Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 23 Engenharia Civil p/ FUNAI - (Cargo: Engenheiro Civil) - com videoaulas Professor: Marcus Campiteli 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 102 AULA 23: HIDROLOGIA SUMÁRIO PÁGINA CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 1 1. CICLO HIDROLÓGICO 2 2. BACIA HIDROGRÁFICA 10 3. PRECIPITAÇÃO 26 4. EVAPOTRANSPIRAÇÃO 50 5. INFILTRAÇÕES 54 6. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 75 7. QUESTÕES COMENTADAS 91 8. QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA 98 9. GABARITO 102 10. BIBLIOGRAFIA 102 Olá pessoal, apresentamos para vocês nesta aula os conceitos de Hidrologia. Não encontrei questões da ESAF sobre este assunto. Por isso, apresento questões comentadas da FCC e Cesgranrio. O texto baseia-se no livro Introdução a Hidráulica, Hidrologia e Gestão de Águas Pluviais, do autor John Gribbin, por apresentar uma abordagem simples e clara dos conceitos e nas apostilas do curso de Hidrologia ministrado no Instituto Militar de Engenharia ± IME, de autoria dos Ilustríssimos Professores José Carlos C. Amorim e Marcelo de Miranda Reis. Vale a pena focar as partes negritadas. Caso queiram treinar antes mesmo de adentrar à teoria, há os capítulos finais com as questões apresentadas e o gabarito final. Bons estudos e boa sorte ! 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 102 HIDROLOGIA $QWHV�TXH�D�iJXD�GD�FKXYD�SRVVD�IOXLU�HP�XP�FXUVR�G¶iJXD�RX� canal, ou em um bueiro, ela deve primeiro se precipitar do céu, seguir seu caminho pela superfície da terra e acumular-se em uma forma concentrada. O valor da vazão resultante da água da chuva denomina-se deflúvio (ou runoff) e depende de vários fatores, incluindo o volume precipitado, o tamanho da área onde cai a água da chuva e a natureza do solo sobre o qual a água flui. 1 ± CICLO HIDROLÓGICO O ciclo hidrológico é fechado, mas adota-se a atmosfera como ponto inicial de origem da água na qual existe sob a forma de vapor, partículas líquidas, gelo ou neve. Quando as partículas de água formadas por condensação do vapor atingem determinada dimensão, precipitam-se em forma de chuva. Se na queda atravessam zonas de temperatura inferior a 0oC pode haver formação de partículas de gelo, dando origem ao granizo. No caso da condensação ocorrer sob temperaturas abaixo do ponto de congelamento, há formação de neve. Quando a condensação se verifica sobre uma superfície sólida ocorre o orvalho ou a geada, conforme seja a temperatura superior ou inferior a 0oC. Parte da precipitação não atinge o solo devido à evaporação, durante a própria queda, ou porque é retida pela vegetação, perda a que se dá o nome de interceptação. Do volume que atinge o solo parte se infiltra, parte escoa pela superfície e parte evapora-se diretamente ou através das plantas, fenômeno conhecido como transpiração. A infiltração é o processo de penetração da água no solo. Quando a intensidade da precipitação excede a capacidade de 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 102 infiltração, a água escoa na superfície. Em primeiro lugar, preenche as depressões do terreno. Em seguida, inicia-se o escoamento superficial propriamente dito: a água procura os canais naturais que vão concentrar-se nos vales principais, formando os cursos dos rios, para finalmente dirigir-se aos lagos, mares e oceanos. Nesse processo pode ocorrer infiltração ou evaporação, conforme as características do terreno e a umidade ambiente da zona atravessada. A água retida nas depressões ou como umidade superficial do solo pode ainda evaporar-se ou infiltrar-se. Em estado líquido, pela energia recebida do Sol ou de outras fontes, a água pode retornar ao estado gasoso, fenômeno chamado de evaporação e ao qual se atribui o equilíbrio do ciclo hidrológico. As plantas retiram umidade do solo que utilizam em seu crescimento e eliminam na atmosfera sob a forma de vapor, ao que se dá o nome de transpiração. Em muitos estudos a evaporação do solo e das plantas é considerada em conjunto sob a denominação de evapotranspiração. A água que se infiltra no solo movimenta-se através dos vazios existentes por percolação e, eventualmente, atinge uma zona saturada formando o lençol subterrâneo que poderá interceptar uma vertente, retornando à superfície para alimentar os rios, ou mesmo os oceanos, ou formar lençóis artesianos entre camadas impermeáveis. Na fase aérea do ciclo hidrológico a água é pura porque nos processos de evaporação e de precipitação tudo se passa como se houvesse um gigantesco destilador. Entretanto, a água é límpida apenas enquanto vapor e no momento da condensação. Logo após a esta as impurezas começam a acumular-se, os gases dissolvem-se nas gotas das chuvas que ao atingir a superfície do solo dissolvem substâncias como cálcio, magnésio, sódio, bicarbonatos, cloretos, sulfatos e nitratos. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) O quadro a seguir apresenta uma estimativa feita por N. Meinardus (1928) e H. Hoinkes (1968) da quantidade de água disponível no planeta Terra por fontes: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) O quadro abaixo apresenta uma estimativa de distribuição baseado no volume total de água potável apresentado no quadro anterior: Fonte: Amorim & Reis (IME) Uma parte da reserva de água está em circulação contínua e compõe uma transferência, pois evapora das superfícies líquidas e do solo e após a condensação na atmosfera é depositada novamente nas superfícies como precipitação líquida ou sólida. Pela precipitação, a evaporação e o escoamento superficial são sempre repostos como água potável. O vapor de água em circulação na atmosfera formaria com sua completa condensação e precipitação uma camada de água de somente 2 a 3 cm de profundidade na superfície da Terra. Comparando-se com a média de precipitação anual na Terra (97 cm), 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 102 deduz-se que a vida média de uma molécula de água na atmosfera é de cerca de 10 dias. A água disponível para uso na superfície da terra, da qual a humanidade, a economia e a indústria dependem, constitui apenas uma fração da água total da terra e é renovada pelo ciclo hidrológico. O quadro seguintemostra os fluxos globais entre os continentes e os oceanos: Fonte: Amorim & Reis (IME) 1) (33 ± Transpetro/2011 ± Cesgranrio) Considere as seguintes reservas de água doce (Rn) do nosso planeta. R1 ± lagos e rios R2 ± geleiras e gelo polar R3 ± água subterrânea A ordem DECRESCENTE de volume de água armazenada nessas reservas é (A) R1, R2, R3 (B) R1, R3, R2 (C) R2, R1, R3 (D) R2, R3, R1 (E) R3, R2, R1 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 102 a) Balanço Hídrico Devido ao fato de que a quantidade total de água disponível na Terra ser finita e indestrutível, podemos encarar o ciclo hidrológico global como sendo um sistema fechado. Um balanço hídrico pode ser desenvolvido para explicar os componentes hidrológicos. De modo ilustrativo pode-se imaginar um sistema simples e altamente restrito como o da figura a seguir. Considere uma superfície plana inclinada e completamente impermeável (a água não pode passar através da superfície), confinada pelos quatro lados e comum a saída no canto A. Desde que a superfície seja assumida como sendo completamente plana, não haverá depressões nas quais a água poderá se armazenar. Se uma chuva for aplicada a este sistema hidrológico simplificado, surgirá em A uma vazão de saída, denominada escoamento superficial direto. Fonte: Amorim & Reis (IME) Pode-se representar o balanço hídrico para este sistema pela seguinte equação: I ± Q = dS/dt Onde: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 102 I = vazão de entrada Q = vazão de saída dS/dt = variação no armazenamento do sistema por unidade de tempo Como a vazão de saída é constante, com o aumento da intensidade da chuva temos um aumento da vazão de entrada, e se esta supera a vazão de saída temos uma acumulação na superfície (retenção superficial). Com o cessar da precipitação, a água retida na superfície se transforma em vazão de saída do sistema. No exemplo citado, toda a entrada se transforma em saída, negligenciando-se a pequena quantidade de água retida eletricamente na superfície e também qualquer evaporação ocorrida durante o período (uma suposição razoável para o sistema descrito). Num sistema mais generalizado, existem depressões no sistema fechado e a vazão de saída não pode ocorrer até que se acumule água a uma profundidade mínima para fornecer carga necessária ao escoamento. Esta ilustração elementar sugere que qualquer sistema hidrológico pode ser descrito por um balanço hídrico que explica a disposição das entradas de água no sistema e a variação no armazenamento. Uma versão mais generalizada do balanço hídrico deverá explicar os vários componentes de um ciclo hidrológico e fornecer a visão de técnicas de resolução de problemas em regiões hidrológicas complexas. Tais regiões podem estar definidas pela topologia, limitadas politicamente ou especificadas arbitrariamente. Teoricamente, um balanço é possível para qualquer tipo de região que caracterize um sistema fechado, embora a possibilidade de dados e o grau de refinamento dos métodos analíticos determine a aplicabilidade daquele em um senso prático. O balanço hídrico de 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 102 uma área unitária da superfície da Terra é formado pelos seguintes componentes: - P = precipitação; - E = evaporação; - Q = descarga, escoamento; - R = reserva, armazenamento; - U = uso, consumo; Nesta forma mais generalizada a equação da continuidade se apresenta na seguinte forma: P = E + D + R + U Onde: D = escoamento superficial ou subterrâneo R = armazenamento temporário de água no solo, e U = água utilizada física ou quimicamente. Em uma média de longo período pode-se admitir que R e U sejam constantes, de forma que as flutuações dessas quantidades tornam-se insignificantes no balanço hídrico. Assim a equação pode ser simplificada para: P = E + Q Em um sistema mais generalizado, normalmente, tomamos como sistema fechado uma bacia hidrográfica, que é uma área definida topograficamente, drenada por um rio ou sistema de rios de forma que toda a vazão é descarregada em uma única saída definida pela seção de estudo, definindo um sistema fechado. A precipitação é avaliada por medidores dispostos em uma área. O escoamento superficial pode ser medido de várias formas, tais como medidores em barragens, medidores de velocidade de fluxo, etc.. A umidade do solo pode ser determinada usando-se provas de nêutrons e métodos gravimétricos; a infiltração é 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 102 determinada localmente por infiltrômetros ou estimada através dos dados de chuva-escoamento. A equação do balanço hídrico é um instrumento extremamente útil e que pode ser usado de várias maneiras para estimar a magnitude e distribuição no tempo das variáveis hidrológicas. 2 ± BACIA HIDROGRÁFICA 3DUD�R�FiOFXOR�GD�YD]mR�HP�XP�FXUVR�G¶iJXD�UHVXOWDQWH�GH�XP� evento de chuva, deve-se, primeiro, determinar o tamanho da área VREUH�D�TXDO�D�FKXYD� LQFLGH��3DUD�WRGRV�RV�FXUVRV�G¶iJXD��XPD�iUHD� EHP�GHILQLGD� LQWHUFHSWD�D� FKXYD�H� D� WUDQVSRUWD�DWp� R� FXUVR�G¶iJXa, conforme a figura a seguir. Fonte: Gribbin (2014) 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 102 Essa área denomina-se bacia hidrográfica, bacia de drenagem ou área de captação. Toda chuva que incide sobre a bacia de drenagem segue seu FDPLQKR� DWp� R� FXUVR� G¶iJXD�� HQTXDQWR� D� FKXYD� TXH� FDL� IRUD� dela VHJXH�FDPLQKR�GLVWLQWR��DIOXLQGR�HP�RXWUR�FXUVR�G¶iJXD� A linha imaginária que delineia o limite da bacia de drenagem denomina-se divisor da bacia ou divisor de águas e é determinada pela topografia da região. Conforme apresentado na figura seguinte, o primeiro passo SDUD�GHOLQHDU�D�EDFLD�GH�GUHQDJHP�p�GHFLGLU�R�SRQWR��QR�FXUVR�G¶iJXD�� onde a bacia começa (onde se quer determinar a vazão). Esse ponto inicial constitui o ponto de análise (ponto de saída) do escoamento proveniente da bacia de drenagem, também denominado exutório da bacia. Em geral, esse ponto é escolhido para a instalação da estrutura hidráulica proposta, como um bueiro. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 102 Fonte:Gribbin (2014) O divisor da bacia na figura seguinte ilustra os princípios mais importantes para se delinear uma bacia de drenagem: 1) Desenhe o divisor perpendicular às linhas de contorno (curvas de nível). 2) Desenhe o divisor ao longo das cristas das elevações (colinas ou montanhas). 3) Nunca desenhe o divisor ou longo de ou através de uma baixada. 4) Desenhe o divisor entre duas curvas de nível de mesma cota topográfica e paralelo a elas. 5) Quando estiver em dúvida sobre a linha do divisor da bacia, simule uma gota de chuva caindo perto da linha; então, 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 102 trace o caminho do escoamento seguido pela gota. Se a gota escoa em direção ao exutório da bacia, ela caiu dentro da bacia. Quando escoa em declive, a água segue perpendicularmente às curvas de nível. Fonte: Gribbin (2014) A figura a seguir representa um talvegue (lugar geométrico dos pontos mais baixos da bacia de drenagem) e uma elevação. Um fundo de vale é a transição entre duas elevações e dois talvegues. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 102 Fonte: Gribbin (2014) Cabe ressaltar que os divisores topográficos nem sempre coincidem com os divisores freáticos. Desta forma podem ocorrer fugas ou acréscimos de água numa bacia, e o sistema não poderia ser tomado como fechado. A exceção de casos especiais estas variações não são significativas. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) O balanço entre a disponibilidade e a demanda de água para diversos fins, indica a situação hídrica de escassez ou de abundância da bacia hidrográfica. Pode-se estabelecer o balanço hídrico de uma bacia hidrográfica medindo-se as chuvas nos postos pluviométricos locais ou vizinhos e as vazões escoadas na seção fluviométrica. 2.1 - Resposta de uma Bacia Hidrográfica A maneira pela qual se dão as variações de vazão em uma seção em relação à chuva precipitada é denominada resposta de uma bacia. Uma bacia responderá diferentemente a tempestades de intensidade e duração diferentes. A resposta também será diferente com chuvas idênticas, se a condição antecedente variar. Pode-se observar o comportamento da bacia em relação a uma chuva específica, analisando o hidrograma no período, ou seja, o gráfico da vazão versus tempo. A figura a seguir mostra um exemplo de um hidrograma típico de cheia: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) O hidrograma de cheia representa a variação da vazão em uma VHomR�GH�XP�FXUVR�G¶iJXD�SDUD�XP�HYHQWR�LVRODGR�GH�FKXYD��1RWH-se que geralmente pode-se traçar o hidrograma de uma bacia mesmo para nenhuma precipitação, devido à perenidade dos rios. Esta perenidade é causada pelo abastecimento de água feito a partir do escoamento subterrâneo (deflúvio básico), onde o nível do rio está abaixo da superfície freática. Portanto, o pico do hidrograma de cheia será mais acentuado quanto maior for a contribuição do escoamento superficial direto, resultante da chuva em relação ao deflúvio básico. Isto se dará para solos com pouca capacidade de infiltração, para bacias com declividade acentuada, com influência de sua forma e do tipo de vegetação e também da distribuição espacial da chuva na bacia. É interessante observar que a forma de um hidrograma vai depender tanto das características físicas da bacia como também das características da precipitação. Os estudos baseados na análise do hidrograma compreendem um dos métodos conceituais usados na determinação de parâmetros de projeto, na transformação da chuva em vazão. 2.2 - Características físicas e funcionais de uma Bacia Hidrográfica 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 102 A discussão das características físicas e funcionais das bacias hidrográficas tem a finalidade de proporcionar o conhecimento dos diversos fatores que determinam a natureza da descarga de um rio. A utilização das características físicas pode ser resumida a três utilidades básicas: - Explicação de observações passadas ou criação de cenários futuros, como por exemplo, no planejamento de drenagem de uma cidade, prevendo-se as áreas impermeabilizadas futuras. - Transposição de dados entre bacias vizinhas. É muito comum não se dispor de dados observados de vazões no local de interesse de um projeto; entretanto, encontrando-se uma bacia vizinha com dados históricos ou eventualmente dados no mesmo rio, mas em seções distantes, pode-se através de fórmulas empíricas ou por uma análise estatística regional, correlacionar os dados de vazões com as características físicas das bacias. - Criação de fórmulas empíricas para generalizações regionais dessas correlações. Em geral, estas são efetuadas mais com um cunho científico, de forma independente à uma necessidade de estudo específico. O escoamento num curso d'água é condicionado a diversos fatores, podendo ser divididos em dois grupos (fatores climáticos e fatores físicos). São estes fatores que irão determinar as variações de escoamento de bacia para bacia. Fatores climáticos: Precipitação; Evapotranspiração; Parâmetros secundários ligados aos primeiros (radiações solares, temperaturas, umidade do ar, vento,...). Fatores físicos (intimamente ligados às características da bacia hidrográfica): Uso e Tipo do solo / florestas; Área; Forma; 'HFOLYLGDGH�GD�EDFLD��(OHYDomR��'HFOLYLGDGH�GR�&XUVR�'¶iJXD��7LSR�GD� Rede de Drenagem; Densidade de drenagem. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 102 a) Uso e tipo do solo / florestas da bacia hidrográfica: Um dos fatores fisiográficos mais importantes que afetam o escoamento é o uso do solo ou controle da terra. Uma área constituída por floresta com o solo coberto por folhas e galhos, durante as maiores precipitações, evitam que o escoamento VXSHUILFLDO� DWLQMD� R� FXUVR� G¶iJXD� QXP� FXUWR� LQWHUYDOR� GH� WHPSR�� mitigando, assim, uma enchente. Se esta área for desflorestada e seu solo compactado ou impermeabilizado, aquela chuva que antes se infiltrava no solo, pode provocar enchentes nunca vistas. Entretanto, esse fator não tem influência sensível nas maiores enchentes catastróficas.As florestas têm ação regularizadora nas vazões dos FXUVRV�G¶iJXD��PDV�QmR�DXPHQWDP�R�YDORU�PpGLR�GDV�YD]}HV. Em climas secos, a vegetação pode até mesmo diminuí-lo em virtude do aumento da evaporação. As características do escoamento superficial também são bastante influenciadas pelo tipo predominante de solo, devido à capacidade de infiltração dos diferentes solos, que por sua vez é função do tamanho dos grãos do solo, da sua agregação, da forma e do arranjo das partículas. Solos que contém material coloidal contraem-se e incham-se com as mudanças de umidade, afetando a capacidade de infiltração. b) Área da bacia hidrográfica: É a área plana definida pela projeção horizontal do divisor de águas. Seu valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebido pela bacia. A determinação da área de drenagem de uma bacia é feita com o auxílio de uma planta topográfica e de altimetria adequada, traçando-se a linha divisória que passa pelos pontos de maior cota entre duas bacias vizinhas. O cálculo da área pode ser realizado com 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 102 boa precisão utilizando-se um planímetro, ou com recursos intrínsecos aos aplicativos de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), quando se trabalha com a planta digitalizada. As bacias podem ser classificadas em grandes e pequenas. O tamanho da bacia (a área) não é critério suficiente para tal classificação, haja vista que duas bacias de mesma área podem apresentar comportamentos hidrológicos totalmente distintos. Considera-se uma bacia pequena quando a quantidade de água DFXPXODGD�QR�OHLWR�GR�FXUVR�G¶iJXD�GHYLGR�j�SUHFLSLWDomR�IRU�VXSHULRU� à quantidade de água acumulada no solo e na vegetação. A área da bacia afeta a grandeza das enchentes, das vazões mínimas, e das vazões médias de várias formas. Ou seja, tem significativa influência sobre o hidrograma como veremos a seguir: - Efeito sobre vazões máximas: Entre duas bacias que diferem apenas pela área, se quantidades iguais de chuva precipitam em intervalos de tempos iguais sobre elas, o volume do escoamento superficial por unidade de área será o mesmo nas duas bacias. Entretanto, esse volume de escoamento estará mais disperso na bacia de maior área. Assim, o tempo necessário para que todo esse volume passe pela seção de saída desta bacia será maior que o tempo gasto na bacia de área menor. Dessa forma, o pico de enchente será menos acentuado na maior bacia (em relação à vazão normal). - Efeito sobre as vazões mínimas: Uma vez cessado o HVFRDPHQWR� VXSHUILFLDO�� D� YD]mR� GH� XP� FXUVR� G¶iJXD� p� alimentada pela água subterrânea. Consequentemente, com o gasto desse DUPD]HQDPHQWR�D�YD]mR�GR�FXUVR�G¶iJXD�YDL�GLminuindo DWp�TXH�R�FXUVR�G¶iJXD�ILTXH�VHFR�RX�KDMD�XPD�UHFDUJD�QR�VROR�SHOD� precipitação. Estas precipitações, que ocorrem durante as secas atingem algumas partes das grandes bacias, enquanto muitas vezes não caem sobre algumas pequenas sub-bacias. Por esse motivo, a 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 102 YD]mR� GRV� FXUVRV� G¶iJXD� SULQFLSDLV� GDV� EDFLDV� PDLRUHV� WHP� maior chance de prover uma vazão firme. - Efeito sobre a vazão média: A área da bacia não afeta diretamente a vazão média. Assim, as vazões médias específicas (vazão por unidade de área) em vários pontos de uma bacia são praticamente constantes. c) Forma da bacia hidrográfica: As grandes bacias hidrográficas, em geral, apresentam forma de leque ou de pêra, ao passo que as pequenas bacias apresentam formas as mais variadas possíveis em função da estrutura geológica dos terrenos. A forma da bacia influencia no escoamento superficial e consequentemente no hidrograma resultante de uma determinada chuva. Entre os índices propostos para caracterizar a forma da bacia serão calculados o fator de forma e os índices de compacidade e de conformação. Estes índices são utilizados para comparar bacias e para comporem parâmetros das equações empíricas de correlações entre vazões e características físicas das bacias. - Fator de Forma ou índice de Gravelius: é a razão entre a largura média da bacia e o comprimento axial da mesma. O comprimento axial é medido da saída da bacia até seu ponto mais remoto, seguindo-se as grandes curvas do rio principal (não se consideram as curvas dos meandros). Fonte: Amorim & Reis (IME) 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 102 - Índice de Compacidade (Kc): É definido como sendo a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência do círculo de área igual à da bacia. Como o círculo é a figura geométrica plana que comporta uma dada área com o menor perímetro, este índice nunca será menor que 1 (um). Bacias que se aproximam geometricamente de um círculo convergem o escoamento superficial ao mesmo tempo para um trecho relativamente pequeno do rio principal. Caso não existam outros fatores que interfiram, os menores valores de Kc indicam maior potencialidade de produção de picos de enchentes elevados. Kc = 0,28. ? Onde: P = perímetro da bacia, em km A = área da bacia, em km2 Fonte: Amorim & Reis (IME) - Índice de Conformação: Compara a área da bacia coma área do quadrado de lado igual ao comprimento axial. Caso não existam outros fatores que interfiram, quanto mais próximo de 1 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 102 (um) o valor de Fc, isto é, quanto mais a forma da bacia se aproximar da forma do quadrado do seu comprimento axial, maior a potencialidade de produção de picos de cheias, pois há uma conversão de todo escoamento para uma mesma região, ao mesmo tempo. Fc = A/L2 Onde: A = área da bacia L = comprimento axial Fonte: Amorim & Reis (IME) d) Declividade da bacia hidrográfica: A declividade da bacia ou dos terrenos da bacia tem uma relação importante e também complexa com a infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo e a contribuição de água subterrânea ao escoamento do curso G¶iJXD��e�XP dos fatores mais importantes que controla o tempo do escoamento superficial e da concentração da chuva e tem uma importância direta em relação à magnitude da enchente. Quanto maior a declividade, maior a variação das vazões instantâneas. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 102 e) Elevação da bacia hidrográfica: A variação da elevação e também a elevação média de uma bacia são fatores importantescom relação à temperatura e à precipitação. I�� 'HFOLYLGDGH� GR� FXUVR� G¶iJXD� GD bacia hidrográfica: A velocidade de escoamento da água de um rio depende da declividade dos canais fluviais. Quanto maior a declividade, maior será a velocidade de escoamento. Assim, os hidrogramas de enchente serão tanto mais pronunciados e estreitos, indicando maiores variações de vazões instantâneas. g) Tipo da rede de drenagem da bacia hidrográfica: Podemos caracterizar o tipo da rede de drenagem através da ordem dos cursos G¶iJXD��GD�GHQVLGDGH�GH FXUVRV�G¶iJXD�H�GD�GHQVLGDGH�GH�GUHQDJHP� - Ordem dos FXUVRV�G¶iJXD: A classificação dos rios quanto à ordem reflete no grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma EDFLD�� 2V� FXUVRV� G¶iJXD� PDLRUHV� SRVVXHP seus tributários, que por sua vez possuem outros até que se chegue aos minúsculos cursos G¶iJXD� GD� H[tremidade. As correntes formadoras, isto é, os canais que não possuem tributários são considerados de primeira ordem. Quando dois canais de primeira ordem se unem é formado um segmento de segunda ordem. A união de dois rios de mesma ordem resulta em um rio de ordem imediatamente superior; quando dois rios de ordens diferentes se unem, formam um rio com a ordem maior dos dois. Para se determinar corretamente a ordem, situam-se num mapa WRGRV�RV�FXUVRV�G¶iJXD��SHUHQHV�RX�LQWHUPLWHQWHV��PDV�QmR�se deve incluir ravinas de água que não possuem curso definido. Geralmente, quanto maior a ordem de um cursR�G¶iJXD�PDLRU�p�D�VXD� extensão: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) - 'HQVLGDGH�GH�FXUVRV�G¶iJXD� A densidade de cursos G¶iJXD� é a relação entre o número de cursRV�G¶iJXD�H�D�iUHD�WRWDO�GD� bacia. São incluídos apenas os rios perenes e os intermitentes. O rio principal é contado apenas uma vez de sua nascente até a foz e os tributários de ordem superior, cada um se estendendo da sua nascente até a junção como rio de ordem superior. A densidade de FXUVRV�G¶iJXD�QmR� LQGLFD�D�HILFLrQFLD da drenagem, pois a extensão GRV�FXUVRV�G¶iJXD�QmR�p�OHYDGD�HP conta. Fonte: Amorim & Reis (IME) - Densidade de drenagem: A densidade de drenagem indica a eficiência da drenagem na bacia. É definida pela relação entre R�FRPSULPHQWR�WRWDO�GRV�FXUVRV�G¶iJXD e a área de drenagem. Quanto mais eficiente o sistema de drenagem, ou seja, quanto maior 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 102 a densidade de drenagem da bacia, mais rapidamente a água do escoamento superficial originada da chuva chegará à saída da bacia, gerando hidrogramas com picos maiores e em instantes mais cedo. 2.3 - Tempo de Concentração É uma medição do tempo necessário para o escoamento ocorrer do ponto mais remoto da bacia hidrográfica ao exultório da bacia. Fonte: Gribbin (2014) Cada bacia de drenagem tem seu próprio tempo de concentração, dependendo do tamanho, forma, declividade e condições do solo. O ponto mais remoto é aquele em que a bacia requer mais tempo para escoar. O ponto mais remoto não, necessariamente, é o mais distante do exutório, pois a água pode escoar vagarosamente em razão da declividade e das condições do solo. O percurso na bacia de drenagem do ponto mais remoto ao exutório denomina-se vertente. O escoamento sobre o solo geralmente é o primeiro tipo de escoamento. Caracteriza-se por um escoamento laminar, semelhante 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 102 à maneira como a água escoa sobre um pavimento. Esse é o mais lento de todos os tipos de escoamento, e é calculado por um nomógrafo ou por equação empírica. O escoamento concentrado raso ocorre quando as reentrâncias naturais do terreno fazem o escoamento formar pequenos regatos. Por serem mais concentrados, a eficiência do escoamento aumenta, e, consequentemente, a velocidade. O tempo de escoamento concentrado raso é determinado por monógrafo empírico. 2�HVFRDPHQWR�GH�XP�FXUVR�G¶iJXD�JHUDOPHQWH�p�R�~OWLPR�H�R� mais rápido, que ocorre ao longo da vertente. O tempo pode ser calculado pela equação de Manning. O tempo de concentração é um parâmetro fundamental para o cálculo da vazão máxima ou vazão de pico. Se o escoamento leva muito tempo para atingir o exutório, a vazão de pico será inferior, caso levasse mais tempo. 3 - PRECIPITAÇÃO Precipitação é o termo geral dado a todas as formas de água depositada na superfície WHUUHVWUH� H� RULXQGD� GR� YDSRU� G¶iJXD� QD� atmosfera, tais como neblina, granizo, geada, neve, orvalho e chuva. É o elemento alimentador da fase terrestre do ciclo hidrológico e constitui fator importante para os processos de escoamento superficial direto, infiltração, evaporação, transpiração, recarga de aqüíferos, vazão básica dos rios e outros. Comumente os termos precipitação e chuva se confundem, uma vez que a neve é incomum no país, e as outras formas pouco contribuem para a vazão dos rios. A magnitude de uma precipitação é descrita pelo número de mm de chuva, junto com sua duração (intensidade). 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 102 A probabilidade de ocorrência é descrita como período de retorno, que é o número médio de anos entre dois eventos de chuva que se igualam ou excedem um determinado número de mm durante uma determinada duração. 3.1 ± Formas de precipitação As precipitações apresentam formas diferentes dependendo da temperatura na qual ocorre a condensação e das condições existentes durante a queda das partículas na direção do solo: Fonte: Amorim & Reis (IME) 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 102 3.2 ± Formação das Precipitações 2�YDSRU�G¶iJXD�FRQWLGR�QD�DWPRVIHUD�FRQVWLWXL�XP reservatório potencial de água doce que ao se condensar possibilita a ocorrência de precipitações. Embora a umidade atmosférica seja o elemento indispensável para a ocorrência de chuva, ela não responde sozinha por sua formação. A formação está intimamente ligada à ascensão, ao resfriamento e à condensação das massas de ar, sendo que a precipitação dependerá da formação de núcleo higroscópicos para que atinjam peso suficiente para vencer as forças de sustentação. Quando ocorre o movimento vertical e o ar é transportado para níveis mais altos, seja por convecção, relevo ou ação frontal das massas, há uma expansão devido a diminuição da pressão. Essa expansão é adiabática, uma vez que não há troca de calor com o ambiente. Porém, a temperatura é reduzida, devido àenergia térmica ter sido utilizada em seu processo de expansão. Como resfriamento, a massa de ar pode atingir seu ponto de saturação com a consequente condensação do vapor em gotículas (nuvens). 3.2.1 - Elementos de Hidrometeorologia a) 7HPSHUDWXUD�� 3UHVVmR� H� &LUFXODo}HV� GR� YDSRU� G¶iJXD� QD� atmosfera A atmosfera é uma camada gasosa que envolve a terra, constituída por uma mistura de ar seco (97% - Nitrogênio 78%, 2[LJrQLR������*DVHV�1REUHV���YDSRU�G¶iJXD�H partículas sólidas em suspensão. Os fenômenos hidrometeorológicos ocorrem principalmente na troposfera, que é a camada em contato com a 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 102 superfície terrestre, com 16.000 m no equador e 8.000 m nos pólos, sendo o principal meio de transporte de massa (água, partículas sólidas, e poluentes), energia (energia térmica recebida pelo sol) e quantidade de movimento (ventos) sobre a superfície da terra. Devido ao efeito estufa natural, mais especificamente ao espectro de absorção da atmosfera e aos diferentes comprimentos de onda entre a energia incidente e a energia emitida pela superfície, verifica-se que a principal fonte de aquecimento da atmosfera é a superfície terrestre. As camadas inferiores, por contarem com mais vapor, gotas e partículas sólidas, tornam-se mais eficientes em absorver a radiação terrestre que as camadas mais altas. Desta forma, dentro da troposfera, existe um gradiente de temperatura aproximado de 6 a 7oC para cada 1.000 m de altitude. Assim, verticalmente, a temperatura diminui com a altitude. Analogamente, na troposfera a pressão também diminui. Horizontalmente também temos diferentes zonas de temperatura e de pressão. A nível global, devido às variações de potência incidentes, e localmente devido aos diferentes calores específicos da terra e dos oceanos. Estas pressões diferentes provocam ventos que transportam a umidade das regiões de maior pressão para as de menor pressão, isto é, das regiões mais aquecidas para as mais frias. Apesar do gradiente de pressão ser o principal mecanismo formador dos ventos, estes também são influenciados pela força de Coriolis resultante da rotação da terra, que provoca um deslocamento das massas de ar para a esquerda no hemisfério sul (para a direita no norte); e pela força centrífuga, que aparece quando os ventos apresentam curvaturas em função das isobáricas não estarem retilíneas e paralelas. Até 1.000 m de altitude atua também sobre o vento a força de atrito no sentido oposto ao do movimento do ar. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 102 Desta forma, a circulação geral da atmosfera ocorre conforme o mostrado na figura a seguir: Fonte: Amorim & Reis (IME) Conforme vimos, os ventos são formados principalmente pelo gradiente de pressão, mas estes sofrem influência da força de Coriolis. É devido a esta força que temos a formação de ciclones e anticiclones respectivamente sobre os centros de baixa e de alta pressão. Nas zonas equatoriais temos uma forte ascensão de ar provocada pelo forte aquecimento das camadas inferiores. Isto faz que nesta região tenhamos centros de baixa pressão. Analogamente o forte resfriamento nas camadas inferiores dos pólos provoca um abaixamento (por resfriamento e aumento de densidade) das massas de ar superiores, formando nestas regiões centros de alta pressão. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 102 Nos centros de baixa pressão ocorre, pelo gradiente de pressão, um movimento convergente em direção ao centro e uma ascensão das camadas de ar mais baixas. Contudo, devido à força de Coriolis, no hemisfério sul, há um deslocamento para esquerda, o que faz com que a massa de ar, além de convergir e subir, execute um movimento no sentido horário denominado de movimento ciclônico. Analogamente, nos centros de alta pressão, pelo gradiente de pressão, há a redução de altitude das camadas de ar mais altas e, nas camadas mais baixas, um movimento divergente partindo do centro. Da mesma forma, devido à força de Coriolis, no hemisfério sul, há um deslocamento para a esquerda, o que faz com que a massa de ar, além de descer e divergir, execute um movimento no sentido anti-horário que chamamos de movimento anti-ciclônico. Vimos que à medida que se sobe, baixa-se a temperatura. Isto faz com que as massas úmidas se condensem formando nuvens. Desta forma, à medida que estas massas sobem, tornam-se menos úmidas e mais secas. Devido a este fenômeno, temos sobre os centros de baixa pressão locais de tempo ruim e sobre os centros de alta pressão locais de tempo bom. Isto ocorre porque nos centros de baixa pressão as massa de ar que são convergidas e ascendidas são as mais baixas, isto é, as mais úmidas, que após a ascensão, resfriam condensam e, possivelmente, precipitam, enquanto que sobre os centros de alta pressão as camadas que descem e divergem são mais altas, isto é, mais secas, sem potencial (água) para precipitação. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) b) Umidade do ar e pressão de vapor Para existir condensação e possivelmente precipitação é imprescindível haver umidade (água) na massa de ar. Assim, para estimar o potencial de precipitação, é importante haver uma medida da umidade do ar. Conforme YLVWR�QR�FLFOR�KLGUROyJLFR��R�YDSRU�G¶iJXD�Gi�HQWUDGD� na atmosfera através da evaporação e da evapotranspiração. Na evaporação, que é a principal fonte, com o aumento da temperatura, as moléculas de água rompem a tensão superficial e passam para o ar. As moléculas vão ocupando os espaços entre as moléculas do ar seco, causando a chamada umidade do ar, contudo, este processo não segue indefinidamente. Existe um OLPLWH� SDUD� D� TXDQWLGDGH� GH� YDSRU� G¶iJXD� TXH� XP dado volume de ar pode suportar, e, quando esse limite é alcançado, diz-se que o ar está saturado. O ar quente pode suportar mais vapor do que o ar frio. Para cada grau de elevação da temperatura, verifica- se, também, um aumento do conteúdo do YDSRU� G¶iJXD para a saturação. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 102 A pressão atmosférica decorre de uma composição de pressões parciais exercidas pelos gases que a constituem. A parcela de pressão GHYLGD�D�SUHVHQoD�GR�YDSRU�G¶iJXD�p�GHQRPLQDGD�SUHVVmR�GH�YDSRU� G¶iJXD��H��� Suponha uma superfície de água em evaporação, em um sistema fechado, envolta em ar. Sob a ação de uma fonte de calor, a água vai sendoevaporada até o estado de equilíbrio, quando o ar está saturado de vapor e não pode mais absorvê-lo. As moléculas de YDSRU�G¶iJXD exercerão então uma pressão, denominada pressão de VDWXUDomR� GH� YDSRU� G¶iJXD� �Hs), para determinada temperatura do sistema. O valor de es muda com a temperatura como mostra a figura a seguir: A saturação do ar pode se dar por três processos básicos: - Processo isotérmico ± a temperatura é mantida constante e R� YDSRU� G¶iJXD� p� LQFRUSRUDGR� DR� DU� SDUD� VXSULU sua deficiência de umidade. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 102 - Processo isobárico ± a pressão é conservada constante e o ar é submetido a um resfriamento até interceptar a curva de saturação de vapor. Esta temperatura corresponde a temperatura do ponto de orvalho (td). Ou seja, a temperatura de ponto de orvalho é aquela na qual uma massa de ar resfriada isobaricamente é resfriada até atingir a condição de VDWXUDomRGR�YDSRU�G¶iJXD. - Livre saturação ± se a água evapora livremente dentro da massa de ar, a saturação é atingida à pressão e temperaturas diferentes das que tinha inicialmente, uma vez que a evaporação necessita de calor (calor latente de evaporação), que é retirado do próprio ar. Assim, à medida que a umidade e a pressão aumentam, a temperatura diminui. O ponto P irá se mover na diagonal até atingir a curva de saturação a uma temperatura tw denominada de ³WHPSHUDWXUD�GR�EXOER�~PLGR´��� Quando o ar possui uma tensão de vapor es, é impossível comprimir o vapor de água por resfriamento sob a forma gaseiforme. Ao aproximar mais suas moléculas, o vapor saturante se liquefaz e se condensa. Os valores de tensão de vapor saturante (es) podem ser obtidos em função dos valores de temperatura do ar T através de gráficos, tabelas ou fórmulas como a de Tetens: es = 6,11 x 10(a x T)/(b + T) Como D� TXDQWLGDGH� GH� YDSRU� G¶iJXD� p� IDWRU� LPSUHVFLQGtYHO� D� precipitação, devemos estabelecer índices de umidade do ar e medi- ORV�� $� TXDQWLGDGH� GH� YDSRU� G¶iJXD� QR� DU expressa-se simplesmente pela relação peso/volume (gramas/m3). Os principais índices de umidade do ar são: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 102 - 8PLGDGH�DEVROXWD��Ǐv): É a relação entre a massa de vapor G¶iJXD��Pv, e o volume de ar que a contém. - Umidade relativa (U): é a relação entre o percentual que expressa a quantidade real de YDSRU� G¶iJXD no ar e o valor de saturação para a mesma temperatura. Ou seja, é a relação entre a TXDQWLGDGH�GH�YDSRU�G¶iJXD existente no ar e a quantidade de vapor G¶iJXD�QHFHVViULD�SDUD�VDWXUi-lo: U = (e/es) - Razão ou teor de mistura (W): é a razão entre a massa de YDSRU�G¶iJXD�H�D�PDVVD�GH�DU�úmido que a contém. W = mv/ma = Ǐv/Ǐa - Umidade específica (q): é o quociente entre a massa de YDSRU�G¶iJXD�H�D�PDVVD�GH�DU�VHFR�FRP a qual o vapor se mistura. W = mv/(ma+mv) A umidade atmosférica, na prática corrente, é medida através deum aparelho chamado psicômetro. c) Crescimento das gotas e formação das precipitações Conforme foi visto, quando o ar possui uma tensão de vapor es é impossível comprimir o vapor de água por resfriamento sob a forma gaseiforme. Ao aproximar mais suas moléculas o vapor saturante se liquefaz e se condensa. Quando ocorre o movimento vertical e o ar é transportado para níveis mais altos, seja por convecção, relevo ou ação frontal das massas, há uma expansão devido a diminuição da pressão. Essa 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 102 expansão é adiabática, uma vez que não há troca de calor com o ambiente. Porém, a temperatura é reduzida, devido à energia térmica ter sido utilizada em seu processo de expansão. Como resfriamento, a massa de ar pode atingir seu ponto de saturação com a consequente condensação do vapor em gotículas que formam as nuvens. Esta condensação é realizada sobre partículas minúsculas (diâmetro 0,01 a 1 mícron) de várias origens (argilosas, orgânicas (pólen), químicas e sais marinhos) que são conhecidas como núcleos de condensação. Entretanto, a condensação do vapor em gotículas não garante que haja precipitação. Para que ocorra a precipitação, é necessário que as gotas tenham um volume tal que seu peso seja superior às forças que a mantém em suspensão, adquirindo assim uma velocidade superior às componentes verticais ascendentes dos movimentos atmosféricos. Estas gotículas, após condensadas, apresentam diâmetros variando entre 0,01 e 0,03 mm em massa, variando de 0,5 a 1 g/m3 de ar. Como as gotas de chuva têm diâmetros variando de 0,5 a 2 mm, para precipitação, é necessário que elas cresçam. O crescimento das gotas ocorre devido a dois fatores: ao FUHVFLPHQWR� SRU� FRQGHQVDomR� GR� YDSRU� G¶iJXD� H� GHYLGR� j� absorção de uma pela outra devido à choques entre elas (processo de coalescência direta). F����&UHVFLPHQWR�SRU�FRQGHQVDomR�GR�YDSRU�G¶iJXD O YDSRU�G¶iJXD�H[LVWHQWH�QR�DU�DWPRVIpULFR�SRVVXL�PDVVD�GH��� a 5 g/m3 de ar, enquanto que as gotículas possuem massa variando de 0,5 a 1 g/m3. Para que haja uma transferência de massa através GD� FRQGHQVDomR� GR� YDSRU� G¶iJXD�� p� QHFHVViULR� TXH� FHUWDV gotículas das nuvens tenham tensão de vapor inferior à tensão de YDSRU�G¶iJXD� do ar. Existem três casos em que esta situação ocorre: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 102 - Em nuvens frias (temperaturas abaixo de 0ºC ± teoria de Tor Bergeron): abaixo de zero a tensão máxima de vapor é menor para o gelo do que para a água sobrefundida. Desta forma, as gotículas de água sobrefundida vaporizam-se em proveito dos cristais de gelo. Esta situação ocorre em regiões frias e temperadas; - Em nuvens com temperatura superior à 0ºC: as gotículas quentes têm tensão de vapor maior que a das demais partículas, ocorrendo a vaporização destas em proveito das gotículas mais frias. Esta situação ocorre em regiões de média e baixa latitude; - Em nuvens constituídas por gotículas salinas: A tensão de vapor da água salgada é menor que a da água pura, assim, as gotículas de água pura vaporizam-se em proveito das salinas. Entretanto, experiências laboratoriais mostram que estas ações de condensação isoladas não conseguem produzir gotículas de diâmetro superior a 0,2 mm. Como elas têm que crescer no mínimo até 0,5 mm, é necessário a ação conjunta de um outro mecanismo, conhecido por coalescência direta. As gotas de chuva chegam a um diâmetro máximo de 5,5 mm. Acima disso elas se rompem devido à resistência do ar formando gotas menores antes delas atingirem o limite de velocidade de queda. Chuvas têm sido provocadas artificialmente pela disseminação de gotículas frias ou com cloreto de sódio em solução, em nuvens quentes; oupela disseminação de partículas muito frias (anidrido carbônico sólido) ou de cristais com estrutura próxima à do gelo (cristais de iodeto de prata). c.2) Crescimento por coalescência direta Através deste processo ocorre absorção de uma gotícula, já aumentada por condensação do vapor, por outra, através do choque entre elas. Várias teorias explicam o movimento relativo e os choques sucessivos entre as partículas (atração eletrostática, indução 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 102 eletromagnética, atração hidrodinâmica, microturbulência etc;), entretanto, verifica-se em laboratório que nenhum deles justificaria o rápido crescimento inicial que é observado nas gotículas. Observa-se, contudo, que estas teorias explicariam satisfatoriamente o posterior crescimento, pois o número de choques prováveis aumenta com o diâmetro das partículas, principalmente quando as partículas já aumentadas vencem as correntes de suspensão e começam a cair, chocando-se com as partículas que ainda estão em suspensão. Desta forma, o processo de coalescência direta é responsável pelo crescimento das gotículas somente após um crescimento inicial por condensação. 3.3 ± Tipos de Precipitação A ascensão do ar é considerada o estopim da formação das chuvas, portanto, nada mais lógico que classificá-las segundo a causa que gerou este movimento. De acordo com os mecanismos que provocam a ascensão das massas de ar, as precipitações podem ser classificadas em três tipos: - orográficas: a massa de ar é jogada para cima por uma cadeia de montanhas; - convectivas: a massa de ar é jogada para cima por um forte e desigual aquecimento da superfície terrestre em áreas tropicais; - frontais: a massa de ar é jogada para cima por ação de massas frontais. O fato da massa de ar ser ascendida e ter se condensado em nuvens não significa que ela continuará subindo e condensando até se precipitar. Isto depende se a massa de ar ultrapassará ou não a cota da linha de estabilidade. Ela só continuará ascendendo se o mecanismo de elevação (frontal, orográfico ou convectivo) elevar 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 102 esta massa acima da cota denominada linha de estabilidade. Caso a elevação não atinja esta cota, as nuvens ao invés de continuar subindo começarão a descer e as gotículas de água se revaporizarão. 3.3.1 - Ascensão ± Estabilidade e instabilidade: Uma vez que podemos admitir que o ar comporta-se como um gás perfeito, pela equação que rege a física destes, podemos concluir que a medida que o ar é aquecido este decresce em densidade, isto é, ele tende a se tornar mais leve e a subir. Se elevo uma partícula (uma massa de ar) até uma dada altura, podemos concluir que: se a temperatura externa é maior que a da partícula (isto é a massa externa é menos densa que a partícula) ela desce, se é menor ela sobe, se igual ela fica parada. Vimos ainda que a temperatura e a pressão diminuem com a altura. Se a massa de ar está seca ou ainda não está saturada, a temperatura decresce a uma taxa de ± 10ºC/Km. Neste caso dizemos que temos um gradiente de temperatura do tipo DARL (dry adiabatic rate lapse). No caso em que a partícula (a massa dear) sobe verticalmente por ação de um dos mecanismos de HOHYDomR��HOD�HVIULD�D�XPD�WD[D��ȶ���GR�WLSR�'$5/�- adiabática seca). Porém, se a massa de ar já está saturada, à medida que esta sobe ela se condensa liberando calor latente, e, com este aquecimento, a taxa de decréscimo da temperatura é menor que 10ºC/Km (seria, por exemplo, de - 2,5ºC/ Km, ou de - 1,8ºC/Km dependendo de quão úmida está esta massa de ar (quanto mais úmida menor o gradiente)). Neste caso dizemos que a temperatura cai a uma taxa do tipo SARL (saturated adiabatic rate lapse). No caso da massa de ar do ambiente para o qual a partícula foi elevada temos um resfriamento a uma taxa deste tipo SARL (adiabática úmida). O nível de estabilidade é dado pelo cruzamento das linhas DARL e SARL (figura a seguir). 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) Quando uma partícula (massa de ar) é elevada a uma cota acimado nível de estabilidade, temos a temperatura do ambiente menor (mais densa) que a da partícula, pois a partícula foi resfriada a uma taxa maior (DARL), neste caso a partícula por ser menos densa continuará subindo. Caso esta seja elevada a uma cota inferior ao nível de estabilidade, a temperatura do ambiente será maior (menos densa) e a partícula cairá, diminuindo de cota, aumentando de temperatura e re-evaporando o vapor que tinha se condensado, isto é, as nuvens sumirão. 3.3.2 - Orográficas: Ocorrem quando ventos quentes e úmidos, soprando geralmente dos oceanos para os continentes, encontram uma barreira montanhosa que forçam sua elevação, e consequente, a condensação adiabática, formando nuvens que crescem e precipitam. São chuvas de pequena intensidade e grande duração, que ocorrem em pequenas áreas no sentido do deslocamento e grandes áreas (definidas pelo comprimento da escarpa de montanha) na escala de bacias hidrográficas no sentido transversal ao deslocamento. Estas são frequentes na Serra do Mar. A figura a seguir mostra o mecanismo de uma chuva orográfica. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) Quando os ventos conseguem ultrapassar a barreira montanhosa, projeta-se do lado oposto uma sombra pluviométrica de características secas e semi-áridas, causadas pelo ar seco que chega após a descarga de toda a umidade na encosta oposta. 3.3.3 - Convectivas Vimos que à medida que o ar é aquecido decresce em densidade, isto é, ele tende a se tornar mais leve. Sabemos ainda que a superfície terrestre não é homogênea e temos materiais com diferentes calores específicos compondo esta. Isto faz com que o ar seja aquecido de forma desigual nestas diferentes regiões. Por exemplo, áreas de floresta esquentam menos que áreas urbanas ricas em concreto easfalto. Como resultado deste aquecimento diferencial temos o aparecimento de camadas de ar com diferentes densidades; surgem então forças ascendentes que elevam o ar mais quente (mais leve) através do ar vizinho mais frio (mais denso). Em tempo quente e calmo, quando a superfície do solo e, consequentemente, o ar úmido em contato com ela, é aquecido de forma desigual, podem ser criadas camadas de ar que se mantêm em equilíbrio instável. Perturbado o equilíbrio, forma-se uma brusca ascensão local de ar menos denso, que atinge seu nível de condensação, com formação de nuvens e, muitas vezes, de precipitação. São características de regiões equatoriais, onde os 0880067870008800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 102 ventos são fracos e os movimentos de ar são essencialmente verticais, podendo ainda ocorrer em regiões temperadas durante o verão. São chuvas de grande intensidade e de pequena duração, restritas a pequenas áreas, da ordem de grandeza de bairros, podendo provocar enchentes e inundações nestes. A figura a seguir mostra o mecanismo de uma chuva convectiva. Fonte: Amorim & Reis (IME) 3.3.4 - Frontais Frentes, zonas frontais, ou sistemas frontais são regiões de descontinuidade térmica separando duas massas de ar de características diferentes. São, em geral, delgadas zonas de transição entre uma massa de ar quente (menos densa) e uma de ar frio (mais densa). O deslocamento relativo das massas de ar é que define a denominação: - frente fria: é aquela no qual o ar frio proveniente de altas latitudes (zonas polares) avança em direção ao ar quente, provocando sua ascensão, posterior condensação, e possível precipitação. Numa frente fria o ar frio que se move está em contato com a superfície terrestre, e as camadas mais próximas o solo são 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 102 retardadas pela turbulência e pelo atrito, produzindo uma superfície frontal relativamente inclinada (da ordem de 1:10, de 10 a 100 vezes maior que a das frentes quentes). Desta forma o ar quente é levantado de forma rápida, produzindo tempestades intensas em áreas menores no sentido do deslocamento. No sentido transversal ao deslocamento temos uma ordem de grandeza continental do fenômeno. - frente quente: é aquela no qual o ar quente oriundo das baixas e médias latitudes (zona equatorial) avança em direção ao ar frio, que mais denso funciona como uma cunha de ar frio que age sobre a massa de ar quente levantando-a. Posteriormente esta se condensa e possivelmente precipita. As camadas inferiores de ar quente também são retardadas nas proximidades do solo, mas neste caso a declividade da superfície frontal é reduzida (costuma estar entre 1:100 e 1:1000), e a espessura da camada de transição atinge vários quilômetros. Desta forma o ar úmido eleva-se de forma relativamente lenta e a precipitação espalha-se por uma área maior que a da frente fria no sentido do deslocamento. No sentido transversal ao deslocamento temos uma ordem de grandeza continental do fenômeno. A figura a seguir mostra o mecanismo de uma chuva frontal e a escala desta no sentido transversal do deslocamento. Fonte: Amorim & Reis (IME) 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 102 2) (63 ± Petrobras/2012 ± Cesgranrio) Em uma determinada bacia hidrográfica, ocorreu uma chuva provocada pelo desvio ascendente das correntes aéreas do ar quente e úmido, provenientes de um oceano próximo, que, ao encontrarem uma cadeia montanhosa em sua rota, sofreram resfriamento e condensação. Esse tipo de precipitação é denominado chuva (A) convencional (B) convectiva (C) frontal (D) orográfica (E) sazonal 3.4 ± Medidas da Precipitações 3.4.1 ± Grandezas características As grandezas que caracterizam uma chuva e que devem ser avaliados na medida de precipitações são: - Altura Pluviométrica (P em mm): é a espessura média da lâmina de água precipitada que recobriria a região atingida pela precipitação, admitindo-se que esta água não se infiltre, evapore ou escoe para fora dos limites da região. - Duração (t em min, h, dia): é o tempo durante o qual a chuva cai. - Intensidade (i em mm/min ou mm/h): é a precipitação por unidade de tempo. Esta apresenta variabilidade temporal, mas 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 102 para análise dos processos hidrológicos geralmente são definidos intervalos de tempo nos quais esta é considerada constante. - Freqüência (F em vezes): é o número de ocorrências de um determinado evento (por exemplo: a precipitação máxima para uma dada duração) em um dado intervalo de tempo. - Tempo de recorrência (Tr em anos): é o intervalo de tempo médio em que um dado evento (por exemplo, a precipitação máxima para uma dada duração) pode ser igualado ou superado. A relação entre a freqüência e o tempo de recorrência é dada por: F = 1/ Tr. Por exemplo, uma precipitação com 1% de probabilidade de ser igualada ou superada em um ano tem um tempo de recorrência de 100 anos. No caso de precipitações mínimas, Tr é o inverso da probabilidade de não excedência. 3.4.2 ± Instrumentos de Medida Exprime-se a quantidade de chuva (P) pela altura de água precipitada e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável. Para sua medida dispõe-se, basicamente, dos seguintes instrumentos: os pluviômetros, os pluviógrafos, os satélites e os radares meteorológicos. - Pluviômetro ± consiste de um receptor cilindro-cônico e de uma proveta graduada de vidro. A água é retirada por uma torneira no fundo do aparelho e medida através da proveta graduada em mm. São feitas medidas às 7 e às 19 horas. Este consegue medir apenas a altura de precipitação diária (em 24 horas), não indicando a intensidade das chuvas ocorridas. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 102 Fonte: Amorim & Reis (IME) - Pluviógrafo ± É um aparelho capaz de registrar continuamente a precipitação em um determinado local. Ou seja, este serve para realizar medidas no tempo. Consiste de um registrador automático, trabalhando em associação a um mecanismo de relógio; este imprime rotação a um cilindro, envolvido em papel graduado, sobre o qual uma pena grafa a altura da precipitação registrada, ao se deslocar juntamente com uma bóia colocada no recipiente de captação. A figura a seguir mostra um pluviógrafo. Fonte: Amorim & Reis (IME) - Satélites e radares meteorológicos: são aparelhos usados para medir as precipitações no tempo e no espaço. Estes são empregados para se observar a localização e o movimento de áreas de precipitação, ou seja, eles medem a chuva espacialmente. Estes 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 102 permitem estabelecer com precisão o traçado das linhas isoetas (linhas de igual precipitação). 3.5 ± Precipitação média em uma bacia A maioria dos problemas hidrológicos requer a determinação da altura de chuvaocorrida em uma bacia hidrográfica. Devido a precipitação, pela própria natureza do fenômeno, não ocorrer de modo uniforme sobre toda a bacia, é necessário calcular a altura média precipitada. Sua determinação é feita com base nos dados pluviométricos de estações pluviométricas, que já foram processados. Toma-se a precipitação média como uma lâmina de água de altura uniforme sobre toda a área considerada, associada a um determinado período de tempo. Cabe ressaltar que isto é uma abstração, pois a chuva real apresenta distribuições espaciais e temporais variáveis. Para a determinação da pressão média em uma área são usados os seguintes métodos: - Método Aritmético: Este método consiste em se calcular a média aritmética de todos os postos situados dentro da área de estudo. É o de maior simplicidade, porém apresenta algumas restrições quanto ao seu uso, tais como: os postos devem ser uniformemente distribuídos, os valores de cada posto devem estar próximos ao da média, e o relevo deve ser o mais plano possível. - Método de Thiessen: Este método pode ser usado para aparelhos não uniformemente distribuídos, uma vez que o mesmo pondera os valores obtidos em cada posto por sua zona de influência. O método possui as seguintes etapas: 1) de posse do mapa da bacia hidrográfica unem-se os postos pluviométricos adjacentes por linhas retas; 2) traçam-se as mediatrizes dessas retas formando polígonos; 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 102 3) os lados dos polígonos são os limites das áreas de influência de cada estação; 4) a precipitação média sobre a bacia é calculada por: h = ? ? Onde: Pi = precipitação observada no posto Ai = área de influência do posto $i = área total da bacia - Método das Isoietas: Considerado o mais preciso, este método baseia-se em curvas de igual precipitação. A dificuldade maior em sua implementação consiste no traçado destas curvas, que requer sensibilidade do analista. O método possui as seguintes etapas: 1) De posse dos dados pluviométricos obtidos nos postos da bacia, traçam-se as curvas de igual precipitação (Isoietas). O procedimento é semelhante ao adotado para curvas de nível. 2) Calcula-se para cada par sucessivo de isoietas o valor médio da altura de chuva precipitada. 3) Planimetra-se as áreas entre isoietas sucessivas. 4) Calcula-se a média ponderada dos valores obtidos no passo 2 (hmed iso), tomando como peso a área planimetrada correspondente (área entre as isoetas). A média ponderada obtida corresponde à precipitação média sobre a bacia em análise. hmed = ? �ೞ�௫�ೞ ? ೞ 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 102 3.6 ± Chuvas intensas Chuvas intensas são aquelas que são mais concentradas no tempo e no espaço e que se repetem com menor frequência. Para o dimensionamento de estruturas hidráulicas, o hidrólogo deve determinar a chuva de maior intensidade que se pode esperar que ocorra com uma dada frequência. A utilização prática desses dados requer que se estabeleça uma relação analítica entre as grandezas características de uma precipitação, quais sejam, a intensidade (i), a duração(t) e a frequência (P). Esta relação pode ser obtida através do traçado de curvas i±d±f em locais com dados, ou através de equações genéricas de chuva. A figura a seguir mostra um exemplo de curva i±d±f. Fonte: Amorim & Reis (IME) 3.6.1 ± Equação de Chuvas Intensas A equação da chuva, particular de cada localidade, é obtida partir de registros de pluviógrafos, estabelecendo-se para cada duração de chuva, as máximas intensidades. A representação geral de uma equação de chuvas intensas tem a forma: 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 102 i = Ǥ ೝ்ሺ௧ାሻ್ Onde: Tr = período de retorno t = duração B, d, c, b = constantes i = intensidade em mm/h 4 ± EVAPOTRANSPIRAÇÃO 4.1 ± Definições Evaporação: conjunto de fenômenos de natureza física que transformam em vapor a água da superfície do solo, a dos cursos de água, lagos, reservatórios de acumulação e mares. Evaporação potencial: taxa de evaporação de uma dada superfície, controlada climaticamente, quando a quantidade disponível e a taxa de alimentação de água à superfície são ilimitadas. Evaporação real: está condicionada à real alimentação da superfície. Transpiração: evaporação que ocorre das folhas das plantas, através das aberturas dos estômatos. As plantas, através de suas raízes, retiram do solo a água para suas atividades vitais. Parte dessa água é cedida à atmosfera, sob a forma de vapor, na superfície das folhas. Transpiração potencial: evaporação devida à ação fisiológica dos vegetais, dada uma taxa ilimitada de alimentação de água na zona das raízes. É uma função do clima e da fisiologia da planta. 08800678700 08800678700 - FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JUNIOR Engenharia Civil ʹ FUNAI/2016 Teoria e Questões Profs. Marcus Campiteli ʹ Aula 23 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 51 de 102 Transpiração real: sob condições limitadas de água, depende da habilidade da planta em extrair a umidade do solo parcialmente saturado com capacidade limitada de transferir água. Evapotranspiração: conjunto das duas ações (evaporação e transpiração). Evapotranspiração potencial: máxima evapotranspiração que ocorreria se o VROR� H� RV� FRUSRV� G¶iJXD� GLVSXVHVVHP de suprimento de água suficiente. É um valor de referência, pois caracteriza a perda de água da bacia como se toda a vegetação fosse um ³JUDPDGR´�GH�XPD�HVSpFLH�YHJHWDO�SDGURQL]DGD��3RUWDQWR��p�XP� índice que independe das características particulares de transpiração da cultura plantada na região estudada, levando em conta apenas o clima, o tipo de solo, e as superfícies livres de água na bacia. A evapotranspiração potencial pode ser determinada a partir da evaporação potencial, utilizando um coeficiente kp, que particulariza o tipo de solo, ventos, entre outros. Como se verá adiante, esta última é mais fácil de ser determinada, utilizando-se por exemplo, tanques apenas com água. Evapotranspiração real ou efetiva é a perda d´água por evaporação ou transpiração, nas condições reinantes (atmosféricas e de umidade do solo). Nos períodos de deficiência de chuva em que os solos tornam-se mais secos, a evapotranspiração real é sempre menor do que a potencial. Pode-se determinar a evapotranspiração real indiretamente a partir da evapotranspiração potencial através de um coeficiente kc particular para cada tipo de cultura. Perda por evaporação (ou por transpiração): quantidade de água evaporada por unidade de área horizontal durante um certo intervalo de tempo. Intensidade de evaporação (ou de transpiração): velocidade com que se processam as perdas por evaporação. Pode ser
Compartilhar