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AD2 MATRIZES DE CULTURA E LITERATURAS HISPÂNICAS

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras - UFF/CEDERJ
Disciplina: Matrizes de Cultura e Literaturas Hispânicas 
Coordenadora: Lívia Maria de Freitas Reis 
Tutor à Distância: Helder Thiago Maia 
AD2 – 2018.1
1. Explique e relacione os conceitos da aula 7: indigenismo, transculturação, heterogeneidade e culturas híbridas. (2,0 para cada resposta) OBS: Não faça cópias de textos, escreva com suas palavras. Faça citações quando forem necessárias. 
 Assim como no Brasil, com a Semana de Arte Moderna de 1922 marcando a era das vanguardas, outros países da América Latina também tiveram, no início do século XX, seus movimentos literários em busca da legitimação da identidade nacional em oposição à identidade racista imposta pelo colonizador europeu.
 No Peru, por exemplo, o escritor José Carlos Mariátegui (1894-1930) publicou, em 1928 (mesmo ano em que Mário de Andrade publica Macunaíma), o livro Sete ensaios de interpretação da realidade peruana, obra na qual ele critica o latifúndio e a exploração econômica; e pontua a exclusão étnica, política e econômica imposta ao índio. 
 Com essa publicação, Mariátegui iniciou o movimento conhecido por indigenismo, que visava resgatar elementos políticos e culturais dos povos pré-hispânicos como a questão fundiária, a língua, e a literatura. Em seu bojo surgiram movimentos em outros países da América Latina como, por exemplo, Bolívia e Equador através das obras dos escritores Arguedas e Icaza.
 Doze anos após a publicação de Sete ensaios de interpretação da realidade peruana, mais precisamente em 1940, surge Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar, do escritor cubano Fernando Ortiz (1881-1969). Ortiz foi um estudioso da influência africana em Cuba, e cunhou em sua obra o termo transculturação. 
Através de seu neologismo Ortiz traduziu o fenômeno da mestiçagem não só de Cuba, mas de toda a América Latina, porém essa mestiçagem vai além da questão racial, abrangendo também o encontro das culturas indígenas, europeias, africanas.
 Trinta anos após a publicação da obra de Ortiz e da cunhagem do terno transculturação, o professor universitário e crítico literário José Vicente Antonio Cornejo Polar (1936-1997), a partir de um estudo feito sobre a obra do escritor e antropólogo peruano José María Arguedas (1911-1969), cunha o termo heterogeneidade para descrever não apenas o aspecto da complexidade cultural e mestiçagem do Peru, mas também para evidenciar a forma como a elite letrada assume a homogeneização cultural de seu país, bem como em outros países da América Latina. Para Polar, o encontro de culturas é também o encontro de heterogeneidades conflitivas, das literaturas indígenas, europeias e africanas, por isso não se trata de pensar a cultura latino americana como uma cultura síntese dessas três culturas, mas do convívio heterogêneo entre elas. Para o conceito de heterogeneidade a diversidade cultural deve ser abordada a partir da diferença conflitiva entre as culturas, e não de sua síntese. 
 Vinte anos após o estudo de Ortiz, mais precisamente em 1990, o antropólogo argentino Néstor García Canclini, (1939) publicou a obra Culturas híbridas: Estrategias para entrar y salir de la modernidad, cunhando, a partir de então, o termo culturas híbridas. Para o antropólogo, os processos que levam a hibridação das matrizes culturais indígena, europeia e africana nos países latino americanos devem ser o foco de estudo, e não a hibridez propriamente dita, ou seja, há que se estar atento aos pontos que ficam excluídos dos encontros culturais, sejam porque não permitem a hibridização, ou por não poderem ser hibridizados. 
 Ao correlacionarmos indigenismo, transculturação, heterogeneidade, e culturas híbridas na América Latina, considerando culturas híbridas como conceito contemporâneo, podemos dizer que correlacionamos 90 anos (quase um século) de estudos acerca das culturas, ou do conflito entre culturas, no continente latino americano. A cada conceito novo faz-se o movimento de rebater e de revisitar os anteriores, um conceito agrega conhecimento ao outro. No indigenismo procura-se dar voz à identidade silenciada dos índios da América Latina; na transculturação evidencia-se o encontro das culturas indígena, europeia e africana nos países da América Latina; na heterogeneidade pontua-se a necessidade de não homogeneizar as três culturas, mas garantir voz às suas complexidades e diferenças, e mais recentemente, já no final do século XX, o conceito de culturas híbridas aprofunda os estudos dos processos de fusão cultural, mas sempre pontuando onde não ocorre a hibridação, seja por qual motivo for. 
2. Escolha duas das áreas culturais da América Latina estudadas na aula 6, faça uma pesquisa e escreva sobre um produto artístico de cada área escolhida. (2,0 pela questão) OBS: Não faça cópias de textos, escreva com suas palavras. Faça citações quando forem necessárias. Não use os exemplos do caderno didático. Indique as referências bibliográficas. 
1 - Área Andina - Produto cultural: Torito de Pucará 
 Escolhi essa área (estudada na aula 6) porque tive a oportunidade de conhecer um pouco do Peru, em 2015, quando visitei Cuzco, Machu Picchu e Lago Titicaca. O que mais me chamou a atenção nessa área foi o contato do povo com a natureza. Fiz a travessia de trem de Águas Calientes (Machu Picchu) para Cuzco, atravessando vários povoados ao longo dos Andes, e foi surpreendente perceber como a população vive em construções que conservam a tradição e cultura dos povos nativos. Um produto cultural que me chamou atenção foi o Torito de Pucará (uma escultura cerâmica de um casal de gado com uma cruz no meio) que os moradores do Vale Sagrado costumam colocar em cima dos telhados. Segundo a tradição essa escultura traz fartura, felicidade, e proteção para família. As esculturas obedecem a um padrão cultural e religioso, por isso sempre apresentam uma cruz com um casal de bois, um de cada lado. A escultura tem de ser presenteada por um casal de amigos que são escolhidos para serem os padrinhos da casa. Assim que a casa fica pronta os padrinhos dão essa escultura de presente, e ela é colocada no alto do telhado. Atualmente essa escultura é considerada um símbolo da cultura andina peruana.
	
	
	Torito de Pucará: no alto do telhado é possível ver a escultura (circulada de amarelo). No detalhe ao lado: duas esculturas que estavam no telhado de outra casa. 
Fotos: Lúcia Pires – Peru - 2015
	
2 - Área Caribenha – Produto cultural: Ourivesaria Pré-Hispânica da Colômbia 
 Como segunda área de pesquisa de produto cultural escolhi a Área Caribenha que abrange a região das Antilhas, o Caribe da América Central e parte da Colômbia e da Venezuela. Escolhi essa área porque tive a oportunidade de conhecer um pouco da Colômbia (Bogotá e Cartagena) em 2016, e retornei ao país em janeiro deste ano. Assim como foi dito, na aula 06, sobre a Região Mesoamericana, percebe-se que também na Colômbia o povo rememora as grandes civilizações indígenas do passado. Tanto no Museu do Ouro de Bogotá quanto no de Cartagena as principais peças expostas são as de ourivesaria pré-hispânica que remetem aos rituais xamânicos, e à lenda do Eldorado. Um produto cultural que salta aos olhos são os tecidos feitos em ouro da Colômbia Pré-Hispânica, isso porque os tecidos são tão finos que até hoje ainda não foi possível reproduzir essa tecnologia. Muitos tecidos foram derretidos pelos espanhóis na época da colonização, e o que foi encontrado em escavações arqueológicas causam admiração e espanto. 
 Atualmente é possível encontrar trabalhos dos artesãos locais (em metal, madeira, pedra, palha, tecido, etc.) inspirados em peças pré-hispânicas que remetem à cultura indígena, e dessa forma a cultura pré-hispânica se mantém viva na memória e no dia a diados colombianos. 
	
	
	
Ourivesaria Pré-Hispânica: da esquerda para direita – tecido de ouro finamente trançado (Museu do Ouro de Bogotá); adornos religiosos com tecidos de ouro (Museu do Ouro de Cartagena)
Fotos: Lúcia Pires – Colômbia - 2016
Fontes de pesquisa:
FREITAS REIS, Lívia Maria; CORDEIRO MAIA, Helder Thiago. Mapas culturais latino americanos. In Matrizes Culturais e Literárias Hispânicas. Aula 06. Cederj UFF Letras. 2018
FREITAS REIS, Lívia Maria; CORDEIRO MAIA, Helder Thiago. Paradigmas culturais hispano-americanos. In Matrizes Culturais e Literárias Hispânicas. Aula 07. Cederj UFF Letras. 2018
TESOUROS E SIMBOLISMOS DA COLÔMBIA PRÉ-HISPÂNICA. Espaço Cultural UNIFOR. Disponível em: http://ourosdacolombia.unifor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=224
ELDORADO. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eldorado
FERNANDO ORTIZ. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Ortiz
ANTONIO CORNEJO POLAR. Wikipedia. Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Antonio_Cornejo_Polar
JOSÉ MARÍA ARGUEDAS. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Mar%C3%ADa_Arguedas
NÉSTOR GARCÍA CANCLINI. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A9stor_Garc%C3%ADa_Canclini

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