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ESTUDO ESQUEMATIZADO DA PARTE ESPECIAL (CRIMES EM ESPÉCIE) 2014 PROFESSOR LÚCIO VALENTE Visite nosso canal do Youtube (pesquisar: lúcio valente) Atualizações importantes: SÚMULA n. 511 É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualif icado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. É típica a conduta denominada “roubo de uso” (STJ, REsp 1.323.275-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/4/2014 (Informativo nº 539). A conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar o patrimônio do Distrito Federal não configura, por si só, o crime de dano qu alificado, subsumindo-se, em tese, à modalidade simples do delito (STJ, HC 154.051-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012 (Informativo nº 0515) CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FORMAS DO CRIME ELEMENTO SUBJETIVO CONSUMAÇÃO INFORMAÇÕES DE PROVA OBSERVAÇÕES DO LÚCIO VALENTE DURANTE A AULA: FURTO (art. 155) Furto SIMPLES Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. AUMENTO DE PENA § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. FURTO PRIVILEGIADO§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou -SOMENTE DOLO -Dolo específico (elemento subjetivo do tipo): o crime de furto exige, além do dolo de subtrair (animus furandi), o dolo específico consistente na vontade de o agente se apossar ou de se apropriar de coisa alheia (animus rem sibi habendi). Com esse raciocínio, em princípio, não haverá crime no - Crime material Consumação: a consumação do furto oc orre no momento em que o agente tem a posse da res furtiva, cessada a clandestinidade, independente da recuperação posterior do bem objeto do delito (STF, HC 95.398/RS, DJ 03/09/2009). 1. Crime impossível e dispositivos antifurto (alarmes, câmeras, agentes de segurança): o fato do paciente estar sendo vigiado por fiscal do estabelecimento comercial ou a existência de sistema eletrônico de vigilância não impede de forma completamente eficaz a consumação do delito. Deste modo, não há que se reconhecer caracterizado o crime impossível, pela absoluta ineficácia dos meios empregados (STJ, HC 153.069/SP, DJ 03/05/2010). 2. Furto praticado durante o repouso noturno (art. 155, § 1º): trata-se de causa de aumento de pena para o crime praticado durante o repouso noturno. A pena é a mesma do furto simples com um aumento de 1/3. Aplica-se tal causa de aumento de pena apenas para o furto previsto no caput do art. 155, e não para suas figuras qualificadas (STJ, REsp 940.245/RS, DJ 13/12/2007). 3. “Repouso noturno”: não se refere propriamente à “noite”, mas ao período que aplicar somente a pena de multa. COISA MÓVEL EQUIPARADA § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) furto de uso. normalmente a população de determinada comunidade se aquieta para o sono noturno. É suficiente que o delito ocorra durante repouso noturno, período de maior vulnerabilidade para as residências, lojas e veículos. É irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando (STJ, REsp 940.245/RS, DJ 10/03/2008). 4. Furto privilegiado (art. 155, § 2º): trata-se de causa especial de diminuição de pena (1/3 a 2/3) ou benefício para aplicação exclusiva da pena de multa. Exige primariedade (não ter sido condenado definitivamente após outra sentença condenatória definitiva) e pequeno valor da coisa furtada (não excedente a um salário mínimo), independentemente do efetivo prejuízo para a vítima. Desta forma, a excessiva fortuna ou a demasiada pobreza da vítima são irrelevantes para a concessão do privilégio. 5. Homicídio privilegiado-qualificado: há compatibilidade entre as hipóteses de furto qualificado e o privilégio constante do § 2º do art. 155 do CP. Em se tratando de circunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza subjetiva. A qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente objetiva) em nada se mostra incompatível com o fato de ser o acusado primário e a coisa de pequeno valor (STF, HC 98.265/MS, DJ 24/3/2010).. 6. Destruição ou rompimento de obstáculo: o obstáculo, obrigatoriamente, há de ser estranho à coisa furtada. Não se aplica quando a violência é utilizada pelo agente contra a própria coisa subtraída. Exemplo: romper a janela de um veículo para subtraí-lo não configura a qualificadora. Ao oposto, caso a janela do veículo seja rompida para que seja subtraída uma bolsa que se encontrava em seu interior, haverá furto qualificado pelo arrombamento (STF, HC 98.606/RS, DJ 28/05/2010) 7. Abuso de confiança: ocorre quando o agente se prevalece da confiança da vítima, facilitando, assim, sua ação criminosa. Exemplo: furto praticado por agente-diarista, contratada em função de boas referências, a quem são entregues as próprias chaves do imóvel, enquanto viajavam os patrões (STJ, HC 82.828/MS, DJ 04/08/2008). 8. Fraude (engano, falcatrua): ocorre quando o agente emprega meio fraudulento para reduzir a vigilância da vítima sobre a coisa e, com isso, realizar a subtração. 9. Distinção entre furto com fraude e estelionato: a) Furto com fraude: a fraude é aplicada como meio para diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro sobre o bem, facilitando, com isso, a subtração. Pode ocorrer de a vítima não estar detendo a coisa, entretanto mantém vigilância sobre ela. b) Estelionato (art.171): a fraude se destina a colocar a vítima ou terceiro em erro, conseguindo que ela lhe entregue espontaneamente o bem, sem vigilância sobre o mesmo. 10. Distinção entre furto com fraude e apropriação indébita: a) Furto com fraude: a fraude é aplicada como meio para diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro, facilitando, com isso, a subtração. Exemplo: Ana pede que a bibliotecária procure determinado livro, subtraindo outro que estava na estante. b) Apropriação indébita (art. 168): a coisa vem às mãos do autor de forma legítima (empréstimo, aluguel etc) e, posteriormente, ocorre a inversão de ânimo sobre a coisa, uma vez que o mero detentor ou possuidor passa a agir como se dono fosse (subloca, vende etc). Exemplo: Ana, colega de faculdade de Beto, pede a este sua motocicleta, pois pretende visitar uma tia que mora em outra cidade. Após dois dias, vende o bem para pagar dívidas pessoais; 11. Com base no estudo realizado acima, é possível afirmar que a subtração de valores de conta-corrente, mediante transferência fraudulenta para conta de terceiro, sem consentimentoda vítima, configura crime de furto mediante fraude. Na hipótese, é competente o Juízo do lugar da consumação do delito de furto, local onde a vítima tem a titularidade da conta-corrente (STJ, CC 81.477/ES, DJ 08/09/2008). 12. A captação irregular de sinal de TV a cabo configura furto de energia com valor econômico - art. 155, § 3º (STJ, REsp 1.076.287/RN, DJ 29/06/2009).Obs.: STF recentemente entendeu não ser energia, portanto afastou o crime. 13. Atualmente, ainda é majoritário no STJ que constitui crime, mas já há posição divergente da 6ª Turma. 14. Emprego de chave falsa: é qualquer instrumento, com ou sem forma de chave (garfo, arame, segmento de metal), que pode funcionar no lugar da chave verdadeira. Inclui-se nesse conceito: a) a cópia sem autorização de chave verdadeira; b) a chave diferente da verdadeira (ex.: José usa a chave de seu veículo para abrir o veículo de Juca); c) a “mixa”, ou seja, simulacros de chave feitos com objetos diversos. 15. O uso de "mixa", na tentativa de acionar o motor de automóvel, caracteriza a qualificadora do inciso III do § 4º do art. 155 do Código Penal (STJ, REsp 906.685/RS, DJ 06/08/2007). 16. Furto qualificado pelo concurso de pessoas: o fundamento do tratamento mais severo consiste na maior facilidade para o aperfeiçoamento do furto com a reunião de duas ou mais pessoas. Reconhece-se a qualificadora ainda que o crime tenha sido praticado em concurso com menor inimputável, uma vez que a norma incriminadora tem natureza objetiva e não faz menção à necessidade de se tratarem todos de agentes capazes (STJ, HC 131.763/MS, DJ 14/09/2009). ROUBO (157) Roubo SIMPLES Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ROUBO IMPRÓPRIO § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. ROUBO -Somente DOLO - Consumação: para a consumação do crime de roubo, basta a inversão da posse da coisa subtraída, sendo desnecessária que ela se dê de forma mansa e pacífica. Assim, a prisão do agente, ocorrida logo após a subtração da coisa subtraída, ainda sob a vigilância da vítima ou de terceira pessoa, não descaracteriza a consumação do crime de roubo (STF, HC 100.189/SP, DJ 15/04/2010). Consumação do roubo impróprio: consuma-se no momento em que a violência ou grave ameaça são empregadas, uma vez que estas são posteriores à subtração da coisa, de modo que não se há que falar em tentativa (STJ, HC 92.221/SP, DJ 02/02/2009). consumação do LATROCÍNIO (STF, Súmula 610): “Há crime de latrocínio, quando o 1. Golpe do “boa noite cinderela”: trata-se de roubo praticado por meio que impossibilita a capacidade de resistência da vítima (ex.: agente ministra sonífero para a vítima, subtraindo seus pertences posteriormente). 2. Subtração por arrebatamento (trombada): a) a “trombadinha” praticada com a finalidade de desviar a atenção da vítima caracteriza o furto (ex.: esbarra na vítima para derrubar-lhe os livros, subtraindo sua carteira em seguida). b) o “trombadão” com violência e finalidade de subjugar a vítima, permitindo, com isso, a subtração dos bens que lhe pertencem, configura roubo (ex.: Juca, por meio de esbarrão, derruba José ao chão para subtrair-lhe os bens). c) quando, na subtração de objetos presos ou juntos do corpo da vítima, a ação do agente repercute sobre esta, causando-lhe lesões ou diminuindo a capacidade de oferecer resistência, tem-se configurado o crime de roubo (STJ, REsp 631.368/RS, DJ 07/11/2005). Exemplo: o agente arranca da vítima seu cordão de ouro, machucando-lhe o pescoço. 3. Princípio da insignificância e crime de roubo: o crime de roubo visa proteger não só o patrimônio, mas, também, a integridade física e a liberdade do indivíduo (crime complexo). Deste modo, ainda que a quantia subtraída tenha sido de pequena monta, não há como se aplicar o princípio da insignificância diante da evidente e significativa lesão à integridade MAJORADO § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) ROUBO QUALIFICADO § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.” Assim, temos: I. morte tentada + subtração tentada = tentativa de latrocínio; II. morte tentada + subtração consumada = tentativa de latrocínio; III. morte consumada + subtração tentada = latrocínio consumado; IV. morte consumada + morte consumada = latrocínio consumado; Obs. 1: em resumo, havendo morte, há latrocínio consumado. Havendo tentativa de morte, há latrocínio tentado. pessoal da vítima (STF, HC 96.671/MG, DJ 24/04/2009). Exemplo: não é insignificante a conduta do agente que, mediante ameaça com arma de fogo, subtrai um passe estudantil da vítima. prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 EXTORSÃO (art. 158) Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 § 3 o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa - DOLO . CONSUMAÇÃO: O delito de extorsão se consuma, em se tratando de crime formal, com o constrangimento causado pelo Réu, sendo, pois, desnecessário que se obtenha a vantagem patrimonial almejada, a teor do verbete sumular nº 96 do STJ. Tentativa: é possível quando, por exemplo, a ameaça não chegar ao destino (ex.: carta interceptada) ou quando a ação típica não for seguida da obediência da vítima (ex.: a vítima não efetuou as compras determinadas pelo agente, tampouco preencheu cheques, uma vez que houve intervenção policial em tempo, caracterizando o início da execução que restou interrompida, antes de sua consumação, por força “Sequestro relâmpago” (§ 3º): este parágrafo foi recentemente adicionado ao CP, criando mais uma qualificadora para a extorsão, o que popularmente se denomina de “sequestro relâmpago”. Referida qualificadora foi criada tendo em mente a conduta frequente nas cidadesbrasileiras em que o agente restringe a liberdade da vítima e, por exemplo, a desloca para um caixa eletrônico para que obtenha a vantagem indevida. “Sequestro relâmpago” e a Lei dos Crimes Hediondos: por uma falha do legislador, a Lei nº 8.072/90 não foi alterada para incluir as hipóteses de extorsão comum com restrição de liberdade qualificada pela morte (art. 158, § 3°). Assim, em respeito ao princípio da legalidade, a extorsão comum sem restrição da liberdade qualificada pela morte (§ 2º) é crime hediondo. Ao inverso, a extorsão comum qualificada pelo seqüestro e pela morte (§ 3º) não será crime hediondo, por falta de previsão legal (nesse sentido: Nucci e Masson; em sentido contrário: Rogério Sanches). condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3 o , respectivamente. (Inclu ído pela Lei nº 11.923, de 2009) alheia à vontade do autor). EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) Extorsão mediante seqüestro Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. § 1 o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Elemento subjetivo Finalidade especial (dolo específico): a lei exige que a privação da liberdade se dê com a finalidade específica de obter vantagem como condição ou preço do resgate. Consumação: a consumação desse delito prescinde da efetiva obtenção da vantagem, pelo que, com a privação de liberdade, já está consumado o delito. Cuida-se de crime permanente: a consumação se prolonga no tempo, subsistindo o crime por todo o período em que a vítima estiver com a liberdade restringida. Então, a prisão em flagrante é possível a qualquer momento, enquanto perdurar a restrição de liberdade. Tentativa: admite-se quando o agente tenta restringir a liberdade da vítima, mas não obtém sucesso (ex.: quando o agente segura a vítima, esta se desvencilha e consegue fugir). Nesses casos, deve ficar Vantagem: prevalece a posição de que a vantagem deve ser necessariamente econômica e indevida (Hungria, Nucci e Delmanto). Preço do resgate: valor em dinheiro. Condição do resgate: é qualquer outra vantagem econômica (ex.: bens móveis ou imóveis, títulos). Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. demonstrado o dolo do agente em sequestrar a vítima com a finalidade de pedir resgate. EXTORSÃO INDIRETA ART. 160 O delito incrimina a conduta de exigir ou receber uma garantia altamente comprometedora abusando de alguma pessoa em difícil situação econômica. A lei impõe ao credor o dever de não exigir nem aceitar este tipo de garantia (ex.: José recebe um documento de Juca, no qual consta a confissão de crime praticado por este, para que sirva como garantia de dívida de Juca em relação a José). Dolo de aproveitamento: o direito civil utiliza o termo “dolo de aproveitamento” para expressar aquelas situações em que o credor tem conhecimento sobre a premente necessidade do devedor. Os penalistas exigem esse conhecimento por parte do agente para que o crime fique configurado. Consumação: trata-se de crime formal quanto ao núcleo “exigir”, pois basta a mera exigência, estando consumado o delito mesmo que não ocorra a entrega do documento comprometedor. É crime material quanto ao núcleo “receber”. A consumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. QUESTÕES CESPE 2014 1 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros) A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio, assinale a opção correta. a) Se, após passar horas em poder de assaltantes e sob a mira de uma arma, a vítima fornecer-lhes a senha para saque em caixas eletrônicos, estará caracterizado o roubo circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima. ROUBO EXTORSÃO No roubo o agente subtrai (contrectatio) Na extorsão o agente constrange a vítima a entregar (traditio coatta) O objeto é sempre coisa móvel O objeto pode ser móvel ou imóvel (ex.: “se não escriturar tua casa em meu nome, conto para todos que...”) Ameaça é de mal grave atual ou iminente A ameaça pode ser de mal futuro No roubo não importa a atitude da vítima (ex.: se a vítima não entregar a bolsa, o ladrão pode tomá-la a força) Na extorsão é imprescindível a colaboração da vítima (ex.: se a vítima não fornecer a senha, o ladrão fica sem saída) É crime material (consuma- se com a subtração) É crime formal (consuma-se com o constrangimento, independentemente do efetivo ganho patrimonial) b) Em se tratando do crime de extorsão mediante sequestro, será reduzida a pena do corréu que, agindo em concurso de agentes, denunciar o delito à autoridade competente, ainda que a delação não seja meio eficaz de facilitação da libertação da vítima. ART. 159, § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. c) A incidência da qualificadora consistente em emprego de arma independe da comprovação, por meio de apreensão e perícia, do grau de lesividade da arma utilizada na prática do crime de roubo. STJ, HC 213.261/SP, DJe 12/11/2014, pacificou-se o entendimento de que, para a incidência da majorante, prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, é prescindível (dispensável) a apreensão e perícia da arma, desde que evidenciada a sua utilização por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima, ou mesmo pelo depoimento de testemunhas. d) Se o porte ilegal de arma de fogo funcionar como crime meio para a prática do roubo, aplicar-se-á o princípio da subsidiariedade, respondendo o agente pela prática do crime fim. Os princípios que solucionam o conflito aparente de normas são os seguintes: a. Consunção: meio absorve fim b. Alternatividade: vários verbos + um contexto = crime único c. Subsidiariedade: O tipo subsidiário cabe dentro do tipo primário. d. Especialidade: norma especial derroga a geral Para memorizar: C.A.S.E. (OU S.E.C.A.) e) Se, em um jogo de futebol, as torcidas rivais se agredirem mutuamente e um dos contendores atingir, com o bastão de uma bandeira, a boca do adversário, causando-lhe lesões corporais graves, todos os envolvidos responderão pelo resultado mais gravoso, por se tratar do crime de rixa, em que se encontra presente o animus rixandi, ainda que o agressor seja prontamente identificado e preso em flagrante. Rixa qualificada (cruenta ou complexa): ocorre quando a rixa causa lesão corporal de natureza grave ou morte em qualquer dos participantes ou mesmo em terceira pessoa (ex.: um espectador, um transeunte,apaziguador). Se o autor da lesão grave ou morte for identificado, este responde, segundo a maioria, pela lesão grave ou morte em concurso material com o crime de rixa qualificada (as penas são somadas). Os demais rixosos respondem pelo crime de rixa qualificada, inclusive aquele que sofreu as lesões graves, pois o parágrafo único do art. 137 não faz distinção. Se o autor da lesão grave ou morte não for identificado: todos os rixosos respondem pela rixa qualificada. 2 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento ) Acerca dos crimes culposos, dolosos e preterdolosos e dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio, assinale a opção correta. a) Considera-se consumado o roubo apenas se o bem objeto do delito sai da esfera de vigilância da vítima. "O delito de roubo consuma-se com a simples posse da coisa alheia móvel subtraída, ainda que por breves instantes, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima. Prescindível, portanto, a posse tranquila do bem, obstada, muitas vezes, pela imediata perseguição policial ou por terceiro" (STJ, AgRg no REsp 1423108/SP, DJe 04/09/2014). b) Tratando-se do crime de homicídio, a incidência de circunstância qualificadora de caráter objetivo, por si só, afasta o reconhecimento do privilégio, cuja natureza é subjetiva. Homicídio privilegiado-qualificado: o homicídio pode ser, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado. Segundo o STF, tal é possível, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do caso, como na hipótese de reconhecimento de qualificadoras objetivas (meios e modos) e do privilégio afinal reconhecido (sempre de natureza subjetiva),(STF, HC 97.034/MG, DJ 07/05/2010). c) Para a configuração do crime de latrocínio, são necessárias a consumação do homicídio e a efetiva subtração de bens da vítima. b) consumação (STF, Súmula 610): “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.” Assim, temos: morte tentada + subtração tentada = tentativa de latrocínio; morte tentada + subtração consumada = tentativa de latrocínio; morte consumada + subtração tentada = latrocínio consumado; morte consumada + morte consumada = latrocínio consumado; d) São suscetíveis de cúmulo material a qualificadora do crime de quadrilha ou bando armado e o delito de roubo agravado pelo emprego de arma, não se aplicando, nesse caso, o princípio do non bis in idem. Roubo armado e Quadrilha armada, configura Bin In Idem? R: Não. A condenação simultânea pelos crimes de roubo qualificado com emprego de arma de fogo e formação de quadrilha armada não configuraria bis in idem. Isso porque não haveria relação de dependência ou subordinação entre as citadas condutas e os dispositivos penais visariam bens jurídicos diversos (STF, informativo 684 -2ª Turma). e) Para a configuração do crime de quadrilha, exige-se a caracterização do ajuste prévio e do intuito de união, entre mais de três pessoas, para a prática de um crime. ATUALIZAÇÃO Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 3 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros) A respeito dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio, assinale a opção correta. a) O fato de um agente subtrair de sua vítima o veículo, a carteira, o celular e ainda restringir sua liberdade para realizar saques em caixas eletrônicos configura continuidade delitiva referente a todos os delitos cometidos. É clássica a jurisprudência desta Corte no sentido de que os delitos de roubo e de extorsão praticados mediante condutas autônomas e subsequentes (a) não se qualificam como fato típico único; e (b) por se tratar de crimes de espécies distintas, é inviável o reconhecimento da continuidade delitiva (CP, art. 71) (STJ, HC 113900, PUBLIC 20-11-2014) b) Considere que Paulo, mediante o emprego de arma de fogo, tenha praticado roubo contra Maria, no momento em que ela descia do carro no estacionamento de um supermercado, pela manhã, e que, depois do almoço, enquanto se dirigia a sua casa, Paulo tenha sido parado em blitz de rotina e, sem que os policiais soubessem do roubo ocorrido, tenha sido preso em flagrante com a arma utilizada no delito da manhã. Nessa situação, Paulo deve responder, em concurso formal, pelo crime de roubo e porte ilegal de arma, afastando-se o princípio da consunção. O Tribunal de Justiça Candango, ao analisar o caso, entendeu por deferir o pedido de absolvição do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito em razão da existência de prova apta a ensejar conclusão no sentido de que o revolver apreendido teria sido adquirido anteriormente, em ato preparatório visando a prática do delito de roubo (STJ, AgRg no AREsp 484.845/DF, DJe 08/10/2014). "A conduta de portar arma ilegalmente é absorvida pelo crime de roubo, quando, ao longo da instrução criminal, restar evidenciado o nexo de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em um mesmo contexto fático, incidindo, assim, o princípio da consunção"(STJ, HC 270.330/SP, DJe 18/06/2014). c) Caso dois agentes, previamente ajustados, tenham praticado crime de roubo, com o uso de arma de fogo, e, em consequência dos disparos feitos com a arma, a vítima faleça, o comparsa que não disparou os tiros somente responde pelos atos que efetivamente tiver praticado, não devendo ser responsabilizado pelos disparos que resultaram no óbito da vítima. Coautor que participa de roubo armado responde por latrocínio, ainda que o disparo tenha sido realizado pelo comparsa (STF, Informativo 670 – 1ª Turma) Importante: o STF já afastou o latrocínio acima de comparsa que já estava preso quando o autor, em fuga, matou policial. No caso, o STF entendeu que o primeiro responde por roubo e o segundo por latrocínio, ante as especificidades do fato (Informativo 670 – 1ª Turma). d) Em se tratando de roubo circunstanciado duplamente qualificado, o acréscimo da pena na terceira fase da dosimetria não constitui mera decorrência da gravidade do delito. e) Para a incidência da causa de aumento de pena no crime de roubo com emprego de arma de fogo, exige-se a perícia da arma a fim de se comprovar, de fato, o seu grau de lesividade. Obs.: STJ, Súmula 443O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 4 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário; ) Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplicação de penas. Na hipótese de condenação pela prática de roubo circunstanciado pelo concurso de agentes e pelo emprego de arma, o juiz deve fundamentar concretamente o aumento na terceira fase de aplicação da pena, sendoinsuficiente, para a sua exasperação, a mera indicação do número de majorantes. Obs.: STJ, Súmula 443O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 5 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-DF - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção ) Considere que Mário, tabelião do registro de imóveis de Brasília, tenha exigido de Cláudio o pagamento de custas e emolumentos que deveria saber indevidos, relativos à expedição de uma certidão de ônus reais. Nessa situação hipotética, conforme jurisprudência atual do STJ, Mário a) praticou o comportamento típico do peculato, mas sua punibilidade será extinta caso, voluntariamente, devolva o valor indevidamente cobrado até o recebimento da denúncia. b) praticou conduta atípica. c) cometeu o crime de excesso de exação. d) praticou o delito de extorsão. e) perpetrou a infração penal de concussão. Excesso de exação Art. 316§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 6 - ( Prova: CESPE - 2014 - TJ-DF - Titular de Serviços de Notas e de Registros ) Acerca dos crimes contra o patrimônio, de tráfico de drogas, contra a dignidade sexual, contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, bem como acerca dos delitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assinale a opção correta. a) O indivíduo que mantiver relações sexuais com prostituta, prometendo-lhe, dolosa e enganosamente, pagá-la após a prática do ato, e não cumprir com o pactuado, poderá ser responsabilizado pelo crime de estelionato. O estelionato consiste no uso de fraude (falcatrua, artimanha, engodo, engano, “lábia”) para ludibriar alguém (pessoa determinada) com a finalidade (dolo específico) de obter vantagem ilícita (e de natureza econômica) para o próprio agente ou para terceiro (ex.: a agente, fazendo-se passar por freira responsável por instituição de caridade, colhe donativos da vítima). Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. b) Constitui fato atípico a subtração de cinzas e ossos humanos de uma sepultura. Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Vilipêndio a cadáver Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. c) A venda de bebida alcoólica a pessoa menor de dezoito anos constitui crime previsto no ECA. Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) d) Segundo o entendimento do STJ e do STF, a captação irregular de sinal de TV a cabo não configura delito de furto de energia de valor econômico. Obs.: este item anulou a questão, mas é válido analisa-la para fins de prova. Não configura (STF, informativo 623). Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica. HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261) . STJ (duas posições): 1ªPOSIÇÃO Não Configura (minoritária): A captação clandestina de sinal de televisão fechada ou a cabo não configura o crime previsto no art. 155, § 3º, do Código PenalAdemais, a Lei n. 8.977/95, que dispõe sobre serviços de TV a cabo, em seu art. 35, in verbis, tipifica tal conduta como crime, sendo inaplicável o Código Penal em atenção ao princípio da especificidade. *Art. 35. Constitui ilícito penal a interceptação ou a recepção não autorizada dos sinais de TV a Cabo. 2ª POSIÇÃO Configura (majoritário no STJ): Ver: STJ, RHC 30.847/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 04/09/2013 e) Réu condenado pelo crime de tráfico ilícito de drogas, reincidente em razão de condenação anterior transitada em julgado pelo crime de furto, deve cumprir dois quintos da pena para que possa progredir de regime. 7 - ( Prova: CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados) O fato de um indivíduo retirar sorrateiramente de uma bolsa a carteira de outrem, sem o uso de força ou ameaça, configura a prática do crime de roubo. 8 - ( Prova: CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados) Um servidor que, durante seu expediente, receba equivocadamente de uma transportadora uma encomenda que contenha um aparelho eletrônico destinado a outra pessoa que não trabalha naquela empresa, e se aproprie desse aparelho, mesmo ciente de que tal bem é proveniente de transação comercial legítima e não lhe pertence, responderá por crime de receptação. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 9 - ( Prova: CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados) Paulo e João foram surpreendidos nas dependências da Câmara dos Deputados quando subtraíam carteiras e celulares dos casacos e bolsas de pessoas que ali transitavam. Paulo tem dezessete anos e teve acesso ao local por intermédio de João, que é servidor da Casa. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens a seguir. A conduta de João se enquadra no tipo penal de apropriação indébita, uma vez que ele subtraía os referidos bens valendo-se da facilidade que lhe proporcionava sua atividade profissional. 10 - ( Prova: CESPE - 2014 - PM-CE - Oficial da Polícia Militar; ) Considere a seguinte situação hipotética. José, com dezoito anos de idade, e Lauro, com quinze anos de idade, recém- egressos de casa de internação onde cumpriram medida socioeducativa após a prática de ato infracional, mediante ajuste prévio, passaram conjuntamente a subtrair objetos de transeuntes na rua, sem violência ou ameaça. Nessa situação hipotética, José responderá por crime de furto qualificado. É pacífico o entendimento de que o crime tipificado no art. 244-B da Lei n. 8.069/1990 é de natureza formal, ou seja, não se exige a prova efetiva da corrupção do inimputável para que haja a consumação do delito. 3 - Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1428894/MG, DJe 15/09/2014) GABARITOS: 1 - C 2 - D 3 - D 4 - C 5 - C 6 - D 7 - E 8 - E 9 - E 10 - C QUESTÕES 1 - ( Prova: CESPE - 2013 - TJ-RN - Juiz; ) No que concerne aos crimes em espécie, assinale a opção correta. a) Tratando-se de crimes contra o patrimônio, o reconhecimento das escusas absolutórias de caráter pessoal afasta a configuração do fato típico. Obs.: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos b) A unificação no mesmo tipo penal, sob a rubrica de estupro, das figuras da conjunção carnal e de outros atos libidinosos, afasta a possibilidade de se admitir a tentativa em relação a esse tipo de crime. c) Requer-se o exame pericial para a constatação do crime de falsidade ideológica. d) Considere que Marcos, com o objetivo de matar Pedro, tenha atirado nele e que o projétil, após atingir o braço de Pedro, tenha atingido Lúcio, que faleceu no local em decorrência do ferimento provocado pela bala. Nessa situação, Marcos responderá pelo homicídio consumado e pelo crime de tentativa de homicídio, por também ter atingido Pedro, aplicando-se as regras da continuidade delitiva para o cálculo da pena final. e) Pratica o crime de latrocínio o agente, pretendendo subtrair coisa alheia móvel, emprega violência contra a pessoa e, em decorrência dessa violência, consuma o homicídio, ainda que não realize a subtração de bens da vítima. 2 - ( Prova: CESPE - 2013 - AGU - Procurador Federal ) Aquele que ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, praticará o delito de receptação. Ver Lei 12.683/2012 (Lavagem de Dinheiro) 3 - ( Prova: CESPE - 2013 - PC-DF - Agente de Polícia) No que concerne a crimes, julgue o item a seguir. Considere a seguinte situação hipotética. Hugo e Ivo planejaram juntos o furto de uma residência. Sem o conhecimento de Hugo, Ivo levou consigo um revólver para garantir o sucesso da empreitada criminosa. Enquanto Hugo subtraia os bens do escritório, Ivo foi surpreendido na sala por um morador e acabou matando-o com um tiro. Nessa situação hipotética, Ivo responderá por latrocínio, e Hugo, apenas pelo crime de furto. 4 - ( Prova: CESPE - 2013 - TJ-BA - Titular de Serviços de Notas e de Registros ) Para os fins de caracterização do furto de uso, exige-se, como um dos requisitos de demonstração da ausência de ânimo de assenhoramento, a rápida devolução da coisa subtraída, em seu estado original. 5 - ( Prova: CESPE - 2013 - TJ-ES - Titular de Serviços de Notas e de Registros) Acerca dos crimes contra o patrimônio e contra a pessoa, assinale a opção correta. a) O indivíduo penalmente imputável que, com a intenção de subtrair valores e mediante destreza, coloca as mãos nos bolsos do casaco de um transeunte praticará furto tentado qualificado se ele não encontrar nenhum objeto nos referidos bolsos. b) Para a consumação do crime de calúnia, basta que a vítima tome ciência de que o agente lhe atribuiu, falsamente, a prática de fato definido como crime, sendo prescindível a ciência de terceiro a respeito do fato. c) O aborto terapêutico, necessário para salvar a vida da gestante, configura causa de atipicidade da conduta por ausência do elemento subjetivo do tipo do injusto. d) O crime de estelionato na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque consuma-se no momento em que o agente obtém vantagem ilícita em prejuízo alheio, ou seja, no momento em que o sacado recusa o pagamento do título por insuficiência de fundos. Anotações: Fraude no pagamento por meio de cheque (171, § 2º, VI): é uma espécie de fraude equiparada ao estelionato em que se emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou se lhe frustra o pagamento. Consumação e competência: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado” (Súmula 521 do STF). O “sacado” é o banco que se responsabiliza pelo pagamento do cheque. No caso, o banco onde o emitente é titular da conta. e) Apenas o motivo de relevante valor social, como, por exemplo, patriotismo, lealdade, fidelidade ou valor moral, torna privilegiado o homicídio, o que resulta em diminuição da pena. 6 - ( Prova: CESPE - 2013 - TJ-ES - Titular de Serviços de Notas e de Registro) A respeito dos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta. a) Conforme a teoria da contrectatio, o crime de furto consuma- se no momento em que o agente toca na coisa com a finalidade de subtraí-la, ainda que ele não consiga removê-la do local em que se encontra. Anotações: Teorias sobre a consumação do furto/roubo: -contrectatio: basta tocar -amotio (aprehensio); basta se apoderar -ablatio: transportar -ilatio: levar para local seguro b) Para a configuração do crime de furto, basta a existência do animus furandi, sendo desnecessário, portanto, o especial fim de agir. c) Dada a natureza do crime de furto, não há crime de furto por omissão. d) Para a configuração do emprego de chave falsa no crime de furto, considera-se a aparência do instrumento usado pelo agente. e) Para a configuração da tentativa de latrocínio, é necessária a comprovação de que a vítima sofreu lesão corporal, leve ou grave. 7 - ( Prova: CESPE - 2013 - SEGESP-AL - Papiloscopista ) Diante de furto de objeto de pequeno valor cometido por réu primário, poderá o juiz limitar a pena ao pagamento de multa. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 8 - ( Prova: CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz Federal) Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada acerca de determinadas espécies de delitos. Assinale a opção em que a assertiva está correta. a) Margarida trabalhava no caixa de uma loja de roupas de propriedade de Teresinha, de cuja confiança gozava, razão por que detinha o controle pessoal da movimentação do caixa. Pretendendo mudar-se para outra cidade, Margarida pediu demissão e, no decurso do período de cumprimento do aviso prévio, deixou de registrar, no caixa da loja, a entrada de várias notas relativas a vendas efetuadas, tendo-se apropriado do valor correspondente, que totalizou R$ 850,00. Além disso, Margarida retirou do caixa, para si, ao longo do referido período, outras quantias, que, somadas, alcançaram o valor de R$ 1.500,00. Nessa situação, Margarida praticou furto qualificado em continuação delitiva. b) Augusto confiou a Bernardo o preenchimento de uma folha de papel assinada em branco, na qual deveria constar proposta de trabalho com orçamento que seria remetida a um cliente. Bernardo guardou a folha em uma gaveta, planejando preenchê-la assim que retornasse do almoço. Aproveitando-se da ausência de Bernardo, Heleno retirou o papel da gaveta, redigiu uma confissão de dívida de duzentos mil reais de Augusto a seu favor, embora este não lhe devesse coisa alguma, e se apropriou do documento. Nessa situação, a conduta de Heleno se enquadra no tipo penal da falsidade ideológica. Papel em branco assinado: a. Se houver convenção sobre o teor do que deve ser lançado no documento, sendo que quem deveria preenchê-lo o faz de maneira diversa da convencionada, configurar-se-á a falsidade ideológica; Se não houver convenção sobre o teor do documento ou qualquer autorização para seu preenchimento, o lançamento de informações poderá configurar o crime de falsificação de documento público ou particular.c) Joaquim subtraiu de Manuel um cheque assinado em branco, preencheu-o com valor expressivo e efetuou o saque do dinheiro diretamente no caixa do banco. Posteriormente, descobriu-se que, de fato, o verdadeiro titular da conta bancária a que pertencia o cheque era Felipe, cuja assinatura fora falsificada por Manuel que havia subtraído o cheque. Nessa situação, Joaquim e Manoel devem responder pela falsificação material do documento e Joaquim, também, por estelionato. d) Emiliana, pobre e desempregada, sem condições de criar o quinto filho recém-nascido, entregou a criança a Letícia, que, de comum acordo com o marido, Arnaldo, e juntamente com este, registrou em cartório o menino como se fosse filho do casal. Nessa hipótese, Letícia e Arnaldo devem responder por falsidade ideológica, configurada como crime contra a fé pública. Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) e) Ao sair de uma festa, Celestino entregou o ticket de estacionamento ao manobrista e aguardou a chegada do automóvel. O manobrista, por engano, entregou-lhe outro veículo, muito mais novo e, portanto, mais valioso. Mesmo sabendo que aquele não era o seu automóvel, Celestino o recebeu e o levou consigo. Nessa situação, Celestino não provocou o engano, mas também não o desfez, incorrendo no crime de estelionato. 9 - ( Prova: CESPE - 2013 - SEFAZ-ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual) Considere que, logo após subtrair, dentro de um ônibus, a carteira de Manoel, sem que este perceba o fato, Jonas se dirija para o fundo do veículo, onde, mediante ameaça com uma faca, subtraia o celular de Paula e a carteira de seu namorado, Pedro. Nessa situação hipotética, Jonas pratica. a) furto em continuidade delitiva com roubo. b) roubo continuado. c) roubo, dada a progressão criminosa. d) furto em concurso material com roubos em concurso formal. e) furto em concurso formal com roubo. 10 - ( Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Considere a seguinte situação hipotética. Pedro e Marcus, penalmente responsáveis, foram flagrados pela polícia enquanto subtraíam de Antônio, mediante ameaça com o emprego de arma de fogo, um aparelho celular e a importância de R$ 300,00. Pedro, que portava o celular da vítima, foi preso, mas Marcus conseguiu fugir com a importância subtraída. Nessa situação hipotética, Pedro e Marcus, em conluio, praticaram o crime de roubo tentado. GABARITOS: 1 - E 2 - E 3 - C 4 - C 5 - D 6 - A 7 - C 8 - E 9 - D 10 - E
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