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Identificação do perfil genético como forma de investigação criminal

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IMESB – INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE BEBEDOURO “VICTÓRIO CARDASSI”
CURSO DE DIREITO
ANA KAROLINA SANTOS RODRIGUES VIANNA
IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO COMO FORMA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
BEBEDOURO
2021
IMESB – INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE BEBEDOURO “VICTÓRIO CARDASSI”
CURSO DE DIREITO
ANA KAROLINA SANTOS RODRIGUES VIANNA
IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO COMO FORMA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Trabalho apresentado ao curso de Direito do IMESB, como requisito parcial para obtenção de nota na disciplina de Processo Penal sob orientação do Prof. Ms. Fábio Rocha Caliari.
BEBEDOURO
2021
Introdução
A sociedade moderna é definida pelo seu constante avanço na ciência. O desenvolvimento tecnológico propiciou crescimentos significativos no campo da medicina, desde simples procedimentos ao complexo mapeamento do Genoma Humano. Com o aumento dos índices de criminalidade, aliado à pressão midiática e social em busca de soluções para os problemas, e os avanços tecnológicos e genéticos, o Direito começou a buscar soluções que acompanhassem o desenvolvimento. Dessa forma, leis acabaram sendo criadas para tutelar as novas técnicas e descobertas da ciência e, no âmbito penal, a utilização do DNA surgiu como uma nova forma de identificação criminal.
A segurança pública encontra-se em grave crise no Brasil. Para além da temática das falhas estruturais do sistema prisional, impressiona que o Estado brasileiro tenha apresentado, no ano de 2015, aproximadamente 60.000 homicídios, segundo o Atlas da Violência de 2017. No entanto, os homicídios representam pouco mais de 11% do total de pessoas presas no Brasil. Percebe-se com isso que um dos crimes mais graves de nossa legislação, com números alarmantes, não tem recebido a devida abordagem do sistema de justiça criminal. E essa percepção em grande parte deriva da crise do modelo de investigação ainda presente no país. 
A implementação efetiva do banco nacional de perfis genéticos, isoladamente, não será suficiente para aplacar essa crise, mas pode constituir um fator coadjuvante no aprimoramento da investigação de crimes graves.
As provas genéticas desempenharam, com isso, um papel fundamental na moderna investigação preliminar e podem ser decisivas no momento de definir ou excluir a autoria de um delito. Entretanto, sua eficácia está condicionada, em muitos casos, a uma comparação entre o material encontrado e aquele a ser proporcionado pelo suspeito.
O estudo do DNA obtido a partir de vestígios biológicos é um instrumento importante para combater a criminalidade e a impunidade, uma vez que gera evidências, em sua maioria irrefutáveis, que podem ser utilizadas para absolver ou incriminar uma pessoa.
Com tais avanços das duas partes temos, por meio do âmbito processual penal, a criação da lei 12.654/12, que prevê a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal e determina a criação de bancos de dados de perfis genéticos. No entanto, embora tal avanço tenha aumentado as esperanças em relação às soluções dos crimes, deixa dúvidas quanto às limitações de direitos constitucionais, como o direito à intimidade, à honra, à imagem e à privacidade.
A identificação do perfil genético
A Lei 12.654, de 28 de maio de 2012, instituiu entre nós a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, e o fez alterando a Lei 12.037/2009, que dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado, e a Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal (LEP). 
A Lei nº 12.654/2012 alterou a Lei de Identificação Criminal, assim como a Lei de Execução Penal e instituiu a possibilidade de utilização da coleta de DNA de condenados por crimes violentos ou hediondos, visando à manutenção de banco de dados estatal com material genético, bem como a utilização da amostra genética coletada para a descoberta da autoria delitiva no curso de investigações criminais.
Em seu artigo 9º-A, temos: 
“Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.”
Há de se declarar aqui também o art.1º da lei 12.654/2012, que diz:
Art. 1º O art. 5º da Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
“Art. 5º .......................................................................
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3º , a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.” 
Baseando-se no fato de cada indivíduo possui sequências únicas de DNA, tal como uma impressão digital ou código de barras. A análise de regiões do genoma que variam entre as pessoas, permite a identificação de um corpo ou comparar uma prova, amostra biológica como sangue ou sêmen, com o DNA dos suspeitos de um crime. Assim, uma evidência de DNA pode ligar ou excluir uma pessoa suspeita de ter cometido o crime, tornando-se uma ferramenta útil no combate à criminalidade. Diante desse fato, as instituições policiais têm feito uso da informática, com objetivo de obter mais rapidamente informações para ligar crimes, resolver casos antigos e identificar vítimas desaparecidas e restos mortais não identificados.
A autora Taysa Schiocchet diz:
“O perfil genético constitui-se de uma parte das informações contidas na amostra de DNA, extraídas de regiões denominadas não codificantes do DNA, o que implica, em princípio, que o perfil genético não revela características físicas ou de saúde do indivíduo, sendo sua única aplicação a individualização. Todavia, adverte que para muitos biólogos, referida distinção entre a parte codificante e não codificante do DNA é falaciosa, pois esta segunda pode apresentar informações específicas sobre o sujeito analisado (2013, p. 521-522)”
Não existe problema quando as células corporais necessárias para realizar uma investigação genética encontram-se no próprio lugar dos fatos (mostras de sangue, cabelos, pelos etc.), no corpo ou vestes da vítima ou em outros objetos, podendo essas serem ser recolhidas normalmente, utilizando os normais instrumentos jurídicos da investigação preliminar, como a busca e/ou apreensão domiciliar ou pessoal, ou também com o próprio consentimento do suspeito. 
O problema está quando necessitamos obter as células corporais diretamente do organismo do sujeito passivo e este se recusa a fornecê-las. Se no processo civil o problema pode ser resolvido por meio da inversão da carga da prova e a presunção de veracidade das afirmações não contestadas, no processo penal a situação é muito mais complexa, pois existe um obstáculo insuperável: o direito de não fazer prova contra si mesmo, que decorre da presunção de inocência e do direito de defesa negativo (silêncio). 
Temos com isso que, a inviolabilidade da privacidade e da intimidade, protegidas constitucionalmente, serão o principal contrassenso com o novo parâmetro legal de obrigatoriedade da identificação do perfil genético criminal. Violados esses direito, constitui-se o crime de abuso de autoridade, previsto no art. 13 da Lei n. 13.869/2019 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III – (VETADO).
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. 
Devido ao avanço da tecnologia de coleta de perfis de DNA, algumas poucas células são suficientes para se criar um perfil genético, as quais podem derivar da saliva (que pode conter células bucais), do suor (que pode conter células da pele) ou do sêmen colhidos, por exemplo, deum envelope, uma garrafa, um chapéu, um par de óculos ou um lençol
Sempre que for essencial à apuração da infração, poderá o juiz, de ofício, ou mediante representação da autoridade policial ou, ainda, a requerimento do Ministério Público ou da defesa, determinar a coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do investigado ou réu (art. 5º, parágrafo único, da Lei n. 12.037/2009). É importante lembrar, portanto, que esse meio de identificação criminal, ao contrário do que ocorre com a identificação dactiloscópica e fotográfica, só pode ser adotado por decisão judicial, ainda que no curso da investigação policial.
Os dados relacionados à coleta do perfil genético são sigilosos, devendo ser armazenados em bancos de dados gerenciados por unidade oficial de perícia. As informações colhidas, ressalva-se, não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero (art. 5°-A, da Lei n" 12.037/2009). Se determinada a coleta de material biológico, a extração da amostra deve ser realizada por técnica indolor, para, em seguida, realizar-se a comparação do perfil genético do investigado com o do material apreendido.
Tal finalidade da coleta do material biológico será diferenciada. Para o investigado, destina-se a servir de prova para um caso concreto e determinado (crime já ocorrido). Já em relação ao apenado, a coleta se destina ao futuro, a alimentar o banco de dados de perfis genéticos e servir de apuração para crimes que venham a ser praticados e cuja autoria seja desconhecida.
Percebe-se com isso que a prova genética no processo penal é geralmente decisiva, embora se reconheça que ela deve ser sempre cotejada com outras provas e analisada criticamente. O DNA coletado na cena do crime pode refutar alegação do investigado de que não se encontrava no local, mas não se pode descartar a hipótese de ele ter estado ali em momento diverso daquele em que cometida a infração, ou mesmo a de estar contaminada a amostra. Essa prova genética pode ser fundamental também para a absolvição, evitando-se a condenação do inocente.
Sem dúvida, o Direito na sua forma mais ampla será beneficiado por esse tipo de pesquisa, em especial a Medicina Legal, no seu importante papel de ajudar a desvendar os fatos e as verdades.
Ainda com isso devemos citar que a manutenção de bancos de perfis genéticos, no qual trata o art. 5º-A, caput, da Lei n. 12.037/2009, por sua vez, facilita a apuração de infrações que deixaram ou que vierem a deixar vestígios biológicos, pois nessa base de dados serão armazenadas as informações sobre os caracteres genéticos dos investigados ou acusados em relação aos quais houver determinação judicial de identificação por esse meio e, ainda, as informações sobre o perfil genético de todos os condenados por crime doloso praticado com violência de natureza grave ou por crime hediondo.
Contudo, com isso, o armazenamento do DNA deverá ser rigorosamente controlado para que assim possa ser utilizado para o fim a que se destina. Para tanto, existe previsão legal expressa no § 2º do artigo 5º-A da Lei 12.037/2009 determinando que aquele que permitir ou promover a utilização dos dados constantes dos bancos de perfis genéticos para fins diversos do previsto em lei, responderão civil, penal e administrativamente (BRASIL, 2009). Dessa maneira, através de uma administração excelente, será possível garantir confiabilidade ao banco de dados e evitar desvirtuamentos da sua finalidade.
Conclusão
Se por um lado a identificação genética pode ser um importante avanço tecnológico e uma ferramenta capaz de auxiliar a resolução de casos, bem como a condenação e absolvição de réus, por outro, se não se der de maneira cautelosa e com a devida proteção ao Banco, poderá acarretar em problemas muito maiores, como a utilização de dados para fins não lícitos ou não autorizados, que extrapolem os objetivos de tal lei.
Na busca de um equilíbrio, deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade, somente utilizando tal meio de investigação quando inexistir outro meio similar e menos gravoso que não viole os direitos do investigado. Dessa forma, os direitos conflitantes deverão ser analisados de forma responsável, analisando-se as condições reais e jurídicas existentes em cada caso, pois a coleta de material biológico, a análise do DNA e seu armazenamento pelo Estado são providências rigorosas de controle, que podem colocar em risco a privacidade das pessoas
Conclui-se, portanto, que essa nova tecnologia é capaz de trazer benefícios à população e a instituição de um banco de dados de perfil genético demonstra ser um avanço para a segurança pública, sendo capaz de atingir resultados eficazes na identificação e investigação criminal, para uma persecução penal eficiente, sem que a dignidade da pessoa humana seja desrespeitada.
Referência Bibliográfica
· JÚNIOR, Eudes Quintino de Oliveira. O perfil genético como prova criminal. Migalhas, 2021. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/depeso/242794/o-perfil-genetico-como-prova-criminal>. Acesso em: 11 abr. 2021.
· SILVA, Yasmin Pereira da; TRINDADE, Leticia ; ALMEIDA, Bruno Rotta . A Identificação Criminal por Perfil Genético: Uma Análise A Partir Das Garantias Fundamentais Do Processo Penal. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/libertas/files/2014/09/SA_02421.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
· BRUSTULIN, Raquel, CHAVES, Fabio Barbosa. A Identificação e a Investigação Criminal Genética sob s Ótica sob Princípio da Dignidade Da Pessoa Humana. Revista Integralização Universitária. Palmas, v. 13, n. 21, p. 7 - 22. jul/dez 2019.
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· SUXBERGER, Antonio Henrique Graciano; FURTADO, Valtan Timbó Martins Mendes. Investigação criminal genética – banco de perfis genéticos, fornecimento compulsório de amostra biológica e prazo de armazenamento de dados. Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 809-842, mai.-ago. 2018.
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· RODRIGUES, Maria Bethania Teodoro. A (in) constitucionalidade da Lei 12.654/2012 - Âmbito Jurídico. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-in-constitucionalidade-da-lei-12-654-2012/>. Acesso em: 12 abr. 2021. 
· Gonçalves, Victor Eduardo Rios, Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal Esquematizado.8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
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