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Colaboração Premiada no Combate ao Crime Organizado


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Crime Organizado 
(Lei nº 12.850/13) 
 
10. Colaboração Premiada. 
 
10.1. Origem. 
Originado do Direito anglo saxão, com a expressão crown witness (testemunha da coroa). Foi amplamente 
utilizada nos Estados Unidos no combate ao crime organizado e adota com grande êxito na Itália em prol do 
desmantelamento da máfia. 
 
10.2. Justiça Consensual. 
(a) Justiça Restaurativa: 
Baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da infração penal, sustenta a 
reaproximação das partes envolvidas para que seja restabelecido o cenário anterior. 
 
(b) Justiça Reparatória: 
Baseada na conciliação promovida pelos órgãos integrantes do sistema criminal, como ocorre na transação penal 
e nos termos de ajustamento de conduta 
 
(c) Justiça Negocial: 
Baseada no acordo celebrado entre o agente e o órgão acusador acerca das consequências da prática criminosa, 
o que evidentemente, pressupõe a admissão de culpa. É nela que se inclui a colaboração premiada. 
 
10.3. Conceito de Colaboração Premiada. 
Consiste em técnica especial de investigação por meio do qual o coautor e/ou partícipe da infração penal, além de 
confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal 
informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em 
contrapartida, determinado prêmio legal. 
 
(a) Delação Premiada (ou Chamamento de Corréu): 
(b) Colaboração Para Libertação: 
(c) Colaboração Para Localização e Recuperação de Ativos: 
(d) Colaboração Preventiva: 
 
10.4. Direito Ao Silêncio. 
 
Obs.: O Colaborador Que Mente Pratica Falso Testemunho? 
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou 
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 
 
10.5. Objetivos da Colaboração Premiada (art. 4º). 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles 
praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização 
criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
 
10.6. Eficácia Objetiva. 
Para que o agente faça jus aos prêmios legais, as informações prestadas pelo colaborador devem ser 
objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos. 
 
10.7. Prêmios Legais. 
(a) Diminuição de pena: de 1/6 até 1/3, se anterior à sentença (art. 4º, caput); e de 1/6 a 1/2, se posterior à 
sentença (art. 4º, §5º da Lei nº 12.850/13) 
(b) Substituição por pena restritiva de direitos (art. 4º, caput, Lei nº 12.850/13), ainda que ausente os requisitos do 
art. 44 do Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
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(c) Perdão judicial (art. 4º, §2º, da Lei nº 12.850/13). 
(d) Sobrestamento do prazo para oferecimento da denúncia ou suspensão do processo, e do prazo prescricional 
até 6 meses, prorrogáveis por igual período (art. 4°, §3º da Lei nº 12.850/13). 
(e) Não oferecimento da denúncia (art. 4º, §4º da Lei nº 12.850/13). 
(f) Progressão de Regime, ainda que ausente os requisitos objetivos (art. 4º, §5º, in fine da Lei nº 12.850/13) 
 
Observações: 
(a) Os prêmio legais consistem em direito subjetivo do acusado ou mera discricionariedade do Juiz? 
Segundo o STF, o Juiz possui discricionariedade, tão somente, quanto à espécie de prêmio legal a ser concedido 
(HC nº 84.609/SP). 
 
(b) Requisitos Para Concessão dos Prêmios Legais. 
• Eficácia Objetiva das Informações: 
• Circunstâncias Judiciais do Colaborador: 
 
10.8. Valor Probatório. 
O acordo de delação premiada não possui valor probatório absoluto, não podendo ser usada de maneira isolada 
para fundamentar uma condenação (art. 4º, §16 da Lei nº 12.850/13) 
 
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
 
10.9. Papel do Juiz. 
 
§ 6
o
 O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de 
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do 
Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 
§ 7
o
 Realizado o acordo na forma do § 6
o
, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e 
de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, 
legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu 
defensor. 
 
10.10 Legitimidade e Momento Para Proposta de Acordo de Colaboração Premiada. 
Art. 4º, §2º. Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o 
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer 
ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido 
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 
1941 (Código de Processo Penal). 
 
10.10.1. Legitimidade: 
(a) Investigação Criminal: 
 
(b) Processo Judicial: s 
• Cuidado: Recusa Injustificada: 
 
10.10.2. Momento Para a Proposta. 
O ideal é que o acordo seja celebrado ainda na fase investigatória, mas é possível o ajuste a qualquer momento, 
mesmo depois da condenação irrecorrível, desde que as informações ainda sejam objetivamente úteis. 
 
10.11. Retratação do Acordo. 
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo 
colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
 
10.12. Sigilo do Acordo de Colaboração Premiada. 
Art. 7
o
 O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que 
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. 
 
§ 2
o
 O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de 
garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos 
elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização 
judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
 
 
 
 
 
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11. Ação Controlada. 
 
11.1. Conceito. 
Trata-se de técnica especial de investigação por meio da qual é retardado o momento da intervenção dos órgãos 
estatais responsáveis pela persecução penal, que deve ocorrer no momento mais oportuno sob o ponto de vista 
da investigação criminal. 
 
11.2. Autorização Judicial. 
(a) Lei de Lavagem de Capitais e Lei de Drogas: 
(b) Lei de Organização Criminosa: 
 
 
 
11.3. Flagrante Retardado (Prorrogado ou Diferido). 
Na ação controlada, o retardamento da atuação policial autoriza a efetuação da prisão em flagrante m momento 
posterior, quando mais apto à colheita de elementos de informação. 
 
Art. 301, CPP. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer 
que seja encontrado em flagrante delito. 
 
Obs.: Ausência de Estado de Flagrância: 
Não havendo situação de flagrante do art. 302 do CPP, não pode a autoridade policial atuar com total 
discricionariedade. 
Conclusão: 
 
11.4. Entrega Vigiada. 
Espécie de ação controlada, técnica especial de Investigação que consiste em permitir que remessas ilícitas ou 
suspeitas saiam do território de um ou mais Estados, os atravessemou neles entrem, com o conhecimento e sob 
o controle das suas autoridades competentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar as pessoas 
envolvias na sua prática. 
 
 
 
12. Infiltração de Agentes. 
 
12.1. Conceito. 
Técnica especial de investigação por meio da qual um agente é introduzido dissimuladamente em uma 
organização criminosa, passando a agir como um de seus integrantes, ocultando sua verdadeira identidade, com 
o objetivo precípuo de identificar fontes de prova e obter elementos de informação capazes de permitir a 
desarticulação da referida associação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12.2. Atribuição Para a Infiltração. 
Ela só pode ser levada adiante por agente de polícia judiciária, ou seja, agentes da Polícia Federal ou Civil. 
→ Conclusão. 
 
12.3. Requisitos da Infiltração. 
(a) Prévia autorização Judicial: 
(b) Fumus Comissi Delicti: 
(c) Indispensabilidade da Infiltração: 
(d) Anuência do Agente Policial: 
 
12.4. Prazo da Infiltração. 
 
 
 
Obs.: Agente Infiltrado e Agente Provocador. 
 
 
 
12.5. Responsabilidade Criminal do Agente infiltrado. Quando concede a autorização judicial prévia, o juiz 
estabelece limites materiais, ou seja, quais são os crimes que poderá o agente praticar (art. 2º da Lei nº 
12.850/13). 
Conclusão.: estaria atuando em estrito cumprimento do dever legal. 
 
Obs.: E quando o agente é obrigado pela organização a praticar infração penal diversa? 
Cuidado: 
 
12.6. Acesso a Dados Cadastrais (art. 15). 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, 
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o 
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e 
administradoras de cartão de crédito. 
 
13. Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova 
 
13. Introdução. 
Tratam-se de infrações penais que visam assegurar a eficácia e eficiência dos meios de obtenção de provas 
previstos na Lei nº 12.850/13. 
 
13.2. Revelação de Identidade de Colaborador. 
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: Pena - 
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
13.2.1. Análise do Tipo Penal: 
 
 
 
 
 
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(a) Revelar a Identidade: 
(b) Fotografar: 
(c) Filmar: 
 
• Cuidado: Consentimento do Colaborador: 
 
13.2.2. Sujeito Ativo: 
 
13.2.3. Sujeito Passivo: 
 
13.2.4. Elemento Subjetivo: 
 
13.3. Colaboração Caluniosa e Fraudulenta. 
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que 
sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas: Pena 
- reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
13.3.1. Análise do Tipo Penal. 
(a) Colaboração Caluniosa (Imputar Falsamente a Prática de Infração Penal a Pessoa Que Sabe Ser Inocente): 
 
Obs.: Colaboração Caluniosa x Denunciação Caluniosa. 
 
 
 
(b) Colaboração Fraudulenta (Revelar Informações Sobre a Estrutura de Organização Criminosa Que Sabe 
Inverídicas): 
 
13.3.2. Elemento Subjetivo: 
(a) Colaboração Caluniosa: 
(b) Colaboração Fraudulenta: 
• Conclusão. 
 
13.3.3. Sujeito Ativo: 
 
13.3.4. Sujeito Passivo: 
 
13.3.5. Consumação e Tentativa: 
 
13.4. Quebra de Sigilo das Investigações. 
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de 
agentes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
13.4.1. Análise do Tipo Penal. 
O art. 20 tipifica como crime a violação de sigilo envolvendo ação controlada e infiltração de agente. 
 
 
 
 
 
 
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13.4.2. Elemento Subjetivo: 
 
13.4.3. Sujeito Ativo: 
 
13.4.4. Sujeito Passivo: 
 
13.4.5. Consumação e Tentativa. 
 
13.5. Sonegação de Informações Requisitadas. 
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério 
Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 
(dois) anos, e multa. 
 
13.5.1. Análise do Tipo Penal 
(a) Recusar: 
(b) Omitir: 
• Cuidado: o Delegado e o Ministério Público terão acesso independentemente de autorização judicial a dados 
cadastrais de investigados. 
 
13.5.2. Elemento Subjetivo: 
 
13.5.3. Sujeito Ativo: 
 
13.5.4. Sujeito Passivo: 
 
13.5.5. Consumação e Tentativa: 
Obs.: Requisição Com Prazo: 
• Conclusão. Tratando-se de crime omissivo próprio, não admite tentativa. 
 
Art. 21, Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz 
uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. 
(a) Apossar: 
(b) Propalar: 
(c) Divulgar: 
(d) Fazer Uso: 
 
Cuidado: Apesar do silêncio da redação típica, parece evidente que os cadastros contenham informações 
sigilosas. 
 
14. Juízos Colegiados de 1º Grau (Lei nº 12.694/12). 
 
14.1. Conceito (art. 1º, §2º). 
Órgão colegiado, composto por 3 juízes com competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição, 
cuja finalidade é o processo e julgamento de crimes cometidos por organizações criminosas. 
 
Obs.: Turmas Recursais x Juízos Colegiados de 1º Grau: 
• Premissa: ambas são formadas por juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição 
 
 
 
 
 
 
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Obs.: “Juiz Sem Rosto”. 
 
14.2. Atos de Competência do Colegiado (art. 1º, caput). 
Art. 1
o
 Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o 
juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: (...) 
§ 3
o
 A competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi convocado. 
 
Obs.: “Ato Para o Qual Foi Convocado”. 
(a) Primeira Posição: 
(b) Segunda Posição: 
 
14.3. Momento Para Formação do Órgão Colegiado. 
A formação do órgão colegiado pode ocorrer em qualquer fase do processo (conhecimento e execução), desde 
que antes da instrução processual. 
 
14.4. Procedimento Para Formação do Juízo Colegiado. 
(a) Decisão do Juiz de 1º Grau: 
§ 1
o
 O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua 
integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. 
 
Obs.: Cabe Recurso da Decisão de Formação do Juízo Colegiado? 
 
(b) Escolha de Mais Dois Juízes Criminais Em Exercício no 1º Grau de Jurisdição: 
§ 2
o
 O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico 
dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. 
 
Obs.: (In)Constitucionalidade da Foração do Juízo Colegiado. 
O Juízo colegiado não viola o princípio do Juiz natural, pois a sua competência é estabelecida antes da prática da 
infração penal por organização criminosa. Além disso, os demais Juízes que compõe o órgão são sorteados, sem 
que seja violada a sua imparcialidade. 
 
(c) Comunicação do Órgão Correicional: 
§ 1
o
 O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua 
integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. 
 
(d) Reuniões Sigilosas e Decisão Fundamentada Sem Referência a Voto Divergente: 
§ 4
o
 As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade resulte em prejuízo à 
eficácia da decisão judicial. 
§ 5
o
 A reunião do colegiado composto por juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser feita pela viaeletrônica. 
§ 6
o
 As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus 
integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro. 
 
 
 
 
 
 
 
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