime, grafite, pintura 
abstrata, esculturas gregas, urinol...?!?!? Tudo isso é arte? Quem diz o que é arte e 
o que não é? Arte grega, arte contemporânea, artesanato, arte popular, arte 
moderna, arte abstrata... inúmeros tipos de expressão, que foram evoluindo durante 
os tempos e hoje fazem parte de nosso cotidiano. 
Quando se busca uma definição de “arte”, normalmente o que encontramos 
é um conceito que trata a arte como uma criação humana com valores estéticos, tais 
como: beleza, equilíbrio e harmonia. Entretanto, a arte também tem o poder de vir 
acrescida de emoções, história, sentimentos e cultura. 
Uma das principais características da arte é permitir que o objeto artístico 
fale por meio da nossa imaginação. Assim, não existe arte original e arte falsificada. 
Não há mentira ou verdade em arte, isso porque a arte não tem por objetivo mostrar 
a realidade como ela é, mas como o artista deseja que seja. Portanto, desse 
conceito nascem os vários tipos de arte. 
A produção artística faz parte de uma necessidade primária do ser humano. 
O homem vê a arte como meio de viver melhor; usa-a para divulgar suas crenças ou 
explorar novas formas de olhar e interpretar o mundo utilizando sua criatividade e 
imaginação. 
De acordo com Chauí (2000) as transformações sofridas pelas artes 
(passando do caráter religioso à autonomia da expressão da criatividade) foram de 
dois tipos. Em primeiro lugar, mudanças nos estilos artísticos, passando desde o 
 
 
 
 
 
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clássico até o surrealismo. Destacando-se as descobertas de novos procedimentos, 
materiais e técnicas que levam a uma concepção do objeto artístico. Em segundo 
lugar aparece a determinação social da atividade artística (sua finalidade), para que 
ou para quem era desenvolvida. 
Aprofundando um pouco mais a ideia, vemos que, no mundo atual, a função 
da arte e o seu valor não estão em copiar a realidade, mas sim na representação 
simbólica que um artista faz do mundo humano. 
Portanto, a arte também é uma das maneiras pela qual o ser humano atribui 
sentido à realidade que o cerca, e uma forma de orientação que transforma a 
experiência em objeto de conhecimento, com valor simbólico. 
O homem criou utensílios para facilitar o seu trabalho, como as ferramentas 
para cavar a terra e os talheres para a cozinha, a roda para movimentar-se. E a arte 
aparece neste sentido para que o mundo saiba o que ele pensa, para divulgar as 
suas crenças e as dos outros, para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para 
explorar novas formas de olhar e perceber objetos e cenas. 
A arte, principalmente a arte contemporânea, busca a desestabilização das 
verdades originárias, a ruptura com os princípios bem-instalados, destruindo as 
evidências imediatas e atordoando as mentes com questões como a da realidade e 
sua representação. 
A arte é uma manifestação humana criada com a essência e inspiração de 
seu momento, isto é, das circunstâncias e situações
moldadas pelas referências 
simbólicas da cultura. A arte pode ser entendida como um dos modos simbólicos de 
que o ser humano se utiliza para atribuir significados ao mundo, mostrando por meio 
de um objeto as possibilidades do real. A arte fala à imaginação e, por isso, sua 
compreensão exige sensibilidade treinada, disponibilidade e conhecimento de 
história geral e de história da arte. 
Para compreendermos as formas de manifestação artística ao longo da 
evolução histórica, vamos percorrer o caminho da arte desde a pré-história até a arte 
contemporânea, no sentido de expandir nosso entendimento sobre o universo 
artístico. Apertem os cintos e BOA VIAGEM!!! 
 
 
 
 
 
 
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2.2 A ARTE NO MUNDO 
 
 
A Idade da Pedra Lascada (cerca de 400 mil anos atrás) é o tempo dos 
homens que viviam em cavernas, e que viviam da caça, da pesca e da colheita. 
Nesta época, o homem já fazia uso da arte com representação de seu mundo, por 
meio de registros nas paredes das cavernas, o que se denomina por Pintura 
Rupestre. Executadas em recantos escuros e profundos das grutas que intrigam os 
pesquisadores por seu propósito mais complexo que a mera decoração, 
relacionadas ao pensamento mítico. Acredita-se que esteja ligado a rituais 
realizados com o intuito que ajudasse em uma boa caçada. Abaixo podemos 
observar uma pintura rupestre: 
 
FIGURA 10 – PINTURA RUPESTRE LOCALIZADA NA ESPANHA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/pintura-
rupestre-1.php> Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
 
Certamente estes povos desconheciam o que hoje chamamos de arte. E 
para eles, a gravação de imagens tais como bizões, cavalos ou touros, tinha uma 
função mágica, ligada a um pensamento mítico. 
Um pouco mais além, no Período Paleolítico, se destacam pequenas 
estátuas de osso, pedra ou marfim, em formatos femininos e arredondados, às quais 
se atribui o título de deusas da fertilidade. Um exemplar destas deusas é a Vênus de 
 
 
 
 
 
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Willendorf, encontrada na Áustria; ela possui cerca de doze centímetros de altura e 
deve ter sido produzida entre 25 e 20 mil anos a.C. 
FIGURA 11 – VÊNUS DE WILLENDORF - 25 E 20 MIL ANOS a.C 
 
FONTE: Disponível em http: <//www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/05/venus-de-willendorf/> 
Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
 
Nos moldes das pinturas das Cavernas de Altamira e Lascaux situadas na 
Europa, no Brasil também se encontram inúmeros sítios arqueológicos com pinturas 
rupestres carregadas de significados, um exemplo marcante é a Serra da Capivara 
(Piauí). A função destas obras, entretanto, se mantém a mesma em todo o planeta: 
tratam de questões mágicas e ritualísticas ligadas à preservação da espécie. 
Na Idade Antiga, recebe destaque a arte grega. Dentre as cidades-Estado 
gregas, Atenas se tornou a mais famosa por sua produção artística. E é na escultura 
que percebemos com mais clareza a evolução estilística do período. Inicialmente 
rígidas e estáticas, a representação tridimensional das figuras humanas dava-se o 
nome de Kouroi e Kourai, denominações que equivalem, respectivamente, às 
esculturas masculinas e femininas; eram rígidas, geometrizadas e remetiam aos 
padrões da escultura egípcia. Com o transcorrer do tempo, estas esculturas foram 
se tornando mais soltas, até atingirem uma ideia de movimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 12 – ESCULTURA GREGA 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/PRAXIT~1.JPG>. 
Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
 
Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, as obras se referiam 
principalmente à religião. O que chamamos de período Paleocristão não constitui um 
estilo no sentido exato do termo, mas qualquer obra que precedeu o cisma da Igreja 
Ortodoxa. 
As primeiras obras de arte descritas deste momento são as pinturas 
encontradas nas catacumbas, local de reunião dos cristãos, cuja principal 
característica foi registrar os episódios do Antigo e do Novo Testamento. A produção 
de esculturas foi praticamente extinta neste período, em razão das proibições 
(contidas nas escrituras) ao culto de imagens. 
As representações da imagem do rosto de Cristo mostram uma figura com 
feições fortes. Este tipo de representação religiosa é denominado Cristo Pantocrator, 
ou seja, criador de todas as coisas. 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 13 – DETALHE DE UM MOSAICO DA IGREJA DE SANTA SOFIA. 
SÉCULO XIII 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/bizantino/byzance.html>. 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
 
Na época do Renascimento (Idade Moderna), os pintores e escultores foram 
finalmente elevados à categoria de artistas, espaço antes ocupado basicamente por 
arquitetos, poetas e escritores. Agora, não eram mais considerados artesãos e 
sendo nomeados pintores e escultores podiam opinar sobre questões mais 
importantes para a sociedade. A Igreja Católica continuou seu domínio, mas houve 
uma ascensão gradativa da nobreza. 
Brotaram de Florença (século XV), berço do Renascimento italiano, muitos 
artistas geniais como: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri, Filippo 
Brunelleschi, Sandro Botticelli, Rafael Sanzio e Nicolau Maquiavel são deste 
período. Entre as obras mais famosas está o “Nascimento de Vênus”, de Sandro 
Botticelli (1446 – 1510), tela que exibe a Vênus (Deusa) em pé sobre uma imensa 
concha, com seus longos cabelos envolvendo o corpo. Encomendada por Lourenço 
de Médici, um mecena (burguês rico que patrocinava o trabalho de artistas e 
escritores) serviu de decoração para sua casa. 
 
 
 
 
 
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O mesmo mecena foi também o patrocinador de Américo Vespucio. Havia 
um clima inovador e uma mudança de espírito (aliada ao dinheiro que vinha da 
burguesia) que permeava o período e permitia que os artistas não reproduzissem 
apenas os temas bíblicos. 
O valor da obra de Leonardo é indiscutível. Obras como “A Virgem do 
Rochedo”, “Santa Ceia” e, é claro, a “Monalisa” até hoje despertam curiosidade e 
novas interpretações, sem dúvida fazem parte de nossa riqueza cultural. Além da 
utilização da perspectiva geométrica, Da Vinci criou uma técnica conhecida como 
esfumato, onde o claro e o escuro da imagem final é o resultado da sobreposição de 
inúmeras camadas de tinta bem diluída. À geometria das linhas soma-se uma 
ambientação ímpar, que potencializa a sensação ilusionista de profundidade e 
realidade. 
 
FIGURA 5 – MONALISA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg>. 
Acesso em: 13 fev. 2009.
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
 
Na Idade Contemporânea muitos foram os movimentos artísticos, dentre 
eles: Neoclássico (caracterizado pelo retorno ao passado, pela imitação dos 
modelos antigos greco-latinos), Realismo (cientificismo, a expressão da realidade e 
dos aspectos descritivos), Impressionismo (destaque para a arte abstrata que tende 
a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, 
as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito), Cubismo 
(geometrização das formas e volumes, renúncia à perspectiva, o claro-escuro perde 
sua função, representação do volume colorido sobre superfícies planas). 
Algumas obras deste período merecem destaque: 
 
FIGURA 14 – NEOCLÁSSICO: A GRANDE ODALISCA DE JEAN-AUGUSTE-
DOMINIQUE INGRES (1814) 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html> 
Acesso em: 25 fev. 2009. 
 
 
FIGURA 15 – OBRA DO REALISMO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Acesso em: 14 fev. 2009. 
FIGURA 16 – OBRA DO IMPRESSIONISMO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/MONET1.jpg> 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
 
FIGURA 17 – OBRA CUBISTA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/beijo_picasso.jpg> 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
 
A evolução artística, cultural e social, permitiu que a arte trilhasse muitos 
caminhos, dando um pulo gigantesco para a nossa contemporaneidade percebemos 
o quanto a arte, atualmente, assume a preocupação de assumir uma expressão 
crítica do artista com a sociedade e com a própria arte. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Marcel Duchamp, artista bastante polêmico da contemporaneidade, revelou 
sua posição crítica com relação aos grandes salões de arte, com obras um tanto 
“ousadas”, mas que mostram o quanto a arte se desligou da obrigatoriedade de 
retratar a realidade externa. O artista tenta buscar uma linguagem pessoal, a 
expressão de seu pensamento. 
 
 
FIGURA 18 – A FONTE - MARCEL DUCHAMP 
 
FONTE: Disponível em: <http/digitalphilosophy.wordpress.com/2008/06/08/> 
Acesso em: 24 jan. 2009. 
 
 
 
FIGURA 19 – RODA DE BICICLETA - MARCEL DUCHAMP 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html> 
Acesso em: 24 jan. 2009. 
 
 
 
 
 
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A obra de Marcel Duchamp é considerada uma “ready-made”, ou seja, uma 
manifestação da intenção em romper com o processo artesanal da produção 
artística de seu tempo, apropriando-se de algo que já está feito, industrializado e que 
tem finalidade prática e não artística (o urinol de louça, a roda de bicicleta, a 
banqueta) passando esses artigos para a categoria de arte. 
Os temas e interesses, formas e conteúdos vão se modificando ao longo do 
tempo. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais 
se irá renascer. 
A arte contemporânea, no início do século XX, sai dos museus e galerias e 
deixa de ser privilégio das elites, para ajudar a humanizar o nosso mundo 
materialista, é o momento do efêmero, que suscita uma atitude de aceitação. 
Nossa sociedade vive uma crise de valores, proveniente da ruptura com os 
paradigmas da modernidade agravada pela globalização econômica e cultural. Uma 
sociedade que deixa bem claro que não existe diferença entre honesto ou traidor, 
ignorante ou sábio, enganador ou generoso. 
A arte, atualmente, propõe um novo olhar sobre a realidade, por meio das 
intervenções urbanas. Neste contexto, recria-se um clima de incertezas, dificuldades 
e resoluções em que o espectador interage com a obra que não finda, mas está em 
constante renovação. 
Convém lembrar que chamamos de intervenção toda e qualquer atividade 
artística que rompe com o padrão ou a rotina de um determinado ambiente. 
Na contemporaneidade podemos citar como intervenção urbana o trabalho 
de performance, muito comum em agências de publicidades, por ocasião do 
lançamento de um novo produto no mercado, as estátuas vivas, presentes em 
praças e shoppings e o grafite, dentre outros. Neste último caso, a pintura sai da tela 
para ocupar espaços alternativos como muros ou paredes, prédios, veículos, 
calçadas, postes, árvores, corpos humanos, etc. 
O que vale ressaltar é que a arte contemporânea, produto do homem, 
procura soluções para os nossos problemas mais imediatos. Por isso, afasta-se das 
questões da contemplação e busca uma interação mais efetiva com o observador. 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Os movimentos encontrados dentro da arte contemporânea beiram ao 
infinito, pois a cada dia um artista pode criar seu próprio movimento. As 
transformações parecem dar indício de que não estão nem próximas de uma 
estabilidade. Equilibrar-se neste mundo é vital, e ter critérios de discernimento é 
fundamental para não cairmos nos perigos do excesso de subjetividade do gosto 
pessoal. Já que as fontes de informação são inesgotáveis, se tivermos alguns 
pontos cardeais poderemos nos situar com menor dificuldade no labirinto da pós-
modernidade. 
Segundo Tavares (2006), ao desenhar nas paredes ou fabricar cestarias e 
cerâmicas, o homem primitivo era impulsionado pelas mesmas questões de 
sobrevivência que motivaram o homem do Renascimento e o do século XX. A arte, 
então, aparece no mundo humano como forma de organização, como modo de 
transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento que se desvela por 
meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela abarca um tipo de 
conhecimento a partir de universos sensíveis e ideais da apreensão humana da 
realidade. 
 
 
 
 
 
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2.3 ARTE NO BRASIL 
 
 
A arte das inúmeras tribos indígenas se destaca na cerâmica, trançados, a 
arte plumária e a pintura corporal. Esta é uma arte diferente, pois não está 
necessariamente associada a algum fim utilitário, mas apenas a pura busca da 
beleza. 
Sabemos que com a chegada dos colonizadores europeus, mais 
especificamente dos portugueses, muitas tribos foram dizimadas. Grande parte da 
história dos povos indígenas se perdeu. A busca por riquezas na terra de Santa 
Cruz, com características extrativistas, não via com bons olhos os selvagens nativos. 
O processo de catequização tentava amenizar o suicídio cometido em massa pelos 
índios que preferiam a morte à escravidão. Não apenas uma, mas diversas culturas 
desapareceram. 
 
 
FIGURA 20 – CESTOS E ÍNDIOS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/xavantes.jpgres>

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