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ZO O LO G IA D O S V ER TE B R A D O S I P ro f. M ic h e l B ar ro s Fa ri a m ic h e lf ar ia @ ya h o o .c o m .b r UNIDADE DE CARANGOLA Foto: João Vitor Salerno Parte I os peixes são responsáveis pela maior Diversidade, Evolução e Classificação dos Vertebrados Origem e evolução dos Tetrapodas Relembrando... Feiticeiras e Lampreias são fósseis vivos Origem e evolução da Mandíbula Origem e evolução dos Tetrapodas Origem e evolução da Mandíbula Fendas Branquiais cranio Hastes esqueléticas Origem e evolução dos Tetrapodas Os ostracodermi (do grego ostrac, casca + derm, pele) são um grupo de agnato extintos, considerados como os vertebrados mais antigos que se conhecem. Compreendem diversas linhagens distintas, entretanto, todos são caracterizados pela presença de um revestimento de ossos dérmicos. Primeiros peixes Origem e evolução dos Tetrapodas Ostracodermi Origem e evolução dos Tetrapodas Ostracodermi C o rd ad o s V erte b rad o s G n ato stô m io s O steíctesP eixe s co m n ad ad eiras lo b ad as Te tráp o d esA m n io tas Echinodermata (grupo irmão dos cordados) Cephalochordata (anfioxo) Urochordata (tunicados) Myxini (peixes-bruxa) Protomyzontida (lampreias) Chondrichtheys (tubarões, raias e quimeras) Actinopterygii (peixes com nadadeiras raiadas) Actinistia (celacantos) Dipnoi (peixes pulmonados) Amphibia (rãs, salamendras) Reptilia (tartarugas, serpentes, crocodilos) Mammalia (mamíferos-Ornitorrincos, marsupiais e eutérios) Ancestral Deuterostômio Notocorda Ancestral comum dos cordados Vertebras Mandíbulas, esqueleto mineralizado Pulmões e derivados de pulmões Nadadeiras lobadas Membros digitados Ovo amniótico Leite HIPÓTESE FILOGENÉTICA DOS PRINCIPAIS CLADOS DE CORDADOS Vertebrados: São cordados com coluna vertebral. Animais que possuem vertebras Gnatostômios: são vertebrados com mandíbula Osteíctes: são vertebrados formados por ossos Peixes com nadadeiras lobadas: ossos em forma de bastão envolvidos por uma espessa camada muscular em suas nadadeiras peitorais e pélvicas Aves (Avestruz, Pinguim) Peixes cartiloginosos – Chondrichthyes: Tubarões, Raias e Quimeras Chondrichthyes (Grego chondros = cartilagem e ichthyes = peixe) refere- se ao esqueleto cartilaginoso destes peixes. Tubarões e raias formam um grupo chamado Elasmobranchii (Grego elasmos = placa e branchi = brânquia), mas esses dois tipos de elasmobrânquios diferem na forma do corpo e hábitos. Os tubarões têm uma reputação de ferocidade que a maioria das 400 espécies atuais teria dificuldade em manter. Muitos tubarões são pequenos (15 centímetros, ou menos), e a maior espécie, o tubarão- baleia - que atinge mais de 10 metros de comprimento - é um filtrador que subsiste do plâncton que retira da água. As aproximadamente 450 espécies de raias são achatadas dorsoventralmente, frequentemente de hábitos bentônicos, que nadam por meio de ondulações de suas nadadeiras peitorais extremamente amplas. Tubarão e Raias Carcharodon carcharias Taeniura lymma Quimeras Há aproximadamente 30 espécies do segundo grupo de condrictes, as quimeras. O nome do grupo Holocephalii (Grego holos = inteiro e chephalus = cabeça), refere-se a uma cobertura branquial única que se estende por todas as quatro aberturas branquiais. Esses são peixes marinhos bizarros com caudas longas e delgadas, e faces com características que lembram coelhos. Eles vivem no fundo oceânico e se alimentam de presas com conchas duras, tais como crustáceos e moluscos. Peixes Ósseos - Osteichthyes Peixes Ósseos - Osteichthyes Grego (osteos = osso e ichthyes = peixe) são tão diversificados que qualquer tentativa de caracterizá-los de modo resumido está condenada ao fracasso. Duas grandes categorias podem ser reconhecidas: peixes de nadadeiras raiadas (Actinopterygii; Grego actinos = raio, pteron = asa ou nadadeira) e os peixes de nadadeiras lobadas ou peixes de nadadeiras carnosas (Sarcopterygii; Grego sarcos = carne). Coelacanth sp. Sarcopterygii Actinopterygii Pterophyllum scalare Peixes Ósseos - Osteichthyes Os peixes sofreram uma extensa radiação, tanto na água doce como no mar. Peixes pulmonados Seis espécies de peixes pulmonados encontradas na América do Sul, África e Austrália e as duas espécies de celacantos (Actinistia), uma de águas profundas do leste da África e uma segunda, recentemente descoberta perto da Indonésia. Estes são os peixes viventes mais proximamente aparentados com vertebrados terrestres, e uma visão mais refinada da diversidade dos sarcopterígios inclui seus descendentes terrestres tetrápodas. Neoceratodus foresteri Peixes pulmonados Celocanto Origem e evolução dos Tetrapodas Relações entre Peixes e Tetrápodas Neoceratus sp. Austrália Peixes pulmonados Origem e evolução dos Tetrapodas Lepidosiren (América do Sul)Peixe pulmonado Origem e evolução dos Tetrapodas Como um animal aquático evoluiu para um ambiente terrestre? Protopterus (África) Nesta aula, examinaremos alguns dos desafios da vida na água e as formas pelas quais os vertebrados aquáticos (especialmente os peixes) responderam a eles VIVENDO NA ÁGUA Embora a vida tenha evoluído na água e os primeiros Vertebrados tenham sido aquáticos, as propriedades físicas da água criam algumas dificuldades para os animais aquáticos Para viver com sucesso na coluna d‘agua um vertebrado deve ajustar sua capacidade de flutuar, a fim de permanecer a uma determinada profundidade, forçando seu movimento em um meio denso, para capturar suas presas e evitar seus predadores O calor transfere-se rapidamente entre o animal e a água que o circunda, e é difícil, para um vertebrado aquático, manter sua temperatura corpórea, a qual é diferente da temperatura da água Os íons e as moléculas de água se movem prontamente entre o ambiente externo e os fluidos corpóreos internos do animal, de forma que manter um ambiente interno estável pode ser difícil VIVENDO NA ÁGUA A concentração de oxigênio na água é menor do que no ar A água e o ar são fluidos nos quais os animais vivem, mas propriedades físicas distintas desses dois fluidos tornam os ambientes aquáticos e terrestres bem diferentes. Comparada ao ar, a água apresenta uma maior densidade, uma viscosidade mais alta, menor concentração de oxigênio, uma condutividade de calor maior e uma alta condutividade elétrica. Estas características físicas são refletidas no tamanho e na forma dos animais aquáticos e terrestres, bem com de sua fisiologia e comportamento. EM RESUMO: Densidade: a água é mais de 800 vezes mais densa do que o ar. Um litro de água pesa 1 quilograma, enquanto um litro de ar pesa cerca de 1,25 gramas. Devido a sua densidade, a água sustenta o corpo de um animal. Os animais aquáticos não necessitam de esqueletos de sustentação pesados, porque eles estão próximos a flutuabilidade neutra na água. Os vertebrados aquáticos também podem crescer mais do que os animais terrestres, porque a gravidade tem um efeito menor sobre suas estruturas. Viscosidade A água é, aproximadamente, 18 vezes mais viscosa que o ar. A viscosidade é uma medida de quão prontamente um fluido passa por uma superfície - quanto mais alta a viscosidade de um liquido mais lenta é sua fluidez. Somente as aves mais rápidas precisam se preocupar com a resistência do ar, mas mesmo os peixes mais lentos precisam ser hidrodinâmicos. Respiração: o ar é leve e flui mais facilmente e pode ser bombeadopara dentro e para fora dos pulmões. A densidade e a viscosidade da água são muito altas para que ocorra a ventilação rítmica e as brânquias dos peixes Osteichthyes e dos Chondrichthyes apresentam um fluxo unidirecional de água. Conteúdo de Oxigênio: há 209 mililitros de oxigênio em um litro de ar. O conteúdo de oxigênio na água varia, mas nunca ultrapassa mais de 50 mililitros de oxigênio por litro de água, e geralmente apresenta um valor de 10 mililitros ou menos. O baixo conteúdo de oxigênio na água, quando comparado ao ar, é uma razão adicional pela qual os peixes não utilizam a ventilação rítmica. Capacidade e Condutividade Calóricas : o calor específico da água (definido como a energia necessária para produzir uma alteração de um grau na temperatura de 1 g do fluido) é, aproximadamente, 3400 vezes maior que o do ar; e a água conduz o calor quase 24 vezes mais rápido do que o ar. Os animais terrestres têm um mosaico de temperaturas para escolher, enquanto os animais aquáticos convivem com uma variação de temperatura muito menor em seus habitats. O alto calor específico da água significa que a sua temperatura, em uma lagoa, se altera bem menos, do dia para a noite, do que o ar sobre a lagoa. Assim, um animal que vive em uma lagoa tem um regime térmico mais estável do que um animal que vive na superfície dela Condutividade Elétrica: a água é um condutor elétrico, e os animais aquáticos podem usar a eletricidade para detectar a presença de outros animais e como uma arma, ofensiva e defensiva, para atacar suas presas e seus predadores. Já que o ar não conduz a eletricidade (dentro da gama de voltagens que os animais podem gerar), os animais terrestres não podem utilizar a eletricidade dessa forma. Poraquê Electrophorus electricus Peixes Obtendo Oxigênio na Agua - Brânquias A maioria dos vertebrados aquáticos tem brânquias, estruturas especializadas onde o oxigênio e o dióxido de carbono são trocados Alguns peixes que se alimentam por filtração e muitos peixes de mar aberto - tais como as cavalas, alguns tubarões, atuns e peixes espada - reduziram, ou até perderam, a habilidade de bombear a água através das brânquias Esses peixes criam uma corrente respiratória por meio da natação com a boca um pouco aberta, um método conhecido por ventilação forçada, e estes peixes devem nadar continuamente Muitos outros peixes dependem do bombeamento bucal quando descansam, alternando com a ventilação forçada quando nadam Obtendo Oxigênio na Agua - Brânquias O arranjo vascular nas brânquias maximiza a troca de oxigênio. Cada filamento branquial possui duas artérias, um vaso aferente, que vai do arco branquial até a ponta do filamento, e um vaso eferente, que retorna o sangue para o arco Esse arranjo estrutural, é conhecido como troca por contracorrente Obtendo Oxigênio na Agua - Brânquias Cada lamela secundária é um espaço sanguíneo, conectando os vasos aferente e eferente Se a água e o sangue se movessem na mesma direção, o sangue que deixa as brânquias teria uma concentração de oxigênio mais baixa, Obtendo Oxigênio do Ar - Pulmões Peixes anabantídeos da Ásia tropical (incluindo os betas e os peixe- beijadores possuem câmaras vascularizadas na porção caudal da cabeça, denominadas labirinto. O ar é sugado para dentro da boca e transferido para o labirinto, onde ocorre a troca gasosa. Betta splendens Muitos peixes são respiradores de ar facultativos; ou seja, a aquisição de oxigênio deixa de ser uma função das brânquias e passa a ocorrer nas estruturas respiratórias, quando as concentrações de oxigênio na água estão baixas. Outros, como o peixe-elétrico sul-americano, o poraquê, e os anabantídeos, são respiradores aéreos obrigatórios. As brânquias sozinhas não podem suprir as necessidades respiratórias dos peixes, mesmo quando a água está saturada de oxigênio, e eles se afogam se não puderem alcançar a superfície para respirar o ar. Pensa-se nos pulmões como sendo as estruturas respiratórias usadas pelos vertebrados terrestres, como de fato eles são, mas os pulmões apareceram primeiro nos peixes e precederam a evolução dos tetrápodes em milhões de anos. É muito provável que o pulmão seja um caráter ancestral tanto para os peixes ósseos como para seus descendentes tetrápodes. Ajustando a Flutuabilidade Retendo uma bolha de ar no interior do corpo muda a flutuabilidade de um vertebrado aquático. Alguns peixes usam os pulmões principalmente como uma bexiga natatória (= vesícula de ar) que regulam a posição do peixe na água. Muitos peixes ósseos são flutuadores neutros (têm a mesma densidade da água). Estes peixes não precisam nadar para manter sua posição vertical na coluna d'agua A água salgada é mais densa, de forma é necessário uma bexiga natatória menor Rede mirabile: área com muitos capilares arranjados de forma a promover o fluxo por contra- corrente do sangue que entra e sai da área. Move o gás (es- pecialmente o oxigênio) do sangue para a bexiga natatória. Os peixes cartilaginosos (tubarões, raias e quimeras) não têm bexigas natatórias. Esses peixes utilizam seu fígado para criar flutuabilidade neutra. A média de densidade dos tecidos dos tubarões, com seus fígados removidos, é mais pesada do que a água - 1,06 a 1,09 gramas por mililitro. Entretanto, sabe-se que o fígado de um tubarão possui um grande conteúdo de óleo (óleo de fígado de tubarão). O tecido do fígado do tubarão tem uma densidade de apenas 0,95 gm/ml, portanto mais leve do que a da água. o fígado pode contribuir com até 25 por cento da massa corpórea. Assim, os tubarões utilizam um fígado, preenchido de óleo, ao invés de uma bexiga natatória para regular sua flutuabilidade. Muitos peixes marinhos de profundidade têm depósitos de óleo leve, ou de gordura, no interior da bexiga natatória, e outros perderam ou reduziram esse órgão e têm lipídios distribuídos por todo o corpo. Esses lipídios fornecem uma elevação estática, da mesma maneira que o óleo no fígado dos tubarões. Agua e o Mundo Sensorial dos Peixes Visão: os objetos se tornam invisíveis a uma distância de apenas algumas centenas de metros, mesmo nas águas mais limpa, enquanto a visão à distância é quase ilimitada no ar limpo. Os peixes complementam a visão com outros sentidos, alguns dos quais só podem operar na água. O mais importante destes sentidos aquáticos é a detecção de movimento da água por meio do sistema da linha lateral. Pequenas correntes de água podem estimular os órgãos sensoriais da linha lateral, pois a água é densa e viscosa. A sensitividade elétrica é outro modo sensorial que depende das propriedades da água e não funciona no ar. Neste caso, a condutividade da água é a chave. Vertebrados de água doce especialmente os peixes e os anfíbios, enfrentam a ameaça de se afogarem com a água do ambiente que passa por seu corpo; e os vertebrados de água salgada devem manter a água em seu corpo, para que ela não seja difundida para o mar. O ambiente interno dos vertebrata Animais aquáticos estão constantemente ganhando ou perdendo água e íons para o meio. A água flui de áreas de grande atividade cinética (soluções diluídas) para as de baixa atividade (soluções concentradas), e os íons se movem segundo seus gradientes de concentração. Peixes de água doce são mais concentrados do que a água ao seu redor, de forma que seus fluidos corpóreos são inundados por um fluxo de água do meio e ainda diluída pela difusão de íons para o meio externo. Peixes marinhos são menos concentrados do que a água do mar, devendo lidar com um fluxo de saída da água e com um fluxo de entrada de íons por difusão. Alguns peixes marinhos (especialmente os chondrichthyes e celacantos) acumulam uréiano corpo para elevar suas concentrações osmóticas internas, aproximando-as da água do mar. A amónia é um resíduo metabólico produzido pela deseminação das proteínas. Ela é tóxica, mas muito solúvel na água, sendo facilmente excretada pelos vertebrados aquáticos. A uréia e o ácido úrico são compostos menos tóxicos que os Vertebrata utilizam para se livrar do nitrogênio. Alguns vertebrados produzem misturas dos três compostos, alterando suas proporções conforme a disponibilidade de água é alterada.
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