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O desemprego em Portugal está realmente a diminuir

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Relatório de Economia do Trabalho e 
dos Recursos Humanos 
Tema: O desemprego em Portugal está realmente a 
diminuir? 
Licenciatura em Economia
Docente: Profª Drª Helena Lopes
Trabalho realizado por: 
Daniel Adriano nº 65936
Pedro Diogo nº66012
 
 
Relatório de Economia do Trabalho e 
dos Recursos Humanos 
O desemprego em Portugal está realmente a 
Licenciatura em Economia 2014/2015 
 
Docente: Profª Drª Helena Lopes 
Trabalho realizado por: 
nº 65936 
nº66012 
Relatório de Economia do Trabalho e 
dos Recursos Humanos 
O desemprego em Portugal está realmente a 
 
Índice 
 Introdução 
 Contextualização teórica 
 Contextualização do desemprego em Portugal 
 Porque razão o desemprego oficial está a diminuir em Portugal (texto 
1) 
 Catastrophic Job Destruction (texto 2) 
 Outras opiniões de economistas 
 Conclusão 
 Biblografia 
Introdução 
“O Desemprego está mesmo a diminuir em Portugal?” 
 Existem poucos tópicos da actualidade que tenham mais importância para 
o povo português, mais divergência de opiniões ou mais debate por parte das 
autoridades, que o Desemprego. Não é raro ler os jornais e encontrarmos os 
mais recentes estudos sobre a sua evolução, observarmos na televisão os 
novos e actualizados números, ou ouvirmos as conversas dos nossos 
concidadãos sobre o tema enquanto viajamos pelos transportes públicos. Por 
ser um tema actual e de grande importância para o futuro de Portugal, 
decidimos o abordar no presente relatório. 
 Em seguimento dos objectivos da cadeira de Economia do Trabalho e 
Recursos Humanos, nomeadamente de “aprofundar o conhecimento e 
compreensão do funcionamento do mercado de trabalho e dos termos do 
debate teórico acerca da luta contra o desemprego”(FUC, ISCTE, ETRH 2014/2015), 
foi nos dada a oportunidade de realizar um trabalho de grupo sobre o 
Desemprego em Portugal. O presente estudo tem como objectivo analisar a 
evolução da taxa de desemprego em Portugal, os motivos salientes à sua 
variação, e providenciar uma perspectiva de futuro relativo ao seu real aumento 
ou diminuição de acordo com as medidas aplicadas e circunstâncias vividas. 
Pretendemos acima de tudo facilitar uma resposta à pergunta da diminuição, 
ou não, do desemprego português. 
 Iniciaremos o relatório com uma base teórica sobre o desemprego, seguida 
de uma análise da sua evolução e características em Portugal. Esta 
contextualização será útil para compreender os ideais e opiniões defendidos 
em dois artigos recomendados para os estudo do tema, nomeadamente, “Por 
que razão o desemprego oficial está a diminuir em Portugal?” de Eugénio 
Rosa, e “Catastrophic Job Destruction”, do Banco de Portugal. Concluiremos o 
relatório com um olhar sobre outras opiniões no tema do desemprego 
Português. 
Desemprego segundo a teoria neoclássica 
 De acordo com a teoria neoclássica o desemprego é uma condição 
voluntária em que os desempregados não trabalham por opção seja por 
estarem à procura de um trabalho que esteja de acordo com as suas 
características, seja por não estar dispostos a trabalhar a um salário tão baixo 
ou seja apenas aceitam salários superiores à produtividade marginal do 
trabalho. Para os neoclássicos um mercado verdadeiramente livre implica que 
os salários, preços e taxas de juro são elásticos podendo ser fixados ao nível 
de equilíbrio do mercado sem qualquer intervenção do Estado existindo um 
market-clearing wage, salário para o qual o mercado está 'limpo' não existindo 
desemprego, sendo o pleno emprego a situação habitual. Isto faz com que 
instrumentos de protecção no emprego (salário mínimo, legislação laboral) e 
protecção no desemprego (subsídio de desemprego e rendimento mínimo) ou o 
estabelecimento de preços mínimos ou máximos sejam contrários à lógica do 
mercado levando assim a ineficiências no mesmo, incluindo ao desemprego. 
Desemprego segundo a teoria keynesiana 
 Contrariamente à teoria neoclássica, a teoria keynesiana admite a 
existência de desemprego involuntário. Segundo esta teoria este desemprego é 
causado devido às expectativas em baixa dos empresários sobre a procura 
agregada que irá levar a uma diminuição, do investimento, da produção, do 
emprego e consequentemente do consumo e da procura. A quebra da procura 
agregada porventura maior do que os próprios empresários estariam à espera 
irá levar a um aumento do desemprego, o que levará a uma diminuição do 
rendimento e a nova quebra no consumo e no investimento mergulhando a 
economia numa recessão. Para Keynes a variável central é a procura 
agregada. Assim quando estas crises surgem o essencial segundo Keynes é 
recuperar o nível de procura agregada, que devido ao facto das antecipações 
dos produtores sobre a mesma serem de baixa tem de ser assegurada pelo 
Estado. Assim Keynes defende que o aumento da despesa pública é a solução 
para aumentar a procura agregada para que a economia saia da crise através 
de um ciclo virtuoso. Keynes defende também que é a procura agregada e não 
o nível de salário que determina o nível de emprego. Contudo a economia está 
naturalmente em subemprego e para chegar ao pleno emprego é necessário 
um determinado nível de procura agregada que só poderá ser assegurada 
através da intervenção estatal. A teoria keynesiana estabelece também uma 
ligação entre desemprego e inflação (Curva de Phillips), quando a inflação 
aumenta o desemprego diminui e quando a inflação diminui o desemprego 
aumenta. Outra relação está expressa na Lei de Okun. Esta lei afirma que 
quando o PIB diminui, o desemprego cíclico aumenta e quando o PIB aumenta, 
o desemprego cíclico diminui. 
 
 
 
 
 
 
 Causas do desemprego em Portugal 
 
 Desemprego keynesiano: 
 São variadas as causas do desemprego em Portugal. Em primeiro lugar é 
necessário analisar o contexto que nos levou até à situação atual de elevado 
desemprego no nosso país. Portugal tinha no virar do século um desemprego 
muito baixo de cerca de 4%. Com o virar do século a economia outrora 
próspera tornou-se anémica com um crescimento baixo e até uma recessão em 
2003. O desemprego por sua vez aumentou paulatinamente nesses anos e em 
2007 este já se encontrava nos 8%. Com a crise económica internacional a 
taxa de desemprego disparou em Portugal e em 2013 encontrava-se nos 
16,2%. O desemprego em Portugal durante este período apresenta claramente 
uma ligação à teoria keynesiana, um desemprego criado por uma insuficiência 
na procura agregada. Durante a recessão de 2003 o desemprego aumentou e 
durante a Grande Recessão o desemprego aumentou de forma acentuada no 
nosso país devido à severidade e à longevidade da crise. A partir do momento 
que a expectativas das empresas sobre a procura agregada diminuíram, as 
empresas reduziram o investimento e a produção e portanto o emprego. A 
redução do rendimento levou a uma diminuição do consumo e portanto da 
procura. Sem uma intervenção contra cíclica do Estado para contrariar a 
quebra da procura agregada o ciclo tornou-se vicioso. Como exemplo a procura 
interna em 2011 e 2012 caiu mais de 5% já que para além de não estimular a 
economia o governo ainda tomou medidas de austeridade para diminuir o 
défice e a dívida. O PIB só não caiu tanto como a procura interna devido ao 
aumento da procura externa (exportações). Pode portanto relacionar-se o 
desemprego nesses períodos à insuficiência da procura agregada. 
 Desemprego estrutural: 
 Mas outro fenómeno interessante é que mesmo nos anos em que 
economia cresceu durantea década de 2000 a economia não conseguiu criar 
novos empregos em nível superior aos que foram perdidos. De 2004 a 2007 o 
economia cresceu sempre (ainda que pouco) e nunca em nenhum destes anos 
o desemprego reduziu. Pelo contrário a taxa de desemprego aumentou dos 
6,6% para os 8% isto após acentuados aumentos nos anos anteriores. Isso 
leva-nos à conclusão de que existiu nesse período um aumento do 
desemprego estrutural, desemprego esse que não está dependente das 
flutuações económicas. Estudos indicam que a taxa de desemprego estrutural, 
quase duplicou no período de 13 anos de 2000 até 2013 passando dos 6% 
para os 11,5%. Estes dados são muitos significativos e mostram que para além 
de uma economia com um crescimento anémico ou em recessão outros foram 
os factores que levaram ao aumento do desemprego. Entre os factores que 
levaram a um aumento do desemprego estrutural aquele que mais se destaca 
são as baixas qualificações da mão-de-obra portuguesa. Entre as mais baixas 
da Europa as qualificações dos portugueses tem consequências negativas na 
produtividade, também das mais baixas da Europa, tanto ao níveis dos 
trabalhadores como também das chefias. O processo ainda que lento de 
alteração do padrão de especialização na década de 2000 levou a que cada 
vez mais trabalhadores especialmente os mais velhos e com menores 
qualificações se tornassem obsolescentes e acabassem muitas vezes por 
acabar num desemprego de longa duração que muitas vezes só acabou com a 
passagem à reforma dos mesmos. A isto juntou-se o facto de muitos 
trabalhadores mais idosos e com menores qualificações terem sido incapazes 
de se adaptar às novas tecnologias levando a que eles fossem despedidos. 
Outro factor que pode explicar o aumento do desemprego estrutural é a 
competição com países com baixos salários. Na década de 2000 os países do 
Sudeste Asiático foram-se impondo cada vez mais no comércio internacional e 
fizeram entrar nos países desenvolvidos, como Portugal, os seus produtos 
mais baratos reduzindo a procura interna dos produtos que nós também 
produzíamos. Para além disso tem vindo a verificar em todo o mundo ocidental 
numerosos fenómenos de deslocalização de empresas para esses países 
asiáticos atraídos pelos baixos salários lá praticados e legislação laboral quase 
inexistente. Também no caso intra-europeu o Alargamento de 2004 afectou 
Portugal já que tivemos de competir com produtos mais baratos de países que 
neste caso tem simultaneamente melhores qualificações e mais baixos salários 
que os trabalhadores portugueses. A entrada de Portugal na Zona Euro que 
tirou a hipóteses, entre outras, de desvalorizações monetárias não ajudou à 
competitividade do país e tornou o país ainda mais vulnerável à competição 
com os países do Centro/Leste Europeu e Emergentes Asiáticos. Um 
fenómeno transversal praticamente a todos os países e que também teve a sua 
influência no aumento do desemprego estrutural em Portugal foi o do 
robosourcing ou seja o da substituição de trabalhadores por robôs, 
computadores e outras máquinas que tem vindo a substituir milhões de 
trabalhadores por todo o mundo já que garantem uma maior produtividade e 
apenas precisam de manutenção estando a trabalhar sempre que a empresa 
necessita e sem interrupções ao contrário dos seres-humanos. 
 Desemprego friccional: 
 O desemprego friccional teve ainda que menor, alguma influência no 
aumento do desemprego neste período. O desemprego jovem é muito elevado, 
em 2012 e 2013 chegou a um máximo de 37,7%. Tal pode-se dever às 
qualificações dos jovens não serem as pretendidas pelas empresas e também 
devido a alguma rigidez no mercado de trabalho, embora a redução no IPLT 
desde 2006 não tenha conseguido reduzir este tipo de desemprego. A verdade 
é que as políticas de flexibilização do mercado de trabalho e de diminuição da 
proteção no desemprego que sido tomadas facilitam a entrada de 
trabalhadores no mercado de trabalho, job finding rate, mas também facilitam a 
sua saída do mercado de trabalho, job separation rate. 
Texto 1 
 POR QUE RAZÃO O DESEMPREGO OFICIAL ESTÁ A DIMINUIR EM PORTUGAL? 
 Este texto do economista Eugénio Rosa tem como objectivo explicar que a 
diminuição oficial do desemprego que aconteceu entre Janeiro de 2013 e Maio 
de 2014 aconteceu não devido a uma maior criação de emprego mas sim 
devido a outros fatores como o aumento dos desempregados 'ocupados' e a 
emigração em massa sobretudo de jovens qualificados. Assim a diminuição 
oficial do desemprego que tem sido referida pelo Governo e meios de 
comunicação social é algo artificial não correspondendo assim a um aumento 
do emprego de acordo com este economista. 
 Os dados do INE no 1º trimestre de 2013 o desemprego encontrava-se nos 
17.5%, no 2º trimestre de 2013 ele tinha descido para os 16,4%, no 4º trimestre 
a taxa encontrava-se nos 15,3%, e no 1º trimestre de 2014 a taxa de 
desemprego recuou para os 15,1%. 
 Se analisarmos apenas estes dados podemos ficar com a impressão de 
que esta redução no emprego foi provocada pela criação de emprego e 
subsequente recuperação económica devido a um aumento da procura 
agregada. Contudo o autor mostra-nos que não foi isso que aconteceu. O 
primeiro indicador que contraria de certo modo estes dados sobre a população 
desempregada são os dados sobre a população empregada. 
Períodos Nº de desempregados Nº de empregados 
1º trimestre de 2013 926.800 4.354.600 
2º trimestre de 2013 866.300 4.424.600 
4º trimestre de 2013 808.000 4.468.000 
1º trimestre de 2014 788.100 4.426.900 
 Fonte: Texto 1 
 Como se verifica existe os dados do emprego estão em alguns períodos em 
contraciclo com os dados do desemprego. Assim estes dados servem para 
mostrar que na realidade a evolução que se registou no desemprego não foi 
acompanhada por uma semelhante criação de emprego. Isso leva-nos a 
questionar e a explorar as razões que levaram à diminuição oficial da taxa e 
número de desempregados. 
 Um conceito que vale a pena abordar para explicar a evolução do 
desemprego em Portugal é o de desempregados 'ocupados'. Estas são 
pessoas que se encontram 'ocupadas' segundo os seguintes critérios: a fazer 
trabalho socialmente necessário - CEI, Formação Profissional, Formação 
Profissional Externa IEFP ou Estágio Profissional. Vale a pena referir que 
embora não estejam empregadas estas pessoas não são classificadas como 
desempregadas e portanto não entram nas estatísticas oficiais do INE ou da 
Eurostat. Em Janeiro de 2013 o número de desempregados 'ocupados' em 
Portugal era de 78.679 pessoas. Já em Abril de 2014 o número de 
desempregados 'ocupados' era de 169.408 pessoas. Ou seja um aumento de 
90.729 pessoas ou em percentagem 115,3%. Em 5 trimestres o número de 
'ocupados' em Portugal mais que duplicou. Portanto ao não incluir os 
desempregados 'ocupados' na taxa de desemprego e no número de 
desempregados as estatísticas sobre o desemprego acabam por não reflectir 
inteiramente a realidade e dão ao agentes políticos a oportunidade de explorar 
estes dados da maneira mais conveniente aos seus interesses. Cremos ainda 
que este aumento do número de desempregados 'ocupados' está sobretudo 
associado ao facto de muitos desempregados estarem a procurar mais 
formação profissional e estágios. 
 
 Estes dados são muito diferentes dos apresentados nas estatísticas oficiais 
do INE. Para além da taxa de desemprego ser bastante mais elevadas, nestes 
5 trimestres em vez da taxa de desemprego ter diminuído 2,4% diminuiu menos 
de metade, apenas 1,1%. E do 3ºtrimestre de 2013 até ao 1º trimestre de 2014 
o desemprego inclusivamente até aumentou em 0,5%. Aliás estes dados 
encontram-se próximos dos relativos ao emprego pelo que estes dados do 
desemprego incluindo 'ocupados' parecem traduzir mais fielmente a realidade 
que os dados do dados oficiais sobre o desemprego. 
 Saldo Migratório em Portugal 
Anos Saldo migratório em milhares 
2010 3,8 
2011 -24,3 
2012 -37,3 
2013 -36,2 
 Fonte: Pordata 
 Adicionalmente, para além dos desempregados 'ocupados' temos ainda de 
contar com a emigração maciça que tem ocorrido no país desde 2011, só no 1º 
trimestre de 2014 imigraram 61.700 mil pessoas com idade até aos 34 anos. 
Um outro fenómeno que ainda pode explicar a evolução do desemprego é o 
dos 'desencorajados' ou seja pessoas que estando à muito tempo no 
desemprego e não encontrando emprego acabam por deixar de o procurar nos 
centros de emprego desaparecendo assim das estatísticas oficiais, algo 
comum em períodos de crise prolongados como este em Portugal, sendo que 
alguns desses desencorajados podem também ter emigrado seguidamente. 
 Conclusão: 
 Este texto apresenta uma critica à diminuição do desemprego apresentada 
pelo atual Governo e pelas estatísticas oficiais, explicando que a redução oficial 
do desemprego tem sido feita de forma artificial e não tem correspondido à 
criação de emprego mas sim a outros fatores como o aumento dos 
desempregados 'ocupados', a emigração massiva sobretudo de jovens, e o 
fenómeno dos desencorajados. 
Texto 2 
 
Catastrophic Job Destruction 
 
 Num relatório feito por colaboradores do Banco de Portugal, é realizado o 
estudo sobre a capacidade de adaptação do mercado de trabalho português à 
recessão que o tomou nos últimos anos. A análise é focada na capacidade de 
criação e de destruição de emprego do mercado de trabalho, tendo em conta a 
falência de firmas, o aumento do desemprego e o aumento do número de 
trabalhadores com salário mínimo ou com salários “congelados”. As condições 
de acesso ao crédito, a rigidez de salários e a segmentação do mercado de 
trabalho são as variáveis abordadas ao longo do artigo. 
 
 De acordo com o Dicionário Merriam-Webster, “resilience” 
(resiliência/resistência) é definido como “the ability to become strong, healthy, 
or successful again after something bad happens” ou “the ability of something 
to return to its original shape after it has been pulled, stretched, pressed, bent, 
etc.”. Este conceito pode ser facilmente aplicado no contexto do Mercado de 
Trabalho, de onde obtemos “Labor Market Resilience”, ou, “the extent to which 
labor markets weather economic downturns with limited social costs”. Tal como 
indivíduos diferentes possuem resistências diferentes, a resiliência, no que se 
refere a mercados de trabalho ou uma economia, varia de país para país. De 
acordo com os estudos da OCDE referenciados no artigo compreendemos que 
Portugal, já antes da crise económica de 2008-2009, enfrentava sérias 
dificuldades macroeconómicas que acabaram por amplificar o impacto de uma 
recessão internacional. Portugal é referido no artigo como “um dos países da 
OCDE menos preparados para suportar os efeitos da actual recessão.” (pag.1) 
 “Portugal is in serious trouble. Productivity growth is anemic. Growth is very low. 
The budget deficit is large. The current account deficit is very large. In the 
absence of policy changes, the most likely scenario is one of competitive 
disinflation, a period of high unemployment until competitiveness has been 
reestablished” 
- Blanchard (2007) 
 
 Num esforço de equilibrar as finanças Portuguesas e acalmar os efeitos da 
crise o governo português implementou medidas que procuraram o aumento da 
receita fiscal e diminuição da despesa pública. Contudo, o aumento da dívida e 
da dificuldade de acesso a mercados financeiros resultou numa intervenção, o 
chamado “resgate”, por organizações internacionais. Entretanto, o desemprego 
aumentou drasticamente resultando por um lado, da diminuição na criação de 
emprego por novas empresas ou empresas em expansão, e por outro, pelo 
aumento na destruição de emprego em falências ou em “downsizing”. (ver 
Anexo1) 
 
 Acesso ao Crédito: 
“Regarding the credit channel, the question of interest is if (and how) the severe 
credit constraint faced by Portuguese firms may be linked to the destruction of 
jobs both at the intensive (i.e., by downsizing firms) and the extensive (i.e., by 
closing firms) margins.”(pág.12) 
 A facilidade de acesso ao crédito é fundamental na capacidade de 
sobrevivência e expansão de firmas. É portanto uma variável importante a ser 
estudada no contexto da criação ou destruição de empregos. 
 Os efeitos da crise financeira, conjugados com o aumento da dívida 
soberana Portuguesa, levaram a crescentes dificuldades no acesso ao crédito 
por parte das empresas nacionais. Observamos que as taxas de juro 
portuguesas para empréstimos a firmas manteve-se sucessivamente superior à 
média europeia. Em Outubro de 2011, a diferença chegou perto dos 3,5%, 
comparando Portugal à Espanha, Itália, Irlanda e Alemanha. 
 
 De acordo com os estudos macroeconómicos incluídos no artigo conclui-
se que “taxas de juro tem um impacto negativo nos resultados de empregos 
das empresas sobreviventes.”(pág.13) . Observamos que maiores taxas de juro 
estão constantemente associadas à maiores probabilidade de falência de 
empresas, como é expectável. O impacto das condições de acesso ao crédito é 
portanto duplo, limitando por um lado as possibilidades de expansão de 
empresas, e por outro sendo uma condição que leve mesmo à sua falência. 
 Rigidez Salarial: 
“National legal minimum wages and pervasive wage floors set by collective 
bargaining coupled with the legal prohibition of nominal wage cuts (surviving 
since the 1950’s) creates a de facto situation of extreme nominal wage rigidity. 
(…) in a low-inflation regime nominal wage rigidity may stop companies from 
adjusting to negative shocks.”(pag.10) 
 O impacto da crise económica no mercado de trabalho português tem se 
reflectido num cada vez maior número de trabalhadores a receber o salário 
mínimo. Para além disto, observações de “wage freezing”, ou congelamento 
salarial, tem aumentando ao longo dos anos. Ambos os indicadores apontam 
para uma estagnação na capacidade de criação de emprego ou 
desenvolvimento de empresas. 
 De acordo com estudos macroeconómicos, os autores afirmam que 
“ambos os fatores estão negativamente correla
criação de emprego e contratações” e que “a proporção de trabalhadores a 
receber o salário mínimo e (...) congelamentos 
significativamente correlacionados 
falência.”(pag.19) 
 Segmentação do Mercado:
 “Segmentation along contractual types is an essential feature of the Portuguese 
labor market. (…) temporary contracts represent a large and growing share of 
 Para o estudo do desemprego em Portugal torna
própria estrutura do mercado de trabalho. Ao longo dos últimos anos a sua 
segmentação tem-se aprofundado, especialmente no que se refer
contrato que as empresas
contrato temporário tem vindo a aumentar e são estes que, de acordo com os 
autores, “sofrem o maior impacto dos ajustes no em
 
De acordo com estudos macroeconómicos, os autores afirmam que 
“ambos os fatores estão negativamente correlacionados com a capacidade de 
criação de emprego e contratações” e que “a proporção de trabalhadores a 
receber o salário mínimoe (...) congelamentos salariais estão positivamente e 
correlacionados com a probabilidade da firma ir à 
Segmentação do Mercado: 
“Segmentation along contractual types is an essential feature of the Portuguese 
emporary contracts represent a large and growing share of 
total employment” (pg. 19) 
Para o estudo do desemprego em Portugal torna-se importante observar a 
própria estrutura do mercado de trabalho. Ao longo dos últimos anos a sua 
se aprofundado, especialmente no que se refer
contrato que as empresas estabelecem. O número de trabalhadores com 
contrato temporário tem vindo a aumentar e são estes que, de acordo com os 
autores, “sofrem o maior impacto dos ajustes no emprego”. 
De acordo com estudos macroeconómicos, os autores afirmam que 
com a capacidade de 
criação de emprego e contratações” e que “a proporção de trabalhadores a 
s estão positivamente e 
com a probabilidade da firma ir à 
“Segmentation along contractual types is an essential feature of the Portuguese 
emporary contracts represent a large and growing share of 
se importante observar a 
própria estrutura do mercado de trabalho. Ao longo dos últimos anos a sua 
se aprofundado, especialmente no que se refere ao tipo de 
lecem. O número de trabalhadores com 
contrato temporário tem vindo a aumentar e são estes que, de acordo com os 
 Observamos nos gráficos seguintes que, tanto em contratações como em 
separações, a taxa de variação para contratos temporários é sistematicamente 
superior à de contratos permanentes. 
 
 
 
 
 
 
 Tal observação comprova que as firmas estão mais dispostas a responder 
a adversidades externas através do grupo de trabalhadores temporários em 
vez de trabalhadoras permanentes. 
 Conclusão: 
 Iniciamos esta análise por definir o significado de “resistência” no contexto 
do mercado de trabalho português. Através das crescentes dificuldades de 
acesso a crédito por parte das empresas, pelo aumento de trabalhadores com 
salário mínimo ou salários “congelados” e a maior segmentação do mercado de 
trabalho português, concluímos que a resistência laboral portuguesa não 
suportou o choque da crise económica mundial. Este facto levou a enormes 
custos sociais debatidos até hoje e expos as fragilidades que o mercado 
português evidencia, nomeadamente, trabalhadores pouco produtivos, pouco 
pagos e pouco qualificados. 
 O número de falências ao longo dos últimos anos levou a uma grande 
destruição de emprego. A conjugação das três variáveis estudadas explica as 
dificuldades portuguesas na criação de novos empregos através da formação 
de empresas ou expansão de existentes. 
 Para combater os actuais desafios são sugeridas pelos autores medidas 
de requalificação dos trabalhadores portugueses, políticas que facilitem 
contratações e que diminuam “a linha de segurança” entre os empregados e ou 
que procuram emprego. Tais medidas terão como objectivo um aumento da 
produtividade portuguesa. 
Outras opiniões de economistas 
 Keynesianos: 
 Paul Krugman 
 “Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem 
profundos problemas estruturais. Claro que tem, e todos têm, mas, sendo que 
em Portugal a situação é mais grave do que noutros países, como é que faz 
sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego 
um grande número de trabalhadores disponíveis?” 
 Joseph Stiglitz 
 "Temo que se centrem na austeridade, que é uma receita para um crescimento 
menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma 
receita para o suicídio", afirmou. 
 O antigo vice-presidente do Banco Mundial (Joseph Stiglitz) disse que as 
reformas estruturais europeias "foram desenhadas para melhorar a economia 
do lado da oferta e não do lado da procura", quando o problema real é a falta 
de procura. 
 Neoclássicos: 
 João César das Neves 
 O tema está na agenda política há vários meses, mas para o economista João 
César das Neves "é criminoso subir o salário mínimo". Teria "consequências 
dramáticas sobre os pobres". 
Conclusão 
 Com este trabalho propusemo-nos responder à questão 'O desemprego em 
Portugal está realmente a diminuir?'Após a nossa análise dos textos e de 
outros documentos verificamos que não existe uma opinião consensual que 
explique o desemprego em Portugal. Existem sim várias correntes de 
pensamento económico que nos dão diferentes respostas sobre o problema. A 
verdade é que o desemprego em Portugal é uma conjugação de diferentes 
tipos de desemprego, keynesiano, estrutural e de mobilidade cada um deles 
com as suas razões explicativas. Vimos que através de diferentes instrumentos 
os dados de redução do desemprego podem esconder situações como a dos 
desempregados 'ocupados' e da emigração. Também se verifica que o 
desemprego estrutural tem vindo constantemente a crescer ao longo da última 
década por diferentes razões. Podemos dizer que o problema do desemprego 
é grave e necessita de medidas concretas para o combater. Respondendo à 
pergunta do nosso trabalho verificamos que oficialmente o desemprego em 
Portugal está a diminuir mas que tal não corresponde a uma proporcional 
criação de emprego e sim a fenómenos como o dos desempregados 
'ocupados', a emigração massiva e os 'desencorajados' e portanto ele não está 
'realmente a diminuir'. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
http://slideplayer.com.br/slide/331573/ 
https://www.google.pt/search?q=desemprego+em+portugal+desde+2000&biw=1366
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http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3242129&page=-1 
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