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ESPECIAL DIREITO CIVIL COISAS Modulo 02

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Paulo Gadelha

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1 
DIREITO CIVIL – Direito das Coisas 
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
EFEITOS DA POSSE 
 
Os principais efeitos da posse são: 
 
 defesa direta; 
 direito ao uso dos interditos; 
 percepção dos frutos; 
 indenizações por benfeitorias; 
 direito de retenção por benfeitorias; 
 responsabilidade pelas deteriorações; 
 usucapião. 
 
A detenção, à exceção da defesa direta, não gera nenhum dos efeitos acima elencados. 
 
DEFESA DIRETA 
 
Dispõe o art. 1.210, § 1º, do CC: “o possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou 
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo”. 
Admite o legislador no aludido dispositivo a defesa direta como meio hábil à proteção 
possessória. 
Trata-se de reminiscência do período da vingança privada. A lei civil permite que o possuidor 
esbulhado ou turbado faça justiça com as próprias mãos, sem precisar recorrer ao Poder Judiciário, 
estando, assim, excluída a antijuridicidade do delito de exercício arbitrário das próprias razões, 
previsto no art. 345 do CP. 
As duas espécies de defesa direta, no âmbito do direito possessório, são: a legítima defesa e o 
desforço imediato. 
Legítima defesa é a reação imediata e moderada à turbação da posse. 
Desforço imediato é a reação imediata e moderada ao esbulho possessório. 
Turbação é a molestação da posse, ao passo que esbulho é a perda da posse. 
Mister a moderação dos meios empregados para legítima defesa ou desforço imediato, que 
não podem ir além da violência necessária à manutenção ou restituição da posse. 
Admite-se, inclusive, o emprego de armas, desde que necessário à manutenção ou restituição 
da posse. 
Na legítima defesa, a violência é empregada para impedir a perda da posse, ao passo que no 
desforço imediato é empregada para recuperar a posse esbulhada. 
Num e noutro caso a reação deve ser in continenti, isto é, imediata, em ato sucessivo, ou 
então logo que lhe seja possível agir. Este é o verdadeiro significado da expressão “contanto que o 
faça logo”, prevista na primeira parte do § 1.º do art. 1.210 do Código. O legislador facultou ao 
possuidor esbulhado ou turbado maior espaço de tempo para reagir. Carvalho Santos cita o 
seguinte exemplo: “alguém se encontra com o ladrão de sua capa, dias depois do furto. Em tal 
hipótese, apesar do lapso de tempo decorrido, assiste-lhe o direito de fazer justiça por suas 
próprias mãos, se presente não estiver a polícia”. 
Observe-se, porém, que a reação tardia ao esbulho ou turbação constitui delito de exercício 
arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP). 
Washington de Barros Monteiro ensina que “só o possuidor, direto ou indireto, tem direito de 
lançar mão dessa defesa excepcional, excluindo, pois, o mero detentor, como o preposto. Por outro 
lado, não importa que a posse seja justa ou injusta, de boa ou má-fé”. E adiante acrescenta que “é 
preciso, porém, que o próprio possuidor, em pessoa, se coloque à testa da reação, assumindo-lhe a 
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno PAULO HENRIQUE DA SILVA GADELHA
CPF - 637.036.962-49
 
 
 
 
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responsabilidade”. 
A melhor orientação, porém, entende que o detentor também pode fazer uso da defesa 
direta, nos moldes do art. 25 do CP, amparado pela legítima defesa criminal. 
 
A FACULDADE DE INVOCAR OS INTERDITOS 
 
Indubitavelmente, o principal efeito da posse decorre da possibilidade de invocar os 
interditos. 
Interditos são as ações possessórias. 
Para propor uma ação possessória basta que a posse seja justa. Todo possuidor, seja de boa 
ou má-fé, direto ou indireto, tem direito de ser mantido na posse, no caso de turbação, e 
reintegrado, no de esbulho. 
É bom lembrar que o possuidor injusto tem também direito aos interditos, desde que a posse 
seja justa em relação ao adversário. 
Dissentem os juristas a respeito do fundamento da proteção possessória. Para Savigny a 
proteção concedida à posse tem o escopo de reprimir a violência. Para Ihering a posse é protegida 
em atenção à propriedade, isto é, para assegurar o gozo da propriedade. 
Os dois ilustres jurisconsultos estão corretos. Acrescente-se, ainda, que os interditos, à 
semelhança de outras ações, visam à preservação da paz social e à proibição da Justiça pelas 
próprias mãos. 
Os interditos tipicamente possessórios são os seguintes: 
 
a) ação de manutenção de posse; 
b) ação de reintegração de posse; 
c) interdito proibitório. 
 
Outras ações ainda se prestam à proteção possessória, a saber: 
 
a) ação de imissão de posse; 
b) ação reivindicatória; 
c) embargos de terceiro; 
d) ação de nunciação de obra nova; 
e) ação de dano infecto. 
 
AÇÕES DE MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE 
 
Dispõe o art. 1.210, caput, do CC que “o possuidor tem direito a ser mantido na posse, em 
caso de turbação, e restituído, no de esbulho”. 
Turbação é a molestação da posse. O possuidor, malgrado a turbação, continua na posse; não 
chega a perdê-la. 
Esbulho é a perda da posse pela prática de atos violentos, clandestinos ou precários. 
Esbulho não é apenas sinônimo de violência. Aquele que se apossa da coisa clandestina ou 
precariamente também pratica esbulho. Assim, por exemplo, o comodatário que, findo o prazo 
contratual, deixa de entregar a coisa, comete esbulho, por ter a sua posse se tornado precária. 
Ocorrendo a mera turbação, o possuidor pode intentar ação de manutenção de posse. Agora, 
no caso de perda da posse (esbulho), a ação cabível é a de reintegração de posse. 
Nas ações de manutenção e reintegração de posse, incumbe ao autor provar (art. 561 do 
CPC/2015): 
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
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a) a sua posse; 
b) a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
c) a data da turbação ou do esbulho; 
d) a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na 
ação de reintegração. 
 
Passemos à análise desses requisitos. 
Posse, conforme já dito, é a exteriorização do domínio. 
Adquire-se a posse pelos atos visivelmente reveladores da conduta de dono. É comum a 
aquisição da posse por documento. Na lavratura da escritura pública de compra e venda, o 
vendedor geralmente já transmite a posse ao comprador. Com a aquisição da posse, ainda que 
documentalmente, torna-se possível o ajuizamento dos interditos. Se, porém, o comprador adquirir 
a propriedade do bem, sem a transmissão da posse, ser-lhe-á vedada a via dos interditos, restando-
lhe tão-somente socorrer-se às ações dominiais. 
Ao autor incumbe provar a data da turbação ou do esbulho para saber se a ação é de força 
nova ou velha. 
Questão controvertida é saber quando começa a contar o prazo de ano e dia na hipótese de 
reiterados atos turbativos em que um é seqüência do outro. Para uns, o prazo começa a fluir do 
primeiro ato, enquanto outros entendem que se deve contar a partir do último ato. Tratando-se, 
porém, de atos turbativos distintos e autônomos, a cada turbação inicia o prazo de ano e dia. 
Vicente Ráo ministra o seguinte exemplo: “um vizinho penetra na minha fazenda uma, duas, cinco 
vezes, a fim de extrair lenha. Cada um desses atos, isoladamente, ofende minha posse e contra 
cada um deles posso pedir manutenção. Suposto que decorrido haja o prazo de ano e dia a contar 
do primeiro ato turbativo, nem por isso perderei o direito de recorrer ao interdito, para me opor às 
turbações subsequentes, verificadas dentro do prazo legal”. 
Admite-se, também, a turbação de direito, embora haja opiniões em contrário (RT 115/65, 
176/620 e 274/594).O escopo da ação de manutenção é garantir o possuidor na posse do bem turbado, ao passo 
que a ação de reintegração tem a finalidade de recuperar a posse perdida. 
 
INTERDITO PROIBITÓRIO 
 
O interdito proibitório é intentado quando houver justo receio de turbação ou esbulho 
iminente. 
Trata-se de proteção preventiva à posse. Tem a finalidade de impedir a consumação da 
turbação ou esbulho. Consumando-se a turbação ou esbulho, a ação adequada é a de manutenção 
ou reintegração de posse. 
Dispõe o art. 567 do CPC: “O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser 
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, 
mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso 
transgrida o preceito”. 
 
O ajuizamento do interdito proibitório depende dos seguintes requisitos: 
a) posse do autor; 
b) ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu; 
c) justo receio de ser concretizada a ameaça. 
 
A sentença que julgar procedente a ação determinará a expedição do mandado de proibição, 
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impondo multa diária pelos dias de transgressão. 
Contra ato administrativo que ameace de turbação ou esbulho a posse do autor, é também 
cabível o interdito proibitório. Porém, na prática, costuma-se impetrar mandado de segurança, o 
que também é correto. 
Constitui exercício regular do direito a ameaça de ingressar na Justiça para obter a posse da 
coisa, não autorizando, por isso, o ajuizamento do interdito proibitório. 
 
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS 
 
As ações de manutenção de posse, reintegração de posse e interdito proibitório estão sujeitas 
a três princípios básicos: 
 
 fungibilidade; 
 natureza dúplice; 
 proibição da exceptio proprietatis. 
 
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE 
 
O princípio da fungibilidade, também denominado conversibilidade dos interditos, significa 
que a propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do 
pedido, conferindo a proteção possessória necessária ao caso concreto. Em todos os interditos o 
pedido é de proteção possessória, variando apenas a situação fática. Se, por exemplo, o autor 
ajuizar ação de manutenção de posse, quando o correto seria a de reintegração, o juiz dará a 
proteção jurisdicional que a situação fática reclama, mandando, pois, expedir o mandado de 
reintegração de posse. 
Entretanto, somente as ações tipicamente possessórias (manutenção de posse, reintegração de 
posse e interdito proibitório) são fungíveis entre si (art. 554 do CPC). Se o possuidor ingressar 
equivocadamente com a ação de despejo ou ação reivindicatória, o juiz não poderá aproveitá-las como 
interdito possessório, devendo extinguir o processo sem resolução do mérito (art. 485, VI, do CPC). 
 
NATUREZA DÚPLICE 
 
Em regra, quem formula o pedido é o autor, limitando-se o réu, na contestação, a requerer a 
improcedência da ação. Não pode o réu ampliar os limites do julgamento, pois é vedado ao juiz 
julgar fora do pedido estampado na inicial. Se, porém, quiser que o juiz aprecie o seu pedido com 
força de coisa julgada deverá oferecer reconvenção. 
Excepcionalmente, porém, permite o legislador ao réu a formulação de seu pedido na própria 
contestação, podendo o juiz apreciá-lo como se tratasse de reconvenção. Isto ocorre nas ações 
dúplices. 
Nas ações dúplices, os litigantes podem assumir, simultaneamente, a posição de autor ou réu. 
Diante disso, falta ao réu interesse processual para reconvir, na medida em que poderá formular o 
seu pedido na própria contestação. Por isso, não se admite a reconvenção. 
Dispõe o art. 557 do CPC que “é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi ofendido em 
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da 
turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. 
Se, por exemplo, o autor ingressar com ação de reintegração de posse, o réu, na contestação, 
poderá formular contra o autor os pedidos de manutenção de posse e de indenização pelas perdas 
e danos. 
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PROIBIÇÃO DA EXCEPTIO PROPRIETATIS 
 
Dispõe o § 2º do art. 1.210 do CC que “não obsta à manutenção, ou reintegração na posse, a 
alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”. 
É conhecida no direito romano a máxima de Ulpiano: separata essa debet possessio a 
proprietate. 
A posse é protegida autonomamente, independentemente da propriedade. Em razão disso, 
não se discute domínio em ação possessória. 
Nas ações petitórias o debate processual gira em torno da questão dominial. Vencerá a ação 
reivindicatória aquele que comprovar a propriedade. 
Inversamente, nas ações possessórias vencerá o melhor possuidor, ainda que o adversário do 
processo seja o proprietário. 
Não se discute propriedade em ação possessória. Discute-se apenas posse. O melhor 
possuidor vencerá a ação, ainda que ele não seja o proprietário. É que, explica Caio Mário da Silva 
Pereira, não assiste ao proprietário, sob a alegação de propriedade, molestar a posse alheia. Não 
fosse assim, o acolhimento da defesa possessória com fundamento na propriedade legitimaria o 
ilícito praticado pelo proprietário contra o possuidor, lembrando que só pode ser admitido o uso da 
força para recuperar a posse na hipótese de desforço imediato. 
Excepcionalmente, porém, admitia-se a disputa da posse com base no título de propriedade 
por conta do que constava na segunda parte do art. 505 do CC/1916 (“Não se deve, entretanto, 
julgar a posse em favor daquele a quem evidentemente não pertencer o domínio”). Efetivamente, a 
exceptio proprietatis, isto é, a defesa da posse com base na propriedade da coisa, era aceita em 
duas hipóteses: 
 
a) quando ambos os contendores disputavam a posse com base no título de propriedade. 
Nesse caso, dispunha a Súmula 487 do STF que “será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver 
o domínio, se com base neste for disputada”. 
b) quando duvidosa a posse dos litigantes. De fato, não comprovada suficientemente a posse 
pelas partes, o juiz decidiria em favor do proprietário, mas há uma corrente sustentando que, no 
caso de dúvida, o juiz deveria julgar a ação improcedente. 
 
A parte final do art. 505 do CC/1916 não foi reproduzida no Código Civil de 2002, mas ainda é 
sustentável o posicionamento de se julgar a ação possessória em favor do proprietário nas duas 
hipóteses acima. 
Por outro lado, dispõe o art. 557 do CPC que: “Na pendência de ação possessória é vedado, 
tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão 
for deduzida em face de terceira pessoa”. 
 
À primeira vista o dispositivo induziria a entender que no curso de processo possessório não 
se poderia ingressar com ação dominial paralela para pleitear o reconhecimento da propriedade. 
Vale lembrar que até mesmo o grande Frederico Marques defendeu essa interpretação literal. 
Entretanto, a tese sufragada, corretamente, pelo Simpósio de Processualistas reunidos em Curitiba, 
em outubro de 1975, na Universidade Federal do Paraná, foi no sentido de que a vedação do art. 
923 do CPC anterior (atual artigo 557 do CPC/2015) só é aplicável quando a posse estiver sendo 
disputada na ação possessória, com base no domínio, isto é, naquele caso em que se admite a 
exceptio proprietatis. Fora dessa hipótesenão tem sentido vetar o ajuizamento de ação petitória no 
curso do processo possessório. 
PROCEDIMENTO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
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As ações possessórias são de força nova e de força velha. A primeira é a intentada dentro do 
prazo de ano e dia, a contar do esbulho ou turbação. A segunda, após o decurso de ano e dia. 
A ação possessória de força nova confere direito à liminar, tutela antecipada não verificada na 
ação possessória de força velha, mas valiosas opiniões sustentam a possibilidade de se conceder às 
ações possessórias de força velha a tutela antecipada prevista no art. 303 do CPC/2015. Discordo, 
pois o citado art. 303 é uma norma geral, que não se aplica às ações possessórias, cuja liminar 
encontra na lei um regramento específico. 
A liminar é concedida de plano, sem ouvir o réu. Mas não estando a inicial devidamente 
instruída com os documentos necessários, o juiz designará audiência de justificação, citando-se o 
réu para comparecer à audiência, apreciando então a liminar. Nesta audiência de justificação 
somente o autor tem direito a arrolar testemunhas, restando ao réu a faculdade de juntar 
documentos e fazer reperguntas por intermédio de seu advogado. Se, contudo, o réu arrolar 
testemunhas, ao juiz é facultado ouvi-las como testemunhas do juízo. 
É, também, admissível a liminar em ação possessória de força nova movida contra o Poder 
Público, desde que haja prévia audiência de seus representantes judiciais, sendo, no entanto, 
terminantemente proibida a concessão de liminar inaudita altera pars (art. 562, parágrafo único, do 
CPC/2015). Demonstrado, porém, o interesse público no bem, a ação possessória converter-se-á 
em desapropriação indireta. 
Cabe agravo de instrumento da decisão que, em ação possessória, concede ou denega a 
liminar. Não se admite mais a impetração de mandado de segurança para dar efeito suspensivo ao 
agravo de instrumento, pois este recurso, a critério do relator, terá ou não efeito suspensivo. 
Concedida ou não a liminar, a ação possessória, nas suas três modalidades, seguirá o rito 
comum, fluindo o prazo para contestação a partir da intimação da decisão que apreciou a liminar. 
Na ação possessória de força velha inexiste a fase de liminar, seguindo ab initio o rito comum. 
Ao autor é facultado cumular na ação possessória os pedidos de condenação por perdas e 
danos, indenização dos frutos e outra medida adequada para evitar nova turbação ou esbulho ou 
para que seja cumprida a tutela provisória ao final (art. 555 do CPC/2015). É, pois, cabível a multa 
diária ou astreintes. 
Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na 
posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e 
danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de cinco dias para requerer caução sob pena de ser depositada a 
coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente (art. 559 do 
CPC/2015). 
O réu da ação possessória é o responsável pelo ato de molestação da posse. É, pois, aquele 
que praticou a turbação ou esbulho ou a ameaça concreta de turbação ou esbulho. Se, após 
praticar o esbulho, o agente transferir a posse do bem ao terceiro de boa-fé, não será cabível a 
ação possessória. 
Com efeito, dispõe o art. 1212 do CC: 
“O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a 
coisa esbulhada sabendo que o era.” 
Vê-se assim que, uma vez transferida a posse pelo esbulhador, somente o adquirente de má-fé é que 
poderá figurar como réu da ação possessória. Em relação ao adquirente de boa-fé, não será cabível ação 
possessória, mas o proprietário do bem poderá recuperar a coisa através de ação reivindicatória ou outra 
ação de natureza real (Enunciado 80 da I Jornada de Direito Civil do CJF). 
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Se for invasão de terras feita por multidão de pessoas, no polo passivo não é preciso 
identificar os intrusos, figurando como réus as pessoas incertas e desconhecidas. Assim, dispõe o § 
1o do art. 554 do CPC/2015 que, no caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande 
número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e 
a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se 
envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. Para fim da 
citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, 
citando-se por edital os que não forem encontrados (§ 2o do art. 554 do CPC/2015). O juiz deverá 
determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos 
prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da 
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios (§ 3o do art. 554 do CPC/2015). 
O foro competente para a ação possessória sobre bem imóvel é o da situação da coisa (art. 
47, § 2o, do CPC/2015); versando, porém, sobre bem móvel é o domicílio do réu (art. 46 do 
CPC/2015). Se o imóvel estender-se em mais de uma comarca, qualquer delas é competente. 
 
AÇÃO POSSESSÓRIA QUE ENVOLVE LITÍGIO COLETIVO 
 
No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição 
inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da 
medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que 
observará o disposto nos §§ 2o e 4o. (art. 565 do CPC/2015). 
Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de 
distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo 
(§ 1o do art. 565 do CPC/2015). 
O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será 
intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça (§2o do art. 565 do 
CPC/2015). 
O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à 
efetivação da tutela jurisdicional ( § 3o do art. 565 do CPC/2015). 
Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do 
Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a 
audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de 
possibilidade de solução para o conflito possessório (§ 4o do art. 565 do CPC/2015). 
Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel (§ 5o do art. 565 do 
CPC/2015). 
 
AÇÕES DOMINIAIS 
 
As ações dominiais instauram o denominado juízo petitório, colocando-se em discussão o 
direito de propriedade. 
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Evidentemente, vencerá a ação quem tiver o domínio da coisa litigiosa. 
 
Dentre as ações petitórias, destacam-se as seguintes: 
 
 ação de imissão de posse; 
 ação reivindicatória; 
 ação publiciana; 
 ação negatória; 
 ação declaratória. 
 
A ação de imissão deposse é atribuída especificamente ao proprietário que adquire o 
domínio da coisa que o alienante ou terceiros insistem em não lhe entregar. Trata-se de ação 
conferida ao proprietário que nunca teve posse. Mister a prova do domínio para ajuizá-la. O simples 
possuidor, titular do jus possessionis, não pode ajuizá-la. Aliás, a jurisprudência tem negado a ação 
ao compromissário-comprador. Falta-lhe o título de propriedade. Não se trata de ação possessória, 
pois, embora o seu escopo seja a obtenção da posse, toda discussão gira em torno do domínio. 
O Código de Processo Civil de 1939 previa a ação de imissão de posse: 
 
a) aos adquirentes de bens, para haverem a respectiva posse, contra os alienantes ou 
terceiros, que os detenham; 
b) aos administradores e demais representantes das pessoas jurídicas de direito privado, para 
haverem dos seus antecessores a entrega dos bens pertencentes a pessoa representada; 
c) aos mandatários, para receberem dos antecessores a posse dos bens do mandante. 
 
O Código de Processo Civil anterior e o atual não disciplinaram expressamente a ação de 
imissão de posse, mas nem por isso ela deixou de existir, pois a todo direito corresponde uma ação, 
que o assegura (art. 75 do CC/1916). 
A ação existe independentemente de estar ou não prevista no Código de Processo Civil; o que 
importa é a existência do direito no campo do direito material. Não fosse assim poder-se-ia dizer 
que não mais existe a ação de investigação de paternidade, já que não existe no Código de Processo 
uma previsão legal para ela. 
Na verdade, o que inexiste é um rito especial à ação de imissão de posse, de modo que deverá 
seguir o rito comum. 
Questão que tem suscitado polêmica é saber se adjudicatários e arrematantes dos bens 
adquiridos em hasta pública ou leilão, para adquirir-lhes a posse, teriam que ingressar com ação de 
imissão de posse ou poderiam simplesmente requerer ao juiz da execução a expedição do mandado 
de imissão de posse (se imóvel o bem), ou busca e apreensão (se móvel o bem). 
A solução mais correta é a seguinte: 
a) é desnecessário o ajuizamento da ação quando a posse estiver em poder do depositário ou 
executado, competindo ao arrematante ou adjudicatário requerer nos próprios autos do processo 
de execução a expedição de mandado judicial de entrega do bem; 
b) é necessária a ação de imissão de posse quando o bem estiver em poder de terceiro, pois, 
não sendo este parte na execução, torna-se inviável a expedição de mandado judicial de entrega do 
bem. 
Por outro lado, cumpre ainda tecer algumas considerações sobre a ação reivindicatória. 
Trata-se de ação assegurada especificamente ao proprietário, tendo por finalidade recuperar 
a posse da coisa de quem injustamente a possua ou a detenha. Somente o proprietário pode mover 
a ação, devendo juntar na inicial, se imóvel o bem, a prova do registro do título aquisitivo do 
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domínio. O proprietário, se preferir, poderá ajuizar ação de reintegração de posse. Vencido nesta 
ação, resta-lhe ainda a ação reivindicatória. 
Assim, enquanto a ação de imissão de posse é movida pelo proprietário que nunca teve 
posse, a ação reivindicatória é proposta pelo proprietário que perdeu a posse. O Código de 
Processo Civil não prevê rito especial para nenhuma dessas duas ações. Por isso, a expressão ação 
reivindicatória deve ser tomada em sentido amplo para abranger também a ação de imissão de 
posse. Em outras palavras, a troca de nome de uma ação por outra não deve inviabilizar o 
prosseguimento do processo. 
Por outro lado, a ação publiciana é movida pelo proprietário que, após completar o prazo de 
usucapião, acabou perdendo a posse. A aludida ação visa à recuperação da posse. É movida pelo 
proprietário, que não dispõe de título dominial. De fato, sendo a sentença de usucapião 
meramente declaratória é forçoso convir que o domínio é adquirido pelo decurso da prescrição 
aquisitiva, habilitando o usucapiente a mover a ação dominial denominada publiciana antes mesmo 
de ver concretizada a usucapião em sentença específica. 
A ação negatória, por sua vez, é movida pelo proprietário quando este sofrer atos de 
turbação da posse. Visa à cessação da turbação, à semelhança do que ocorre com a ação de 
manutenção de posse. 
Finalmente, a ação declaratória positiva ou negativa tem por objetivo obter uma sentença 
que torne incontroverso o direito de propriedade. É cabível quando paira dúvida sobre a 
autenticidade do título de propriedade. 
 
OUTRAS AÇÕES 
 
Há ainda certas ações conferidas tanto ao proprietário como ao possuidor. São as seguintes: 
 
 embargos de terceiro; 
 nunciação de obra nova; 
 dano infecto. 
 
EMBARGOS DE TERCEIRO 
 
É a ação conferida ao proprietário ou possuidor para recuperar a posse do bem apreendido 
por ato judicial originário de processo de que não foi parte. 
Assemelha-se à ação de reintegração de posse. Nesta o bem é apreendido por ato de 
particular, ao passo que naquela, por ato judicial. Assim, é cabível embargos de terceiros quando o 
bem é apreendido por ato do juiz em penhora, arresto, sequestro, imissão na posse, etc. 
Admitem-se também os embargos de terceiro preventivos para impedir o cumprimento de 
ordem judicial de apreensão do bem. 
Os pressupostos da ação de embargos de terceiro são os seguintes: 
 
a) uma apreensão judicial do bem; 
b) qualidade de proprietário ou possuidor do embargante; 
c) qualidade de terceiro do embargante em relação ao processo de onde emanou a ordem 
judicial de apreensão; 
d) interposição no prazo do art. 675 do CPC/2015. 
A apreensão judicial do bem é o traço distintivo das ações possessórias, pois nestas a posse é 
turbada ou esbulhada por ato de particular. 
Distingue-se também da oposição, na qual o opoente pretende discutir o direito material 
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
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disputado entre autor e réu, ao passo que nos embargos de terceiros, o embargante não tem 
interesse na relação jurídica material. 
Somente o proprietário ou possuidor do bem pode ingressar com embargos de terceiro. Se o 
terceiro embargante não for proprietário nem possuidor, o juiz rejeitará in limine os embargos. 
Nos embargos de terceiro, o bem é apreendido judicialmente em processo onde o 
embargante não é parte. 
Há, porém, quatro casos em que a lei permite a interposição de embargos de terceiro por 
quem é parte no processo (art. 674, § 2º, do CPC/2015): 
 
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, 
ressalvado o disposto no art. 843. Observe-se que se a dívida contraída pelo cônjuge reverter em 
proveito da família, o outro cônjuge não poderá ingressar com embargos de terceiro; nesse caso, 
ser-lhe-á lícito intentar embargos à execução para discutir a legitimidade do título executivo. 
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da 
alienação realizada em fraude à execução. Trata-se dos embargos do terceiro que adquiriu o bem 
do devedor insolvente. Para que a fraude de execução seja afastada, o terceiro terá que comprovar 
a boa-fé e o erro escusável. 
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da 
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte. 
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de 
garantia,caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. 
Aliás, nessas quatro hipóteses em que a lei faculta à parte os embargos de terceiro, nada 
obsta o ajuizamento dos embargos à execução, podendo optar entre uma e outra via processual. 
Entretanto, nos embargos de terceiro, também denominados embargos de separação, não se 
discute o direito do autor ou o título executivo, pede-se apenas a exclusão do bem, ao passo que 
nos embargos à execução discute-se a legitimidade do título executivo. 
Cabe também embargos de terceiros na ação divisória e demarcatória de imóvel que ameaça 
molestar a posse de alguém, ainda que não haja esbulho. 
Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz 
mandará intimá-lo pessoalmente (parágrafo único do art. 675 do CPC/2015). 
Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu 
adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial (§ 
4o do art. 677 do CPC/2015). 
Esclarece Vicente Greco Filho que “no polo passivo dos embargos de terceiro figura como réu 
aquele que der causa à apreensão judicial, mediante pedido ao Poder Judiciário, ainda que não haja, de 
sua parte, indicação direta e precisa do bem a ser apreendido. Assim, na execução, se forem 
penhorados bens de terceiros, será réu da ação de embargos o credor exequente, mesmo que não 
tenha sido ele pessoalmente quem tenha indicado o bem para ser penhorado e a penhora resultou de 
atuação de ofício do oficial de justiça”. Evidentemente, o executado que nomear à penhora bens de 
terceiro será o réu na ação de embargos de terceiro, juntamente com o exequente, mas o executado 
responderá pelos ônus da sucumbência à medida que ele deu causa ao processo (súmula 303 do STJ). 
Quanto ao prazo, cuja natureza é decadencial, varia conforme o tipo de processo em que 
ocorreu a apreensão judicial do bem. No processo de conhecimento, os embargos podem ser 
apresentados a qualquer tempo, enquanto não transitada em julgado a sentença. No caso de bem 
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apreendido em processo de execução ou cumprimento de sentença, o prazo é de cinco dias depois 
da arrematação, adjudicação ou da alienação por iniciativa particular, mas sempre antes da 
assinatura da respectiva carta. 
A perda do prazo para intentar embargos de terceiro não inviabiliza o ajuizamento da ação de 
anulação do ato judicial e nem a ação de indenização pelas perdas e danos. 
Os embargos de terceiro tramitam em autos distintos, mas são distribuídos por dependência 
ao juízo que ordenou a apreensão. Se os autos do processo estiverem no tribunal em grau de 
recurso, os embargos devem ser interpostos no juízo de primeiro grau. 
No caso de apreensão por carta precatória, tendo sido o bem apreendido indicado pelo juízo 
deprecante, este será o juízo competente, caso contrário a competência será do juízo deprecado. É 
o que dispõe a Súmula 33 do extinto TRF: “O juízo deprecado, na execução por carta, é o 
competente para julgar os embargos de terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo 
deprecante”. A propósito, também preceitua o parágrafo único do art. 676 do CPC/2015: “Nos 
casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, 
salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta”. 
Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da 
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas (art. 677 do CPC/2015). É 
facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. (§ 1o do art. 677 do 
CPC/2015).O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio (§ 2o do art. 677 do 
CPC/2015). 
Recebendo a petição inicial, o juiz poderá deferir a liminar, ordenando a expedição de 
mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante. Com efeito, a decisão que 
reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas 
constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a 
reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. (art. 678 do CPC/2015). O 
juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à 
prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente (parágrafo único do art. 678 do CPC/2015). 
A citação é na pessoa do advogado, mas será pessoal se o embargado não tiver procurador 
constituído nos autos da ação principal (§2º do art. 677 do CPC/2015). 
De acordo com o art. 680 do CPC/2015, contra os embargos do credor com garantia real, o 
embargado somente poderá alegar que: 
I - o devedor comum é insolvente; 
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; 
III - outra é a coisa dada em garantia. 
Assim, os embargos à execução interpostos por credor com garantia real, para excluir a 
penhora que recaiu sobre o bem dado em garantia, só serão procedentes se havia outros bens que 
poderiam ser penhorados. 
Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o 
procedimento comum (art. 679 do CPC/2015). 
Da sentença que julgar os embargos de terceiro cabe apelação com efeito suspensivo, 
mantendo-se o processo principal suspenso até o julgamento do recurso. Observe-se, contudo, que 
a simples interposição dos embargos de terceiro já suspende o processo. Entretanto, só se 
suspenderá o curso do processo principal quando versarem sobre todos os bens. Versando sobre 
alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados. Assim, 
opostos embargos de terceiro pela mulher casada, para defender sua meação, nada obsta ao 
prosseguimento do processo principal, com praça da metade do bem pertencente ao marido. Os 
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embargos de terceiros ajuizados pela União e entidades federais do art. 109, I, da CF, são julgados 
pela Justiça Federal, mas a ação principal será julgada pela Justiça Estadual. 
A Súmula 84 do STJ dispõe que “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados 
em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que 
desprovido de registro”. Assim está revogada a Súmula 621 do STF. 
Discute-se a admissibilidade dos embargos de terceiro na execução da ação reivindicatória, 
opinando Washington de Barros Monteiro pela negativa, pois “o autor, na reivindicação, tem de 
provar a posse do réu. Se, por sentença, se reconhece que este possuía a coisa, não será possível, 
depois, admitir que tal posse era do terceiro embargante”. Há, porém, julgados admitindo 
embargos de terceiro em ação reivindicatória (RT 672/169). 
Controverte também a doutrina no tocante à admissibilidade dos embargos de terceiro nas 
ações possessórias. Uns entendem que não é possível, porque ditos embargos não são admissíveis 
quando o bem apreendido for o próprio objeto da ação ou execução, restando ao terceiro o 
ajuizamento da oposição. A jurisprudência dominante tem, porém, aceito os embargos de terceiro. 
Mas, concedida a liminar, os embargos só podem ser interpostos até o trânsito em julgado da 
sentença. Se, contudo, a liminar não for concedida, só ocorrendo a reintegração ou manutenção de 
posse após otrânsito em julgado da sentença de procedência, são perfeitamente admissíveis os 
embargos de terceiro em execução da ação possessória, no prazo de cinco dias a contar da 
apreensão judicial do bem. 
 
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA OU EMBARGO DE OBRA NOVA 
 
A finalidade desta ação é suspender a construção de obra nova realizada no imóvel vizinho, 
evitando a sua conclusão, propiciando-se, destarte, a preservação dos direitos de vizinhança. 
A nunciação pressupõe a existência de dois prédios contíguos, sendo o primeiro prejudicado 
por obra realizada no segundo. Inadmissível a ação se a obra nova vem a ser executada não no 
prédio do nunciado, mas na rua ou num logradouro público, cabendo, em tal hipótese, mera 
reclamação administrativa. 
O objeto da presente ação é paralisar a obra que se encontra em andamento. Mister, pois, se 
trate de obra nova, isto é, em construção. Estando a obra concluída ou já na fase de acabamento, 
inviabiliza-se o exercício da ação em estudo, restando ao prejudicado a ação demolitória cumulada 
com perdas e danos. 
Obra nova não é apenas edificação, abrange também reforma, escavações, terraplanagens, 
colheita ou qualquer outra atividade realizada em imóvel urbano ou rural violadora das normas de 
direito de vizinhança e posturas municipais. Assim, por exemplo, admite-se a ação para impedir a 
obra que pretende desviar um córrego. É cabível a ação antes mesmo do início da obra, desde que 
hajam indícios de que a obra seja realizada. 
Enquanto a ação possessória pressupõe esbulho ou turbação, como, por exemplo, construção 
em terreno alheio, na ação de nunciação, a obra é realizada no imóvel vizinho, inocorrendo atos de 
turbação ou esbulho. Acontecendo, porém, de uma parte da obra vizinha invadir terreno alheio, 
cabível será tanto a ação de nunciação de obra nova como a ação de reintegração de posse, 
facultando-se ao possuidor prejudicado o ajuizamento de uma ou outra ação. 
Compete ao proprietário ou possuidor, que sejam vizinhos da obra, promover o ajuizamento da 
ação de nunciação de obra nova, a fim de impedir que a obra nova realizada em imóvel vizinho lhe 
prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado . Nesse caso, a ação gira em torno do direito 
de vizinhança caracterizada pela interferência de um prédio no outro. 
O condômino também pode promover a aludida ação para impedir que o co-proprietário 
execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum. Note-se que, nesse caso, não se 
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questiona sobre direito de vizinhança. 
A referida ação tramita no rito comum, pois o CPC/2015 não lhe prevê rito especial. 
Legitimado passivo é o proprietário da obra, não o seu possuidor ou construtor. 
O nunciante (autor) poderá, na inicial, cumular os seguintes pedidos: 
a) o embargo liminar para que fique suspensa a obra até a sentença final; 
b) a demolição da obra, sua modificação ou restauração. Trata-se, para o STJ, de um pedido 
implícito. 
c) cominação de pena (multa diária) para o caso do nunciado (réu) inobservar a liminar 
concedida; 
d) condenação do nunciado em perdas e danos; 
e) apreensão e depósito dos materiais e produtos já retirados pelo nunciado, quando se tratar de 
demolição, colheita, corte de materiais, extração de minérios e obras semelhantes. 
 
O pedido de embargo liminar, isto é, de suspensão da obra é o único que deve 
necessariamente constar na inicial, sob pena de não se tratar de ação de nunciação de obra nova. 
Se, por exemplo, o nunciante pede tão-só o desfazimento da obra, sem requerer o embargo 
liminar, a ação é demolitória, e não nunciatória. 
Recebendo a inicial, é lícito ao juiz conceder o embargo liminarmente ou após justificação 
prévia. Indeferida a liminar, o processo é extinto sem resolução do mérito, pois a suspensão in 
limine da obra é pressuposto de validade do processo, podendo este, porém, prosseguir em relação 
aos demais pedidos cumulativos. Outra corrente sustenta que o processo deve prosseguir e se a 
obra for concluída no curso da ação, esta será convertida em ação demolitória. 
Não há prazo para intentar a ação de nunciação de obra nova. Observe-se, contudo, que o 
ajuizamento só é possível antes de terminada a obra. 
Por outro lado, esclarece Washington de Barros Monteiro que “possível se torna o exercício 
da nunciação contra o poder público, quando este age more privatorum. Todavia, se o poder 
público age, não como particular, porém no exercício de sua função normal, no interesse público, 
como, por exemplo, quando executa obras em plena rua, não se concebe que sua atividade possa 
ser tolhida pelo embargo de obra nova”. Isto em virtude do princípio da continuidade dos serviços 
públicos. 
A nunciação de obra nova pode também ser ajuizada para suspender obra de demolição de 
um prédio, que traga risco à segurança do imóvel vizinho. 
Por fim, ensina Orlando Gomes que “apesar de competir a todo possuidor, o embargo de obra 
nova não é considerado, por muitos, ação possessória, propriamente dita, porque não constitui, em 
verdade, reação do possuidor para defesa definitiva da posse”. 
 
AÇÃO DE DANO INFECTO 
 
É cabível a ação ao proprietário ou possuidor que tiver justo receio de sofrer algum dano 
proveniente de ruína de casa vizinha ou do vício de obras. 
Nítido o seu caráter preventivo, pois o dano ainda não ocorreu. Baseia-se o pedido no justo 
receio de que possa ocorrer no futuro. 
Trata-se de ação cominatória, pedindo o autor na inicial que o réu faça ou deixe de fazer 
alguma coisa, sob pena de multa diária. 
A ação de dano infecto está relacionada com direito de vizinhança, podendo ser ajuizada 
contra o vizinho que esteja fazendo mau uso do imóvel, seja ele o proprietário ou o possuidor (v.g., 
inquilino, usufrutuário, etc.). 
A aludida ação, que pode ser proposta pelo proprietário ou possuidor, é para impedir o mau 
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uso, impondo ao réu uma obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de multa diária. 
Se o dano já ocorreu e o mau uso perdura, cabível a ação, pois há risco de futuros danos. Se o 
mau uso já ocorreu e não mais perdura, incabível a ação de dano infecto, devendo a parte 
prejudicada ingressar com ação de indenização. 
O dano pode ser econômico ou moral. Como ensinava Pontes de Miranda, a vizinhança de um 
bordel em zona familiar é mau uso; também a vizinhança de um salão de jogos ou a utilização para 
atividades que tornam frequentes as visitas ou batidas policiais. 
O conceito de vizinhança, para efeito de ação de dano infecto, é mais amplo, “considerando-
se vizinho todo o prédio até o qual chegam as imissões prejudiciais à segurança, ao sossego ou à 
saúde de seus moradores” (Pontes de Miranda). 
A ação de dano infecto é prevista para impedir o mau uso da propriedade; não tem caráter de 
ressarcimento de danos, mas havendo justo receio de dano iminente e de difícil reparação, o autor 
poderá requerer que o réu preste caução pelo dano iminente (art. 1.280 do CC). 
A ação de dano infecto pode ser cumulada com indenização por perdas e danos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PERGUNTAS: 
 
1) Quais são os efeitos da posse? 
2) A detenção gera algum desses efeitos? 
3) Qual desses efeitos é resquício da vingança privada? 
4) O que é defesa direta? 
5) Qual a diferença entre legitima defesa e desforço imediato? Quais os seus requisitos? 
6) É possível emprego de armas para defender a posse? 
7) O que são e quais são os interditos possessórios? 
8) Qual o fundamento da proteção possessória? 
9) Os interditos são as únicas ações que se prestam à defesa da posse? 
10) Qual a diferença entre esbulho e turbação? 
11) Qual a diferença entre as ações de manutenção e reintegração de posse? 
12) Quais os requisitos para a propositura das ações acima? 
13) É possível adquirir posse por documento? 
14) O que é interdito proibitório? Qual a sua finalidade? 
15) Quais os requisitos do interdito proibitório? 
16) É cabível interdito proibitório contra ato administrativo? 
17) A ameaça de ingressar na justiça serve de fundamento para o interdito proibitório? 
18) Quais os princípios das ações tipicamente possessórias? 
19) O que é o princípio da fungibilidade? Quais as ações são fungíveis entre si? 
20) Por que as ações possessórias são dúplices? Que tipo de pedido pode ser formulado na 
contestação? 
21) Em que consiste a proibição da exceptio proprietatis? 
22) Em que hipótese é possível discutir propriedade nas ações possessórias? 
23) Qual a diferença entre as ações possessórias de força nova e de força velha? 
24) O juiz pode conceder a liminar sem ouvir o réu ou deve marcar audiência de justificação? 
25) Nesta audiência, quem pode arrolar testemunhas? É possível ao réu fazer reperguntas? 
26) É cabível liminar nas ações possessórias em face do poder público? 
27) Quando a ação possessória se converte em desapropriação indireta? 
28) Qual o recurso cabível que concede ou denega a liminar? É cabível mandado de segurança? 
29) Quais os pedidos que o autor pode cumular nas ações possessórias? 
30) O réu pode exigir que o autor preste caução? 
31) Qual o foro competente para a ação possessória? 
32) O que são ações dominiais? 
33) Quais são as ações petitórias? 
34) Qual a diferença de imissão de posse e ação reivindicatória? Estas ações têm rito especial? 
35) O que é ação publiciana? 
36) O que é ação negatória? 
37) Quem pode ajuizar embargos de terceiro? 
38) Qual a diferença entre as ações de embargos de terceiro e reintegração de posse? 
39) Qual o prazo para interpor embargos de terceiros? 
40) A perda do prazo inviabiliza a indenização? 
41) Quem figura no polo passivo dos embargos de terceiros? 
42) Se o bem é apreendido por carta precatória, qual o juízo competente para os embargos de 
terceiros? 
43) Qual o recurso cabível da sentença que julga os embargos de terceiro? 
44) Qual a finalidade de nunciação de obra nova? 
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45) O que é obra nova? 
46) Como se distingue esta ação da ação possessória? 
47) Quem pode mover o embargo de obra nova? 
48) Quem é o legitimado passivo nesta ação? 
49) Quais os pedidos cumuláveis nesta ação? 
50) Quando é cabível a ação de dano infecto? 
51) Quem pode movê-la? 
52) É uma ação cominatória? 
53) Se o mau uso do imóvel já ocorreu, é cabível esta ação? 
54) Como Pontes de Miranda define vizinhança? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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