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Psicologia Historico cultural

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Nome do Profissional: “E” (profissional optou em não se identificar)
Sexo: Masculino 	Idade:46 anos
Formação/Especialização: Possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (1996)
Instituição do desempenho: Organização sem fins lucrativos de apoio a portadores de HIV e AIDS
Como se caracteriza a intervenção da psicologia socioassistencial na definição e caratericação do problema psicossocial ?
R: Uma vez selecionado o projeto, a instituição é responsável pela execução de diversos programas de intervenções, prevenção, proteção e apoio social, a fim de atender os objetivos e metas entre os quais se destaca o que está sendo trabalhado neste ano, que é o resgate da auto-estima, Possibilitar acolhimento emocional dessas pessoas e Fortalecer a saúde mental para empoderamento de seus direitos.
Como funciona os atendimentos?
R: Atendimento grupal semanal na ONG, através de grupos operativos, dinâmicas, assuntos pertinente à sua semana, patologias, dificuldades, elaboração de tarefas em oficinas. Atendimento individual, se necessário. Grupo de familiares para orientação e prevenção. Atendo individualmente os casos encaminhados, mais com problemas de álcool e outras drogas. Trabalhamos com projetos.
Quais as maiores dificuldades nessa área?
R: Pessoas soropositivas sofrem muitas dificuldades relacionadas à miséria e ao uso de drogas, problemas familiares diversos como violência doméstica, abuso sexual, discriminação, preconceito, morte de pacientes (em decorrência de complicação com AIDS ou bala “perdida”). Geralmente às dificuldades estão voltadas para a questão financeira que sempre são as mais dificultosas e sem dinheiro pouca coisa pode ser feito. Basicamente, são a carência de necessidades básicas, visto que nossa clientela é muito pobre. Tal realidade propicia a desinformação e às vezes o desinteresse de buscar entender tal necessidade.
Quais os desafios constantes que enfrenta?
R: A dificuldade maior em trabalhar com esta clientela é o próprio preconceito que eles vivenciam, impedindo-os de assumirem a sua soropositividade e muitas vezes de participarem de todas as atividades que o Centro de Referência lhes oferecem, pois “não podem ser vistos” por outras pessoas que frequentam o centro. O nível socioeconômico dos pacientes é muito baixo e temos que aprender a lidar com carências não só emocionais, mas também materiais...
Como psicologo quais dificuldades como capacitação proissional enfretou ou enfrenta na area socioassistencial?
R: Dificuldade sobre a sustentabilidade das ONGs e do controle social; tive dificuldades de me sentir responsável por alguns projetos, dado que em minha formação fui mais treinado a posturas clínicas do que a posicionamentos políticos ou responsabilização por projetos e grupos.
Você tem ou teve dificuldades relativas ao reconhecimento da profissão, à inserção profissional nas instituições e a dificuldades presentes na relação com outros profissionais?
R: Não, porém, a uma dificuldade em trabalhar com a equipe interdisciplinar, principalmente com pensamentos de áreas e filosofias diferentes. Para lidar com tudo isso, busco o bom senso e muita paciência.
É comum ouvirmos falar que o próprio portador do vírus tem preconceito e evita falar que é soropositivo. Porém, o outro lado – os soropositivos – alega que não sabe como será a reação das pessoas ao saberem que eles possuem a doença. Existe uma forma certa de falar “sou soropositivo”?
R: Eu diria que é comum observarmos que algumas pessoas não explicitam sua soropositividade tão facilmente ou tão rapidamente para qualquer um em qualquer lugar ou qualquer situação. Trata-se, evidentemente, de uma defesa psicológica diante de relações interpessoais estabelecidas com interlocutores cujas atitudes lhes são desconhecidas. Essas defesas, contudo, não são exclusivas das pessoas vivendo com HIV. Indicam, sim, um mecanismo de proteção de qualquer sujeito diante de situações que podem efetivamente transformar-se em um perigo ou uma ameaça ao seu equilíbrio psíquico. Ninguém é obrigado, a falar ou comunicar uma condição de saúde, seja ela qual for a quem quer que seja, salvo se esta informação se faz necessária dentro de um contexto específico, tais como uma consulta com profissional de saúde ou diante de um envolvimento sexual, por exemplo. Por outro lado, é preciso considerar a importância de se manter a autoestima preservada, visto que a condição de soropositivo para o HIV não deve ser vivenciada como um atributo de menos valia na existência desses sujeitos. Não há uma fórmula certa ou única para se dizer que “sou soropositivo”. Cada indivíduo encontrará a maneira própria de falar de si para outros, em conformidade com as circunstâncias e as possibilidades de cada um.
Como a família, os amigos e a sociedade em geral podem ajudar a pessoa que possui o vírus da AIDS?
R: No estágio do conhecimento científico em que nos encontramos atualmente, uma pessoa vivendo com HIV/AIDS que esteja sob cuidados médicos e de outros profissionais e mantendo uma boa adesão aos tratamentos recomendados já consegue viver uma vida com produtividade e bastante qualidade. A família, os amigos e a sociedade em geral têm um papel importantíssimo neste cenário na medida em que podem funcionar como campos de relação e interação social, fazendo com que a vida seja novamente recodificada e resignificada, proporcionando inclusão social e crescimento da autoestima. Solidariedade, carinho e ajuda para enfrentar os preconceitos e as dificuldades que a condição de soropositivo possa trazer podem funcionar como um “remédio” adicional, produzidos por essas redes de apoio familiares e sociais.
Conclusão
Diante exposto em entrevista o psicólogo social visa promover o aumento da auto-estima; aceitação sorológica; enfrentamento de medos reais e imaginários; e uma melhor qualidade de vida. Percebe-se ainda haver resistência à mesma, por parte de alguns indivíduos. Os elementos subjetivos contam muito no enfrentamento. Desse modo, aqueles que não têm muitas experiências positivas em sua história estão mais desamparados. Para esses, as redes de apoio e afetivas, poderiam ser oferecidas de modo preventivo pelas unidades de saúde e assistência social, como uma forma de favorecer a resiliência e a capacidade de superação de lutos e perdas.
Temos aprendido que há pontos fortes sobre os quais se pode construir o caminho. O setor de educação tem mostrado que pode ajudar a adquirir conhecimentos e também desenvolver atitudes e habilidades para a prevenção. E, conforme apontado anteriormente, o conhecimento correto de métodos sobre a transmissão e a prevenção do HIV não se traduz necessariamente em comportamentos seguros, mas é um pré-requisito. Esses achados, que podem igualmente ser aplicados ao uso inseguro de drogas, são reforçados por outros pesquisadores que afirmam que a melhoria dos conhecimentos e das habilidades é parte essencial da mudança de comportamento. Assim, o papel da educação na resposta ao HIV é central.
A teoria da aprendizagem social ou teoria cognitiva social reconhece as influências sociais sobre a aprendizagem, mas sua ligação com o comportamento nem sempre é clara. O modelo de crenças em saúde foi construído com base na teoria da aprendizagem social, que traz aspectos da crença pessoal para questionar as barreiras e a eficácia do comportamento. O modelo de estágios de mudança59 reconhece o processo complexo que um indivíduo vivencia entre pensar a mudança, fazê-la e mantê-la. Da mesma forma, o modelo de redução do risco da aids60 usa construções originadas no modelo de crenças em saúde, da teoria cognitiva social e a difusão da teoria da inovação. O modelo identifica três etapas envolvidas na redução do risco de transmissão do HIV, incluindo a rotulagem do comportamento, o compromisso com a mudança e a realização da ação. No entanto, alguns têm argumentado que teorias e modelos que esperam uma mudança de comportamento são fundamentalmente falhos.
O Departamento
de Saúde Mental desempenha ações significativas na Instituição que auxiliam na (re)organização do indivíduo acometido pelo HIV/Aids. É responsabilidade do profissional de saúde colaborar na luta pela (re)conquista da dignidade, integridade e cidadania. 
Bibliografia
Educação e HIV Evolução e perspectivas. Educação e HIV: evolução e perspectivas. – Brasília : UNESCO, 2016

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