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Linguagem Verbal, Não Verbal e Verbovisual

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Português Instrumental II / Aula 2 - Linguagem verbal, não verbal e verbovisual
Linguagem
Quando pensamos em linguagem como sistema organizado de sinais, associamos essa palavra à noção de linguagem verbal, ou seja, de língua. Mas linguagem tem um conceito mais amplo: é todo sistema que permite a expressão ou representação de ideias e se concretiza em um texto.
Em outras palavras, no texto, não estão envolvidos apenas aspectos linguísticos, mas também aspectos sociais, cognitivos e interacionais. Para Koch (2000, p.30):
Agora que temos a noção de texto em mente e, consequentemente, das formas como o texto é constituído, aproveitamos este momento para sentirmos os diferentes modos de sua organização.
Nos vídeos a seguir, a título de contextualização, você assistirá a uma sobreposição de duas “formas” de significar música e poesia:
Para assistí-los, clique sobre cada um dos títulos.
Saiba mais!
Gêneros do Discurso (BAKHTIN, 2003, p. 261-262): o emprego da língua efetua-se em formas de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua construção composicional.
Todos esses três elementos — o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional — estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso.
Gênero Textual (MARCUSCHI, 2002, p. 22-23):usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete.
Tipo Textual (MARCUSCHI, 2002, p. 22-23): deve ser usada para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais e relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas, a saber: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.
Linguagem Verbal
Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal. Esse tipo de texto está presente, quando falamos com alguém, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano.
Os textos verbais são aqueles em que expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos e está presente em: obras literárias e científicas; textos de propaganda; reportagens de jornais, revistas; na comunicação entre as pessoas cartas, bilhetes, e-mails, em discursos (políticos, representantes de classe, candidatos a cargos públicos) e em várias outras situações.
Logo, o diálogo no WhatsApp é exemplo de linguagem verbal.
Nesse caso, o código utilizado para manter a comunicação
é a própria língua (portuguesa, inglesa, francesa).
Linguagem Não Verbal
A capacidade de ler é condição para que haja uma participação efetiva do cidadão no meio em que vive. É por meio dessa habilidade que podem ser entendidas as regras que organizam a vida em sociedade.
Entretanto, a leitura não se dá apenas a partir de palavras. Assim, podem-se “ler” imagens, situações, expressões fisionômicas e até o silêncio, como nos exemplos a seguir:
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Linguagem Verbovisual
Contar é uma atividade que se constitui por uma diversidade de manifestações artísticas, entre as quais: hieróglifos, pinturas, esculturas, mosaicos, vitrais, tapeçarias, para citar alguns exemplos.
Texto e imagem são intrínsecos à comunicação humana.
Sendo assim, texto e imagem devem ser observados como unidades complexas de significação, por estarem inseridos no discurso que os sustenta. Ambos significam “para” e “por” sujeitos histórico-contextualmente constituídos, atravessados pela linguagem.
Pensar nas tiras humorísticas, charges, por exemplo, a partir desse pressuposto, é percebê-las como uma simbiose entre texto e imagem, o que chamamos de verbo-visualidade, conforme acentua Brait (2013, p. 50):
Outra coisa é um estudo que procura explicar o verbal e o visual casados, articulados em um único enunciado, o que pode acontecer na arte ou fora dela, e que tem gradações, pendendo mais para o verbal ou mais para o visual, mas organizados em um único plano de expressão, em uma combinatória de materialidades, numa expressão material estruturada.
A utilização da imagem, associada ao texto verbal, é realidade presente na comunicação atual. Todas as facilidades de reprodução, impressão e divulgação que temos hoje permitem que a imagem constitua parte das mensagens que circulam em diferentes gêneros de discurso, com a mais ampla gama de finalidades, próprias de cada esfera de atividade humana. Mesmos discursos que, há pouco, usavam praticamente apenas a linguagem verbal — quer oral, quer escrita —, como é o caso do discurso jurídico, vêm se utilizando cada vez mais da possibilidade de “retratar” fatos, indivíduos, ações, espaços.
Tanto a linguagem verbal como a visual desempenham papel constitutivo na produção de sentidos, de efeitos de sentido, não podendo ser separadas, sob pena de amputarmos uma parte do plano de expressão e, consequentemente, a compreensão das formas de produção de sentido desse enunciado, uma vez que ele se dá a ver/ler, simultaneamente. (BRAIT, 2012)
Considerarmos a imagem como uma mensagem visual composta de diversos tipos de signos, equivalendo a considerá-la como um discurso e, portanto, como uma ferramenta de expressão e de comunicação extremamente utilizada, por exemplo, na investigação criminal ou perícia criminal. Seja ela expressiva ou comunicativa, é possível admitirmos que uma imagem sempre constitui uma mensagem para o outro, mesmo quando esse outro somos nós mesmos. Analisemos o quadro de René Magritte:
1928/29 — René Magritte (1898-1967)
Nesse caso, o visual e o verbal nascem ao mesmo tempo e constroem os sentidos, os efeitos de sentido juntos. Não podemos tirar a frase ou analisarmos somente a frase, escrita em letra cursiva, funcionando como legenda, orientando ou desorientando a interpretação do espectador, colocando-o em um lugar ao mesmo tempo engraçado e pouco confortável em relação a suas crenças sobre a arte.
É evidente que muito já se falou e escreveu sobre esse quadro, seu título, sua legenda, conjunto cujas relações dialógicas polêmicas, abertamente polêmicas, colocaram em questão, em 1928/1929, a representação na arte.
Abriram uma forte discussão sobre o fato de que, embora perfeita enquanto representação, a imagem do cachimbo não é a realidade. É a relação polêmica e irônica entre imagem e frase que desconstrói, por assim dizer, a ilusão do real, dando à imagem seu estatuto de imagem.
	
	
	
	
	
	
	
Podemos observar, por exemplo, que o elemento visual vai articular-se ao verbal de maneiras diferentes em cada enunciado, interferindo na forma de composição, no estilo e, consequentemente, nos temas produzidos.
Curiosidade
Michel Foucault publicou Isto não é um cachimbo exatamente cinco meses após a morte de René Magritte, autor da pintura a que se refere o texto. De maneira geral, o ensaio cumpre uma função de elogio, homenagem ao pintor belga, falecido em um momento de grande importânciapara a produção do pensador francês (pouco após a publicação da obra As palavras e as coisas).
Assista aos vídeos:
Um mundo sem palavras... linguagem não verbal
Krizovatka 2016 - Humanity... be awesome!
A série traz as investigações de uma equipe formada por especialistas em detectar mentiras. As mínimas expressões e gestos são interpretados por esses cientistas do comportamento, que prestam seus serviços para diversas entidades como o FBI, a polícia, empresas particulares ou, algumas vezes, pessoas que estejam dispostas a descobrir a verdade sobre o que alguém pode estar escondendo. Disponível em Netflix.
Intertextualidade
Os textos (ou enunciados), para Bakhtin (2003), não podem ser compreendidos isoladamente, pois estão sempre em diálogo com outros textos. Desse modo, segundo a concepção de dialogismo bakhtiniana, não há enunciado que não mantenha relação com outros enunciados, e que não esteja, de algum modo, vinculado àqueles que o precederam ou aos que o sucederão.
Um enunciado nunca será completamente novo: ele sempre será o resultado de discursos anteriores, os quais não poderá evitar.
Bakhtin afirma que todo discurso comporta duas faces, constituindo-se como o produto da interação.
Segundo Kristeva (1974), o espaço textual possui três dimensões, que se encontram em diálogo umas com as outras:
Seguindo os ensinamentos de Bakhtin, Kristeva afirma que todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é a absorção e transformação de um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade. (KRISTEVA, 1974, p. 64)
Nessa mesma direção, temos Barthes:
No texto a seguir, uma tirinha de Maurício de Souza, fica evidente a importância dessa memória discursiva, pois um leitor menos atento, que não reconhece o poema de Carlos Drummond de Andrade, não estabelece relação com o seu discurso e não consegue perceber que a “pedra” no caminho do Cebolinha — a Mônica, remete ao discurso do poeta, que se refere às dificuldades e obstáculos da vida, em seu verso consagrado: “No meio do caminho tinha uma pedra”.
Fonte: O Globo, 10/09/2004.
Saiba mais
CAVENAGHI, Ana Raquel Abelha. Mafalda: humor, ironia e intertextualidade. Disponível em: www.uel.br, acessado em 17/10/16.
CUELLO, Ruth Marcela Bown e ADELINO, Francisca Janete da Silva. Gênero discursivo charge: uma análise a partir dos pressupostos de Bakhtin. Disponível em: www.mundoalfal.org, acessado em 17/10/16.
Ao ler frequentemente estamos complementando informações fornecidas pelos textos com outras informações de que dispomos ou que inferimos a partir do que foi dito pelo autor do texto. Isso acontece porque nem sempre os textos trazem explícitos todos os elementos que participam da construção do sentido.
Percebemos, na tirinha, o impasse provocado pela frase “Tudo o que quiser”. Na tentativa de satisfazer os desejos dos clientes o garçom sugere que naquele estabelecimento há tudo o que as pessoas quiserem para comer e beber. Entretanto, a personagem Eddie Sortudo não compreende o que estava implícito na fala do garçom e interpreta que “tudo o que quiser” seja, talvez, um dos pratos do menu.
Implícitos
Saber ler nas “entrelinhas” é saber articular os conhecimentos prévios às informações textuais, inclusive as que dependem de pressuposições e inferências (semânticas e/ou pragmáticas) autorizadas pelo texto; isso permite dar conta de ambiguidades, ironias, expressões figuradas, opiniões e valores implícitos, fenômenos que denotam as intenções do autor.
Um texto pode dizer muita coisa sem ser explícito. Cabe ao leitor detectar as informações que não são veiculadas linguisticamente, mas que estão no texto sob aspectos subentendidos ou pressupostos.
Os implícitos podem ser divididos em três categorias: pressuposições, subentendidos, inferências
PRESSUPOSIpressupos ffppÇÕES
Pressuposição 
Primeiramente, vamos analisar o que se entende pelo fenômeno da pressuposição, em contraste ao processo do subentendido.
O subentendido do texto na tirinha está no fato de o referido prefeito ter sido tão ausente em seu governo anterior que parecia ser sua primeira candidatura. A crítica está na sua péssima atuação como prefeito; é como se ele não tivesse feito nada representativo e importante para a cidade.
A pressuposição é uma das formas de se dizer implicitamente alguma coisa que, uma vez sendo dita, não pode ser negada, pois se encontra inscrita na própria estrutura linguística. Assim, em linguagem verbal, muito do sentido vem implícito na própria forma de expressão. Ao dizer que “ele deixou de beber”, já digo que “ele bebia antes” e que “já não bebe mais”.
O interessante a observar é que não se negam os pressupostos de uma frase, mesmo colocando-a na negativa. Vejamos:
“Pedro não bate mais na mulher”. Pressuposto: “Ele antes batia na mulher”.
Precisamos ficar atentos aos pressupostos de um texto, eles são fundamentais na sua interpretação.
Desse modo, a pressuposição é um mecanismo discursivo que permite ao leitor perceber certas palavras ou expressões contidas na frase, uma vez que são recuperadas as informações linguisticamente, isto é, elas são derivadas da decodificação de elementos do sistema linguístico. Os pressupostos são admitidos como verdadeiros, sob pena de descaracterizar a informação veiculada na interação.
Valendo-se do fato de que as informações não admitem negação ou contestação de veracidade, o locutor impõe ao interlocutor um valor de argumentação, visto que o discurso passa a ser direcionado e locutor transforma o seu interlocutor em cúmplice.
Na hipótese de contestação de verdade, ou seja, caso o ouvinte discorde da pressuposição, o discurso envereda-se para o debate carregado de animosidade e polêmica.
As pistas textuais que materializam a pressuposição podem ser estas:
• uso de certos advérbios;
• conjunções subordinativas concessivas ou temporais;
• certos verbos em construções subordinadas substantivas;
• uso de orações adjetivas;
• partícula de realce.
Essas pistas permitem uma economia no texto, uma vez que ela é a propriedade pela qual podemos usar um mínimo de palavras, sem que isso prejudique o ato comunicativo. Algumas palavras são ditas, outras são pressupostas e sua decodificação é essencial no ato da leitura.
Posto e Pressuposto
Vejamos a frase a seguir: O tempo continua nublado.
Podemos dizer que o posto é exatamente a informação explícita, que afirma que o tempo está, no momento da fala, nublado. O verbo “continuar”, entretanto, passa uma informação implícita de antes o tempo já estava nublado. A essa informação que passa a ser percebida pelo leitor, a partir do posto, damos o nome de pressuposto.
SUBENTEN
subeDIDOS
Subentendidos 
Há outro tipo de implícito, que se chama subentendido, que depende do contexto situacional para ser entendido e não apenas da decodificação da estrutura linguística.
Analisemos um exemplo: “— Vai a minha festa?” “— A minha mãe está doente”.
Nesse caso, a segunda frase não responde à pergunta, mas pelo contexto, pela situação, percebemos que não irá à festa, pois subentendemos que o falante tem que cuidar da mãe.
Sua fala torna-se um indício para essa conclusão. O subentendido diferentemente do pressuposto, pode ser negado ou ignorado. Suponhamos que esse alguém, em sua resposta, pudesse responder: “— Ela está doente, mas irei, sim,” pois hoje há uma enfermeira que está cuidando dela.
No caso dos subentendidos há insinuações ocultas por trás de uma afirmação. O subentendido é interpretado pelo interlocutor, pela situação, visto que o locutor mantém-se escondido no sentido literal das palavras. Trata-se de um recurso de proteção, já que o locutor preserva-se de qualquer ataque de refutação do interlocutor.
Em se tratando das HQs, os implícitos, caracterizados pelos pressupostos e subentendidos são marcas discursivas que podem ser exploradas com grande eficiência, por se tratar de uma narrativa curta, o apelo ao não dito associado ao icônico é maior, já que o leitor não podese eximir de uma leitura com base no preenchimento das inferências semânticas e pragmáticas.
Na charge, há uma crítica em relação à falta de memória e de compromisso do cidadão em relação ao voto. Além disso, no segundo quadrinho, fica subentendido, ou seja, implícito que o político fez algo de errado em seu governo, porém não sofre retaliações por isso.
Perceba que o conhecimento de mundo ajuda bastante na interpretação, além, claro, de uma observação dos elementos linguísticos envolvidos (jogo de palavras e desenho).
- As inferências são definidas como operações cognitivas nas quais o leitor constrói novas proposições a partir de informações encontradas nos textos.
Quando as informações não se apresentam de forma explicita no texto, faz-se necessária a realização de inferências para que o leitor consiga compreender o seu conteúdo. Em outros dizeres, uma vez obtidas as pistas, devemos confrontá-las com os aspectos conhecidos da realidade para fazer uma inferência, ou seja, um tipo de raciocínio que conclui alguma coisa a partir de outra já conhecida.
Vejamos a imagem a seguir, divulgada no site kibeloco.com.br/, em um período em que a proliferação do mosquito causador da dengue (o Aedes aegypti) assustava os cidadãos cariocas:
Recursos Expressivos
Ambiguidade
É o nome dado, dentro da linguística, à duplicidade de sentidos, onde alguns termos, expressões, sentenças apresentam mais de uma acepção ou entendimento possível. Em outras palavras, ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase.
Apesar de ser um recurso aceitável dentro da linguagem poética ou literária, deve ser, na maioria das vezes, evitado em construções textuais de caráter técnico, informativo, ou pragmático.
A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e mesmo enunciados inteiros podem acarretar duplo sentido, comprometendo a clareza do texto.
Na publicidade, observamos o uso e o abuso da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras, procurando chamar a atenção do interlocutor para a mensagem.
Saiba mais
Ambiguidade é a indeterminação de sentido que certas palavras e expressões da língua têm, sem que isso tenha sido produzido intencionalmente, mas sim como consequência de uma má redação, dificultando a compreensão do enunciado.
	
	
	
	
	
	
	
	
Ironia
Define-se ironia como a figura que leva a entender o contrário do que se diz. É um recurso de que utiliza o enunciador discursivo para “agredir” ou “satirizar” o interlocutor sem comprometer-se inteiramente.
O ato de linguagem irônica consiste numa espécie de contrário à “verdade”, ou seja, consiste em “dizer o contrário do que se quer significar”, ou, ainda, “significar mais do que literalmente se diz”.
Nesse sentido, a ironia é vista, então, como uma argumentação, baseada no contrário do que se afirma, uma comunicação por implícitos textuais. E por trabalhar com implícitos, na ironia também se joga com sentidos literais e conotativos.
	
(Foto: Diário do Poder — 11 de março de 2014)
	
O cartunista, fazendo uso da ironia na charge, transmite uma
reflexão crítica sobre a situação do Brasil naquele momento.
Analisemos, agora, outra charge:
Millôr Fernandes (ENEM/2010)
De autoria de Millôr Fernandes, a charge discute a honestidade social a partir de uma cena irônica: a lamentação de um indivíduo que, por só poder lidar com gente honesta, encontra-se em um deserto.
Os textos chárgicos podem estar ligados a acontecimentos específicos de uma época ou local, o que é muito frequente nas charges diárias. Quando são publicadas em jornais regionais, por exemplo, as charges podem fazer referência a fatos que não são conhecidos por moradores de outras localidades, o que lhes dificulta a compreensão.
Com o avanço da tecnologia, podemos encontrar muitas tirinhas e charges contendo ambiguidades irônicas circulando em redes sociais que fazem parte do dia a dia de muitos jovens.
Observemos estes exemplos retirados do Facebook:
	
	
	
	
	
Polifonia
Já estudamos que o recurso do dialogismo é inerente a todo discurso e, à medida que diz respeito a vozes que antecederam a do enunciador e às que poderão sucedê-lo, explicita a dupla função da linguagem: não há enunciado que não exiba traços do produto histórico da atividade humana e que, objetivado, não possa servir de referência para que novos enunciados sejam construídos e nos quais se manifeste uma maior ou menor superação do que estava socialmente posto.
No que diz respeito às HQs, por exemplo, a polifonia é uma marca enunciativo-discursiva que exige do leitor conhecimento prévio, já que a alusão ao discurso de outro nem sempre vem textualmente caracterizado.
A percepção do coro de vozes é inferida pela leitura que implica repertório, acervo de conhecimentos entre outras manifestações a fim de que se possam estabelecer as relações entre os textos.
A compreensão das HQs, no que se refere à polifonia, requer do leitor perspicácia, para que possa perceber a “teia” de vozes que vão emergindo no processo da construção dos sentidos, na retomada do “dado” e na composição do “novo”.
Fonte: www.chargeonline.com.br, acessado em 27/10/2016.
Existe uma expressão popular muito interessante que diz mais ou menos assim: “jogou a água da bacia, com criança e tudo”. Na verdade, essa é uma forma simples de expressar, por meio de uma metáfora, a indignação ao notar que, na intenção de se livrar de algo incômodo e repugnante, as pessoas acabam pondo no lixo questões e coisas profundamente valiosas, como a Saúde e a Educação, fazendo uma crítica às últimas medidas tomadas pelo atual governo Temer.
Na charge, percebemos vozes distintas e dissonantes: governo (poder) e a argumentação do próprio autor da charge. Talvez o grande ensinamento dessa metáfora é o de que devamos perceber que tanto o bebê limpo quanto a água suja fazem parte desse plano e que ambos são reais, existem, se completam e fazem parte do pacote da realidade em que vivemos.

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