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Nemo tenetur detegere

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Princípio do nemo tenetur detegere
O princípio do nemo tenetur se detegere está consagrado pela Constituição Federal, assim como por legislação internacional; diz respeito ao direito de não produzir provas contra si próprio. Esse princípio é um direito mínimo do acusado, sendo de fundamental importância seu cumprimento, pois este destaca-se por ser um dos direitos fundamentais elencados na Constituição.
	É importante destacar que o princípio do nemo tenetur detegere não é um direito só de quem estiver preso, mas de toda pessoa que estiver sendo acusada. 	Com este principio recai Sobre o Estado o ônus da prova e a missão de desfazer a presunção de inocência em favor do acusado, sem esperar qualquer colaboração de sua parte.
	Esse princípio também se encontra consagrado na convenção Americana de Direitos Humanos, o Pacto De São José de Costa Rica, que assegura o direito de não depor contra si mesmo, e não confessar-se culpado.
Coleta de Material Biológico
A coleta de material biológico consiste na extração de DNA através de tecido ou secreção, de alguém, para que seja possível traçar seu perfil genético.
A Lei 12.654/12 trata da identificação genética em sede de identificação criminal. O ponto de grande debate dessa lei é o seu artigo 9º-A, vejamos o que diz:
Serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por técnica adequada e indolor, os condenados por crimes praticados, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos na Lei dos Crimes Hediondos. 
Percebe-se que o objetivo dessa lei é a coleta de DNA de sentenciados que cometeram crimes graves, para posterior alimentação de banco de dados sigiloso de identificação de perfil genético, visando subsidiar futuras investigações criminais.
O grande ponto de debate da doutrina está exatamente, vejamos posicionamentos contrários e favoráveis:
Posicionamentos contrários:
- Esse dispositivo é inconstitucional, pois ele fere o princípio do nemo tenetur detegere e à Constituição, assim como também o pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário. 
- Quando o preso fornece material genético ele está produzindo provas contra si próprio, podendo ser incriminado em decorrência disto.
Posicionamentos favoráveis:
- Para alguns esse dispositivo se trata de norma processual penal, eis que não versa sobre o direito de punir do Estado, aliás, ao tratar da identificação genética de pessoas já condenadas, não se pode visualizar qualquer conteúdo penal.
- Na identificação genética, a coleta será realizada em presos já condenados, servindo o DNA coletado e armazenado, como elemento probatório para futuros crimes, seja para condená-los ou mesmo inocentá-los, afinal, ninguém pode se auto-acusar de um crime futuro, que ainda não cometeu.
Conclusão
	Trago nesta conclusão o meu entendimento acerca do assunto.
	Nenhum direito fundamental é absoluto, podendo sofrer restrição, quando em conflito com outros valores constitucionais de especial envergadura, como por exemplo, a segurança pública, a busca da verdade real, além dos valores constitucionais violados em razão do crime praticado. 
	Vejo importante destacar que a identificação genética não é realizada unicamente por métodos invasivos (este é proibido), ela pode ser também realizada mediante técnicas adequadas como recomenda a lei, dessa forma não viola outros valores constitucionais, como a intimidade, a integridade física ou a dignidade dos sentenciados, vejamos um exemplo:
- As cédulas bucais encontradas na saliva podem ser utilizadas para a realização de um exame de DNA, essa saliva pode ser colhida sem qualquer intervenção corporal, possibilitando a realização de DNA a partir de material encontrado no lixo, como chicletes, pontas de cigarro, latas de cervejas ou refrigerantes, que contem resquícios de saliva que podem ser examinados.
A interpretação que faço implica a conclusão de que o indiciado não é obrigado a se submeter ao exame de DNA quando referido exame for feito de forma invasiva, porem não pode se opor à coleta de material biológico quando essa é feita sem interferir na integridade física. 
OBS: Nesse sentido o STF decidiu na RCL-QO 2.040 que seria plenamente possível a coleta do material descartado para tal finalidade.

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