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APOSTILA CONTABILIDADE PÚBLICA VOTUPORANGA – SP 2 SUMÁRIO 1 CONTABILIDADE PÚBLICA .................................................................................... 5 1.1 Conceito ................................................................................................................ 5 1.2 Campo de Atuação ................................................................................................ 6 1.3 Subsistema de Informações Orçamentárias .......................................................... 7 1.4 Subsistema de Informações Patrimoniais .............................................................. 7 1.5 Objeto .................................................................................................................... 8 1.6 Objetivo ................................................................................................................. 9 1.7 Regime Contábil .................................................................................................... 9 2 PATRIMÔNIO PÚBLICO ........................................................................................ 11 2.1 Variações Patrimoniais Qualitativas .................................................................... 12 2.2 Variações patrimoniais quantitativas ................................................................... 15 2.3 Resultado Patrimonial .......................................................................................... 16 3 DÍVIDA PÚBLICA ................................................................................................... 16 3.1 Dívida Fundada ou Consolidada ......................................................................... 17 3.2 Dívida Flutuante .................................................................................................. 18 3.3 Escrituração contábil da constituição da dívida pública ....................................... 20 3.4 Pela constituição da Dívida ................................................................................. 20 4 RECEITAS PÚBLICAS ........................................................................................... 22 4.1 Espécies da Receita Pública ............................................................................... 22 4.2 Estágios da Receita Pública ................................................................................ 23 4.3 As receitas públicas classificam-se em: .............................................................. 24 5 DESPESAS PÚBLICAS .......................................................................................... 27 5.1 Classificação por objeto de gasto ........................................................................ 31 6 BALANÇOS ............................................................................................................ 32 6.1 Balanço orçamentário .......................................................................................... 33 3 6.2 Análise do Balanço Orçamentário ....................................................................... 35 6.3 Balanço Patrimonial ............................................................................................. 40 7 Demonstração das Variações Patrimoniais ............................................................ 48 7.1 Balanço financeiro ............................................................................................... 52 8 ORÇAMENTO PÚBLICO ........................................................................................ 55 8.1 Evolução do orçamento ....................................................................................... 55 8.2 Princípios Orçamentários .................................................................................... 57 8.3 Plano Plurianual (PPA) ........................................................................................ 58 8.4 A lei de diretrizes orçamentárias - LDO ............................................................... 59 8.5 A lei orçamentária anual – LOA ........................................................................... 59 9 TIPOS DE ORÇAMENTO ....................................................................................... 61 9.1 Orçamento Fiscal ................................................................................................. 61 9.2 Orçamento da Seguridade Social ........................................................................ 61 9.3 Orçamento de Investimento das Empresas Estatais ........................................... 62 9.4 Classificação Orçamentária ................................................................................. 62 10 CICLO ORÇAMENTÁRIO .................................................................................... 64 10.1 Elaboração da Proposta Orçamentária .............................................................. 65 10.2 Condições para o Início da Execução Orçamentária ......................................... 65 10.3 Distinção entre Crédito e Recurso ..................................................................... 66 10.4 Mecanismos Retificadores do Orçamento (Créditos Adicionais) ....................... 66 10.5 Características dos Créditos Adicionais ............................................................ 67 11 MOVIMENTAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS ............................................ 70 12 EXERCÍCIO FINANCEIRO ................................................................................... 71 13 RESTOS A PAGAR .............................................................................................. 71 13.1 Classificação...................................................................................................... 71 13.2 Inscrição ............................................................................................................ 72 13.3 Pagamento ........................................................................................................ 73 4 13.4 Validade ............................................................................................................. 73 14 PLANO DE CONTAS ............................................................................................ 74 14.1 Estrutura do plano de contas: ............................................................................ 75 14.2 Sistema Financeiro ............................................................................................ 76 14.3 Sistema Patrimonial ou não financeiro ............................................................... 77 14.4 Sistema Orçamentário ....................................................................................... 77 14.5 Sistema de Compensação ................................................................................. 78 15 GESTÃO FISCAL ................................................................................................. 78 15.1 Transparência na gestão orçamentária e fiscal dos municípios ........................ 78 16 AUDITORIA GOVERNAMENTAL ......................................................................... 82 16.1 Auditoria Governamental: controle ou transparência? ....................................... 83 16.2 Conceito de Auditoria Governamental ............................................................... 83 16.3 Finalidade da Auditoria Governamental ............................................................. 85 16.4 Controle Interno ................................................................................................. 87 16.5 Transparência Governamental ..........................................................................88 17 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 91 5 1 CONTABILIDADE PÚBLICA 1.1 Conceito A contabilidade é uma ciência que foi alvo de conceituação por diversas escolas, como as que defendem o Contismo, o Personalismo, o Controlismo, o Aziendalismo e o Patrimonialismo, porém a que o professor Frederico Herrmann Júnior apresentou, complementando a exposta por Vicenzo Masi, da corrente patrimonialista, dentre outras, nos parece ser uma das mais importantes. Fonte: www.tce.ms.gov.br Segundo Vicenzo Masi, o conceito de contabilidade é o seguinte: “Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das Aziendas.” A complementação apresentada por Frederico Herrmann Júnior contém a seguinte conceituação: “Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das aziendas, em seus aspectos estáticos e em suas variações, para enunciar, por meio de fórmulas racionalmente deduzidas, os efeitos da administração sobre a formação e a distribuição dos réditos1.” Entende-se, nos tempos atuais, a contabilidade com uma técnica capaz de produzir com oportunidade e fidedignidade, relatórios que sirvam à administração no processo de tomada de decisões e de controle de seus atos, demonstrando, por fim, os efeitos produzidos por esses atos de gestão no patrimônio da entidade. A contabilidade pública, como uma das divisões da ciência contábil, obviamente, recebeu conceituações diversas dessas mesmas escolas; entretanto, sendo possuidora de características especiais, que devem ser observadas e 1 Rédito – rendimento ou produto do capital ou do trabalho. Lucro. 6 controladas, mereceu um estudo da Divisão de Inspeção da Contabilidade – Controladoria Central do Estado, em 1954, tendo chegado à seguinte conceituação. “É o ramo da contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execução da Fazenda Pública; o patrimônio público e suas variações.” Como procuramos demonstrar, esse conceito, feito de forma abrangente, ainda está perfeitamente adequado e atende plenamente às normas legais vigentes, e o atingimento desses objetivos é feito pela utilização de contas, através das quais são escriturados os atos e os fatos administrativos. Através das contas, a contabilidade faz evidenciar a “situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens pertencentes ou confiados à Fazenda Pública. “ Portanto, a contabilidade serve-se das contas para os registros, os controles e as análises de fatos administrativos ocorridos na Administração Pública e “a escrituração contábil das operações financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.” O método das partidas dobradas foi criado pelo frei Luca Pacioli, em 1494, através da obra “Summa Aritmetica”, e baseia-se no princípio de que haja pelo menos uma conta devedora em contrapartida com uma ou mais contas credoras. Ou, o inverso, uma ou mais contas devedoras em contrapartida com pelo menos uma conta credora. 1.2 Campo de Atuação A Contabilidade Pública é um dos ramos mais complexos da ciência contábil e tem por objetivo captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno, ou seja, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, através de metodologia especialmente concebida para tal, que se utiliza de constas escrituradas segundo normas específicas que constituem o Sistema Contábil Público. “O Sistema Contábil é a estrutura de informações para identificação, mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação dos atos e dos fatos da gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar o processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social. “ 7 Esse sistema é organizado em subsistemas de informações, que oferecem produtos diferentes em razão das especificidades demandadas pelos usuários e facilitam a extração de informações. Conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, o sistema contábil público estrutura-se nos seguintes subsistemas: Fonte: www.contabeis.com.br 1.3 Subsistema de Informações Orçamentárias Registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária, tais como: I. Orçamentos; II. Programação e execução orçamentária; III. Alterações Orçamentárias; e IV. Resultado Orçamentário. 1.4 Subsistema de Informações Patrimoniais Registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle, subsidiando a administração com informações, tais como: 8 I. Alterações potenciais nos elementos patrimoniais; e II. Acordos, garantias e responsabilidades. 1.5 Objeto O objeto da Contabilidade é o patrimônio constituído por bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade (pessoa física ou jurídica). Dentro dessa ótica pode-se definir o objeto da Contabilidade privada como sendo o patrimônio de propriedade de cada empresa. Na área pública, deve ser considerado o patrimônio a ser controlado (contabilizado) pelos órgãos e entidades públicas tão somente os bens com características de uso restrito. Os bens de uso geral (rodovias, praças, viadutos, quadras esportivas etc.) não são objeto da Contabilidade Pública, mesmo sendo construídos e mantidos com recursos públicos. O campo de aplicação da Contabilidade Pública, abrange a administração direta e indireta dos três níveis de governo: federal, estadual/distrital e municipal. Sendo: • Administração direta: as unidades integrantes do governo federal, estadual/distrital e municipal dos três poderes: Judiciário, Poder Legislativo e Poder Executivo (Presidência da República e suas secretarias, Ministérios civis e militares, Tribunais, Câmara dos Deputados, Senado Federal; • Administração Indireta: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e qualquer entidade contemplada no orçamento fiscal e da seguridade social. O orçamento público, entendido como p e ç a autorizativa p a r a arrecadação de recursos financeiros (receitas) e realização de gastos (despesas), é também considerado objeto da Contabilidade Pública. Para o orçamento todo o ingresso de recursos financeiros autorizados é intitulado Receita e todo o desembolso é intitulado Despesa. Na área pública o orçamento é a peça fundamental para o funcionamento da máquina administrativa, haja vista que sem ele quase nada pode ser feito. Dada a importância que o orçamento tem, a Contabilidade Pública concentra esforços no registro do orçamento aprovado e, principalmente, no acompanhamento de sua execução. 9 1.6 Objetivo O objetivo da Contabilidade Aplicada à Administração Pública é o de fornecer informações atualizadas e exatas à Administração para subsidiar as tomadas de decisões e aos Órgãos de Controle Interno e Externo para o cumprimento da legislação, bem como às instituições governamentais e particulares informações estatísticas e outras de interesse dessas instituições. 1.7 Regime Contábil Quando da execução do Orçamento deve ser observado o momento em que as receitas e as despesas serão reconhecidas. O princípio da Competência determinaquando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição do Patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais. O momento do reconhecimento afeta diretamente o resultado e é conhecido como Regime de Caixa e Regime de Competência. A contabilidade pública brasileira adota tanto o regime de caixa como o regime de competência, consagrando a adoção do Regime Misto, sendo Caixa para as receitas e Competência para as despesas. O Regime Misto adotado pela contabilidade governamental brasileira está amparado pela Lei 4.320, de 17/3/64, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal: A referida Lei estatui o Regime Misto no artigo 35, determinando que as receitas sejam reconhecidas quando da entrada efetiva dos recursos no caixa, de forma que os administradores públicos só podem contar com esses recursos para financiar seus gastos após o efetivo ingresso nos cofres públicos. Quanto às despesas, havendo a ocorrência do fato gerador (empenho + liquidação), ou seja, após o segundo estágio da despesa, isto é, por ocasião da sua liquidação. Alguns autores, com base no inciso II, abaixo transcrito, defendem a tese de que as despesas públicas devem ser reconhecidas a partir do primeiro estágio da despesa, isto é, por meio da emissão da nota de empenho. 10 Outra corrente de pensamento, inclusive dos técnicos responsáveis pela determinação de procedimentos contábeis, entende que as despesas públicas devem ser reconhecidas a partir do segundo estágio da despesa. Esta tese está corroborada no art. 60 da mesma lei onde o legislador determina que é vedada a realização de despesas sem prévio empenho, isto é, antes do início da realização da despesa deverá ter sido emitido o empenho. Cabe ressaltar que a preocupação do legislador com a competência orçamentária (regime orçamentário), é no sentido de todas as despesas autorizadas pelo poder legislativo sejam registradas dentro do exercício. Essa preocupação está evidenciada no artigo 36 da lei, quando determina o reconhecimento de todas as despesas empenhadas (primeiro estágio da despesa) ao final do exercício financeiro, independente do recebimento do serviço ou do bem. Regime de caixa para a Receita: As receitas são registradas e classificadas quando do seu recebimento. As receitas lançadas e não recebidas pertencerão ao exercício em que forem efetivamente arrecadadas. Regime de competência para a Despesa: São todas as despesas legalmente liquidadas no exercício, independentemente de seu pagamento, representando o montante dos empenhos emitidos e não cancelados no exercício. Conforme já explanado, todos os empenhos não liquidados (serviços ou bens ainda não entregues) até 31 de dezembro do exercício, serão inscritos em restos a pagar, de forma a garantir que estes valores, cuja execução só ocorrerá no exercício seguinte, integre o resultado do exercício em que foram inscritos. Faz-se necessário ressaltar que, na Contabilidade Pública, adota-se o regime orçamentário, deixando em segundo plano o Princípio da Competência estabelecido pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC. De acordo com este Princípio todas as receitas e despesas devem ser reconhecidas quando da ocorrência do fato gerador independente de seu pagamento ou recebimento. Já a Contabilidade Pública privilegia a prudência de só comprometer o que efetivamente já entrou no caixa do Tesouro Nacional, bem como as despesas liquidadas no exercício, pelas particularidades inerentes à administração pública. 11 2 PATRIMÔNIO PÚBLICO Patrimônio em seu conceito clássico é considerado como “o conjunto de bens, direitos e obrigações” pertencentes a pessoa física ou jurídica. A interpretação real desse conceito nos leva à seguinte ilação prática: o patrimônio é composto pelo somatório dos bens mais os direitos (ativos), subtraindo-se as obrigações (passivo), possuídos por uma pessoa física ou jurídica. Esta interpretação é, até certo ponto, lógica, pois não se pode compreender o patrimônio como sendo apenas os bens e os direitos de uma pessoa (física ou jurídica). Eles constituem a parte ativa do patrimônio, isto é, a propriedade física dos bens para uso ou movimentação, e os créditos ou valores a receber, realizáveis em curto, médio ou longo prazo em moeda corrente. Obviamente, a parte passiva do patrimônio, ou seja, os compromissos assumidos e que devem ser pagos e exigidos em curto, médio ou longo prazos, também deve compor esse conjunto. Não fora assim, fatalmente haveria uma visão errônea do patrimônio e, como consequência, da situação patrimonial das pessoas físicas ou jurídicas. O Patrimônio Público por analogia compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações avaliáveis em moeda corrente, das entidades que compõem a Administração Pública. Desta forma, além do patrimônio das instituições de direito público interno, como sejam, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas autarquias, também aquele pertencente às empresas públicas, às fundações instituídas pelo poder público, além da parte do capital das sociedades de economia mista, isto é, percentual equivalente à participação de entidades públicas no capital dessas sociedades, são entendidos como patrimônio público. Observe-se, por oportuno, que estamos procurando aclarar e deixar bem transparente que, do ponto de vista da Contabilidade Pública, deve ser entendido com patrimônio público somente aquele passível de contabilização. 12 2.1 Variações Patrimoniais Qualitativas As variações patrimoniais qualitativas são aquelas que alteram os elementos do patrimônio, porém, não provocam alteração no resultado patrimonial, pois a composição decorre de alterações que constituem fatos contábeis permutativos, ou seja, modificam qualitativamente a expressão dos elementos patrimoniais, sem alterar a situação líquida patrimonial. Fonte: www.e-auditoria.com.br Portanto, variações patrimoniais qualitativas são as que decorrem de fatos permutativos de mesmo valor entre os elementos do patrimônio, ou seja, as alterações que ocorrem no patrimônio, mas não alteram o resultado do patrimônio líquido. Alguns exemplos para melhor identificar os fatos permutativos que ocorrem na prática, como: ➢ Provenientes da receita orçamentária a) Quando se recebe um valor originário de empréstimo ou financiamento, que do ponto de vista da classificação orçamentária seria Receita de Capital – Operações de Crédito, na escrituração patrimonial teremos a seguinte situação: I. Pela entrada do numerário, teríamos uma incorporação na conta Caixa e Equivalente de Caixa pelo recebimento do dinheiro, que alteraria o patrimônio, aumentando o ativo circulante; 13 II. Tratando-se de numerário relativo a empréstimo ou financiamento, haveria uma incorporação na conta de Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo, relativa à dívida constituída, que alteraria o patrimônio aumentando o passivo não circulante. Note-se que, no caso, houve uma alteração de aumento no patrimônio, pelo recebimento do dinheiro e, ao mesmo tempo, também houve uma diminuição no patrimônio, pela constituição da dívida contraída que provocou aumento do passivo não circulante e, consequentemente, não houve alteração na situação líquida patrimonial, pois constituem fatos contábeis permutativos, ou seja, ocorre a modificação qualitativa e a expressão quantitativa dos elementos patrimoniais, sem alterara situação líquida patrimonial. b) Quando se recebe um valor relativo à venda de um bem móvel (automóvel), que do ponto de vista da classificação orçamentária seria Receita de Capital – Alienação de Bens Móveis, na escrituração patrimonial teríamos a seguinte situação: I) Pela entrada do numerário, teríamos uma incorporação na conta Caixa e Equivalente de Caixa pelo recebimento do dinheiro, que alteraria o patrimônio, aumentando o ativo circulante; II) Como se trata de numerário relativo à venda de um bem móvel (automóvel), haveria uma desincorporação ou baixa na conta de imobilizado – Bens Móveis, relativa à saída ou baixa do bem móvel (automóvel), que alteraria o patrimônio, diminuindo o ativo não circulante. Note-se que, no caso, houve alteração de aumento do patrimônio, pelo recebimento do dinheiro e, ao mesmo tempo, também houve diminuição do patrimônio pela saída ou baixa do bem móvel (automóvel) vendido e, consequentemente, não houve alteração na situação líquida patrimonial, pois constituem fatos contábeis permutativos, ou seja, ocorre a modificação qualitativa e a expressão quantitativa dos elementos patrimoniais, sem alterar a situação líquida patrimonial. ➢ Provenientes da despesa orçamentária a) Quando se faz uma compra de material de consumo, para constituir estoque no almoxarifado, que do ponto de vista da classificação orçamentária seria Despesas 14 Corrente – Outras Despesas Correntes – Aplicação Direta – Material de Consumo, na escrituração do subsistema de informações patrimoniais teremos a seguinte situação: I) Pela entrada do material, quando da liquidação da despesa, teríamos uma incorporação na conta Estoques – Almoxarifado pelo recebimento do material, que alteraria o patrimônio, aumentando o Ativo Circulante; II) Tratando-se de numerário relativo a pagamento da compra, haveria uma incorporação na conta de Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo, correspondente ao compromisso de pagamento, que alteraria o patrimônio, aumentando o passivo não circulante. Note-se que, no caso, houve uma alteração de aumento no patrimônio, pelo recebimento do material de consumo e, ao mesmo tempo, também houve uma diminuição no patrimônio, pelo compromisso de pagamento que provocou aumento do passivo não circulante e, consequentemente, não houve alteração na situação líquida patrimonial, pois constituem fatos contábeis permutativos, ou seja, ocorre a modificação qualitativa e a expressão quantitativa dos elementos patrimoniais, sem alterar a situação líquida patrimonial. b) Quando se faz o resgate de um valor relativo a uma dívida de longo prazo, a classificação orçamentária da despesa seria Despesa de Capital – Amortização da Dívida, na escrituração patrimonial teríamos a seguinte situação: I) Pela efetivação do pagamento, teríamos uma desincorporação ou baixa na conta Caixa e Equivalente de Caixa, pela saída do dinheiro, que alteraria o patrimônio, diminuindo o ativo circulante; II) Como se trata de numerário relativo ao resgate de uma dívida, teríamos a desincorporação ou baixa na conta Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo, que aumentaria o patrimônio, através da diminuição do Passivo Circulante. Note-se que, no caso, houve alteração de diminuição do patrimônio, pela saída do dinheiro e, ao mesmo tampo, também houve aumento do patrimônio pela desincorporação ou baixa relativa ao resgate da dívida e, consequentemente, não houve alteração na situação líquida patrimonial, pois constituem fatos contábeis permutativos, ou seja, ocorre a modificação qualitativa e a expressão quantitativa dos elementos patrimoniais, sem alterar a situação líquida patrimonial. 15 Observe-se que, nesses atos, não foram utilizadas contas de variações patrimoniais, mas tão somente as contas do ativo e do passivo patrimonial, entre si, daí por que caracterizar-se como variações patrimoniais qualitativas. 2.2 Variações patrimoniais quantitativas As Variações Patrimoniais Quantitativas são as alterações que ocorrem por fatos que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido, e são identificadas por: ➢ Variações patrimoniais aumentativas Quando aumentam o patrimônio líquido. ➢ Variações patrimoniais diminutivas Quando diminuem o patrimônio líquido. Desincorporação ou baixa é a expressão usada para excluir, retirar ou desagregar elementos constantes do patrimônio público, e também pode originar-se de forma aumentativa ou diminutiva, respectivamente, conforme as novas normas editadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Fonte: www.blog.certisign.com.br 16 Será aumentativa a desincorporação ou baixa de elementos que causem o aumento do patrimônio público, escriturados nas contas do passivo, em contrapartida com as contas de Variações Patrimoniais Aumentativas, como é o caso da diminuição do valor de uma dívida, por razões cambiais, ou seja, a valorização da moeda nacional (real) em relação à moeda de outras nações que, consequentemente, diminuirá o aumento causado no patrimônio. Será diminutiva a desincorporação ou baixa de elementos que causem a diminuição do patrimônio público, como por exemplo a quebra de um bem móvel, sem condições de uso, quando de sua desincorporação ou baixa diminui o valor da conta Bens Móveis e, em contrapartida com a conta Variação Diminutiva correspondente, pela diminuição causada no patrimônio. Portanto, as variações patrimoniais podem ser classificadas em Variações Aumentativas ou Diminutivas, quer sejam provenientes de incorporações de novos elementos ao patrimônio, quer sejam causadas por desincorporações ou baixas de elementos do patrimônio. 2.3 Resultado Patrimonial O resultado patrimonial corresponde à diferença entre o valor total das variações patrimoniais aumentativas e o valor total das variações patrimoniais diminutivas de um dado período. Caso o total das variações patrimoniais aumentativas sejam superiores ao total das variações patrimoniais diminutivas, diz-se que o resultado patrimonial foi superavitário ou que houve um superávit patrimonial. Caso contrário, diz-se que o resultado patrimonial foi deficitário ou que houve um déficit patrimonial. 3 DÍVIDA PÚBLICA Dívida Pública, segundo o professor Domingos D’ Amore, “são todos os compromissos assumidos pelo governo e os respectivos juros” ou ainda, como diz Edgard Wilken, “Dívida Pública compreende os juros e a amortização do capital devido pelo Estado”. Outros ainda acham que se dá o nome de Dívida Pública aos 17 compromissos decorrentes de operações de crédito, assumidos pelo Estado para atender às necessidades dos serviços públicos. É um processo normal e comum, adotado por todas as administrações modernas, para fazer face às deficiências financeiras, decorrentes do excesso de despesa sobre a receita (déficit orçamentário), caso em que o Estado, geralmente, recorre à realização de crédito a curto prazo ou também da necessidade de realização de empreendimentos de vulto, caso em que se justifica a tomada de um empréstimo (operação de crédito) a longo prazo. Vê-se que a dívida pública não é apenas a que decorre de empréstimos de longo prazo, mas compreende também os compromissos pecuniários de curto prazo, e ainda se origina de outras fontes, como depósito (fianças, cauções, consignações etc.), resíduos passivos (restos a pagar) e outros dessa natureza. Podemos dizer, a esta altura, que a Dívida Pública se classifica em Fundada ou Consolidada (interna ou externa) e Flutuante ou Administrativa. 3.1 Dívida Fundada ou Consolidada É aquela que representa um compromisso a longo prazo,de valor previamente determinado, garantida por títulos do governo, que rendem jutos e são amortizáveis ou resgatáveis, podendo ou não o seu vencimento ser fixado; é ainda a efetuada através de contratos de financiamentos, sendo o seu pagamento estipulado em prestações parciais (amortizações), distribuídas por certo período de anos. Quando não se determinar o prazo para a sua liquidação, diz-se que a dívida é perpétua. Nesse caso, vencem apenas os juros, sendo o seu resgate de natureza não obrigatória e somente é processada quando houver conveniência ou quando a situação financeira o permitir. Compreende a dívida fundada ou consolidada interna os empréstimos contraídos por títulos do governo (Obrigações do Tesouro, Notas Promissórias do Tesouro, Letras do Tesouro, Bônus Rotativos, Apólices etc.) ou contratos de financiamento, dentro do País. Dizemos que a dívida fundada ou consolidada externa é aquela cujos empréstimos são contratados ou lançados no estrangeiro, por intermédio geralmente 18 de banqueiros, incumbidos não só da colação dos títulos, mas também dos pagamentos dos juros e amortizações. Feita esta explanação, demonstraremos objetivamente o que a legislação pertinente ao assunto considera dívida fundada. A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos. A dívida fundada é escriturada com individualizações e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros. Note-se que se entende por compromisso de longo prazo o de exigibilidade superior a doze meses. Portanto, os compromissos relativos a empréstimos e financiamentos, contraídos com prazos de resgate superiores a doze meses, são considerados dívida fundada ou consolidada. 3.2 Dívida Flutuante A Dívida Flutuante, também chamada Administrativa ou não Consolidada, é aquela que o Tesouro contrai por um breve ou indeterminado período de tempo, quer para atender a eventuais insuficiências de caixa, quer como administrador dos bens e valores de terceiros. As insuficiências de caixa decorrem, geralmente, da falta de coincidência entre a arrecadação da receita e a realização da despesa. Caracteriza-se, assim, a dívida flutuante por indicar débitos de curto prazo, que variam constantemente de valor e cujo pagamento, geralmente, é feito por resgate e independentemente de autorização legislativa, por corresponderem e advirem de compromissos assumidos por prazo inferior a doze meses. 19 Fonte: www.institutougt.com.br De certa forma, são os mesmos compromissos assumidos em vista da condição de depositário, que o poder público exerce, como sejam: os depósitos de cauções, fianças, consignações etc., além dos Restos a Pagar (saldo da despesa orçamentária do exercício anterior, não paga) e dos Débitos de Tesouraria (operações de crédito por antecipação da receita), que são considerados receitas extraordinária por ocasião de seu recebimento e que constituem a dívida flutuante, enquanto não liquidada ou não devolvida e, por ocasião de sua devolução ou pagamento, é processada como despesa extra orçamentária, pois independe de autorização legislativa, para tanto. Sob o aspecto legal, a dívida flutuante compreende? I) Os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; II) Os serviços da dívida a pagar; III) Os depósitos; IV) Os débitos de tesouraria. 20 3.3 Escrituração contábil da constituição da dívida pública A escrituração contábil da Dívida Pública é feita para permitir, a qualquer momento, a verificação da posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros. A dívida Pública classifica-se em Flutuante ou Administrativa e Fundada ou Consolidada. Aqui, vamos tratar somente dos empréstimos ou financiamentos que são compreendidos nesses dois tipos de dívida pública. Quanto aos recebimentos de cauções, retenções de tributos e consignações que também integram a dívida flutuante foram objeto de escrituração contábil. Assim, a escrituração contábil da Dívida Pública processa-se da seguinte forma: ➢ Pela contratação da operação de crédito Registro contábil do direito contratual da operação de crédito a receber, no subsistema de compensação – Lançamento SC nº 35 D – 711.31 Direitos Contratuais 8.000,00 C – 811.3 Execução de Direitos Contratuais 8.000,00 Pelo registro do direito contratual 3.4 Pela constituição da Dívida a) Registros relativos à constituição da Dívida Flutuante Registro relativos à constituição da dívida flutuante, no Subsistema de Informações Patrimoniais – Lançamentos SP nº 28 D – 111.1 Caixa e Equivalente de Caixa em Moeda Nacional 2.000,00 C – 212.1 Empréstimos a Curto Prazo Interno 2.000,00 Pelo recebimento de empréstimo de curto prazo Registro contábil da baixa do direito contratual da operação de crédito recebida no subsistema de compensação – Lançamento SC nº 36 D – 811.3 Execução de Direitos Contratuais 2.000,00 C – 711.31 Direitos Contratuais 2.000,00 Pela baixa de direito contratual Registro contábil da disponibilidade de recursos, no Subsistema de Compensação – Lançamento SC nº 37 21 D – 721.1 Controle de Disponibilidade de Recursos 2.000,00 C – 821.11 Disponibilidade por Destinação de Recursos 2.000,00 Pelo controle da disponibilidade de recursos Registro contábil da disponibilidade de recursos por entrada compensatória, no Subsistema de Compensação – Lançamento SC nº 38 D – 821.11 Disponibilidade por Destinação de Recursos 2.000,00 C – 821.13 Disponibilidade por Destinação de Recursos Comprometida por Liquidação e Entradas Compensatórias 2.000,00 Pelo controle da disponibilidade de recursos comprometida b) Registros relativos à constituição da Dívida Fundada Registro contábil da constituição da dívida fundada, no Subsistema de Informações Patrimoniais – Lançamento SP nº 29 D – 111.1 Caixa e Equivalente de Caixa em Moeda Nacional 5.000,00 C – 222.4 Financiamento a Longo Prazo Externo 5.000,00 Pelo recebimento de empréstimo de longo prazo Registro contábil da Receita Orçamentária, no Subsistema de Informações Orçamentárias – Lançamento SO nº 28 D – 621.1 RECEITA A REALIZAR D – 621.12 RECEITA DE CAPITAL D – 621.12.01 Operações de Crédito 5.000,00 C – 621.2 RECEITA REALIZADA C – 621.22 RECEITA DE CAPITAL C – 621.22.01 Operação de Crédito 5.000,00 Pelo recebimento da receita de Empréstimo de Longo Prazo 22 Fonte: www.aepet.org.br 4 RECEITAS PÚBLICAS 4.1 Espécies da Receita Pública ➢ Domínio Público São as concentradas e permanentes no Estado. Além disso, são caracterizadas como patrimônio da União, dos Estados e municípios. São bens que não são convertidos em renda e que não podem ser vendidos. Exemplos: escolas, hospitais, etc. ➢ Domínio Privado São as que pertencem ao Estado e geram renda. Eles satisfazem as necessidades públicas, não prescrevem e não são passíveis de propriedade exclusiva ou privada. 23 4.2Estágios da Receita Pública A receita pública deve ocorrer por meio de uma sequência de ações para auxiliar a entrada dos recursos financeiros nos cofres estatais. Confira os seguintes estágios: ➢ Previsão É uma estimativa em relação as receitas no intuito de estabelecer uma proposta orçamentária para aprovação no legislativo e na criação de uma Lei Orçamentária. Foi instituído pelo Decreto Federal nº 15.783, de 08/11/22, três fases para a receita: arrecadação, fixação e recolhimento. Como não há a possibilidade de fixação da receita ela torna-se prevista, pois não há certeza do processo. Posteriormente foi implantada a Lei 4.320/64, que criou a previsão da receita. ➢ Arrecadação O processo de arrecadação ocorre quando o Estado recolhe, tributos, multas e créditos. Os valores arrecadados devem ser redirecionados para a Conta Única do Tesouro Nacional. A arrecadação pode acontecer nos casos em que são retidos ou descontados os tributos como acontece com o imposto de renda descontado na folha de pagamento. A arrecadação pode ser caracterizar em direta, quando é realizada pelo próprio Estado, ou indireta, em casos em que a arrecadação é feita por terceiros conveniados ao Estado. São denominados agentes de arrecadação responsáveis pelo recolhimento, são eles: • Agentes públicos. • Agentes privados. ➢ Recolhimento O processo de recolhimento ocorre quando o agente arrecadador (público ou privado) repassa o que foi arrecadado para o Tesouro Público ou banco oficial. Essa conta única está no Banco Central. 24 4.3 As receitas públicas classificam-se em: 1. Quanto ao aspecto contábil (classificação legal - artigo 11 da L. 4320/64), as receitas públicas dividem-se em: a) Receitas correntes: são aquelas receitas públicas que se esgotam dentro do período anual, como os casos das receitas e impostos que se extinguem no decurso da execução orçamentária. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais, industriais, entre outras. São as receitas destinadas a cobrir as despesas orçamentárias que visam à manutenção das atividades governamentais. Art. 11, § 1º São Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. b) Receitas de capital: são aquelas receitas públicas que alteram o patrimônio duradouro do Estado, como os produtos de empréstimo contraídos pelo Estado a longo prazo. Compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, dentre outros. Art. 11, § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. 2. Quanto à periodicidade (classificação doutrinária), as receitas públicas dividem-se em: a) Receitas ordinárias: são aquelas receitas públicas recebidas com regularidade no movimento normal das atividades do ente federativo, como a arrecadação de tributos. 25 b) Receitas extraordinárias: são aquelas receitas públicas não permanentes/usuais que ocorrem, por exemplo, no caso de guerra e doações. 3. Quanto à origem (classificação doutrinária), as receitas públicas dividem- se em: a) Receitas originárias: são aquelas receitas públicas que decorrem da exploração da própria atividade econômica do ente federativo. Decorrem dos próprios bem do ente federativo. São exemplos, o preço público; alienação ou aluguel de bens; indenizações, arrecadação da loteria; dentre outros. Fonte: www.concursotop.com b) Receitas derivadas: são aquelas receitas públicas que decorrem do patrimônio do particular ou do pagamento por este feito em contraprestação de serviços públicos prestados. Sendo compulsórias quando o comportamento previsto em lei assim estabelecer, como nos casos de tributos e multas tributárias. Temos por exemplo o aferimento de renda que implica na obrigação de pagar imposto de renda, enquanto ter um bem imóvel implica na obrigação de pagar IPTU. c) Receitas transferidas obrigatórias (artigos 157 a 162 da CF/88): são aquelas receitas públicas que foram arrecadas por um ente federativo, em razão de a este ter sido dada a competência tributária, mas que, por determinação legal, devem ser repassadas a outro ente federativo na totalidade ou em parte. Por exemplo, aos estados compete cobrar o IPVA, mas devem passar 50% das receitas arrecadas aos municípios. Ainda nos termos da Lei 4.320/64, a discriminação da Receita Orçamentária tem como base as fontes econômicas de sua geração, exceção feitas às 26 transferências entre órgãos e esferas do governo cuja classificação se procede atualmente conforme o destino dos recursos: se para aplicações correntes ou de capital. Assim estão classificadas as Receitas, segundo as fontes econômicas de sua geração: RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL 1. Receita Tributária 2. Receita de Contribuições 3. Receita Patrimonial 4. Receita Agropecuária 5. Receita Industrial 6. Receita de Serviços 7. Transferências Correntes 9. Outras Receitas Correntes 1. Operações de Crédito 2. Alienação de Bens 3. Amortização de Empréstimos 4. Transferências de Capital 5. Outras Receitas de Capital As Receitas Orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: 1. Natureza; 2. Fonte/Destinação de Recursos; e 3. Indicador de Resultado Primário. C O E R AA SS Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea A codificação da receita compreende 08 (oito) dígitos: 1º Dígito - Categoria Econômica 2º Dígito - Fonte 3º Dígito - Rubrica 4º Digito - Alínea 5º e 6º Dígitos - Subalínea 7º e 8º Dígitos – Subalínea Exemplo: 1. 2.1. 0.30 .00, onde: • O 1 identifica tratar-se de Receitas Correntes; 27 • O 2 indicar tratar-se de Receitas de Contribuições; • O outro 1 aponta para Contribuições Sociais. • O 30 identifica tratar-se de Contribuições dos Empregadores e dos Trabalhadores para a Seguridade Social. 5 DESPESAS PÚBLICAS Despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos a fim de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços públicos. A despesa faz parte do orçamento e corresponde às autorizações para gastos com as várias atribuições governamentais (JUND, 2008). Despesa pública também pode ser definida como o conjunto de gastos realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização de investimentos (despesas de capital). As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, através do ato administrativo chamado orçamento público. Exceção são as chamadas despesas extra orçamentarias. ➢ Existem algumas classificações das despesas públicas: 1. Quanto à Natureza • Despesas orçamentárias: correspondem ao desembolso de recursos que não possuem correspondência com ingressos anteriores, fixados na lei orçamentária e que serão utilizados para pagamento dos gastos públicos (JUND, 2008). Em outras palavras, sãofixadas e especificadas na lei do orçamento e/ou na lei de créditos adicionais. A classificação por categoria econômica em despesas correntes e de capital, que será vista adiante, faz parte das despesas orçamentárias, isto é, daquelas que fazem parte do orçamento. • Despesas extra orçamentárias: saída de recursos transitórios anteriormente obtidos sob a forma de receitas-extra-orçamentárias. Exemplo: restituição de 28 depósitos, restituição de cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de operações de crédito por Antecipação da Receita Orçamentária (ARO), entre outros. Estas despesas não precisam de autorização orçamentária para se efetivarem, pois não pertencem ao órgão público, mas caracterizam-se por um serem uma devolução de recursos financeiros pertencentes a terceiros. 2. Quanto à Categoria Econômica ➢ Despesas Correntes • Despesas de custeio: dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis (Art. 12, Lei 4.320). Jund (2008) complementa com mais exemplos: pagamento de serviços terceiros, pagamento de pessoal e encargos, aquisição de material de consumo, entre outras. Fonte: www.administracaonoblog.blogspot.com 29 • Transferências correntes: dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Exemplos: transferências de assistência e previdência social, pagamento de salário-família, juros da dívida pública. ➢ Despesas de capital • Investimentos: dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (Art. 12, § 4º, Lei 4.320)). • Inversões financeiras: Conforme Art. 12, § 5º, Lei 4.320, são as dotações destinadas para: I - Aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; II - Aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. • Transferências de capital: dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que na estrutura da Lei Orçamentária Anual (LOA) a classificação das d e s p e s a s deve ser feita no mínimo da seguinte forma: Despesas Correntes - Pessoal e Encargos Sociais 30 - Juros e Encargos da Dívida - Outras Despesas Correntes Despesas de Capital - Investimentos - Inversões Financeiras - Amortização da Dívida - Outras Despesas de Capital ➢ Quanto à Afetação Patrimonial • Despesa efetiva: reduzem a situação líquida patrimonial (SLP) do Estado, provocando um fato contábil modificativo diminutivo. Exemplos: pessoal e encargos; juros e encargos da dívida interna e externa; outras despesas correntes, salvo aquelas de material de consumo para estoque. • Despesa não efetiva (ou por mudança patrimonial): não provocam alteração na Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado. Exemplo: investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida interna e externa, outras despesas de capital, salvo aquelas destinadas a auxílios e contribuições de capital bem como os investimentos em bens de uso comum do povo; despesa corrente para formação de estoque de material de consumo. ➢ Quanto à Regularidade • Ordinárias: destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos. Se repetem em todos os exercícios. • Extraordinárias: de caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes. Não aparecem todos os anos nas dotações orçamentarias. ➢ Quanto à Competência Institucional A competência institucional da despesa pública pode ser Federal, estadual ou municipal. • Federal: competência da União. Atende demandas de dispositivo constitucional, leis ou contratos. • Estadual: competência dos Estados. • Municipal: competência dos Municípios. 31 5.1 Classificação por objeto de gasto Esta classificação, também conhecida por objeto de despesa, poderia ser enquadrada em uma subclassificação da classificação econômica, pois está intimamente relacionada a essa sistemática. É a classificação orçamentária mais clássica e ainda a mais amplamente utilizada. A despesas é considerada em função de seu objeto ou natureza: pessoal, material de consumo, serviços de terceiros, obras, equipamentos, etc. As despesas, quando classificadas por objeto de gasto, distribuem-se pelas Categorias Econômicas, desdobrando-se em grupo de despesa, modalidade de aplicação e elementos de despesa, conforme Portaria SOF. ➢ Formação do código da natureza da despesa O código da classificação da natureza da despesa é constituído por seis algarismos, onde o: 1º indica a categoria econômica da despesa, a qual está classificada em: 3 - Despesas Correntes 4 - Despesas de Capital 2º indica o grupo da despesa, cuja classificação é a seguinte: 3 - Despesas Correntes 3.1 - Pessoal e Encargos Sociais 3.2 - Juros e Encargos da Dívida 3.3 - Outras Despesas Correntes 3º/4º indicam a modalidade da aplicação, como por exemplo: 15 - Transf.Intragov.a Entidades Não Integrantes do Orç.Fiscal e Seg.Soc. 30 - Transferências à União 40 - Transferências aos Municípios 90 - Aplicações Diretas 32 5º/6º indicam o elemento da despesa (objeto de gasto), como por exemplo: 01 - Aposentadorias e Reformas 03 - Pensões 04 - Contrat.p/Tempo Determinado 05 - Outros Benef.Previdenciários 14 - Diárias - Pessoal Civil 30 - Material de Consumo 36 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 51 - Obras e Instalações 52 - Equipamentos e Materiais Permanentes Exemplo: 3.3.90.30 > Despesas Corrente o 1º digito significa > Despesa Corrente • O 2º digito representa > Outras Despesas Correntes • O 3º e 4º dígitos representam > Aplicações Diretas • Enquanto que os últimos dígitos indicam > Material de Consumo 6 BALANÇOS A lei 4.320, em seu artigo 101, define que os resultados gerais do exercício serão demonstrados em quatro tipo de balanços: Balanço Orçamentário Balanço Financeiro Balanço Patrimonial Demonstrações das Variações Patrimoniais 33 6.1 Balanço orçamentário O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas previstas e as despesas fixadas, em confronto com as realizadas, conforme art. 102 da Lei 4.320/64. Este Balanço será estruturado da seguinte forma: Neste demonstrativo, as receitas são dispostas por categorias econômicas e as despesas por tipo de crédito e por categorias econômicas. Classificação da receita por categoriaseconômicas: • Receitas Correntes • Receitas de Capital Classificação por tipos de créditos orçamentários: • Crédito Orçamentário (LOA) • Créditos Suplementares • Créditos Especiais • Créditos Extraordinários Classificação da despesa por categoria econômica: • Despesas Correntes • Despesas de Capital Após essas conceituações, podemos demonstrar o Balanço Orçamentário assim: 34 Todos os balanços visam demonstrar os resultados gerais do exercício, como a própria lei definiu, e o Balanço Orçamentário demonstrará o resultado Orçamentário do Exercício. Para se calcular o Resultado Orçamentário, compara-se o total da receita executada ou realizada com o total da despesa executada ou realizada. Desta comparação, poderão resultar três situações distintas, conforme se demonstra a seguir: Receita Executada > Despesa Executada, dizemos que houve: RE > DE ⇒ Superávit Orçamentário Receita Executada < Despesa Executada, dizemos que houve: RE < DE ⇒ Déficit Orçamentário Receita Executada = Despesa Executada, dizemos que houve: RE = DE ⇒ Resultado Nulo 35 6.2 Análise do Balanço Orçamentário O resultado apurado neste balanço poderá ser calculado por categoria econômica: corrente e de capital, de forma a identificar o comportamento da execução das receitas e despesas corrente e capital. O objetivo de se fazer essa distinção é o de verificar se na execução da despesa corrente e capital a unidade está se capitalizando ou descapitalizando. • Superávit: o superávit orçamentário é representado pela diferença a maior entre a execução da receita e da despesa. Essa diferença deverá ser adicionada ao montante da execução da despesa para equilibrar o Balanço. • Déficit: o déficit orçamentário é representado pela diferença a menor entre a execução da receita e da despesa. Essa diferença deverá ser adicionada ao montante da execução da receita para equilibrar o Balanço. • Equilíbrio: o equilíbrio orçamentário ocorre quando há igualdades entre os totais da execução da receita e da despesa. Como pode ser observado, o déficit ou superávit orçamentário é obtido quando da comparação entre a execução da receita e a execução da despesa. O Balanço Orçamentário, porém, nos permite outras análises, conforme demonstrado abaixo: O resultado do orçamento corrente pode-se apresentar da seguinte forma: • Superávit do orçamento corrente: quando o total da receita corrente realizada superar o da despesa realizada. 36 Fonte: www.essenzialeprime.blogspot.com • Déficit do orçamento corrente: quando o total da receita corrente realizada for inferior ao da despesa corrente realizada, neste caso se execução da receita de capital for superavitária, está estará financiando a despesa corrente, caracterizando uma descapitalização. • Superávit do orçamento de capital: quando o total da receita de capital realizada superar o da despesa de capital realizada. • Déficit do orçamento de capital: quando o total da receita de capital realizada for inferior ao da despesa de capital realizada, se houver superávit corrente, este financiaria o déficit de capital, ocorrendo uma capitalização. Receita Prevista maior que Receita Arrecadada, demonstra que houve Insuficiência de arrecadação; RP > RA ⇒ Insuficiência ou Déficit na Arrecadação Receita Prevista menor que a Receita Arrecadada, demonstrando que houve excesso de arrecadação; 37 RP < RA ⇒ Excesso ou Superávit na Arrecadação Receita Prevista igual que a Receita Arrecadada, demonstrando que equilíbrio na arrecadação; RP = RA ⇒ Equilíbrio na Arrecadação Despesa Fixada maior que a Despesa Realizada, demonstrando economia na realização de despesas; e DF > DR ⇒ Economia na realização da Despesa Despesa Fixada menor que Despesa Realizada, demonstrando que houve excesso de despesas (situação não muito comum e inviável na prática). DF < DR ⇒ Excesso na realização da despesa Se ocorrer um déficit orçamentário, a Unidade Gestora está com um problema sério, pois vai ter que cobrir o déficit com recursos do orçamento do ano seguinte ou fazer operações de crédito. Após o cálculo do Resultado Orçamentário, o superávit é alocado do lado da despesa e o déficit do lado da receita, com o objetivo de se fazer o fechamento do Balanço Orçamentário. Balanço Orçamentário pode ser apresentado da forma seguinte: 38 O déficit orçamentário é colocado do lado das receitas e o superávit do lado das despesas, para fechar as três colunas do Balanço Orçamentário, ou seja, a previsão da receita = a fixação da despesa, a execução da receita = a execução da despesa e a diferença da receita = a diferença da despesa. Após essas demonstrações, podemos definir o Balanço Orçamentário, como sendo: O Balanço que demonstrará as receitas e as despesas orçamentárias, comparando- as com as suas realizações, bem como indicará o Resultado Orçamentário do Exercício. Por meio do Balanço Orçamentário, conforme já mencionado acima, é possível realizar análises de cunho econômico sobre a tendência para a capitalização ou descapitalização na aprovação do orçamento, ou mesmo na execução. Deve-se entender que a capitalização consiste na aplicação de recursos em bens de capital (salário sendo utilizado na aquisição de um automóvel ou imóvel, por exemplo); e a descapitalização 39 Ocorrerá quando bens de capital forem alienados para realização de gastos de custeio (Venda de um automóvel com a finalidade de financiar uma viagem, por exemplo). Pela comparação do montante estimado de receita de capital com o total da fixação da despesa de capital, podemos chegar às seguintes conclusões: orçamento aprovado com tendência à capitalização (montante das despesas de capital superior às receitas de capital, provocando a aplicação de receitas correntes em despesas de capital); e orçamento aprovado com tendência à descapitalização (montante das despesas de capital inferior às receitas de capital, provocando a aplicação de receitas de capital em despesas correntes). Fonte: www.saovicentecontabilidade.com.br O estudo do balanço no que concerne à capitalização/descapitalização pode ser feito nas colunas de execução, quando são aproveitados esses mesmos conceitos, porém já não se trata de uma tendência, mas sim de efetiva realização. Outra forma de ver a questão da capitalização e da descapitalização é através da comparação dos resultados corrente e de capital. Quando ocorrer simultaneamente superávit do orçamento corrente e déficit do orçamento de capital, teremos capitalização. Quando ocorrer superávit do orçamento de capital e déficit do orçamento corrente, teremos descapitalização. Há uma vedação constitucional (art. 167 – III) no tocante à realização de operações de crédito em montante superior às despesas de capital, salvo autorização 40 legislativa para créditos suplementares ou especiais, de forma a evitar que os órgãos se endividem com a intenção de financiar o custeio da máquina administrativa. Comparando-se o montante das receitas de capital denominadas operações de crédito com as despesas de capital denominadas amortização da dívida, pode-se averiguar se o endividamento do órgão está em crescimento ou sendo reduzido. Quando o montante das operações de crédito superar o da amortização da dívida, podemos dizer que o endividamento está aumentando. Quando ocorrer o inverso, o endividamento estará sendo reduzido.6.3 Balanço Patrimonial De acordo com a Lei 4.320/64, art. 105, o Balanço Patrimonial demonstrará os Ativos Financeiro e Permanente, os Passivos Financeiro e Permanente, o Saldo Patrimonial e as Contas de Compensação. O Balanço Patrimonial é um quadro com duas seções: “Ativo” e “Passivo”, representando, respectivamente, os bens e direitos e as obrigações. O patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações, de acordo com a seguinte estrutura: Anexo 14, da Lei 4.320/64. 41 No Ativo Financeiro são demonstrados os créditos e os valores realizáveis independentes de autorização orçamentária. No Passivo Financeiro são demonstrados os valores exigíveis a curto prazo, cujo pagamento independa de autorização orçamentária. O Ativo Não Financeiro é formado pelos seguintes componentes: Circulante (exceto os que competem o Ativo Financeiro), realizável a Longo Prazo e Ativo Permanente, onde estão demonstrados os valores dos bens imobilizados, os investimentos permanentes e o diferido, isto é, compreendem os bens e direitos, cuja mobilização dependa de autorização legislativa. O Passivo Não Financeiro representa os saldos das Obrigações a curto e longo prazos, valores pendentes que não provocaram diretamente efeitos financeiros durante o exercício. O Ativo Real é representado pela soma das parcelas que constituem o Ativo Financeiro e Não Financeiro. Da mesma forma a soma das parcelas que constituem o Passivo Financeiro e o Não Financeiro denomina-se Passivo Real. O Ativo Real sendo maior que o Passivo Real resulta em Ativo Real Líquido, ou Patrimônio Líquido Positivo. Se o Passivo Real for maior que o Ativo Real se tem um Passivo Real Descoberto, ou Patrimônio Líquido Negativo. No Ativo Compensado apresentam-se os valores dos direitos registrados que, direta ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio. O Passivo Compensado representa a simples contrapartida do Ativo Compensado. A discriminação dos elementos do Ativo e Passivo permite, facilmente, identificar a posição patrimonial e a respectiva diferença, que representará, conforme o caso, um Ativo Real Líquido ou Passivo Real a Descoberto. Dessa forma, é possível demonstrar a composição do superávit ou déficit do exercício. ➢ Ativo Financeiro Segundo a Lei 4.320/64, o Ativo Financeiro, compreenderá os créditos e os valores realizáveis, independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários. Com essa definição, a lei exclui do Ativo Financeiro, todos os bens e direitos que necessitam de autorização orçamentária para suas realizações. O objetivo principal de se fazer a separação de financeiro e não financeiro é o cálculo do Superávit Financeiro, que servirá de contrapartida para a abertura de créditos adicionais, devendo integrar esse grupo somente valores que tenham liquidez certa, dentro do exercício. 42 No Plano de Contas Único, as contas já estão identificadas com o sistema a qual pertencem, e as contas pertencentes ao Sistema Financeiro são identificadas com a letra “F”, ao lado do nome de cada conta. Podemos resumir o Ativo Financeiro com a seguinte classificação: ➢ Ativo Permanente ou Não Financeiro O Ativo Permanente ou Não Financeiro compreenderá os bens e direitos, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa. No Plano de Contas Único as contas representativas dos bens e direitos de natureza não financeira, estão identificadas pela letra “P”, colocada ao lado do nome de cada conta. Fonte: www.supercia.com.br 43 Podemos resumir o Ativo Não Financeiro ou Permanente na estrutura a seguir: Ativo Permanente ou Não Financeiro Circulante (menos o Ativo Financeiro) Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Como se pode observar, o Ativo Não Financeiro não é representado, apenas, pelo grupo Ativo Permanente (Investimentos, Imobilizado e Diferido) pois, dentro do Não Financeiro são classificados todos os bens e direitos que dependam de autorização orçamentária para suas realizações (Circulante, Realizável a Longo Prazo e inclusive o Permanente). ➢ Ativo Real O Ativo Real representa o somatório dos bens e direitos, existentes em cada unidade, ou seja, os valores contidos no Ativo Financeiro e no Ativo Não Financeiro. No Balanço Patrimonial o Ativo Real será demonstrado logo abaixo do Ativo Não Financeiro e poderá ser representado pela equação: Ativo Real (AR) = Ativo Financeiro (AF) + Ativo Não Financeiro (AñF) AR = AF + AÑF ➢ Ativo Compensado O parágrafo 5° do art. 105, da Lei 4.320/64, determina que, nas contas de compensação, serão registrados os bens, valores, obrigações e situações não compreendidas no Patrimônio e que possam vir a afetá-lo. Entendemos que, nesse grupo de contas, deve-se incluir todos os atos praticados pela Administração Pública, ou mesmo, alheios à administração que no momento não afetam o Patrimônio da Unidade, mas que, no futuro, poderão vir a afetá-lo. Estes atos podem ser assim resumidos: ✓ RESPONSABILIDADES POR VALORES, TÍTULOS E BENS • Caução • Consignações de Mercadorias e Bens 44 • Depósitos Judiciais Comodato de Bens Mercadorias Apreendidas • Diversos Responsáveis em Apuração ✓ GARANTIAS • Avais • Fianças • Hipotecas • Seguros ✓ DIREITOS E OBRIGAÇÕES CONVENIADAS • Convênios ✓ DIREITOS E OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS • Contratos • Empréstimos ➢ Passivo Financeiro O parágrafo 2°, do art. 105, da Lei 4.320, definiu como Passivo Financeiro os compromissos exigíveis, cujo pagamento independa de autorização orçamentária. Os elementos do Passivo que, para serem liquidados ou pagos independem de autorização orçamentária, são facilmente identificáveis visto que as obrigações que se enquadram nessa situação são aquelas que já passaram pelo orçamento, como é o caso dos Restos a Pagar ou nada têm a ver com o orçamento, como as Retenções e Depósitos de Terceiros. Considera-se Restos a Pagar as despesas legalmente empenhadas e não pagas até 31/12, distinguindo-se as processadas das não processadas. Os Restos a Pagar Processados são aquelas despesas que já passaram pelo 1° e 2° estágios, faltando apenas, o pagamento (3° estágio). No Plano de Contas Único as contas representativas de Restos a Pagar Processados, basicamente, são: • Pessoal a pagar • Encargos Sociais a Recolher • Fornecedores Os Restos a Pagar Não Processados são referentes às despesas empenhadas, não liquidadas e não pagar até 31/12. Retenções de Terceiros referem-se a valores descontados, na folha de pagamento dos funcionários ou nas faturas de terceiros, para serem recolhidos a quem de direito. A 45 Administração Pública funciona, apenas, como um intermediário, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para efetivar a respectiva devolução ao interessado. Os Depósitos de Terceiros referem-se aos valores depositados na conta da Unidade Gestora, por conta de contratos ou recursos (depósitos de cauções, de recursos), por ordem judicial (depósitos judiciais) , ou indevidos (depósitos diversos) , que dependem apenas de uma decisão administrativa ou judicial, para serem devolvidos ao interessado, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para o pagamento. Resumidamente, relacionamos a seguir alguns dos componentes do Passivo Financeiro: Podemos observar, pelos componentes do Passivo Financeiro, relacionados no parágrafo anterior, o pagamento de cada parcela que o compõe não necessita de qualquer autorização orçamentária, porque os valores, ali constantes, ou já passaram pelaLei Orçamentária ou nada têm a ver com o orçamento. ➢ Passivo Permanente ou Não Financeiro De acordo com a já citada Lei 4.20/64, classificam-se como Passivo Não Financeiro todas as obrigações que dependam de autorização orçamentária para suas liquidações ou pagamentos. Entende-se que o item mais relevante deste grupo é, exatamente, a Dívida 46 Pública, contraída para atender ao desequilíbrio orçamentário ou para o financiamento de serviços e obras públicas. Fonte: www.raciociniocontabil.wordpress.com No Plano de Contas Único, além da Dívida Pública, existem outras contas representativas do Passivo Não Financeiro ou Permanente, tais como: Provisões para Férias, para 13° Salário, para Impostos, Contingências Trabalhistas, etc., que no momento do pagamento deverão estar autorizadas orçamentariamente. O Passivo Não Financeiro ou Permanente, pode ser resumido: ➢ Passivo Real Entende-se, como Passivo Real (PR), o somatório de todas as obrigações da Unidade Gestora classificadas como financeiras e não financeiras, ou seja, a soma do Passivo Financeiro (PF) com o Passivo Não Financeiro (PñF). 47 Resumidamente, o Passivo Real pode ser assim demonstrado: Passivo Real (PR) = Passivo Financeiro (PF) + Passivo Não Financeiro (PñF). Saldo Patrimonial ou Patrimônio Líquido A equação fundamental do Patrimônio é: Ativo – Passivo = Patrimônio Líquido Essa equação, na Contabilidade Pública, pode ser demonstrada da seguinte forma: Ativo Real (AR) – Passivo Real (PR) = Saldo Patrimonial (SD) Quando fazemos a comparação do Ativo Real com o Passivo Real, obtemos três situações distintas, que passaremos a expô-las: Ativo Real maior do que Passivo Real, demonstra um: Ativo Real menor do que Passivo Real, demonstra um: AR < PR ⇒ Patrimônio Líquido Negativo ou Passivo Real a Descoberto Ativo Real igual ao Passivo Real, demonstra um AR = PR ⇒ Patrimônio Líquido Nulo ➢ Passivo Compensado O Passivo Compensado representa a contrapartida dos valores registrados no Ativo Compensado, visto que os valores constantes no compensado têm que ser iguais para não afetarem a equação fundamental do patrimônio, e mesmo porque elementos competentes destes grupos são representativos de atos administrativos, não podendo, em nenhuma hipótese, afetar a situação patrimonial. AR > PR ⇒Patrimônio Líquido Positivo ou Ativo Real Líquido 48 7 DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício, conforme estabelece o art. 104 da Lei 4.320/64. A Demonstração das Variações Patrimoniais é um quadro com duas seções: “Variações Ativas” (crédito) e “Variações Passivas” (débito), distribuídas em dois grandes grupos: resultantes da execução orçamentária e independentes da execução orçamentária e resultado patrimonial. As variações ativas resultantes da execução orçamentária são representadas pelas receitas orçamentárias realizadas durante o exercício, e refletem a variação patrimonial aumentativa, causada pela entrada do numerário. Já as variações passivas, resultantes da execução orçamentária, são representadas pelas despesas orçamentárias realizadas durante o exercício e expressam a variação patrimonial diminutiva, causada pela saída de numerário. As variações ativas orçamentárias representadas pelas interferências ativas apresentam valores oriundos da movimentação financeira decorrente da execução orçamentária (cotas, repasses e sub-repasses recebidos). Já as variações passivas orçamentárias representadas pelas interferências passivas apresentam valores que têm origem na movimentação financeira existente pela execução do orçamento (cotas, repasses e sub-repasses concedidos). As variações ativas orçamentárias que não provocam alterações patrimoniais são denominadas de mutações ativas e demonstram as aquisições de bens e direitos e reduções de obrigações decorrentes da execução orçamentária. As variações passivas orçamentárias que não causam alterações patrimoniais são denominadas de mutações passivas e demonstram as alienações de bens e direitos e assunção de obrigações e outros casos decorrentes do orçamento. As variações ativas independentes da execução orçamentária são sempre originadas por fatos supervenientes ativos ou de insubsistência passivas, isto é, fatos que surgem aumentando o Ativo ou diminuindo o Passivo, porém sempre de forma ativa. Por sua vez, as variações passivas, independentes da execução orçamentária, são sempre originadas por fatos supervenientes passivos ou de insubsistências ativas, isto é, fatos que surgem aumentando o Passivo ou diminuindo o Ativo, porém de forma passiva. 49 Dentro das variações ativas extra orçamentárias encontramos as interferências ativas, que apresentam valores oriundos da movimentação financeira para atender o pagamento de RP e de bens entre Unidades Gestoras de mesmo Órgão ou Gestão (valores recebidos). As variações passivas extra orçamentárias representadas pelas interferências passivas apresentam valores decorrentes, também, da movimentação financeira e de bens entre Unidades Gestoras de mesmo Órgão ou Gestão. Fonte: www.crc-ce.org.br Nas variações ativas extra orçamentárias encontramos um terceiro grupo, denominado de mutações ativas, que guarda valores de incorporações de ativos, ajustes de bens, valores e créditos, desincorporação de passivos e ajustes de obrigações e outros. Da mesma forma, nas variações passivas extra orçamentárias encontramos o grupo das mutações passivas, onde estão representados os valores de desincorporação de ativos, ajustes de bens, valores e créditos, incorporação de passivos, ajustes de obrigações e outros. ➢ O Resultado Patrimonial É apurado procedendo-se ao somatório das variações ativas e, destas, diminuindo- se o somatório das variações passivas. A diferença existente será o resultado patrimonial do exercício. Será considerado déficit patrimonial, ou resultado econômico negativo, sendo registrado na coluna de variações ativas, o resultado negativo das operações. Será considerado superávit patrimonial, ou resultado econômico positivo, sendo registrado na coluna das variações passivas, o resultado positivo das operações. 50 É de se ressaltar que o Resultado Patrimonial do exercício apurado nessa demonstração é levado para o Balanço Patrimonial, passando a constituir o saldo patrimonial existente, que pode ser: o Ativo Real Líquido, ou seja, o ativo patrimonial maior que o passivo patrimonial; ou o Passivo Real a Descoberto, demonstrando que os valores passivos do patrimônio superam os valores ativos. A discriminação das variações ativas e passivas permite facilmente identificar a posição do resultado distribuído, dependente ou independente da execução orçamentária, e o Resultado Patrimonial do exercício (superávit ou déficit). A elaboração da demonstração das variações patrimoniais tem por base os saldos acumulados durante o exercício nas contas representativas de resultado, as quais estão estruturadas no Plano de Contas da Administração Federal de forma a permitir, com maior facilidade, o levantamento da demonstração, devendo corresponder exatamente aos saldos das contas pertencentes às classes “5” e “6”. As variações passivas coincidem com a classe do Plano de Contas denominada Resultado Diminutivo do Exercício, código “5”. Já as variações ativas