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1 História da Criminologia Fase Pré-científica da criminologia � No inicio da século XVIII na Itália o Marquês de Beccaria fez surgir o chamado movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal, mostrando-se contra as penas de caráter cruel e principalmente a desigualdade das penas determinada pela classe social do delinquente. � Inspirando-se na filosofia estrangeira sobretudo em Montesquieu, Hume e Rosseau, Beccaria baseou seu pensamento nos princípios do contrato social, do direito natural e do utilitarismo. � Fase Política- Em 1764, imbuído dos princípios iluministas, Cesar Bonesana, Marquês de Beccaria, faz publicar a obra “Dei Delitti e Delle Pene”. � Os princípios básicos pregados por Becaria firmaram o alicerce do Direito Penal � Moderno. Embora de forma incipiente, sua obra procura sistematizar os princípios do Direito Penal. � Fase Jurídica: seu maior expoente foi Francesco Carrara, autor do monumental Programa Del cor so di diretto criminale (1859 � Beccaria foi um contratualista, igualitário, liberal, individualista, sendo assim, abusava do critério de DEDUÇÃO, formulando princípios a priori e deduzindo depois, afastava-se do contato com a realidade. � � Em seguida à generosa iniciativa de Beccaria, o estudo da justiça penal ( sistematizado sobre novas bases, ou seja, suas normas se deduzem de princípios fundamentais como o do contrato social, o da proporcionalidade das penas etc) determinou a formação de uma grande corrente científica que passou a se chamar 2 ''Escola Clássica Criminal" (nome dado por Enrico Ferri em 1880 em pronunciamento na Universidade � Os cidadãos, por viverem em sociedade, cedem apenas uma parcela de sua liberdade e direitos. Por essa razão, não se podem aplicar penas que atinjam direitos não cedidos, como acontece nos casos de pena de morte e das sanções cruéis . � Só as leis podem fixar as penas, não se permitindo ao juiz interpretá-las ou aplicar sanções arbitrariamente. � Só existe crime se houver uma lei que o defina. � Cabe ao Estado o Ius Puniendi . � Leis claras, certas e precisas. � Proporcionalidade das penas de acordo com a gravidade. � A prisão preventiva somente se justifica diante de prova da existência do crime e de sua autoria. � O fim da pena é prevenir o delito e restabelecer a ordem social. � As penas devem ser utilizadas com moderação. � A pena não deve passar da pessoa do acusado . � Reconhecimento da presunção da inocência. � Juiz natural – o réu deve ser julgado por um tribunal imparcial. � Não se justificam as penas de confisco, que atingem herdeiros do condenado e as infamantes, que recaem sobre toda a família do criminoso. � Devem ser admitidas em juízo todas as provas, inclusive a palavra do condenado. � Só as leis podem fixar as penas, não se permitindo ao juiz interpretá-las ou aplicar sanções arbitrariamente. � . Não se deve permitir o testemunho secreto, a tortura para o interrogatório. � PRINCIPAIS POSTULADOS DA ESCOLA CLÁSSICA: � a. A responsabilidade penal é fundada no livre arbítrio. Onde não existe livre arbítrio, não haverá pena. 3 � b. A razão de ser da pena é a retribuição jurídica e a defesa social, conforme preconizam as teorias mistas (absolutas de KANT – pena é castigo - e relativas de BENTHAM – pena é meio de prevenção e defesa social). � c. O crime é um ente jurídico, cujo conceito depende de lei (Teoria do delito). Só é crime o que viola a lei. � d. O método dedutivo lógico-abstrato. � Período Científico Meados do Século XIX Cientificidade da Criminologia � ESCOLA POSITIVISTA � Esta nova corrente filosófica teve como precursor Augusto Comte, que representou a ascensão da burguesia emergente após a Revolução de 1789. Foi a fase em que as ciências fundamentais adquiriram posição como a biologia e a sociologia.O crime começou a ser examinado sob o ângulo sociológico, e o criminoso passou também a ser estudado, se tornando o centro das investigações biopsicológicas. � Este movimento foi iniciado pelo médico Cesare Lombroso (1835-1909) com sua obra L´uomo delinqüente (1875). Na concepção deste médico existia a idéia de um criminoso nato, que seria aquele que já nascia com esta predisposição orgânica, era um ser atávico[13] uma regressão ao homem primitivo. � Lombroso estudou o cadáver de diversos criminosos procurando encontrar elementos que os distinguissem dos homens normais. Após anos de pesquisa declarou que os criminosos já nasciam delinqüentes e que apresentam deformações e anomalias anatômicas físicas e psicológicas. � * Físicos: assimetria craniada, orelhas de abano, zigomas[14] salientes, arcada superior 4 predominante, face ampla e larga, cabelos abundantes, além de aspectos como a estatura, peso, braçada, insensibilidade física, mancinismo[15] e distúrbio dos sentidos. � *Psicológicos: insensibilidade moral, impulsividade, vaidade, preguiça e imprevidência. � Contudo esta concepção ainda não explicava a etiologia do delito, então Lombroso tentou achar a causa desta degeneração na epilepsia. As idéias deste médico não se sustentaram; eram inconsistentes perante qualquer análise científica. Isto nos remete ao nazismo e seus parâmetros que visavam provar a superioridade da raça ariana, como o ângulo do nariz em relação à orelha, a proporcionalidade entre os tamanhos da testa, nariz e queixo etc. Mas foi em Berlim e sob os olhares de Hitler e seus colaboradores que um negro americano, Jesse Owens[16], ganhou diversas medalhas de ouro. � “Para os positivistas, o criminoso é um ser atávico, com fundo epiléptico e semelhante ao louco penal” Cuello Calón � Enrico Ferri (1856-1929) - podemos dizer dele que foi o discípulo de Lombroso; era um brilhante advogado criminalista que fundou a Sociologia Criminal[17]. Nesta nova concepção o crime era determinado por fatores antropológicos, físicos e sociais. � Também classificou os criminosos em: � *Natos: são aqueles indivíduos com atrofia do senso moral; � *Loucos: também se incluíam os matóides, que são aqueles indivíduos que estão na linha entre a sanidade e a insanidade, atualmente a psicologia utiliza o termo “Border line” para classificar esse tipo de disfunção. � *Habitual: é aquele indivíduo que sofreu a influência de aspectos externos, de meio social inadequado. Ex: ao cometer um pequeno delito, o 5 jovem vai cumprir pena em local inadequado, entrando em contato com delinqüe � ntes que acabam por o corromper. � *Ocasional: é aquele ser fraco de espírito, sem nenhuma firmeza de caráter. � * Passional ( sob o efeito da paixão): ser de bom caráter mas de temperamento nervoso e com sensibilidade exagerada. Normalmente o crime acontece na juventude, vindo o indivíduo a confessar e arrepender-se depois. Freqüentemente ocorrem suicídios. � Outro expoente foi Rafael Garafalo (1851-1934). Em sua obra Criminologia (1891) insiste que o crime está no indivíduo, pois é um ser temível, um degenerado. O delinqüente é um ser anormal portador de anomalia de sentido moral. � O termo temiblididade gerou alguns princípios utilizados nos estatutos penais, como a periculosidade. � Garafalo defendeu a pena capital. � Verifica-se então que esta escola nega o livre- arbítrio, abomina a idéia da Escola Clássica que afirmava que o crime era o resultado da vontade livre do homem. � A responsabilidade criminal é social por fatores endógenos e a pena não poderia ser retributiva, uma vez que o indivíduo age sem liberdade, o que leva ao desaparecimento da culpa voluntária. Propõem-se então a medida de segurança, uma sanção criminalque defende o grupo e ao mesmo tempo recupera o delinqüente, e que viria em substituição à pena criminal. Esta medida deveria ser indeterminada até a periculosidade do indivíduo desaparecer por completo. � “É a lei expressando os interesses sociais, que atribui responsabilidade criminal aos indivíduos.” � “Os positivistas procuraram elaborar um conceito de delito natural que resistisse às transformações impostas pelos costumes, pela moral e pela própria realidade socioeconômica e política” J. Leal 6 � Princípios Fundamentais: � a) método indutivo[18] � b) o crime é visto como um fenômeno social e natural oriundo de causas biológicas físicas e sociais � c) responsabilidade social em decorrência do determinismo e da periculosidade. � d) a pena era vista como um fim a defesa social e a tutela jurídica.
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