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UPO004 AGPS Cap 7 8 010617 RRVF

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ANATOMIA GERAL E 
PRIMEIROS SOCORROS
Maurício Mandalozzo Ruppel 
Samia Moreira Akel
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R946 Ruppel, Maurício Mandalozzo
 Anatomia geral e primeiros socorros [recurso eletrônico]. / 
 Maurício Mandalozzo Ruppel, Samia Moreira Akel. – Curitiba : 
 Universidade Positivo, 2016. 
 218 p. : il.
 Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
 Modo de acesso: <http://www.up.edu.br>
 Título da página da Web (acesso em 25 out. 2016).
 ISBN: 978-85-8486-255-9
 1. Anatomia humana. 2. Primeiros socorros.
 I. Akel, Samia Moreira. II. Título. 
CDU 611:616-083.98
Ícones
Afirmação
Contexto
Biografia
Conceito
Esclarecimento
Dica
Assista
Curiosidade
Exemplo
Sumário
Capítulo 7 
Introdução aos primeiros socorros ....................................................................................7
7.1 Epidemiologia e cinemática do trauma .......................................................................8
7.1.1 Tipos mais comuns de acidentes .............................................................................................................................. 8
7.1.2 Considerações sobre traumas ................................................................................................................................ 10
7.1.3 Cinemática do trauma .............................................................................................................................................11
7.1.4 Equipamentos necessários ao socorrista .................................................................................................................14
7.2 Avaliação de uma vítima de acidentes ......................................................................15
7.2.1 Controle da cena .....................................................................................................................................................15
7.2.2 Avaliação primária ..................................................................................................................................................15
7.2.3 Abordagem secundária ......................................................................................................................................... 20
7.2.4 ABC ou CAB? .......................................................................................................................................................... 22
7.3 Suporte Básico de Vida (SBV) ...................................................................................23
7.3.1 Vias aéreas .............................................................................................................................................................. 23
7.3.2 Circulação ............................................................................................................................................................... 25
7.3.3 Respiração .............................................................................................................................................................. 26
7.3.4 Consciência e exposição da vítima ........................................................................................................................ 27
7.4 Sinais vitais .................................................................................................................27
7.4.1 Pressão arterial ....................................................................................................................................................... 28
7.4.2 Pulso ...................................................................................................................................................................... 29
7.4.3 Temperatura............................................................................................................................................................31
7.4.4 Respiração ...............................................................................................................................................................31
Referências ......................................................................................................................32
Capítulo 8 
Primeiros socorros ...........................................................................................................33
8.1 Ferimentos, hemorragias, queimaduras ....................................................................33
8.1.1 Estancar o sangue .................................................................................................................................................. 34
8.1.2 Curativos ................................................................................................................................................................ 36
8.1.3 Queimaduras.......................................................................................................................................................... 37
8.2 Fraturas, entorses, luxações e transporte de acidentados.........................................39
8.2.1 Imobilizações ..........................................................................................................................................................41
8.2.2 Enfaixamentos ....................................................................................................................................................... 44
8.2.3 Transporte ............................................................................................................................................................. 44
8.2.4 Improvisações ........................................................................................................................................................ 47
8.3 Desmaios, crises convulsivas e intoxicações ..............................................................48
8.3.1 Desmaios ............................................................................................................................................................... 48
8.3.2 Características clínicas das convulsões ..................................................................................................................50
8.3.3 Agentes tóxicos ..................................................................................................................................................... 52
8.4 Atendimento a gestantes e afogamentos .................................................................53
8.4.1 Emergências em gestantes não relacionadas ao parto ......................................................................................... 54
8.4.2 Emergências em gestantes no momento do parto .............................................................................................. 54
8.4.3 Afogamentos ......................................................................................................................................................... 56
8.4.4 Prevenção de afogamentos ................................................................................................................................... 57
Referências ......................................................................................................................59
7 Introdução aos primeiros socorros
Os acidentes e os traumas podem acontecer em qualquer local, seja no trabalho 
ou nos ambientes social, familiar ou de lazer . Os fisioterapeutas, professores de 
Educação Física, biomédicos e outros profissionais da saúde serão os responsáveis 
técnicos nessas situações e, na ocorrência de algum trauma ou emergência clínica, 
deverão estar preparados para responder prontamente com atendimento imediato 
adequado e de qualidade para preservar a vida e saúde das pessoas. O Código Penal 
Brasileiro, inclusive, prevê em seu art. 135 multa ou detenção de qualquer cidadão em 
casos de omissão de socorro, isto é:
Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abando-
nada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. (BRASIL, 1940, s. p.).
Nas situações de emergência, o atendimento correto e apropriado deve ser reali-
zado e iniciado o mais rapidamente possível, visando à sobrevivência do indivíduo ou 
evitando que danos maiores ocorram em função de um atendimento inadequado, 
realizado por pessoas despreparadas. 
As reações de quem presencia um acidente ou uma emergência clínica são as 
mais variadas possíveis, e geralmente só saberemos qual será nossa atitude ao presen-
ciar uma situação de emergência. Independentemente da reação inicial, é importante 
entendermos que ela dura apenas um determinado tempo e, na sequência, reco-
bramos a razão, dominamos nossos sentimentos e precisamos agir. 
Essa ação exige conhecimento e preparo por parte do socorrista e deve ser 
rápida, organizada e eficiente, para que a vítima possa ter maiores chances de sobre-
vivência ou para que tenha menos danos possíveis no seu organismo. Desse modo, as 
situações de emergência não devem ser encaradas com surpresas para que os aten-
dimentos aconteçam de forma improvisada, mas sim, precisam ser previstas, previa-
mente estudadas e até mesmo simuladas. Os profissionais de saúde devem ser 
treinados e preparados para emergências, com equipamentos adequados e planeja-
mento pessoal e logístico para o encaminhamento das vítimas ou para o chamado de 
uma equipe especializada.
Neste capítulo, estudaremos as características clínicas das situações de emer-
gência e os procedimentos básicos de primeiros socorros com o objetivo de trazer 
conhecimento e informações sobre o suporte básico de vida (SBV) para que o 
socorrista possa dar condições adequadas à vítima até a chegada do atendimento 
especializado . 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 8
7.1 Epidemiologia e cinemática do trauma
A epidemiologia do trauma é o estudo dos fatores que podem intervir na difusão 
dos traumas e emergências clínicas, sua frequência, distribuição, evolução e prevenção 
em determinado conjunto populacional. Já a cinemática do trauma é o processo de 
análise e avaliação do acidente, que permite a identificação e a determinação das 
forças mecânicas e dos mecanismos envolvidos num trauma e das lesões resultantes.
Estudar os traumas é importante, afinal, são comuns no dia a dia das pessoas, 
principalmente dos profissionais de saúde, que precisam lidar com eles cotidiana-
mente. Segundo Oliveira, Silva e Martuchi (2013), no Brasil, os traumas são responsá-
veis por algo em torno de 110 mil óbitos anualmente, além de causarem incapacidade 
temporária em cerca de 3,5 milhões de pessoas e lesões definitivas em 120 mil. Ainda 
conforme os autores, o número de internações ao ano chega a 1,7 milhões. 
Oliveira, Silva e Martuchi (2013) ainda afirmam que todos os anos são gastos 
milhões de reais no custeio do atendimento hospitalar, assistência médica, transporte 
e reabilitação dessas vítimas de trauma . Os gastos com encargos trabalhistas também 
são expressivos, devido ao tempo de afastamento ocasionado pelo trauma, a seguri-
dade social (em função do afastamento e aposentarias por invalidez) e o tempo de vida 
produtiva perdido.
Por mais impactantes que sejam esses custos e essas estatísticas sobre o trauma, 
maior ainda é o custo para as pessoas que sofrem o acidente. De acordo com Oliveira, 
Silva e Martuchi (2013), as principais vítimas são indivíduos na faixa etária produtiva 
e jovens, portanto, não podemos descartar os impactos sociais e financeiros sobre a 
família dos acidentados globalmente, 50% da mortalidade ocorre na faixa dos 15 aos 44 
anos, e o número de homens vítimas de traumas é duas vezes maior que o de mulheres.
A cinemática do trauma será abordada mais adiante em um item específico para 
este tema, e na próxima seção, conheceremos os principais tipos de acidentes e de 
situações de emergência que poderemos encontrar no dia a dia. 
7.1.1 Tipos mais comuns de acidentes
Os tipos mais comuns de acidentes são os traumatismos, que podem ter como 
consequências as fraturas, luxações, entorses, hemorragias, esmagamentos e contu-
sões. Esses traumatismos podem ocorrer tanto nos esportes coletivos, competitivos 
ou recreativos em que há contato corporal entre os jogadores, com a bola ou com 
equipamentos desportivos quanto naqueles sem contato, apenas com a realização de 
movimentos mais complexos. Outro exemplo é o dos acidentes automobilísticos, que 
também são grandes causadores de traumatismos em diversas partes do corpo.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 9
Outro tipo de acidente são os cortes e ferimentos feitos por arma de fogo, facas, 
canivetes, vidro, espinhos, lascas de madeira e pedra etc., que podem causar hemor-
ragia (perda de grande quantidade de sangue) e solução de continuidade (que é o 
rompimento da pele). Armas comumente não estão envolvidas em atividades espor-
tivas, mas podem estar presentes em confusões no meio de aglomerados de pessoas ou 
torcedores. Os acidentes com espinhos, lascas de madeira e vidro, por sua vez, podem 
acontecer devido a más condições dos equipamentos e locais para a prática desportiva.
As doenças cardiovasculares também podem ser consideradas quando se fala 
em acidente, sendo que, segundo Timerman, Feldman e Quilci (2011), representam 
a principal causa de mortalidade, seguidas pelas neoplasias (câncer) e pelos traumas. 
Elas envolvem as paradas cardíacas e o acidente vascular cerebral (AVC), que podem 
ocorrer tanto em hospitais, clínicas e laboratórios, onde frequentemente circulam 
pessoas predispostas ou previamente acometidas por doenças cardiovasculares, 
quanto em outros ambientes como clubes sociais, academias e parques.
Outras situações de acidente envolvem as queimaduras, causadas pelo contato 
e manuseio do fogo, explosões, exposição exagerada ao sol, agentes químicos, expo-
sição a vapor, contato com calor excessivo em objetos, eletricidade e líquido quente. 
Também podemos citar os envenenamentos, que podem ocorrerpor ingestão (devido 
a uma intoxicação alimentar, por exemplo), respiração (ao inalar produtos em um labo-
ratório) e pelo contato com a pele (ao tocar em produtos químicos e de limpeza).
Asfixia s e afogamentos também são acidentes e podem ocorrer devido a crises 
de asma, aspiração de produtos químicos, obstrução das vias aéreas por objetos, 
corpos estranhos ou secreções e afogamentos em piscinas, rios, lagos e no mar, 
durante atividades recreativas ou de competição realizadas em ambiente aquático. 
As crises convulsivas e os desmaios também são frequentes nos locais onde se 
realizam práticas esportivas. As crises convulsivas geralmente são associadas a altera-
ções do sistema nervoso e provocam movimentos e espasmos musculares (contrações 
rápidas e desordenadas). Já as vertigens e desmaios podem ocorrer como sintomas de 
doenças prévias, como resultado da prática de atividade física com esforço exagerado 
ou sem a devida alimentação antes da atividade. 
Finalmente, entre os tipos mais comuns de acidentes também podemos citar 
aqueles causados por mordidas de animais (domésticos ou silvestres) e picadas de 
animais peçonhentos (venenosos).
Como pudemos ver, são inúmeras as situações de emergência que devemos estar 
preparados para enfrentar. Algumas podem ser acarretadas por causas externas aos 
indivíduos, e outras, por alterações ocorridas no próprio organismo, diferenças que 
elucidaremos a seguir. 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 10
7.1.2 Considerações sobre traumas
De acordo com Oliveira, Silva e Martuchi (2013, p. 10), um trauma pode ser defi-
nido como:
[...] toda lesão provocada pelo que, tecnicamente, se chama de causas externas, levando a um 
conjunto de perturbações causadas subitamente por um agente físico, de etiologia, natureza 
e extensão muito variadas, podendo estar situadas nos diferentes segmentos corpóreos.
Já as emergências clínicas são aquelas situações que não têm nenhum fator 
ou causa externa associada e ocorrem geralmente por distúrbios no organismo do 
próprio indivíduo.
Em ambas as situações, poderá ser necessária a alocação de recursos especiali-
zados para o atendimento adequado a essas vítimas. Mas quem devemos contatar 
para os diferentes tipos de acidentes? Ao nos depararmos com emergências clínicas 
e traumáticas que necessitem de atendimento especializado, devemos telefonar para 
o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no número 192. No estado 
do Paraná, além do SAMU, existe também o Serviço Integrado de Atendimento ao 
Trauma em Emergência (SIATE), que atende pelo número 193 e atende emergências 
nas quais ocorreu um trauma. Nesse estado, o SAMU possui a especialização para o 
atendimento de emergências clínicas, mas é o SIATE que tem treinamento, pessoal 
e material especializado para lidar com situações que envolvem trauma. O quadro a 
seguir resume as situações em que cada serviço deve ser contatado. Embora exista 
essa diferença, a maioria das cidades do Paraná possui atendimento integrado e inter-
ligado, havendo a comunicação entre eles.
Telefones importantes
• Dores no peito que surgem repenti-
namente, que podem ser sintomas de 
problemas no coração
• Intoxicação com produtos de limpeza e 
envenenamento
• Perda de consciência, desmaio
• Hemorragias internas e sangramentos 
pelo nariz e boca
• Crises convulsivas
• Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs)
SAMU - 192
• Socorro a vítimas de ferimentos de arma 
de fogo, faca, estilete, canivete, dentre 
outros
• Acidentes de trânsito com um ou mais 
feridos
• Quedas e acidentes com ferimentos e 
fraturas
• Ataques de animais, como cães e abelhas
• Choques elétricos graves
• Afogamentos em lagos e rios
SIATE - 193
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 11
Nos demais estados da Federação, o telefone 193 é utilizado para todos os casos, 
indiferentemente de serem clínicos ou traumáticos. 
Agora que conhecemos os acidentes mais comuns e compreendemos os 
conceitos de trauma emergência clínica, entendendo qual serviço deve ser acionado 
em cada situação, podemos estudar a cinemática do trauma.
7.1.3 Cinemática do trauma
Conhecer os mecanismos de lesão permite ao socorrista fazer o rápido diagnós-
tico e, consequentemente, uma intervenção imediata, mas, caso isso não seja possível, 
ele consegue ao menos suspeitar das lesões que ocorreram num determinado trauma.
No atendimento inicial, devemos avaliar criteriosamente os mecanismos que 
ocasionaram o trauma, pois ao entendê-los e manter um alto grau de suspeita, apri-
moramos a aptidão para diagnosticar os ferimentos e realizar o tratamento. Todo feri-
mento potencialmente presente deve ser investigado, levando em conta o tipo de 
acidente e os traumas característicos desse acidente.
Para Oliveira, Parolin e Teixeira Júnior (2008, p. 55): “Saber onde procurar lesões 
é tão importante quanto saber o que fazer após encontrá-la.” Para tanto, é necessário 
conhecer a dinâmica do trauma e seus efeitos no corpo humano, bem como as leis da 
física sobre transferência de energia e as consequências nos corpos. Cinemática do 
trauma é, portanto, o processo de análise e avaliação da cena do acidente, para estabe-
lecer um diagnóstico o mais precoce possível das lesões resultantes da energia, força e 
movimentos envolvidos. Para compreendê-la, precisamos relembrar as Leis de Newton.
A primeira Lei de Newton é a da Inércia e diz que um corpo em repouso perma-
necerá em repouso, e um corpo em movimento permanecerá em movimento, a 
menos que uma força externa atue sobre ele. Aplicando esse princípio a um acidente, 
podemos deduzir que mesmo que um carro colida e pare, as pessoas em seu interior 
continuam em movimento até colidirem com o painel, direção etc. Do mesmo modo, 
quando o corpo humano bate, os órgãos continuam em movimento até bater contra as 
paredes torácica, craniana e abdominal, como ilustram as imagens a seguir.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 12
Princípio da inércia e sequência de lesões
(a)
(b) (c)
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 S
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 F
ab
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Fonte: OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JÚNIOR, 2008, p. 56. (Adaptado).
Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma 
ou lesões? A Lei de Conservação de Energia determina que a energia pode ser trans-
formada de uma forma em outra em um sistema isolado, mas não pode ser criada ou 
destruída, logo a energia total do sistema sempre permanece constante. Podemos 
aplicar esse princípio à análise de um acidente automobilístico, considerando o movi-
mento de um carro como uma forma de energia (energia cinética) que, quando o carro 
colide, é transformada em outras formas (mecânica, térmica, elétrica, química). Para 
que um objeto em movimento perca velocidade, sua energia de movimento precisa ser 
transmitida a outro objeto. Conclui-se assim que, quanto maior a velocidade, maior a 
troca de energia, resultando em maiores danos aos organismos envolvidos.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 13
Entendemos que quanto maior a energia envolvida no sistema, maiores os danos 
apresentados aos órgãos e tecidos do corpo. Conforme Oliveira, Parolin e Teixeira Júnior 
(2008), esses danos teciduais podem ser classificados de duas formas. Quando toda 
a energia se concentra em uma pequena área de contato, a pele pode se romper, e o 
objeto, penetrar o corpo, caracterizando o trauma perfurante (por exemplo, o projétil 
de uma arma de fogo). Se o objeto for maior, a energia se espalhar por uma grande área 
e a pele não romper, ocorre o trauma contuso (como uma pancada com um bastão).
Avaliar a extensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração 
cutânea do que quando há uma lesão aberta. Por exemplo, um trauma pode deformar 
profundamente a parede abdominal sem deixar marcasvisíveis externamente, mas 
lesionando órgãos abdominais internos, por isso, é obrigatório pesquisar a história do 
evento traumático. Um exemplo pode ser visto nas imagens a seguir.
Deformidades visíveis provocadas por um golpe de bastão 
Fonte: OLIVEIRA; SILVA; MARTUCHI, 2013, p. 22. (Adaptado).
Ao ser atingido pelo bastão, o latão mantém a deformidade visível.
Deformidades invisíveis provocadas por um golpe de bastão 
Fonte: OLIVEIRA; SILVA; MARTUCHI, 2013, p. 22. (Adaptado).
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 F
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CO
©
 F
ab
ri
CO
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 14
No corpo humano, a parede abdominal se deforma e volta ao seu formato 
original após a pancada, e a lesão interna não pode ser percebida.
Além de analisarmos as características dos acidentes, precisamos estar prepa-
rados para sua ocorrência, o que significa estar devidamente preparado e equipado 
para atendê-los corretamente. Sendo assim, devemos também estar atentos aos equi-
pamentos necessários ao socorrista.
7.1.4 Equipamentos necessários ao socorrista
A norma regulamentadora NR 7 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 
estabelece em seu item 7.5.1 que:
Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação de pri-
meiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter 
esse material guardado em local adequado, e aos cuidados de pessoa treinada para esse 
fim. (BRASIL, 1996, s. p.).
Embora não estabeleça quais são esses materiais, a norma estabelece a obriga-
toriedade de estar equipado, e essa regulamentação, em conjunto com a preparação 
do profissional, permitirá a ele oferecer o melhor para o cliente/paciente em caso de 
acidentes. 
Sejam quais forem esses equipamentos, eles possuem materiais descartáveis e 
estéreis, como frascos com soro fisiológico, luvas, algodão e gaze, que precisam ser 
renovados de tempos em tempos, mesmo que sem uso, para preservar suas caracte-
rísticas antissépticas. É importante possuir materiais para curativos, como compressas 
de gaze, tesoura de ponta romba, esparadrapo, sabão líquido, frasco com álcool a 
70%, cotonetes, entre outros; equipamentos para transporte e imobilização da vítima, 
como bandagens, faixas elásticas e faixas triangulares, lanterna e prancha (ou maca) 
de transporte; materiais para o SBV e avaliação da vítima, como termômetros, esfig-
momanômetros, mascara nasal acoplada a uma bomba ou ambu, e equipamentos de 
proteção para o socorrista. 
França et al. (2007, p. 4) ainda sugerem: 
Uma caixa de Primeiros Socorros deve ser mantida em local de fácil acesso e estar bem si-
nalizada. termômetro, tesoura ponta romba, pinça hemostática, lanterna, alfinetes de fral-
da, bolsa para água quente, algodão hidrófilo, gaze esterilizada, esparadrapo ou fita adesiva, 
ataduras de crepom, ataduras de gaze, compressas de gaze estéril e do tipo sem adesivo, 
bandagem, compressas limpas, faixa elástica [...] e faixa triangular (para entorse no tornoze-
lo ou lesões do braço, ou como torniquete), sabão líquido, frasco com soro fisiológico, frasco 
com álcool a 70%, cotonetes, luvas de procedimentos, [...] garrote [...] e sacos plásticos.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 15
Além desses materiais sugeridos, algumas profissões têm certas especificidades 
e precisam ter em sua caixa produtos especiais, como profissionais que trabalham em 
laboratórios manuseando substâncias químicas e necessitam de produtos específicos 
para cada tipo de acidente.
7.2 Avaliação de uma vítima de acidentes
O objetivo do atendimento inicial à vítima de trauma é identificar rapidamente 
situações que coloquem sua vida em risco e demandem atenção imediata pela equipe 
de socorro. Sendo assim, de acordo com Oliveira, Parolin e Teixeira Júnior (2008), 
essa identificação deve ser rápida, organizada e eficiente, de forma a permitir deci-
sões acertadas em relação ao atendimento e ao transporte adequados, assegurando à 
vítima maiores chances de sobrevida.
Os autores destacam quatro etapas para a realização da avaliação de uma vítima 
de acidentes: o controle da cena, a avaliação primária, a abordagem secundária e 
a manutenção da verificação dos sinais vitais e da escala de coma. Esses procedi-
mentos serão detalhados ao longo dos próximos itens.
7.2.1 Controle da cena
A primeira atitude que devemos tomar antes de iniciar o atendimento à vítima é 
garantir as condições de segurança do local, especialmente a da própria equipe de 
socorro, da vítima e dos demais envolvidos no acidente. Para isso, se necessário, o socor-
rista deverá sinalizar o local do acidente, afastar curiosos e organizar o possível atendi-
mento. Para o socorrista, garantir a própria segurança significa não se expor a qualquer 
risco que o leve a se transformar em vítima, levando consequentemente a um desloca-
mento ou divisão dos recursos de salvamento disponíveis para aquele atendimento. 
Ao mesmo tempo em que se aproxima do local, o socorrista deve fazer o dimen-
sionamento da cena, analisando a cinemática do trauma e as causas do acidente e 
também colhendo informações de quantos e quem são os envolvidos. Em seguida, 
deve se aproximar da vítima, garantindo que ela não mexa a cabeça, apresentando-se 
e iniciando a abordagem primária.
7.2.2 Avaliação primária
A avaliação primária tem como objetivo a identificação e o manejo das situações 
que possam por em risco a vida da vítima. Deve ser feita com a vítima em sua posição 
inicial, sem removê-la ou movimentá-la, salvo em situações que possam prejudicar a 
segurança do socorrista e da vítima, como, por exemplo, nos casos de iminência de 
desabamento, explosão, etc. Consiste em duas etapas, que serão detalhadas a seguir.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 16
A primeira é a avaliação primária rápida, que não deve durar mais que 15 a 20 
segundos e tem como objetivo a realizar a imediata avaliação do risco de morte e 
iniciar o SBV o mais precocemente possível. O socorrista deve realizar essa avaliação 
por meio da observação da respiração, circulação e nível de consciência, conforme os 
seguintes passos:
Aproximar-se da vítima pelo lado em que sua cabeça está voltada, para garantir que 
ela não mexa a cabeça e garantindo o controle cervical. Devemos nos lembrar sempre 
de garantir o controle da cervical, imobilizando e impedindo qualquer movimento da 
cabeça e do pescoço da vítima, sob risco de que uma possível fratura nas vértebras 
possa se deslocar e lesionar a medula espinhal, levando a um quadro de tetraplegia ou 
até mesmo à morte.
1
Observar se a vítima está respirando e, após tocá-la nos ombros, apresentar-se e 
perguntar o que aconteceu. Caso haja resposta, significa que a vítima está com as 
vias aéreas desobstruídas. Caso não haja resposta, deve-se examinar as vias aéreas e 
a respiração. Se as vias aéreas estiverem obstruídas ou a respiração estiver ausente, 
o próximo passo é iniciar as manobras de controle de vias aéreas e de respiração 
artificial.
2
Simultaneamente ao passo 2, o socorrista deverá palpar o pulso radial da vítima e, 
em caso de ausência, confirmar palpando o pulso carotídeo. Persistindo a ausência 
de pulso, deve-se iniciar imediatamente as compressões torácicas para massagem 
cardíaca. O início imediato das manobras de controle das vias aéreas, respiração arti-
ficial e massagem cardíaca são importantes para que não se percam segundos ou 
minutos preciosos no atendimento à vítima.
3
Examinar temperatura, coloração da pele e enchimento capilar (que será esclarecido 
adiante), além de observar a vítima rapidamente da cabeça aos pés procurando hemor-
ragias e deformidades.
4
Repassar as informações para o serviço de emergência especializado. Para tanto, o 
socorrista deverá telefonar ou pedir auxílio a alguém que esteja próximo do local.5
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 17
Adiante haverá maiordetalhamento de cada ação a ser realizada nessa avaliação 
primária rápida.
A avaliação primária completa é realizada em seguida e corresponde a uma 
análise mais detalhada das condições da vítima. Para sistematização e garantia de 
assistência adequada, foram estabelecidas etapas para essa avaliação, portanto, o 
socorrista deve seguir uma sequência fixa de passos estabelecida cientificamente. 
Para facilitar a memorização, convencionou-se o ABCDE do trauma para designar 
essa sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (em 
inglês) que definem cada um. 
Passo A (Airway) Vias aéreas com controle cervical.
Passo B (Breathing) Respiração (se existente e sua qualidade).
Passo C (Circulation) Circulação com controle de hemorragias.
Passo D (Disability) Estado neurológico.
Passo E (Exposure) Exposição da vítima (para abordagem secundária).
O passo A corresponde a observar se a vítima está respirando e, após tocá-la nos 
ombros, apresentar-se e perguntar o que aconteceu. Poderá haver ou não resposta da 
vítima.
• Caso haja resposta, significa que a vítima está com as vias aéreas desobstruí-
das, respirando e consciente, já que, para falar, é preciso respirar e que o ar 
passe pelas vias aéreas. Desse modo, os passos A e B estão resolvidos, e o so-
corrista deve pular para o passo C. 
• Caso não haja resposta, é necessário examinar as vias aéreas e a respiração, 
que, se estiver ausente, exige que o socorrista inicie as manobras de contro-
le de vias aéreas, desobstruindo-as para a retirada de líquidos, secreções e ob-
jetos estranhos ou revertendo a queda da língua sobre a faringe (a descrição 
dessas técnicas será vista mais adiante). Desse modo, o passo A é resolvido, e 
deve-se passar para o passo B.
O passo B consiste em checar se a respiração está presente por meio do método 
ver, ouvir e sentir (ver o movimento do tórax e abdome, ouvir os ruídos do ar passando 
e sentir o fluxo de ar das narinas ou boca), como mostra a imagem a seguir. Se a respi-
ração estiver ausente, o socorrista deve iniciar as manobras de ventilação artificial, e, 
caso esteja presente, analisar a qualidade (lenta ou rápida, superficial ou profunda, 
ritmo regular ou irregular, silenciosa ou ruidosa). Alterações na qualidade podem indicar 
dificuldade de passagem do ar pelas vias aéreas (retornar ao passo A) ou situações 
iminentes de parada respiratória (preparar-se para manobras de ventilação artificial).
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 18
Avaliação da respiração – ver, ouvir e sentir 
 O passo C objetiva estimar as condições cardiocirculatórias por meio da veri-
ficação do pulso, enchimento capilar, temperatura e umidade da pele, coloração e 
presença de grandes sangramentos. 
O pulso deverá ser palpado na artéria radial e confirmado na artéria carótida 
(conforme imagens a seguir). Um pulso fraco pode indicar baixa pressão arterial em 
decorrência de grandes hemorragias. Se o pulso estiver ausente, será necessário iniciar 
as manobras de compressão torácica para massagem cardíaca. 
O teste de enchimento capilar é usado para estimar a perfusão periférica do 
sangue, isto é, sua distribuição pelos tecidos. Para tanto, deve-se pressionar a base da 
unha até que ela fique esbranquiçada e, depois, liberar a pressão. Caso demore mais 
que dois segundos para voltar ao normal, é possível que esteja havendo uma hemor-
ragia interna ou externa. 
Por fim, se a pele apresentar palidez e cianose, pode indicar comprometimento 
da oxigenação dos tecidos. Pele fria e úmida pode ser sinal de choque hipovolêmico.
De acordo com o Dicionário Aurélio, cianose significa coloração azulada, difusa da pele ou 
membranas mucosas. (FERREIRA, 2010).
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Verificação do pulso na artéria radial Confirmação do pulso na carótida
Teste de enchimento capilar
Pressão é aplicada
na ponta do dedo
até �car branca
Sangue retorna
ao tecido
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As etapas seguintes só serão iniciadas quando os passos A B e C estiverem 
resolvidos.
O passo D visa obter informações sobre o funcionamento do sistema nervoso 
central, verificando um possível comprometimento, e é feito por meio da avaliação do 
nível de consciência e do exame das pupilas. 
A análise do nível de consciência é realizada pelo método AVDI, de acordo com o 
nível de resposta que a vítima tem aos estímulos:
• A – Vítima acordada com resposta adequada ao ambiente.
• V – Vítima adormecida, e os olhos se abrem mediante estímulo verbal.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 20
• D – Vítima com os olhos fechados que só se abrem mediante um estímulo 
doloroso que deve ser aplicado sob a forma de compressão intensa na borda 
do músculo trapézio, na região póstero-lateral do pescoço. 
• I – Vítima não reage a qualquer estímulo, isto é, está irresponsiva.
O exame das pupilas é realizado observando o tamanho, simetria e a reação à luz. 
Aplicando-se um estímulo luminoso às pupilas, elas devem responder se contraindo e 
diminuindo de tamanho. Caso não reajam à luz ou tenham tamanhos desiguais, podem 
indicar traumatismo cranioencefálico e, se permanecerem contraídas após retirada 
do estímulo luminoso, sinalizam intoxicações por algumas drogas, como a morfina ou 
heroína. 
É de grande valor o registro evolutivo do exame neurológico, pois pioras no 
estado de consciência podem levar a quadros de parada cardiorrespiratória (PCR). 
O passo E é a abordagem secundária propriamente dita, que será vista a seguir.
7.2.3 Abordagem secundária
A exposição da vítima para abordagem secundária consiste em realizar uma 
avaliação detalhada dos segmentos corporais, identificando possíveis alterações no 
corpo. Essa etapa só deverá ser realizada caso a abordagem primária completa esteja 
finalizada e o atendimento especializado ainda não tenha chegado.
A abordagem secundária é uma avaliação sistemática do corpo, sempre na 
mesma sequência: crânio, face, pescoço, tórax, abdome, pelve, membros inferiores, 
membros superiores e, se necessário, o dorso. Nessa etapa deve ser realizada: 
• inspeção: 
• coloração e umidade da pele, simetria dos membros superiores e inferio-
res e tronco;
• alinhamento de nariz, traqueia e membros, deformidades de crânio, face, 
tórax e membros;
• verificação de ferimentos, escoriações ou contusões em geral;
• palpação: deformidade, rigidez ou flacidez de membros (podem indicar lesões 
neurológicas ou traumas internos), verificação da temperatura e umidade da pele.
Em casos mais graves, a vítima pode estar inconsciente, nesses casos, o socorrista 
ainda precisa realizar a avaliação da escala de coma. Um dos procedimentos é o da escala 
de Glasgow, que avalia parâmetros de resposta da vítima à abertura ocular, a melhor 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 21
resposta verbal e a melhor resposta motora, atribuindo pontuações à resposta do paciente 
a cada um desses estímulos. Ao final, somam-se as notas atribuídas, e os valores podem 
ser de 3 até 15 pontos, o que servirá de base para a classificação do grau de coma: coma 
leve (entre 12 a 15), coma moderado (entre 8 e 11) e coma grave (de 3 a 7). 
A tabela a seguir esclarece como é estruturada a escala:
Escala de Glasgow
Característica Resposta Escore
Abertura ocular
Espontânea
À voz
À dor
Sem resposta
4
3
2
1
Resposta verbal
Orientado, interagindo
Confuso
Palavras inapropriadas
Sons incompreensíveis
Sem resposta
5
4
3
2
1
Resposta motora
Obedece a comandos
Localiza dor
Retirada à dorFlexão à dor
Extensão à dor
Sem resposta
6
5
4
3
2
1
Total: 3/15 – 15/15
Fonte: DUNCAN et al. (2013, s. p.)
Para verificar com mais detalhes como aplicar os estímulos de forma correta, você pode fazer 
uma busca na internet por escala de coma de Glasgow e assistir a vários vídeos disponíveis.
A abordagem secundária visa, portanto, identificar e avaliar possíveis lesões ou 
situações que precisem de atenção especial por parte do socorrista, tanto para evitar 
agravamento dessas lesões quanto para evitar que a piora do estado de consciência 
leve a paradas cardiorrespiratórias.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 22
7.2.4 ABC ou CAB?
A sequência ABC de abordagem primária completa da vítima de PCR (parada 
cardiorrespiratória) passou por mudanças nas diretrizes de sua abordagem tanto por 
socorristas leigos quanto profissionais. 
A American Heart Association (2010) – AHA – estabeleceu em suas diretrizes 
de atendimento primário, que deveria haver uma alteração no atendimento inicial às 
vítimas de PCR, mudando a sequência para CAB. Entre os motivos apresentados, 
estavam o de que o tempo que um socorrista leigo perdia ao avaliar e abrir vias aéreas 
para respiração boca-a-boca e respiração artificial era muito longo. Para a AHA, esse 
tempo poderia ser melhor aproveitado se o atendimento se iniciasse com as compres-
sões torácicas. A associação alegou também que as manobras de desobstrução de vias 
aéreas e ventilação acabavam sendo um empecilho à realização do atendimento pelo 
socorrista leigo, que deixava de prestar o socorro devido à complexidade da tarefa. 
Realizar as compressões torácicas seria, portanto, mais fácil e viável. 
Na atualização em 2015, essas mudanças foram confirmadas e outras dire-
trizes foram atualizadas em relação aos parâmetros estabelecidos em 2010. Portanto, 
conforme a American Heart Association (2015), para vítimas identificadas com a 
PCR (presença de gasping e ausência de pulso), o socorrista leigo deve proceder à 
sequência CAB, iniciando as compressões torácicas até a chegada do desfibrilador 
elétrico automático (DEA) ou da equipe especializada. Um socorrista treinado poderá 
realizar as ventilações artificiais num ritmo de trinta compressões para duas ventila-
ções artificiais. É importante lembrar que, embora o texto não relate sobre o assunto, 
ainda se utiliza a sequência ABC em acidentes traumáticos, pois o risco de haver 
obstrução de vias aéreas nesses casos é grande.
Gasping é o tipo de respiração agônica, sofrida e com dificuldade, típica de indivíduos que es-
tão em sofrimento ou parada respiratória.
 
A AHA ainda estabeleceu a cadeia de sobrevivência para paradas cardíacas 
extra-hospitalares (PCREH), que é um passo a passo de procedimentos para o atendi-
mento ideal, como pode ser visto na imagem a seguir. 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 23
Cadeia de sobrevivência para PCREH 
Reconhecimento
e acionamento
do serviço médico
de emergência
RCP Imediata
de alta qualidade
Rápida Serviços médicos
básicos e avançados
de emergências
Suporte
avançado
de vida e cuidados
pós-PCR
Pro�ssionais de saúde básica Equipe de ressuscitação
Lab.de 
hemod. UTI
Lab.de 
hemod. UTISocorristas leigos SME
Depto. de
emergência
Fonte: AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015 p. 4. (Adaptado).
Após a identificação e avaliação dos sinais e sintomas das paradas cardiorrespiratórias, 
veremos em seguida os procedimentos para intervenção e tratamento dessas alterações. 
7.3 Suporte Básico de Vida (SBV) 
Ao longo desta seção, abordaremos as técnicas que darão suporte à vida da 
vítima sempre que forem identificadas alterações no aparelho cardiorrespiratório no 
momento da avaliação primária por meio da sequência ABCD.
7.3.1 Vias aéreas
Uma obstrução nas vias aéreas da vítima pode ser causada pela presença de 
líquidos e secreções, como vômitos, sangue e salivação excessiva, por presença 
de objetos nas vias aéreas ou pela queda da língua, que pode ocorrer nos casos de 
inconsciência. Nesses casos, o socorrista deve imediatamente iniciar as manobras de 
desobstrução. 
Nos procedimentos de desobstrução, não é recomendado usar a pinça manual, 
sob risco de empurrar ainda mais o objeto obstrutivo, logo, deve-se empregar pinça 
especial (Kelly ou Magill), aspirações e compressão abdominal. O uso de pinças e da 
aspiração só deverá ser feito por profissionais treinados.
Para as vítimas de obstrução que estiverem acordadas, recomenda-se o uso das 
percussões torácicas (palmadas) e a compressão abdominal (também chamada de 
manobra de Heimlich). As palmadas devem ser na altura das costas, com as mãos 
espalmadas e a vítima levemente inclinada para frente, e a compressão abdominal 
pode ser executada em pé ou deitada, como mostram as figuras a seguir. 
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Manobra de Heimlich com a vítima em pé
Em pé, o socorrista se posiciona atrás da vítima, abraça-a em torno do abdome e 
segura o punho da outra mão aplicando uma compressão rápida e brusca no abdome 
em direção ao tórax. Realiza-se a manobra quatro vezes consecutivas.
Manobra de Heimlich com a vítima deitada
A compressão deitada é realizada com o socorrista posicionado ao lado da vítima 
ou na posição em cavaleiro, onde posiciona a palma da mão sobre o abdome e aplica 4 
compressões em direção ao tórax da vítima.
Quando ocorrer queda da língua e ao socorrer vítimas inconscientes, é possível 
efetuar manobras manuais, mecânicas (com o uso de cânulas) e cirúrgicas (método 
utilizado apenas pelo médico). 
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Entre as manobras manuais, ilustradas nas imagens a seguir, estão a manobra 
de elevação do ângulo da mandíbula, usada quando há suspeita de lesão cervical, 
e a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo quando essa hipótese é 
descartada. 
Manobras de elevação do ângulo da mandíbula e de inclinação da cabeça e elevação do queixo 
Na primeira, o socorrista apoia a mão na região do osso zigomático da vítima 
e, com os dedos indicador e médio, traciona a mandíbula para frente. Na segunda, 
o socorrista posiciona uma das mãos na região frontal da vítima e a outra no queixo, 
fazendo uma discreta extensão da cabeça, suficiente para liberar as vias aéreas. 
Caso sejam detectadas alterações circulatórias na abordagem primária por meio 
da verificação de pulso e da perfusão periférica, devemos suspeitar de uma PCR e assim 
imediatamente iniciar as manobras de compressão torácica, que veremos no item a 
seguir.
7.3.2 Circulação
As PCRs indicam a cessação das funções cardíacas, respiratórias e cerebrais e 
apresentam manifestações clínicas como inconsciência, apneia, ausência de pulso, 
cianose de extremidades, entre outras. Segundo Oliveira, Silva e Martuchi (2013), 
acredita-se que grande parte das pessoas que sofrem uma PCR apresente uma fibri-
lação ventricular associada à ausência de funcionamento do miocárdio, o que exige 
uma reanimação cardiopulmonar precoce e a desfibrilação. Isso porque, com a falta de 
batimentos cardíacos, o sangue deixa de circular e, consequentemente, para de irrigar 
o cérebro. A partir de quatro minutos sem oxigênio, o cérebro começa a apresentar 
lesões irreversíveis, portanto, quanto mais rapidamente iniciarmos as compressões 
torácicas, melhores os prognósticos e menores as chances de sequelas. 
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De acordo com Timerman, Feldman e Quilci (2011), estima-se que, para cada 
minuto sem atendimento adequado, as chances de reanimação caem de 7 a 10%, 
sendo assim, a rapidez e a qualidadedo atendimento estão diretamente ligadas à 
menor mortalidade e à maior chance de alta hospitalar precoce. 
As compressões torácicas integram o procedimento denominado ressuscitação 
cardiopulmonar (RCP). Nele, o socorrista se posiciona ajoelhado ao lado da vítima 
deitada, próximo aos ombros e, após localizar o ponto de compressão (linha intermamilar, 
sobre o esterno), apoia sobre ele o “calcanhar” da mão, com a outra sobreposta, mantendo 
os punhos firmes, cotovelos esticados e ombro a 90°, perpendicular ao tórax da vítima, 
como ilustra a imagem a seguir. Nessa posição, o socorrista inicia as compressões torá-
cicas, mantendo sempre a mesma qualidade e ritmo durante todo o procedimento.
Posição do socorrista para a RCP
As diretrizes de RCP atualizadas da American Heart Association (2015) estabe-
lecem que entre 100 e 120 compressões devem ser realizadas por minuto, com uma 
profundidade de 5 cm sobre o tórax, permitir o retorno do tórax a cada compressão. 
Caso não haja ventilação, é preciso realizar duas ventilações a cada 30 compressões. 
Para manter a qualidade das compressões, sugerem-se trocas entre os socorristas a 
cada dois minutos de compressão. As compressões devem ser mantidas até que haja 
retorno da pulsação ou até a chegada do DEA ou do serviço especializado.
7.3.3 Respiração
Se, após realizar a desobstrução das vias aéreas, a respiração da vítima continuar 
ausente, devem ser iniciadas imediatamente as manobras de ventilação. 
A própria movimentação de compressão e descompressão torácica que ocorre 
nas massagens cardíacas tende a lançar ar para dentro dos pulmões, mas as manobras 
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de ventilação é que levam ar em quantidade suficiente para realizar as trocas gasosas 
necessárias para uma boa oxigenação do sangue. 
Atualmente, a respiração boca-a-boca não tem sido incentivada como método 
ventilatório, pela própria segurança do socorrista e devido às recomendações da AHA 
a respeito de iniciar o atendimento com a massagem cardíaca o mais precocemente 
possível. Os métodos mais recomendados são a utilização de protetores para ventilação, 
máscara facial, na qual o socorrista libera seu próprio ar para insuflar o pulmão, ou ainda 
uma máscara acoplada a uma válvula e a uma bolsa de ar (ambu). As ventilações devem 
ser feitas sempre num ritmo de uma ventilação a cada seis segundos (dez ventilações por 
minuto), sempre observando o movimento do tórax que está sendo insuflado.
7.3.4 Consciência e exposição da vítima
Após estarem resolvidas e controladas a circulação, as vias aéreas e a ventilação, 
é preciso analisar o estado neurológico e a realizar a exposição da vítima para uma 
avaliação mais detalhada. O objetivo é procurar as possíveis lesões e estabilizar e 
imobilizar as fraturas, luxações e entorses, bem como controlar as hemorragias e feri-
mentos. Além disso, deverão ser realizados exames neurológicos. 
Em ambientes de aglomeração, o socorrista só deve desnudar a vítima se houver necessidade 
real, como quando há hemorragia grave ou uma perfuração no tórax.
Muito se ouve em linguagem popular e informal sobre as formas de acordar ou 
manter acordada uma vítima sonolenta ou em semiconsciência. Não devemos em 
hipótese alguma dar álcool ou substâncias químicas para acordar a vítima, muito 
menos jogar água fria ou dar tapas e chacoalhá-la. Estas atitudes podem agravar ainda 
mais as possíveis lesões cerebrais. Também se fala muito em não deixar a vítima ador-
mecer, sob risco de não acordar mais, mas isso não agrava seu estado neurológico. O 
problema do desmaio é que ele dificultará o monitoramento da evolução do quadro 
neurológico da vítima, que pode levar a uma PCR sem o devido acompanhamento. 
Na sequência do atendimento, os sinais vitais devem ser monitorados até a 
chegada do serviço especializado. Entenderemos esses sinais a partir de agora.
7.4 Sinais vitais
Os sinais vitais são importantes marcadores para o acompanhamento da vítima, 
pois são indicadores das condições do organismo e de sua homeostase. Sua avaliação 
deve ser realizada simultaneamente às abordagens primária e secundária, pois 
orientam o diagnóstico e evolução do quadro clínico da vítima.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 28
7.4.1 Pressão arterial
A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias. 
Segundo McArdle, Katch e Katch (2008), uma pressão arterial adequada é essencial 
para que o sangue possa chegar a todas às partes do corpo, sendo impulsionado a cada 
batimento cardíaco. 
Os valores considerados normais na medição da pressão de um adulto são, 
no máximo, 120 mmHg para a pressão sistólica, ou seja a pressão do sangue no 
momento da sístole cardíaca (compressão para esvaziamento do coração), e 80 
mmHg para a pressão diastólica, isto é, a pressão do sangue no momento da diástole 
cardíaca (relaxamento para enchimento do coração).
O site da Sociedade Brasileira de Hipertensão detalha o procedimento para medir a pressão 
arterial e discute quais os valores relacionados à normalidade, pré-hipertensão e hipertensão 
por meio de suas diretrizes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010).
A medição desses valores pode ser feita com a utilização de um equipamento 
manual ou automático. O equipamento automático deve ser colocado no braço do 
paciente e, ao ser acionado, fará o procedimento automaticamente, mostrando os 
valores ao final. Já a medição manual requer a utilização de um estetoscópio e de um 
esfigmomanômetro e demanda os seguintes procedimentos:
Colocar a braçadeira no braço da vítima, logo acima da dobra do cotovelo.
Palpar a artéria braquial e colocar o estetoscópio em cima dela.
Começar a inflar a braçadeira. A partir de um certo momento, é possível ouvir o ruído da pulsação da artéria 
com o estetoscópio. Deve-se continuar insuflando até esse som desaparecer.
Desinflar lentamente a braçadeira. Ao ouvir o primeiro ruído da pulsação aparecer, deve-se verificar o valor 
registrado no marcador do aparelho. Essa é a pressão sistólica. 
Continuar desinflando e, quando o ruído da pulsação desaparecer, é preciso verificar o valor no marcador. 
Essa é a pressão diastólica.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 29
Medição da pressão arterial 
70
Artéria branquial
A pressão no manguito
ultrapassa a sistólica
(ausência de som)
Artéria braquial
fechada, sem
Pressão no manguito
abaixo de 120,
porém acima de
70 (som leve)
Fluxo sanguíneo
intermitente
Pressão no manguito
abaixo da diastólica
(ausência de sons)
Fluxo sanguíneo
plenamente
restaurado
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20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
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10
30
50
90
110
130
150
170
190
210
230
250
mm Hg
Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3
Fonte: MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008, p. 328. (Adaptado).
Valores superiores aos considerados normais podem indicar crises hipertensivas, 
resultando em acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e PCRs. Já valores muito infe-
riores podem estar relacionados a hemorragias grandes e também consequente PCR.
7.4.2 Pulso
O pulso é parte integrante da avaliação primária rápida e completa e deve 
ser também monitorado após a estabilização do quadro clínico da vítima, pois pode 
indicar variações nesse estado. De acordo com Oliveira, Parolin e Teixeira Júnior 
(2008), a medida do pulso é semelhante a dos batimentos cardíacos e é resultado da 
onda provocada pela pressão do sangue na parede da artéria em cada batimento.
O pulso deve ser medido utilizando os dedos indicador e médio exatamente nas 
principais artérias do corpo, como o pulso radial (como mostra a imagem “Verificação 
do pulso na artéria radial”), o pulso carotídeo (ilustrado na figura “Confirmação do 
pulso na carótida” ambas apresentadas anteriormente)e o pulso femoral (que pode ser 
observado a seguir).
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 Verificação do pulso femoral
 
A frequência de pulso normal em um adulto em repouso é de 60 a 80 bpm (bati-
mentos por minuto). O aumento dessa frequência acima de 100 bpm (taquicardia) 
pode ser indicativo de hemorragias, pois o sistema circulatório tende a acelerar o bati-
mento cardíaco para tentar compensar a baixa oxigenação aos tecidos gerada por 
essa condição. Febre alta, medo, exercícios e sepse (manifestações no organismo 
causadas por infecções) também podem provocar uma taquicardia. Já a diminuição 
da frequência de pulso abaixo de 60 bpm pode indicar doenças primárias do coração, 
choque neurogênico, entre outros problemas. Nos casos em que a frequência cardíaca 
está aumentada, devemos investigar a causa (quando possível), tratá-la e providenciar 
o quanto antes o atendimento especializado. Por exemplo: em caso de hemorragia, 
devemos realizar os procedimentos para estancar o sangue. Já nos casos de dimi-
nuição da frequência cardíaca, devemos avaliar e estar atentos às paradas cardiorrespi-
ratórias e também agilizar o atendimento especializado.
Além de examinar a frequência do pulso, também é necessário analisar seu 
ritmo, que deve ser constante, sem paradas repentinas, acelerações ou desacelera-
ções. Alterações possivelmente indicam arritmias, que podem resultar em PCRs. A 
intensidade do pulso, por sua vez, deve ser semelhante à sentida no próprio socorrista, 
e quando é fraca pode indicar hemorragias.
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7.4.3 Temperatura
A temperatura corporal (medida, no Brasil, em graus centígrados, represen-
tados pelo símbolo °C) reflete a capacidade do corpo em manter calor e deve se 
manter estável. Seu valor médio é de 37 °C, podendo variar dependendo da hora do 
dia, da atividade física e da região corporal considerada. Além disso, a temperatura em 
crianças é levemente mais alta que em adultos. 
A diminuição anormal na temperatura corporal pode significar hemorragias e 
alerta para PCRs. Já o aumento indica febre e é comum em patologias infecciosas, 
trauma e ansiedade. Caso a temperatura esteja acima de 40°C, pode provocar convul-
sões, principalmente em crianças. O tratamento indicado para o aumento excessivo 
da temperatura é descobrir a vítima de roupas quentes ou cobertores para que possa 
perder calor para o meio ambiente e fazer uso de compressas mornas e frias sobre a 
testa e corpo. Nas vítimas de hipotermia, é o contrário: devemos aquecê-las, cobrindo-
-as com roupas e cobertores.
7.4.4 Respiração
A frequência respiratória varia com a idade, sendo que, nos adultos, corresponde 
a 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto e, em bebês, chega a 30 a 60 movi-
mentos por minuto. A avaliação da respiração também compreende a característica da 
respiração (superficial ou profunda), o ritmo (regular ou irregular) e ainda ruídos aces-
sórios (roncos, sibilos etc.). Uma respiração superficial pode indicar dores ou traumas 
abdominais em função da dificuldade em contrair o diafragma; respirações irregulares 
podem ser sintomas de insuficiência respiratória; e, finalmente, a presença de ruídos 
pode representar obstrução à passagem do ar, por constrição ou por objetos, líquido 
ou secreções ali presentes.
Este capítulo apresentou noções básicas dos primeiros socorros, discorrendo 
sobre os tipos de acidentes e as formas de atendimento. Vimos como realizar as avalia-
ções primária e secundária e a verificar os sinais vitais, como pulso, pressão, respiração 
e temperatura corporal, aprendendo assim como proceder nas situações de emer-
gência, nas quais seja necessário dar o suporte básico de vida (SBV) às vítimas. 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 32
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8 Primeiros socorros
No dia a dia de nossas profissões, poderemos nos deparar com situações que 
exigirão uma série de conhecimentos sobre procedimentos de emergências em feri-
mentos e suas consequências. Nessas ocasiões, deve-se executar o Suporte Básico 
de Vida (SBV), que corresponde aos procedimentos que visam garantir a preservação 
da vida, principalmente em casos de paradas cardiorrespiratórias. Neste capítulo, 
veremos alguns desses procedimentos.
8.1 Ferimentos, hemorragias, queimaduras
A pele é responsável por envolver a maior parte da superfície do corpo humano, 
sendo considerada seu maior órgão, por isso é a parte mais exposta a sofrer lesões. 
Seu rompimento pode ser ocasionado por agentes mecânicos, químicos ou térmicos e 
pode estar associado a lesões de outros tecidos mais profundos, como o subcutâneo, 
muscular ou ósseo, ou de vasos sanguíneos, causando hemorragias.
Um ferimento é uma lesão em qualquer tecido, resultante de um trauma; e a perda 
de continuidade ou integridade da pele constitui risco de sangramento, infecção e lesões 
secundárias. Sendo assim, os ferimentos podem ser classificados de acordo com:
Profundidade: Podem ser superficiais, envolvendo pele e tecido subcutâneo, ou profundos, quando 
atingem estruturas como músculos, ossos, nervos, tendões, vasos calibrosos e vísceras.
Complexidade: Podem ser simples, isto é, sem perda tecido, ou complicados, quando há perda de tecidos, 
avulsão (arrancamento) ou presença de corposestranhos.
Contaminação: Podem ser limpos ou contaminados (com presença de detritos, corpos estranhos ou 
microrganismos).
Natureza do agente agressor: Podem ser causados por agentes físicos (mecânico, elétrico, térmico) ou 
por agentes químicos (cáustico ou álcalis).
Além dessa classificação, ainda podemos diferenciar os ferimentos em fechados 
(hematoma ou equimose) e abertos (cortantes ou incisivas, contusos, perfurantes, pe-
netrantes, transfixantes, escoriações, abrasões, avulsões ou lacerações).
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 34
Alguns tipos de feridas abertas 
LaceraçãoIncisão
Trans�xante Abrasão Corto-contusa
Fonte: OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JÚNIOR, 2008, p. 112. (Adaptado).
Para realizar o procedimento adequado no atendimento às vítimas de ferimentos, 
devemos considerar a extensão, gravidade e local da lesão, mas sem atrasar o trans-
porte da vítima até o hospital, sob o risco de agravamento das lesões associadas. Além 
disso, é de extrema importância o controle ABCDE (que consiste em avaliar e manter 
permeáveis as vias aéreas, avaliar e manter a respiração, analisar condições circula-
tórias, examinar o estado de consciência e realizar a exposição da vítima para abor-
dagem secundária), principalmente naqueles ferimentos em que há hemorragia visível 
ou suspeita de hemorragia interna, pois perdas importantes de sangue podem levar 
a paradas cardiorrespiratórias. Devemos ainda evitar o contato direto com sangue ou 
secreções das vítimas e procurar sempre usar luvas de proteção, afinal, garantir a segu-
rança de todos é princípio básico no atendimento imediato. A seguir, abordaremos os 
procedimentos que devem ser realizados nas vítimas desse tipo de emergência.
8.1.1 Estancar o sangue
As hemorragias acontecem quando os vasos sanguíneos rompem em decorrência 
de traumas, cortes, fraturas ou contusões e podem ser classificadas em internas 
(quando não há rompimento da pele com sangramento visível, característica de 
sangramento de órgãos internos) ou externas (quando há sangramento visível). As 
hemorragias externas podem ser provenientes de lesão em artérias, veias ou capilares; 
já as internas, de diferentes órgãos torácicos, abdominais e cranianos. 
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AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 35
As lesões arteriais são mais difíceis de serem tratadas, pois o sangue está sob 
pressão, e podem conduzir o paciente rapidamente a um estado de choque hipovolêmico. 
O sangue proveniente desse tipo de hemorragia se apresenta de cor vermelho vivo, 
jorrando com velocidade e sendo expelido de forma pulsante. Já o sangramento venoso 
é vermelho escuro, com fluxo estável e de fácil contenção, pois a pressão é pequena. O 
sangramento capilar, por fim, apresenta coloração vermelha, fluxo lento e uniforme com 
gotejamento e é mais simples e menos graves, pois atinge vasos menores.
O choque hipovolêmico ocorre quando o indivíduo perde quantidade considerável de sangue e 
surgem também sintomas como taquicardia leve e ansiedade, que podem evoluir para palidez e 
pulso fino e leve e depois para um colapso hemodinâmico, com perda de consciência e até óbito. 
Sangramentos e suas características 
Artérias Veias Capilares 
A maioria das hemorragias é controlada com a compressão direta sobre o local 
do sangramento. Devemos aplicar bandagens ou panos sobre a área e pressioná-las 
em conjunto com a elevação do local. Quando encharcadas, as bandagens externas 
podem ser substituídas, mas a que está em contato com o ferimento deve ser mantida, 
para que o estancamento não seja interrompido. Nos sangramentos que não estan-
cavam com a compressão, recomendava-se a compressão de pontos arteriais, mas 
esse procedimento atualmente não tem sido aconselhado por sua eficácia duvidosa. 
Nos sangramentos persistentes e nas amputações, o último recurso é o torni-
quete. Para fazê-lo, devemos envolver o membro com uma faixa próxima ao sangra-
mento, fazendo um nó nessa bandagem. Colocamos, então, um bastão posicionado 
acima desse nó e em seguida, damos outro nó, como mostram as imagens a seguir. Em 
seguida, torcemos o bastão até cessar o sangramento. O torniquete deve ser relaxado a 
cada 10 a 15 minutos para evitar que partes sadias distais à lesão sejam comprometidas.
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Aplicação de torniquete
Fonte: TIMERMAN; FELDMAN; QUILCI, 2011 p. 196. (Adaptado).
As hemorragias nasais, por sua vez, devem ser tratadas com tamponamento do 
nariz, com a cabeça pendida levemente para frente, para evitar a aspiração do sangue. 
A vítima não deve assoar o nariz após estancamento sob risco de se desfazer a cicatri-
zação iniciada e retornar o sangramento.
Tanto as hemorragias externas quanto as internas demandam acompanhamento 
ABCD, pois podem evoluir para alterações de consciência e paradas cardiorrespiratórias.
8.1.2 Curativos
De acordo com Oliveira, Parolin e Teixeira Júnior (2008), o atendimento dos feri-
mentos visa alcançar três objetivos: proteger a lesão contra outros traumas, pois o tecido 
lesado é mais suscetível do que tecidos sadios; conter hemorragias e evitar infecções.
Após avaliar as vítimas pelos passos ABC, devemos examinar o ferimento, investi-
gando sua natureza, a força do agente causador e o tempo transcorrido da lesão e em 
seguida, inspecionar a área lesada, momento em que pode ser necessário remover as 
roupas da vítima. Depois disso, podemos efetuar a limpeza da superfície do ferimento 
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AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 37
para a remoção de detritos ou de corpos estranhos, com a utilização de água corrente 
(em casos de remoções mecânicas delicadas, é possível utilizar gaze estéril), mas não 
devemos atrasar o transporte do paciente na tentativa de limpeza do ferimento, pois 
isso deverá ser feito no hospital. Objetos penetrantes no ferimento não devem ser 
removidos, mas sim, imobilizados, para que permaneçam estáveis durante o trans-
porte, pois sua retirada pode agravar um sangramento. Finalmente, precisamos 
proteger a lesão com gaze estéril, que deve ser fixada no local com bandagem trian-
gular ou atadura de crepe. 
Nas feridas incisivas ou cortantes, devemos aproximar suas bordas com um cura-
tivo compressivo. Nas avulsões ou amputações, além do sangramento, devemos nos 
preocupar com as partes amputadas ou laceradas: os retalhos de pele podem gentil-
mente ser colocados em sua posição original após a limpeza, e as partes amputadas 
devem ser colocadas em bolsa estéril, seca e fechada e armazenadas em local resfriado, 
mas nunca congeladas, e então levadas juntamente com o paciente até o hospital. 
As lesões na cabeça, tórax e abdome exigem cuidado redobrado, pois podem 
comprometer funções vitais no organismo. Nas lesões no abdome com eviscerações 
(saída das vísceras pelos ferimentos), devemos apenas cobrir a região com compressas 
esterilizadas e nunca tentar colocá-las novamente no lugar.
8.1.3 Queimaduras
As queimaduras são todas as lesões ocasionadas por alguma forma de calor 
e podem ser causadas por líquidos quentes, contato direto com o fogo, explosão de 
substâncias inflamáveis, choque elétrico e queimaduras químicas (CUNHA; MOREIRA; 
LAUX, 2000). Elas podem ser classificadas de acordo com a extensão da área quei-
mada ou com a profundidade da lesão. Em primeiros socorros, nos interessa essa 
segunda opção, que as classifica como:
Queimadura de 1° grau: Superficial, com lesão apenas da epiderme, apresenta hiperemia ou vermelhidão e 
é pouco dolorosa.
Queimadura de 2°grau: Mais profunda, com lesão da epiderme e derme, e apresenta bolhas e coloração 
rósea, avermelhada ou até esbranquiçada. É bastante dolorosa.
Queimadura de 3° grau: Profunda, com destruição da epiderme e demais tecidos abaixo dela, como 
músculos,tendões, ossos e nervos. Apresenta coloração escura e é indolor, pois houve lesão das 
terminações nervosas.
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 38
 Classificação das queimaduras quanto à profundidade das lesões
Epiderme
Derme
Hipoderme
Queimadura 
de 1° grau
Queimadura 
de 2° grau
Queimadura 
de 3° grau
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Nos casos de queimaduras leves, devemos procurar apenas colocar a parte quei-
mada em água fria, mas não no gelo, por alguns minutos, além de retirar anéis e objetos, 
pois haverá edema, que poderá dificultar sua retirada posterior e prejudicar a circulação 
sanguínea. Não devemos perfurar as bolhas, pois elas protegem o local, aplicar substân-
cias como cremes ou pomadas sobre ela e nem cobri-la com algodão. O correto é deixar 
a queimadura livre e, se for necessário protege-la, cobri-la apenas com gaze. 
Em vítimas de queimaduras mais graves, devemos manter a avaliação ABC, prin-
cipalmente porque pode haver queimaduras das vias aéreas por aspiração de fumaça 
quente ou resíduos químicos dos produtos queimados. Devemos procurar não tirar 
as roupas grudadas nas partes queimadas, não desinfetar, não fazer curativo nem 
medicar. É possível cobrir a vítima com cobertor encharcado, desde que ele esteja 
limpo, e deve-se administrar a ela pequenas quantidades de líquido para reidratá-la, 
procedimento necessário devido ao líquido perdido durante a queimadura.
Muitos dos efeitos das queimaduras podem trazer sequelas irreversíveis, por isso 
a prevenção é fundamental, com medidas como evitar o acesso de crianças à cozinha 
enquanto estiver cozinhando; guardar fósforos, isqueiros e recipientes inflamáveis em 
armários altos e fechados, proteger as tomadas de casa e ensinar as crianças a não 
empinar pipas próximo aos postes.
Mais informações sobre a prevenção de queimaduras podem ser encontradas no site da 
Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).
 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 39
8.2 Fraturas, entorses, luxações e transporte de acidentados
As lesões do sistema musculoesquelético comumente acontecem em função de 
traumas, ou seja, com o corpo sendo atingido ou atingindo outro objeto com alta ou 
baixa energia e tendo como consequência as feridas, contusões, fraturas, entorses, 
luxações e distensões musculares.
As fraturas se caracterizam por lesões no tecido ósseo ocasionadas por impacto 
direto ou indireto, levando à perda de continuidade do osso. Seus sintomas são: a dor 
no local (que, em algumas situações de estresse mental, podem ser mascaradas, por 
exemplo, devido à preocupação com outras vítimas do acidente); aumento de volume, 
que pode ser representado por edema ou hematoma; deformidade (embora, nas 
fraturas de traço simples, as partes ósseas estejam alinhadas); impotência funcional ou 
mobilidade prejudicada (por alteração anatômica ou por dor); hemorragia e crepitação 
(barulho causado pelo atrito entre os ossos). 
As fraturas podem ser classificadas quanto à exposição do foco da fratura 
em abertas (expostas) ou fechadas, como mostra a imagem a seguir. Enquanto as 
fechadas são protegidas pela pele íntegra, as abertas expõem o osso com o rompi-
mento da pele, podendo haver sangramento e posterior contaminação. As fraturas 
também podem ser classificadas quanto à presença de lesões associadas em simples 
(lesão óssea apenas) e complicadas (quando é acompanhada de lesões musculares, 
tendinosas, vasculares ou nervosas).
Fraturas aberta e fechada 
Fratura
aberta
Fratura
fechada
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As entorses e luxações são lesões que acometem as articulações e seus compo-
nentes e ocorrem por trauma direto ou por movimentos inadequados ou excessivos, 
além do que a articulação pode suportar, provocando o rompimento de suas partes. 
A entorse é uma lesão na qual a congruência entre os ossos não se perde, isto é, não 
ocorre perda de contato entre os dois ossos da articulação. Já a luxação apresenta 
perda da congruência óssea (CUNHA; MOREIRA; LAUX, 2000). Os sintomas são dor, 
edema ou hematoma, podendo haver deformidade e também impotência funcional. 
Entorse de tornozelo
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As distensões musculares são as lesões ocorridas nos músculos e tendões, ocasio-
nadas por trauma direto, movimento que gera um excessivo alongamento muscular ou 
contração muscular muito intensa. As lesões podem ocorrer no ventre muscular, nos 
tendões, nas junções entre o músculo e tendão e nas inserções dos músculos nos ossos. 
Seus sintomas são dor, edema ou hematoma, podendo haver deformidade e impo-
tência funcional. Quanto à classificação, as distensões podem ser completas (ruptura 
total do ventre ou tendão) ou parciais (apenas uma parte do músculo é rompida).
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 41
Ruptura muscular
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O atendimento às vítimas dessas lesões deve ser realizado inicialmente com a 
avaliação do local da fratura, seguida do tratamento emergencial. A avaliação consiste 
em verificar se existe rompimento da pele e examinar a perfusão sanguínea, o pulso 
periférico distal ao local da lesão e a sensibilidade no local da lesão e distal a ele. Esses 
procedimentos são importantes para identificar possíveis lesões associadas. Se houver 
fratura, o pulso e a respiração também devem ser avaliados, pois uma complicação 
comum é a embolia gordurosa. 
A embolia gordurosa acontece quando êmbolos de gordura resultantes de fraturas de os-
sos longos se deslocam na corrente sanguínea, alojando-se nos pulmões, cérebro e olhos. 
(OLIVEIRA; SILVA; MARTUCHI, 2013). Ela pode ocasionar embolia pulmonar, com consequen-
te parada respiratória.
O tratamento emergencial das lesões do sistema musculoesquelético é baseado 
primordialmente na imobilização do local, que estudaremos a seguir. Esse procedi-
mento deve ser acompanhado de outras medidas para evitar o agravamento da lesão.
8.2.1 Imobilizações
A lesão decorrente dos traumas pode ocorrer de duas formas. A primeira é cha-
mada lesão primária e ocorre com o impacto ou energia despendida pelos objetos. A 
segunda é a hipóxia ou lesão secundária e é decorrente da falta de nutrientes e oxigê-
nio, ocasionada pelo falta de circulação em função do edema e hemorragia subsequen-
te ao trauma. 
AnAtomiA gerAl e primeiros socorros 42
Em função da lesão secundária, quanto antes atuarmos reduzindo o edema e evi-
tando a diminuição de circulação no local, mais estaremos contribuindo para diminuir 
o agravamento da lesão. Para isso utilizamos o protocolo chamado PRICE, assim deno-
minado pelas iniciais em inglês de:
P – Protection (proteção): Proteger e imobilizar o local da lesão.
I – Ice (gelo): Aplicar compressas de gelo por cerca de 15 minutos para diminuir dor e prevenir o edema.
R – Rest (descanso ou repouso): Não movimentar a região ou os membros.
C – Compression (compressão): Comprimir o local com enfaixamento para prevenir edema.
E – Elevation (elevação): Manter o membro em elevação para prevenir edema e facilitar o retorno venoso.
Protocolo PRICE
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As fraturas devem ser imobilizadas na posição em que são encontradas, exceto 
nas situações em que, após a avaliação, apresentarem ausência de pulso distal ou ainda 
naquelas em que a posição atrapalhar o posicionamento para o transporte. Nesses 
casos, apenas o profissional treinado e habilitado deve tracionar delicadamente o 
membro, alinhando-o numa posição neutra ou mais próxima do normal.
O objetivo das imobilizações é prevenir a movimentação,

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