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Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA Investigação de Riscos e Fraudes Corporativas Neste roteiro destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase, e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! *este material destina-se exclusivamente para estudo aos alunos do Curso de Tecnologia em Gestão de Segurança Privada junto ao Grupo Uninter As fraudes corporativas ocorrem quando os agentes fraudadores se deparam com uma circunstância favorável ilícita no âmbito de uma sociedade empresarial, que lhes trará vantagens econômicas diretas ou indiretas, planejam e executam sua implementação e posteriormente lançam mão de estratégias para encobrir o que foi realizado e seus efeitos. Para Lorenzo Parodi, os tipos de fraudes podem ser explicados pela coexistência de três fatores primários: 1. A existência de golpistas motivados; 2. A disponibilidade de vítimas adequadas e vulneráveis; 3. A ausência de regras, “guardas” ou controladores eficazes. Para que possamos melhor localizar o fenômeno das fraudes corporativas, é de se realizar verticalização acerca dos principais fatores que suscitam e induzem suas ocorrências. Assim, tem-se, em primeiro lugar, a própria sociedade, que nas palavras de Ana Paula Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 Paulino da Costa e Thomaz Wood Jr. deve ser considerada em seu espectro cultural, histórico, valorativo e até mesmo comportamental, com a maior ou menor tolerância para com os atos fraudulentos. No que concerne as fraudes corporativas tendo como principais fatores: sociedade e marco regulatório: Tem-se, em primeiro lugar, a própria sociedade, deve ser considerada em seu espectro cultural, histórico, valorativo e até mesmo comportamental, como a maior ou menor tolerância para com os atos fraudulentos. Num segundo momento, é de se debater o marco regulatório, ou seja, a série de leis que estruturam as regras de funcionamento, os sistemas de governança e o nível de transparência dos partícipes do mercado e atores em potencial das fraudes corporativas. Com base na análise da literatura científica existente, pode se observar que os estudos sobre fraudes corporativas, centrados no indivíduo, seguem duas trilhas, sendo a primeira delas a predisposição pessoal para o ato fraudulento e a segunda a adesão cognitiva do indivíduo ao sistema fraudulento. Sobre os principais fatores: setor econômico e organização temos: Trata-se da circunstância de existir uma maior ou menor permeabilidade à lógica dos atalhos e do descumprimento das normas legais e regulamentares de uma maneira geral. Tais circunstâncias estariam ligadas à maior ou menor sensação de impunidade diante de ilícitos que teriam ocorrido no respectivo setor econômico; a gradativa contaminação do setor por práticas fraudulentas e ainda um marco regulatório vulnerável. O poder das forças situacionais, muitas vezes imperceptível, seriam os papéis, as normas, as regras de autoridade, o anonimato e a despersonalização das pessoas e do lugar, os processos muitas vezes desumanizadores, as pressões para obter conformidade ou identidade coletiva, dentre tantos outros. Sobre os principais fatores: quanto ao indivíduo temos: O primeiro aspecto é a “predisposição pessoal para o ato fraudulento”, com base em uma análise científica do tema, limita-se aos casos exclusivamente patológicos. O segundo também não traz perspectivas muito alvissareiras para a explicação do fenômeno, visto que adesão cognitiva do indivíduo ao sistema fraudulento, ainda que possa explicar uma expressiva quantidade de atos fraudulentos no âmbito corporativo, iria inevitavelmente se prostrar diante da seguinte indagação: se estivéssemos em ambiente onde impera uma cultura corporativa pautada na ética, transparência e calcada em transparência e legalidade, inexistiram fraudes? Sobre os modelos de análise das fraudes, as fraudes podem ser explicadas por meio de dois diferentes modelos. Para a economia racional, que parte de premissas segundo as quais a desonestidade é um fenômeno restrito a poucas pessoas desviantes de um Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 comportamento “normal”, a honestidade, desonestidade e o cometimento de fraude por uma pessoa estão atrelados a um raciocínio analítico segundo o qual o ilícito pode ser realizado se trouxer um benefício que suplante o respectivo risco da respectiva realização. As críticas que poderiam ser dirigidas a essa linha de raciocínio podem ser sintetizadas em duas linhas de argumentação, descreva brevemente apenas uma das críticas: A primeira delas diz respeito à absoluta superação do discurso criminológico de que haveria más pessoas convivendo com boas pessoas, sendo que os crimes são praticados por aquelas. Esses superados raciocínios dizem respeito a ideologias segundo as quais há pessoas que nascem más, ao passo que a maioria, os bons, jamais recairiam em erros e ilicitude. A segunda crítica, que pode ser utilizada para contestar a economia racional, argumenta que, se as fraudes fossem somente uma relação custo versus benefício, bastaria aumentar a vigilância nos lugares sob risco. Ao que poderíamos ainda acrescentar que bastaria o aumento das penas dos crimes. Dentre os fatores trazidos pela economia comportamental para explicar as fraudes, é de se citar, em primeiro lugar, o fato de que, quanto mais anteparos, servindo de escudos psicológicos entre o ato desonesto e o nosso comportamento, mais fácil será a realização de uma fraude. Sobre o conflito de interesses, no qual, interesses próprios, de forma consciente ou não, acabam interferindo no julgamento profissional, levando-o a fazer recomendações e tomar decisões que serão favoráveis ao profissional que as toma, em detrimento dos interesses do cliente, que passam a ser secundários. Estrutura de um Sistema de Segurança Empresarial, esse modelo de sistema de segurança, é um importante artifício de análise que facilita e organiza os trabalhos de identificação de fatores de risco e garante que a busca cubra todos os processos onde possa existir alguma probabilidade da concretização de qualquer tipo de perigo. Quanto à Estrutura de um Sistema de Segurança Empresarial é importante recordar: Esse modelo tem o objetivo de compartimentar toda a estrutura da organização em macro componentes, para facilitar e tornar mais efetivos, os trabalhos de análise de risco em estruturas de qualquer porte e complexidade. Com essa visão de gestão operacional de segurança, o gestor, ou analista de risco, consegue realizar uma varredura em toda a organização, analisando separadamente, cada macro componente, onde poderão ser identificados riscos relativos à Gestão de pessoas, aos processos de gestão empresarial, de gestão operacional e processos de segurança, às instalações prediais, instalações técnicas operacionais e aos meios técnicos disponíveis para todos os processos, a toda a tecnologia empregada nos processos de segurança, de TI, de segurança da informação e de sistemas de comunicações. Aos fatores do ambiente externo que possuem potencial de impactona segurança e integridade do sistema. Dentre os fatores trazidos pela economia comportamental para explicar as fraudes, é de se Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 citar, em primeiro lugar, o fato de que, quanto mais anteparos, servindo de escudos psicológicos, entre o ato desonesto e o nosso comportamento, mais fácil será a realização de uma fraude. Referente aos fatores das fraudes, quanto a distância psicológica e o conflito de interesses: Em primeiro lugar, o fato de que, quanto mais anteparos, servindo de escudos psicológicos, entre o ato desonesto e o nosso comportamento, mais fácil será a realização de uma fraude. Um segundo elemento seria o conflito de interesses, no qual, interesses próprios, de forma consciente ou não, acabam interferindo no julgamento profissional, levando-o a fazer recomendações e tomar decisões que serão favoráveis ao profissional que as toma, em detrimento dos interesses do cliente, que passam a ser secundários. Os principais fatores para a ocorrência de fraudes, segundo o paradigma da economia comportamental, sendo eles a distância psicológica em relação à ação, o conflito de interesses, a influência de estados corporais e mentais como o cansaço, o poder do autoengano e ainda a força simbólica da degradação de nossa autoimagem. Quanto aos fatores das fraudes: Poder do Autoengano: A mente da pessoa consegue manipular-se e iludir a si própria. Por tal razão, e partindo da ideia de que ninguém consegue viver com uma imagem eticamente reprovável de si próprio por muito tempo, passamos a lançar mão de um sem-número de estratégias para justificar nossos pensamentos, sentimentos e principalmente nossos atos. Distância Psicológica e Conflito de Interesses = Dentre os fatores trazidos pela economia comportamental para explicar as fraudes, é de se citar, em primeiro lugar, o fato de que, quanto mais anteparos, servindo de escudos psicológicos, entre o ato desonesto e o nosso comportamento, mais fácil será a realização de uma fraude Cansaço e Degradação da Autoimagem = Pesquisas têm indicado que quanto maior o desgaste e fadiga no momento da realização de uma tarefa, maior é a probabilidade de fraudar a respectiva execução. Há ainda um fator extremamente relevante para se explicar as fraudes, que diz respeito ao autoengano. Como a mente de uma pessoa é capaz de manipular e iludir a si própria? Partindo da ideia de que ninguém consegue viver com uma imagem eticamente reprovável de si próprio por muito tempo, passamos a lançar mão de um sem-número de estratégias para justificar nossos pensamentos, sentimentos e principalmente nossos atos. Dentro dessa lógica, a criatividade é praticamente inesgotável para imaginarmos desculpas para realizarmos, justificadamente, atos reprováveis e muitas vezes fraudulentos, sem que nossa autoimagem de integridade seja abalada. Um dos mecanismos mais eficazes é a seletividade espontânea da atenção e da memória. Inúmeras experiências sobre o tema revelam que nos lembramos dos argumentos favoráveis a nossas teses e dos absurdos que a ela se opõem. Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 A apropriação indébita está assim regulada: Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Como se verifica na redação da referida norma, o que o legislador pretendeu proteger foi o direito de propriedade (HUNGRIA, 1967, p. 128 e seguintes). No caso, da empresa, contra eventuais abusos por parte dos colaboradores, terceirizados ou outras pessoas que, no cumprimento de suas tarefas, disponham de bens e valores da empresa, ainda que momentaneamente. Quanto as fraudes corporativas criminalizadas: apropriação indébita e estelionato é importante saber: Referente a apropriação indébita o que o legislador pretendeu proteger foi o direito de propriedade no caso, da empresa, contra eventuais abusos por parte dos colaboradores, terceirizados ou outras pessoas que, no cumprimento de suas tarefas, disponham de bens e valores da empresa, ainda que momentaneamente. O estelionato está assim tipificado: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa (...). Sobre Fraudes corporativas criminalizadas: furto, invasão de dispositivo informático e corrupção: O furto qualificado, nos termos do art. 155, § 4º, II do código penal, assim dispõe: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: (...) II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Lei 12.737 de 2012, que alterou o código penal, inserindo-lhe o art. 154-A, que estabeleceu o regramento penal para a hipótese de invasão de dispositivo informático nos termos a seguir descritos: Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Por fim, a corrupção está assim regulada: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa Com relação as Fraudes corporativas criminalizadas: lavagem de dinheiro e concorrência desleal: A lavagem está descrita no art. 1º da Lei 9.613 de 1998, que assim dispõe: Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Pena: reclusão, de três a dez anos, e multa. O art. 195 da Lei 9.279 de 1996 enuncia todas as condutas que consubstanciam o crime de concorrência desleal em seus diversos incisos, como por exemplo, I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem; II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 informação, com o fim de obter vantagem; III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem; IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos; V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências; VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o seu consentimento; VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve; VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui crime mais grave; IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagema concorrente do empregador; XI - divulga, explora ou utiliza- se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato; XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser; XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Fraudes corporativas não criminalizadas: conflito de interesses e normas regulamentares, apesar de não constituírem crime, segundo nosso sistema jurídico, as questões sobre as quais se passa a discutir estão longe de se constituírem em temas de menor importância. Há uma lei que regula o conflito de interesses no nosso país, a Lei 12.813 de 2013, essa lei se limita a regular o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou emprego a ele atrelados. Isso significa dizer que além de não contemplar os Poderes Judiciário e Legislativo, tampouco se aplica à iniciativa privada. Há ainda todo um conjunto de regras impostas pelo poder público, usualmente pelo poder executivo, ou por agências de controle, ou ainda por órgãos de classe, que estabelecem como deve ser exercida uma determinada profissão, ou, no caso, uma determinada atividade, conhecidas como regulamentares ou de compliance. Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 Quanto a importância e a necessidade dos programas de compliance, talvez já possamos imaginar que já tenha ficado claro, mais do que a importância, a absoluta necessidade de serem implementados programas de compliance pelas empresas: trata-se de fator fundamental para se evitar a ocorrência de fraudes, sendo assim, qual a melhor maneira de se evitar fraudes? Evitar fraudes, não pode ser uma política das corporações constituída unicamente pela incidência do marco legal existente em nosso país. Necessitamos de outros mecanismos para coibirmos e prevenirmos as fraudes corporativas, por exemplo, a adoção de regras impessoais, padronizando o exercício do juízo moral, tornando-o mais isento e independente da subjetividade e do viés pessoal de cada um, faria com que atingíssemos padrões mais elevados de ética e governança corporativa. A corrupção é uma prática nefasta que assola todos os países ao redor do mundo, em maior ou menor escala, e cujos efeitos negativos são sentidos por toda a sociedade, dentre as seis principais consequências indesejáveis que decorrem da prática da corrupção estão: 1. a descrença no poder punitivo Estatal; 2. a sensação da impunidade; 3. a geração de prejuízos para as empresas e para os Estados; 4. dificulta o desenvolvimento da economia de um país; 5. propicia a concorrência desleal, afetando a livre concorrência; 6. reduz a capacidade de investimento do Estado em políticas públicas - Saúde, Educação, Segurança, etc Na década de 1970, houve a proliferação dos chamados “crimes do colarinho branco” nos Estados Unidos, os quais são cometidos por agentes de alta posição social, envolvendo políticos, empresários e/ou executivos de grandes empresas. Ainda, no ano de 1974, veio à tona o escândalo denominado “Caso Watergate”, envolvendo o então Presidente da República, Richard Nixon, o qual estava envolvido em operações financeiras ilegais para campanha política envolvendo empresas privada. Preocupado com a credibilidade das empresas nacionais, o Legislador daquele país, no ano de 1977, promulgou a Lei FCPA - Foreing Corrupt Practices Act. O conceito de corrupção da FCPA consiste no ato de promover uma oferta, pagamento, promessa de pagamento ou autorização de pagamento de qualquer soma em dinheiro, ou oferta, doação ou promessa de doação, ou ainda uma autorização de doação de qualquer item de valor a dirigente estrangeiro, ainda que indiretamente, com o fim de obter vantagem indevida. A Convenção Interamericana Contra a Corrupção, de 1996, foi o primeiro documento multilateral a recomendar as medidas preventivas e punitivas no intuito de se combater a corrupção no âmbito internacional (GIOVANINI, W., 2014, p. 36). Dentre as medidas recomendadas pela Convenção Interamericana Contra a Corrupção estão: Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 1. a criação de mecanismos de assistência mútua entre os signatários, incluindo o compartilhamento de dados dos investigados, especialmente aqueles protegidos por sigilo legal, como é o caso das informações bancárias; 2. o fortalecimento dos órgãos de controle e a criação de mecanismos eficazes na prevenção, detecção, punição e erradicação de práticas de corrupção; 3. 3. a adoção de medidas para estimular a participação da sociedade civil e de organizações não-governamentais nos esforços para prevenir a corrupção. A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (ONU), de dezembro de 2003, recomenda o desenvolvimento de medidas para a prevenção, a criminalização dos atos de corrupção, a cooperação internacional e a recuperação de ativos financeiros decorrentes de ilícitos. A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (ONU) sugere a criação das Agências Estatais para a apuração de fraudes e desvio de recursos públicos, a cooperação internacional nas investigações e a responsabilização das pessoas jurídicas. A Convenção da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento - OCDE, foi firmada em 17 de dezembro de 1997, a qual, recomenda a criminalização das condutas de corrupção praticados contra a Administração Pública. A Lei 12.846/2013 foi publicada em 02/08/2013 e passou a viger 180 dias após a sua publicação. Não obstante, para que pudesse ser aplicada, este mandamento deveria ser regulamentado, o que somente veio a ocorrer após a publicação do Decreto n. 8.420/2015, em 19/03/2015. Estão sujeitas às sanções desta lei as sociedades empresárias e sociedades simples nacionais, quaisquer fundações, associações ou sociedades estrangeiras que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, ou seja, as sanções desta Lei são direcionadas, a princípio, às pessoas jurídicas de direito privado. Lembrando que a Lei 12.846/2013 também prevê a responsabilização apenas na esfera administrativa e cível, por meio de processo administrativo e/ou judicial, logo, as sanções previstas são de natureza administrativa ou cível. O “Decreto 8.420/2015 regulamenta a aplicação da Lei Anticorrupção brasileira. Falaremos sobre as competências para instauração e julgamento do Processo Administrativo de Responsabilização - PAR das pessoas jurídicas. Quanto ao referido decreto é importante ressaltar que: A competência para a instauração do PAR é da autoridade máxima da entidade pública que foi vítima do ato de corrupção. Após a instauração do PAR - Processo Administrativo de Responsabilização, inicia- se a fase de instrução processual, onde serão produzidas as provas da acusação e da defesa, alémda análise do programa de integridade, se houver, o qual será considerado na dosimetria das eventuais sanções. Finalizada a instrução, a comissão elaborará o relatório final, com a indicação das infrações e as respectivas sanções a serem aplicadas, o qual será submetido para julgamento pela autoridade competente. A instauração do PAR - Processo Administrativo de Responsabilização não impede Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 o encaminhamento das medidas judiciais pela autoridade competente, bem como as sanções desta Lei podem cumular com sanções de outras normas que tipificam a mesma conduta ilícita, seja na esfera administrativa, cível ou criminal. Após a instauração do PAR- Processo Administrativo de Responsabilização, inicia-se a fase de instrução processual, na qual serão produzidas as provas da acusação e da defesa, além da análise do programa de integridade, se houver, o qual será considerado na dosimetria das eventuais sanções. A comissão elaborará o relatório final, com a indicação das infrações e as respectivas sanções a serem aplicadas, o qual será submetido para julgamento pela autoridade competente. O acordo de leniência poderá ser celebrado pelas pessoas jurídicas apenadas, o qual poderá isentar ou atenuar as sanções aplicadas, desde que colaborem com as investigações, cuja colaboração resulte: na identificação dos demais envolvidos na infração e na obtenção célere de informações e documentos que comprovem a infração. Caso o acordo de leniência seja firmado, a pessoa jurídica será obrigada a adotar, aplicar ou aperfeiçoar o programa de integridade (Compliance), sob pena de caracterizar o seu descumprimento e serem aplicadas todas as sanções originariamente impostas. O programa de integridade deverá ser estruturado, aplicado e atualizado de acordo com as características e riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual por sua vez deve garantir o constante aprimoramento e adaptação do referido programa, visando garantir sua efetividade. Contudo, o programa de integridade deverá conter mecanismos e procedimentos internos: auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades; aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta; políticas e diretrizes com o objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira. O termo Compliance é uma palavra de origem inglesa e deriva do verbo to comply, o qual significa agir em concordância com as leis, regulamentos e ordens. O Programa de Compliance consiste em uma ferramenta de autor regulação das empresas, desenvolvido com base em boas práticas corporativas, incentivando condutas pautadas pela ética, visando prevenir a ocorrência de fraudes e corrupção. A ocorrência destes ilícitos causa prejuízos à imagem da companhia e prejudicam sua saúde financeira. O legislador brasileiro utilizou o termo “programa de integridade” para se referir ao programa de Compliance, conforme art. 7º, inc. VIII, da Lei 12.846/2013. O Programa de Compliance objetiva influenciar o comportamento das pessoas, por meio de normas e políticas internas, desenvolvendo uma cultura corporativa com base em comportamentos éticos e probos nas relações interpessoais e institucionais. O Líder de Compliance será a pessoa destacada pela empresa para conduzir todo o processo de implantação do programa e, sua atuação, será determinante para a respectiva efetividade. Independentemente da maneira que for escolhida para implantação, se interna ou externa - e isso vai depender da realidade de cada empresa - grande parte do resultado a ser obtido com o Programa de Compliance dependerá do perfil do líder que for escolhido, Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 daí a relevância e o cuidado que se deve ter no momento da designação deste que será o comandante da longa empreitada. O apoio da Alta Administração talvez seja o principal responsável pelo sucesso, ou não, do Programa de Compliance, principalmente porque ele permeia e influencia todos os demais pilares que o estruturam. A Alta Administração deverá promover as condições para a criação do setor que será responsável pelo Compliance, sendo assim, a Alta Administração deverá disponibilizar os recursos financeiros e humanos necessários à estruturação do programa, conceder autonomia e independência ao profissional líder de Compliance para o exercício das suas funções, permitir a participação do gestor de Compliance nas reuniões do Conselho e/ou corpo diretivo. A implantação do programa de Compliance parte da decisão da Alta Administração da empresa, e esta deverá emprestar apoio irrestrito ao Setor responsável pela materialização do programa, sob pena de comprometer o seu desenvolvimento. A implantação do programa de Compliance envolve mudanças de paradigmas antigos e exige a adoção de novos comportamentos, sendo natural que ocorram resistências a tais mudanças, o que é minimizado por meio do apoio da Alta Administração. O mapeamento dos riscos deve ocorrer periodicamente, dependendo de cada situação, podendo ser semestral ou anual, por exemplo. Sobre o assunto é importante lembrar: Importante demonstrar que o risco somente se elimina com a eliminação da própria atividade, o que nem sempre é possível sob pena de inviabilizar a própria empresa. A apuração dos riscos deve envolver todos os setores da empresa, a fim de que o mapeamento seja o mais completo possível. Após o levantamento dos riscos da empresa, é necessário classificá-los em ordem crescente, uns em relação aos outros, de acordo com a probabilidade da ocorrência de cada um e o potencial de dano financeiro e à imagem da empresa que podem gerar. O termo due diligence de terceiros significa a adoção da devida diligência prévia à realização de um negócio com parceiros, além do monitoramento periódico no desenvolvimento das atividades específicas e contratadas, visando mitigar os riscos de compliance respectivamente identificados. A Lei Anticorrupção atribui a responsabilização objetiva da pessoa jurídica para os casos de corrupção, logo, a prática de um ato de corrupção por um agente terceirizado pode ensejar a responsabilização da empresa contratante. Os terceiros compreendem qualquer fornecedor de serviços ou produtos para a empresa, tais como os escritórios de contabilidade e advocacia, despachantes, locadores de mão de obra, representantes comerciais, fornecedores de matérias primas, empresas parceiras em consórcios criados com finalidade específicas, dentre tantos outros. A depender dos riscos identificados na contratação do terceiro, será determinada a profundidade da investigação que deverá ocorre sobre este. Ainda, a realização da due Centro Universitário Internacional UNINTER – Portaria do MEC Nº 688, de 25 de Maio de 2012 diligence é imprescindível antes da realização de operações de fusão, a incorporação, a cisão e a aquisição de outras empresas, também em razão da responsabilização objetiva da pessoa jurídica. Os dados do terceiro obtidos por meio da realização da due diligence devem ser registrados e arquivados pela empresa contratante para fins de comprovação de que todas as cautelas prévias foram adotadas pela empresa contratante. A criação e a aplicação das políticas e dos controles internos consistem em medidas administrativas que visam mitigar os riscos de compliance anteriormente detectados. As políticas e controles internos devem estar em harmonia as normas do Código de Ética e de Conduta e devem ser seguidas por todos os stakeholders no dia a dia da empresa. Os controles internos consistem em processos e procedimentos, definindo quem, quando e como deve ser feitauma certa atividade, visando a padronização de comportamentos e decisões, o que reflete na mitigação de riscos. O canal de denúncias é a principal ferramenta de detecção de fraudes. Por isso, deve ser muito bem estruturado e acessível a todos os públicos. Quanto ao Canal de Denúncias e Investigação e Reporte é necessário saber: O canal de denúncias pode funcionar de várias formas: por meio do contato direto com Compliance Officer da empresa, por telefone, por carta, por mensagem eletrônica, ou por sistema informatizado. Todas as denúncias recebidas devem arquivadas para fins de comprovação da existência do canal de denúncias e da sua efetividade, porém, é preciso cautela para manter o sigilo destas informações, tendo em vista que o seu vazamento pode comprometer a sua credibilidade e efetividade, além de gerar outros danos à empresa. A investigação pode ser realizada pelo Setor de Compliance ou por consultoria externa especializada. Ela deve ser conduzida com muita habilidade e discrição do investigador, e sempre deve correr sob sigilo. A criação do Programa de Compliance dentro da empresa parte dos riscos de fraude e corrupção a que a empresa está exposta, os quais se denominam" Riscos de Compliance" e são inerentes às atividades de determinada empresa. O objetivo quanto ao monitoramento, auditoria e revisão periódica do Programa de Compliance é o monitoramento e a auditoria são mecanismos que visam garantir a efetividade do Programa de Compliance, certificando que as políticas e controles internos estão sendo aplicados e mensurando os respectivos resultados.
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