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Morbidade Saude Homem MS

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Morbimortalidade por
causas externas na
saúde do homem
UFSC
2018
Larissa Pruner Marques
Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por
causas externas na
saúde do homem
Larissa Pruner Marques
Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier
Florianópolis
UFSC
2018
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Catalogação elaborada na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: 
Rosiane Maria – CRB – 14/1588
P769 Marques, Larissa Pruner
 Morbimortalidade por causas externas na saúde do homem [recurso 
eletrônico] / Larissa Pruner Marques, Eleonora d’Orsi, André Junqueira Xavier. 
-- Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2018.
 88 p. : il. ; color. 
 Versão adaptada do Curso de Atenção Integral à Saúde do Homem 
 Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br
 Conteúdo do módulo: Unidade 1: Causas Externas. – Unidade 
2: Acidentes e Violência. – Unidade 3: Ações locais e intersetoriais no 
enfrentamento das situações de violência e acidentes.
 ISBN: 978-85-8267-134-4 
 1. Saúde do homem. 2. Políticas de saúde. 3. Morbimortalidade. I. 
UFSC. II. d’Orsi, Eleonora. III. Xavier, André Junqueira. IV. Título. 
CDU: 364-7
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Créditos
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República
Ministro da Saúde
Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde (SGTES)
Diretora do Departamento de Gestão da Educação
na Saúde (DEGES)
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em
Educação na Saúde
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor 
Ubaldo Cesar Balthazar 
Vice-Reitora 
Alacoque Lorenzini Erdmann 
 
Pró-Reitor de Pós-graduação 
Hugo Moreira Soares 
Pró-Reitor de Pesquisa 
Sebastião Roberto Soares
Pró-Reitor de Extensão 
Rogério Cid Bastos
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 6  6 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Créditos
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretor 
Celso Spada 
Vice-Diretor 
Fabrício de Souza Neves
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
Chefe do Departamento 
Fabrício Augusto Menegon 
Subchefe do Departamento 
Maria Cristina Marino Calvo
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Coordenador 
Francisco Norberto Moreira da Silva 
Coordenadora - substituta 
Renata Gomes Soares 
ASSESSORES TÉCNICOS
Juliano Mattos Rodrigues
Michelle Leite da Silva 
Kátia Maria Barreto Souto 
Caroline Ludmilla Bezerra Guerra 
Cícero Ayrton Brito Sampaio
Patrícia Santana Santos 
Thiago Monteiro Pithon
 
GRUPO GESTOR
Coordenadora do Projeto 
Sheila Rubia Lindner 
Coordenadora do Curso 
Elza Berger Salema Coelho
Coordenadora de Ensino 
Deise Warmling
Coordenadora Executiva 
Gisélida Garcia da Silva Vieira
Coordenadora de Tutoria 
Carolina Carvalho Bolsoni
AUTORIA DO CURSO
Larissa Pruner Marques
Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier
 
REVISÃO DE CONTEÚDO
Revisor Interno:
Antonio Fernando Boing
Revisores Externos:
Helen Barbosa dos Santos
Igor Claber
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 7  7 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Créditos
ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Márcia Regina Luz
ASSESSORIA DE MÍDIAS
Marcelo Capillé
DESIGN INSTRUCIONAL
Soraya Falqueiro
IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO
Pedro Paulo Delpino
ESQUEMÁTICOS
Laura Martins Rodrigues
DIAGRAMAÇÃO
Paulo Roberto da Silva
AJUSTES E FINALIZAÇÃO
Adriano Schmidt Reibnitz
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT
Eduard Marquardt
PRODUÇÃO DE MATERIAL ONLINE
Dalvan Antônio de Campos
Naiane Cristina Salvi
Cristiana Pinho Tavares de Abreu
Thiago Ângelo Gelaim
Rodrigo Rodrigues Pires de Mello
PRODUÇÃO TÉCNICA DE MATERIAL:
Lauriana Urquiza Nogueira
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 8  8 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 9  9 
Apresentação do curso
O presente curso aborda o tema e é intitulado como Morbimortalidade por Causas Externas 
na Saúde do Homem. 
As causas externas de morbimortalidade são reconhecidas como um grave problema de 
saúde pública. São responsáveis por cerca de 9% da mortalidade mundial, o que representa 
o óbito de mais de 5 milhões de pessoas anualmente. No Brasil, em 2016, as causas exter-
nas corresponderam a quarta maior causa de morte no país (12% do total), sendo que 82% 
desses óbitos correspondem ao sexo masculino. 
No Brasil, a violência e os acidentes de trânsito constituem um dos principais problemas 
de saúde pública desde o final da década de 1970. O impacto dessas causas externas na 
população tem contribuído para a diminuição da qualidade e expectativa de vida, além do 
alto custo social com cuidados em saúde, previdência, absenteísmo ao trabalho e à escola. 
Iniciaremos este curso, então, com um panorama da morbimortalidade por causas exter-
nas, seu impacto na população brasileira, entre homens e mulheres. Na segunda unidade, 
teremos como foco os acidentes e a violência referente à morbimortalidade – caracteriza-
ção, seus fatores de risco e sua relação com as construções de gênero. Por fim, trataremos 
das ações locais e intersetoriais no enfrentamento das situações de violência e de aciden-
tes voltadas às políticas públicas, aprimorando o conhecimento sobre o papel da Atenção 
Básica e a importância do monitoramento dos casos.
Vamos juntos aprimorar nossos conhecimentos sobre o tema!
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 10  10 
Objetivos de aprendizagem e carga horária
Este curso trata de apresentar os indica-
dores de causas externas relevantes na 
saúde do homem, as diferenças do impac-
to das causas externas na morbimortali-
dade em homens e mulheres, e estratégias 
intersetoriais voltadas ao enfrentamento 
deste fenômeno.
Objetivos de aprendizagem para este 
curso
Ao final deste curso, você aprofundará co-
nhecimentos sobre como identificar o perfil 
de morbimortalidade por causas externas e 
reconhecer o impacto das causas externas 
na população. Também conhecerá melhor 
estratégias intersetoriais voltadas ao en-
frentamento deste fenômeno.
Carga horária de estudo recomendada para 
este curso
30 horas
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 11  11 
Unidade 1
Causas externas 13
1.1 O que são causas externas 15
1.2 Morbimortalidade por causas externas e seu impacto na 
população brasileira 16
1.3	 Análise	comparativa	entre	os	impactos	específicos	para	 
homens e mulheres 28
1.4 Recomendação de Leituras complementares 31
Unidade 2 
Acidentes e violência 33
2.1 Caracterização de acidentes e violências 35
2.2 Fatores de risco e exposição e sua relação com as construções 
de gênero 38
2.3 Morbimortalidades 46
2.4 Recomendação de Leituras complementares 53
Unidade 3 
Ações locais e intersetoriais no enfrentamento das situações de violência 
e acidentes 54
3.1 Como as políticas públicas têm lidado com o assunto 56
3.2 O papel da atenção básica em situações de acidentes e violência 65
3.3 A importância do monitoramento dos casos de violências e acidentes74
3.4 Recomendação de Leituras complementares 79
Sumário
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 12  12 
Sumário
Encerramento do curso 81
Referências 83
Sobre os autores 87
UN1
Causas externas
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 14  14 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 15 
UN1
Causas externas
Nesta unidade, estudaremos o conceito 
de causas externas e os seus diferentes 
tipos. Em seguida, vamos abordar alguns 
indicadores para a contextualização do 
perfil de morbimortalidade, tanto para ho-
mens quanto mulheres. Também refleti-
remos e conheceremos melhor o impacto 
das causas externas sobre a população. 
Acompanhe.
1.1 O que são causas externas
As causas externas de morbidade e mor-
talidade são conceituadas pela Organi-
zação Mundial de Saúde (OMS) como 
lesões intencionais (incluindo homicí-
dios, violências, suicídios, privação ou 
negligência) e lesões não intencionais 
(como acidentes de transporte, afoga-
mentos, quedas, queimaduras, intoxica-
ções acidentais, complicações da as-
sistência médica, dentre outras) (KRUG 
et al., 2002).
Figura 1 – Causas externas de morbidade e mortalidade
Morbim
ortalida
de
Fonte: Do autor, 2016.
Atualmente em sua Décima Revisão, o 
Brasil baseia-se na Classificação Esta-
tística Internacional de Doenças e Pro-
blemas Relacionados à Saúde (CID), e 
nesta unidade trabalharemos com esta 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 16 
UN1
Causas externas
classificação. A CID é publicada pela OMS 
e visa padronizar a codificação das doen-
ças e problemas relacionados à saúde, em 
todo o mundo. Ela fornece códigos relati-
vos à classificação de doenças e de uma 
grande variedade de sinais, sintomas, as-
pectos anormais, queixas, circunstâncias 
sociais e causas externas para ferimen-
tos ou doenças. A cada estado de saúde 
é atribuída uma categoria única à qual 
corresponde um código do CID-10. Essa 
Classificação está organizada em diver-
sos capítulos (totalizando 22), e cada um 
contêm vários agrupamentos, formados 
por um conjunto de categorias e subcate-
gorias, conforme o esquema abaixo.
As causas externas de morbidade e de 
mortalidade compõem o Capítulo XX do 
CID-10, que possibilita a classificação de 
ocorrências e circunstâncias ambientais, 
como a causa de lesões, envenenamento 
e outros efeitos adversos (OMS, 1996). As 
causas externas englobam uma série de 
agravos, e seguindo a organização do CID-
10, o Capítulo XX (inclui codificações V01 
a Y98) apresenta os seguintes agrupamen-
tos, que estão descritos na próxima página, 
no Quadro 1.
Quando utilizado, o Capítulo XX deve vir 
acompanhado preferencialmente da nature-
za da lesão, geralmente classificada no Capí-
tulo XIX, Lesões, Envenenamento e Algumas 
Outras Consequências de Causas Externas 
(S00-T98). Por exemplo, o acidente de trans-
porte (Capítulo XX) pode vir acompanhado de 
traumatismo da cabeça (Capítulo XIX – lesão 
que ocorreu como consequência da cau-
sa externa). Em casos de análises por cau-
sas múltiplas, o capítulo de causas externas 
pode ser utilizado de forma adicional a outras 
afecções do CID-10 (OMS, 1996). 
Acesse o capítulo XX do CID-10, você encon-
trará mais detalhes do conteúdo visto, além de 
orientações sobre o preenchimento de fichas 
e formulários: http://www.datasus.gov.br/
cid10/V2008/WebHelp/v01_y98.htm.
1.2 Morbimortalidade por causas 
externas e seu impacto na 
população brasileira
As causas externas de morbimortalidade 
são reconhecidas como um grave proble-
ma de Saúde Pública, principalmente nos 
países de baixa e média renda. No mundo, 
Figura 2 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID)
Capítulo Agrupamentos Categorias Subcategorias
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID)
Fonte: Do autor, 2016.

Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 17 
UN1
Causas externas
Quadro 1 – Agrupamentos por códigos
Acidentes (V01-X59)
Grupos:
• Acidentes de transporte (V01-V99): referem-se ao meio de transporte utilizado pela vítima, o papel da vítima e as circunstâncias do acidente (inclui categorias de pedestre, ciclista, 
motociclista traumatizado em um acidente de transporte, ocupantes de veículos traumatizados, e acidentes por outro tipo de transporte – água, aéreo);
• Outras causas externas de traumatismos acidentais (W00-X59): inclui categorias de quedas, exposição a forças mecânicas, afogamento, exposição à corrente elétrica, temperaturas 
e pressões extremas, ao fogo, às forças da natureza, contato com animais e plantas venenosas.
Lesões autoprovocadas intencionalmente (X60-X84)
Inclui categorias de lesões ou envenenamentos auto-infligidosintencionalmente e de suicídios.
Agressões (X85-Y09)
Inclui categorias referentes a homicídios, negligência e abandono, e lesões infligidas por outra pessoa – violência.
Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada (Y10-Y34)
Esse agrupamento contempla eventos, os quais não são possíveis diferenciar se foram auto-infligidos ou agressões (inclui categorias de envenenamento, enforcamento, contato ou 
exposição a materiais).
Intervenções legais e operações de guerra (Y35-36)
Inclui as categorias intervenção legal e operações de guerra, traumatismos infligidos pela polícia ou outros agentes da lei, e lesões devidas a operações de guerra a pessoal militar 
ou população civil, respectivamente.
Complicações de assistência médica e cirúrgica (Y40-Y84)
Grupos: 
• Efeitos adversos de drogas, medicamentos e substâncias biológicas usadas com finalidade terapêutica (Y40-Y59): as categorias e subcategorias especificam a substância causa-
dora do efeito adverso.
• Acidentes ocorridos em pacientes durante a prestação de cuidados médicos e cirúrgicos (Y60-Y69): exemplos de categorias: assepsia insuficiente e erros de dosagem;
• Incidentes adversos durante atos diagnósticos ou terapêuticos associados ao uso de dispositivos (aparelhos) médicos (Y70-Y82): inclui quebra ou mau funcionamento de dispositivo 
médico;
• Reação anormal em paciente ou complicação tardia causadas por procedimentos cirúrgicos e outros procedimentos médicos sem menção de acidente ao tempo do procedimento 
(Y83-Y84): as categorias e subcategorias especificam a intervenção causadora da reação anormal.
Sequelas de causas externas de morbidade e mortalidade (Y85-Y89)
Inclui categorias e subcategorias de afecções informadas como sequelas ou que ocorrem como efeitos tardios um ano ou mais após o evento inicial.
Fatores suplementares relacionados com as causas de morbidade e de mortalidade classificados em outra parte (Y90-98)
Pode ser usada de forma suplementar sobre causas de morbidade e de mortalidade – por exemplo, circunstâncias relativas às condições de trabalho; inclui categorias referentes à 
evidência de alcoolismo, circunstância relativa a condições hospitalares, de trabalho, de poluição ambiente e do modo de vida.
Fonte: Adaptado de OMS, 1996.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 18 
UN1
Causas externas
essas lesões são responsáveis pelo óbi-
to de mais de cinco milhões de pessoas 
anualmente, o que representacerca de 9% 
da mortalidade mundial (OMS, 2014). 
Segundo a Organização Pan-Americana de 
Saúde (OPAS), os fatores externos consti-
tuem a principal causa de perda de anos de 
vida, em dois terços das nações america-
nas, sendo que os acidentes de transpor-
te, homicídios e suicídios figuram entre as 
cinco principais causas de mortes prema- 
turas (FRAADE-BLANAR; CONCHA-EAST-
MAN; BAKER, 2007).
Perda de anos de vida > Anos potenciais de 
vida perdidos (APVP) é um indicador de saúde 
que traduz o número de anos que uma pessoa, 
morta prematuramente, poderia ter vivido. Tem 
o objetivo de comparar a importância relativa 
das diferentes causas de morte para uma dada 
população.
Diante deste preocupante cenário, explo-
raremos detalhadamente indicadores de 
morbimortalidade por causas externas. 
Acompanhe. 
1.2.1 Mortalidade por causas externas
Um dos indicadores amplamente utiliza-
dos na saúde é o coeficiente (ou taxa) de 
mortalidade específico por causas – nes-
te caso, o coeficiente específico de mor-
talidade (CME) por causas externas. Para 
o seu cálculo considera-se, no numera-
dor, o número de óbitos por causas exter-
nas segundo o local de residência e ano, 
e no denominador a população residente 
ajustada ao meio do ano, multiplicado por 
uma constante, que pode ser 1.000, 10.000 
ou 100.000, gerando um coeficiente por 
1.000, 10.000 ou 100 mil habitantes. A 
fonte de dados para o numerador é o Sis-
tema de Informações sobre Mortalidade 
(SIM), e, do denominador, as estimativas e 
projeções da população residente realiza-
das pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE).
O uso do CME permite:
• estimar o risco de morte por causas ex-
ternas, dimensionando sua magnitude 
como problema de saúde pública; 
• refletir aspectos culturais e de desenvol-
vimento socioeconômico; 
• ajuda a identificar os fatores de risco es-
pecíficos para cada tipo de acidente ou 
violência; 

Coeficiente Específico de 
Mortalidade por Causas 
Externas (por mil,10 mil 
ou 100 mil habitantes)
constante (1.000, 10.000 
ou 100.000)
Números de óbitos por causas externas 
segundo o local de residência e ano
População residente ajustada ao 
meio do ano, do mesmo local
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 19 
UN1
Causas externas
• expressar as condições da assistência 
médica prestada e a qualidade do regis-
tro das ocorrências. 
Esse coeficiente, entretanto, apresenta algu-
mas limitações, como a necessidade de cor-
reção da subenumeração de óbitos captados 
pelo SIM, dadas as diferenças regionais de 
cobertura, especialmente nas regiões Norte 
e Nordeste, onde geralmente há subregistro. 
Possui restrição de uso sempre que ocorre 
elevada proporção de óbitos sem assistên-
cia médica ou por causas mal definidas, e 
apresenta imprecisões na declaração da 
intencionalidade da ocorrência (homicídio, 
suicídio ou acidente), as quais condicionam 
o aumento da proporção de causas externas 
de intenção não determinada, comprome-
tendo a qualidade do indicador.
No Brasil, em 2016, dados do SIM em con-
sulta realizada ao DATASUS em 11/07/2018 
mostram que as causas externas vitimaram 
aproximadamente 156 mil pessoas, corres-
pondendo a quarta maior causa de morte 
no país (11,9% do total de óbitos), ficando 
atrás das doenças do aparelho circulatório 
(27,7%), neoplasias (16,4%) e doenças do 
aparelho respiratório (12,1%). Mais de 80% 
desses óbitos foram em homens (128 mil 
em homens e 27 mil em mulheres). 
Gráfico 1 – Comparativo entre as causas de morte segundo o DATASUS
27,7%
16,4%
12,1% 11,9%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Doenças
do aparelho circulatório
Neoplasias
Doenças do
aparelho respiratório
Causas
externas de
morbidade e
mortalidade
Fonte: Brasil, 2016.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 20 
UN1
Causas externas
Em homens, as causas externas são a se-
gunda causa de óbitos no país, correspon-
dendo a 18,2% do total de óbitos nesse gru-
po. Já em mulheres, elas ficam em sexto 
lugar, com 5,1% do total de óbitos. As cau-
sas externas atingem principalmente os jo-
vens, sendo a primeira causa de morte em 
pessoas de 1 a 49 anos de idade, e corres-
pondendo a mais de 75% do total de óbitos 
entre 15 e 19 anos (2016). 
O CME por causas externas, no Brasil, en-
tre 1996 e 2016, manteve-se entre 75,9 e 
75,6 óbitos/100 mil habitantes, sendo em 
2006 o menor resultado (68,6 por 100 mil), 
e em 2014 o maior (77,4 por 100 mil), du-
rante a série temporal (Gráfico 2). 
Quando se comparam as regiões, existem 
grandes diferenças de magnitude e ten-
dência. A região Centro-Oeste ficou bem 
acima da média nacional durante pratica-
mente todo o período, atingindo 93,2 por 
100 mil em 2014. O Norte e o Nordeste, 
que estavam abaixo da média em 1996, 
terminaram o período bem acima da média 
nacional, devido ao importante aumento 
de 33,3% e 37,0%, respectivamente. No Su-
deste houve redução de aproximadamente 
31,3%, ou seja, de 94,3 para 63,2 por 100 
mil habitantes, e no Sul o coeficiente se 
manteve estável. No final do período, em 
2016, apenas o Sul e Sudeste apresenta-
ram os valores inferiores à média nacional.
A diferença de mortalidade entre homens 
e mulheres é bastante relevante. Analise o 
infográfico a seguir.
Gráfico 2 – Coeficiente de mortalidade por causas externas para cada 100 mil habitantes, Brasil e grandes regiões, 1996 a 2016
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Centro-Oeste
Norte
Brasil
Nordeste
Sul
Sudeste
Fonte: Brasil, 2018; IBGE, 2018.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 21 
UN1
Causas externas
Fonte: Brasil, 1996 a 2016.
26,3
124,6
0 30 60 90 120 150
É possível constatar que o risco de morrer por causas externas é muito maior para os homens do que 
para as mulheres. Em 2016, foram 124,6 óbitos para cada 100 mil homens, 4,7 vezes mais que no sexo 
feminino (26,3 óbitos para cada 100 mil mulheres). Essa diferença se mantem ao longo do tempo.
Quando analisamos o CME por causas externas segundo faixas etárias, notamos que, em homens, a 
faixa etária de maior risco é a de 80 anos ou mais, com 395,9 óbitos para cada 100 mil homens em 
2016, em seguida a de 20 a 29 anos, com 202,6 óbitos por 100 mil. As faixas etárias de menor risco 
são as de 5 a 9 anos e 10 a 14.
Em mulheres, o padrão é um pouco diferente, com maior risco para a faixa etária de 80 anos ou mais, 
seguido pela faixa de 70 a 79 anos e risco decrescente conforme diminui a idade.
Coeficiente de mortalidade por causas externas segundo faixas etárias 
no sexo masculino, para cada 100 mil habitantes.
Coeficiente de mortalidade por causas externas segundo faixas etárias 
no sexo feminino, para cada 100 mil habitantes.
Risco de morrer por causas externas (para cada 100 mil 
mulheres/homens)
 -
 50,00
 100,00
 150,00
 200,00
 250,00
 300,00
 350,00
 400,00
 450,00
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 4950 a 59
60 a 69
70 a 79
80+
 
 -
 50,00
 100,00
 150,00
 200,00
 250,00
 300,00
 350,00
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
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20
07
20
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20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Fonte: Brasil, 1996 a 2016.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 22 
UN1
Causas externas
Comparando-se o CME por idade em ho-
mens e mulheres, há diferenças importan-
tes: enquanto nas mulheres o CME vai au-
mentando suavemente conforme aumenta 
a idade, até a idade mais avançada (80 ou 
mais), em homens existe um pico na faixa 
etária de 20 a 29 anos, na qual o risco de 
morrer por causas externas, em homens, 
é mais de 10 vezes maior (202,6 por 100 mil 
homens) do que em mulheres (19,7 por 100 
mil mulheres) em 2016 (Gráfico 3).
A partir dos dados expostos, percebe-se 
o grande impacto dos óbitos sobre a po-
pulação brasileira, e quando analisado por 
sexo, encontra-se um perfil diferente de 
mortalidade. Observamos que nos últimos 
anos a região Centro-Oeste apresenta o 
maior CME por causas externas, enquanto 
a Sudeste apresenta o menor, seguida da 
região Sul. Concluímos também que o ris-
co de morte por causas externas é maior 
entre os homens: nestes, enquanto se ve-
rifica um pico na faixa etária de 20 a 29 
anos, entre as mulheres o índice aumenta 
conforme a idade.
Devido à gravidade das lesões, grande par-
te das vítimas de acidentes e violências 
procura as unidades de assistência à saú-
de em busca de atendimento ambulato-
rial, internação hospitalar ou reabilitação. 
Além do impacto no perfil de mortalidade, 
as causas externas representam um impor-
tante desafio para o padrão de morbidade 
da população, haja vista o elevado núme-
ro de internações e a ocorrência de seque-
las físicas e psicológicas, temporárias ou 
permanentes.
Gráfico 3 – Coeficiente de mortalidade por causas externas segundo faixas etárias no sexo masculino e feminino, para cada 
100 mil habitantes
400
450
250
300
350
200
150
100
50
0
0 a
 4
5 a
 9
10
 a 1
4
15
 a 1
9
20
 a 2
9
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 a 3
9
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 a 4
9
50
 a 5
9
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 a 6
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 a 7
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+
Homens
Mulheres
Fonte: Brasil, 2018; IBGE, 2018.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
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externas na saúde do homem
 23 
UN1
Causas externas
1.2.2 Internação por causas externas
Em 2017 foram registradas 1.071.711 in-
ternações hospitalares por causas exter-
nas, o que representou 9,9% de todas as in-
ternações realizadas nos serviços próprios 
e conveniados ao SUS, sendo:
Causasexternas
causa de internações 
no SUS3ª
causa em mulheres 
com 359.549 (5,3% do 
total de internações em 
mulheres) 
7ª
causa de internações 
em homens com 
794.364 (16,9% do 
total de internações 
em homens)
1ª
A análise das hospitalizações por causas 
externas, assim como as análises dos ou-
tros dados gerados pelo DATASUS, está 
em constante aprimoramento. Embora o 
Sistema de Informações Hospitalares do 
SUS (SIH/SUS) esteja restrito às inter-
nações hospitalares que são financiadas 
pelo próprio sistema, este fornece dados 
que extrapolam o âmbito financeiro e pos-
sibilitam conhecer o comportamento epi-
demiológico das doenças e procedimentos 
que motivam as internações hospitalares 
(MELIONE; MELLO-JORGE, 2008). 
Importante! Apesar do SIH/SUS estar restrito 
ao SUS estima-se que sua cobertura atinja 
de 70 a 80% das internações hospitalares no 
Brasil, com variações entre as macrorregiões e 
estados, dada a população com planos de saú-
de privados (MELIONE; MELLO-JORGE, 2008).
Um estudo de séries temporais sobre in-
ternações em hospitais públicos, utilizan-
do dados do SIH/SUS, no período de 2002 
a 2011, observou o registro de 6.515.009 
internações por causas externas no Bra-
sil. Nesse período, houve aumento de 
37,3% de internações por causas desta 
natureza, passando de 708.829 em 2002, 
para 973.015 em 2011 (MASCARENHAS, 
BARROS, 2015). 
No Brasil, o coeficiente	de	 internação	hos-
pitalar por causas externas apresentou um 
padrão crescente: aumentou de 422,0/100 
mil habitantes, em 2004, para 516,1/100 mil 
habitantes, em 2017, um incremento anual 
de 7,2 internações/100 mil habitantes/ano. 

Coeficiente de internação hospitalar 
por causas externas > Este coeficiente 
se refere ao número de casos de internações 
hospitalares registradas no SUS, por causas 
externas (SIH/SUS), por uma constante (utili-
zamos por 100 mil habitantes), na população 
residente em determinado espaço geográfico 
(IBGE), no ano considerado.
O aumento foi bem mais acentuado nos 
homens (8,9 internações/100 mil homens/

Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
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externas na saúde do homem
 24 
UN1
Causas externas
ano) do que nas mulheres (5,5 interna-
ções/100 mil mulheres/ano). O sexo mas-
culino foi o grupo com maior coeficiente de 
internação hospitalar em 2017 (718,8 inter-
nações/100 mil homens). Em suma: o risco 
de os homens se internarem por causas ex-
ternas é aproximadamente 1,6 vezes maior 
do que para as mulheres.
Com relação às grandes regiões do país, 
houve um padrão crescente no coeficiente 
de internação hospitalar em todas elas, sen-
do as maiores variações médias anuais no 
Sul (13,0 internações/100 mil habitantes/
ano) e Centro-Oeste (10,8 internações/100 
mil habitantes/ano). Nas demais regiões, 
o incremento médio variou de 9,6 interna-
ções/100 mil habitantes/ano no Nordeste a 
4,7 internações/100 mil habitantes/ano na 
região Sudeste.
Esse aumento do coeficiente de interna-
ção hospitalar segundo macrorregião exige 
uma avaliação cautelosa, uma vez que pode 
ser consequência de diferentes fatores, tais 
como melhorias na qualidade do preen-
chimento da AIH, por meio de informações 
mais fidedignas da causa que levou à inter-
nação, ou em decorrência da oferta de servi-
ços de saúde para o atendimento às vítimas 
desses agravos, podendo ainda tratar-se do 
aumento da exposição aos fatores de risco, 
tais como uso de motocicleta, por exemplo.
Com relação ao grupo etário destaca-se, 
nas mulheres, o maior coeficiente entre as 
idosas (60 anos ou mais), com tendência de 
aumento no período entre 2004 e 2017. Em 
seguida aparece o grupo das mulheres adul-
tas entre 30 e 59 anos, sendo que o risco di-
minui conforme diminui a idade (Gráfico 4a).
Já para os homens, notamos que o padrão 
é completamente diferente. A faixa etária 
de maior risco para internações por causas 
externas é a de jovens de 20 a 29 anos, com 
tendência de aumento no período entre 
2004 e 2017, chegando a atingir o valor de 
916,3 internações por 100 mil homens jo-
vens em 2017. Em segundo lugar vem a fai-
xa etária dos idosos, também com tendên-
cia de aumento no período, e, em terceiro 
lugar, também aumentando, a faixa etária 
dos adultos entre 30 e 59 anos (Gráfico 4b).
Para os subtipos de causas, no período de 
2004 a 2017 houve um padrão crescen-
te, para ambos os sexos, no coeficiente de 
internação por quedas e por acidentes de 
transporte (especialmente acidentes de 
moto) no Brasil. O coeficiente de interna-
ções por agressões ficou estável e o coe-
ficiente de internações por tentativas de 
suicídio diminuiu até o ano de 2012, au-
mentando novamente em 2013 e 2014, se-
guido de redução até 2017(Gráfico 5).
Quando analisados os subtipos de causas 
externas por faixa etária, em cada sexo, 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 25 
UN1
Causas externas
notamos importantes variações nas causas 
que levaram à internação hospitalar. Para o 
sexo masculino, no ano de 2017, entre crian-
ças (0 a 9 anos) predominam as internações 
por quedas, com 38,0% do total, seguidas 
pela exposição a corrente elétrica, radiação 
(11,9%). Em adolescentes (10 a 19 anos) do 
sexo masculino as quedas continuam em 
primeiro lugar, com 57,6%, porém, em segun-
do lugar aparecem os acidentes de trans-
porte (20,8%), seguido Exposição a corrente 
elétrica, radiação (11,3%). Em jovens de 20 a 
29 anos a variação das causas de internação 
fica com acidentes de transportes (27,4% - 
17,5% envolvendo motos), 24,0% envolvendo 
quedas e 10,1% Exposição a corrente elé-
trica, radiação, etc. Em adultos de 30 a 59 
anos os acidentes com moto diminuem um 
pouco, porém estes ainda são responsáveis 
por 13,6%. Há o aumento do peso relativo 
das quedas (27,6%), e permanece o caso de 
exposição a corrente elétrica, radiação, etc. 
(10,4%). Em idosos, a maior parte das inter-
nações é devido às quedas (41,9%), seguido 
de acidentes de transporte (11,3%). 
Em mulheres, no ano de 2017, também exis-
tem variações nos subtipos de causas ex-
ternas que levaram à internação hospitalar. 
Assim como nos meninos, nas meninas de 
Gráfico 4 – Coeficientes de internações hospitalares pelo SUS segundo faixas etárias, sexo feminino(a)/masculino(b), por 100 mil mulheres/homens 
800,0
1.000,0
600,0
400,0
200,0
0,0
800,0
1.000,0
600,0
400,0
200,0
0,0
20
04
20
05
20
06
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07
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08
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09
20
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13
20
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15
20
16
20
17
20
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20
06
20
07
20
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20
09
20
10
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20
12
20
13
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14
20
15
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 -
0 a 9
10 a 19
20-29
30-59
60+
Fonte: Brasil, 2018; IBGE, 2018.
a b
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externas na saúde do homem
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 26 
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Causas externas

0 a 9 anos predominam as quedas com 36,8% do 
total, seguidas pelos Exposição a corrente elé-
trica, radiação, com 10,8. Em adolescentes (10 
a 19 anos) as quedas continuam em primeiro 
lugar, com 28,0%, porém aumentam os episó-
dios dos acidentes de transporte com motoci-
cletas (9,1%). Em jovens de 20 a 29 anos cresce 
mais ainda a atenção sobre os acidentes com 
moto, responsáveis por 13,4% das internações 
nesse grupo, assim como quedas (26,8%) e 
exposição a corrente elétrica, radiação, etc. 
(11,0%). Em mulheres adultas de 30 a 59 anos 
diminui bastante o peso relativo dos aciden-
tes com moto, que caem para 6,6%; aumenta o 
peso relativo das quedas (36,3%) e aumentou 
a ocorrência de internação por exposição a 
corrente elétrica, radiação, etc. (11,5%). Em 
idosas, a maior parte das internações é devido 
às quedas (55,5%) e os acidentes de transpor-
te chegam a 6,0%.
Importante! Nesse contexto, conclui-se, então, 
que a tendência de internações por causas 
externas no Brasil é crescente. Apesar de re-
presentarem a quarta causa de internação no 
Brasil, entre os homens aparece como a pri-
meira, com destaque para os jovens entre 20 
e 29 anos, enquanto no sexo feminino ocupa 
a oitava posição e ocorre predominantemente 
entre os idosos. 
O aumento da internação por causas exter-
nas para o conjunto da população brasilei-
ra usuária dos serviços públicos de saúde 
era esperado, em decorrência do padrão de 
aumento, nos últimos anos, da frota de veí-
culos, especialmente motocicletas (OMS, 
2010). Esses são alguns dos fatores que 
contribuem para o aumento, mas na próxi-
ma unidade vamos discutir outros elemen-
tos também importantes. 
Gráfico 5 – Coeficientes de internações hospitalares pelo SUS segundo subtipos de causas externas, por 100 mil habitantes
Acidentes com 
transporte
Agressões
Quedas
Acidentes com 
motocicletas
Suicídios
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
20
04
20
05
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Fonte: Brasil, 2018; IBGE, 2018.
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externas na saúde do homem
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externas na saúde do homem
 27 
UN1
Causas externas
econômicas, emocionais e sociais, que se 
traduzem em dias de ausência no traba-
lho, custos para o sistema de saúde, de-
manda aos serviços sociais, perda de vida 
produtiva por morte. Além disso, acarreta 
danos mentais e emocionais, muitas vezes 
invisíveis e imensuráveis, tanto para as ví-
timas quanto para as famílias. 
Esperança de vida ao nascer > A espe-
rança ou expectativa de vida ao nascer é um 
dos indicadores de especial interesse, associa-
do às condições de saúde, acesso aos serviços 
de saneamento e às políticas educacionais.
Observa-se o grande prejuízo, e, apesar 
de importante, é difícil calcular o impac-
to exato de todos os tipos de causas ex-
ternas sobre os sistemas de saúde ou 
os seus efeitos sobre a produtividade 
econômica em todo o mundo. Dados da 
OMS (2013) indicam que os acidentes de 
trânsito já representam um custo global 
de US$ 518 bilhões/ano, ou um percentual 

Figura 2 – Aumento das internações causadas por aciden-
tes de motocicletas
Fonte: Fotolia, 2016.
Em conclusão aos indicadores trabalhados 
nessa unidade gostaríamos de destacar 
que, para a compreensão do padrão de in-
ternação hospitalar, é necessária também 
a avaliação dos coeficientes de mortalida-
de. Lembre-se que apenas uma fração dos 
casos letais representam as vítimas de le-
sões, por isso avaliar esses dois indicado-
res em conjunto é fundamental.
1.2.3 Impacto da morbimortalidade por 
causas externas
Grande proporção dos que sobrevivem 
às lesões decorrentes de causas exter-
nas sofre com deficiências temporárias 
ou permanentes, causando, muitas vezes, 
perda da capacidade laborativa e da qua-
lidade de vida. Por isso, é preciso lem-
brar que as causas externas têm grande 
impacto na economia e nas condições 
de saúde da população: seus efeitos vão 
além do sofrimento individual e coletivo, 
já que incidem na cultura e no modo de 
viver das pessoas.
As causas externas também têm determi-
nado um importante impacto, até mesmo 
sobre a esperança de vida ao nascer do 
brasileiro. Ela apresenta consequências 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
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UN1
Causas externas
de 1% a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) 
de cada país.
Sem campanhas de conscientização, a 
OMS estima que 1,9 milhão de pessoas 
devem morrer no trânsito em 2020 (pas-
sando para a quinta maior causa de mor-
talidade) e 2,4 milhões, em 2030. No Bra-
sil, as causas externas correspondem a 
um maior gasto médio e custo-dia de in-
ternação do que as causas naturais, ape-
sar da menor proporção de internações 
e menor tempo médio de permanência 
(MELIONE; MELLO-JORGE, 2008). 
O Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada (IPEA), entre os anos de 2001 e 
2003, estimou no Brasil perdas anuais de 
R$ 5,3 bilhões com acidentes de trânsi-
to em aglomerações urbanas. Em 2006, 
estimou em R$ 24,6 bilhões. Esses gas-
tos se dãoprincipalmente com cuidados 
em saúde, perda de produção, morte das 
pessoas ou interrupção de suas ativida-
des, seguido dos custos associados aos 
veículos (BRASIL, 2007).
Em 2014, segundo dados da Polícia Rodo-
viária Federal, ocorreram 167.247 aciden-
tes de trânsito nas rodovias federais bra-
sileiras, que determinaram uma despesa 
para a sociedade de R$ 12,8 bilhões, sen-
do que 62% desses custos estavam agre-
gados às vitimas dos acidentes, como 
cuidados com a saúde e perda de produ-
ção devido às lesões ou morte. Enquanto 
os custos dos acidentes nas rodovias es-
taduais e municipais se encontram numa 
faixa de R$ 24,8 bilhões a R$ 30,5 bilhões 
nesse mesmo ano. Ainda, os custos dos 
acidentes nas aglomerações urbanas 
brasileiras se encontram numa faixa de 
R$ 9,9 bilhões a R$ 12,9 bilhões no ano de 
2014. Assim, os custos de acidentes de 
trânsito estimados no Brasil para o ano 
de 2014, foi de aproximadamente, 54 bi-
lhões de reais (IPEA, 2015)
Apesar de esses valores serem represen-
tativos, muitos outros impactos não es-
tão inclusos nessa quantificação. E com 
esse cenário, cabe destacar, os agravos 
que estamos discutindo são passíveis de 
prevenção. 
1.3 Análise comparativa entre os 
impactos específicos para homens 
e mulheres
O sexo masculino é responsável por 82,2% 
dos óbitos por causas externas no Brasil. 
Nesse panorama, segundo dados de 2016, 
destacam-se os óbitos por agressões e 
acidentes de transporte, que correspon-
deram a 41% e 28% do total de óbitos por 
causas externas na população masculina, 
respectivamente. Já no sexo feminino, os 
óbitos por acidentes de transporte e ou-
tras causas externas de traumatismos 
acidentais corresponderam a 29% e 32% 
do total, respectivamente, seguidos por 
agressões, em 18% (BRASIL, 2018). 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
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 29 
UN1
Causas externas

De maneira geral, os fatores externos de 
óbitos, como os homicídios, são fenôme-
nos tipicamente masculinos, e também 
estão relacionados com a juventude. Ou 
seja, homens e jovens estão mais ex-
postos à violência. Esse perfil demonstra 
maior vulnerabilidade do sexo masculino 
para esses tipos de agravos, em decor-
rência de comportamentos e atividades 
que os mesmos assumem socialmente, e 
que os colocam em maior risco.
Gráfico 6 – Impacto da mortalidade nos homens, 2016 
18%
82%
Óbito feminino
Acidentes com transporte: 13,1%
Agressões: 2,2%
Óbito masculino
Agressões: 44%
Acidentes com transporte: 20,3%
Fonte: Do autor, 2018.
Importante! A identificação desse perfil mas-
culino e jovem para as agressões é fundamen-
tal para o planejamento das equipes de saúde. 
Contudo, lembre-se de que, para cada ação es-
tratégica, deve-se analisar o perfil que compõe 
as pessoas mais vulneráveis. Por exemplo, as 
ações que visam o combate à violência sexual 
precisam conhecer o perfil das pessoas sob 
maior risco, neste caso as mulheres.
A morte prematura é uma das consequên-
cias das causas externas, discutida no pa-
norama de morbimortalidade. Além desta, 
destacamos as consequências psicofísi-
cas e socioeconômicas dos eventos, uma 
vez que as vidas perdidas são de jovens 
em plena fase produtiva, contribuindo com 
a estrutura financeira da família. Outro im-
pacto negativo está sobre a esperança de 
vida dos homens brasileiros, e dentre estes 
os negros. Para este grupo, homens negros, 
o principal componente causador da perda 
de expectativa de vida são os homicídios, 
predominantemente nas regiões Nordes-
te, Norte e Centro-Oeste. Já entre os não 
negros, a maior causa de letalidade são os 
acidentes de trânsito (IPEA, 2013).
Esperança de vida > Na população brasi-
leira, a média da expectativa, em 2016, foi de 
75,8 anos, sendo 72,2 anos para os homens, e 
79,4 anos para as mulheres. 
No grupo infanto-juvenil (0 a 24 anos 
de idade), as causas externas ocupam 
as primeiras colocações como causa de 
mortalidade. Para as crianças, o pano-
rama pode ter relação com a imaturida-
de, curiosidade e intenso crescimento e 
desenvolvimento. No adolescente, pode 
estar associado à exposição a drogas, 
marginalidade, entre outros eventos ne-
gativos. De maneira geral, enquanto na 
infância o ambiente doméstico é o princi-
pal local onde são gerados esses agravos, 
na adolescência o espaço extradomiciliar 
tem prioridade no perfil epidemiológico 
das causas externas.

Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 30 
UN1
Causas externas
100 mil habitantes. Entre todas as capitais, 
sete delas apresentaram CME maiores que 
90/100 mil habitantes, como Porto Velho, 
Boa Vista, Macapá, Recife, Vitória, Rio de 
Janeiro e Cuiabá.
Dada a frequência com que ocorrem e por 
serem os adolescentes e adultos jovens os 
grupos mais atingidos, as causas externas 
são as maiores responsáveis pelos anos 
potenciais de vida perdidos (APVP). Para as 
causas externas, o sexo masculino respon-
de por cerca de 45% dos APVP, o que cor-
responde a quase três vezes os APVP por 
doenças do aparelho cardiovascular.
A população feminina, conforme mostrado 
anteriormente, e pessoas mais velhas es-
tão consideravelmente menos expostas às 
influências das violências urbanas. O com-
portamento social que as caracteriza as 
exime das causas de morte violenta. Des-
sa forma, diferente do sexo masculino, as 
causas externas não têm tanta influência 
na esperança de vida desse grupo. O ganho 
na esperança de vida das mulheres ocorre 
independentemente da idade.
Apesar de o panorama mostrar elevado 
CME por causas externas do sexo masculi-
no, quando avaliado de maneira específica, 
para o sexo feminino temos um grave pro-
blema de saúde pública. As mulheres são 
as principais pessoas em situação de vio-
lência doméstica e sexual. Nesse compa-
rativo, elas desenvolvem mais problemas 
de saúde, custos significativamente mais 
altos de tratamento e consultas mais fre-
quentes aos atendimentos de emergência 
durante toda a sua vida.
Um outro olhar, fundamental para esse con-
texto, está sobre o impacto da perda ou in-
ternação de um familiar ou amigo devido a 
circunstâncias violentas, e a literatura mos-
tra que isso frequentemente acarreta no de-
senvolvimento de transtornos psicológicos 
Figura 3 – Exposição de drogas e alcool na adolescência
Fonte: Fotolia.
O Brasil tem uma dinâmica de mortalidade 
bastante heterogênea e suas característi-
cas regionais geram diferenças em relação 
ao desenvolvimento econômico, ao aces-
so à saúde, à educação, ao saneamento 
básico, dentre outros aspectos. Para as 
causas externas, o cenário da mortalida-
de está intimamente associado às carac-
terísticas da violência de cada região. Em 
2003, o CME por causas externas nas ca-
pitais brasileiras variou de 53,8 a 120,1 por 
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
 31 
UN1
Causas externas
transitórios ou de longa evolução dos mem-
bros envolvidos. Estima-se que aproxima-
damente três pessoas são afetadas dire-
tamente por cada evento que leva alguém 
conhecido a óbito ou internação, o que no 
contexto da saúde vem gradativamente se 
constituindo como uma demanda para a 
rede pública.
Nesta unidade, observamos a importân-
cia epidemiológica das causas externas na 
população brasileira, que correspondem a 
quarta maior causa de morte no país, sendoa primeira entre a faixa etária de 1 a 49 anos. 
Com relação às internações, o Brasil apre-
senta uma tendência crescente pelas cau-
sas externas, tanto no sexo masculino 
quanto feminino. Destacam-se predomi-
nantemente as internações por quedas e 
acidentes de transporte. Da mesma forma, 
abordamos o impacto desses dados sobre 
a economia do país, e principalmente sobre 
as famílias brasileiras. Aproveite os indica-
dores discutidos na unidade para investigar 
esse panorama de morbimortalidade por 
causas externas em seu território de atua-
ção, município ou estado.
1.4 Recomendação de Leituras 
complementares
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. Departamento de Aná-
lise de Situação de Saúde. Política nacional 
de redução da morbimortalidade por aciden-
tes e violências: Portaria MS/GM no 737 de 
16/05/2001, publicada no DOU no 96 seção 1E 
de 18/05/2001. 2. ed. Brasília: Editora do Mi-
nistério da Saúde, 2005. Série E. Legislação de 
Saúde. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/comissao/acidentes_violencias2.htm>.

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Acidentes e violência
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Acidentes e violência
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
Nesta unidade serão caracterizados os aci-
dentes e as violências, desde sua concei-
tuação, tipologia, fatores de risco para sua 
ocorrência, assim como as diferenças en-
tre gêneros e o perfil de morbimortalidade. 
Acompanhe e confira importantes informa-
ções para aprofundar seus conhecimentos 
sobre estes temas.
2.1 Caracterização de acidentes e 
violências
A Política Nacional de Redução da Mor-
bimortalidade por Acidentes e Violências 
(PNRMAV) entrou em vigor em 16 de maio 
de 2001, pela Portaria Ministerial MS/GM 
no 737 (BRASIL, 2005), sendo a responsável 
pela temática no país. A PNRMAV foi o mar-
co para a inclusão da violência na agenda 
do setor saúde, e incluiu decisivamente a 
importância e o papel desse setor no en-
fretamento dos acidentes e violências, a 
partir do desenvolvimento de um conjun-
to de ações articuladas e sistematizadas 
(MINAYO, 2009). 
A promoção de saúde constitui o eixo 
central da PNRMAV, e o desenvolvimen-
to da cidadania, a construção de redes 
de proteção e o estimulo à cultura da 
paz são seus objetivos principais. Junto 
à promoção, outras ações de saúde são 
propostas como diretrizes da PNRMAV. 
Cultura da paz > A ONU definiu cultura da paz, 
em 1999, como um conjunto de valores, ati-
tudes, tradições, comportamentos e estilos de 
vida de pessoas, grupos e nações baseados no 
respeito pleno à vida e na promoção dos direi-
tos humanos e das liberdades fundamentais, 
na prática da não violência por meio da educa-
ção, do diálogo e da cooperação, podendo ser 
uma estratégia política para a transformação 
da realidade social.
Confira as diretrizes da PNRMAV no esque-
mático a seguir
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externas na saúde do homem
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Acidentes e violência
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A PNRMAV utiliza do conceito ampliado de 
saúde para abordar a temática dos aciden-
tes e violências como problemas de saúde 
pública. Segundo a Constituição Federal e a 
Legislação decorrente da política, o conceito 
ampliado de saúde abrange não só as ques-
tões médicas e biomédicas, mas aquelas re-
lativas a estilos de vida e ao conjunto de con-
dicionantes sociais, históricos e ambientais, 
nos quais a sociedade brasileira vive, traba-
lha, se relaciona e projeta seu futuro.
Nessa perspectiva, a PNRMAV amplia as 
responsabilidades e compromissos com os 
outros setores e a sociedade civil na cons-
trução da cidadania e da qualidade de vida 
da população. Por outro lado, define o papel 
específico da saúde e seus instrumentos 
para atuação, como estratégias de promo-
ção da saúde e de prevenção de doenças 
e agravos, e melhor adequação das ações 
relativas à assistência, à recuperação e re-
abilitação das pessoas em situação de vio-
lência ou vítima de acidentes.
No âmbito governamental, a PNRMAV é o 
instrumento orientador de atuação do setor 
saúde. A política também entende, como 
resultado dos acidentes e violência, a mor-
bimortalidade devida a um conjunto de fa-
tores, como o trânsito, trabalho, quedas, 
envenenamentos, afogamentos e outros 
tipos de acidentes. As causas intencionais 
incluem agressões e lesões autoprovoca-
das, sendo importante destacar que essas 
são as principais responsáveis pelos óbitos 
e agravos à saúde, ou seja, que demandam 
grande quantidade de atendimentos nos 
serviços de saúde (MINAYO, 2009).
Figura 4 – Reabilitação das pessoas vítimas de acidentes
Fonte: Fotolia.
Diretrizes da
PNRMAV
Promoção da adoção de comportamentos e 
de ambientes seguros e saudáveis.
Monitorização da ocorrência de acidentes e 
de violências.
Sistematização, ampliação e consolidação 
do atendimento pré-hospitalar das vítimas.
Assistência interdisciplinar e intersetorial às 
pessoas em situação de violência e vítimas 
de acidentes.
Estruturação e consolidação do atendimento 
voltado à recuperação e à reabilitação.
Capacitação de recursos humanos.
Apoio ao desenvolvimento de estudos e 
pesquisas.
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Acidentes e violência
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Apesar dos delineamentos propostos 
pela PNRMAV, ainda existem muitas bar-
reiras a serem enfrentadas. Na esfera da 
Atenção Básica, pouco investimento tem 
sido feito, aliado a uma cultura popular 
de busca por uma atenção pontual e ime-
diata, o que leva à utilização indevida e 
sobrecarga dos prontos-socorros e dos 
hospitais de emergência, dificultando as 
estratégias organizacionais da rede de 
serviços de saúde. O país também enfren-
ta a insuficiência de leitos de emergência 
e de UTI, muitos ocupados por agravos 
preveníveis com os acidentes de trans-
porte e situações de violência. Dentre os 
serviços, a área de Reabilitação é a que 
mais necessita de avanços para cumprir 
com as diretrizes da PNRMAV (MINAYO; 
DESLANDES, 2009).
Um dos pontos positivos da implantação 
está no ingresso do Serviço de Atendi-
mento Móvel de Urgência (SAMU), que, 
apesar de problemas localizados, repre-
senta considerável benefício para a po-
pulação. No entanto, chamamos aten-
ção para discrepâncias na estruturação 
desses serviços, importantes de serem 
resolvidas para proporcionar seguran-
ça e atendimento adequado às pes-
soas com lesões e traumas (MINAYO; 
DESLANDES, 2009).
Conforme analisamos a partir do perfil 
agravante de morbimortalidade, o inves-
timento nas ações de prevenção e es-
truturação das redes de atenção preci-
sa ser expandido. Frente ao trabalho da 
PNRMAV, a grande fragilidade e o desafio 
estão na falta de articulação intra e inter-
setorial para a realização das ações. São 
necessárias mais parcerias das universi-
dades com os serviços e redes de saúde 
para aumentar o conhecimento, tanto do 
fenômeno como das melhores formas de 
enfrentamento. 
Importante! O mérito da PNRMAV é incluir o 
problema da violência na agenda do MS, com  
diretrizes definidas para a prevenção, assis-
tência às vítimas, melhoria do registro e atua-
ção intersetorial.2.1.1 Definição de acidentes
A PNRMAV define como acidente “o even-
to não intencional e evitável, causador de 
lesões físicas e ou emocionais no âmbito 
doméstico ou nos outros ambientes sociais, 
como o do trabalho, do trânsito, da escola, 
de esportes e o de lazer”. Tais eventos são, 
em maior ou menor grau, perfeitamente pre-
visíveis e preveníveis (BRASIL, 2005). Como 
vimos na unidade anterior, a CID-10 compre-
ende o agrupamento acidentes (V01-X59).
2.1.2 Definição de violência
Ainda segundo a Política, entende-se por vio-
lência “o evento representado por ações rea-
lizadas intencionalmente por indivíduos, gru-

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Acidentes e violência
 38  38 
pos, classes, nações, que ocasionam danos 
físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a 
si próprio ou a outros – por exemplo: homi-
cídio, agressão física, abuso sexual, violência 
psicológica, negligência e abandono” (BRA-
SIL, 2005). Esse grupo compreende as agres-
sões, de acordo com o CID-10 (X85-Y09).
Na literatura, é possível encontrar diversas 
classificações de violência. Não há consen-
so, visto que cada autor organiza a tipologia 
conforme uma teoria. As tipologias comu-
mente utilizadas são da OMS, que classi-
fica violência em três grandes categorias, 
conforme as características daquele que 
comete o ato violento, ou seja, o agressor.
2.2 Fatores de risco e exposição e sua 
relação com as construções de 
gênero
A discussão sobre fatores de risco e de ex-
posição é largamente proposta no âmbito 
da saúde. Conhecer esses fatores significa 
a possibilidade de intervir em cunho pre-
ventivo, curativo e de promoção da saúde 
sobre os agravos. E discuti-los frente às 
construções de gênero, será que é comum? 
Acompanhe a leitura e aproveite as leituras 
complementares propostas nesta unidade 
para aprofundar a temática.
Violência coletiva
 Inclui os atos violentos que acontecem nos âmbitos macrossociais, políticos e econômicos e caracterizam a domi-
nação de grupos e do Estado. Nesta estão os crimes cometidos por grupos organizados, os atos terroristas, os 
crimes de multidões, as guerras e os processos de aniquilamento de determinados povos e nações. 
Violência autoinfligida 
Subdividide-se em comportamentos suicidas e autoabusos. No primeiro caso, a tipologia contempla suicídio, 
ideação suicida e tentativas de suicídio. Para o conceito de autoabuso nomeiam-se as agressões a si próprio e as 
automutilações. 
Violência interpessoal 
Subdividide-se em violência comunitária e violência familiar, que inclui a violência infligida pelo parceiro íntimo, o 
abuso infantil e o abuso contra os idosos. Na violência comunitária incluem-se a violência juvenil, os atos aleató-
rios de violência, o estupro e o ataque sexual por estranhos, bem como a violência em grupos institucionais, 
como escolas, locais de trabalho, prisões e asilos
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Acidentes e violência
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2.2.1 Violência
A mortalidade por causas externas cons-
titui-se um problema de etiologia multifa-
torial, e envolve vários níveis de influência, 
desde o nível individual até o social. A vio-
lência comporta-se da mesma forma, sen-
do ainda um fenômeno social e histórico 
de conceituação complexa. Ela ocorre após 
eventos de natureza diversa relacionados 
às estruturas sociais, econômicas, políti-
cas, culturais e comportamentais, os quais, 
muitas vezes, fundamentam e reforçam 
atos de violência (MALTA et al., 2007).
A violência apresenta uma forte asso-
ciação com a pobreza, resultante das 
desigualdades sociais e da exclusão. 
Apesar desse predomínio, não é exclusi-
vo desse cenário, e pode também acon-
tecer em diferentes contextos sociais e 
econômicos. A violência é um fenôme-
no que se reveste de complexidade, seja 
pelos seus diversos determinantes, seja 
pela variedade de abordagens e poten-
cialidades de intervenção, o que, no âm-
bito da saúde, corresponde a um novo 
significado, à prevenção.
Figura 5 – Não à violência
Fonte: Shutterstock
Retomando a invisibilidade, a violência vivi-
da na esfera doméstica tende a ser minimi-
zada ou tratada como uma questão policial 
e jurídica, algumas vezes criminalizando o 
autor. Em outras situações, a pessoa que 
sofre a violência é que se torna penalizada, 
por exemplo, quando é vista como culpa-
da, quando afastada do seu convívio fami-
liar ou de amigos, entre outros. De qualquer 
maneira, pouco é apresentado à sociedade 
como alternativas sociais de práticas pre-
ventivas e promocionais de saúde e quali-
dade de vida.
A partir dos anos 2000, com a inclusão dos 
homens nas propostas de intervenção para 
barrar o ciclo de violência entre os gêneros, 
observou-se a necessidade de maior co-
nhecimento acerca do papel do homem nas 
violências ditas não fatais, com destaque as 
do tipo doméstico. A violência doméstica, do 
homem no papel de agressor contra a par-
ceira, aponta a imposição de uma autoridade 
sobre as mulheres e a submissão feminina 
nas relações afetivas, o que reflete em atos 
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Acidentes e violência
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de humilhação, maus tratos, xingamentos e 
ameaças de outras agressões por parte dos 
homens, quando desapontados quanto aos 
afazeres domésticos, obrigações com filhos 
ou nas relações de casal, por exemplo.
Figura 6 – Violência por parceiros íntimos
Fonte: Shutterstock.
Resultados na literatura reiteram a marca 
da violência de gênero contra as mulheres, 
particularmente contra as parceiras ínti-
mas. Há um contraste entre os tipos de vio-
lência contra as mulheres, comparados às 
sofridas pelos homens. Os homens repre-
sentam os principais perpetradores da vio-
lência sexual, ou seja, como autores, contra 
as mulheres; no entanto, são os principais 
em violência física entre seus pares, ou 
seja, entre os homens. Nesse contexto, é 
importante lembrar a diferença de revela-
ção da violência sexual entre os gêneros, 
considerada mais difícil quando sofrida pe-
los homens (SCHRAIBER et al., 2012).
A partir do que foi exposto, naturalmente 
o espaço em que os homens perpetram a 
violência é principalmente no ambiente do-
méstico, enquanto eles sofrem mais vio-
lência no espaço público. Ainda, o homem 
é o sexo que mais se envolve em situa-
ções de violência, de grandes magnitudes e 
sobreposições, quer como vítimas, quer 
como agressores. 
Estudos sobre a masculinidade apontam 
para o sentimento de desvalo rização que 
os homens sentem em razão de deter-
minadas situações de classe e de raça. 
Os homens são apontados como alvo 
preferencial, em comparação às mulhe-
res, de depreciações por parte da polícia, 
o que, segundo o Fórum Brasileiro de Se-
gurança Pública, apresenta uma tendência 
crescente no contexto atual (MACHADO; 
NORONHA, 2002; RAMOS; MUSUMECI, 
2005; SCHRAIBER et al., 2012). 
Retomando o sentimento de desvaloriza-
ção por raça, no Brasil a letalidade violenta 
está acompanhada de uma forte herança 
das discriminações econômicas e raciais 
contra os afrodescendentes. Nascimento 
et al (2011) inferem que a alta mortalida-
de masculina entre os jovens pobres revela 
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Acidentese violência
 41  41 
em parte a discriminação à brasileira, ou 
seja, uma conduta que legitima a cor e a 
classe como critérios que tornam a pessoa 
um perigo em potencial. Diante de tantas 
restrições sociais, a violência é uma tática 
de poder que garante ao homem seu lugar 
de “macho”, ou seja, “retorno virilista”, por 
exemplo quando jovens dos meios popula-
res desempregados e sem dinheiro, se lan-
çam em ações violentas entre eles e contra 
outras pessoas para provar sua virilidade 
(WELZER-LANG, 2009). A violência vem 
como forma de provar a si mesmo, e aos 
outros, que se é homem, quando todos os 
privilégios da masculinidade desaparecem 
(WELZER-LANG, 2009).
Segundo Ministério da Saúde (MS), o Bra-
sil apresentou taxa de mortalidade de 30,3 
mortes para cada 100 mil habitantes, com a 
marca histórica de 62.517 homicídios. Esse 
dado corresponde a 30 vezes a taxa da Eu-
ropa segundo dados contidos no Atlas da 
Violência 2018, produzido pelo Ipea e pelo 
Fórum Brasileiro de Segurança Pública 
(FBSP) (CERQUEIRA et al., 2018).
Em termos proporcionais, para cada ho-
micídio de não negro no Brasil, 2,5 negros 
são assassinados, em média (IPEA, 2013). 
Segundo a Teoria das Abordagens de Ativi-
dades Rotineiras (COHEN; FELSON, 1979), 
a incidência de crimes, e, em particular, de 
homicídios, depende de três elementos: 
uma vítima em potencial, um agressor em 
potencial e uma tecnologia de proteção di-
tada pelo estilo de vida da vítima, em fun-
ção do seu sexo, idade, relações familiares, 
comunitárias e profissionais. 
A maior propensão ao envolvimento em 
atividades arriscadas está associada aos 
homens jovens e às relações familiares, 
comunitárias e profissionais, as quais es-
tão condicionadas por fatores estruturais 
(status econômico, mobilidade residencial 
e acesso à Justiça). Dessa forma, as po-
pulações mais vulneráveis socioeconomi-
camente são aquelas sujeitas a uma maior 
probabilidade de vitimização violenta, em 
face dos menores níveis educacionais, 
maiores dificuldades de acesso à Justiça e 
a mecanismos de solução de conflitos, me-
nor acesso a mecanismos de proteção, e, 
inclusive, menor flexibilidade para residir e 
frequentar lugares menos violentos.
2.2.2 Acidentes
Conforme temos discutido, os transportes 
estão cada vez mais associados ao au-
mento dos acidentes de trânsito e às mor-
tes prematuras, assim como às incapaci-
tações físicas e psicológicas. Nos países 
de baixa e média renda, os usuários mais 
vulneráveis são pedestres, ciclistas, moto-
ristas de veículos motorizados de duas e/
ou três rodas e passageiros de transporte 
público inseguro. Nesse cenário, os pedes-
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Acidentes e violência
 42  42 
tres e ciclistas são os que se beneficiam 
menos das políticas voltadas aos desloca-
mentos motorizados, mas arcam com uma 
parcela desproporcional das desvantagens 
da motorização, como as lesões, a poluição 
e a divisão das comunidades por rodovias, 
dificultando a locomoção (BRASIL, 2015).
Também nos países de baixa e média ren-
da, a situação se agrava pela urbanização 
rápida e não planejada. A ausência de in-
fraestrutura adequada nas cidades, soma-
da à falta de um marco regulatório legal, 
tornam o exponencial aumento no número 
de acidentes algo ainda mais preocupante. 
A falta de desenvolvimento urbano e pla-
nejamento de transportes e rodovias são 
fatores que contribuem significativamente 
para o aumento do risco de acidentes de 
trânsito. Contudo, melhorar a segurança 
no trânsito requer abordar questões mais 
amplas de acesso equitativo aos meios de 
transporte sustentáveis. 
É fato que os sistemas de transportes 
tornaram-se componentes cruciais da 
modernidade. Estes sistemas aceleraram 
as comunicações e o transporte de bens 
e pessoas, gerando uma revolução nas 
relações econômicas e sociais. Ainda, a 
incorporação de novas tecnologias veio 
acompanhada de outros fatores, como 
a contaminação do ambiente, o estres-
se urbano e a deterioração da qualidade 
do ar, diretamente ligados aos moder-
nos sistemas de transportes terrestres 
(OMS, 2012). 
O perfil epidemiológico dos casos de aci-
dentes de trânsito, além de composto por 
adultos jovens, do sexo masculino, também 
é predominantemente por negros (IPEA, 
Fatores de risco
para os acidentes
Fatores 
econômicos e 
demográficos
Práticas de 
planejamento de 
uso de solo
Índices de 
motorização
Modos de 
deslocamento
Volume de 
deslocamentos 
desnecessários
.
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Acidentes e violência
 43  43 
2013). Contudo, no que se refere à cor da 
pele, é importante ter em mente que esse é 
um fator que também pode revelar iniquida-
des socioeconômicas, quando analisado.
Em relação à ocorrência de acidentes, os fa-
tores de risco incluem: falta de componentes 
de segurança ou problemas de manutenção 
de veículos, traçados viários inseguros, fa-
diga do condutor, falta de experiência para 
dirigir, falta de acesso a sistemas de trans-
porte público seguro, uso inapropriado de 
telefones celulares e envio de mensagens de 
texto enquanto condutor de veículo (aumen-
ta em quatro vezes o risco de acidente), a 
velocidade excessiva e não apropriadas em 
ruas, e, por fim, condução imprudente (OMS, 
2012). Como tem sido seu comportamento 
como motorista?
A fadiga do condutor nos remete às pro-
fissões de transporte de bens e pessoas; a 
falta de experiência, velocidade excessiva e 
imprudência para conduzir vão ao encontro 
do perfil jovem e masculino de morbimorta-
lidade, no caso de caminhoneiro e motoci-
clista que faz entregas de produtos e servi-
ços, geralmente trabalham sobre prazos de 
entrega, o que os coloca em risco de aciden-
tes e mortes no trânsito. A falta de experi-
ência, velocidade excessiva e imprudência 
para conduzir vão ao encontro do perfil jo-
vem e masculino de morbimortalidade.
Figura 7 – Ocorrência de acidentes
Fonte: Shutterstock.
Retomando a velocidade excessiva como 
fator de risco, é importante lembrar que a 
probabilidade de um pedestre morrer em 
atropelamento é exponencialmente maior à 
medida que aumenta a velocidade do carro. 
Pedestres têm 90% de chance de sobreviver 
a uma colisão de um veículo que circula a 
uma velocidade igual ou abaixo de 30 km/h, 
mas, em impacto a uma velocidade igual ou 
acima de 45 km/h, as chances de sobrevi-
vência ficam abaixo de 50%. Nesse contex-
to, ainda considera-se que pedestres mais 
idosos são mais vulneráveis do que os jo-
vens. A probabilidade de um pedestre de 65 
anos ou mais ser morto por um carro a uma 
velocidade de 75 km/h é de mais de 60%, 
contra 20% para um pedestre com menos 
de 15 anos (OMS, 2012).
O lugar onde as pessoas residem também 
pode influenciar a exposição aos riscos no 
trânsito. De uma forma geral, pessoas que 
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Acidentes e violência
 44  44 

residem em áreas urbanas têm maior risco 
de se envolver em acidentes de trânsito. 
Porém, pessoas que residem nas zonas 
rurais têm maior chance de morrerem ou fi-
carem gravemente feridas nestes eventos. 
Essa diferença pode ser atribuída aos veí-
culos motorizados que tendem a se deslo-car em maior velocidade nas áreas rurais. 
Outra contribuição do espaço refere-se às 
construções de rodovias que atravessam 
comunidades, expondo muitas pessoas a 
novos riscos (OMS, 2012).
Além disso, a condução sob a influência 
de álcool e outras drogas apresenta sérios 
riscos para a ocorrência de acidentes. Uma 
análise das pesquisas em países de renda 
baixa e média demonstrou que havia álcool 
presente no sangue de 33% a 69% dos con-
dutores que haviam sofrido lesões fatais, e 
em 8% a 29% daqueles envolvidos em aci-
dentes não fatais (OMS, 2012). Os pedes-
tres também se expõem a um maior risco 
de lesão no trânsito quando consomem 
muito álcool.
O uso do álcool como fator de acidente pre-
domina nos finais de semana e à noite, já 
que esse é o período em que o consumo de 
bebidas alcoólicas é mais provável. Con-
comitantemente, são os períodos em que 
o risco de acidentes e o nível de gravidade 
das lesões aumentam. Conforme mencio-
nado, o sexo masculino e os jovens são as 
vítimas mais acometidas por ocorrências 
no trânsito, entretanto, destaca-se o alto 
grau de mortalidade em idosos, visto que, 
na maioria das vezes, esses são vítimas de 
atropelamentos.
Importante! Apesar de citarmos a infraestrutu-
ra como determinante dos acidentes, também 
existem inúmeros fatores de risco que estão 
intimamente relacionados aos hábitos de di-
reção dos ocupantes/motoristas, por isso o 
envolvimento da população nas ações preven-
tivas é fundamental.
A falta de aplicação eficaz da legislação e 
regulamentações de segurança no trânsito 
também contribuem para o combate aos 
acidentes, uma vez que câmeras ou rada-
res detectores de velocidade podem flagrar 
os motoristas que ultrapassam os limites. 
Uma análise recente da experiência em di-
versos países mostrou que o uso destes 
mecanismos reduziu as mortes no trân-
sito e as lesões graves em 14%, enquan-
to a abordagem sobre violação realizadas 
por ação policial alcançou 6% de redução 
(ELVIK; VAA, 2004).
No que se refere à gravidade de lesão, os 
fatores de risco incluem os elementos 
descritos no esquemático a seguir.
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Acidentes e violência
 45  45 

Em relação à evolução das lesões após o 
acidente, os fatores de risco incluem atra-
sos para se identificar uma colisão e pro-
videnciar medidas que salvam vida; pres-
tação de assistência psicológica; falta ou 
atraso de cuidados emergenciais no local 
do acidente e no transporte até um local 
com serviços de saúde, disponibilidade e 
qualidade dos cuidados pós-traumáticos e 
reabilitação.
Importante! Um dos desafios a serem supe-
rados é a falta de consciência educativa, de 
compromisso político e a crença equivocada 
de que há um dilema entre crescimento eco-
nômico e mobilidade segura, enquanto os in-
vestimentos para superar essas deficiências 
têm preços acessíveis e altas taxas de retorno 
(BRASIL, 2015).
Para garantir a segurança e a proteção 
de todos os usuários do trânsito por meio 
da ênfase em infraestrutura rodoviária 
mais segura, recomenda-se o incenti-
vo de esforços com foco inicial em 10% 
nas estradas de maior risco, que, nor-
malmente, correspondem a cerca de 50% 
dos acidentes, por meio da combinação 
de planejamento adequado e avaliação 
de segurança, desenho, construção e 
manutenção, com padrões de desempe-
nho de segurança elevados e verificáveis 
(BRASIL, 2015).
A Matriz Haddon, exposta a seguir, também 
apresenta uma abordagem sistemática para 
o auxílio de estratégias de intervenção, a fim 
de reduzir a exposição ao risco dos aciden-
tes, evitá-los, reduzir a gravidade e conse-
quências da lesão. Há aproximadamente 30 
O não uso de cintos de segurança (o uso pode reduzir 
em 40 até 50% no risco de lesões em acidentes).
O não uso de mecanismos de retenção de crianças 
(o uso reduz em 70% em bebês e 54% em crianças 
pequenas o índice de mortalidade).
O não uso de capacetes (o uso reduz entre 20 a 45% 
traumatismos cranianos fatais e graves).
O não uso de outros equipamentos de segurança.
A falta de veículos com as partes dianteiras cujo 
desenho seja menos lesivo aos pedestres, em casos de 
atropelamentos.
A infraestrutura inadequada às margens das vias para 
proteção aos choques.
Fatores relacionados à tolerância do corpo humano.
Fatores de risco relacionados à gravidade de lesão
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
UN2
Acidentes e violência
 46  46 
anos, nos Estados Unidos, William Haddon 
Jr., a partir da observação de um transpor-
te rodoviário mal planejado, desenvolveu a 
Matriz, que ilustra a interação de três fatores 
(ser humano, veículo e ambiente) em cada 
fase de um acidente (antes, evento em si e 
após). Em cada etapa, a Matriz apresenta 
oportunidades de intervenções que podem 
reduzir as lesões causadas pelos acidentes 
de trânsito. Essa abordagem busca identi-
ficar e corrigir os principais erros ou falhas 
no planejamento que contribuem para os 
eventos. Em países altamente motoriza-
dos, essa abordagem sistêmica integrada à 
segurança no trânsito tem reproduzido re-
duções significativas no número de mortes 
e lesões graves.
Aprofunde a leitura sobre os fatores de risco e 
aproveite para conhecer estratégias desenvol-
vidas em outros países para o enfrentamento 
dos acidentes de trânsito. 
MOHAN et al. Prevenção de lesões causadas 
pelo trânsito. Manual de Treinamento. 2011. 
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/prevencao_lesao_causadas_
transito.pdf
2.3 Morbimortalidades
O conhecimento do perfil das morbimor-
talidades por causas externas é essencial 
para a orientação do trabalho no serviço de 
saúde. A partir disso, para que os esforços 
do coletivo e as ações estratégicas alcan-
cem seus objetivos, os profissionais de-
vem conhecer esse perfil, segundo a causa 

Quadro 2 – Matriz Haddon
FASE
FATOR
HUMANO VEÍCULO E EQUIPAMENTOS AMBIENTE
Pré-evento
Informação
Atitudes
Condição física comprometida
Fiscalização
Boas condições técnicas Iluminação
Freios
Dirigibilidade
Controle da velocidade
Projeto e traçado viário
Limites de velocidade
Recursos para o deslocamento 
de pedestres
Evento
Utilização de mecanismos de 
retenção
Mecanismos de retenção dos ocupantes
Outros recursos de segurança
Design com proteção aos impactos
Dispositivos de proteção aos 
choques nas margens das vias
Pós-evento
Primeiros socorros e acesso ao 
atendimento médico
Facilidade de acesso
Risco de incêndio
Serviços de resgate
Congestionamento
Fonte: OMS, 2012.
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
Morbimortalidade por causas
externas na saúde do homem
UN2
Acidentes e violência
 47  47 
externa específica de interesse. Você vai 
perceber, assim como na unidade 1, que 
para cada causa há um perfil diferente, por 
isso a análise direcionada é fundamental 
para o planejamento em saúde.
2.3.1 Mortalidade por causas externas 
específicas na população masculina
Agora vamos trabalhar com outro indi-
cador, muito utilizado na área da saúde: 
a mortalidade proporcional por grupos de 
causas. Este indicador representa a distri-
buição percentual de óbitos por grupos de 
causas definidas na população residente 
em determinado espaço geográfico, no ano 
considerado.
número de óbitos de residentes 
por grupo de causas definidas
número de óbitos de residentes, 
excluídas

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