Buscar

O Processo Grupal

Prévia do material em texto

O PROCESSO GRUPAL
$
SêÍgio Antônio Carlos
Todos ncs temos alguma expêdência de paÌticipação grupaÌ.
Para uns mais intensa que pala outos mas de quaÌquer forma
müto importanE para a esÜuhxaçáo de nossas convicçoes e paÌa
o desenvolvimento de nossas capacidades. Estas vivências gru-
pais no nosso cotidiâno, nos deixa,.n maÍcês mais ou menos
profìmdas dependendo da forma como se dá a nossa inserção e
as reÌaçõe6 que ai se desenvolvem.
. 
P^riF-se ÍJo principjQ_de:E}g,estaep,q-S9lgla,ÌÌlelge.Ue-lpg
relgjgtêAqo-aomllgas pesso"as, coru-Ei.lqAiqdivctsgs-oàlqtivos.
ReÌaEões{aEEe4CaE-C-dìüêdôììÍês ôu menos inten-sas e passa
ge-l!4s. Todas nos maJcam, de urna forma gÌatificânle e/ou l.íâu-
Íúl,ica. E com toda esta câJgâ das experièncjas anteriormente
vividas que nos jogamos em oovas expdriências de reÌacio-
namentos grupais.
A !g9!AjÂs9!(Àq g[qpâl_!949 sgr_íe3}-zgdaje uma íorma
-ç4!69ÌerÌfe,ç!,4qa. Temos conaciência d9 guei.ar-ticipamos dê
al$Jns gÍupos, comumente aqueÌes que adeÌimos por uma opção
pessgaì. A participaçao nos deülais é feita, geraìmente, de q'laneira
rotiúeira e sem nos daÌmos conta. Mútas VeTeq$-omo,g ç,alr,eg-ados
pÉüo.s]po.
Até 3ai-gqt lvaEgg nos rg,Íedado-aoF chemados gÌupos
'ie€p9!iâ!99!'--o-u,-!dU!qìs" 
. Claro que precisamos também con-
siderar os gÌupos organizados com Íinalidades especiÍicas. Orga-
rizados e coordenados peÌos próprios paÌticipantes, ou por
proissioÌìais das mais variadas formações. Podemos peDsar em
todo o leque dos grupos de anônimos (AAs, NAs, DOAS, AÌ
ANONS, AL ATEENS, CCAS), em gnupos ljgados às lgrejas, em
qupos que atuam nas comuoidades, nos pafiidos politicos, nos
smdicatos, nas escolas, nas Íábdcas, nas praças, Sag&IEeg3ç
org@asjêIgEc$de qu9t9!9!9!Lç_paülsi&!s-@ p@qtes
199
que acontecern no seu seio. Glìlpolque lanÌ.r nodêm êstâr a
serúço.da tratdoÌnÌaçãosociaì,q!.Énlqdasua m.lrÌuteqçio.
Estagro,s,_po!a$0,. rodqados, 
-qq-S-4tpoc e p-êQi.c,iüiB& pu
negê.4do BaÌticipaÌ deles eÌÌÌ -todgj ,o-s -mome[tos-denossa úda.
A pteosulração com o grupo
Oslsï.udaÊìoipequenos {ruboc sociais, 4ÌÌ)boÌ{sejâm rea-
lizados por várias áreas de coúecimentos humano.sociais, sâo
em geíaì âssociados_con\4gocuggiêgi_Pçiç9leqi-a: I\:l9Ì$goÌg,
gt.t. o esÌììaô 4ì<rêr-ôâr.n íns:Iifgìreno!-qlpo9soqars, bqjJcagoo
comppender a dinâmicê dos mesrno*s, tem iDÍcio na décaqa de 30
c 40-.ôm MôÍero e._cptr-S!1lelditr. Ìquqq{Iì!qg!.1Êqtro\
oa 
-eqDìranelgaoe qÌlg_!qÌ__]çyalêq !gÌesq4!ê. []g_gg3_se \pesqUisa cÍ-ia a socioJTretÍia parg e Sslqdgdg Iellções de Eloxi. \maç@_g alas[amento enìÍe âs Ìeqes..qe orelerend, ê rêlêì.ão. \
taÌìrô noc qmrnôq quanto-D?jorNnidade corlg_Uúqdo. L_q$4, I
cria o termo "dinámjca de qruDo". oue foi utilizado Dela Drimeira
@f 9í4, NãõF*"q 
"Ge;er õda-pÍeomúomdÌupos, tanto de M-oJeno suqlÌÌ9 qe_l/erdl!:apa.[C9g9!!!99ÌÌ3_a as
inovações Ì4vtoris.-tas_è_gluaq, que tgyaLò^eÌel&€qdoallrqrgfu
mas_leEbe4j-de&liar_ação dq€ !eÌqções.-!e!!q.-dos operáriod\
entrgsl-qull!,tojqÌ 
.LeÌqçês.s cJçJ!ês ê paüõ-es (apud BaÍos \1994).
200
o cnuDo a se autocridcar e bLscaÌ o seu camlnlìo paÍa o funcio
namentq, pois unê dès possjbrÜdadês é não se cll$ilull e-IrQê n to
I-i grupo. Neíê_ç.aso, 3. cllqulga9--dç-strrp9.cqti.1:eMÇo da
/ y úSfgllggètfulqd? -co.no,um.d9s insrÌumenlos dê contíoÌe
/ lquq 3 reslggelce sobÍe o mdjviduo.
t )
Grupo ou pÌoceq!99-!rpal
s!DL9 do el!,e_!d!Ìlel!9
Em @!, os au!q!Cq"!9_sq IC!9ry94]-39--Sgtì9,ej!o'de,@po,pasÍn qe-de!94ç.19-qs l+9!llio !..e.4ômeÌo.soc.ral: a-I9+a93e+las
i'fu-iì!srújpi-.--qp:${q-dp.qção.oque4jjere
é a ÌeiÌuÌ.-a que-qsjnes!01âÍa49g!!o,p]9qe-$O de constituição do
do.mesÍrlo-
lewin (1973, p. 54) aÍirma que "a esj(rsb-de@@!q !áo
Íegqgnq_qg.ÌllCd9-9C-dissUUli.llde dê.qell'-rlQBbj.os. s,ql?iãg em
sLCglÊrdependürçt4 WrypgpEEler@aüeiza1Q,so no-um
't@SljbbllLco ; isq siSI-üfrq€ We uma mudanÇë no estado de uma
dqtì?í\As..i?ÈÍij1.ojftegp, de.-$al@91-a!E)-BnÍe. O -gê!-Ap
rÌll9!de!9!4q! q? qes-eg4gs ou-rry)puoq d-o-gt4tpo u.aia, em todqs
o_9 ggE , entre u4! 44!Sq {€m cogsêa-aMltre-eJJnaJnjdade
cogBlglit l-ewin centra a sud deÍin içáo na m LeÍdêppÌIlqnpa dos
mg!ìbj€ d! eqpo. onde- q!âlqueÌ allerâqao !ÌroMoua aleÉ o
coÌelivo. Demonírâ uma pÌeoorpação em bu,scar.a êssènciadq
SULo, o qu!,gqZjunlo !llÌ!a lrnôgqlÌ' dq o. "gÍr.upo comolmser"
gue uanscendg âs pessoas que o compõem. 4óll8afislo d-e um
sqpg-tdeal:r aquele-maÌcado ppr uÍla grande cQesão.
OÌrnsled é um outro autor que traÉ o tema, deüne um grupo
como "u44,qlg144gfqg@Qq!![z.d.u3g q)e eètào em contato unst
con_g g!q?s, que. s9 
.ç9.rytde!S!_44!94enre q que gsrdd ,
rr,níaenãi ète aE teìn ãàTíqnlfrâuvarÊfr;-nportânt" et4'
a)_E_ud'f1979, p. 12). Esta deÍioição traz consigo â ideia dqr
consideÌacão Íolitua, sêÌtÂÌÌeoqupaçãQ.da homogeneidade
4pon!9 rglgjqY.e. sL*d9 i.o.slì{ÌrÌgpê!rcs e par3 o Eeruimento
oecoÌll@&or-4s9,crgÌúc90lqpêÌacqdâ.um-deÌes
Nas aftmações acima enconÌramos pontos que ainda hoje são
imponantriipaia o e's-tudo db6 pequenos gÌupos sociais. Ulì.dglgf
é 9jq-latg!!qgë-pgs99as egbgsG deJÃlgbietiv!-ç@un' ainÌ-e4gt)9glÉllia enlre. sgu$.!lgE!Ìos, q.gol53o€rle$uì14-de
sr!-p9sugvan""*rtqcolúÍÌ\uo que veldadLsplìIggo aÌe unidade
l
I
i
I
l
Íorme SiAn (1975), siuacõe_g-0e,Íu!-cÌ0lgrn9!!o,nê-Uqse- q9. e]4q!e
ao des.coúêcido ou da.e-speIa de um n€ssias qUe v_enba ÌIazer a
sqrygç-ã9 aq gÌuDo.
O qruDo Drecisd ser üslo como um camLo onde os uabd
Ìhadoles sssiêls W9 sgè!9!!J!!j!9yeq lglEq$g ! hpmem
sepilq!-!4-lloqeqì aÌj-91ì9do e o-grr.upo e..uma pos-sjbil ddde dê
'rÌlgnìÈo (Sììúa LaJ e 1986). Mds.(ambem pode ser.umamaneiÍd
/' ' ídg.lixtuna suq !-gs-içãode .aÌienado. o gmpg-Iêp,9 a-sarantia
,,, 
d9- 
_e.-r-Ìg,qj-aqrçnto. N_est€_c-qqq,as-J-q-Ìaçõ'e-s."queã.-CqesÌAbelêc9ln/ podq!-Slq{qqÌglgqeIçprodUção^da.sJeÌaçoeÊ.de_do4úação
e de aÌiengçqg-ga sociedade_cqpitjüsÌâ-qE_r-1g]lo_qeìa. Pod,"n,I,
em conü.apa$ida, ser_u_!0,g1one!!o em.E)9..a.q4lpg $p. Dense,
eàa1i9it9. as 
€ltuêçi$^qu9-9llr.qYalq,algrluncÌonaÌnento; onde
as pessoas p,ensam, êÌabolam, enfim, trabaih4m aê .suas relaqões
e consegÌem estâbelecêÌ uqlq expedêlcia única, re!e.!idê_e que
Íaz os_seus panicipantps F._e s_e,rijirem sÌj^ejtos.
Para esta possibiüdade um autor Ìatino-americâno que contd
bìÌiu múto foi Enrique ?ichon-Rivière (1982). A panirSo_qqergtio
namqllgda psi@idEja e doq.qrupgp em hospitdis psiquiátÍ:cos,
cÌia a técnica dos orìrpos operã Livos. Ü r àos cônieilos Íundaúên-
Ìâis q o de ECRO - Esquema Conceituâì RêfeíenciaÌ ê Operativo
Pichon aÍi,.rnd que cada um de nós Bosçulum -ECRQ jrdilrdual.\
J Ele é. con-<titüdo pelos nossos vaÌoíês, nossas 
'ciênças, 
nossos Y
' mgdos enossasJântasias. Oualdo.no_sencontÌamosDarâtlabalhãr
I com outíaspêssoâs ljâzemoso nosso ECRO e com ele d,jôlogamos
com o3 ouüos, ou mehoÍ, com os ECRQS dps_qUtÌos. Conp neIn
' : sempj,e eelicilamos os noJsos ECROS o ngsso_qqJqgq pode ser
' diÍitçúqdo.OuandoseestággpqÈqndQ,e.q,gqqpo_s-q-,r9glÌzação
i 91]quÍu estabeÌecÌda pode ser dificultada pelas- dìfrrençês d:ÀìEIROS que esÉo eln jogo. O au-ror fâlqla conslrução dê um ECROl\/ Eupal. EsÌe ECRO seria um esquema comump-ara as-pessoas que
lpârticipâm de um dêl.eÍminêdq Eçpo - sãìerdo o. que pensam
Ieq9qÍ!1]nt0 - pode,rem_B-aüÌ-pqra qgr-!,,tql_r.r_b!]Ir,.g,o-Ì9,tiv-Atrìp_n!c a
lpanÍ do êcÌafamento das poqÌçõÊs indi\,lduais e da construçáo
'coleÌjva quê íarorece a tareÍa $ÌÍjá
Coúo "funciona" o pÌocesso gÌupal
Ouando Densamos em Drocesso oÌuDal não esramos nos
&lgi4Eo grupo como umaãntidade aiabadà. Eçtamo.gpqnsal
i97e)
oo-qgrupgjqqo um ploielo, colno um etêrro ür-a-seí.. pensando
9bmo Saftre e Lapassâde (1982) esrc processo é dlâléúcoa
umâ mudança de roÌa deúdõ á âialiação doìãjeìo-ja percómdo
e do que faìta. EnÍim, há qFa+reocupação em centrar na tarefa
e tqp4?E!!çllgg! qgllggll4püfiliìq sue estão dils[Eando a
realizaÈõ aa lareGÍreG@a, ou que a estão Iqdjrãdolsta é
Uma mâneÌradê ô.rnìnô sa Ìômâr qni
Os integÌantes da experiéncia Lerão condições de mõfdecisôes
de foÌma mais Ìúcida e, portanto, podendo avaÌiaÌ os beneÍícios e
os Íscos das futuras ações que pÌetendem desenvolver.
À quisa de feúamento
No declqel dqstqtej{ro dei}€mca clara a nossa DreocuDacão
naJEÂpreenÂãg3os,peçãios grìflffiãrs. õ@o-no
sentido de comerrar a.ce.IglllgEg,igEiong!9lqlta (1996) não
aqgq!ajq9Ê41e-o-noúü€&qlL!Ba-L!_o_s-99!.c!À{o na-:e$i{o- Ide umate!.e?a. Tendo cÌaÌo que este comentáno está impreonâdo
0il._rdo,esg !9!!ç9S!19!Aio qúàglos'ql cle cada- uri. dos
coEgllqdqla3* ?ortãnto, não existem verdades absolutas mas '/
apenas hipóteses que dêvem $er coÌocadas para o grupo. O próprio
gïupo poderá trabaÌhar conÍrontando o nosso comentârio com os
comentáÌios produzìdos pelos seus integÌântes. Daí resuÌtaIão
situações de manutênção de ielações já estabeÌecidas ou a mu-
dança das mesmas, numa decjsão muito mais dos partìcipantes
d0 que do prohssionaÌ que compreende mas nào vive o píocesso.
\ Indicações IraÌa leitura
Pa€ aplofundaÌ as questões sobre grupo e processo gÍrupal é
turdamenÌal â leituja do texto "Prccesso Grupa.l" de Silvia lane.
NeÌe a auÌora dá uÌna úsão dos pdncÍpais autoÌes que abordam o
esÌudo dos pequenos gÍrupo€ sociaìs. Faz uma anáÌise cÌ1tica,
destas aboÌdagens, do ponto de ústa do mate aÌismo históÌico.
Deve ser considemdo como um roteiÍo para aprolundar a questão.
O texto de HenÌique Pichon-Riúère "OpÌocêsso grupal" é um
cÌássico Ìatino-amedcano paÌa o estudo e a intervenção de peque-
nos qrupos. Nele são encontÌados os fundamentos e o detaÌha-
mento do que o autor denomÌlìa de "gÌupo opeÌativo". Na mesma
Ìinha, porém com uma Ìinguagem mai$ simpliíicada, indico a
coletânea de to!.tos de MadaÌena Freire Weffort, Jüana Davini,
Fátìma Camargo e MiÌian CeÌeste Maftins "GÌupo - údì'ir?uo,
sabe! e parcerk'. malhas do conhecimento". É resuìtado de um
semináÌio coordenado peÌas autores.
Ouem desejar se aprofìüdar dentro de um referencLaÌ psicâ-
naìítico é necessário buscaÌ a base em Sigmund lÌeud, pÌincipal-
mente nb texto "Ps.icoÌogaa dar M€ssas e Atiílìse do Eu'. A partir
:,ail:1;iiü;iÌqtrìj"li::,1 -. .L
da "PsicoÌogia das MÌrÌtìdóes" de custavo te Bon o autoÌ aboÌda
o contagio e o efeito hipnótico que acontece nas massas e
desenvolve conceiÌos de relaÇões Ìibidinais, tanto dentre os útè-
grânl,es enhe si quânto destes com o seu "cheÍe . E muiÌo
inÌeressante a análise quê r€aliza do Exército e da lgÌeja, mosüan,
do âs rclaçóes hieÌarquizadas.
BibliogÌafia
. 
BAnRoS, Regina Duane Beneüdes de. cÌupo: a afBnação de um
biÍnuÌacÌo. São Paúo, 1994- Tese de Doutorado em Psicoìogìa
ClÌrica. PUCSP.
BION, W.R. Ëxper-,ênciâ,s com grupos. 2r ed. São pauÌo: IDUSP, 1"c75.
BOUDoN, Ra1'rnmd & BoURXICAUD, IÌan9ois. Dlcionánb cÌítim de
soablog4ã. 3ão PauÌo: Atica, 1993.
FREUD, Sigmììnd. P6icoÌogia das Massas e ÂnáÌise do Eu. In: FREUD,
Sìgmurìd. Obras Compleüas. Fjo de JaneÍo: DeÌia, yd. voì. X{, p.
4-105.
lÂNE, Silúa. hocesso Grüpaì. IN: LAM, SiÌvia et al. ?sicalagia Socjal:
o homem ern moümento. São PauÌo: BÌasüense, 1986, p. 78-98.
I-APASSADE, George. DiaÌélicâ dos qEupos, das oÌganizações, das
Ins[tuições, in: 
_. GÍupos, organizações e Ínsbtrx:çÌtes. z.ed,
Rio de Jãneiro: IÌancisco AÌves, 1982, p. 237-63.
LEIMN, Kurt. Prob.leÌnâs de dinâmÍca de gnpo.za ed. Sâo Paulo: CulÌrjx,
1973.
LO\4IY, MiciÌael. PaÌa Dma sodologia dos intelectüab revolucionáios.
São Paulo: lêc,ÌÌ Livrâda EditoÍa Crèncias Húmanas. 1979
OLMSTED, Michael S. O pequeno gmìpo socia.i. São Paì]lo: Herder, Ì970.
PERAÌ,TA, Juan. Grupos. México, Maestrìa en Psicologja SociaÌ de
Gíupos e Institucion€s. htlp://cueyait.uam.rÍD/-mpsvtexios/gru-
paÌ.hüDl, 16de novenüro de 1996. 9f.
PICHON-RMEnX, HemiqÌÌe. O pÌocesso gÍrupa.l. Sâo Paúot Manins
Fontes, 1982.
\ EFFORT, MadaÌena Freüe. O que é um Grupo? In: hTEFFORT, Mada-
lena FreiÌei DA\IM, JuÌianat CAMARCO, Fárimã; MARTÌNS, Mi
Ìian CeÌe$e. Grupo - indiúduo, saler e parc€ia: maÌ,has do
co,ÌÌìeame4to. Sâo PauÌo: Espaço Pedâgógico, 1994.
WtrSON, GeÌtrude & RYI,AND, GÌad!Ìs. PÍádca do SeÌvìço Sacial de
GWo: üso cÍiador do serviço spÊiâl.. Rio de JaÌleiro: Serviço SociâÌ
do Comércio, 1961-
206 247
PSICOTOGIA POTITICA
Louise A. LhullieÍ
Para começo de conveEa precìsamos deíinÍ do que estaremos
tratando, ou seja, o que é Psicologia, o que é PoÌíÌlca e o que é
Psicologia Poütica. Bssas deíinições sáo necêssiÍÌas pala que se
estúeÌeçd uma base comum pdra a nossa comunjcaÇáo (auto
ra,4eiÌores), mas é importante que se diga qúe não há consenso
sobrê eÌas.
Desde o início do cuÌso de Psicologia, os estudant€s tomam
contaÌo com a discussão sobre o objeto de estudo dessa discipÌina.
Vocês já devem teÌ peÌcebido, enlão qÌre diÍerentes êscoÌas de
pensamênlo defÍnem o objeto da PsicoÌogia de acordo com a
pêrspecÍiva teódca que lhes é própda. Assim, uma escola dÌz que
ela esÌuda o comp0rtaqrp,nto.ÌÌulxìê49, outra que esÌuda a mette
huqgla,-.cassim+oÌiiante.
Neste texto, adoÌaremos a peBpecti\,€ da Psicologia Social
Cítica, na tÌadição de pensamento Ìepresentada no BrasiÌ peìa
Associação Brasileua de PsicoìogÌa Sociai - ABRAPSO. N-e-ssa
abordaqem. a PsrcoloqÌa pode ser deínida-cQmo a disciplind que
esríqa q s,4-ãiio em-súrãlação"cgm*o mlq{g. Nessa Íelação com
omúão essesutertoseconsti[ui, ão m"smotempo, comoproduto
e c-qpó-Íiroôdroiiia iJuá nisL oria e da niitorià ãa iócieã;dó em que
vive,
Ha-!I9s-!üa!@srb3ve-Àssga-deflÂiçao: s-!Ìicila-retaçaG
nfqndo-qsuÌc4q!-sq0pr9iuçllsda3çeo - seiailer4dÌúdso ou
glutgb,-eü ou'!lis'. Eìe só Êxistê pglÍIuqage, 4q-!!q reÌação
coÌq4.Di.ìado. E{sa ÌeÌacãó é q-laç9-da-Adül!e, plUq!-4Í,,qrÌe-p
suig!!9$ioÌE{i!u-i é aÍsìe.]ele-exsle.cnElâllo !d!l1q!LpQ4!úìto'
ouli4_P-srcoloqú, pode enco.nÌIalo cpmo pbjerc de. conheçlnetrm.
Por ouÌro lado, é atrav*égg-e-ssâ reÌacão- que ele vai constÌìriÌ a
rcqE!q!19,9-ÍÌuldo. tata-se aqui taffo da reaìÌdade/mundo "paÌâ
si"; ou seja, como existe paÌa o sujeito, quanto da ÌeaÌidade/mundo
"em si", poÌque os eieitos da ação humana transcendem as
*
ü
$
i
l
existèncias paJticulaÌes. E-!_!ulfdC_pê!fqeç-o íello trans_
tplDê!9r dq açao dos sujeitos vai alêm dosìtmjtes dã oosÌència
oq úÌor!1oug, dg.gÌupo, Fnlo em !êrmos de tempo guaÌìto de
eipTa. ôq -qgl]'0-o. urndo ilÌ-rpJiDÍnos EarS, delên!êdc!&os
moÌÌme nlos cìljos mulhplos eÍeitos ÍregÌje n temenre JÌijiQlelÌseqrj _
' mçrs,alltrever.
Ouanto à defiÌÌiçâo de poÌÍtica, a diveÌsidade de peBpechvas
também é muito gtlande. Bobbio (1992), em sè'u ,.Dicionário de
Poütjca", rlglnQ{I9,99!Ìoìisroricammrc o clLcel!úlelobrica
"9!+9-!se+gctt--t1]!lgõão@er.mJjqóspffi ãmenreacoe poqelpourÌco. !;leg!!nqtc.!qd3Í_ooü!ico de ounag Íorínas
ae pogg( FoqQÍ&oqgElgqe podeÍ ideoÌogtco) coEqlêtren4ente
'? calegoriâ do poder do homem sobre oDEo homem, não a dopooer do homem sobre a nêhJeza. Esta relàçáo de poder é
expressa de mü manelÌas, onde se rcconhecem íóÌmuÌas tj:picas
da Ììnguagem poÌitica: como reÌação ênae govemantes e gover_
nados, entre sobeÌano e súditos, entre tstado e cjdâdãos, eniÌ.e
au@ridade e obediéncjâ erc." {p.9S5).
Neste lexio, deliniÌemos polittca de uma Íorma muito ampLa
e simples, começando por sÍtuá-Ia como atiúdadê hìmana que se
9á nâ ïleJa -dai disputas peÌo poder entÍe gÍrupos oíganizaalos.I;ssa auuoaoe numana ê entend;dà confoÌme a concepÇão de
Iáne (1986):
''a atiüdade implica açoes encadeadas, luffo com ouÍos il.Ìdlú-
duos, pâÌa a sâtisÍaçâo de uma necessialade comum, paÌa havêr
este encadeamento é necessá.ria a cotnunicação (Lngiuagem)
assim como um plano de açào (pensâmento), qìre por sua vez
decoÍre de abüdades anteriormenle desenvolúdas (p. 16).
Essas "aqões encadêadas, junto com auúos indjvÍduos, pan
a satbÍaçáo de uma lecessidade comum,,, no caso da política,
reúÌIem, de um Ìâdo, aqueles que buscam tlôrÌsformar uma debeÍ-
minada Ìelação de podeÌ poltico - seja no,pÌanonìacrossociaì,
seja no misÍossociaÌ - e, de outro, os que buscam mantê_la.
missos do íazer cienÌÍAco, no campo dcs vâÌores, da ideologia, em
seus detenniÌìantes sociais e históricos. Da mesmâ forma, não
concebe estudaÌ a âção humana - e sobrêtudo a atìvidade poÌÍtica
- desvincllada das suas determinações sócio-histôicas. A def!
nição de Sabucedo (1996) revela, emboE de mareiÌa não e>.plici-
tada, esse compromisso:
"d Ptqgloqia Polrrica cortgËle !q ejllCo daS qlFlçag-.rep'e
sen!ç99qqg-sç4!.ç9p!Ls9-s,9idqg9-osjênlso.ble a Bpliticâ
e os comporlamentos destes que, por aç;o ou oÍrussáo, Incidam
sobre ou conEibuam para a manrlencão o.r muddnça de ufiâ
oeï&miìãã-a-ôã# Ãô-ctoúlitcaì-ip. 22j
Se!g]E!99ú4,eEIgqeIê€ a-.çj9q9!'.omqsie-s*qu€ ç_o-q!4b.}empala 
_9- -!rÌlÌ3ênça ou JSAIULgO!9.0"-de .ÌtAE detelmin4da, oÌden
soctgpgqç3-€g4-alaìjsar eg!a-!Urc€:qr.9ÌcsÕss--Qnt(9-ela ê as
aE@slbgrissões"dos-sujeitos. PortanÌo, a deÍinição de Sabucedo
contempla ad dimerÈões que já dêstacamos: po*Ìítica.-c!&Q_ê!iú
dâde humana oue se dá na esfera das disDuras DeÌo Doder entre
Srupg$l5jlqãados. Aljüdade hÌrmana como "dções êncadêadas,junro com outos indivÍduos' , voÌÉda ou para d transíorrÍlação de
umâ deleÌminada ÌelaÇão de poder poútico. ou pdÌa a s,ra manu-
tenção. Ngq0tê49, çomo é !ÍrIqs_siveÌ a-DeuugÌjdqde na agéo dos
sqjslgs i oEisÊão raÌIúém é pbjeÌo de e$ldo da Psicologia
Pol$câ. EsÌalÍata tanobem, po-Itantq do l'ap!Ìiliçism0", da au-
sêncialeJ.@jcipação p^oütica ou da negaç;o da políüca, já que
esses posicionâmenÌos conÌrjbuem paÌa a manuÌenção ou trana-
Íormação da ordem sociopoÍtica, independenÌemente das inten-
çoes dos sujeitos que os adotâm.
E intere.ssa{ìr9-.ainda, esclaleceÌ sue o íato dâ âtiúdade
pollBÀsejeI-"na esfera das dlspÌlt?gpeÌo podel enÍe qrupos
oroanizados ' ou de se constitut de "acõês encadêadas. iunto com
ouruot-ìÌ0.divÍduos", não sigroúca necessaÌiamente que, para se
considerar o compofiamento de uma determinada pessoa como
poltico, esta deva estaÌ insedda num grupo oÌganizado ou estar
aÌucuÌada politicamente com ouüas. Signìllc3ilg9lim-qre oseu
comDortamenlo tem a iÍ]lencáo de conribuú ou coÍ[Íibui de\ :
âr-çuDal9lr!apâÍaÀ!Mt!!9j1çêQ!! p4!-galElgQqeggêjma \ ;
delsroj.!êda:9lqçj2ú1fi)p4'l-go_l!t&,,99-9lq,elÌ,9:_c.i9p,qlíticâ. ì I
Final,nente. é bom lernbrar que oa estudos oue oÍiqinaÍam â I
,áãÃì' rrànGlÀ oasPsj99lqgia!94icaÍegüe41.ç.mer-r.re.ulÌr-qpai._ 
_ 
_
208 209
dìFcipìinas ÍormaÌmente constituÍdas - PsicoÌogiâ, SocioÌogia,
Ciência PoÌÍtÌca €tc. -, em busca de uma melhor comDÍeensão dos . .
fe!0üeno€€s$dados. EIa se constituiu; ênrêg3lq$lllbiontri-
búç39--d9"p-ejqUE34qe! e eqDdOsos.de_Qjt€A94-áreas do conheì
c1ÌIg!to. Pode-se úg',pSíá",o,lnle,é-u[oa-!_ççipdna del
fddicão mì]ÌtidisciDÌhâÌ. Por oÌrüo Ìado à comolêxidade dosll V
. t t 1prnhìertas de quersq. ocupa e ê mulripücidade de áeas del\
conhecjmenro de oÌigem dos profissionajs que co'ìslruúafi aì '
Psicologia Poìjüca. õzeram com que grande oaÌte da sua consL.u- i
cão se desse no l,eÍreno da interdsoDlinaridade. Isso sioniíica oue I
DOâ Oàíe dO mnnecìmento nêssâ aíêà sìtÌtâ-s-ô nlrmà àTeã com-l
pq&_iÌhadq,com oufias djsciplinas - especÌaÌmente corla Soc'olol
gÌa.Já.cjê]Ìcia.P_o-líìca -, constitúndo uma região "de íonteÍa"
à pêrte das disciplinas-mâês, um teÌiitóÌio què é de todos ê não é
de núguém er-n paÌticulaÌ.
Este é o caso, por exempìo, dos estudos sobre cpmportamento
po[tico que tralem de temas tajs como comportamento eÌeitoÌaÌ
ê movimenÌos sociais, entre outros. Tanto isso é verdade que a
Associação Nacional de Pesquisa em Comportamento PoÌitico -
ANAPOL -, criada em iunho de 1996 por pesquisadores de
diveGas das majs imponantes universidades brasiÌeiras, é presi-
dida poí uma psicoìogà, mâs coÍrpôem suê òreroiia e Conselho
Deliberaïivo tanto psjcóÌogos quanto socióÌogos e cientistas pcìj-
ticos.
düetamente para suas possibilÌdades e seus ÌÌmites. Assim, esse
autor nos leva a ÍefletÍ sobre âs diÍerenoas entIe uma ?sicologia
PolíÌica e uma Psicologia da Polítlca:
''Se Íâlamos de Psicoìogìa Poüdca, nos d€paÌamos com tüna
discjpÌÌìâ quê âssume que a PsicoìogEa não é aÌgo compÌetâmentre
aÌheio e à maÌgem da PoÌitica, que a própria PsicoÌogrâ conÌêm
teoÌias políticas, Se, em vez disso, nos refeÌimos a ì)ma Psicologna
da PoÌítica, esÌaÌnos ante uma aboÌdagem totalmente diÍerente.
Neste üiimo caso, a PsicoÌogia e a PoüÌica serÍam dìras entidades
&
f
*
ü
f
*Ãt
i
ï
Il
{
I
.l
;i
{
ï
ï
ï?
Pslcologia política ou psicoÌogia da política
PaÌa alquns autores são os DrobÌêmas esl,rdados oêÌa Psico-
logiâ Pox"r; quqa òôÍineni,'ja que eta LÃìe éáráõÇaoo.Le
agoÍa muil.o ndis p-eÌos Lemas que aborda do que por um re[eren
ciaÌ leórico melodoÌógico próprÌo. Para-puqQsr no enÌa!!o- essa
carqdeÍjzqçao como ãÌea iemattca e msgtiãììÌõíorquõìòs aiz
oo ciue tem-seãóufaõo á pìicologia PõÍíõ, mas nada rios revela
sobre a-s suas possibilidades e pe$peòtivas na construção do
conhecimento. Além qisso., não dislingue erÍtr,e, de q!l_Ìado, as
âbordagens ilÌrda-[]91ÌÌ309s na concepÒão crítÌca e, de oüüo, na
perspecl.iva dd neutrdhdade cientúica.
Embora à primeira vista essa quesÌão pcssa não parecer múto
importante, veremos çÍue eÌa é fundamental. Como nos alena
Sabucedo (1996) ao deÍinirmos essa discipüDa estamos apontando
uma postura neutra por parte do cienüsta. O ÌrâbãÌho de I4sswelÌ,
considerado o!gì!e Psicoìogia PoU!\â na hi-s!oÌia^d9!!9-È*9Ípltna
esoÍta pelotauÌorcq-tQl!-e.-americanc6, é üm bomslenpÌo dessa
orientdçà0, na mêdidâ ctr!qre br,sçolì-etrqonlrer nâ Psçglog0.a-as
chaJQs!3IaAçQ&!ree0são dqc.oÌ[ponamenÌo po]iuco, ceor! ando
seus-estrldos-nosprocessaql!!,o_olÓgr_c.,s_49luqggilpgllriês. .s.
!gs9ge€Jggr"i9as.qu.9-9r.lYlÌigl.olllÌ914.!estisaçê9 daq q4qqas d0È,jãploÌgmgnfg eoon tú. com ctareiãìeìsa aireçdo: personalrdd'
de-e-psiçoparc1o$a, r!9!j.vacao, cglúilo, pclççgção. cogìiçao
ap€Ioizagêr.!, so*üuâção, gêngqe das alittd.-ê,s -Q dinâmipa de
qrupo,
Um dos Eandês problemas na PsicoÌogia da PoÌíÌica é que
promovè uma reduçêo da PoÌÍtigà ÀPsicoÌogia, afiavés"da p_s-ico-
ìooizAcão dos Íên^mqnôs ooÌidcls-p da de,s-considêÍaqão das
ò0ry!&"õ-e.-s-Spgi3t9-9 llql9ricas em que eÌes ocQFrem
Como Sabucedo (1996) nos aÌerta, essa úordagem "jntÍodüz
vm aspecto de íatÂljsmo e de impotència wanto à poËsìbilidade
-de mudaÌça sooìai". PoÌ exempÌo:
"À aproximação cogÍniÌiva ao tema do preconceito üusÌra peúei-
tamente essa dinâmica. Desde o momento em que a carcgonza-
9ão é coÌocâda como unì processo cogmitivo normal e lesponsável
pelos estereóhpos, se está afirmando qüe o prejúzo e as conduÌas
1 
.11 : :
de discriminâção são inevitáveis (...) O dìscuÌso da autodenomi-
nada nova direita, útu1o sob o quaÌ se enquaaLam velhâs Ídéias
fascistâs, utiÌia esse ìipo ale abordagem, assúalando cl.Ìe o
etnocenEismo é uma tendência humana naturaÌ" {p. 22-3).
Essa perspectivd 'neutrd tert, poíaÍ l.o, conseqüénc'as po-
líÌicas que derivâm diÌetamente das concÌusões "objetivas de
seus estudog. Isso porque, se eÌegemos como nível de ajÌálise o
individuo, ou a FsicoÌogla individuaÌ, as peÍgnlntas que íaremos e
as respostas que obteremos seÌão ümitadâs a essa esfeÌa. Ou,
como fica mais cÌaro nas pala!Ìas de KelÌÌÌan (1979):
"se definimos o pÌoblema como um piobÌema psicoÌógico próprio
de um deÌerminado gmpo d€ pessoas, então o mâis prováveÌ é
desenvoÌver poÍticês que incÌuâm estratégias de mudança dessâs
pessoas e não poÌíticâs que modúiquem a esFlrtuia sociâì que
possjbiìita a exigtência desses prcbÌemas" (p. 192).
Creio que já esnl razoavelÌnente claro o quê é a Psicologia da
Poìítica. ConseqüentéÌmate, avançâmos na,-dire{ãqdqesclaÌecqr
o súeÌáo,C.ê&i99bq1P-91$ca. Porém, é necêssário lembral que
a distinção que Íazemos nesse texio e que compânühamos com
outros autores úo é consensual. Há mütos ouiros - notadamente
nofte-ameÌicanos - que não distingmem entre as aboÌdagenscrÍtica e acÌÍtica, como veÍemos em seguida, ao ânaìsaÌ um pouco
dâ históna da discjplina.
um pouco de histólia
Não é fáciÌ escrever a hjsrória de uma discipìina. É necessário
escoÌher os peÌsorìagens e fatos que serão incluídos ou excluÍdos,
o que terá destaque e o que será mencìonado apênas de passa-
gem, que fontes de inlormação deverão prevalecer em caso de
divergências... Eúm, há uma multipÌicidade de escoÌhas a íazeÍ.
É r€comeltdávêl, portanto, que se tenha um critéÌio para orienta-
Ìas, assim como clareza quanto às Ézões que nos levam a adotálo-
No caso deste te)iito, por exempÌo, a distinção que fazemos entre
Psìcologia Poìitica e PsicoÌogia da PoÌítica exÌge que tenhamos
uma postura crÍtica em reÌação às histórias que não êstúeÌecem
tâÌ dÍerença. .
Nesse senüdo, uma discussão inÌeressanÌe e necessáÌia é
colocada por Sabucedo (1996) quando tIata da quêstão da paÌer-
2t2
nidade da di-scipìina. Tanto o ploneÍo Handbook oÍ Palitìcal
Psycho./ogy orgdnizâdo por Knutson (1973) quânto é lntenatíonal
Soaety af Poürical PsychologÍ' consideram lassweìÌ como o pà da
PsicoÌogia Política. Ora, como já Íoi assinâÌado acima, jndepen-
dentemente de seus reconhecidos méntos' o trabalho de LassweÌÌ
é ceoüàdo na peíspecljvd individuaìj$a e acnÌica que caÌaderiza
a maior paÌte da produção nofte_amedcana nessa âea. Contuclo,
na tÍadicão (acrÍtica) nortê-a,nericana de pensamento paìcopolÌÌÌ-
co, na quâÌ foi escrita a históÌia oiciâÌ da ?sicoÌogia PoÌítica, é
compreerÌsível a atrjbuição de patemidade a f€ssweÌÌ O questio-
nâÌrrento cabe aos que não 6e ìdentificám com essa tradição de
pensamenlo.
As oíiqens da Psicoloqia PoÌidca IemonÉm à Crecia çÌássica
mas naíiatarëÉõs aqui ãi;ssê passado dislante Ja no Relasci
*ç1s,,?arj-as-Ìe*"d-elçq que ç-e- og.lpaÌqm ero 
-anaÌisal as
rÃiãcoõèïrre os terordzq151glsglogúõa è poìr-!!!9! Jìà,opodêmos
igÌ@aúl Suãs idllelil4&elc-jÊÌam' nos iìti4qs çêcuÌos'
Lanõõ coLiaiano dds sociedddes ocidÊntals quan-E a ação de
aiveisoíôovemantes- õã õoúiruçao do coúeomênto nas cÌèn-
cias-nu-niããílãã itustrai o aìcance de sua influência, bâstaria
ÌembÌaÌ que'foi eìe o auÌor de umâ série dê rÍÉ)amas e refle>(ões
que Íoram apropdadâs pelo sènso comum e incorpoÌaclas ao nosso
cotidrano, como, por exemplo, a popular êxpressão "oïElg-lusti_
bcdm os meios (e, paÌa eÌe, o poder eÍè um lim ) Mas, aÌém
úìo.- a;i õ-p*"pà t'laquraúeì presedrecju seus leiroÍes com
riiverios ensinamèntos sobre como manrcr o podeÍ poÍlico Nã0
é à toa que essa leituÌa tem servido de referência a poderosos e
àpirantéÉ ao pooer, desde então até os nossos.dias. No campo
da ciênciâ. recenÌes Ìrabaìhos sobre o maqlxãv€ú:9mo mostram
como esÀe pensador lenascêntista continua sendo uma rica Íonte
dê inspüação para novos esludos sobre a questão do poder'
Mais rccentemeDte, nos uìtimos cem anos, sâo muitos os
nomes que podemos ciÌar como pÌecusores da Psicologia Politica
Vários deles são famüares aos estudantes de Psicolooa porque
Íazem paÌÌe da história dessa aÌea do conhecimeìto' como Le Boir'
Freud, Wundt, !Ìomm e Reich. Ouüos certamente Ítão ìhes são
u"n-t o., aolÌÌo Weber, Dwkheim e Adomo.Ì ConsideIando'
'1. Múrc outJos nons p)derim e ddedm sêÌ o€dG e @íìenhdos paÌa que 3€ nase
rwd 
" 
6s€s Dìedìrres Nào é FossÍveì Íazê_o no sldln) no êssçodese câpÍnìo'
Âãìut qr" 
"À 
t**". p.t se rem prec.sa,ao recu er a bibhcqraúã Ddicadá
ao ma, eipeciamente a SalueOo (Ì 996) qxe urnbém seMá @mo Íone d€ leÍerênna
213
zuela, e de lgnácio Martin,BaÌó (faÌecido em 1989) comÒ seusprìncipais autorcs. Ainda segundo esse autor, Mexico, Cbjle,
VenezueÌa, PoÌto Rico, Costa Rica e CoÌônbia são os países oÌrde
a disdplna se eììcontra mais desêovoÌüda, mas o BÌàsil, Argen-
tina e H SalvadoÍ também contribuem com trabalhos tmporÌanles
à constÌuqão dêssa aÌêa de conhecimento.
No BrasiÌ, a Psicolo$â Poüüca ainda se enmnEa em fase de
aJir[Ìaçào enquanro discipÌina autónorna. Sua presença nos espa
ços instjtucionaiô ainda é fimida. Embora nos anais de diversas
reuniÒes cienrifcas da Psicologia - princ;palrnente da ABMpSO
- possam seÌ identificados mútos estudos e pesquisas què sê
iÌ}serem nessa âea de conhecimenÌo, a idefiidade da discipÌina
e a iden túcação da majoria dos pesquisadoíes com a mesma a;da
estã em consl"rução.
A consolidação da Psicologia poüLica ênl.íe nos exige umÌesgate da sua história no conFxto brasiìeiro e um panorama
compÌeto da situação atual. Dâ mesma forma, é necessário que
conquiste uma ÌìaioÌ visibüdade acadêmica e social atravéa dapreseJÌça nos cunícuÌos de gÍraduação e pós-gÌaduaçâo 
€, pdngi,paiÌnente, q.ue sejam ÍortêÌecidos os gÍupos de pesquisa já exis_
tent€s e .que seja estimuìada a criação dê novos,
Sugestão de leituras
_ 
PaJa iÌ um pouco maisadiarÌte na expÌoraçào dessa Íascinanle
a-(ea oe conneclnento qìle é a PsjcoÌogia poÌitica sugere-se
aÌgumas ÌeituÌas, abaixo reÍerenciadas. O qirério adotado paÌa
escoìhêìas Íoi a sua utilidade paÍa um mapeamento do teriÌório
da discipüna, emgeJâì e no BÌâ_sü. Não Fegruem, nêcessaÌiamênte,
a mesina ÌiÌììa teórico-metodoìógica. Constituem um bom começo
e espero que estimúem a avançar. Boa leitulal
216 217
Em PoÌtüguês
?ENNA, Antônio Gome s.ILodução à psicología pollÏca Rio
de Janeho: Ínago; 1995.
SANDOVAL, SaÌvador A.M. O compoftamento poljtico como
campo interdisciplinaÌ de conìecimenÌo: a reapÌoxÌmaçào da
SocioÌogia e da PsicoÌogia SociaÌ. hl CAMINO, Lêôncio; LHUI,-
LIER, Inúse & SANDOVAL, Salvador A.M. (org.) Estudos soóre
comportamento pohtico. FlorianópoÌis: Letras Contêmporâneas,
ASRAPSO, 1997.
. AÌ$mas Ìeflexõês sobre cidadania e formação de con$cÌ-
ência poÌitica no BrasiÌ. ln| SPINK, Mary Jane (org ). Cidadania em
ConstruQão: uma rcÍlexão tratsdiscipill;.aL São PauÌo: CoÌtez,
1994.
PON'IE DE SOUZA, Fêmando. lÍistódas ÌnacEbadas: um en-
saio de Psico)ogiaPolÍtica. MaÌingá: EditoÌa da UEM, 1994.
CAMIÌO, Leôncio; MENANDRO, PauÌo R M. Apresentação
geral. kì: CAMINO, Iaôncio: MENANDRO, ?aulo n M. (orgs.) A
sociedade na perspectiva da psÌcologiaa qüestões teúÌcas e úe-
todológícas. Rlo de JaÌrelÌo: Associação naclonaì de Pesquìsa e
Pós'GÍaduação em Psicoìogia - ANPEPP, 1996
CAMINO, I€ôncio. Uma abordagã psicossocioÌógica rìo
estudo do comportamento poÌítico. PsjcologÍa e Sociedadel
8(1):16-42; jên./ jun., 1996.
FREITAS, M.F.o. Contribúções da psicologia sociaÌ e psÌco-
Iogia política ao desenvolúmento da psÌcoÌogia sociaì comunitaria.
PsicologÍa e Sociedadet B(1):63-82; jan.4un.' 1996.
LHLTI,LIER, Louise A. A psicologia poütica e o uso da categona
"Representaçóes Sociais" na pesquisa do comportâmento poÌÍtico.
In: ZANELI,A, Andréa; SIOTIEIRA Maria Juracy T.; tHUlÍÌER'
Louise A. & MOLON, Suzana (orgs.). Psjco.logã e Náücas sociais.
Porro AlegÌe: ABRAPSOSUL, 1997.
GUARESCHI, ?edrinho. oual a "prática" da psicoìogia social
da ABRAPSO? Ín: ZANBLLA, Andéa; SIOLEInA, Maria Juracy
T.;LHULIIER,Iouise A. & MOION, Suzana (orgs ) Psicologia e
práticas sociais. Porto AlegÍrel ABMPSOSUL, 1997
CROoHK, José Leon. A (im)possibiìidade da psicoÌogia polÍ-
tica. Irr: AZEVEDO, Maria Amélia; MENIN, MaÌia Suzana De
porénÌ, a PsicoÌogia PolíÌica em seu sentido estd-tg-difercDcÍada
da-SiçsJsdE-d€goiúica, a princ'ipal ieferência entre esses precuÌ-
sores mais recentes é òertamente Adomo, através de uma $ande
invesrigaçào sobre a pêÍsonaÌdâde autorirâria, púÌicada em 1950.
com sèus colegas do Grupo de^Berkeley (Adomo; FrenkefBruns-
wick; Levinson; SarúoÍd, 1965)'.
No entdnlo, embora a partÌÌ da década de 30. atraves de
diversos estudos e pesqui-sas, tenha começado a sê constitú uma
ba-se pâÌô a suâ ÍoÍmaÌização, a Psicologia Polüca somenÌe se
iÌìsütì.rcionalzou como uma disciplna independenre a parÌÍ da
década de 70. Enlre os anos 30 e os anos 70, foram desenvolúdos
diversos estudos sobíe atj tudes sociopoÌticas, autoritârismo, ideo-
logia e subjetividade, poder e influência, comunicação de massa,propaganda e compoÍamento eleìtoraì, socialização e paÌtíci-
pação polÍtica, ênüe outros, mas não haüa, aìnda, nem uma
ideoÌidade que unificassê os pesquisadores, nem o reconhe-
cimento exl,erno de uma toÌâlidade que engÌobasse essê conjunto
oe pesqusas.
Na década de 70 a PsicoÌooia PolÌtica adouire identidade.
\,'ÌsÌDlloaoe socÉl e DÌesenca LÌìstÌÌucÌorìal. l;nÌÌe os c[versos
acófrGô[ntiíÍõ frie ;o^Lnbmã;='sso, sabucedo {1996)
menciona o lançamento do Handbook oÍ Politicd PyFÌDIW
&nuÌsorÌ, 1973), que relniaredos-dc_Bsieóbgqs, sqçiglogos e
cientistg$glílicos. IÌìcÌuíâ ìâmbérn, poÍ sinaÌ, um câpitÌrÌo soblê
a históÌÍa da disciplina, cujo conteúdo Íortalecia a aÍirmação de
autonomÍa da Psicglogia Poìítica e concedia a LassweÌì a sua
pate[Ìidade. Ouüas pub]icações Íomm surgindo nqs anos segujÍr-
tês, dando vj,sibüdade e consistência à disciplina. Ao mesmo
tempo, foi se esüutu&ndo uma associaqão enüe estudiosos e
pesquisadoÍes da aÌea, nos Estados Unidos, que cul'ninou, em
1978, com a criação da Intemaüonal l,ociety oÍ PolitÌcal Psycholo-
gy. Essa entidade, ampÌamente reconhecida como o principaÌ Íolo
de disqrssões no âmbito da P icoiogia PoÍtica até os nossos dias,
ÍeaÌiza Íeuniões cienlÍicas anuais e publica a Ìeüsta Ìrimestrat
Politìcal Psychology.
Fica evidente, pelo acima expo$Ìo, que a hisÌóÌia da PsicoÌogia
PoÌítÍca como discipÌiÌa autônoma e reconhecida nos círcuìos
2. Esso Ìrêìelio ss loastitu.iu, rÈ rsdad€, nw @njúto de estldc conduidc !oÍ
diÍsmte pequlsador€s, d€ b€se teóÌlca pslcanâÌilica, qw bülcou tdenrificar reìãções
enre peFonâliüde (a !€rcooalidâd€ âüÌorjlóriâ) e ideolosia (lâ!cismo).
214 215
i1.
tl
acadèmiçaulgye-Dlifoios-pesgüsâdoles rnne aüericanos
Conspqüen.emãnre. a historia oÍicial dd discipÌiìa se codunde
corn frËqqência com a sua histúia nos Estados UnÌdos É impor-
tante ter clareza disso paÌa compreender que uma outra histórÍa
vêm sendo escdta em out(os paÍses, na EuÌopâ e na América
IáÌina. É nessa 'outra Ìustóda" que surge a distlnÇão com a
Psicologia da Poürica
A psicologia política na AméÌica Latina e Do BÌasil: uma
breve notÍsia
A predominância de outras tradições de pensamento em
países euopeus e latino-americanos pÍoduziu é óbú0, outras
perspectivas, outras abordagens aos probÌemas psicopolÍticos. A
bjstória recente desses países - especiãrìÌnente o fim de diversas
alitaduÌas e a reconquÌsta de Ìiberdades democrátÌcas - desafiou
e estimulou os pesquisadores a 5e ocupaÌem de probÌemas muito
iïversos daqueÌes própdos da reaÌidade nolìe-amencana
Na América l,atirla o desenvoÌúmento da PsicoÌogia ?oliÌica
é mais ìêcente, dèLando da década de 80 É cÌalo quê lambém
aqui tivemos ptecursores, trabaÌhos jsolados que aboÌdaÌam as
reÌâCões entje PsicoÌogia e Politica, mas âinda seú constiÌüir' no
seu conjünto, uma discipÌúa autônoma Uma caracteística maÌ-
cantê desse desenvoÌvimento entre nós, pesquÌsadores Ìatìno_
aaoêrÍcanos, é que eÌe sê deu eÌn Ìesposta a necessidades sociai's
concIetas. ArdiÌa (1996) enumera como principâis òordados pelos
pesquisadores em nosso contexto:
"moümentos sociais, d€mocracia, modêÍÍììzaçáo, ldentidâde na_
cional, pânicipaçáo poütica, comportamento eÌeitoraÌ, consci'
ência poÌítica, conÍÌito negooaçâo, aìienação' dependência'
lidelança, toÌiuÌa, nâcionâÌisúo, inteÍnacicnalìsmo, aìitoritaÌÌs-
mo, moúmentos ecoÌógicos e ambiêÂtaÌistas' luta de cÌasses,
reÌacáo alo TerceiÌo Mundo co-m o Prj$ejÌo e o Seglrndo, meios
de ;omunicação de massa {coìÌì.3 sr'Ìa.LnfÌuênoa sobre d€cìsões
poülìcôs), paficjpação. papel da mulhêr e sooa ljzação poÌÌticâ de
cÍianças e adolescentes" (p 339).
ArdiÌa (1996) destaca FÌeud e MaÌx como inÍluêncÍas marcan-
tes no desenvoÌvimento da PsicoÌogia Política latino-ameícana, e
os nomes de Maritza Mont€ro, da Universidade Central da Vene-
S:l:Íalg. fsrcotosÌa e poÌibca: rcflexões sobre posflbiüdddes ecÌÍticddad* deste enconoo. São ÈuÌo: Conez; FApESp, 1995.
Em Inglês
ARDILA,_Rìben. poÌjricaÌ psychoÌogy: the Latin Americanperspec ve. Po.lÌocat psycho]ogry. 17(2):3ã9_351;jun 
, 1996.
José Manuel. pstcologría po.llnca. Ma&id:
218
o'
LIJ
F-tv,
4
ô-
EXPERIÊNCIAS

Continue navegando