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Adalberto B. M. S. Bassi ______________________________________ Bases da Mecânica e da Termodinâmica dos Meios Contínuos Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Campinas 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP Sistemas de Bibliotecas da UNICAMP / Diretoria de Tratamento da Informação Bibliotecário: Maria Lúcia Nery D. de Castro – CRB-8ª / 1724 ISBN 978-85-268-0948-2 (Suporte: Papel) ISBN 978-85-268-0949-9 (Suporte: Internet) Palavras Chave: Mecânica; Termodinâmica; Meios Contínuos; Álgebra Tensorial; Análise Tensorial; Termomecânica; Não Linearidade; Materiais; Matemática Aplicada; Físico-Química Keywords: Mechanics; Thermodynamics; Continuous Media; Tensor Algebra; Tensor Analysis; Thermomechanics; Non Linearity; Materials; Applied Mathematics; Physical Chemistry Equipe: Capa: Giancarlo M. Stein dos Santos Editor: João Carlos de Andrade Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Caixa Postal 6154 13084-970 Campinas (SP) 2011© Adalberto B. M. S. Bassi Disponível no site ChemKeys (http://www.chemkeys.com) sob licença Creative Commons (http://www.creativecommons.org.br) B294b Bassi, Adalberto Bono Maurizio Sacchi Bases da mecânica e da termodinâmica dos meios contínuos / Adalberto B. M. S. Bassi. -- Campinas, SP: UNICAMP/Instituto de Química, 2011. “Disponível no site ChemKeys (http://www.chemkeys.com) sob licença Creative Commons (http://www.creativecommons.org.br)” 1. Termodinâmica. 2. Química. 3. Físico-química. I. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Química. II. Título. CDD – 541.369 – 540 – 541.3 Sobre o Autor Adalberto B. M. S. Bassi nasceu em 1945, em Nitero´i, RJ e formou-se Qu´ımico Industrial em 1966, pela antiga Escola Nacional de Qu´ımica da Universidade do Brasil, hoje Es- cola de Qu´ımica da UFRJ. Fez po´s-graduac¸a˜o no Centro Brasileiro de Pesquisas F´ısicas e ingressou no corpo docente do Instituto de Qu´ımica da UNICAMP em 1970, onde permanece ate´ o presente momento. Doutorou-se pelo Instituto de Qu´ımica da UNI- CAMP em 1976, com uma tese na a´rea de interpretac¸a˜o, por meios mecaˆnico-quaˆnticos, de intensidades roto-vibracionais de mole´culas em estado gasoso. Em 1977, fez po´s- doutorado junto ao Quantum Theory Project da University of Florida e, posteriormente, nesta mesma a´rea foram defendidos, sob sua orientac¸a˜o, trabalhos de mestrado e douto- rado. Dedicou-se, enta˜o, a diversas atividades acadeˆmico-administrativas, entre as quais destacam-se a de Diretor do Instituto de Qu´ımica da UNICAMP e a de Pro´-Reitor de Ensino de Graduac¸a˜o da mesma Universidade. Ultimamente, restringe suas atividades acadeˆmico-administrativas apenas a func¸o˜es eletivas de representac¸a˜o, junto aos o´rga˜os colegiados superiores do Instituto e da Universidade, porque prioriza a pesquisa, a ori- entac¸a˜o e o ensino em Mecaˆnica e Termodinaˆmica dos Meios Cont´ınuos, bem como em Termodinaˆmica dos Processos Homogeˆneos. i Preaˆmbulo A mecaˆnica dos meios cont´ınuos e´ um desenvolvimento da antiga mecaˆnica dos fluidos, a qual na˜o considerava a segunda lei da termodinaˆmica. Ambas sa˜o cieˆncias para o mundo macrosco´pico, ou seja, como tambe´m faz qualquer outra cieˆncia cla´ssica, por causa da uti- lizac¸a˜o do ca´lculo diferencial e integral, elas extrapolam o comportamento macrosco´pico para regio˜es microsco´picas, onde na verdade tal comportamento na˜o ocorre. Alia´s, a con- firmac¸a˜o experimental da correc¸a˜o dos resultados obtidos mediante esta extrapolac¸a˜o, em todas as cieˆncias cla´ssicas, foi o principal motivo porque tantos excelentes cientistas do passado defenderam ardorosamente a continuidade da mate´ria. Hoje, sabe-se que esta extrapolac¸a˜o e´ correta desde que sejam considerados exclusivamente os seus resultados no mundo macrosco´pico. A mecaˆnica dos meios cont´ınuos, pore´m, na˜o e´ so´ um aperfeic¸oamento da mecaˆnica dos fluidos. Ao incorporar a segunda lei e, em consequeˆncia, propriedades como a ener- gia de Gibbs, ela mostra suas profundas ra´ızes na termodinaˆmica cla´ssica. Pore´m, ao contra´rio desta mas como faz a mecaˆnica newtoniana, a mecaˆnica dos meios cont´ınuos considera que os valores das grandezas materiais variam no tempo e no espac¸o. Por isto, os seus processos na˜o sa˜o homogeˆneos e atemporais, como os da termodinaˆmica cla´ssica. Tambe´m por isto, ela na˜o esta´ restrita a processos limites, nem a apenas interligar es- tados de equil´ıbrio. Ela pretende que o seu modelo represente o mundo macrosco´pico real de modo muito mais pro´ximo e detalhado do que o faz o modelo da termodinaˆmica cla´ssica. Por outro lado, o uso intenso de funcionais constitutivos evidencia a absorc¸a˜o, por parte da mecaˆnica dos meios cont´ınuios, dos conceitos ba´sicos da termodinaˆmica dos pro- cessos irrevers´ıveis. Estas duas ra´ızes sa˜o ta˜o fundamentais quanto aquela na mecaˆnica dos fluidos. A elas e´ adicionado o arsenal matema´tico que a ana´lise tensorial dispo- nibiliza, facilitando um enfoque pragma´tico e computacional extremamente u´til para a engenharia dos materiais. A unia˜o de teorias que se sintetizou na mecaˆnica dos meios cont´ınuos apresenta um enorme potencial, inclusive porque a ana´lise tensorial e´ uma po- derosa ferramenta matema´tica moderna, absolutamente na˜o dispon´ıvel na e´poca em que a termodinaˆmica cla´ssica foi desenvolvida. De acordo com a mecaˆnica dos meios cont´ınuos, o que se conserva e´ a energia total, na˜o e´ a energia interna. A conservac¸a˜o da energia e´ colocada como um dos pilares desta cieˆncia, junto com as conservac¸o˜es da massa e dos momentos linear e angular. Por outro lado, frequentemente a segunda lei da termodinaˆmica e´ tratada como uma mera condic¸a˜o limitante, a ser inclu´ıda na construc¸a˜o dos funcionais constitutivos. Por isto, embora a existeˆncia das mencionadas ra´ızes termodinaˆmicas, este nome nem sempre e´ associado a` mecaˆnica dos meios cont´ınuos. Alia´s, os t´ıtulos das sete refereˆncias ba´sicas listadas na bibliografia evidencia a diversidade de nomes usados para designar esta cieˆncia. Este autor prefere manter associadas as palavras mecaˆnica e termodinaˆmica, como fazem os ii t´ıtulos da primeira e quarta refereˆncias. Isto parece correto porque comec¸a-se a perceber uma baixa utilizac¸a˜o do potencial antes mencionado, na˜o sob o enfoque da engenharia ou do desenvolvimento de “softwa- res”, mas sim sob o aspecto conceitual f´ısico-qu´ımico. De fato, feita excec¸a˜o a numerosos trabalhos puramente matema´ticos, parece haver pouco interesse em tentar melhorar o en- tendimento dos conceitos fundamentais em que se baseia a mecaˆnica dos meios cont´ınuos. Pelo contra´rio, percebe-se a tendeˆncia de apenas aplica´-los, de modo cada vez mais efici- ente e produtivo, naquilo que ja´ se sabe conduz a resultados experimentalmente corretos. Logo, estreitar a associac¸a˜o entre a mecaˆnica e a termodinaˆmica, a primeira fortemente matema´tica e a segunda intensamente conceital, parece proveitoso para esta cieˆncia. Talvez, um dos maiores motivos deste aparente desinteresseesteja nos conhecimentos matema´ticos necessa´rios para uma precisa compreensa˜o conceitual do que as equac¸o˜es refletem. De fato, trata-se de uma base matema´tica incomum entre qu´ımicos e ate´ mesmo entre f´ısicos, a na˜o ser nos seus aspectos puramente operacionais. O objetivo deste texto e´ ajudar na aquisic¸a˜o desta base matema´tica conceitual, sem a qual e´ realmente imposs´ıvel entender o significado f´ısico das equac¸o˜es utilizadas pela mecaˆnica dos meios cont´ınuos. Este texto na˜o se destina a matema´ticos, mas sim a leitores que possuam conhecimentos apenas operacionais, ou rudimentares, de ca´lculo diferencial e integral. Ele inicia-se com um longo cap´ıtulo de a´lgebra e ca´lculo tensorial, seguido por um cap´ıtulo de cinema´tica onde alguns conceitos f´ısicos comec¸am a aparecer. A parte fun- damental do segundo cap´ıtulo e´ a sua sec¸a˜o sobre movimento, mas a compreensa˜o deste conceito exige a leitura das sec¸o˜es anteriores, principalmente da primeira. A u´ltima sec¸a˜o deste cap´ıtulo e´ um pouco mais complexa, mas na˜o pode deixar de ser entendida, porque sera´ usada em cap´ıtulos posteriores. O terceiro cap´ıtulo, sobre balanceamento, engloba a conceituac¸a˜o f´ısica principal. No u´ltimo cap´ıtulo sa˜o colocadas algumas noc¸o˜es ba´sicas sobre os funcionais constitutivos. Este texto segue, em suas linhas gerais, o apeˆndice e os primeiros treˆs cap´ıtulos da segunda refereˆncia citada procurando, pore´m, ser mais acess´ıvel para o leitor na˜o matema´tico. Devido a` forte admirac¸a˜o do autor pela penu´ltima refereˆncia, este texto e´ inevitavelmente influenciado por ela. Sofre, tambe´m, as consequeˆncias de ser o autor muito interessado na termodinaˆmica dos processos homogeˆneos, que e´ uma visa˜o temporal da termodinaˆmica cla´ssica, muito u´til no estudo de estados da mate´ria homogeˆneos, mas na˜o esta´veis, tais como vidros, l´ıquidos superresfriados etc. A primeira refereˆncia e´ extremante atual e abrangente. A u´ltima, por causa da proposic¸a˜o da desigualdade de Clausius-Duhem, e´ geralmente considerada o marco inicial da mecaˆnica e termodinaˆmica dos meios cont´ınuos. Sem deme´rito para dezenas de outras excelentes refereˆncias, o autor considera as sete selecionadas como os marcos principais desta teoria. Campinas, janeiro de 2011. iii Suma´rio 1 Ana´lise Tensorial Elementar 1 1.1 S´ımbolos, Func¸a˜o e Funcional, Matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 A´lgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.1 Espac¸o Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.2 Produto Interno de Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2.3 Base Dual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.4 Produto Tensorial de Vetores e Tensor de Segunda Ordem . . . . 12 1.2.5 Transposic¸a˜o de Tensor Simples, de Segunda Ordem e Troca entre I´ndice e Super´ındice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.2.6 Composic¸a˜o de Tensores de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . 20 1.2.7 Tensor de ordem k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.2.8 Regras para Transformac¸a˜o de Componentes de Vetor e de Tensor de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.2.9 Determinante e Trac¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.2.10 Produto Interno, Inversa˜o, Ortogonalidade e Grupo de Tensores de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.2.11 Elemento de Volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 1.2.12 Produto Externo e Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . 41 1.2.13 Teoremas para a Mecaˆnica dos Meios Cont´ınuos . . . . . . . . . . 45 1.2.14 Espac¸o Euclideano de Pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 1.3 Ca´lculo Tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 1.3.1 Diferenciac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 1.3.2 Aplicac¸o˜es da Diferenciac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 1.3.3 Sistemas de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 1.3.4 Derivadas Covariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 1.3.5 Operadores para a Mecaˆnica dos Meios Cont´ınuos . . . . . . . . . 75 2 Cinema´tica 82 2.1 Configurac¸a˜o e Deformac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 2.1.1 Gradiente de Deformac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 2.1.2 Diferenciais Definidos pelo Gradiente de Deformac¸a˜o . . . . . . . 84 2.1.3 Mudanc¸a de Configurac¸a˜o Referencial . . . . . . . . . . . . . . . . 87 2.2 Trac¸a˜o e Rotac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 2.3 Trac¸a˜o e Rotac¸a˜o Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 2.4 Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 2.4.1 Conceito Ba´sico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 2.4.2 Descric¸o˜es Material e Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 2.5 Deformac¸a˜o Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 iv 2.5.1 Conceito e Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 2.5.2 Velocidade de Alterac¸a˜o da Tendeˆncia de Deformac¸a˜o . . . . . . . 101 2.6 Mudanc¸a de Estrutura Referencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 2.6.1 Transformac¸a˜o Euclideana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 2.6.2 Transformac¸o˜es Galileiana e R´ıgida Independente de t . . . . . . . 107 2.6.3 Aplicac¸o˜es para Grandezas Cinema´ticas . . . . . . . . . . . . . . . 108 2.6.4 Derivada Temporal Corotacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 3 Balanceamento 112 3.1 Equac¸o˜es de Balanceamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 3.1.1 Equac¸o˜es de Balanceamento na Configurac¸a˜o Corrente . . . . . . 112 3.1.2 Equac¸o˜es de Balanceamento na Configurac¸a˜o Referencial . . . . . 118 3.1.3 Compatibilidade Cinema´tica da Superf´ıcie Singular . . . . . . . . 122 3.2 Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 3.3 Dinaˆmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 3.3.1 Momentos Linear Angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 3.3.2 Forc¸a e Torque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 3.3.3 Tensor de Trac¸a˜o de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 3.3.4 Balanceamento de Momentos Linear e Angular . . . . . . . . . . . 131 3.3.5 Balanceamento de Energia Cine´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 3.3.6 Balanceamento de Energias Total e Interna . . . . . . . . . . . . . 135 3.4 Equac¸o˜es Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 3.4.1 Equac¸o˜es de Campo e de Rankine-Hugoniot na Descric¸a˜o Material 139 3.4.2 Condic¸o˜es de Fronteira do Corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 3.4.3 Equac¸o˜es de Campo em Estrutura Referencial Arbitra´ria . . . . . 142 4 Princ´ıpios Ba´sicos das Teorias Constitutivas 145 4.1 Campos Ba´sicos, Func¸o˜es e Funcionais Constitutivos . . . . . . . . . . . 145 4.2 Princ´ıpio de Objetividade Material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 4.2.1 Conceito Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 4.2.2 Aplicac¸a˜o a` Configurac¸a˜o Referencial . . . . . . . . . . . . . . . . 148 4.2.3 Aplicac¸a˜o a Classes Particulares de Materiais . . . . . . . . . . . 150 4.3 Material Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 v Cap´ıtulo 1 Ana´lise Tensorial Elementar 1.1 S´ımbolos, Func¸a˜o e Funcional, Matriz Notac¸a˜o 1.1.1 (S´ımbolos) O campo dos nu´meros reais e´ representado por <. A na˜o ser no caso de s´ımbolos convencionais, como por exemplo o tensor elemento de vo- lume e, de um modo geralescalares (tensores de ordem zero) sera˜o representados por letras minu´sculas em ita´lico (a, α,. . . ), vetores (tensores de primeira ordem) por letras minu´sculas romanas em negrito (u, v,. . . ) e tensores (de qualquer ordem salvo nula e primeira) por letras maiu´sculas ita´licas (T , F ,. . . ). O tensor identidade sera´ represen- tado 1 , enquanto que amatriz identidade sera´ representada por [1]. Entretanto, letras ita´licas minu´sculas e maiu´sculas podera˜o ter outros significados, desde que estes sejam explicitamente informados. Trechos em negrito correspondem a chamadas no ı´ndice e, quando deseja-se ressaltar uma palavra, ela e´ sublinhada por trac¸o duplo. S´ımbolos matema´ticos: ∈ pertence a ou pertencente a; ⊂ subconjunto de; ∀ para todo; ∃ existe; {·} conjunto constitu´ıdo pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; (·) conjunto ordenado constitu´ıdo pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; [·] matriz constitu´ıda pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; ·[·] aplicac¸a˜o do tensor representado pelo primeiro · ao tensor representado pelo segundo; | onde; 2 te´rmino de demonstrac¸a˜o. Definic¸a˜o 1.1.1 (Func¸a˜o e Funcional) Sejam dois conjuntos, A e B, de escalares, vetores, tensores, ou de n-uplas (por exemplo, se n = 2 sa˜o duplas, o que significa o mesmo que pares ordenados) constitu´ıdas por escalares, vetores, ou tensores. Por 1 definic¸a˜o, uma regra que relaciona cada elemento de A a, no ma´ximo, um u´nico elemento de B, e´ uma func¸a˜o g representada por g : A → B. A expressa˜o g : a 7→ b | a ∈ A, b ∈ B indica que, quando a func¸a˜o for aplicada ao espec´ıfico elemento a, que sera´ chamado o argumento da func¸a˜o, este elemento sera´ relacionado ao espec´ıfico elemento b, chamado imagem da func¸a˜o, formando o par ordenado (a, b). Por exemplo, cos : pi/3 7→ 0, 5 |pi/3, 0, 5 ∈ <, formando o par ordenado (pi/3, 0, 5). O conjunto de todos os pares ordenados criados pela func¸a˜o g e´ a pro´pria func¸a˜o g, porque tal conjunto explicita a regra que relaciona cada elemento de A a, no ma´ximo, um elemento de B. O par ordenado (a, b), portanto, e´ o elemento da func¸a˜o correspondente ao ar- gumento a (na˜o a` imagem b, porque va´rios argumentos podem corresponder a` mesma imagem, mas na˜o o vice-versa). E´ muito frequente o uso da representac¸a˜o g(a) para indicar b, ou seja, define-se b ≡ g(a) e costuma-se afirmar que “b e´ func¸a˜o de a” para indicar que b e´ a imagem correspondente ao argumento a, atrave´s da func¸a˜o g. Se o conjunto B for constitu´ıdo exclusivamente por escalares (ou vetores, ou tensores etc.), costuma-se afirmar que g e´ uma “func¸a˜o escalar” (ou vetorial, ou tensorial etc.), para indicar que a imagem da func¸a˜o g e´ necessariamente escalar (ou vetorial, ou tensorial etc.). Por outro lado, a representac¸a˜o g(·) e´ utilizada para indicar a pro´pria func¸a˜o g, portanto g ≡ g(·). Se, para um espec´ıfico conjunto D de argumentos a da func¸a˜o g : a 7→ b, a toda imagem b de a ∈ D corresponder um u´nico argumento a, g sera´ dita func¸a˜o de um para um em D e g−1 : b 7→ a|a ∈ D sera´ a inversa em D da func¸a˜o g. Neste caso poder-se-a´, tambe´m, afirmar que a func¸a˜o g e´ invert´ıvel em D. Evidentemente, existe a possibilidade de que D abranja todos os poss´ıveis argumentos da func¸a˜o, situac¸a˜o esta em que a expressa˜o “em D” e´ omitida. Sejam, agora, dois conjuntos, C eD, de escalares, vetores, tensores, func¸o˜es h : A→ B ou de n-uplas constitu´ıdas por escalares, vetores, tensores ou func¸o˜es h : A → B. Por definic¸a˜o, uma regra que relaciona cada elemento de C a, no ma´ximo, um u´nico elemento de D, e´ um funcional F representado por F : C → D. Um tipo extremamente simples de funcional e´ a func¸a˜o, ja´ discutida, porque a definic¸a˜o de funcional e´ uma ampliac¸a˜o da definic¸a˜o de func¸a˜o, logo na˜o exclui esta u´ltima. Por isto, tudo o que se seguiu a` setenc¸a de definic¸a˜o de func¸a˜o, ate´ ao fim do para´grafo anterior, pode ser analogamente colocado para funcional. Pore´m, usa-se o nome funcional apenas quando pelo menos um, entre os argumentos e imagens de F considerados, for uma func¸a˜o, ou uma n-upla contendo pelo menos uma func¸a˜o, porque, quando isto na˜o ocorrer, seria uma inu´til complicac¸a˜o usar o nome funcional, ao inve´s de func¸a˜o, ja´ que esta e´ uma denominac¸a˜o muito mais conhecida. Considerando esta restric¸a˜o, o exemplo mais simples de funcional e´ a composic¸a˜o de func¸o˜es, que pode ser grafada g3 = g2 ◦ g1 , onde g1 e´ a func¸a˜o argumento, F = g2◦ e´ o funcional e g3 e´ a func¸a˜o imagem, logo g3 = g2 ◦ g1 e´ um caso espec´ıfico da expressa˜o mais geral g3 = F(g1) . Impor F = g2◦ e´ igual a impor que, se g1 : x 7→ y e g3 : x 7→ z, exista g2 : y 7→ z. Conforme sera´ exemplificado a seguir, a existeˆncia de g2 : y 7→ z corresponde a uma simplificac¸a˜o ta˜o radical, em relac¸a˜o a` expressa˜o g3 = F(g1) , sendo g1 : x 7→ y e g3 : x 7→ z, que o pro´prio conceito de funcional e´ desnecessa´rio para explicar a composic¸a˜o de func¸o˜es, assim como e´ desnecessa´rio para explicar a func¸a˜o. Por isto, na˜o se usa o nome funcional no caso de composic¸a˜o de func¸o˜es, a qual e´ tambe´m chamada func¸a˜o de func¸a˜o. Como a imagem z e´ a mesma, e´ usual escrever g(x) = g(y), ao inve´s 2 da representac¸a˜o mais rigorosa g3(x) = g2(y). Para exemplificar uma composic¸a˜o de func¸o˜es, seja y = g1(x) = sen x e z = g2(y) = cos y, logo z = g3(x) = cos sen x, onde a func¸a˜o sen e´ o argumento que o funcional cos ◦ relaciona a` func¸a˜o imagem cos sen. Note que, para que o funcional cos ◦ defina o elemento (x, z) da sua func¸a˜o imagem cos sen, basta que seja conhecido o elemento (x, y) da sua func¸a˜o argumento sen. Isto ocorre porque existe a func¸a˜o g2 : y 7→ z, neste exemplo dada por cos : y 7→ z. Em geral, pore´m, o conhecimento da func¸a˜o imagem de um funcional, ou mesmo de apenas um elemento dela, exige o conhecimento de mais do que um u´nico elemento de pelo menos uma entre as func¸o˜es presentes no seu argumento. Coerentemente com o afirmado no para´grafo anterior, usar-se-a´ o nome funcional somente quando houver esta exigeˆncia, que na˜o existe no caso da composic¸a˜o de func¸o˜es. Os tipos mais conhecidos de funcionais sa˜o a derivac¸a˜o e a integrac¸a˜o, que sa˜o regras que relacionam func¸o˜es entre si e que exigem o conhecimento de mais do que um u´nico elemento das func¸o˜es argumento. A derivac¸a˜o e a integrac¸a˜o sa˜o exemplos de funcionais universais, no sentido que sa˜o regras que na˜o dependem de caracter´ısticas espec´ıficas do problema a ser resolvido. Por isto, mais uma vez, a derivac¸a˜o e a integrac¸a˜o costumam ser apresentadas sem que o conceito de funcional seja previamente colocado. Mas existem funcionais na˜o universais, cuja compreensa˜o exige que o conceito de funcional seja previ- amente apresentado. Eles aparecem em va´rias cieˆncias f´ısicas. Por exemplo, na mecaˆnica e termodinaˆmica dos meios cont´ınuos sa˜o utilizados funcionais constitutivos, cujas formas dependem de especificidades do material considerado. Notac¸a˜o 1.1.2 (Einstein) Um super´ındice, geralmente, e´ escrito entre pareˆntesis, para na˜o ser confundido com um expoente. Por exemplo, pode-se ter ai ou a (i), de acordo com a prefereˆncia quanto a numerar a por meio de ı´ndices ou super´ındices i = 1, 2, 3, . . . (considere que a na˜o necessariamente seja um escalar). Pore´m, de acordo com a notac¸a˜o de Einstein, os pareˆntesis sa˜o omitidos do super´ındice. Outra caracter´ıstica desta notac¸a˜o e´ que, num produto, quando um mesmo indicador aparecer uma vez como ı´ndice e outra como super´ındice, subentende-se o somato´rio do produto para todos os valores poss´ıveis do indicador. Por exemplo, aibi , sendo i = 1, 2 ou 3, implica em a 1b1 + a 2b2 + a 3b3 , enquanto que aib i representa o somato´rio a1b 1 + a2b 2 + a3b 3. Mas, se o indicadoraparecer duas vezes como ı´ndice, ou como super´ındice, o somato´rio na˜o estara´ subentendido. Portanto tanto aibi como a ibi se referem a um u´nico entre os poss´ıveis valores permitidos para i. Para indicar a1b1+a2b2+a3b3 , ou a 1b1+a2b2+a3b3, deve-se respectivamente escrever ∑3 i=1 aibi , ou ∑3 i=1 a ibi. O indicador somativo pode ser um ı´ndice e um super´ındice que apresentem a mesma base. Por exemplo, sendo i = 1, 2 ou 3, tem-se T i i = T 1 1 + T 2 2 + T 3 3 . Podem, tambe´m, ocorrer dois ou mais indicadores somativos. Por exemplo, gi j T i j in- dica a aplicac¸a˜o sequencial dos somato´rios em i e em j, sendo indiferente qual dos dois so- mato´rios e´ o primeiro a ser efetuado. Apo´s efetuado o primeiro somato´rio (se i = 1, 2 ou 3, aplicando inicialmente o somato´rio em i a gi j T i j ter-se-a´ g1 j T 1 j + g2 j T 2 j + g3 j T 3 j), aparecem termos formados por fatores com ı´ndice e super´ındice alfanume´ricos iguais, o que exige a aplicac¸a˜o dos somato´rios correspondentes a` parte alfabe´tica dos ı´ndices e super´ındices, para cada um destes termos. A notac¸a˜o de Einstein sera´ subentendida a partir deste ponto do texto. 3 Definic¸a˜o 1.1.2 (Matriz) Seja um conjunto A, cujos elementos na˜o necessariamente sa˜o escalares e seja o conjunto I, formado pelos m primeiros nu´meros naturais (os nu´meros naturais sa˜o os inteiros positivos). Suponha que exista uma func¸a˜o ordenadora φ : I → A tal que, ∀i ∈ I, φ : i 7→ ai | ai ∈ A, ou φ : i 7→ ai | ai ∈ A, de acordo com o s´ımbolo escolhido para a imagem de φ ser, respectivamente, ai ou a i. Logo, a func¸a˜o φ cria, respectivamente, o conjunto ordenado (a1 , a2 , . . . , am−1 , am) ≡ (ai)mi=1 , ou (a1 , a2 , . . . , am−1 , am) ≡ (ai)mi=1 , usando elementos do conjunto A e representando por ai , ou a i, o elemento que ela associa a cada nu´mero natural i. Neste texto, tal conjunto ordenado sera´ geometricamente representado, respectivamente, pela matriz coluna [ai] ou [ai], onde a1 ou a 1 e´ colocado na linha superior, a2 ou a 2 na linha logo abaixo da linha superior e assim sucessivamente, ate´ am−1 ou am−1 na linha logo superior a` linha inferior e am ou a m na linha inferior. Note que, embora neste texto o s´ımbolo [ai], ou [a i], sempre indique a mencionada matriz coluna, outras representac¸o˜es geome´tricas sa˜o poss´ıveis para o conjunto ordenado considerado. Por exemplo, poderia ser imaginada uma representac¸a˜o sob a forma de uma matriz linha, ou mesmo uma matriz circular, onde fosse colocado a1 ou a 1 na posic¸a˜o em que se encontra o nu´mero doze no mostrador de um relo´gio analo´gico, seguido no sentido hora´rio pelos demais elementos a2 ou a 2 etc., espac¸ados entre si por arcos de igual comprimento. O que e´ significativo, portanto, e´ o conjunto ordenado, na˜o a representac¸a˜o geome´trica por matriz coluna que foi para ele convencionada. Seja, agora, o mesmo conjunto A e sejam os conjuntos I e J , respectivamente for- mados pelos m e pelos n primeiros nu´meros naturais. Suponha que exista uma func¸a˜o ordenadora φ : I × J → A tal que, ∀i ∈ I e ∀j ∈ J , tenha-se ou φ : (i, j) 7→ ai j | ai j ∈ A, ou φ : (i, j) 7→ a ji | a ji ∈ A, ou φ : (i, j) 7→ ai j | ai j ∈ A, ou φ : (i, j) 7→ ai j | ai j ∈ A, de acordo com o s´ımbolo escolhido para a imagem de φ ser, respectivamente, ai j , a j i , ai j ou a i j. Logo, a func¸a˜o φ cria, respectivamente, o conjunto ordenado (ai j) m,n i=1, j=1 , ou (a ji ) m,n i=1, j=1 , ou (a i j) m,n i=1, j=1 , ou (a i j)m,ni=1, j=1 , usando elementos do conjunto A e re- presentando por ai j , ou a j i , ou a i j , ou a i j , o elemento que ela associa a cada par ordenado de nu´meros naturais (i, j). Note a convenc¸a˜o adotada, no sentido de que a ordem esquerda/direita dos indicadores (sejam eles ı´ndices ou super´ındices), no elemento de A associado ao par ordenado, sempre e´ a ordem esquerda/direita conforme a qual, no par considerado, aparecem os nu´meros naturais. Neste texto, o conjunto ordenado (ai j) m,n i=1, j=1 , ou (a j i ) m,n i=1, j=1 , ou (a i j) m,n i=1, j=1 , ou (ai j)m,ni=1, j=1 , sera´ geometricamente representado, respectivamente, pela matriz retangular [ai j], ou [a j i ], ou [a i j], ou [a i j], onde o indicador a` esquerda sinaliza a linha enquanto que o indicador a` direita mostra a coluna, independentemente deles aparecerem como ı´ndices ou super´ındices. Novamente, o que e´ significativo e´ o conjunto ordenado, na˜o a representac¸a˜o geome´trica por matriz retangular que foi para ele convencionada. Por exemplo, seja A o infinito conjunto conta´vel dos quocientes das diviso˜es de todos os nu´meros naturais por todos os nu´meros naturais e seja a func¸a˜o φ tal que a imagem do par ordenado (i, j) seja o quociente i/j, logo a imagem do par ordenado (j, i) seja o quociente j/i. No caso do par ordenado (i, j), tal imagem pode ser representada por ai j , ou a j i , ou a i j , ou a i j . Por outro lado, se o par ordenado for (j, i), a representac¸a˜o 4 poderera´ ser aj i , ou a i j , ou a j i , ou a j i . Note que a func¸a˜o φ foi definida de modo tal que, nestas oito poss´ıveis representac¸o˜es da sua imagem, o indicador a` esquerda sempre seja o numerador do quociente, independentemente dele ser ı´ndice ou super´ındice e, tambe´m, independentemente da letra usada neste indicador ser i ou j (analogamente para o indicador a` direita). Escolhamos, arbitrariamente, o s´ımbolo a ji , ou seja, consideremos a j i = i/j. Neste caso, a func¸a˜o φ criou o conjunto ordenado (a ji ) m,n i=1, j=1 | a ji = i/j, geometricamente representado pela matriz retangular [a ji ]. Como foram inclu´ıdos, como numeradores, os nu´meros naturais desde i = 1 ate´ i = m, a matriz apresenta m linhas. Por outro lado, foram considerados os denominadores desde j = 1 ate´ j = n, logo a matriz tem n colunas. Mas, se de modo igualmente arbitra´rio escolhermos o s´ımbolo a ij , logo considerarmos a ij = j/i, a func¸a˜o φ criara´ o conjunto ordenado (a i j ) n,m j=1, i=1 | a ij = j/i, geometricamente representado pela matriz retangular [a ij ]. Esta, evidentemente, apresenta n linhas e m colunas. Note que as matrizes [a ji ] e [a i j ] sa˜o iguais nas suas respectivas partes quadradas, as quais conteˆm um nu´mero l de linhas e colunas igual ao menor entre m e n, ou seja, a ji = a i j | i=l, j=li=1, j=1. Mas, nas suas respectivas partes restantes, todos os elementos de cada uma das duas matrizes sa˜o diferentes daqueles apresentados pela outra. Isto mostra que, se m = n, enta˜o [a ji ] = [a i j ], o que pode confundir quem esta´ acos- tumado a` simbologia usada nos livros dida´ticos elementares de a´lgebra matricial. Alia´s, as representac¸o˜es [A] e [A]i j , respectivamente para uma matriz e para os elementos que a formam, embora muito encontradas em tais livros, na˜o sa˜o usadas neste texto. De fato, conforme a notac¸a˜o para aplicac¸a˜o de tensor a tensor 1.2.6, que sera´ posteriormente apre- sentada,M [N ] indicara´ a aplicac¸a˜o do tensor representado porM ao tensor representado N , logo na˜o indicara´ que [N ] seja uma matriz (para evidenciar o contraste, o s´ımbolo ·[·] foi inclu´ıdo imediatamente apo´s a`quele de matriz, [·], na notac¸a˜o para s´ımbolos 1.1.1). A diferenc¸a entre a simbologia usada neste texto e aquela que aparece nos livros dida´ticos elementares de a´lgebra matricial deve-se ao fato de que os mencionados livros usam s´ımbolos adequados a um conceito de matriz semelhante ao de uma tabela, en- quanto que o conceito de matriz apresentado no presente texto ressalta a ac¸a˜o da func¸a˜o ordenadora φ e, por isto, utiliza uma simbologia mais coerente com este enfoque. Cabe, ainda, lembrar que, ao se representar um conjunto ordenado, na˜o e´ exigido que se informeo valor final assumido por cada um dos indicadores. Logo, sa˜o absolutamente corretas, por exemplo, as representac¸o˜es simplificadas (ai), ao inve´s de (ai) m i=1 e (a j i ), ao inve´s de (a ji ) m,n i=1, j=1. Conforme ja´ afirmado, o indicador a` esquerda (ou a` direita), na representac¸a˜o es- colhida para o elemento do conjunto A, em geral tem algum outro significado especial ale´m de, na forma matricial, fornecer a linha (ou a coluna) a que o elemento pertence. No exemplo anterior, o significado especial era ser o valor do numerador do quociente, independentemente de qual fosse a letra usada para simbolizar tal valor e, tambe´m, in- dependentemente deste indicador ser um ı´ndice ou um super´ındice. Pore´m, o significado especial pode, tambe´m, determinar se o indicador e´ ı´ndice ou super´ındice, conforme, por exemplo, sera´ mostrado na definic¸a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15. 5 No exemplo anterior, se i fosse o numerador e j o denominador do quociente, i se- ria a letra usada no indicador a` esquerda e j naquele da direita, logo o par ordenado seria (i, j). Ao se trocar (i, j) por (j, i), se troca ana´loga na˜o fosse efetuada no quoci- ente a func¸a˜o ordenadora, φ, seria transformada na func¸a˜o ordenadora T φ, a qual sera´ apresentada na definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Esta troca de func¸o˜es ordenadoras produziria T a i j = a j i |m,ni=1, j=1 , ao inve´s de a ij = a ji | i=l, j=li=1, j=1 . De um modo geral, as letras usadas nos dois indicadores aparecem em diversas expresso˜es envolvidas no desenvolvimento matema´tico ao qual a matriz se relaciona e, ao se trocar (i, j) por (j, i), para se obter a ij = a j i | i=l, j=li=1, j=1 troca ana´loga deve ser efetuada em tais expresso˜es. Se for esquecida a necessa´ria troca em alguma das expresso˜es envolvidas, provavelmente um erro grave sera´ cometido. Aconselha-se, enta˜o, muita cautela no uso de igualdades, para m = n, do tipo [a ji ] = [a i j ]. Definic¸a˜o 1.1.3 (Delta de Kronecker) O delta de Kronecker, representado por δij , δ j i , δi j ou δ i j, e´ um real nulo sempre que i 6= j, mas igual a` unidade se i = j. Entretanto, pressupo˜e-se que as possibilidades de igualdade e desigualdade entre os indicadores i e j se refiram a`s grandezas que estes indicadores representam, o que cria a exigeˆncia de que as mencionadas grandezas sejam compara´veis, na teoria considerada. Em geral, a satisfac¸a˜o desta exigeˆncia e´ subentendida, mas em alguns casos pode ser conveniente explicita´-la, como por exemplo na definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. E´ evidente que o fato dos indicadores serem ı´ndices ou super´ındices, ou mesmo estarem a` esquerda ou a` direita, na˜o afeta o valor do delta de Kronecker, ao contra´rio do que, por exemplo, sera´ mostrado na definic¸a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15. Definic¸a˜o 1.1.4 (Matrizes Transposta e Inversa) Seja um conjunto A e sejam os conjuntos I e J , respectivamente formados pelos m e pelos n primeiros inteiros positivos. Suponha que exista uma func¸a˜o φ : I × J → A tal que, ∀i ∈ I e ∀j ∈ J , tenha-se φ : (i, j) 7→ a ji | a ji ∈ A. Suponha, tambe´m, que exista uma outra func¸a˜o T φ: J × I → A tal que, ∀j ∈ J e ∀i ∈ I, tenha-se Tφ: (j, i) 7→Ta i j | T a i j = a j i . Enquanto a func¸a˜o φ cria o conjunto ordenado (a ji ) m,n i=1, j=1 , a func¸a˜o T φ cria o conjunto ordenado ( T a i j )n,m j=1, i=1 , sendo o primeiro conjunto geometricamente representado pela matriz retangular [a ji ] e o segundo pela matriz retangular [ T a i j ] . A matriz [a ji ] tem m linhas e n colunas, enquanto que a matriz [ T a i j ] apresenta n linhas e m colunas. Define-se [a ji ] T ≡ [ T a i j ] , sendo [a ji ] T denominada a transposta da matriz [a ji ]. Note que, embora tanto [a ji ] T quanto [a ij ] apresentem n linhas e m colunas, [a j i ] T 6= [a ij ]. De fato, conforme colocado na definic¸a˜o 1.1.2, [a j i ] e [a i j ] sa˜o iguais nas suas respectivas partes quadradas, mas nas suas respectivas partes restantes todos os elemen- tos de cada uma das duas matrizes sa˜o diferentes daqueles apresentados pela outra. Ao contra´rio, [a ji ] e [a j i ] T na˜o sa˜o iguais nas suas respectivas partes quadradas, mas to- dos os elementos de [a ji ] esta˜o presentes em [a j i ] T e v.v. Note, ainda, que esta na˜o e´ a definic¸a˜o de transformac¸a˜o linear transposta, que sera´ apresentada posteriormente 6 (definic¸a˜o 1.2.17). A partir deste ponto do texto e ate´ ao final desta definic¸a˜o 1.1.4, imponha m = n. Assim sendo, se [a ji ] = [a j i ] T a matriz e´ dita sime´trica, enquanto que, se [a ji ] = −[a ji ]T , a matriz e´ chamada antissime´trica. A matriz inversa de [a ji ], grafada [a j i ] −1 e definida de modo a que [a ji ] −1[a ji ] = [a ji ][a j i ] −1 = [1], onde [1] e´ a matriz unidade, corresponde a um ordenamento de ele- mentos do conjunto A produzido pela func¸a˜o −1 φ : J × I → A tal que, ∀j ∈ J e ∀i ∈ I, tenha-se −1 φ : (j, i) 7→−1a i j | ( −1 a i j a k i = δ k j , a j k −1 a i j = δ i k ) , portanto [a ji ] −1 ≡ [ −1 a i j ] . Esta colocac¸a˜o explicita a exigeˆncia de que o conjunto A contenha tanto os elementos a ji , quanto os elementos −1 a i j . Note que, como T a i j = a j i , os elementos de [a j i ] e [a j i ] T sa˜o os mesmos, logo e´ suficiente que [a ji ] exista para que [a j i ] T exista. Por outro lado, na˜o e´ suficiente que [a ji ] exista para que [a j i ] −1 exista, porque na˜o ha´ garantia alguma de que existam os elementos −1 a i j , logo, de que exista algum conjunto A que contenha tanto os elementos a ji , quanto os elementos −1 a i j . A matriz [a j i ] e´ dita singular quando [a ji ] −1 na˜o existir e e´ dita ortogonal quando [a ji ] T = [a ji ] −1. A escolha da matriz [a ji ] foi totalmente arbitra´ria. Semelhantemente ao que foi apresentado para transposic¸a˜o, simetria, antissimetria, inversa˜o, singularidade e ortogo- nalidade da matriz [a ji ], definem-se transposic¸o˜es, simetrias, antissimetrias, inverso˜es, singularidades e ortogonalidades das matrizes [ai j], [a i j] e [a i j]. De acordo com a de- finic¸a˜o de matriz 1.1.2, o indicador a` esquerda (ou a` direita) na representac¸a˜o escolhida para o elemento do conjunto A, independentemente deste indicador ser um ı´ndice ou um super´ındice e, tambe´m, independentemente de qual seja a letra usada para simbolizar o seu valor, em geral tal indicador tem algum outro significado especial ale´m de, na repre- sentac¸a˜o matricial, indicar a linha (ou a coluna) a que pertence o elemento. De fato, no exemplo fornecido pela definic¸a˜o 1.1.2, o significado especial do indicador a` esquerda era referir-se ao numerador do quociente. Deve-se ressaltar que as definic¸o˜es apresentadas para matriz transposta e para matriz inversa, respectivamente T a i j = a j i e ( −1 a i j a k i = δ k j , a j k −1 a i j = δ i k ) , indicam que, ao se efetuar a transposic¸a˜o ou a inversa˜o, os mencionados significados especiais dos dois indicadores sa˜o trocados entre si. No caso da primeira igualdade, para matriz transposta, a troca e´ evidente. No caso das u´ltimas duas igualdades, para evidenciar a troca faz-se necessa´rio informar que a definic¸a˜o de matriz inversa subentende que sejam considerados compara´veis, em termos de δ kj e δ i k (veja a definic¸a˜o de delta de Kronecker 1.1.3), somente indicadores que apresentem o mesmo significado especial. Define-se, ainda, a matriz inversa transposta [a ji ] −T ≡ [ −T a j i ]= [ −1 a i j ]T = [ T a i j ]−1 , cujos significa- dos especiais dos dois indicadores sa˜o os mesmos da matriz original. Evidentemente, definic¸o˜es ana´logas existem para as matrizes [ai j], [a i j] e [a i j]. 7 1.2 A´lgebra Linear 1.2.1 Espac¸o Vetorial Definic¸a˜o 1.2.1 (Espac¸o Vetorial Real) Um espac¸o vetorial real V e´ um conjunto que dispo˜e de duas operac¸o˜es: I. v+ u ∈ V se v ∈ V e u ∈ V (adic¸a˜o) e II. αv ∈ V se v ∈ V e α ∈ < (multiplicac¸a˜o escalar), as quais satisfazem as seguintes regras: ∀(u,v,w) ∈ V e ∀(α, β) ∈ <, 1. v+ u = u+ v (comutatividade da adic¸a˜o). 2. v+ (u+w) = (u+ v) +w (associatividade da adic¸a˜o). 3. ∃0 ∈ V tal que v+0 = v, chamado vetor nulo e representado do mesmo modo que o escalar nulo, este u´ltimo denominado zero (definic¸a˜o do vetor nulo). 4. ∀v ∈ V ∃ − v ∈ V tal que v+ (−v) = 0 (operacionalidade da adic¸a˜o). 5. α(βv) = (αβ)v (associatividade escalar da multiplicac¸a˜o escalar). 6. (α+ β)v = αv+ βv (distributividade escalar da multiplicac¸a˜o escalar). 7. α(v+ u) = αv+ αu (distributividade vetorial da multiplicac¸a˜o escalar). 8. 1v = v, onde 1 e´ o escalar um (operacionalidade da multiplicac¸a˜o escalar). Usando o conceito de diferenc¸a entre nu´meros reais, e´ estabelecido o conceito de conti- nuidade em <. Logo, a operac¸a˜o multiplicac¸a˜o escalar implica em que qualquer espac¸o vetorial real contenha infinitos vetores, sendo cont´ınua a variac¸a˜o entre eles. Estabelece- se, assim, o conceito de continuidade em espac¸o vetorial. Note ainda que, de acordo com a presente definic¸a˜o, < e´ um espac¸o vetorial. Definic¸a˜o 1.2.2 (Base) Um conjunto de vetores (ci) n i=1 e´ denominado uma base do espac¸o vetorial real V se e somente se ∀a1 , . . . , an ∈ <, se a1c1 + . . .+ ancn = 0 enta˜o a1 = . . . = an = 0, logo, (1) ha´ independeˆncia linear entre os elementos de (ci) n i=1 e ∀u ∈ V tem-se u1c1 + . . .+ uncn = u, onde u1, . . . , un ∈ <, logo, (2) o conjunto ordenado (ci) n i=1 abrange o espac¸o V . Neste texto, os vetores de base sera˜o representados por ci ∈ (ci)ni=1 ou di ∈ (di)ni=1 . Perceba que, ao contra´rio do que ocorre com o indicador i = 1, . . . , n, o uso subentendido da notac¸a˜o de Einstein 1.1.2 na˜o implica em que uncn seja um somato´rio, porque n apresenta um u´nico valor. 8 Definic¸a˜o 1.2.3 (Componente) De acordo com a definic¸a˜o de base 1.2.2, se (ci) n i=1 for uma base de V e u ∈ V , enta˜o u = uici . Cada elemento ui ∈ (ui)ni=1 , denominado componente de u, e´ bem definido em relac¸a˜o a` base (ci) n i=1 . Definic¸a˜o 1.2.4 (Dimensa˜o de Espac¸o Vetorial Real) Um espac¸o vetorial real pode ter muitas bases, mas todas elas conte´m o mesmo nu´mero de elementos. Tal nu´mero e´ chamado dimensa˜o, cuja representac¸a˜o e´ dim. Note que, mesmo que na˜o se trate da dimensa˜o de um espac¸o vetorial real, mas sim da dimensa˜o de alguma outra grandeza, o s´ımbolo e´ este. Por exemplo, se (ci) n i=1 for uma base de V , enta˜o dimV = n. Neste texto somente sera˜o considerados espac¸os vetoriais reais de dimensa˜o finita. 1.2.2 Produto Interno de Vetores Definic¸a˜o 1.2.5 (Produto Interno de Vetores) O produto interno e´ uma func¸a˜o g : V × V → < com as seguintes propriedades: ∀u,v,w ∈ V e ∀α ∈ <, 1. g(u,v) = g(v,u) (simetria), 2. g(u+αv,w) = g(u,w)+αg(v,w) (por causa da simetria, bilinearidade, ao inve´s de apenas linearidade, de acordo com a definic¸a˜o 1.2.10, adiante), 3. g(u,u) > 0 se u 6= 0 (definic¸a˜o positiva). Comenta´rio 1.2.1 (Espac¸o Vetorial Real com Produto Interno) Um espac¸o ve- torial para o qual exista uma func¸a˜o g : V × V → < bilinear, sime´trica e de definic¸a˜o positiva e´ denominado espac¸o vetorial com produto interno. Neste texto sera˜o conside- rados apenas espac¸os vetoriais reais com produtos internos. Definic¸a˜o 1.2.6 (Espac¸o Vetorial Euclideano) De acordo com a definic¸a˜o de pro- duto interno 1.2.5, o produto interno e´ qualquer func¸a˜o g : V ×V → < bilinear, sime´trica e de definic¸a˜o positiva. Se existir uma u´nica e bem determinada, entre tais func¸o˜es, por meio da qual ∀u ∈ V , sendo V um espac¸o vetorial real de dimensa˜o finita e com pro- duto interno, se defina a norma |u| = √u · u, a imagem de tal func¸a˜o espec´ıfica sera´ representada por u · v, ao inve´s de g(u,v), conforme ja´ mostra a pro´pria definic¸a˜o de norma. Neste caso, V sera´ um espac¸o vetorial euclideano. Num espac¸o vetorial euclideano pode-se considerar qualquer vetor como um objeto de comprimento bem definido, comprimento este dado pela norma do vetor considerado. Note que, como na˜o ha´ restric¸a˜o quanto ao nu´mero finito de dimenso˜es, a palavra comprimento tem, aqui, um significado generalizado em relac¸a˜o ao usual. Se |u| = 1, u e´ chamado vetor unidade, o qual e´ representado por e. Comenta´rio 1.2.2 (Imposic¸a˜o aos Espac¸os Vetoriais) A partir deste ponto do tex- to, sera´ subentendida a imposic¸a˜o de que todo espac¸o vetorial e´ euclideano. Definic¸a˜o 1.2.7 (Vetor Projec¸a˜o) Sendo u,v ∈ V ambos na˜o nulos, para a espec´ıfica func¸a˜o produto interno que, de acordo com a definic¸a˜o de espac¸o euclideano 1.2.6, define a norma, define-se tambe´m o aˆngulo θ(u,v), entre u e v, por meio de f(θ) = u ·v/(|u||v|), onde exige-se obedieˆncia a` desigualdade de Schwarz |u · v| ≤ |u||v|, o que garante ser 9 |f(θ)| ≤ 1. Note que esta definic¸a˜o da func¸a˜o f na˜o precisa coincidir com a definic¸a˜o da func¸a˜o cos. Mas, sempre que esta coincideˆncia ocorrer, para que exista a func¸a˜o arccos impo˜e-se, adicionalmente, que 0 ≤ θ ≤ pi. Sera´ subentendido, a partir deste ponto do texto, que f = cos e que 0 ≤ θ ≤ pi, o que corresponde a` definic¸a˜o comum do aˆngulo plano θ. Os vetores u e v sa˜o ortogonais se u · v = 0, logo cos θ = 0 e θ = pi/2. Todo vetor apresenta um bem definido aˆngulo em relac¸a˜o a cada um dos vetores c1 , . . . , cn de qualquer base (definic¸a˜o de base 1.2.2) bem determinada do espac¸o considerado. O conjunto destes aˆngulos define a direc¸a˜o do vetor, em relac¸a˜o a` base considerada. Note que, como θ(u,v) ∈ [0, pi], neste texto a direc¸a˜o, em relac¸a˜o a determinada base, inclui tambe´m o sentido (para um lado, ou para o lado oposto ao primeiro). Entretanto, a direc¸a˜o e´ considerada uma caracter´ıstica do vetor, assim como a sua norma. Em outras palavras, dado um vetor e duas poss´ıveis bases do espac¸o considerado, os dois correspondentes conjuntos de aˆngulos indicam a mesma direc¸a˜o do vetor. Note ainda que, como na˜o ha´ restric¸a˜o quanto ao nu´mero finito de dimenso˜es, a palavra direc¸a˜o apresenta, aqui, um significado generalizado em relac¸a˜o ao usual. A projec¸a˜o do vetor v sobre o vetor u e´ dada por v · u/|u| = |v| cos θ(u,v). Considera-se que e = u/|u| e´ o vetor unidade na direc¸a˜o de u e que (v · e)e = |v| cos θ(u,v)e e´ o vetor projec¸a˜o de v na direc¸a˜o de u. Comenta´rio 1.2.3 (Igualdade Entre Vetores) As definic¸o˜es de espac¸o vetorial eu- clideano 1.2.6 e de vetor projec¸a˜o 1.2.7 indicam que todo vetor e´ completamente caracte- rizado por sua norma e sua direc¸a˜o. Logo, dois vetores iguais apresentam iguais normas e iguais direc¸o˜es. Notac¸a˜o 1.2.1 (Produto Interno de Vetores de Base gi j) Sera´ usada a represen- tac¸a˜o gi j = ci · cj , onde (ci , cj) ∈ (ck)nk=1 , sendo (ck)nk=1 uma base de V , de acordo com a definic¸a˜o de base 1.2.2. Usando a definic¸a˜o de produto interno 1.2.5, tem-se gi j = gj i . Comenta´rio 1.2.4 (Decomposic¸a˜o do Produto Interno de Vetores) De acordo com a definic¸a˜o de componente 1.2.3 e com a notac¸a˜o para produto interno de vetores de base 1.2.1, se (ci) n i=1 for uma base de V (definic¸a˜o de base 1.2.2) e u,w ∈ V , enta˜o u = uici , w = w jcj e u·w = gi juiwj, que e´ a decomposic¸a˜o do produto interno de vetores (de acordo com a notac¸a˜o de Einstein 1.1.2, a primeira igualdadesubentende um somato´rio em i, logo subentende n termos no segundo membro, a segunda um somato´rio em j, logo tambe´m subentende n termos no segundo membro, enquanto que a terceira igualdade subentende um somato´rio em i e um em j, logo n2 termos no segundo membro). 1.2.3 Base Dual Comenta´rio 1.2.5 (Obtenc¸a˜o de Componente) Seja (ci) n i=1 uma base de V . Neces- sariamente existe um vetor c1 na˜o nulo e ortogonal a todos os vetores ci ∈ (cj)nj=2 . Se a projec¸a˜o (definic¸a˜o de vetor projec¸a˜o 1.2.7) de c1 sobre o vetor c1 for bem determinada, enta˜o c1 sera´ bem determinado. Pode-se, portanto, construir um conjunto de vetores (ci)ni=1 tal que c i · cj = δij (ou ci · cj = δ ij , porque a comutatividade do produto interno torna indiferente usar δij ou δ i j ). Note que esta u´ltima igualdade indica que o aˆngulo θ entre ci e ci satisfaz a` desigualdade 0 ≤ θ < pi/2 e, tambe´m, que a projec¸a˜o de cada um 10 destes dois vetores, sobre o outro, e´ o inverso da norma deste outro. De acordo com a definic¸a˜o de base 1.2.2, ∀u ∈ V tem-se ujcj = u, logo ci · u = δiju j = ui. Portanto, de acordo com a definic¸a˜o de componente 1.2.3, obte´m-se o i- e´simo componente de u na base (ci) n i=1 efetuando o produto interno dos vetores u e ci. Conve´m ressaltar a diferenc¸a entre este procedimento para obtenc¸a˜o de componente, va´lido para uma base qualquer, em relac¸a˜o ao procedimento mais conhecido, pore´m va´lido exclusivamente para base ortonormal. O comenta´rio 1.2.7, adiante, esclarecera´ a coereˆncia entre os dois procedimentos. Definic¸a˜o 1.2.8 (Base Dual) Seja: 1. A combinac¸a˜o linear aic i = 0, logo (aic i) · cj = 0, ou aiδij = 0, portanto aj = 0. Enta˜o, aic i = 0 se e somente se ai = 0 para i = 1, . . . , n, logo os vetores (c i)ni=1 sa˜o linearmente independentes. 2. As decomposic¸o˜es (u = uici ,w = w jcj) ∈ V . Enta˜o, de acordo com a notac¸a˜o gi j para produto interno de vetores de base 1.2.1, u ·w = gi juiwj = gi juicj ·w, o que indica que u = gi ju icj. Portanto, u e´ uma combinac¸a˜o linear dos vetores presentes no conjunto (ci)ni=1. De acordo com os anteriores itens 1 e 2 e com a definic¸a˜o de base 1.2.2, se (ci) n i=1 for uma base de V , enta˜o (ci)ni=1 tambe´m sera´ uma base de V . Se (ci) n i=1 e (c i)ni=1 forem duas bases de V relacionadas entre si pela expressa˜o ci · cj = δij , elas formam um par de bases duais, ou uma e´ a base dual da outra. Portanto, se u ∈ V , enta˜o u = uici = uic i, onde ui = gi ju j, de acordo com o item 2 e lembrando que gi j = gj i (notac¸a˜o 1.2.1). O componente u i de u (definic¸a˜o de componente 1.2.3) passa a ser chamado componente contravariante de u, enquanto que o componente ui sera´ chamado componente covariante de u. Evidentemente, e´ arbitra´ria a escolha de qual componente e´ covariante e qual e´ contravariante. Comenta´rio 1.2.6 (Func¸o˜es gi j e g i j) Toda base apresenta sua base dual, cada uma delas bem determinada a partir da outra. Assim como, ∀u ∈ V , e´ arbitra´ria a escolha de qual base corresponde aos componentes covariantes e qual aos componentes contravari- antes de u, as expresso˜es matema´ticas referentes a cada uma, de um par de bases duais, sa˜o ana´logas a`s expresso˜es referentes a` outra. Tem-se, enta˜o, utilizando o comenta´rio sobre obtenc¸a˜o de componente 1.2.5 na primeira linha, a definic¸a˜o de base dual 1.2.8 na segunda e a notac¸a˜o gi j para produto interno de vetores de base 1.2.1 na terceira: ui = ci · u e ui = ci · u, onde ui = gi ju j e ui = gi juj , sendo gi j = ci · cj e gi j = ci · cj. Note que, de acordo com a segunda linha de equac¸o˜es, as duas func¸o˜es gi j : u j 7→ ui e gi j : uj 7→ ui permitem, respectivamente, abaixar e levantar o ı´ndice dos componentes de u. Usando esta segunda linha, pode-se escrever u = uici = g i jujci = ujc j, logo cj = gi jci e u = uic i = gi ju jci = ujcj , logo cj = gi jc i, 11 o que mostra que estas func¸o˜es tambe´m permitem transformar qualquer base na sua base dual. Usando estas u´ltimas equac¸o˜es tem-se ci = gi jcj = g i jgj kc k = δikc k, ou gi jgj k = δ i k . Notac¸a˜o 1.2.2 (Base Dual) Representando por β uma base, sua base dual sera´ re- presentada β∗. Definic¸a˜o 1.2.9 (Base Ortonormal) Uma base e´ dita ortogonal se ci ·cj = 0 quando i 6= j. Uma base e´ dita ortonormal se, ale´m disto, | ci| = 1 ∀i. Neste u´ltimo caso, de acordo com a definic¸a˜o de espac¸o vetorial euclideano 1.2.6, os vetores da base sera˜o representados ei , para i = 1, . . . , n. Comenta´rio 1.2.7 (Base Ortonormal Dual) De acordo com a notac¸a˜o gi j para pro- duto interno de vetores de base 1.2.1 e com as definic¸o˜es de delta de Kronecker 1.1.3 e de base ortonormal 1.2.9, numa base ortonormal gi j = δi j. Usando esta igualdade e a tranformac¸a˜o entre bases duais apresentada no comenta´rio 1.2.6, sobre func¸o˜es gi j e g i j, tem-se ej = gi je i = δi je i = ej, ∀j. Portanto, uma base ortonormal e´ ideˆntica a` sua base dual. Logo, numa base ortonormal na˜o existe distinc¸a˜o entre componentes contra- variantes e covariantes, todos os ı´ndices podem ser escritos no mesmo n´ıvel e obte´m-se o i-e´simo componente de u efetuando o produto interno dos vetores ei e u. 1.2.4 Produto Tensorial de Vetores e Tensor de Segunda Ordem Definic¸a˜o 1.2.10 (Transformac¸a˜o n-Linear) A func¸a˜o T : U → V e´ chamada de transformac¸a˜o linear do espac¸o vetorial U para o espac¸o vetorial V se, ∀(u,w) ∈ U e ∀α ∈ <, T (u+ αw) = T (u) + αT (w). A func¸a˜o T : U × U → V e´ chamada de transformac¸a˜o bilinear do espac¸o vetorial U para o espac¸o vetorial V se, ∀(u1,u2,w) ∈ U e ∀α ∈ <, T (u1 + αw,u2) = T (u1,u2) + αT (w,u2) e T (u1,u2 + αw) = T (u1,u2) + αT (u1,w). Se, entre estas duas igualdades, apenas uma for va´lida, a transformac¸a˜o somente sera´ linear em relac¸a˜o a` espec´ıfica varia´vel que sofre combinac¸a˜o linear na expressa˜o va´lida. Por isto, toda transformac¸a˜o bilinear e´ uma transformac¸a˜o linear T : U × U → V , mas o vice-versa na˜o e´ verdade. Analogamente, uma transformac¸a˜o n-linear T : Un → V , do espac¸o vetorial U para o espac¸o vetorial V , ocorre quando, ∀(u1,u2, . . . ,un,w) ∈ U e ∀α ∈ <, tem-se T (u1, . . . ,ui + αw, . . . ,un) = T (u1, . . . ,ui, . . . ,un) + αT (u1, . . . ,w, . . . ,un), para i = 1, . . . , n. Para n ≥ 2, toda transformac¸a˜o n-linear e´ uma transformac¸a˜o (n − 1)-linear T : Un → V , mas o vice-versa na˜o e´ verdade. A transformac¸a˜o linear aqui apresentada e´ uma func¸a˜o (de imagem) vetorial. Lembrando que, de acordo com a definic¸a˜o de espac¸o vetorial 1.1.1, < e´ um espac¸o vetorial, a presente definic¸a˜o engloba, como caso particular, a transformac¸a˜o n-linear escalar T : Un → <. Notac¸a˜o 1.2.3 (Espac¸o de Transformac¸a˜o Linear) O conjunto formado por todas as transformac¸o˜es lineares do espac¸o vetorial U para o espac¸o vetorial V e´ um espac¸o de transformac¸a˜o linear representado por L(U, V ) = {T : U → V |T e´ linear}. 12 Definic¸a˜o 1.2.11 (Espac¸o Vetorial de Transformac¸a˜o Linear) A definic¸a˜o de es- pac¸o vetorial real 1.2.1 e a notac¸a˜o de espac¸o de tranformac¸a˜o linear 1.2.3 mostram que L(U, V ) sera´ um espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear se e somente se, neste conjunto, forem definidas as operac¸o˜es adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o escalar e tais operac¸o˜es satisfizerem as regras enumeradas de 1 a 8 na definic¸a˜o 1.2.1. Para que isto ocorra e´ suficiente que, para (T, S) ∈ L(U, V ) e α ∈ < , ∀w ∈ U : 1. (T + S)(w) = T (w) + S(w) (definic¸a˜o de adic¸a˜o de transformac¸o˜es lineares) e 2. (αT )(w) = αT (w) (definic¸a˜o de multiplicac¸a˜o de transformac¸a˜o linear por um escalar). Definic¸a˜o 1.2.12 (Produto Tensorial de Vetores ou Tensor Simples) ∀v ∈ V e ∀u ∈ U , o produto tensorial de v por u, representado por v ⊗ u e´, por definic¸a˜o, uma transformac¸a˜olinear de U para V tal que, ∀w ∈ U , (v ⊗ u)(w) = (u · w)v. A transformac¸a˜o linear produto tensorial de dois vetores, representada v⊗u, e´ tambe´m de- nominada tensor simples. Portanto, um tensor simples e´ uma espec´ıfica transformac¸a˜o linear de um espac¸o vetorial para outro. Teorema 1.2.1 (Base de Espac¸o Vetorial de Transformac¸a˜o Linear) Se (ci) n i=1 e (dα) m α=1 forem bases de V e U respectivamente, o conjunto (ci ⊗ dα)n mi=1α=1 sera´ uma base do espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear L(U, V ) apresentado na definic¸a˜o 1.2.11. Demonstrac¸a˜o: Seja (ci)ni=1 a base dual de (ci) n i=1 , (d α)mα=1 a base dual de (dα) m α=1 e ai α ∈ < um escalar. Sejam, tambe´m, as operac¸o˜es adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar apresentadas na definic¸a˜o de espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear 1.2.11. Se ai αci ⊗ dα = 0 enta˜o, usando as definic¸o˜es de produto tensorial 1.2.12 e de base dual 1.2.8, tem-se ai α(ci ⊗ dα)(dβ) = ai α(dα · dβ)ci = ai αδ βα ci = ai βci = 0, o que implica em ai α = 0, para i = 1, . . . , n e α = 1, . . . ,m, porque (ci) n i=1 e´ uma base (definic¸a˜o de base 1.2.2). Portanto, (ci⊗dα)n mi=1α=1 e´ um conjunto de elementos linearmente independentes entre si. Ale´m disto, seja ci · T (dα) = T i α, ∀T ∈ L(U, V ). Enta˜o, ∀v ∈ V e ∀u ∈ U , v·T (u) = vici·T (uαdα) = viuαci·T (dα) = T i αviuα . Por outro lado, v·(ci⊗dα)(u) = vjcj· (ci⊗dα)(uβdβ) = vjuβ(cj · ci)(dβ ·dα) = vjuβδjiδβα = viuα . Substituindo este resultado na igualdade anterior tem-se v ·T (u) = T i αv · (ci⊗dα)(u), logo T (u) = T i α(ci⊗dα)(u). Portanto, (ci⊗dα)n mi=1α=1 abrange o espac¸o L(U, V ). Logo, de acordo com a definic¸a˜o de base 1.2.2, (ci ⊗ dα)n mi=1α=1 e´ uma base de L(U, V ). 2 Comenta´rio 1.2.8 (Decomposic¸a˜o de Transformac¸a˜o Linear) O teorema 1.2.1 (base de espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear) mostra que, embora nem toda trans- formac¸a˜o linear entre espac¸os vetoriais seja um tensor simples (definic¸a˜o de produto tensorial 1.2.12), toda transformac¸a˜o linear entre espac¸os vetoriais e´ uma combinac¸a˜o linear de tensores simples. Comenta´rio 1.2.9 (Dimensa˜o de Espac¸o de Transformac¸a˜o Linear) De acordo com o teorema 1.2.1 (base de espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear) e a definic¸a˜o de di- mensa˜o 1.2.4, dim(ci⊗dα)n mi=1α=1 = (dimV )(dimU), logo dimL(U, V ) = (dimV )(dimU). 13 Definic¸a˜o 1.2.13 (Espac¸o de Produto Tensorial) Sempre que o espac¸o de trans- formac¸a˜o linear representado, de acordo com a notac¸a˜o 1.2.3, por L(U, V ) = {T : U → V |T e´ linear} for, de acordo com a definic¸a˜o 1.2.11, um espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear, L(U, V ) podera´ optativamente ser denominado espac¸o de produto tensorial de V por U e ser representado por V ⊗ U , ou seja, ter-se-a´ L(U, V ) = V ⊗ U . Sua base (ci ⊗ dα)n mi=1α=1 , onde (ci)ni=1 e (d)mα=1 sa˜o bases de V e U respectivamente, sera´ chamada uma base produto de V ⊗U . Evidentemente, (ci⊗dα)n mi=1α=1 , (ci⊗dα)n mi=1α=1 e (ci ⊗ dα)n mi=1α=1 tambe´m sa˜o bases produto de V ⊗ U . Definic¸a˜o 1.2.14 (Tensor de Segunda Ordem) Toda transformac¸a˜o linear T no es- pac¸o de produto tensorial V ⊗V (definic¸a˜o 1.2.13) e´ denominada um tensor de segunda ordem. Definic¸a˜o 1.2.15 (Componente Assoc. de Tensor de Segunda Ordem) Sejam (ci) e (c i) um par de bases duais de V . Enta˜o, um tensor de segunda ordem T no espac¸o de produto tensorial V ⊗V pode ser representado em termos de qualquer uma en- tre as quatro bases produto (ci⊗cj ), (ci⊗cj), (ci⊗cj) e (ci⊗cj), de V ⊗V . Geralmente, os componentes de T associados a uma destas bases diferira˜o dos componentes associados a`s outras, usando-se a simbologia T = T i j ci⊗cj = T ij ci⊗cj = T ji ci⊗cj = Ti j ci⊗cj, onde os escalares T i j, T ij , T j i e Ti j sa˜o os componentes associados de T . O com- ponente associado contravariante e´ T i j , o componente associado covariante e´ Ti j , enquanto que T ij e T j i sa˜o componentes associados mistos. E´ importante distinguir na˜o apenas o n´ıvel (em cima ou em baixo) mas tambe´m a posic¸a˜o relativa (a` direita ou a` esquerda) dos ı´ndices e super´ındices dos componentes de T . De fato, em geral T ij 6= T ij . Note que, no teorema 1.2.1 (base de espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear), para T ∈ L(U, V ), L(U, V ) = V ⊗U (definic¸a˜o de espac¸o de produto tensorial 1.2.13), u ∈ U , (ci) uma base de V e (dα) uma base de U , considerou-se T (u) = T i α(ci⊗dα)(u).Houve, portanto, coereˆncia com a simbologia aqui adotada para componente associado de tensor de segunda ordem. Entretanto, tomou-se o cuidado de substituir a letra c, com ı´ndice em letra romana, pela letra d, com ı´ndice em letra grega, para sublinhar que tratava-se de bases de espac¸os vetoriais diferentes, ao contra´rio do que ocorre com o tensor de segunda ordem (definic¸a˜o de tensor de segunda ordem 1.2.14). Comenta´rio 1.2.10 (Ca´lculo de Componente Assoc. de Tensor) Sejam (ci) e (ci) um par de bases duais de V e seja T um tensor de segunda ordem no espac¸o de produto tensorial V ⊗ V . Enta˜o, T i j = ci · T (cj), T ij = ci · T (cj ), T ji = ci · T (cj) e Ti j = ci · T (cj ). De fato, cm · T (cn) = cm · (T i j ci ⊗ cj)(cn) = T i j(ci · cm)(cj · cn) = T i jδ mi δ n j = T mn, onde usaram-se seguidamente as definic¸o˜es de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15 (primeira igualdade), produto tensorial 1.2.12 (se- gunda igualdade) e base dual 1.2.8 (terceira igualdade). Analogamente para T ij , T j i e Ti j. E´ importante notar que o indicador a` direita, em T i j, T ij , T j i e Ti j , e´ sempre o vetor da direita no tensor simples pertencente ao conjunto de base, que tambe´m e´ o vetor ao qual e´ aplicada a transformac¸a˜o T , na expressa˜o para o ca´lculo do componente de T associado a` base considerada. 14 Note que, no teorema 1.2.1 (base de espac¸o vetorial de transformac¸a˜o linear), para T ∈ L(U, V ), L(U, V ) = V ⊗U (definic¸a˜o de espac¸o de produto tensorial 1.2.13), u ∈ U , (ci) uma base de V e (dα) uma base de U , mostrou-se que c i · T (dα) = T i α implica em T (u) = T i α(ci ⊗ dα)(u). Isto e´ coerente com o ca´lculo de componente associado de tensor de segunda ordem aqui apresentado e com o segundo para´grafo da definic¸a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15. Notac¸a˜o 1.2.4 (Tensor de Segunda Ordem como uma Matriz) De acordo com a definic¸a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, as matrizes [T i j], [T ij], [T j i ] e [Ti j] sa˜o as representac¸o˜es matriciais do tensor T em relac¸a˜o a`s correspondentes bases produto. Portanto, um tensor de segunda ordem pertencente ao espac¸o V ⊗ V pode ser representado por matrizes quadradas de dimensa˜o dimV . Coerentemente com a definic¸a˜o de matriz 1.1.2, nestas representac¸o˜es o indicador mais a` esquerda se refere a` linha e o mais a` direita fornece a coluna, independentemente de se tratar de ı´ndice ou super´ındice. Ale´m disto, o indicador a` esquerda tem o significado especial de apontar o vetor tambe´m a` esquerda, na base produto a` qual o componente se associa, enquanto que o indicador a` direita se relaciona ao vetor tambe´m a` direita. De acordo com o comenta´rio 1.2.10 (ca´lculo de componente associado de tensor de segunda ordem), pode-se tambe´m afirmar que o indicador a` direita mostra qual e´ o vetor ao qual e´ aplicada a transformac¸a˜o T , na expressa˜o para o ca´lculo do componente de T associado a` base escolhida. Por outro lado, o fato de cada indicador ser um ı´ndice ou um super´ındice informa quanto ao componente considerado ser contravariante, covariante ou mixto. Logo, se A for o conjunto de todos os poss´ıveis componentes do tensor de segunda ordem T , associados a bases do espac¸o V ⊗ V , enquanto que I e J forem dois conjuntos, cada um deles formado pelos primeiros m nu´meros naturais, enta˜o a func¸a˜o ordenadora φ :I×J → A fornece os significados (esquerda-direita) e (em cima-em baixo) de ambos os dois indicadores, significados estes que na˜o dependem da letra utilizada para simbolizar o valor de cada indicador. Igualdades, como a exemplificada por [T i j] = [T j i], sa˜o portanto corretas e correspon- dem, na base produto associada ao componente em foco, a` mesma troca de indicadores. De fato, para o componente misto usado como exemplo, no caso do primeiro membro da igualdade a base produto deve ser escrita (ci ⊗ cj), enquanto que, para o segundo mem- bro, ela deve ser anotada (cj ⊗ ci). Note que as duas grafias representam exatamente a mesma base produto, o que garante a igualdade. Em outras palavras, o elemento de matriz T 35 , por exemplo, e´ exatamente o mesmo, independentemente de 3 ser o valor tomado por i ∈ I e 5 ser atribu´ıdo a j ∈ J , ou v.v. Mesmo assim, aconselha-se muita cautela no uso da igualdade [T i j] = [T j i], por causa das razo˜es ja´ apontadas na definic¸a˜o de matriz 1.1.2. Note tambe´m que, de acordo com a definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4, geralmente as representac¸o˜es matriciais de um tensor de segunda ordem na˜o sa˜o nem sime´tricas, nem antissime´tricas (por exemplo, T 35 6= T 53 e T 35 6= −T 53). Comenta´rio 1.2.11 (Componente Associado de Tensor Simples) Consideran- do o comenta´rio 1.2.10 (ca´lculo de componente associado de tensor de segunda ordem), para (v,u) ∈ V e T = u ⊗ v tem-se (u ⊗ v)i j = ci · (u ⊗ v)(cj). Mas, usando a definic¸a˜o de tensor simples 1.2.12 tem-se ci · (u ⊗ v)(cj) = ci · (v · cj)u. Decom- 15 pondo antes o vetor v e, depois, tambe´m o vetor u em suas respectivas componentes contravariantes, de acordo com a definic¸a˜o de base dual 1.2.8, tem-se ci · (v · cj)u = ci · (vkck · cj)u = ci · (vkδ jk )u = vjci · u = ukck · vjci = ukvjδ ik = uivj. Portanto, (u ⊗ v)i j = uivj e, de acordo com a definic¸a˜o 1.2.15 de componente associado contra- variante T i j de tensor de segunda ordem, u ⊗ v = (u ⊗ v)i jci ⊗ cj = uivjci ⊗ cj . As seguintes igualdades, portanto, definem os componentes associados dos ten- sores simples u ⊗ v = uivjci ⊗ cj = uivjci ⊗ cj = uivjci ⊗ cj = uivjci ⊗ cj e v⊗ u = viujci ⊗ cj = viujci ⊗ cj = viujci ⊗ cj = viujci ⊗ cj. Logo, de acordo com a notac¸a˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, no caso covariante a representac¸a˜o matricial de um tensor simples pode ser escrita [(v⊗ u)i j] = v1u1 v1u2 v1u3 . . . v1un v2u1 v2u2 v2u3 . . . v2un v3u1 v3u2 v3u3 . . . v3un ... vnu1 vnu2 vnu3 . . . vnun e [(u⊗ v)i j] = u1v1 u1v2 u1v3 . . . u1vn u2v1 u2v2 u2v3 . . . u2vn u3v1 u3v2 u3v3 . . . u3vn ... unv1 unv2 unv3 . . . unvn , portanto [(u⊗ v)i j] = [(v⊗ u)i j]T , onde utilizou-se a representac¸a˜o para matriz transposta colocada na definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Isto evidencia que, geralmente, v⊗ u 6= u⊗ v. Mesmo para base ortonormal esta desigualdade em geral persiste mas, de acordo com o comenta´rio 1.2.7 (base ortonormal dual), neste caso ci ⊗ cj = ci ⊗ cj = ci ⊗ cj = ci ⊗ cj. Por isto, para os componentes associados dos tensores simples em base ortonormal, tem-se uivj = uiv j = uivj = uivj e v iuj = viuj = viu j = viuj (embora u ivj 6= viuj, basta escrever um entre estes dois u´ltimos conjuntos de igualdades, porque a permutac¸a˜o entre i e j transforma um conjunto no outro). Comenta´rio 1.2.12 (Transformac¸a˜o Escalar Bilinear e Tensor) Seja (u,v) ∈ V e seja o tensor de segunda ordem T ∈ V ⊗ V . Seja (ci) uma base de V . De acordo com a definic¸a˜o de base dual 1.2.8, tem-se u = uici = uic i e v = vici = vic i. Usando o comenta´rio 1.2.10, para o ca´lculo de componentes associados de tensor de segunda ordem, tem-se enta˜o u · T (v) = uivjTi j = uivjT ji = uivjT ij = uivjT i j ∈ < . Seja, tambe´m representada por T , a transformac¸a˜o escalar bilinear (definic¸a˜o de transformac¸a˜o n-linear 1.2.10) T : (u,v) 7→ u · T (v), a qual, sempre que seu argumento for um par ordenado de vetores pertencentes a alguma poss´ıvel base do espac¸o vetorial V , produz como imagem o correspondente componente associado do tensor de segunda ordem T ∈ V ⊗ V . Logo, de acordo com a definic¸a˜o de tensor de segunda ordem 1.2.14, a toda trans- formac¸a˜o linear T no espac¸o de produto tensorial V⊗V , a qual e´ uma transformac¸a˜o linear 16 T : V → V , corresponde uma transformac¸a˜o escalar bilinear T : V × V → < que de- fine os componentes associados de T em qualquer base de V , porque T (u,v) = u · T (v) e vice-versa. Para (u,v,u′,v′) ∈ V e considerando T = u′ ⊗ v′, pode-se enta˜o escrever (u′ ⊗ v′)(u,v) = u · (u′ ⊗ v′)(v) logo, usando a definic¸a˜o de produto tensorial 1.2.12, (u′⊗v′)(u,v) = (u ·u′)(v ·v′) ∈ < , o que mostra que u′⊗v′ e´ uma transformac¸a˜o escalar bilinear T : V × V → <. Ale´m disto, se (u,v) for um par ordenado de vetores perten- centes a alguma poss´ıvel base do espac¸o vetorial V , (u · u′)(v · v′) sera´ o correspondente componente associado de u′⊗ v′, conforme mostrado no comenta´rio 1.2.11 (componente associado de tensor simples). Definic¸a˜o 1.2.16 (Transformac¸a˜o Tensorial Identidade) A transformac¸a˜o ten- sorial identidade e´ um tensor de segunda ordem, conforme a definic¸a˜o 1.2.14, repre- sentado por 1 e tal que 1 (v) = v. Note que, enquanto o tensor identidade 1 ∈ V ⊗ V , o escalar unidade 1 ∈ <. Comenta´rio 1.2.13 (Componente Associado do Tensor Identidade) De acordo com a definic¸a˜o de transformac¸a˜o tensorial identidade 1.2.16 e o comenta´rio 1.2.10 (ca´lcu- lo de componente associado de tensor de segunda ordem), tem-se 1 i j = ci ·1 (cj) = ci ·cj. Mas o comenta´rio 1.2.6 (func¸o˜es gi j e g i j) mostra que ci · cj = gi j. Logo, 1 i j = gi j, onde 1 i j e´, conforme a definic¸a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, o componente associado contravariante do tensor 1 . Portanto, gi j e´ o compo- nente associado contravariante da transformac¸a˜o tensorial identidade. Por outro lado, 1 ij = c i ·1 (cj) = ci ·cj . Mas a definic¸a˜o de base dual 1.2.8 mostra que ci ·cj = δij . Por- tanto, tem-se 1 ij = δ i j para este componente associado misto da transformac¸a˜o tensorial identidade. Analogamente, para o outro componente associado misto tem-se 1 ji = δ j i e, para o componente associado covariante, 1i j = gi j . Pode-se enta˜o escrever 1 = 1 i j ci ⊗ cj = 1 ij ci ⊗ cj = 1 ji ci ⊗ cj = 1i j ci ⊗ cj, ou 1 = gi j ci ⊗ cj = δij ci ⊗ cj = δ ji ci ⊗ cj = gi j ci ⊗ cj. Note, portanto, que apenas a representac¸a˜o matricial dos conjuntos de componentes associados mistos do tensor iden- tidade, respectivamente representados por 1 ij e por 1 j i , coincide com a matriz unidade, simbolizada [1]. Logo, [1 ij] = [1] e [1 j i ] = [1], mas [1 i j] = [gi j] 6= [1] e [1i j] = [gi j] 6= [1]. Note, tambe´m, que as matrizes [1 i j] = [gi j] e [1i j] = [gi j] sa˜o sime´tricas, de acordo com a definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Logo, nas quatro representac¸o˜es matriciais do tensor identidade na˜o apenas se pode trocar os indicadores i e j, conforme colocado na notac¸a˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, como tambe´m cada representac¸a˜o e´ igual a` sua transposta, ao contra´rio do que geralmente ocorre. 1.2.5 Transposic¸a˜o de Tensor Simples, de Segunda Ordem e Troca entre I´ndice e Super´ındice Definic¸a˜o 1.2.17 (Transformac¸a˜o Linear Transposta) Para toda transformac¸a˜o li- near A ∈ V ⊗ U , define-se a correspondente transformac¸a˜o linear AT ∈ U ⊗ V , deno- minada transformac¸a˜o linear transposta de A, tal que, ∀v ∈ V e ∀u ∈ U , ocorra v · A(u) = u · AT (v) (veja a definic¸a˜o de espac¸o de produto tensorial 1.2.13 para notar 17 que, por definic¸a˜o, A age sobre u e AT sobre v). Sublinhe-se que esta e´ a definic¸a˜o da transposic¸a˜o de uma transformac¸a˜o linear, cujo efeitona˜o e´, necessariamente, o de transpor a matriz que represente um conjunto de componentes associados a` mencionada transformac¸a˜o linear (a definic¸a˜o 1.1.4 se refere a` transposic¸a˜o e a` inversa˜o de matrizes). Comenta´rio 1.2.14 (gi j ou g i j Aplicado a Componente de Tensor) Conforme o comenta´rio 1.2.6 (func¸o˜es gi j e g i j), a func¸a˜o gi j levanta o ı´ndice de um componente de um vetor, enquanto que a func¸a˜o gi j abaixa o ı´ndice de um componente de um vetor. Sem mudar a posic¸a˜o relativa, a` direita ou a` esquerda, dos ı´ndices e super´ındices, estas func¸o˜es apresentam efeito ana´logo sobre os componentes associados de um tensor de qualquer ordem T . Portanto, T ij = gk jT i k = gi kTk j , T j i = gi kT k j = gk jTi k , T i j = gk jT i k = g i kT jk e Ti j = gi kT k j = gk jT k i . De fato, de acordo com o comenta´rio 1.2.10 (ca´lculo de componentes associados de tensor de segunda ordem), tem-se gk jT i k = gk jc i ·T (ck) = gk jck ·T T (ci) = cj ·T T (ci) = ci ·T (cj) = T ij , onde foi usada a definic¸a˜o de transformac¸a˜o linear transposta 1.2.17 na segunda e quarta igualdades. Demonstrac¸o˜es ana´logas podem ser feitas nos demais casos. Usando a notac¸a˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4 tanto para o tensor T como, de acordo com o comenta´rio 1.2.13 (componente associado do tensor identidade), tambe´m para o tensor identidade, tem-se enta˜o a seguinte tabela, na qual cada linha conte´m uma expressa˜o tensorial e uma expressa˜o matricial com o mesmo significado, porque o indicador k representa o mesmo somato´rio, tanto de acordo com a notac¸a˜o de Einstein 1.1.2, como em relac¸a˜o a`s regras elementares de multiplicac¸a˜o matricial: T ij = gk jT i k = gi kTk j ou [T i j] = [T i k][gk j] = [g i k][Tk j] , T ji = gi kT k j = gk jTi k ou [T j i ] = [gi k][T k j] = [Ti k][g k j] , T i j = gk jT i k = g i kT jk ou [T i j] = [T i k][g k j] = [gi k][T jk ] e Ti j = gi kT k j = gk jT k i ou [Ti j] = [gi k][T k j] = [T k i ][gk j] . Comenta´rio 1.2.15 (Transposic¸a˜o de Tensor Simples) Para (u,w1) ∈ U e (v,w2) ∈ V , de acordo com a definic¸a˜o de transformac¸a˜o linear transposta 1.2.17 tem-se w1 ·(v⊗ u)T (w2) = w2 ·(v⊗u)(w1) = (w2 ·v)(u·w1) = w1 ·(u⊗v)(w2), onde foi usada a definic¸a˜o de produto tensorial 1.2.12. Logo, para o tensor simples u⊗v tem-se que (v⊗u)T = u⊗v ou, de acordo com a notac¸a˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, em termos das respectivas representac¸o˜es matriciais dos conjuntos de componentes associados, por exemplo escolhidos covariantes, [(v⊗u)Ti j] = [(u⊗v)i j]. Mas, de acordo com o comenta´rio 1.2.11 (componente associado de tensor simples), tem-se [(u ⊗ v)i j] = [(v ⊗ u)i j]T . A comparac¸a˜o entre as duas u´ltimas igualdades mostra que [(v ⊗ u)Ti j] = [(v ⊗ u)i j]T , ou seja, para um tensor simples, transpor a transformac¸a˜o linear implica em transpor a matriz que a representa. No comenta´rio 1.2.16 ver-se-a´ que, na transposic¸a˜o de tensor de segunda ordem, em geral isto na˜o ocorre. Comenta´rio 1.2.16 (Transposic¸a˜o de Tensor de Segunda Ordem) Se A for um tensor de segunda ordem em V ⊗ V , demonstra-se a existeˆncia das seguintes relac¸o˜es entre os componentes de A, grafados A i j, A i j , A j i e Ai j , respectivamente associados a`s 18 quatro bases produto de V ⊗V simbolizadas por (ci⊗ cj ), (ci⊗ cj), (ci⊗ cj) e (ci⊗ cj): T A j i = A i j = ci · A(cj) = cj · AT (ci) = (AT )j i , logo [ T A j i ] = [(AT )j i] , T A j i= A i j = c i · A(cj) = cj · AT (ci) = (AT ) ij , logo [ T A j i ] = [(AT ) ij ] , T A i j = A j i = ci · A(cj) = cj · AT (ci) = (AT )j i , logo [ T A i j ] = [(AT )j i] e T A j i= A i j = ci · A(cj) = cj · AT (ci) = (AT )j i , logo [ T A j i ] = [(AT )j i] , onde, em cada linha, usou-se a definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4 na primeira igualdade, o comenta´rio 1.2.10 (ca´lculo de componente associado de tensor de segunda ordem) na segunda e na quarta igualdades, a definic¸a˜o de transformac¸a˜o linear transposta 1.2.17 na terceira igualdade e a transformac¸a˜o em matriz do conjunto inicial de componentes, antes da primeira igual- dade, ocorrendo o mesmo com o conjunto final de componentes, apo´s a quarta igualdade. Na igualdade matricial que ocorre em cada linha, a definic¸a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4 pode ser aplicada a` matriz no primeiro membro, enquanto que, de acordo com a notac¸a˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, a troca dos ı´ndices i e j pode ser aplicada a` matriz no segundo membro. Obte´m-se assim, respectivamente para cada linha: [A i j]T = [(AT )i j] , [A i j] T = [(AT ) ji ] , [A ji ] T = [(AT )i j] e [A i j] T = [(AT )i j] . Portanto, as representac¸o˜es matriciais dos componentes associados contravariantes de A e AT sa˜o matrizes transpostas uma da outra, o mesmo acontecendo com as repre- sentac¸o˜es matriciais dos componentes covariantes. Entretanto, as representac¸o˜es matri- ciais de qualquer um entre os dois componentes associados mistos de A e AT na˜o sa˜o matrizes transpostas uma da outra. Definic¸a˜o 1.2.18 (Tensores Sime´trico e Antissime´trico) O tensor de segunda or- dem S ∈ V ⊗ V e´ dito sime´trico se ST = S e antissime´trico se ST = −S. Para (u,v) ∈ V e usando a definic¸a˜o de transformac¸a˜o linear transposta 1.2.17 tem-se, enta˜o, que u ·S(v) = v ·S(u) se S for sime´trico e u ·S(v) = −v ·S(u) se S for antissime´trico. Notac¸a˜o 1.2.5 (Subespac¸os Sime´trico e Antissime´trico) Definem-se os subespa- c¸os de V ⊗ V Sym(V ) = {S ∈ V ⊗ V |ST = S} e Skw(V ) = {S ∈ V ⊗ V |ST = −S} (Sym de “symmetric” e Skw de “skew-symmetric”). 19 Comenta´rio 1.2.17 (Transposic¸a˜o de Tensores Sime´trico e Antissime´trico) O comenta´rio 1.2.16 (transposic¸a˜o de tensor de segunda ordem) mostra que: 1. Para S ∈ Sym(V ) tem-se [S i j]T = [S i j] , [S ij]T = [S ji ] , [S ji ]T = [S ij] e [ Si j] T = [ Si j] . Portanto, embora o tensor de segunda ordem S seja sime´trico, somente suas representac¸o˜es matriciais contravariante e covariante sa˜o matrizes sime´tricas. 2. Para S ∈ Skw(V ) tem-se [S i j]T = −[S i j] , [S ij]T = −[S ji ] , [S ji ]T = −[S ij] e [Si j] T = −[Si j] . Portanto, embora o tensor de segunda ordem S seja antissime´trico, somente suas representac¸o˜es matriciais contravariante e covariante sa˜o matrizes antissime´tricas. 1.2.6 Composic¸a˜o de Tensores de Segunda Ordem Definic¸a˜o 1.2.19 (Composic¸a˜o de Tensores de Segunda Ordem) A composi- c¸a˜o de tensores de segunda ordem A ◦ B e´ tal que (A ◦ B)(v) = A(B(v)), ∀v ∈ V . Esta igualdade deixa evidente que a composic¸a˜o de tensores de segunda ordem e´ apenas um caso particular da composic¸a˜o de func¸o˜es, apresentada na definic¸a˜o de func¸a˜o e funci- onal 1.1.1. Se (A,B) ∈ V ⊗V , tanto A como B transformam vetores percencentes a V em outros vetores tambe´m pertencentes a V . Neste caso, A(B(v)) e´ um vetor pertencente a V , portanto A ◦B ∈ V ⊗ V . Seja A = Ai j ci ⊗ cj, B = Bmn cm ⊗ cn e v = vkck . De acordo com a definic¸a˜o de produto tensorial de vetores 1.2.12 tem-se (cm⊗cn)(v) = vncm , logo B(v) = Bmn vncm e (ci⊗ cj)(B(v)) = B j n vnci , portanto A(B(v)) = Ai jB j n vnci . Enta˜o, (AkjB j n vn)dimVk=1 e´ o conjunto dos componentes do vetor (A◦B)(v) associados a` base (ck), podendo o vetor (A◦B)(v) ser representado pela matriz coluna [AkjB j n vn], onde o super´ındice k indica a linha a que se refere o elemento considerado. Por outro lado, as representac¸o˜es matriciais de A na base (ci⊗ cj), B na base (cm⊗ cn) e v na base (ck) sa˜o, respectivamente, [Ai j], [Bmn] e [v k]. A expressa˜o tensorial (A ◦ B)(v) = Ai jB j n vnci corresponde, portanto, a` expressa˜o matricial [Ai jB j n v n] = [Ai j][B j n][v n], porque o indicador n representa
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