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Livro Eletrônico Aula 07 Direito Constitucional p/ IBAMA 2017 (Analista Ambiental) - Com videoaulas Equipe Ricardo e Nádia 01, Nádia Carolina, Ricardo Vale, Equipe Ricardo e Nádia 02 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 07 PODER!EXECUTIVO Sumário Poder Executivo ................................................................................................................................ 2 1‑ Funções do Poder Executivo: .................................................................................................. 2 2‑ Presidencialismo x Parlamentarismo: .................................................................................. 2 3‑ Investidura e Posse: ................................................................................................................. 4 4‑ Impedimento e Vacância: ....................................................................................................... 7 5‑ Atribuições do Presidente da República: .......................................................................... 11 6‑ Responsabilização do Presidente da República: .............................................................. 21 8‑ Vice‑Presidente e Ministros de Estado: ............................................................................. 29 9‑ Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional: .............................................. 32 Questões Comentadas ................................................................................................................... 33 Lista de Questões ........................................................................................................................... 57 Gabarito ........................................................................................................................................... 66 Para tirar dvidas e ter acesso a dicas e contedos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Facebook da Profa. Ndia Carolina: https://www.facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Poder Executivo 1- Funes do Poder Executivo: O Poder Executivo, assim como os demais Poderes do Estado, possui funes tpicas e funes atpicas. A funo tpica do Poder Executivo a funo executiva, que abrange atividades de Chefia de Governo, Chefia de Estado e de Chefia da Administrao Pblica.1 O Poder Executivo , afinal, o responsvel por impulsionar e dirigir a ao estatal, seja no plano interno ou no plano internacional.2 A doutrina considera que a funo executiva subdivide-se em duas: i) funo de governo (atribuies de deciso poltica) e; ii) funo administrativa (atribuies relacionadas prestao de servio pblico).3 O Poder Executivo tambm exerce funes atpicas: funo legislativa (quando edita medidas provisrias, leis delegadas e decretos autnomos) e funo de julgamento (no mbito do contencioso administrativo, como, por exemplo, quando decide um processo administrativo disciplinar). Cabe destacar que a doutrina majoritria entende que o Poder Executivo no exerce funo jurisdicional. Segundo o Prof. Gilmar Mendes, a realidade poltica brasileira demonstra uma hiperpotencializao do Poder Executivo, centrado na figura do Presidente da Repblica; nesse sentido, perceptvel, em nosso modelo poltico, a proeminncia do Poder Executivo sobre os demais Poderes.4 2- Presidencialismo x Parlamentarismo: O sistema de governo adotado por um Estado o modo como se d a relao entre os Poderes, notadamente entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. No se confunde com forma de governo (que pode ser Repblica ou Monarquia), tampouco com forma de Estado (Estado unitrio ou Estado federal). H dois sistemas de governo amplamente utilizados mundo afora: i) o presidencialismo e; ii) o parlamentarismo. Como exemplo de pases que 1 SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35» edio, Ed. Malheiros, So Paulo, 2012. 2 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 1228. 3 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocnci Mrtires. Curso de Direito Constitucional, 5» edio. So Paulo: Saraiva, 2010, pp. 935 4 Op Cit. Pp. 935. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale adotam o presidencialismo, citamos o Brasil e os EUA. Por outro lado, a Inglaterra um exemplo de pas que adota o parlamentarismo como sistema de governo. O presidencialismo tem suas origens nos EUA, que o adotaram como sistema de governo na Constituio de 1787. Possui como caractersticas principais as seguintes: a) A Chefia do Poder Executivo unipessoal ou monocrtica. O Presidente da Repblica exerce a funo de Chefe de Estado (representando o Pas em suas relaes internacionais) e, ainda, a funo de Chefe de Governo (dirigindo as polticas pblicas do Estado e chefiando a Administrao Pblica federal). Em suma, no presidencialismo, o Presidente da Repblica acumula em suas mos todas as funes executivas. b) Inexistncia de vnculo entre Poder Legislativo e Poder Executivo. No presidencialismo, h independncia entre o Poder Legislativo e o Executivo. O Presidente pode, inclusive, ser eleito sem que tenha o apoio da maioria parlamentar; claro que, nessa situao, haver fortes prejuzos governabilidade. Ademais, no pode o Presidente interferir no mandato de Deputados e Senadores, eleitos democraticamente pelo povo. c) Mandato por tempo determinado. O Presidente da Repblica, quando eleito, j tem um tempo pr-fixado durante o qual ir exercer o seu mandato. No Brasil, por exemplo, o mandato do Presidente de 4 anos, podendo haver uma reeleio. No existe a possibilidade de o Poder Legislativo, a seu bel prazer, abreviar o mandato presidencial, destituindo o Presidente do cargo. No Brasil, a nica possibilidade de perda do cargo de Presidente por atuao do Poder Legislativo a condenao por crime de responsabilidade (processo de ÒimpeachmentÓ). Na grande maioria dos pases que adotam o sistema presidencialista, a eleio do Presidente feita pelo voto direto da populao. Com isso, o candidato eleito goza de grande legitimidade popular, o que percebido pela doutrina como uma das vantagens do sistema presidencialista. O parlamentarismo, por sua vez, tem suas origens, na Inglaterra do sculo XI. Suas caractersticas principais so as seguintes: a) A Chefia do Poder Executivo dual, pois o Chefe de Estado e o Chefe de Governo so pessoas diferentes. Nas monarquias parlamentaristas, o Chefe de Estado o monarca, ao passo que o Chefe de Governo o Primeiro-Ministro. Por outro lado, nas repblicas parlamentaristas, h o Presidente (comoChefe de Estado) e o Primeiro- Ministro (como Chefe de Governo). 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Interdependncia entre os Poderes Executivo e Legislativo. O Primeiro Ministro e os demais membros do Gabinete (Ministros) so integrantes do Parlamento e so por ele nomeados. Assim, a Chefia de Governo s se mantm no poder enquanto possuir o apoio do Parlamento; caso o Primeiro-Ministro perca esse apoio, poder ser destitudo pelo Parlamento. c) Mandato por prazo indeterminado. O Primeiro-Ministro (Chefe de Governo) ocupa o cargo por tempo indeterminado, enquanto possuir o apoio do Parlamento. Destaque-se, ainda, que em situaes em que o povo perde a confiana no Parlamento, este tambm pode ser dissolvido pelo Primeiro-Ministro, convocando-se eleies extraordinrias para a formao de um novo Parlamento. A doutrina aponta que uma das vantagens do sistema parlamentarista a existncia de uma relao harmoniosa entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo, que resulta em maior governabilidade. Esta obtida pelo fato de que o Primeiro-Ministro e os demais membros do Gabinete so oriundos do Parlamento e, como tal, suas aes tero apoio do Poder Legislativo. Vale destacar que, no sistema parlamentarista, possvel a substituio simplificada do Governo (o que no possvel no presidencialismo!), o que particularmente importante para contornar de forma mais eficiente situaes de crise poltica. 5 A partir do momento em que o Brasil adotou a Repblica, o presidencialismo passou a ser o sistema de governo. Apenas durante o perodo de setembro de 1961 a janeiro de 1963, adotamos o parlamentarismo em nosso Pas. 3- Investidura e Posse: Em nosso ordenamento jurdico, o Presidente da Repblica encarna a Chefia de Estado e a Chefia de Governo, exercendo, portanto, todas as funes executivas. Nesse sentido, diz a Constituio que o Poder Executivo exercido pelo Presidente da Repblica, auxiliado pelos Ministros de Estado. 5 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 731-732 República Federa.va do Brasil • Forma de estado = Federação • Regime polí8co = Democracia • Forma de governo = República • Sistema de governo = Presidencialismo 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Para que um indivduo possa ocupar o cargo de Presidente, ele dever cumprir os seguintes requisitos constitucionais: a) Ser brasileiro nato (art. 12, ¤ 3¼, CF/88). b) Possuir alistamento eleitoral. c) Estar no pleno gozo dos direitos polticos. d) Ter mais de 35 anos. Destaque-se que essa idade deve ser comprovada na data da posse. e) No se enquadrar em nenhuma das inelegibilidades previstas na Constituio. f) Possuir filiao partidria. A eleio do Presidente e do Vice-Presidente da Repblica feita pelo sistema majoritrio de dois turnos. Por esse sistema, considera-se eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos vlidos (no computados, portanto, os votos em branco e os nulos). Caso no obtenha essa maioria na primeira votao, ser realizado um novo turno de votaes. Existem dois tipos de sistema majoritrio: 1) Sistema majoritrio puro (ou simples): eleito o candidato com o maior nmero de votos (maioria simples). Esse sistema utilizado para a eleio dos Senadores e de Prefeitos em municpios com at 200.000 eleitores. 2) Sistema majoritrio de dois turnos: eleito o candidato que obtm a maioria absoluta dos votos vlidos. A maioria absoluta obtida quando o candidato tem mais da metade dos votos vlidos. Esse sistema utilizado nas eleies do Presidente, dos Governadores e de Prefeitos em municpios com mais de 200.000 eleitores. E quando ocorrero as eleies presidenciais? Segundo o art. 77, caput, a eleio do Presidente e do Vice-Presidente ser realizada, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno) e no ltimo domingo de outubro (em segundo turno, se houver) do ano anterior ao do trmino do mandato presidencial vigente. Destaque-se que a eleio do Presidente importar a do Vice-Presidente com ele registrado; 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale em outras palavras, ao eleger o Presidente, a populao estar automaticamente elegendo o Vice.6 Ser considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido poltico, obtiver a maioria absoluta de votos, no computados os em branco e os nulos. Assim, para se eleger no primeiro turno, o candidato dever ter mais votos do que o somatrio dos votos de todos os seus adversrios; precisar, portanto, ter mais da metade dos votos vlidos. Se a maioria absoluta no for obtida no primeiro turno, ser realizado o segundo turno. Iro concorrer os dois candidatos mais votados no primeiro turno. Havendo empate em segundo lugar, ser qualificado o mais idoso, que ir, ento, disputar o segundo turno. Destaque-se que ser considerado eleito, no segundo turno, aquele que obtiver a maioria dos votos vlidos. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistncia ou impedimento legal de candidato, convocar-se-, dentre os remanescentes, o de maior votao. Cuidado! No ser convocado o Vice do candidato que faleceu, desistiu ou foi impedido, mas sim chamado aquele que ficou na terceira posio no primeiro turno. Caso ocorra empate entre os remanescentes, qualificar-se- o mais idoso. O Presidente e o Vice-Presidente da Repblica tomaro posse em sesso conjunta do Congresso Nacional, em 1¼ de janeiro, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituio, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a unio, a integridade e a independncia do Brasil. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de fora maior, no tiver assumido o cargo, este ser declarado vago (art. 78, pargrafo nico). A partir desse dispositivo, possvel vislumbrarmos 6 situaes diferentes: a) Presidente da Repblica e Vice-Presidente no comparecem dentro de 10 dias da data fixada para posse, SEM motivo de fora maior. Nesse caso, ser declarada a vacncia dos dois cargos (Presidente e Vice). Precisaro ser realizadas novas eleies diretas, como estudaremos mais frente. b) Presidente da Repblica no comparece dentro de 10 dias da data fixada para a posse, SEM motivo de fora maior. Nesse caso, o Vice assumir o cargo de Presidente e exercer o mandato inteiro sem Vice. 6 Nem sempre foi assim na Histria brasileira. A Constituio de 1946 dispunha que o Presidente e o Vice-Presidente seriam eleitos separadamente. Como resultado disso, tivemos, por vezes, eleio de candidatos com posies polticas antagnicas, como, por exemplo, Jnio Quadros (eleito presidente em 1960) e Joo Goulart (Vice-Presidente). Quando Jnio Quadros renunciou, houve forte rejeio a Joo Goulart. A soluo para o impassepoltico foi instaurar um sistema parlamentarista no Brasil. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) Vice-Presidente no comparece dentro de 10 dias da data fixada para a posse, SEM motivo de fora maior. Nesse caso, o Presidente ir exercer todo o mandato sem Vice. d) Presidente da Repblica e Vice-Presidente no comparecem dentro de 10 dias da data fixada para posse, COM motivo de fora maior. A posse ser adiada para que, aps cessado o motivo de fora maior, eles possam assumir o cargo. e) Presidente da Repblica no comparece dentro de 10 dias da data fixada para a posse, COM motivo de fora maior. O Vice-Presidente toma posse e assume, interinamente, o cargo de Presidente at que cesse o motivo de fora maior. f) Vice-Presidente no comparece dentro de 10 dias da data fixada para a posse, COM motivo de fora maior. O Presidente toma posse e governa sem Vice at que cesse o motivo de fora maior que impediu o Vice de tomar posse. O mandato presidencial tem a durao de 4 anos e ter incio em 1¼ de janeiro do ano seguinte ao da eleio do Presidente da Repblica. permitida a reeleio para um nico perodo subsequente. No entanto, plenamente possvel que um indivduo seja eleito para mais de 2 mandatos presidenciais, desde que no sejam consecutivos. O maior nmero de mandatos presidenciais consecutivos que algum pode cumprir so dois. 4- Impedimento e Vacncia: De incio, fundamental que saibamos a diferena entre impedimento e vacncia do Presidente da Repblica. Impedimentos so os afastamentos temporrios. o que ocorre, por exemplo, quando o Presidente se afasta do REQUISITOS CONSTITUCIONAIS ‑ PRESIDENTE DA REPÚBLICA SER BRASILEIRO NATO ALISTAMENTO ELEITORAL PLENO GOZO DOS DIREITOS POLÍTICOS IDADE > 35 ANOS NA DATA DA POSSE NENHUMA INELEGIBILIDADE PREVISTA NA CF FILIAÇÃO PARTIDÁRIA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Pas. Quando h um impedimento do Presidente, diz-se que haver a sua substituio pelo Vice-Presidente. A vacncia do cargo de Presidente da Repblica, por sua vez, representa o afastamento definitivo do cargo. Ocorrer, por exemplo, se o Presidente morrer ou se for condenado pela prtica de crime de responsabilidade. Quando ocorre a vacncia do cargo de Presidente, diz-se que o Vice o suceder. Mas quais so as hipteses de vacncia do cargo de Presidente e Vice- Presidente? So as seguintes: a) No comparecimento dentro de 10 dias da data fixada para a posse, exceto por motivo de fora maior. b) Por morte, renncia, perda ou suspenso dos direitos polticos e perda da nacionalidade brasileira. c) Condenao por crime de responsabilidade, ou comum, mediante deciso do Senado Federal ou do STF, respectivamente. Observao: Se o Presidente for condenado por crime de responsabilidade, ele perder o cargo e ficar inabilitado por 8 anos para o exerccio de funo pblica. d) Ausncia do pas por mais de 15 dias sem autorizao do Congresso Nacional. O Presidente pode se ausentar do Pas por mais de 15 dias; no entanto, para isso, precisar de autorizao do Congresso Nacional. No caso de Governadores e Vice-Governadores, a exigncia de autorizao de Assembleia Legislativa s poder constar da Constituio estadual se reproduzir o modelo federal, ou seja, quando a ausncia se der por mais de quinze dias. Assim, o STF considera inconstitucional norma estadual que exige prvia licena da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do Pas por qualquer prazo. 7 Trata-se de uma aplicao do princpio da simetria. Isso porque a Corte entende que no dado Constituio Estadual criar novas interferncias de um Poder na rbita de outro que no derive explcita ou implicitamente de regra ou princpio da Constituio Federal. Em outras palavras, quando se trata de sistema de pesos e contrapesos, h uma imperatividade do modelo federal (ADI 3046). Dito isso, vejamos o que dispem os arts. 79 e 80, CF/88: 7 STF, ADI 738 Rel. Min. Maurcio Corra. 13.11.2002 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Art. 79. Substituir o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-, no de vaga, o Vice-Presidente. Pargrafo nico. O Vice-Presidente da Repblica, alm de outras atribuies que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliar o Presidente, sempre que por ele convocado para misses especiais. Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacncia dos respectivos cargos, sero sucessivamente chamados ao exerccio da Presidncia o Presidente da Cmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Do art. 79, extrai-se que o substituto natural do Presidente da Repblica o Vice-Presidente, seja nas hipteses de impedimento ou em caso de vacncia do cargo. Dessa forma, se o Presidente viajar ao exterior e, portanto, afastar-se temporariamente do Pas, o Vice-Presidente ir assumir. Nessa mesma linha, caso o Presidente seja condenado por crime de responsabilidade (como aconteceu com o ex-Presidente Collor) e, portanto, houver a vacncia do cargo, o Vice ir assumir a presidncia. O art. 80 nos apresenta a linha sucessria do Presidente da Repblica. Nos casos de impedimento ou vacncia dos cargos de Presidente e Vice, sero chamados ao exerccio da Presidncia, na ordem: i) o Presidente da Cmara dos Deputados; ii) o Presidente do Senado Federal e; iii) o Presidente do STF. Destaque-se, todavia, que apenas o Vice-Presidente poder suceder o Presidente em carter definitivo; todos os outros podero exercer a Presidncia apenas interinamente, ou seja, em carter temporrio. Dessa forma, havendo vacncia dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente, sero convocadas novas eleies. Temos, ento, o seguinte: a) Se a vacncia dos cargos de Presidente e Vice-Presidente ocorrer nos dois primeiros anos do mandato presidencial, sero feitas eleies 90 (noventa) dias depois de aberta a ltima vaga. Trata-se, nesse caso, de eleies diretas. b) Se a vacncia dos cargos de Presidente e Vice-Presidente ocorrer nos dois ltimos anos do mandato presidencial, a eleio para ambos os cargos ser feita 30 (trinta) dias depois da ltima vaga, pelo Congresso Nacional. Sero feitas, portanto, eleies indiretas. Aqueles que forem eleitos dessa maneira devero apenas completar o mandato dos seus antecessores. o que se chama de Òmandato-tampoÓ. Vamos a um exemplo para deixar as coisas mais claras! Suponha que Jos Polvo assuma a Presidncia da Repblica em 2019. Em 2021, ele vem a falecer. Temos a vacncia do cargo de Presidente. O Vice- 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Presidente, Joo Urubu, assumea Presidncia e ir exerc-la at o final de 2022, quando o mandato chegar ao fim. No entanto, em janeiro de 2022, Joo Urubu condenado por crime de responsabilidade e, consequentemente, perde o cargo de Presidente. Percebam que, na situao apresentada, houve vacncia do cargo de Presidente e tambm do Vice-Presidente. O que ir acontecer? Sabemos que somente o Vice-Presidente pode assumir a presidncia em carter definitivo. Por isso, o Presidente da Cmara dos Deputados assumir a Presidncia temporariamente e convocar eleies indiretas, uma vez que a vacncia dos dois cargos ocorreu nos ltimos dois anos do mandato presidencial. Caso a vacncia dos dois cargos tivesse ocorrido nos dois primeiros anos do mandato, seriam convocadas eleies diretas. O fenmeno da Òdupla vacnciaÓ nas esferas estadual e municipal objeto de controvrsia doutrinria. De um lado, h aqueles que defendem que, em homenagem ao princpio da simetria, o modelo previsto na CF/88 de reproduo obrigatria pelas Constituies Estaduais e pelas Leis Orgnicas dos Municpios. Com posicionamento diverso, esto aqueles que defendem que os entes federativos tm autonomia para regular o fenmeno da Òdupla vacnciaÓ. E como anda a jurisprudncia do STF? O STF considera que deve ser reconhecida a autonomia dos entes federativos para disciplinar os procedimentos no caso de Òdupla vacncia, no se aplicando o princpio da simetria para solucionar essa questo.8 Em sntese, pode-se afirmar o seguinte: a) Os Estados e Municpios tm autonomia para definir os procedimentos em caso de Òdupla vacnciaÓ. 8 ADI 3549, Rel. Min. Carmen Lcia, Julgamento em 17/09/2007. VACÂNCIA DOS CARGOS DE PR E VICE‑ PR NOS DOIS PRIMEIROS ANOS DO MANDATO... ELEIÇÃO DIRETA 90 DIAS DEPOIS DE ABERTA A ÚLTIMA VAGA NOS DOIS ÚLTIMOS ANOS DO MANDATO... ELEIÇÃO INDIRETA, PELO CN, 30 DIAS APÓS ABERTA A ÚLTIMA VAGA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) plenamente possvel que a Constituio Estadual preveja que, no caso de dupla vacncia dos cargos de Governador e Vice-Governador nos ltimos 2 anos do mandato, sero realizadas eleies indiretas pela Assembleia Legislativa. Entendimento semelhante deve ser aplicado na hiptese de vacncia dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito. c) Viola a autonomia municipal a Constituio Estadual que pretenda disciplinar a vocao sucessria dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito. (PC / DF Ð 2015) Em caso de impedimento ou vacncia do presidente e do vice-presidente da Repblica, a ordem de sucesso para ocupar o cargo de presidente da Repblica ser a seguinte: presidente do Senado, presidente da Cmara dos Deputados e presidente do STF. Comentrios: Na ordem de sucesso para ocupar o cargo de Presidente, temos: Vice-Presidente, Presidente da Cmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do STF. Questo errada. (MPT Ð 2015) Vagando os cargos de Presidente e Vice- Presidente da Repblica, nos dois ltimos anos de mandato, far-se- eleio indireta trinta dias depois de aberta a ltima vaga. Comentrios: isso mesmo. Se houver vacncia dos cargos de Presidente e Vice-Presidente nos 2 (dois) ltimos anos do mandato, haver eleio indireta, pelo Congresso Nacional, 30 dias aps aberta a ltima vaga. Questo correta. 5- Atribuies do Presidente da Repblica: As atribuies do Presidente da Repblica esto relacionadas no art. 84, CF/88. Trata-se de rol no-exaustivo, a ele competindo outras atribuies previstas no texto constitucional. Exemplo de competncia do Presidente da Repblica no relacionada no art. 84, CF/88 a de editar leis delegadas. Para fins didticos, podemos dividir as competncias do Presidente nos seguintes grupos:9 a) Direo da Administrao Federal: 9 A diviso nesses grupos de funes se baseia na doutrina do Prof. Gilmar Mendes. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O Presidente exerce a funo de Chefe da Administrao Pblica Federal. Nessa condio, ele possui as seguintes competncias: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxlio dos Ministros de Estado, a direo superior da administrao federal; Os Ministros de Estado so nomeados e exonerados pelo Presidente da Repblica; trata-se de cargos de livre nomeao e exonerao. H que se observar apenas que os Ministros de Estado devem ser escolhidos entre brasileiros com mais de 21 anos e no pleno exerccio dos direitos polticos. Os Ministros de Estado so os auxiliares diretos do Presidente da Repblica e exercero, em conjunto com este, a direo superior da administrao federal. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execuo; (...) VI Ð dispor, mediante decreto, sobre: a) organizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos; b) extino de funes ou cargos pblicos, quando vagos; No inciso IV, est prevista a competncia do Presidente da Repblica para expedir decretos e regulamentos para a fiel execuo das leis. Trata-se de competncia para edio dos chamados decretos executivos, que so atos normativos secundrios (infralegais). Destaque-se que, ao editar esses atos, o Poder Executivo estar exercendo o poder regulamentar. H uma notria distino entre as leis e os decretos executivos. A lei pode inovar o ordenamento jurdico, criando direitos e obrigaes; o decreto executivo no poder faz-lo, limitando-se a facilitar a execuo das leis. Conforme lio de Alexandre de Moraes, essa vedao no significa que o regulamento deva se limitar a reproduzir o texto da lei, sob pena de inutilidade. Caber ao Poder Executivo evidenciar e explicitar todas as previses legais, decidindo a melhor forma de execut-las e, eventualmente, at mesmo suprindo lacunas de ordem prtica ou tcnica. Destaque-se que a edio dos decretos executivos competncia indelegvel do Presidente da Repblica. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A doutrina faz meno a um tipo especfico de decreto executivo: o Òregulamento autorizadoÓ. Quanto forma, este em nada se diferencia de um decreto tpico do Poder Executivo; no entanto, quanto ao contedo, o Òregulamento autorizadoÓ busca complementar a lei, conforme expressa determinao nela contida. Ressalte-se que a lei dever determinar precisamente os contornos dos decretos ou regulamentos autorizados. No inciso VI, est prevista a competncia doo Presidente da Repblica para editar os chamados Òdecretos autnomosÓ, que so bem diferentes dos decretos executivos. Os decretos autnomos, inseridos na Constituio pela EC n¼ 32/2001, so atos normativos primrios, possuindo a mesma hierarquia das leis formais. Osdecretos autnomos so considerados normas primrias justamente por extrarem seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional. O Presidente da Repblica poder dispor, mediante decreto autnomo, sobre: a) organizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos. b) extino de funes ou cargos pblicos, quando vagos; Perceba que a criao ou extino de rgo pblico no poder ser objeto de decreto autnomo: haver necessidade de lei formal para faz-lo. Da mesma maneira, necessria lei para tratar da organizao e funcionamento de administrao federal quando houver aumento de despesa. A extino de funes ou cargos pblicos que estiverem ocupados tambm depende de lei formal. Por ltimo, cabe destacar que a edio de decretos autnomos competncia delegvel do Presidente da Repblica, que poder conced-la aos Ministros de Estado, ao Advogado-Geral da Unio ou ao Procurador-Geral da Repblica. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale XII - conceder indulto e comutar penas, com audincia, se necessrio, dos rgos institudos em lei; O indulto o perdo da pena. Comutao da pena a substituio de uma pena mais grave por uma pena menos grave. A concesso de indulto e comutao de penas competncia privativa do Presidente da Repblica, efetuada mediante decreto executivo que, conforme a prtica, publicado ao final de todo ano. Cabe destacar que essa uma competncia delegvel do Presidente da Repblica. XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da Unio; O Tribunal de Contas da Unio (TCU) possui 9 (nove) Ministros. Desses, 2/3 so escolhidos pelo Congresso Nacional e 1/3 pelo Presidente da Repblica. Aqueles que forem escolhidos pelo Presidente da Repblica devero ter seu nome previamente aprovado pelo Senado Federal, aps o que sero nomeados. Destaque-se que, na forma do art. 84, XV, mesmo os Ministros do TCU escolhidos pelo Congresso Nacional, sero nomeados pelo Presidente da Repblica. XVII - nomear membros do Conselho da Repblica, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da Repblica e o Conselho de Defesa Nacional; O Conselho da Repblica rgo superior de consulta do Presidente da Repblica, que pronuncia-se, sem efeito vinculante, sobre interveno Decretos ou regulamentos de execução • Atos normativos secundários editados para possibilitar a fiel execução de uma lei. Sua edição é competência indelegável do Chefe do Executivo. Decretos ou regulamentos autorizados • Atos regulamentares que complementam a lei com base em expressa determinação nela contida. Essa lei deve determinar precisamente os contornos dos decretos ou regulamentos autorizados. Decretos ou regulamentos autônomos • Atos normativos primários que disciplinam a organização ou a atividade administrativa, extraindo sua validade diretamente da Constituição. Existem em nosso ordenamento jurídico desde a EC no 32/2001 (art. 84, VI, da CF). A competência para sua edição pode ser delegada, nos termos do parágrafo único do art. 84 da CF. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale federal, estado de defesa, estado de stio e questes relevantes para a estabilidade das instituies democrticas. Dentre os integrantes do Conselho da Repblica, esto 6 cidados brasileiros natos, com mais de 35 anos. Desses, 2 so nomeados pelo Presidente da Repblica, 2 so eleitos pela Cmara dos Deputados e 2 eleitos pelo Senado Federal. � O Conselho de Defesa Nacional tambm rgo superior de consulta do Presidente, mas nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrtico. Suas manifestaes tambm no possuem efeito vinculante, mas simplesmente opinativo. O Presidente da Repblica tem competncia privativa para convocar e presidir o Conselho da Repblica e o Conselho de Defesa Nacional. Segundo a doutrina, quando ele convoca e preside o Conselho da Repblica, ele est atuando na condio de Chefe de Governo; por outro lado, ao convocar e presidir o Conselho de Defesa Nacional, ele estar atuando como Chefe de Estado.10 XXV - prover e extinguir os cargos pblicos federais, na forma da lei; O provimento de cargos pblicos competncia privativa do Presidente da Repblica. Assim, a nomeao de aprovado em concurso pblico e a nomeao de algum para exercer cargo em comisso so tarefas que cabem ao Presidente da Repblica. Segundo o STF, a competncia para prover cargos pblicos inclui tambm a competncia para desprover cargos pblicos. Dessa forma, o Presidente da Repblica detm competncia para exonerar e demitir servidores pblicos. A competncia para prover e desprover cargos pblicos (art.84,XXV, primeira parte) delegvel aos Ministros de Estado, ao Advogado Geral da Unio e ao Procurador-Geral da Repblica. Nesse sentido, entende o STF que o presidente da Repblica pode delegar aos ministros de Estado, por meio de decreto, a atribuio de demitir, no mbito das suas respectivas pastas, servidores pblicos federais. E a extino de cargos pblicos? A extino de cargos pblicos, quando vagos, poder ser feito por decreto autnomo. No entanto, quando os cargos estiverem ocupados, a sua extino depender de lei formal. Considerando que a edio de decretos autnomos delegvel, a extino de cargos pblicos vagos poder ser delegada aos Ministros de Estado, ao Advogado Geral da Unio e ao Procurador-Geral da Repblica. No entanto, a extino de cargos pblicos ocupados no matria delegvel. 10 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 749 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Relao com o Congresso Nacional e atuao no processo legislativo: O Presidente da Repblica tem importantes funes no mbito do processo legislativo e em seu relacionamento com o Congresso Nacional. Vejamos: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...) III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituio; O Presidente da Repblica pode dar incio ao processo legislativo, seja apresentando projetos de lei de sua iniciativa privativa (art.61, ¤ 1¼), seja apresentando projetos de lei de iniciativa geral. Um exemplo de projeto de lei de iniciativa privativa do Presidente o que trata do regime jurdico dos servidores pblicos da Unio. J um exemplo de projeto de lei de iniciativa geral ou comum aquele que tratar de matria tributria. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execuo; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Todas essas so atribuies do Presidente da Repblica no que diz respeito ao processo legislativo. Uma vez aprovado o projeto de lei, ele seguir para sano ou veto (total ou parcial)pelo Presidente da Repblica, no prazo de 15 dias teis. XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasio da abertura da sesso legislativa, expondo a situao do Pas e solicitando as providncias que julgar necessrias; (...) XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias aps a abertura da sesso legislativa, as contas referentes ao exerccio anterior; O inciso XI faz referncia ao envio da mensagem presidencial e do plano de governo ao Congresso Nacional, por ocasio da abertura da sesso legislativa (2 de fevereiro). Por meio desses documentos, o Presidente ir expor a situao do Pais e solicitar ao Congresso Nacional as providncias que julgar necessrias. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O inciso XXIV faz referncia prestao de contas do Presidente da Repblica, que deve ser apresentada ao Congresso Nacional dentro de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa. Destaque-se que compete ao Congresso Nacional julgar as contas do Presidente da Repblica, com parecer prvio do TCU. E o que acontece se o Presidente no prestar contas ao Congresso Nacional em at 60 dias aps a abertura da sesso legislativa? Nesse caso, a Cmara dos Deputados (representante do povo) ir ÒcobrarÓ do Presidente. Segundo o art. 51, II. CF/88, compete privativamente Cmara dos Deputados proceder tomada de contas do Presidente da Repblica, quando no apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias aps a abertura da sesso legislativa. XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes oramentrias e as propostas de oramento previstos nesta Constituio; A iniciativa das leis oramentrias (PPA, LDO e LOA) privativa do Presidente da Repblica. XXVI - editar medidas provisrias com fora de lei, nos termos do art. 62; Ao editar medidas provisrias, com fora de lei, o Presidente da Repblica desempenha funo atpica do Poder Executivo. c) Atribuies no plano das relaes internacionais (Chefia de Estado): O Presidente, na condio de Chefe de Estado, representa o Brasil em suas relaes internacionais. Nesse sentido, exerce as seguintes competncias: Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...) VII - manter relaes com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomticos; VIII - celebrar tratados, convenes e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; (...) XIX - declarar guerra, no caso de agresso estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sesses legislativas, e, nas mesmas condies, decretar, total ou 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale parcialmente, a mobilizao nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecoraes e distines honorficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que foras estrangeiras transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam temporariamente; Cabe dar um destaque especial competncia do Presidente para celebrar tratados internacionais (art.84, VIII). O Presidente da Repblica responsvel por assinar os tratados (consentimento provisrio) e por ratific-los (consentimento definitivo). A ratificao do Presidente, todavia, depende de aprovao pelo Congresso Nacional por meio de decreto legislativo. Essa aprovao representa uma verdadeira autorizao para que o Presidente ratifique o tratado. Destaque-se que a aprovao do Congresso Nacional no obriga a ratificao pelo Presidente; nesse sentido, considera-se que a ratificao ato discricionrio. Uma vez tendo sido aprovado pelo Congresso Nacional, o Presidente ir promulgar e publicar o tratado, por meio de decreto executivo. A partir da, o tratado poder produzir efeitos no plano interno. d) Atribuies concernentes segurana interna, preservao da ordem institucional e da harmonia das relaes federativas: No plano da segurana interna, preservao da ordem institucional e harmonia das relaes federativas, so as seguintes as competncia do Presidente da Repblica: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...) IX - decretar o estado de defesa e o estado de stio; X - decretar e executar a interveno federal; XIII - exercer o comando supremo das Foras Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, promover seus oficiais-generais e nome-los para os cargos que lhes so privativos; O Presidente da Repblica tem competncia privativa para decretar a interveno federal, o estado de stio e o estado de defesa. Todos esses so mecanismos que buscam salvaguardar a ordem jurdica nos momentos de instabilidade institucional; so, por isso, institutos do sistema 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale constitucional de crises. Cabe destacar que a decretao de estado de stio depende de prvia autorizao pelo Congresso Nacional. A suspenso do estado de defesa, do estado de stio e da interveno federal no competncia do Presidente da Repblica, mas sim do Congresso Nacional. o que dispe o art. 49, V: Òcompete exclusivamente ao Congresso Nacional aprovar o estado de defesa e a interveno federal, autorizar o estado de stio, ou suspender qualquer uma dessas medidasÓ O comando supremo das Foras Armadas competncia do Presidente da Repblica. Segundo a doutrina, no se trata de ttulo honorfico, mas de verdadeira funo de comando e direo das atividades do Exrcito, da Marinha e da Aeronutica. e) Nomeao de juzes do STF e dos Tribunais Superiores: Para encerrar as atribuies do Presidente, destacamos suas competncias no que diz respeito nomeao de importantes autoridades da Repblica. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...) XIV - nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territrios, o Procurador-Geral da Repblica, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituio, e o Advogado-Geral da Unio; 3- Competncias Delegveis do Presidente da Repblica: Um dos pontos mais importantes desse assunto saber quais so as competncias delegveis do Presidente da Repblica. A resposta est no art. 84, pargrafo nico. Pargrafo nico. O Presidente da Repblica poder delegar as atribuies mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repblica ou ao Advogado-Geral da Unio, que observaro os limites traados nas respectivas delegaes. As competncias delegveis do Presidente da Repblica so as seguintes: a) Editar decretos autnomos. Recorde-se que, mediante decreto autnomo, o Presidente poder dispor sobre: i) organizao e 02888395363 - daniellevarelo teixeira b www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale funcionamento da administrao pblica federal, quando no implicar aumento de despesa, nem criao ou extino de rgo pblico e; ii) extinguir funes ou cargos pblicos, quando vagos. b) Conceder indulto e comutar penas, com audincia, se necessrio, dos rgos institudos em lei. c) Prover e desprover cargos pblicos, na forma da lei. Ressalte-se que essa apenas a primeira parte do art.84, XXV, cujo inteiro teor o seguinte: Òprover e extinguir os cargos pblicos federais, na forma da leiÓ. A extino de cargos pblicos ocupados no atribuio delegvel do Presidente da Repblica. Apenas delegvel a extino de cargos pblicos vagos (que objeto de decreto autnomo). (TRT 8a Regio Ð 2015) A delegao de competncia funcional uma faculdade do Presidente da Repblica, nos casos permitidos na Constituio Federal, dentre eles, o de dispor, mediante decreto, sobre a organizao e funcionamento da administrao federal, inclusive sobre criao e extino de rgos pblicos. Comentrios: A edio de decreto autnomo competncia delegvel do Presidente da Repblica. No entanto, no possvel criar e extinguir rgo pblico por meio de decreto autnomo. Questo errada. (TRT 8a Regio Ð 2015) Compete privativamente ao Presidente da Repblica, nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Comentrios: competncia privativa do Presidente da Repblica nomear os Ministros do STF, aps aprovao pelo Senado Federal (art. 84, XIV). Questo correta. (PC / DF Ð 2015) O presidente da Repblica poder delegar sua competncia privativa de conceder indulto e comutar penas. Comentrios: competncia delegvel do Presidente da Repblica Òconceder indulto e comutar penasÓ. Questo correta. 02888395363 - danielle varelo teixeira 4 www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 6- Responsabilizao do Presidente da Repblica: A Repblica tem como caracterstica a possibilidade de responsabilizao pessoal do governante por suas aes. diferente da monarquia, na qual predomina a absoluta irresponsabilidade do rei. O ordenamento jurdico brasileiro prev, portanto, a responsabilizao do Presidente da Repblica. A histria recente de nosso pas, inclusive, ilustra muito bem essa possibilidade. Em 1992, ocorreu o ÒimpeachmentÓ do ex-Presidente Collor; em 2016, o ÒimpeachmentÓ da ex-Presidente Dilma Roussef. Contudo, inegvel que o Presidente da Repblica, para exercer suas funes com independncia, precisa possuir certas prerrogativas especiais. So as chamadas imunidades do Presidente, que consistem em regras especiais para sua responsabilizao. Ao estudarmos o tema das imunidades, verificamos que estas se dividem em dois tipos: imunidade formal (prerrogativas relacionadas ao processo) e imunidade material (inviolabilidade civil e penal por palavras e opinies). O Presidente da Repblica possui apenas imunidades formais (prerrogativas relacionadas ao processo); em outras palavras, ele no possui imunidade material, isto , pode ser responsabilizado civil e penalmente por suas palavras e opinies. Vamos estudar, a seguir, as imunidades (formais) do Presidente da Repblica: a) Clusula de irresponsabilidade penal relativa: Na vigncia do mandato, o Presidente da Repblica s pode ser responsabilizado por atos praticados no exerccio da funo (in officio) ou em razo dela (propter officium). Assim, durante o seu mandato, o Presidente no pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exerccio da funo. Diz-se, portanto, que o Presidente da Repblica tem uma relativa irresponsabilidade pela prtica de atos estranhos ao exerccio de suas funes. importante ter em mente que essa imunidade somente se aplica s infraes de natureza penal. Assim, pode haver apurao, durante o mandato do Presidente da Repblica, de sua responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou tributria. Suponha, por exemplo, que o Presidente da Repblica se envolva em uma briga de trnsito. Furioso, ele sai do carro e dispara 4 (quatro) tiros na cabea do indivduo que com ele havia discutido. Foi um homicdio, mas que no est relacionado ao exerccio da funo. Na vigncia do mandato, o Presidente no poder ser responsabilizado por esse crime. No entanto, ao contrrio do que muitos pensam, isso no significa que o Presidente ficar impune pela prtica desse crime. Aps o 02888395363 - danielle varelo teixeira 1 www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale trmino do mandato, ele poder, sim, ser responsabilizado por crime que cometeu na vigncia do mandato, mas que no estava relacionado ao exerccio da funo. O STF entende que, nesse caso, haver suspenso provisria do processo e a consequente suspenso do prazo prescricional.11 b) Vedao priso cautelar: O Presidente da Repblica somente estar sujeito priso aps sentena condenatria, nas infraes penais comuns. No so admitidas prises cautelares (flagrante delito, priso temporria, priso preventiva) do Presidente da Repblica. necessria uma sentena penal condenatria, emanada do STF (como veremos mais frente, essa Corte que julga o Presidente nos crimes comuns). c) Autorizao da Cmara dos Deputados: Para que o Presidente da Repblica seja processado e julgado, nos crimes comuns ou de responsabilidade, h um prvio juzo de admissibilidade poltico pela Cmara dos Deputados. Dito de outra forma, o Presidente somente ser processado e julgado aps autorizao da Cmara dos Deputados, por 2/3 dos seus membros, em votao nominal (aberta). Durante muito tempo, entendeu-se que essa imunidade era a nica que poderia ser estendida pelas Constituies Estaduais aos Governadores. Em outras palavras, era possvel que a Constituio Estadual estabelecesse que o Governador somente poderia ser processado e julgado aps juzo de admissibilidade da Assembleia Legislativa. Em 2017, o STF alterou o seu entendimento anterior, reconhecendo a existncia de uma mutao constitucional. Para a Corte, condicionar a instaurao de aes penais contra Governadores ao prvio juzo de admissibilidade da Assembleia Legislativa resultava, na prtica, em consequncias nefastas. Desse modo, o entendimento atual o de que os Estados no tm competncia para editar normas que condicionem a instaurao de ao penal contra Governador, por crime comum, prvia autorizao da Assembleia Legislativa12. O STJ poder receber a denncia contra o Governador, instaurando a ao penal, independentemente de qualquer autorizao do Poder Legislativo Estadual. Cabe destacar, ainda, que o recebimento da denncia pelo STJ no implica em afastamento automtico do Governador. O afastamento at pode acontecer, mas caso assim entenda necessrio o STJ, que tem 11 Inq. 672/DF. Rel. Min Celso de Mello, 16.04.1993. 12 ADI 4764, ADI 4797 e ADI 4798. Rel. Min. Lus Roberto Barroso. 04.05.2017. 02888395363 - danielle varelo teixeira 9www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale competncia para decidir fundamentadamente quanto aplicao de medidas cautelares. Agora que j estudamos as imunidades do Presidente, importante que entendamos o processo de responsabilizao em si. H dois tipos de infraes que podem ser cometidas pelo Presidente da Repblica: i) crimes comuns e; ii) crimes de responsabilidade. Os crimes comuns so as infraes penais comuns, tipificadas no Cdigo Penal e em outras leis penais especiais. J os crimes de responsabilidade so infraes poltico-administrativas cometidas no exerccio do cargo. Nos crimes comuns, o Presidente da Repblica processado e julgado perante o STF, aps autorizao da Cmara dos Deputados. Assim, a denncia ou queixa-crime apresentada ao STF, mas este s poder receb-la aps o juzo de admissibilidade poltico da Cmara dos Deputados. Vale ressaltar que, mesmo aps a autorizao da Cmara dos Deputados, possvel que o STF decida rejeitar a denncia e no instaurar o processo. Uma vez que seja recebida a denncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente ficar suspenso das suas funes. Ele ficar suspenso do exerccio da Presidncia e s retornar s suas funes caso seja absolvido ao final do julgamento, ou se decorrerem mais de 180 dias sem que o julgamento tenha sido concludo. Assim, se o julgamento demorar muito (mais de 180 dias), cessar o afastamento do Presidente, sem prejuzo do regular prosseguimento do processo. Se o STF condenar o Presidente pela prtica de crime comum, seus direitos polticos sero suspensos (conforme art. 15, III) e, consequentemente, ele perder o mandato presidencial, sem prejuzo da sano penal cabvel. O STF tambm tem competncia para julgar o Presidente da Repblica em algumas aes civis, como o mandado de segurana e o Òhabeas dataÓ. No caso da ao popular, entretanto, por falta de previso constitucional, no de competncia da Corte Suprema o julgamento do Presidente. Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da Repblica processado e julgado pelo Senado Federal, aps juzo de admissibilidade poltico da Cmara dos Deputados. Cabe destacar que, no processo de impeachment, no se aplicam aos Senadores as regras de impedimento e suspeio previstas no Cdigo de Processo Penal.13 Isso porque o Senado um rgo poltico, no se submetendo por completo s rgidas normas s quais esto sujeitos os rgos do Poder Judicirio. O art. 85, da CF/88, relaciona alguns atos do Presidente da Repblica que configuram crimes de responsabilidade: 13 MS 21.623/DF. Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/12/1992. 02888395363 - danielle varelo teixeira 3 www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Art. 85. So crimes de responsabilidade os atos do Presidente da Repblica que atentem contra a Constituio Federal e, especialmente, contra: I - a existncia da Unio; II - o livre exerccio do Poder Legislativo, do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e dos Poderes constitucionais das unidades da Federao; III - o exerccio dos direitos polticos, individuais e sociais; IV - a segurana interna do Pas; V - a probidade na administrao; VI - a lei oramentria; VII - o cumprimento das leis e das decises judiciais. Pargrafo nico. Esses crimes sero definidos em lei especial, que estabelecer as normas de processo e julgamento. O art. 85 define genericamente, em lista meramente exemplificativa, atos considerados crime de responsabilidade. necessrio lei especial, cuja edio compete privativamente Unio14, para tipificar essas condutas e estabelecer normas de processo e julgamento. Atualmente, a lei que regula os crimes de responsabilidade a Lei n¼ 1.079/50. A definio dos crimes de responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos tambm dever ser feita por lei federal. Nos termos do art. 22, I, CF/88, a Unio tem competncia privativa para legislar sobre direito penal, incluindo-se a os crimes de responsabilidade. A denncia por crime de responsabilidade deve ser apresentada Cmara dos Deputados. Ela pode ser feita por qualquer cidado; trata-se, portanto, de denncia popular. Caber, ento, Cmara dos Deputados realizar o juzo de admissibilidade poltico: a acusao ser admitida ou rejeitada, autorizando-se ou no a realizao do julgamento pelo Senado Federal. Segundo o STF, assegurado ao Presidente, ainda nessa fase, o direito ampla defesa e ao contraditrio. 15 Se a acusao for admitida pela Cmara dos Deputados (em votao nominal, por 2/3 dos seus membros), o processo ser remetido ao Senado Federal, a fim de que este rgo processe e julgue o Presidente. Na ADPF 378, julgada em 17/12/2015, o STF decidiu que, no Senado, haver novo juzo de admissibilidade da denncia (por maioria simples). O Senado Federal 14 Smula Vinculante n¼ 46: A definio dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento so da competncia legislativa privativa da Unio. 15 MS-MC-QO 21.564/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. 27.08.1993. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale possui, dessa forma, discricionariedade para decidir pela instaurao ou no do processo contra o Presidente da Repblica. Em outras palavras, o Senado Federal no est vinculado ao juzo de admissibilidade da Cmara dos Deputados.16 Admitida a denncia pelo Senado Federal (por maioria simples), ser instaurado o processo contra o Presidente. O Senado Federal ir, ento, atuar como verdadeiro ÒTribunal polticoÓ17, sendo presidido pelo Presidente do STF. Aps a instaurao do processo pelo Senado Federal, o Presidente ficar suspenso de suas funes; ele s retornar ao exerccio da presidncia se absolvido ou se, decorridos 180 dias, o julgamento no tiver sido concludo. Nesse ltimo caso, cessar o afastamento do Presidente, sem prejuzo do regular prosseguimento do processo. H um detalhe que as bancas examinadoras adoram: 1) Nos crimes comuns, o Presidente ficar suspenso de suas funes desde o recebimento da denncia ou queixa-crime pelo STF. 2) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente ficar suspenso de suas funes desde a instaurao do processo pelo Senado Federal. O que as bancas fazem? Elas invertem as coisas, dizendo, por exemplo que o Presidente fica suspenso, nos crimes de responsabilidade, desde o recebimento da denncia (ERRADO). A condenao do Presidente pelo Senado Federal depende do voto nominal (aberto) de 2/3 dos seus membros. Segundo o Prof. Alexandre de Moraes, Òa votao ostensiva e nominal no julgamento dos agentes polticos a nica forma condizente com os princpios da soberania popular e da publicidadeÓ.18 Cabe destacar que, segundo o STF, no cabvel recurso contra o mrito da deciso do Senado Federal no processo de ÒimpeachmentÓ.19 Entretanto, o STF considera que, no processo constitucional de ÒimpeachmentÓ, devem ser assegurados os princpios do devido processo legal, dentre eles o contraditrio, a ampla defesa e a fundamentao das decises. Assim, 16 ADPF 378. Rel. Min. Luiz Edson Fachin. Julg. 17.12.2015. 17 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocncia Mrtires. Curso de Direito Constitucional, 5» edio. So Paulo: Saraiva, 2010, pp. 959. 18 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 1279. 19 STF, MS 21.689-1/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. 07.04.1995. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale cabvel controle jurisdicional quanto aos aspectos processuais (formais) no processo de ÒimpeachmentÓ. Uma vez condenado por crime de responsabilidade, no haver qualquer pena privativa de liberdade. As penalidades aplicadas sero duas: i) perda do cargo e; ii) inabilitao, por 8 (oito) anos, para o exerccio de funo pblica. Destaque-se que essa inabilitao vale para toda e qualquer funo pblica, sejam aquelas obtidas mediante aprovao em concurso pblico, cargos comissionados ou mandatos eletivos. Na histria brasileira, h o conhecido episdio do ÒimpeachmentÓ do ex- presidente Fernando Collor de Mello. Tendo sido instaurado o processo no Senado Federal, Collor renunciou ao cargo, objetivando esquivar-se da penalidade de inabilitao por 8 (oito) anos para o exerccio de funo pblica. Em tese, a renncia paralisaria o processo de ÒimpeachmentÓ. O Senado Federal, todavia, entendeu de forma diversa e continuou o julgamento, aplicando a pena de inabilitao para o exerccio de funo pblica. Chamado a apreciar a questo, o STF referendou o entendimento do Senado Federal e decidiu que Òa renncia ao cargo, apresentada na sesso de julgamento, quando j iniciado este, no paralisa o processo de impeachmentÓ.20 7 Ð Ru em processo-crime x Substituio presidencial: Conforme j estudamos, a CF/88 prev que o Presidente da Repblica ficar afastado de suas funes a partir do momento em que o STF receber denncia contra ele pela prtica de crime comum. Em outras palavras, quando o Presidente da Repblica se torna ru em processo-crime, ele afastado do exerccio de suas funes, apenas retornando ao cargo se for absolvido ou se o julgamento no for concludo dentro de 180 dias. Diante disso, cabe-nos perguntar se a mesma regra se aplicaria queles que ocupam cargos da Òlinha sucessriaÓ do Presidente da Repblica. Em outras palavras, ser que, ao se tornarem rus em processo penal, o Presidente da Cmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e o Presidente do STF ficaro afastados de suas funes? Foi exatamente isso o que o STF examinou na ADPF n¼ 402. Na ocasio, foram firmados pela Corte os seguintes entendimentos:21 20 STF, MS 21.689-1/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. 07.04.1995. 21 STF. Plenrio. ADPF 402 MC-REF/DF, rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7.12.2016 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) Aqueles que forem rus em processo-criminal no podero, em hiptese alguma, exercer o ofcio de Presidente da Repblica. No ser admissvel, dessa forma, que rus em ao penal efetivamente substituam o Presidente da Repblica. b) O fato de ser ru em processo criminal no impede que o indivduo exera a Presidncia da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do STF. Suponha, ento, que o Presidente do Senado Federal se torne ru em processo penal. Ele continuar exercendo a Presidncia daquela Casa Legislativa, no precisando ser afastado do cargo. Entretanto, no poder efetivamente substituir o Presidente da Repblica, uma vez que esse ofcio no pode ser exercido por rus em processo penal. (PC / DF Ð 2015) Uma vez instaurado o processo por crime de responsabilidade, o presidente da Repblica poder continuar, caso haja vontade da maioria absoluta do Senado Federal, a exercer as suas funes. Comentrios: O Presidente da Repblica ficar suspenso de suas funes assim que for instaurado, no Senado Federal, o processo por crime de responsabilidade. Questo errada. (PC / DF Ð 2015) Suponha-se que o presidente da Repblica tenha cometido crime comum durante o seu mandato. Nesse caso, ele dever ser processado e julgado pelo Senado Federal. Comentrios: Nos crimes comuns, o Presidente da Repblica ser processado e julgado pelo STF. Questo errada. (Procurador AL / GO Ð 2015) A imunidade priso cautelar do presidente da Repblica insuscetvel de estender-se aos governadores dos Estados. Comentrios: A nica imunidade do Presidente da Repblica que pode ser estendida aos Governadores a exigncia de juzo de admissibilidade poltico do Poder Legislativo. Em outras palavras, plenamente possvel que a Constituio Estadual estabelea que o Governador somente ser 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale julgado aps autorizao da Assembleia Legislativa. A imunidade priso cautelar do Presidente no pode ser estendida aos Governadores. Questo correta. (PC / GO Ð 2015) Durante o mandato, o presidente da Repblica s poder ser preso, nas infraes comuns, se encontrado em flagrante de crime inafianvel. Comentrios: O Presidente da Repblica somente estar sujeito priso aps sentena condenatria, nas infraes penais comuns. No so admitidas prises cautelares (flagrante delito, priso temporria, priso preventiva) do Presidente da Repblica. Questo errada. (Advogado FUNASG Ð 2015) O Presidente da Repblica ficar suspenso de suas funes nos crimes de responsabilidade, por 180 dias, aps a condenao pelo rgo competente. Comentrios: Nos crimes de responsabilidade, o Presidente ficar suspenso de suas funes desde a instaurao do processo pelo Senado Federal. Questo errada. (MPE / GO Ð 2014) O instituto do impeachment, por possuir natureza essencialmente poltica e no jurdica, no se subordina, tanto na forma Ð aspectos processuais Ð quanto no fundo Ð juzo de mrito Ð, a controle jurisdicional, no se mostrado crvel, pois, conhecer-se de mandado de segurana impetrado com vista correo de suposta ilegalidade cometida, inclusive no tocante sano aplicada pelo Senado Federal. Comentrios: De fato, o impeachment tem natureza essencialmente poltica. Por isso, no se sujeita a controle jurisdicional quanto ao mrito. Entretanto, possvel o controle jurisdicional quanto aos aspectos formais (processuais). Questo errada. (MPE / GO Ð 2014) Conquanto lhes incumba, no processo de impeachment, o julgamento de crimes de responsabilidade, no se submetem os membros do Senado 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Federal s regras de impedimento e suspeio previstas no Cdigo de Processo Penal. Comentrios: isso mesmo. Conforme j decidiu o STF, os Senadores no se submetem s regras de impedimento e suspeio previstas no Cdigo de Processo Penal. Isso se deve ao fato de que o Senado um rgo poltico, no estando, por isso, sujeito s rgidas regras aos quais se submetem os rgos do Poder Judicirio. Questo correta. 8- Vice-Presidente e Ministros de Estado: O Vice-Presidente figura que tem suas origens no constitucionalismo norte- americano, tendo sido criado para substituir o Presidente em seus impedimentos e suced-lo, no caso de vacncia do cargo. A Constituio confere ao Vice-Presidente diversas funes, que, segundo Alexandre de Moraes, podem ser classificadas em22: a) Funes prprias ou tpicas: so aquelas para as quais o cargo de Vice-Presidente foi criado, sendo-lhe inerentes. Podem resultar de previso expressa da Constituio ou de lei complementar. So elas: substituio (CF, art. 79), sucesso (CF, art. 80), participao nos Conselhos da Repblica (CF, art. 89, I) e de Defesa Nacional (CF, art. 91, I), bem como as eventuais atribuies estabelecidas pela lei complementar prevista no art. 79, pargrafo nico, da Carta Magna. b) Funes imprprias: funes de auxlio ao Presidente da Repblica, nos termos do art. 79 da Constituio, sempre que por ele convocado para misses especiais. Os Ministros de Estado, por sua vez, so os assessores diretos do Presidente da Repblica. So livremente nomeveis e exonerveis pelo Presidente da Repblica, sendo escolhidos dentre brasileiros natos ou naturalizados, maiores de vinte e um anos e no exerccio dos direitos polticos (art. 87, ÒcaputÓ, CF). O Ministro da Defesa, como voc deve se lembrar, necessariamente dever ser brasileiro nato. O art. 87, pargrafo nico, da Constituio, arrola em lista exemplificativa as atribuies dos Ministros de Estado: Art. 87. Os Ministros de Estado sero escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exerccio dos direitos polticos. 22 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 1219-1220. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Pargrafo nico. Compete ao Ministro de Estado, alm de outras atribuies estabelecidas nesta Constituio e na lei: I - exercer a orientao, coordenao e superviso dos rgos e entidades da administrao federal na rea de sua competncia e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repblica; II - expedir instrues para a execuo das leis, decretos e regulamentos; III - apresentar ao Presidente da Repblica relatrio anual de sua gesto no Ministrio; IV - praticar os atos pertinentes s atribuies que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Repblica. Sobre o inciso I, vale a pena destacar a competncia dos Ministros para referendar decretos assinados pelo Presidente da Repblica. A doutrina se divide quanto indispensabilidade do referendo ministerial para a validade do decreto presidencial. No entanto, o STF j decidiu que o referendo ministerial no se qualifica como requisito indispensvel de validade dos decretos presidenciais.23 Entretanto, como os Ministros so demissveis Òad nutumÓ (ocupam cargo de livre nomeao e exonerao), o fato de no referendarem ato do Presidente ir implicar, quase que inevitavelmente, na perda do cargo. O inciso II trata da competncia dos Ministros para expedir instrues para a execuo das leis, decretos e regulamentos. Pode-se considerar que uma espcie de poder regulamentar concedido aos Ministros de Estado que, embora no editem Decretos, tm competncia para editar Portarias, que seriam o que a Constituio denomina ÒinstruesÓ. Os incisos III e IV decorrem da subordinao direta dos Ministros ao Presidente da Repblica. Na condio de auxiliares diretos do Presidente, cabe aos Ministros apresentar relatrio anual de sua gesto e praticar os atos que a eles forem outorgados ou delegados pelo Presidente. 23 STF, MS n¼ 22.706-1- Medida Liminar.05.02.1997. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Os Ministros de Estado so processados e julgados pelo STF nos crimes comuns e nos crimes de responsabilidade. No entanto, nos crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente, eles sero processados julgados pelo Senado Federal. Assim, temos que: a) Os Ministros de Estado so julgados pelo STF nos crimes comuns. b) Os Ministros de Estado so julgados pelo STF nos crimes de responsabilidade ÒautnomosÓ. c) Os Ministros de Estado so julgados pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente. (TRT 8a Regio Ð 2015) Compete ao Ministro de Estado, alm de outras atribuies estabelecidas na Constituio Federal e na lei, referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repblica. Comentrios: Segundo o art. 87, pargrafo nico, I, compete ao Ministro de Estado, alm de outras atribuies estabelecidas nesta Constituio e na lei Òexercer a orientao, coordenao e superviso dos rgos e entidades da administrao federal na rea de sua competncia e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da RepblicaÓ. Questo correta. (PC / GO Ð 2015) Os ministros de Estado sero escolhidos entre os brasileiros maiores de, no mnimo, 35 anos que A T R IB U IÇ Õ E S D O S M IN IS T R O S D E E S TA D O (L IS TA E X E M P L IF IC A T IV A ) PRATICAR OS ATOS PERTINENTES ÀS ATRIBUIÇÕES QUE LHE FOREM OUTORGADAS OU DELEGADAS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA APRESENTAR AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA RELATÓRIO ANUAL DE SUA GESTÃO NO MINISTÉRIO EXPEDIR INSTRUÇÕES PARA A EXECUÇÃO DAS LEIS, DECRETOS E REGULAMENTOS EXERCER A ORIENTAÇÃO, COORDENAÇÃO E SUPERVISÃO DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL NA ÁREA DE SUA COMPETÊNCIA E REFERENDAR OS ATOS E DECRETOS ASSINADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 67 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 07 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale estejam no pleno gozo de seus direitos polticos. Comentrios: Os Ministros de Estado so escolhidos dentre brasileiros maiores de 21 anos. Questo errada. 9- Conselho da Repblica e Conselho de Defesa Nacional: O Conselho da Repblica e o Conselho de Defesa Nacional so rgos colegiados, de natureza consultiva. Da decorre o fato de eles se manifestarem, quando consultados pelo Presidente da Repblica, por meio de parecer, cuja natureza meramente opinativa. O Conselho da Repblica rgo superior de consulta do Presidente da Repblica, com competncia para se pronunciar sobre as seguintes questes: a) Interveno federal, estado de defesa e estado de stio. b) Questes relevantes para a estabilidade das instituies democrticas Os integrantes do Conselho da Repblica so os seguintes: O Conselho de Defesa Nacional,
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