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Macroeconomia I Capítulo 9 1 Capítulo 9 – Introdução ao Curto Prazo O modelo de longo prazo constitui um guia de como a economia se comporta em média. No entanto, num dado momento do tempo é improvável que a economia se comporte como a média de longo prazo. Assim, desenvolveremos o modelo de curto prazo que ajudará a perceber como é que o crescimento económico pode existir com o crescimento a tornar-se negativo e o desemprego a aumentar significativamente. O Longo Prazo, o Curto Prazo e os Choques O modelo de longo prazo visa determinar o output potencial e a inflação de longo prazo enquanto o modelo de curto prazo visa determinar o output e a inflação atuais. Output potencial – quantia que a economia produziria se todos os recursos fossem utilizados nos seus níveis sustentáveis de longo prazo. O output atual pode desviar-se do potencial devido a diversos choques que atingem a economia (alteração do preço do petróleo, tamanho dos mercados financeiros, impostos, despesas do governo, novas tecnologias, catástrofes naturais, …). Assim o curto prazo é definido como o período de tempo em que esses choques ocorrem. Uma das assunções fundamentais do modelo de curto prazo é o facto do longo prazo ser dado, ou seja, o output potencial (���) e a inflação (��) de longo prazo são variáveis exógenas ao modelo, sendo determinadas pelo modelo de longo prazo. Assim, as variáveis exógenas ao modelo são o output atual (��) e a inflação atual (��). ������ ����� = ����ê���� �� ����� ����� + ������çõ�� �� ����� ����� �� = ��� + ��� O output potencial pode ser visto como uma tendência de longo prazo do PIB. A componente de curto prazo da equação capta flutuações no PIB, tentado explicá-las. Estas flutuações são mais facilmente entendidas quando dadas em percentagem: ��� = �� − ��� ��� Macroeconomia I Capítulo 9 2 Através da observação do gráfico concluímos que �� é parecido ao output atual. Se removermos da equação o output potencial ficamos apenas com as flutuações económicas do PIB (gráfico à direita). Por isso mesmo consideramos que �� é o output de curto prazo: �� > 0 → o output atual é superior ao potencial logo a economia está num boom económico; �� < 0 → o output atual é inferior ao potencial logo a economia está numa recessão. Output de curto prazo nos Estados Unidos Análise do gráfico: Nos anos 30, durante a Grande Depressão, houve uma enorme flutuação estando o output atual significativamente abaixo do potencial; Durante a Segunda Guerra Mundial a situação inverteu-se, estando o output atual acima do potencial; Neste tipo de representação gráfica apenas se conseguem distinguir as flutuações mais significativas. Apenas um gráfico que mostre as diferenças entre o output atual e o potencial (output de curto prazo) mostrará de forma evidente todas as flutuações económicas. Macroeconomia I Capítulo 9 3 Análise do gráfico: Este tipo de representação gráfico permite distinguir períodos de recessão económica: o Recessão – inicia-se quando o output atual cai abaixo do potencial, ou seja quando o output de curto prazo se torna negativo, terminando quando este se começa a tornar menos negativo (antes do output atual igualar o potencial). Desde 1950, as flutuações do PIB situam-se entre os -4% e os +4%; A recessão mais profunda antes da atual ocorreu entre 1980 e 1982 quando o output caiu 5% abaixo do potencial; As recessões de 1990-91 e 2001 foram medianas; A mais recente recessão teve início em 2007, tendo em 2009 verificado uma queda de mais de 6% abaixo do output potencial; Recessão típica: O output cai abaixo do potencial durante dois anos; A inflação desce durante a recessão: atinge o seu pico muito próximo do início da recessão e depois vai diminuindo; A soma do output “perdido” durante uma recessão é cerca de 6% do PIB; o Perda de $3000 por pessoa; o Perda de 1500 a 3000 milhões de empregos. Assim, uma recessão é bastante penosa para a economia de um país. No entanto, estes cálculos sobrestimam os custos das flutuações económicas uma vez que não incorporam os ganhos dos períodos de boom económico (se conseguíssemos eliminar todas as flutuações económicas os ganhos seriam muito mais pequenos). Uma outra forma de medir os custos das recessões é analisar o número de postos de trabalho que são perdidos: Análise do gráfico: Numa recessão típica a taxa de desemprego sobe um ou dois pontos percentuais; A recessão mais recente foi particularmente severa neste ponto, já que entre 2007 e 2010 8.4 milhões de postos de trabalho foram perdidos. Macroeconomia I Capítulo 9 4 O Modelo de Curto Prazo O modelo de curto prazo descreve uma economia aberta, isto é, onde os booms e recessões do resto do mundo afetam a economia em estudo. Assim a economia vai exibir tanto o crescimento de longo prazo quanto as flutuações da atividade económica que o Banco Central tenta suavizar através da política monetária. Premissas do modelo de curto prazo: 1. A economia está constantemente a ser atingida por choques, ou seja, por fatores que provocam flutuações quer no output atual quer na taxa de inflação; 2. As políticas monetárias e fiscais afetam o output, ou seja, os decisores políticos podem conseguir neutralizar os choques numa economia; 3. Existe um trade-off dinâmico entre o output e a inflação que é representado pela curva de Phillips: a. Num boom económico produz-se mais do que o output potencial o que leva a um aumento da inflação; b. Se a inflação é elevada e os decisores políticos querem baixá-la então têm necessariamente de provocar uma recessão. A curva de Phillips mostra a relação positiva existente entre o output de curto prazo e a variação da taxa de inflação: Boom económico: o output está acima do potencial logo o output de curto prazo é positivo o que provoca uma variação positiva da inflação, ou seja, um aumento: o Intuição: como o output atual está acima do potencial as empresas estão a produzir mais do que conseguem sustentar no longo prazo. Isto acontece quando existe um pico de procura pela produção da empresa. Para satisfazer essa procura os trabalhadores vão ter de trabalhar mais, mas só o farão se o seu salário for superior. Assim os custos de produção aumentam fazendo aumentar os preços dos produtos (preços elevados revelam a escassez do produto). Como todas as firmas fazem isto, então a inflação vai aumentar. Recessão económica: o output está abaixo do potencial logo o output de curto prazo é negativo o que provoca uma variação negativa da inflação, ou seja, uma diminuição. Macroeconomia I Capítulo 9 5 o Intuição: como o output atual está abaixo do potencial as empresas enfrentam uma escassez de procura sendo obrigadas a despedir trabalhadores e vão ajustar os preços para conseguir escoar o produto. Assim todas as empresas baixam os seus preços fazendo diminuir a inflação. Mecanismo automático de correção: Um pico de procura faz com que as empresas aumentem os preços provocando um aumento da inflação; O aumento dos preços faz com que a procura diminua; Para escoar os produtos as empresas têm de baixar os seus preços, cortando nos custos e despedindo trabalhadores; A taxa de inflação desce voltando aos valores iniciais. Este mecanismo apesar de eficiente é bastante moroso, por isso, é o Banco Central através da política monetária que tenta corrigir o mercado: Quando a economia está num boom o Banco Central aumenta a taxa de juro provocando um aumento da taxa de inflação; Quando a economia está numa recessão o Banco Centraldiminui a taxa de juro provocando uma diminuição da taxa de inflação. Uma das interpretações da hiperinflação dos anos 70 é o Banco Central ter estimulado a economia a produzir acima do potencial durante vários anos seguidos. Tê-lo-ão feito por desconhecerem os custos da inflação elevada e por acreditarem que a curva de Phillips era mais achatada (uma aumento do output de curto prazo provocaria pequenos aumentos da inflação). Versão empírica da curva de Phillips Em média a relação entre a variação da inflação e o output de curto prazo é de ½ . No entanto, o gráfico mostra que nem sempre isto acontece essencialmente graças aos choques que atingem a economia. Macroeconomia I Capítulo 9 6 Lei de Okun: Output e Desemprego Taxa natural de desemprego (��) – taxa de desemprego que se verifica no longo prazo. Desemprego cíclico – diferença entre a taxa de desemprego atual (�) e a taxa de desemprego natural (��). Lei de Okun: � − �� = − � � ��� A observação empírica verifica esta relação negativa entre o output de curto prazo e o desemprego cíclico, mostrando que por cada ponto percentual que o output está abaixo do potencial a taxa de desemprego excede a natural em meio ponto percentual. Assim, a análise das flutuações económicas centrar-se-á no output de curto prazo que será relacionado com a taxa de desemprego através desta lei. Capítulo 9 – Introdução ao Curto Prazo O Longo Prazo, o Curto Prazo e os Choques Output de curto prazo nos Estados Unidos O Modelo de Curto Prazo Versão empírica da curva de Phillips Lei de Okun: Output e Desemprego
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