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JP Metzger Lepac USP Conservação Ecológica Biogeografia de ilhas e metapopulações Jean Paul Metzger Depto. Ecologia – IB - USP JP Metzger Lepac USP Principais tópicos 1. Definições 2. A crise de extinção Estimativas de perda Causas 3. Por que conservar? 4. Sensibilidade das populações pequenas 5. Vulnerabilidade à extinção I – CONCEITOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO II – ESTUDO DE POPULAÇÕES FRAGMENTADAS 6. Biogeografia de ilhas 7. A teoria de metapopulações 8. Ecologia de paisagens JP Metzger Lepac USP SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. Conservação da natureza: todo tipo de manejo da natureza (proteção total, utilização sustentável e restauração) visando a perpetuação das espécies e a manutenção dos recursos naturais de forma sustentável. JP Metzger Lepac USP Ciência multidisciplinar, desenvolvida em resposta à crise da diversidade biológica, e que tem por objetivos: i) entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas; ii) desenvolver abordagens práticas para prevenir a extinção de espécies e reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional. (Primack & Rodrigues 2001). JP Metzger Lepac USP Principais tópicos 1. Definições 2. A crise de extinção Estimativas de perda Causas 3. Por que conservar? 4. Sensibilidade das populações pequenas 5. Vulnerabilidade à extinção I – CONCEITOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO II – ESTUDO DE POPULAÇÕES FRAGMENTADAS 6. Biogeografia de ilhas 7. A teoria de metapopulações 8. Ecologia de paisagens JP Metzger Lepac USP Quantas espécies já foram extintas ou estão em vias de serem extintas? JP Metzger Lepac USP Dodô JP Metzger Lepac USP JP Metzger Lepac USP Tigre da Tasmânia JP Metzger Lepac USP Quagga JP Metzger Lepac USP JP Metzger Lepac USP Quantas espécies já foram extintas ou estão em vias de serem extintas? IUCN – Bankok (17-25 Nov 204) JP Metzger Lepac USP Espécies extintas no Brasil -11 espécies extintas nos últimos 500 anos (QUAIS????) JP Metzger Lepac USP JP Metzger Lepac USP Por que conservar a biodiversidade ? • éticas (valor de existência) • estéticas, cênicas • econômicas: • valores diretos: consumo (lenha, caça), produtivo (madeira de lei, castanha do Pará, peixes, frutas, mel, cera de abelha,....) • valores indiretos: proteção de mananciais, contenção de erosões, deslizamentos e enchentes, controle climático, recreacional, eco- turismo • valor de opção: banco genético para indústria de alimentos e de fármacos JP Metzger Lepac USP Espécies em vias de serem extintas- IUCN 1589 sp ameaçadas • O que significam as categorias? Probabilidade de 10-20% de extinção em 100 anos Vulneráveis Probabilidade de 20-50% de extinção em 20 anos ou 10 gerações Ameaçadas Probabilidade > 50% de extinção em 5 anos ou em duas gerações Críticas Espécies que não existe no ambiente natural Extintas CaracterísticaCATEGORIA JP Metzger Lepac USP Espécies em vias de serem extintas- IUCN JP Metzger Lepac USP Quantas espécies já foram extintas ou estão en vias de serem extintas? PROBLEMAS: 1 Subjetividade BRASIL – anfíbios -15 espécies ameaçadas de extinção (Célio Haddad) - 110 espécies ameaçadas de extinção (IUCN) Î Na dúvida, é ameaçada…. 2 Falta de conhecimento 1589 sp ameaçadas da análise de 3% das spp descritas JP Metzger Lepac USP Estimativas de perda de espécies Arrhenius (1921): S=c Az onde: S: riqueza A: área c e z constantes (específicas) Arrhenius, O. 1921. Species and area. J. of Ecology 9: 95-99. JP Metzger Lepac USP Relação entre área de uma ilha e a taxa de extinção A variação da riqueza em função da área da ilha pode ser modelizada a partir da equação logística: S: riqueza específica A: área da ilha c e z são duas constantes S = c Az Log(S) = Log(c) + z Log(A) A constante “z” parece representar as capacidades de colonização e as possibilidades de extinção das comunidades estudadas Log(S) z Log(c) Log(A) JP Metzger Lepac USP Estimativas de perda de espécies z médio = 0,30 Arrhenius, O. 1921. Species and area. J. of Ecology 9: 95-99. JP Metzger Lepac USP JP Metzger Lepac USP mudança no padrão de uso e ocupação das terras.... JP Metzger Lepac USP48% da terra está diretamente transformada / alterada pelo Homem (FAO 2002) JP Metzger Lepac USP Estimativas de perda de espécies (Wilson 1993) • 1.400.000 espécies identificadas • Estima-se de 10 a 100 milhões o número de espécies JP Metzger Lepac USP Estimativas de perda de espécies (Wilson 1993) • 1.400.000 espécies identificadas • Estima-se de 10 a 100 milhões o número de espécies • A perda de espécies estimada em função da perda da área de habitat • Para S=10 milhões, z= 0,15 ==> extinção = 27.000 espécies/ano 74 espécies/dia 3 espécies/hora • Taxa de extinção é hoje 100 a 1000 vezes maior • Neste ritmo 10-50% das espécies devem desaparecer até 2030 JP Metzger Lepac USP - Perda e fragmentação do habitat - Introdução de espécies exóticas - Exploração direta - Mudanças climáticas Principais causas da crise da biodiversidade JP Metzger Lepac USP Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) Temperatura de Terra pode subir 1,5 a 6 graus até 2100 IMPACTOS: - mais tempestades e erosão litorânea na América do Norte; - inundações na Europa - secas severas ou enchentes repentinas na Oceania, Ásia, África e América Latina; - redução na produtividade agrícola em regiões tropicais; - aumento da seca e dos riscos de incêndio na Amazônia - alteração na distribuição dos ecossistemas naturais JP Metzger Lepac USP JP Metzger Lepac USP Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) Temperatura de Terra pode subir 1,5 a 6 graus até 2100 IMPACTOS: - mais tempestades e erosão litorânea na América do Norte; - inundações na Europa - secas severas ou enchentes repentinas na Oceania, Ásia, África e América Latina; - redução na produtividade agrícola em regiões tropicais; - aumento da seca e dos riscos de incêndio na Amazônia - alteração na distribuição dos ecossistemas naturais. - nível dos oceanos pode aumentar em 80cm JP Metzger Lepac USP Estimativas de perda de espécies � Sexta grande crise de extinção JP Metzger Lepac USPSe extinções são naturais, por que se preocupar? JP Metzger Lepac USP Taxa de extinção de fundo vs Taxa de especiação JP Metzger Lepac USP Por que conservar a biodiversidade ? • éticas (valor de existência) • estéticas, cênicas • econômicas: • valores diretos: consumo (lenha, caça), produtivo (madeira de lei, castanha do Pará, peixes, frutas, mel, cera de abelha,....) • valores indiretos: proteção de mananciais, contenção de erosões, deslizamentos e enchentes, controle climático, recreacional, eco- turismo • valor de opção: banco genético para indústria de alimentos e de fármacos JP Metzger Lepac USP Principais tópicos 1. Definições 2. A crise de extinção Estimativas de perda Causas 3. Por que conservar? 4. Sensibilidade das populações pequenas 5. Vulnerabilidade à extinção I – CONCEITOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO II – ESTUDO DE POPULAÇÕES FRAGMENTADAS 6. Biogeografia de ilhas 7. A teoria de metapopulações 8. Ecologia de paisagens JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas 5.300 ha da Reserva de Poço das Antas é suficiente para proteger o Mico-Leão-Dourado, sabendo que vivem lá cerca de 400 indivíduos? QUAL É A POPULAÇÃOMINÍMA VIÁVEL? JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas O QUE É UMA POPULAÇÃO MINÍMA VIÁVEL? “Uma PMV para uma espécie em um determinado local é a menor população isolada que tenha 99% de chances de continuar existindo por 1.000 anos, a despeitos dos efeitos previsíveis de estocastividade genética, ambiental e demográfica, e de catástrofes naturais” (Shaffer 1981) Eventos estocásticos : eventos probabilísticos JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas ESTOCASTICIDADE GENÉTICA 1. Deriva genética – redução na frequência de alelos de uma geração para a outra Î declínio da heterozigozidade 2. Depressão endogâmica – acasalamento entre parentes próximos Î cria fraca ou estéril (alelos nocivos) Î Perda da variabilidade gênica Î Perda da flexibilidade evolucionária JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas ESTOCASTICIDADE DEMOGRÁFICA Na capacidade de carga: taxa média nascimento = taxa média de mortalidade Em populações pequenas, as taxas têm alta variância. - Redução repentina no tamanho populacional - Desbalanceamento na proporção de sexos; JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas ESTOCASTICIDADE DEMOGRÁFICA Efeito Allee: quanto menor a população, maior as chances dela se reduzir ainda mais… Tamanho da população (espécie ameaçada)- - Reprodução JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas ESTOCASTICIDADE DEMOGRÁFICA Efeito Allee: quanto menor a população, maior as chances dela se reduzir ainda mais… - Dificuldade de encontrar os parceiros para acasalamento; - Capacidade de encontrar alimentos - Capacidade de defender território contra ataques JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas ESTOCASTICIDADE AMBIENTAL e CATÁSTROFES NATURAIS - Variações climáticas (secas, cheias, …) Î disponibilidade de alimento - Catástrofes: tempestades, terremotos, incêndios, erupções vulcânicas,… Î Causam variações no tamanho populacional Î Populações pequenas podem ser extintas por um destes eventos. JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas O QUE É UMA POPULAÇÃO MINÍMA VIÁVEL? “Uma PMV para uma espécie em um determinado local é a menor população isolada que tenha 99% de chances de continuar existindo por 1.000 anos, a despeitos dos efeitos previsíveis de estocastividade genética, ambiental e demográfica, e de catástrofes naturais” (Shaffer 1981) Vertebrados: 500 – 1000 indivíduos Invertebrados: > 10.000 indivíduos JP Metzger Lepac USP Sensibilidade de populações pequenas QUAL A ÁREA MÍNIMA NECESSÁRIA PARA A CONSERVAÇÃO DE UMA ESPÉCIE? É a área necessária para manter um população mínima viável. Mamíferos de pequeno porte: 10.000 – 100.000 ha Onças do Pantanal? Uma onça = 14.200 ha 1000 onças = 14.200.000 ha JP Metzger Lepac USP Principais tópicos 1. Definições 2. A crise de extinção Estimativas de perda Causas 3. Por que conservar? 4. Sensibilidade das populações pequenas 5. Vulnerabilidade à extinção I – CONCEITOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO II – ESTUDO DE POPULAÇÕES FRAGMENTADAS 6. Biogeografia de ilhas 7. A teoria de metapopulações 8. Ecologia de paisagens JP Metzger Lepac USP Vulnerabilidade à extinção As espécies raras estão entre as mais vulneráveis à extinção… O que é uma espécie rara? - Densidade populacional baixa - Distribuição espacial restrita - Grande especificidade de habitat JP Metzger Lepac USP Vulnerabilidade à extinção JP Metzger Lepac USP Ameaças e endemismo Ex.: Jararaca ilhoa Bothrops insularis Ilha Queimada-Grande JP Metzger Lepac USP Ameaças e endemismo JP Metzger Lepac USP Ameaças e endemismo JP Metzger Lepac USP Vulnerabilidade à extinção São mais vulneráveis à extinção espécies com: - Grandes exigências de espaço - Dificuldade de deslocamento - Baixa fecundidade - Ciclos de vida curtos (+ ou -) - Dependência por recursos imprevisíveis ou irregularmente distribuídos - Ninhos no chão - Intolerância a ambientes de borda - Interesse para populações humanas JP Metzger Lepac USPHenle et al. 2004 Vulnerabilidade à extinção JP Metzger Lepac USP Principais tópicos 1. Definições 2. A crise de extinção Estimativas de perda Causas 3. Por que conservar? 4. Sensibilidade das populações pequenas 5. Vulnerabilidade à extinção I – CONCEITOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO II – ESTUDO DE POPULAÇÕES FRAGMENTADAS 6. Biogeografia de ilhas 7. A teoria de metapopulações 8. Ecologia de paisagens JP Metzger Lepac USP Estudo de populações fragmentadas I – MODELOS DE ILHAS E DE REDE (hoje) • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações Conceituação Conservação • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações PALESTRAS: Carlos Scaramuzza (WWF) (próxima aula) Robert Pressey (New South Wale, Australia) (palestra) II – MODELOS DE MOSAICOS (última aula) • Ecologia de paisagens – conceituação • Ecologia de paisagens – aplicação para conservação JP Metzger Lepac USP O que é fragmentação de habitat? Quantidade de habitat Tamanho dos fragmentos Conectividade dos fragmentos Isolamento entre os fragmentos Número de fragmentos Borda habitat/não-habitat JP Metzger Lepac USP Introdução Fragmentação do habitat e Extinção No fragmento (efeito local): • diminuição de área Na paisagem (efeito de contexto): • aumento das bordas • diminuicão da conectividade Diminuição das possibilidades de recolonização local Aumento do risco de extinção local = EXTINÇÃO Î Perda/Fragmentação de habitats são as principais causas de extinção JP Metzger Lepac USP COMO ESTUDAR A FRAGMENTAÇÃO? ANALOGIA ILHA - FRAGMENTOS JP Metzger Lepac USP ANALOGIA ILHA - FRAGMENTOS JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Esta teoria estava baseada em três observações: 1. Comunidades insulares são mais pobres em espécies do que as comunidades continentais equivalentes (Sc > S1); 2. Esta riqueza aumenta com o tamanho da ilha; 3. Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha. S3 S1 (S1 > S3) Sc (S2 > S4)S4 S2 (S3 > S4) (S1 > S2) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Esta teoria estava baseada também numa premissa: 1. As ilhas não funcionam como um sistema fechado: S2 S3 S1 S4 Sc (S1 > S3) (S2 > S4) (S3 > S4) (S1 > S2) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Î Existe um equilíbrio dinâmico entre extinção e imigração Se T a x a d e c o l o n i z a ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) Chegada de uma espécie nova na ilha Número de espécies 0 P T a x a d e e x t i n ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Î Existe um equilíbrio dinâmico entre extinção e imigração Se T a x a d e c o l o n i z a ç ã o( e s p é c i e s / t e m p o ) T a x a d e e x t i n ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) Espécies com maior capacidade de locomoção chegam mais rapidamente Número de espécies 0 P Predação e competição aumentam o risco de extinção JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Î Este equilíbrio dinâmico depende da área da ilha. Segrd Número de espécies 0 PSepq grandepequena T a x a d e c o l o n i z a ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) T a x a d e e x t i n ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas Relação entre RIQUEZA e ÁREA de uma ilha: • Efeito de área ou efeito de heterogeneidade ? Exemplo: riqueza de aves nas ilhas de Aland (Finlândia) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas Relação entre RIQUEZA e ÁREA de uma ilha: • Efeito de área ou efeito de heterogeneidade ? JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas Relação entre RIQUEZA e ÁREA de uma ilha: • Efeito de área ou efeito de heterogeneidade ? Exemplo: experimentos de Simberloff em manguezais com invertebrados JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas Relação entre RIQUEZA e ÁREA de uma ilha: • Redução da heterogeneidade do habitat; • Área da ilha < Área mínima necessária para a sobrevivência de uma determinada população; • Intensificação das competições inter e intra específicas devido à escassez de recursos; • Extinções secundárias, devido ao desaparecimento de espécies-chave; • Aumento dos riscos de extinções estocásticas. JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Î Este equilíbrio dinâmico depende do isolamento da ilha. Selonge Número de espécies 0 PSeprox. Longe Próxima T a x a d e c o l o n i z a ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) T a x a d e e x t i n ç ã o ( e s p é c i e s / t e m p o ) JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas Relação entre isolamento de uma ilha e a taxa de imigração Exemplo: aves nas ilhas das Bahamas JP Metzger Lepac USP A teoria da biogeografia das ilhas A teoria da biogeografia das ilhas (MacArthur, R.H. and Wilson, E.O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton Univ. Press. Ed., Princeton) Î A riqueza de uma comunidade insular depende de equilíbrio dinâmico entre as taxas de extinção e de imigração, que, por sua vez, são influenciadas pela área e isolamento da ilha. Î Trata-se de uma teoria simples, sedutora, fácil de ser testada e com muitas implicações práticas. JP Metzger Lepac USP Estudo de populações fragmentadas • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações I – MODELOS DE ILHAS E DE REDE Conceituação Conservação • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações II – MODELOS DE MOSAICOS • Ecologia de paisagens – conceituação • Ecologia de paisagens – aplicação para conservação JP Metzger Lepac USP O que é uma população ? • Conjunto de indivíduos de uma espécie, habitanto um mesmo local, num mesmo tempo. • É uma unidade panmítica: todos os indivíduos têm a mesma chance de interagir (cruzar). • Dinâmica: ênfase nas mortes e nascimentos de indivíduos da população. JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? 1. Uma metapopulação seria uma população formada por populações locais interativas. Richard Levins (1969) Î Conjunto de populações locais isoladas espacialmente em fragmentos de habitat e unidas funcionalmente por fluxos biológicos. JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? 2. As populações locais correm risco de extinção: existe uma dinâmica de extinções e recolonizações locais Tempo 1 Tempo 2 Fragmentos ocupados Fragmentos vazios P= 4/10 P: Proporção de manchas ocupadas. P= 5/10 JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? 3. Este modelo clássico enfatiza principalmente o turnover das populações locais (“indivíduo == pop. local”). Tempo 1 Tempo 2 Fragmentos ocupados Fragmentos vazios P= 4/10 P: Proporção de manchas ocupadas. P= 5/10 JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? 4. Se a taxa de recolonização = taxa de extinção, a metapopulação está em equilíbrio. Tempo 1 Tempo 2 Fragmentos ocupados Fragmentos vazios P= 4/10 P: Proporção de manchas ocupadas. P= 5/10 JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? • A abordagem de metapopulação advem da necessidade de espacializar a dinâmica de populações. Taxa de extinção ÍÎ Tamanho Taxa de recolonização ÍÎ Conectividade JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? • Duas premissas básicas : 1. as populações estão estruturadas em conjuntos de populações reprodutivas locais; 2. a migração entre as populações locais tem uma influência limitada na dinâmica local, permitindo principalmente o restabelecimento de populações locais extintas. JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? • As metapopulações apresentam um variedade de estruturas que se organizam num contínuo indo desdes populações em desequilíbrio às “patchy populations”, ou do modelo de Levins a um modelo de continente-ilha JP Metzger Lepac USP O que é uma metapopulação ? JP Metzger Lepac USP Um exemplo de metapopulação do tipo Levins: The Glanville fritillary (Melitaea cinxia) metapopulation • É uma espécie de boborleta ameaçada de extinção, que desapareceu da Finlândia no final dos anos 1970, e agora ocorre, naquela região, apenas nas ilhas de Aland e em algumas ilhas ao redor. • É uma das metapopulações mais bem estudadas (Ilkka Hanski) JP Metzger Lepac USP Um exemplo de metapopulação do tipo Levins: The Glanville fritillary (Melitaea cinxia) metapopulation -A área de ocorrência na Finlândia é de 1200 km2 de terra, numa região de 50 por 70 km2. - Ela tem duas plantas hospedeiras (Plantago e Veronica) que ocorrem em campos secos, que são os patches potenciais de habitat para Melitaea cinxia. - Há 1502 manchas de campos secos na área de ocorrência. JP Metzger Lepac USP Um exemplo de metapopulação do tipo Levins: The Glanville fritillary (Melitaea cinxia) metapopulation A pergunta inicial é de saber se a peristência da espécie nestas condições de fragmentação está condicionada pela dinâmica de metapopulações ou pela dinâmica das populações locais. JP Metzger Lepac USP Glanville fritillary (Melitaea cinxia) metapopulation Uma abordagem de metapopulação baseada no modelo clássico de Levins parece ser útil quando 4 condições são obedecidas: 1. O habitat ocorre em manchas distintas que podem suportar populações reprodutoras da espécie. 2. Todas as populações locais apresentam um risco elevado de extinção, inclusive as que ocorrem nos maiores patches. 3. As manchas de habitat não podem ser demasiadamente isoladas para impedir a recolonização (nem próximas demais para formar umaúnica população). 4. As populações locais não podem ter uma dinâmica totalmente sincrônica (se isso ocoresse, a metapopulação se extinguiria rapidamente) JP Metzger Lepac USP Glanville fritillary (Melitaea cinxia) metapopulation 1. A extinção de Melitaea cinxia evidenciou na Finlândia no final dos anos 1970 está provavelmente relacionado com a diminuição da densidade de habitats ao longo daquela década. 2. Não há população local estável e desta forma a manutenção deMelitaea cinxia depende de uma dinâmica (não sincrônica) de extinções e recolonizações, na qual as recolonizações têm que superar as extinções locais. JP Metzger Lepac USP O quão comun é o modelo de metapopulação de Levins ? A estrutura do tipo metapopulação de Levins parece ser o caso de: - 57 das 94 espécies de borboletas residentes da Finlândia (com muita incerteza) - Insetos florestais que vivem em microhabitats, como tronco de árvores mortas (besouro) - Daphnia em poças d’água em rochas; - Anfíbios em brejos/lagoas - Aves e pequenos mamíferos em paisagens tendo pequenos bosques JP Metzger Lepac USP Estudo de populações fragmentadas • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações I – MODELOS DE ILHAS E DE REDE Conceituação Conservação • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações II – MODELOS DE MOSAICOS • Ecologia de paisagens – conceituação • Ecologia de paisagens – aplicação para conservação JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas Os legados da teoria das ilhas para conservação : • A metáfora de refúgios/reservas como ilhas; • O interesse na fragilidade da biota em pequenos refúgios; • O debate do SLOSS (“single large or several small”); • As regras de conservação de refúgio. JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas O debate do SLOSS (“single large or several small”) or several smallsingle large JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas O debate do SLOSS (“single large or several small”) Estratégia de maximização da riqueza específica (Simberloff & Abele 1976, 1982, Järvinen 1982, Margules et al. 1982, Mclellan et al. 1986) • Várias pequenas reservas permitem proteger um número maior de espécies - Dados de campo - Modelos baseados em equações logísticas • No entanto: muitas espécies são de borda e generalistas (espécies focais podem não estar protegidas) - Riqueza não implica numa maior estabilidade ou num “bom” funcionamento do ecossistema - A longo prazo, fragmentos pequenos só suportam espécies se houver um fonte estável próxima JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas O debate do SLOSS (“single large or several small”) Estratégias de minimização dos riscos de extinção (Diamond 1975, 1976, Wilson and Willis 1975, Terborgh 1974 et 1976, Whitcomb et al. 1976, Fahrig and Merriam 1985) • Uma única reserva grande é melhor - Quanto maior a reserva, menor os riscos de extinções (simulações) - 5000 km2 para obter uma taxa de 0,5% em 100 anos (Terborgh 1976) • No entanto, há maior risco de extinções em massa por perturbações raras de grande escala JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas O debate do SLOSS (“single large or several small”) Limitações do SLOSS na prática 1. Raramente a questão do SLOSS pode ser aplicada (e.g., “tem que conservar o que sobrou”) 2. As necessidades são muito mais de saber como gerenciar uma rede de reservas (reconhecer reservas-chave) 3. A pergunta do SLOSS não é espacialmente explícita JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas A pergunta do SLOSS não é espacialmente explícita: diferentes graus de fragmentação or several smallsingle large Quantos “several smalls” ? JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas A pergunta do SLOSS não é espacialmente explícita: diferentes isolamentos or several smallseveral small Qual distanciamento ? JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas A pergunta do SLOSS não é espacialmente explícita: diferentes distribuições espaciais orseveral small several small Qual disposição? JP Metzger Lepac USP Conservação baseada na teoria da ilhas Regras para definição de reservas “baseadas na teoria das ilhas” (Terborgh 1974, 1975, Diamond 1975, Wilson & Willis 1975, IUCN 1980) JP Metzger Lepac USP Mudança de Paradigma Mudança de paradigma na biologia da conservação (Hanski & Simberloff 1997) JP Metzger Lepac USP Estudo de populações fragmentadas • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações I – MODELOS DE ILHAS E DE REDE Conceituação Conservação • Biogeografia de ilhas • Teoria de metapopulações II – MODELOS DE MOSAICOS • Ecologia de paisagens – conceituação • Ecologia de paisagens – aplicação para conservação JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações Como explicar a mudança de paradigma ? As premissas das duas teorias são muito semelhantes : não há por que rejeitar uma e aceitar a outra. Teoria das ilhas Teoria de metapopulação Objeto de pesquisa Riqueza de espécies Presença/ausência de uma espécie Objeto de estudo Ilhas verdadeiras Fragmentos de habitat Principais fatores considerados Área e isolamento Área e isolamento JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações Como explicar a mudança de paradigma ? 1. Crescente descrença de extinções locais em massa (muitas espécies permanecem em pequenos fragmentos). 2. Aplicação crescente da genética de populações na biologia da conservação (problemas de endocruzamento, deriva genética) Î maior atenção para populações e espécies. 3. Escala de análise: a biogeografia de ilhas foi muito voltada para explicar padrões em escalas muito amplas (nacionais, continentais), com uma única fonte (fragmentos grandes), enquanto a teoria de metapopulações está mais voltada para a escala de paisagem, com fragmentos pequenos, onde ocorrem as alterações e o manejo da paisagem. Î A persistência de espécies nestas paisagens depende de uma dinâmica regional. JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações Em termos de conservação, o que necessitamos em geral saber é se: 1. A espécie focal (ameaçada de extinção, espécie sensível à fragmentação) vai persistir num determinado conjunto de fragmentos. 2. Se um ou outra mancha de uma determinada paisagem for eliminada, o que vai acontecer com a espécie focal. 3. Existe um número mínimo de manchas para manter uma população numa paisagem fragmentada ? ÎModelos de metapopulação permitem responder a estas perguntas JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações A. Persistência na paisagem •Uma vez tendo estimados (e testados) os parâmetros dos modelos de metapopulação e conhecendo o valor de P, é possível prever como a metapopulação vai reagir a qualquer paisagem fragmentada (patch network). • Exemplo: 4 espécies de borboletas, Pinicial= 0,5 JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações B. Importância de cada mancha • Importância de cada mancha: probabilidade de reocupação da rede de manchas a partir de uma única mancha • Exemplo de Melitia cinxia JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações C. Tamanho mínimo de uma metapopulação “Minimum Viable Population size” (MVP) - Número mínimo de indivíduos numa população que tem uma boa chance de sobreviver num período de tempo amplo (e.g., 99% de sobrevivência em 1000 anos). - É um conceito de difícil utilização. “Minimum Viable Metapopulation size” (MVM) Édefinido como sendo o número mínimo de populações locais para a persistência a longo prazo da metapopulação. “Minimum Amount of Suitable Habitat” (MASH) JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações C. Tamanho mínimo de uma metapopulação Tempo esperado de vida de uma metapopulação(TM), baseado num modelo de Levins (Gurney & Nisbet 1978): ( ) ( )( )T T eM L HP / 2 1 P 2= − Onde: TL é o tempo esperado de extinção local H é o número de habitats disponíveis (número de patches) P é a proporção de patches ocupados no equilíbrio JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações C. Tamanho mínimo de uma metapopulação Definindo uma persistência a longo prazo da metapopulação como sendo TM > 100 TL, então: ( ) ( )( )T T eM L HP / 2 1 P 2= − ( ) ( )( )100.T T eL L HP / 2 1 P 2= − P H 3≥ Se H= 50, P > 0,42, MVM= 21 Se P alto, Hmin= 10, MASH=10 JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações C. Tamanho mínimo de uma metapopulação Relação entre TM e o produto para Melitia cinxiaP H 3≥ JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações C. Tamanho mínimo de uma metapopulação • O conceito de TM depende das características da espécie (refletido por P) e das características da paisagem (H), o que implica que os conceitos de MVM e MASH não podem ser aplicados independentemente. • Todas estas predições supõem que não há uma sincronia na extinções (extinções e recolonizações são estocásticas). • Apenas um bom modelo faz uma boa previsão • O modelo depende do tipo de metapopulação • É mais fácil avaliar um MVM do que um MVP JP Metzger Lepac USP Conservação baseada em metapopulações A teoria das metapopulações : 1. Recuperou a importância dos pequenos fragmentos para a conservação. A teoria da biogeografia acentuava a importância dos grandes fragmentos (que muitas vezes não existem numa escala local ou regional), relegando os pequenos fragmentos para um segundo plano. 2. Ressalta a importância da dinâmica de extinção e recolonização, o que valoriza os fragmentos não-ocupados. 3. Mostra que proteger a paisagem onde uma população ocorre hoje não vai necessariamente permitir sua conservação (p.e., as “non-equilibrium metapopulation”). 4. Chama a atenção para a rede de fragmentos, e não apenas para alguns grandes fragmentos. 5. Indica que um mínimo de 10 a 15 fragmentos bem conectados são necessários para a persistência de uma metapopulação a longo prazo (metapopulação do tipo Levins com alto P) JP Metzger Lepac USP UNIDADES DO ZONEAMENTO -Zona intangível (proteção intergral) - Zona Primitiva (uso mínimo) - Zona de uso extensivo (trilhas, …) - Zona de uso intensivo (visitação em Parques) - Zona de uso especial (sede/serviços) - Zona de recuperação - Zona histórico-cultural - Zona de uso conflitante - Zona de uso temporário (pop. Residente) e indígena - Zone de interferência experimental JP Metzger Lepac USP Causas da diversidade Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Sensibilidade de populações pequenas Ameaças e endemismo Fragmentação do habitat e Extinção Causas da diversidade