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GE História cap5

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86 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA
5 CONTEÚDO DESTE CAPÍTULOarrow Organização político-administrativa .......................................................88arrow Economia e sociedade colonial ...................................................................89
arrow Interiorização ...................................................................................................91
arrow Escravidão ..........................................................................................................92
arrow Independência ..................................................................................................94
arrow Linha do tempo ................................................................................................96
arrow Como cai na prova + Resumo .......................................................................98
INDIGNAÇÃO INDÍGENA 
Índios protestam na 
Avenida Paulista, em São 
Paulo, em agosto de 2015: 
eles são contra a PEC 215, 
que pode restringir o 
processo de demarcação de 
novas terras
N a luta por seus direitos sobre a terra, a comunidade indígena vem intensifi-cando os protestos pelo Brasil contra a 
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215. 
Entre outras medidas, ela transfere do governo 
federal para o Congresso Nacional a decisão final 
sobre a demarcação de terras indígenas, além 
de proibir a ampliação e permitir a revisão das 
áreas já demarcadas. A PEC 215 foi aprovada pela 
comissão especial da Câmara em outubro de 2015 
e segue para tramitação no Congresso em 2016.
O caso coloca em debate os interesses confli-
tantes da comunidade indígena e dos produtores 
agropecuários. Os ruralistas são contra o reconhe-
cimento das terras indígenas porque ele restringe 
o uso das áreas para o agronegócio. Caso a PEC 
215 seja aprovada definitivamente, a demarcação 
das terras, que hoje é feita pelos órgãos técnicos 
do Poder Executivo, passaria a ficar à mercê de 
interesses políticos e econômicos no Congresso. 
Como os ruralistas têm bastante força na Câmara 
e no Senado, eles poderiam barrar as novas ini-
ciativas de reconhecimento de terras indígenas.
A PEC também favorece os ruralistas por 
prever indenização aos proprietários de terras 
nas áreas demarcadas em todos os casos. Além 
disso, a medida estabelece que os índios não 
terão direito à terra se não a ocupavam em 5 
de outubro de 1988 – data estabelecida como 
referência devido à promulgação da Consti-
tuição. O problema é que essa decisão não leva 
em consideração os índios que foram expulsos 
de suas terras e que não conseguiram retornar 
devido a conflitos fundiários, por exemplo.
A comunidade indígena luta pela garantia 
assegurada pela Constituição de 1988 que reco-
nheceu o direito dos índios a terras em tamanho 
e condições adequados às suas necessidades 
econômicas e culturais. Desde então, o núme-
ro de terras indígenas regularizadas deu um 
salto substancial e ocupa atualmente cerca de 
13% do território brasileiro. Para as entidades 
de defesa dos direitos indígenas, a PEC 215 é 
inconstitucional e fere os direitos adquiridos 
dos povos tradicionais.
Desde o século XVI, os índios sofreram 
com o extermínio, a 
escravização e a ex-
propriação das terras 
no Brasil. Neste ca-
pítulo, abordamos o 
sofrimento dos povos 
nativos brasileiros e 
outros fatos que mar-
caram o período do 
Brasil colonial.
Comunidades indígenas protestam contra a Proposta de 
Emenda Constitucional que transfere do governo federal 
para o Congresso a decisão sobre a demarcação de terras
Direito sobre a terra
87GE HISTÓRIA 2017 WALMOR CARVALHO/FOTOARENA
88 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Governo 
remoto
Repleto de riquezas, mas 
extenso e distante, o Brasil 
era um desafio administrativo 
para os portugueses. Veja 
como eles tentaram resolver o 
problema
C om o objetivo de tomar posse, explorar e defender o território brasileiro, Portugal deu início, 
no século XVI, à montagem da estru-
tura administrativa colonial. Primeira-
mente, dividiu a colônia em capitanias 
hereditárias e, mais tarde, aprimorou 
o sistema, criando o Governo-Geral.
Capitanias hereditárias
Sem recursos financeiros nem huma-
nos para empreender uma ocupação em 
grande escala na colônia, o rei dom João 
III decidiu, em 1534, dividir o território 
brasileiro em 15 faixas de terra – as capi-
tanias hereditárias (veja o mapa acima). 
O direito de administrá-las, vitalício e 
hereditário, era dado aos donatários, 
nobres ou burgueses que se comprome-
tiam a arcar com os gastos, repassando 
grande parte dos rendimentos à Coroa.
A regulamentação do sistema era feita 
por meio dos documentos Carta de Do-
ação e Foral. O donatário aplicava a Jus-
tiça e podia doar sesmarias (fazendas) e 
cobrar impostos relativos à agricultura e 
à exploração dos rios. A Coroa tributava 
a exploração de pau-brasil, especiarias 
e metais preciosos. O sistema não apre-
sentou os resultados esperados por causa 
do isolamento, dos ataques dos índios e 
da falta de investimentos. A maior parte 
faliu ou nem sequer foi ocupada pelos 
donatários. Das 15, apenas Pernambuco, 
efetivamente, prosperou, favorecida pela 
produção açucareira. Outras, como São 
Vicente, acabaram desenvolvendo uma 
economia de subsistência.
Governo-Geral
Em 1548, com o fracasso das capitanias 
e o aumento das investidas estrangeiras 
na colônia, Portugal resolveu impor-se 
para assumir o controle efetivo da ad-
ministração criando o Governo-Geral, 
com capital em Salvador. O governador- 
geral coordenava a defesa, cobrava im-
postos e incentivava a economia. 
Embora o Governo-Geral tenha sido 
implantado após as capitanias, ele não 
as substituiu. A ideia era impor uma 
centralização política, o que funcionou 
na esfera militar, mas não se refletiu no 
dia a dia, em razão da falta de infraes-
trutura de transporte e comunicação. 
Boa parte do poder, de fato, era exercida 
pela Câmara Municipal de cada vila. 
Os principais governadores-gerais fo-
ram Tomé de Sousa e Mem de Sá. Após 
a morte deste último, em 1572, Portugal 
dividiu o território nos governos do Norte 
e do Sul. Em 1621, fez nova divisão: foram 
criados o Estado do Brasil, com capital 
em Salvador, e o Estado do Maranhão, 
com capital em São Luís, que, em 1751, 
passou a se chamar Estado do Grão- 
Pará e Maranhão, com sede em Belém.
Administração 
Pombalina
Entre 1750 e 
1777, o Marquês 
de Pombal foi o 
primeiro-ministro 
português durante 
o reinado de dom 
José I. Nessa épo-
ca Portugal passa-
va por uma forte 
crise econômica, 
resultante, entre 
outros fatores, do 
início do declínio 
da mineração no 
Brasil e da depen-
dência econômi-
ca em relação à 
Inglaterra. Suas 
medidas visavam a melhorar a economia 
de Portugal, reduzir a dependência em 
relação aos ingleses e eliminar o poder 
dos jesuítas (veja pág. 91). Para isso, ele 
reorganizou a administração do Brasil e 
intensificou a exploração sobre a colônia. 
As medidas centrais foram:
arrow criação de Companhias de Comércio;
arrow instituição da derrama (cobrança de 
impostos atrasados sobre a região 
mineradora);
arrow estímulo à produção do algodão no 
Maranhão;
arrow expulsão dos jesuítas e instituição 
do ensino laico (desvinculado dos 
religiosos);
arrow emancipação dos índios;
arrow transferência da capital de Salvador 
para o Rio de Janeiro (para aumentar 
a eficiência no controle sobre a entra-
da e a saída de produtos e riquezas); 
arrow fim das capitanias hereditárias.
As medidas introduzidas por Pombal 
foram fundamentais para o início dos 
movimentos de contestação ao colonia-
lismo português no Brasil. box
LI
N
H
A 
D
E 
TO
RD
ES
IL
H
AS
Pará (João de Barros e Aires da Cunha)
Rio Grande do Norte
(João de Barrose Aires da Cunha)
Maranhão (Fernão Álvares de Andrade)
Ceará (Antônio Cardoso de Barros)
Pernambuco (Duarte Coelho)
Bahia de Todos os Santos
(Francisco Pereira Coutinho)
Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia)
Porto Seguro (Pero do Campo Tourinho)
Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho)
São Tomé (Pero de Góis)
Santo Amaro (Pero Lopes de Sousa)
Sant’Ana (Pero Lopes de Sousa)
São Vicente (Martim Afonso de Sousa) – 2˚ lote
São Vicente (Martim Afonso de Sousa) – 1˚ lote
Itamaracá (Pero Lopes de Sousa)
Veja como as capitanias hereditárias foram divididas e confira o nome dos donatários 
de cada faixa de terra
Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 7a série, 1a ed., FTD, pág. 42
Capitanias que prosperaram
A PRIMEIRA DIVISÃO POLÍTICA 
89GE HISTÓRIA 2017 
BRASIL COLÔNIA ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL
I nserida no contexto do mercan-tilismo europeu, a economia do Brasil colônia foi caracterizada 
pelo pacto colonial, segundo o qual 
os brasileiros só podiam comercializar 
produtos com os portugueses, de modo 
que esses compravam barato, vendiam 
caro e ainda tinham exclusividade na 
exportação das mercadorias do Brasil 
a outras nações. A maioria dos lucros 
destinava-se à metrópole, que cobrava 
altos impostos sobre a exploração dos 
produtos coloniais. As principais ativida-
des econômicas daquele período foram 
a extração do pau-brasil, a produção de 
açúcar, a mineração e a pecuária.
Pau-brasil 
A primeira riqueza brasileira percebida 
por Portugal foi o pau-brasil, madeira 
então abundante em nosso litoral, usada 
para a fabricação de tinturas. A extração 
era feita pelos índios, que trocavam a 
mercadoria – numa prática conhecida 
como escambo – por quinquilharias, 
como espelhos e colares, fornecidos pelos 
comerciantes portugueses. Em alguns 
pontos da costa foram instaladas feito-
rias para o armazenamento do produto.
A atividade era simples e lucrativa, mas 
trazia um problema: os mercadores lusi-
tanos carregavam seus navios e voltavam 
à Europa, sem se fixar na colônia, o que 
facilitava os ataques estrangeiros. Para 
proteger seus domínios, Portugal preci-
sava povoá-los urgentemente. Havia uma 
maneira rentável de fazer isso: introduzir 
uma atividade produtiva na região.
Rapto de 
fortunas
No período em que governou 
o Brasil, Portugal pôs em 
prática uma rentável política 
econômica com a finalidade 
de transferir as riquezas da 
colônia para seus cofres
Açúcar
Escolhida a estratégia, definiu-se o 
produto: o açúcar. A matéria-prima, a 
cana-de-açúcar, adaptava-se ao clima e 
ao solo. Portugal já possuía experiência 
na produção de cana nos Açores e na 
Ilha da Madeira, e o açúcar tinha grande 
aceitação na Europa. Entretanto, faltavam 
aos portugueses capital inicial e infraes-
trutura de distribuição. Essa questão foi 
resolvida com uma parceria com os ho-
landeses, que já fretavam o açúcar produ-
zido por Portugal nas ilhas do Atlântico.
O sistema instalado foi o de planta-
tion, cujas características eram:
arrow grandes propriedades (latifúndios) 
monocultoras (dedicadas a apenas 
um produto) – os engenhos.
arrow mão de obra escrava (primeiramen-
te indígena; depois negra).
arrow produção voltada para o mercado 
externo.
Os latifúndios monocultores e a escra-
vidão permitiam uma produção vasta a 
baixo custo – o que levava a altos lucros. 
O destino era a exportação, uma vez que 
Portugal não tinha interesse em desenvol-
ver a economia interna. Os poucos lucros 
que permaneciam no Brasil ficavam nas 
mãos dos senhores de engenho, provo-
cando grande concentração de renda.
A produção de açúcar foi a principal 
atividade econômica do Brasil durante os 
séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada 
no século XVIII pela mineração.
Mineração
Em 1693, abundantes jazidas de ouro 
foram descobertas na região hoje ocu-
pada por Minas Gerais. A notícia se 
espalhou e milhares de pessoas, das 
mais variadas origens, rumaram para 
lá em busca de riquezas.
A Coroa portuguesa, a fim de impor 
uma administração mais rígida e garan-
tir sua parte nos lucros, publicou, em 
1702, o Regimento Aurífero, que regu-
lava a extração mineral. O documento 
criava as intendências das minas – go-
vernos quase autônomos que prestavam 
satisfação a Portugal. Em 1720, a região 
mineradora, então parte da capitania de 
São Vicente, foi transformada na nova 
capitania de Minas Gerais. 
GARIMPAGEM VORAZ 
A mineração atraiu 
milhares de pessoas, 
que retiraram 
toneladas de ouro 
e outros metais 
preciosos do solo 
brasileiro
[1] REPRODUÇÃO/MUSEU AFROBRASIL
[1]
90 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL
As áreas de ocorrência de metais pre-
ciosos foram divididas em lavras (gran-
des propriedades escravistas) e faisca-
ções (extração individual ou familiar, sem 
presença de escravos). Quem se dedicava 
à extração pagava 20% do ouro encontra-
do à Coroa – o quinto. Em 1720, em razão 
da sonegação, foram criadas as Casas de 
Fundição, nas quais o ouro em pó era 
transformado em barras e tinha o quinto 
extraído. Só era permitida a exportação 
do ouro fundido. Dez anos depois, a Coroa 
criou a capitação, um tributo que incidia 
sobre o número de escravos usados. 
A mineração favoreceu o surgimento 
de núcleos urbanos e o aumento da 
população. Também levou a uma in-
tegração do mercado interno, pois o 
Sudeste passou a comprar gado do Sul 
e escravos do Nordeste. A decadência 
da atividade se deu por volta de 1800. O 
esgotamento das jazidas empobreceu e 
esvaziou as zonas de extração. 
Sociedade do Açúcar
A sociedade colonial no Brasil depen-
deu da atividade econômica exercida. 
Apesar de terem, por exemplo, a escra-
vidão em comum, as sociedades do Nor-
deste açucareiro e do Sudeste minerador 
apresentaram características distintas.
A sociedade do açúcar era agrária (os 
principais aspectos econômicos e sociais 
aconteciam em torno dos latifúndios) 
e estratificada (apresentava pouca ou 
nenhuma mobilidade entre as classes). O 
grupo mais privilegiado era o dos senho-
res de engenho, a elite econômica, social 
e política. Eles eram os donos das terras, 
das máquinas e da mão de obra, o que re-
presentava riqueza e prestígio. O símbolo 
máximo do poder era a casa-grande, a 
sede do engenho, onde o senhor vivia com 
a família e os criados. Por ser pai e maior 
autoridade no latifúndio, diz-se que ele 
comandava uma sociedade patriarcal.
No outro extremo da hierarquia social 
estavam os escravos, que eram pro-
priedade do senhor e exerciam todas 
as atividades de produção. Os escravos 
viviam nas senzalas, alojamentos cuja 
simplicidade se contrapunha à opulência 
da casa-grande (veja mais na pág. 92).
Havia outras duas classes intermediá-
rias. Alguns engenhos tinham trabalha-
dores assalariados que ocupavam cargos 
como o de feitor-mor, responsável pela 
administração do engenho; feitor, que 
vigiava os escravos; alfaiate; pedreiro; etc. 
Existiam também os comerciantes, que 
negociavam escravos, animais, carne, tri-
go e outros produtos. Alguns conseguiam 
romper a típica imobilidade da socieda-
de açucareira, acumulando fortunas e 
convertendo-se em senhores de engenho. 
Sociedade do Ouro
Formada por pessoas que tentavam 
enriquecer garimpando ouro, a socieda-
de mineradora era bem diferente da açu-
careira. Não havia o latifúndio, portanto, 
a população não era agrária, estando 
organizada em núcleos urbanos.
Além disso, a mobilidade social era 
muito maior e o trabalho livre, mais 
significativo. Surgiu, pela primeira vez 
no Brasil, uma classe média, constituída 
por artesãos, barbeiros, médicos, advo-
gados, tropeiros e soldados. No espectro 
social, eles ficavam acima dos escravos e 
abaixo dos grandes comerciantes e do-
nos de minas. Esse estrato intermediárioda sociedade mineradora é o embrião da 
atual classe média brasileira. box
Século XVIII
Recife
Boa Vista
Fortaleza
São Luís
Belém
Santarém
Borba
Cuiabá
Vila Rica (Ouro Preto)
São Paulo
Rio de Janeiro
Curitiba
Porto Alegre
Salvador
Mineração
Drogas do sertão
Cana-de-açúcar
Algodão
Pecuária
Vias de transporte
interno
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, págs. 31, 33, 36
Salvador
Recife
Mineração
Drogas do sertão
Cana-de-açúcar
Pecuária
Veja onde e quando se desenvolveram as atividades econômicas introduzidas em nosso país durante os três séculos do período colonial
São Vicente
Porto Seguro
Vitória
Cananeia
Século XVII
M
er
id
ia
no
 d
e 
To
rd
es
ilh
as
Belém
Taubaté Rio de Janeiro
TERRAS 
PERTENCENTES 
A PORTUGAL
M
er
id
ia
no
 d
e 
To
rd
es
ilh
as
Área de ocorrência de pau-brasil
Cana-de-açúcar
Pecuária
Olinda
São Vicente
Cananeia
Salvador
São Jorge dos Ilhéus
Porto Seguro
Nossa Senhora da Vitória
São Sebastião do Rio de Janeiro
Santos
TERRAS 
PERTENCENTES 
À ESPANHA
Século XVI
ECONOMIA DO BRASIL COLÔNIA
SAIBA MAIS
HOLANDESES NO BRASIL
Durante a União Ibérica (1580-1640), 
quando Portugal esteve submetido ao 
domínio espanhol, a Espanha passou a 
controlar o Brasil e proibiu a Holanda de 
comercializar o açúcar brasileiro – ainda 
que os holandeses tivessem um acordo 
anterior com os portugueses. Para garan-
tir seus investimentos no Brasil, a Holan-
da tomou posse das regiões nordestinas 
produtoras do açúcar. 
O auge da presença holandesa ocorreu 
durante o governo de Maurício de Nas-
sau (1637-1644). Sua administração selou 
uma importante aliança com os senhores 
de engenho ao melhorar as condições de 
produção e reduzir os impostos. 
Com o fim da União Ibérica em 1640, 
Portugal decidiu recuperar o controle do 
Nordeste. Paralelamente, os senhores de 
engenho se rebelaram contra os holan-
deses devido ao aumento de impostos, 
o que deu início à Insurreição Pernam-
bucana, em 1645. A rebelião conseguiu 
expulsar os holandeses em 1654.
91GE HISTÓRIA 2017 
E ntre os séculos XVII e XVIII, ex-ploradores paulistas penetraram nos sertões brasileiros e estende-
ram como nunca os limites da colônia. 
Essas expedições de desbravamento do 
interior do Brasil ficaram conhecidas 
como entradas e bandeiras. De ma-
neira geral, dizemos que as entradas 
eram as campanhas oficiais financiadas 
pelo governo e as bandeiras resultavam 
da iniciativa de particulares, partindo, 
principalmente, da capitania de São Vi-
cente. Apesar de não terem inicialmente 
como meta a conquista de novos territó-
rios, elas acabaram se transformando no 
maior ciclo de crescimento dos domínios 
portugueses na América.
Índios e negros
Nas últimas décadas da União Ibéri-
ca (1580-1640), época em que Portugal 
estava submetido ao domínio espanhol, 
os holandeses tomaram dos portugue-
ses os principais pontos de tráfico de 
escravos na costa africana, levando à 
falta de mão de obra no Brasil. A solu-
ção encontrada foi a substituição dos 
negros pelos indígenas.
Em São Vicente, desde o início da co-
lonização, eram organizadas expedições 
rumo ao interior para o aprisionamento 
de índios, utilizados como escravos. Além 
da experiência na atividade, outro fator 
que contribuiu para fazer da capitania o 
principal núcleo de irradiação das ban-
deiras foi o desapego da população à terra, 
já que a capitania se empobreceu por ter 
fracassado na produção do açúcar. 
Nas entranhas 
do Brasil
As ações dos bandeirantes 
e dos jesuítas foram 
responsáveis diretas pelo 
processo que desconcentrou 
a população da colônia da 
faixa litorânea.
Como não havia 
mais muitos índios 
nas áreas próxi-
mas ao litoral, as 
expedições tive-
ram de adentrar 
mais profunda-
mente o território. 
As incursões eram 
comandadas por 
portugueses e descendentes de lusitanos, 
como Antônio Raposo Tavares e Fernão 
Dias Pais Leme. Por conhecerem bem 
os sertões, muitos bandeirantes foram 
contratados por fazendeiros e adminis-
tradores coloniais para combater índios 
e negros que resistiam à escravidão. Era 
o sertanismo de contrato. As mais co-
nhecidas expedições foram feitas pelo 
paulista Domingos Jorge Velho. 
Em busca do ouro
Em 1648, Portugal retomou o controle 
sobre o tráfico negreiro no Atlântico. 
Paralelamente, a produção de açúcar 
no Brasil começava a entrar em deca-
dência. Os dois fatores contribuíram 
para o aparecimento de outro tipo de 
expedição, as bandeiras de prospec-
ção, que buscavam metais preciosos. 
As primeiras bandeiras rumaram à 
região do atual estado de Minas Gerais, 
permitindo o surgimento da atividade 
mineradora no século XVIII. Em seguida, 
direcionaram-se a Mato Grosso e a Goiás. 
Os principais líderes dessas bandeiras 
foram os paulistas Bartolomeu Bueno da 
Silva e Manuel de Borba Gato.
Jesuítas
Os primeiros jesuítas chegaram ao Bra-
sil em 1549. Sua ação visava, fundamental-
mente, converter os índios ao catolicismo 
e educar os colonos. Para catequizar os 
nativos, os membros da Companhia de 
Jesus criaram povoados indígenas, co-
nhecidos como missões, em torno dos 
quais foram fundadas vilas e cidades.
Devido ao interesse dos colonos em 
escravizar os indígenas, os jesuítas leva-
ram as missões para o interior do país, o 
que ajudou a desbravar o território da 
colônia. Além da catequização, as missões 
desenvolveram várias atividades econô-
micas com a mão de obra indígena. No 
Vale Amazônico, por exemplo, a extração 
das drogas do sertão permitiu o início da 
ocupação portuguesa sobre o noroeste da 
colônia. No extremo sul, a pecuária e a 
mineração foram as principais atividades.
As missões duraram até 1759, quando 
o Marquês de Pombal expulsou os jesuí-
tas, alegando que a Companhia de Jesus 
ocupava funções mais políticas do que 
religiosas, ameaçando o poder da Coroa. 
O governo português também se ressentia 
da proteção dos jesuítas aos índios. box
São Paulo
Cuiabá
Vila Boa
Vila Bela Salvador
Recife
Fortaleza
Gurupá
M
er
id
ia
no
 d
e 
To
rd
es
ilh
as
Sertanismo de contrato
Região de Palmares
Missões
Captura de índios
Mineração
Veja as rotas, os líderes e os objetivos das principais entradas e bandeiras realizadas 
entre os séculos XVII e XVIII
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 35 
1
1
2
3
4
4
4
5
1 Domingos Jorge Velho
2 Fernão Dias e Borba Gato
3 Bartolomeu Bueno
4 Raposo Tavares
5 Raposo Tavares e Fernão Dias
DESBRAVANDO O TERRITÓRIO
BRASIL COLÔNIA INTERIORIZAÇÃO
92 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA ESCRAVIDÃO
No Brasil, o uso do escravo como mão de obra teve início com a ati-vidade açucareira nos engenhos 
de cana, atravessou o período colonial e só 
foi ofi cialmente extinto em 1888, já no fi m 
do império. Durante praticamente todo 
esse período, o trabalho compulsório 
(forçado) constituiu a base da economia 
do país: eram os escravos que realizavam 
a coleta, a pesca, o serviço doméstico e 
a agricultura. Inicialmente foram escra-
vizados apenas os indígenas; depois, os 
africanos, que logo se tornaram majori-
tários. Trazidos pelo tráfi co negreiro 
– que dava enorme lucro à metrópole –, 
os negros, assim como os índios, eram 
mantidos subjugados mediante uma po-
lítica desumana de repressão e controle. 
Índios
A mão de obra indígena foi a primeira 
a ser utilizada no Brasil colônia, para a 
extração do pau-brasil, nas primeiras 
décadas do século XVI. Os nativos eram 
livres, sendo explorados pelo sistema do 
escambo (troca). A escravidão só viria 
com a introdução da cana-de-açúcar, 
por volta de 1550.
Crueldade histórica
Porquase quatro séculos, milhões de indígenas e negros foram 
sequestrados, vendidos, castigados e obrigados a trabalhar de 
graça para fazer girar a economia brasileira
No entanto, nos anos seguintes, 
Portugal optou pela substituição dos 
nativos pelos africanos. A razão era 
fundamentalmente econômica: o apri-
sionamento indígena era uma atividade 
interna do Brasil, não resultando em 
renda para os portugueses; já a captura 
e o comércio intercontinental de afri-
canos garantiam importantes ganhos 
aos mercadores lusitanos.
Outros fatores justifi cavam a tro-
ca: os índios, ao contrário dos negros 
africanos, não estavam culturalmente 
acostumados à atividade agrícola em 
larga escala. Por isso, eles não se adap-
tavam bem à produção nos canaviais. 
Além disso, os nativos tinham um bom 
conhecimento do território brasileiro, 
o que facilitava sua fuga.
Negros
Estima-se que, entre 1550 e 1850, te-
nham chegado ao Brasil 4 milhões de 
negros trazidos do continente africa-
no, especialmente da Guiné, Costa do 
Marfi m, Congo, Angola, Moçambique e 
Benin. Para aprisioná-los, inicialmente 
os portugueses promoviam invasões às 
aldeias. Mais tarde passaram a incenti-
var a luta entre tribos rivais para depois 
negociar com os vencedores a troca 
dos derrotados por panos, alimentos, 
cavalos e munições. 
Os negros eram trazidos para a 
América nos porões superlotados dos 
navios negreiros, conhecidos como 
tumbeiros. A sujeira, os maus-tratos e 
a má alimentação matavam até metade 
dos escravos transportados. No Brasil, 
os africanos eram vendidos em pra-
ça pública como mercadoria. Quando 
comprados, tornavam-se propriedade 
do senhor e fi cavam sujeitos a puni-
ções. Os castigos mais comuns eram a 
palmatória, o chicote e o açoite.
Resistência 
Algumas práticas adotadas pelos ne-
gros na luta contra a escravidão eram a 
fuga, a queima de plantações, os atenta-
dos a feitores e a senhores e até mesmo 
a morte de recém-nascidos e o suicídio. 
Mas a mais expressiva forma de resis-
tência foi a organização dos quilombos, 
comunidades autossufi cientes formadas 
por escravos fugidos. O mais impor-
tante foi o de Palmares, criado no fi m 
do século XVI, em uma área onde fi ca 
a divisa de Alagoas com Pernambuco. 
Em seu auge, chegou a ser formado por 
nove aldeias, denominadas mocambos, 
contando com uma população de 20 mil 
habitantes. Tinha uma economia bem 
organizada, realizando comércio com 
o entorno. Abrigava, além de negros fu-
gidos, índios e brancos marginalizados.
MOENDA DE CANA 
Considerados 
seres inferiores, os 
negros africanos 
eram tratados 
como mercadoria, 
sendo submetidos a 
trabalhos forçados[1]
93GE HISTÓRIA 2017 
A existência de Palmares estimulava 
ainda mais a fuga de escravos. Com 
isso, já no século XVII, os fazendeiros 
da região decidiram reunir milícias 
para atacá-lo. O líder da comunidade, 
Ganga Zumba (“grande chefe”), firmou 
um acordo de paz com os brancos em 
1678, mas foi assassinado. Seu sucessor, 
Zumbi, liderou a resistência contra os 
invasores até 1694, quando o principal 
mocambo de Palmares caiu diante das 
forças de Domingos Jorge Velho. Nos 
meses seguintes, as outras aldeias ca-
pitularam. Zumbi fugiu, mantendo a 
resistência. Mas, em 1695, traído, teve 
o esconderijo descoberto e foi morto 
numa emboscada.
Abolição 
A partir de 1830, já no período im-
perial, a expansão da cultura cafeeira 
aumentou a necessidade de mão de 
obra. Ao mesmo tempo cresciam as 
pressões contra o tráfico negreiro, prin-
cipalmente da Inglaterra, preocupada 
com a concorrência, já que nas colônias 
inglesas no Caribe o comércio de escra-
vos havia sido proibido, e os produtos 
exportados tinham ficado mais caros. 
Em 1831, cumprindo acordos fir-
mados com a Inglaterra, o governo 
brasileiro declarou o tráfico ilegal no 
território nacional. Mas o comércio 
continuou em grande escala. Diante 
disso, o Parlamento britânico aprovou, 
em 1845, a Bill Aberdeen, lei que dava 
à Marinha de Guerra inglesa o direito 
de aprisionar tumbeiros em qualquer 
ponto do Atlântico. A pressão inglesa 
era cada vez maior, e, em 1850, foi pro-
mulgada a Lei Eusébio de Queiroz, 
que novamente proibia a entrada de 
escravos no país. Dessa vez, o governo 
brasileiro empenhou-se em cumpri- 
la. Com o fim do tráfico, a escravidão 
entrou em declínio.
Para suprirem a demanda por mão 
de obra, os fazendeiros e o governo 
imperial começaram a incentivar a vin-
da de imigrantes europeus. O trabalho 
assalariado tornou-se cada vez mais 
comum, em oposição à escravatura, que 
passou a ser vista como algo anacrônico. 
Além disso, percebeu-se que o traba-
lho compulsório era um empecilho ao 
desenvolvimento do capitalismo, pois 
PAES PEDE PUNIÇÃO 
A EMPRESA QUE USOU 
TRABALHO ESCRAVO 
NA VILA DOS ATLETAS
Em resposta à libertação de 11 trabalha-
dores encontrados em condições análogas 
à escravidão nas obras da Vila dos Atletas, 
no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes 
(PMDB) disse em entrevista exclusiva à BBC 
Brasil que espera que a empresa seja punida 
e que as fiscalizações das obras olímpicas 
sejam intensificadas. (...) O esquema, segun-
do o órgão [MPT-RJ], incluía o aliciamento 
de trabalhadores em outros estados, com 
promessas de ressarcimento das passagens, 
alojamento, salários e direitos trabalhistas, o 
que na prática não acontecia. (...)
“As condições eram terríveis. Dormiam em 
colchões horríveis, desumanos. Havia ratos 
por todo lado, e baratas até dentro da ge-
ladeira. O quarto tinha um ralo aberto com 
cheiro de esgoto. Eles estavam sendo tratados 
como animais mesmo”, diz Guadalupe Turos 
Couto, procuradora do MPT-RJ que dará pros-
seguimento à investigação. (...)
BBC Brasil, 17/8/2015
SAIU NA IMPRENSA
10 40
150
50
185 175
292,7 312,4
354,5 325,9
414,8
569
765,7
384,8
1551–1575 1576–1600 1601–1625 1626–1650 1651–1675 1676–1700 1701–1720 1721–1740 1741–1760 1761–1780 1781–1800 1801–1820 1821–1840 1841–1860
Fonte: Luis Felipe Alencastro, O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul, Cia. das Letras, 200, pág. 69
De 1551 a 1860, chegaram 4 milhões de escravos ao país
Desembarque dos 
primeiros 
escravos no Brasil
Os escravos são 
utilizados nas lavouras 
de cana-de-açúcar
*Em milhares de pessoas
Predomínio das atividades de mineração, 
que também usaram mão de obra escrava
A promulgação da Lei 
Eusébio de Queiroz (1850) 
põe fim ao tráfico de 
escravos para o Brasil
O aumento do ingresso de escravos na primeira 
metade do século XIX – 1,713 milhão de 1801 a 1850 – 
relaciona-se à expansão da cultura cafeeira
ENTRADA DE AFRICANOS NO BRASIL*
atravancava a formação do mercado 
interno. Só por volta de 1880 surgiu 
um movimento pró-abolição.
A pressão sobre o governo levou à 
publicação de uma série de leis, que, 
lentamente, conduziram ao fim do 
trabalho forçado no país. A primeira 
foi a do Ventre Livre, em 1871, que 
deveria libertar os filhos de escravos 
nascidos a partir de então. Em 1885, foi 
promulgada a Lei do Sexagenário, que 
deu liberdade aos raros escravos que 
conseguiam passar dos 65 anos. Em 
1888, foi criada a Lei Áurea – assinada 
pela princesa Isabel, que substituiu o 
imperador dom Pedro II, em viagem à 
Europa –, que finalmente extinguiu a 
escravidão no país. box
[1] REPRODUÇÃO/JEAN-BAPTISTE DEBRET/MUSEU CASTRO MAYA
94 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA INDEPENDÊNCIA
A separação política entre a co-lônia brasileira e Portugal foi declarada oficialmente em 7 de 
setembro de 1822. Ela resultou de um 
processo iniciado com as revoltas eman-
cipacionistas do fim do século XVIII e 
início do XIX (veja o infográfico na pág. 
ao lado), a vinda da corte portuguesa 
ao Brasil e a crise do sistema colonial. 
Fatores externos, como a independên-
cia dosEstados Unidos, a Revolução 
Francesa, as guerras napoleônicas e 
a pressão da Inglaterra pela liberação 
dos mercados consumidores ameri-
canos – aos quais queria vender seus 
produtos industrializados – também 
influenciaram a emancipação.
Vinda da corte portuguesa
Em 1806, o bloqueio comercial à In-
glaterra imposto na Europa continental 
por Napoleão Bonaparte foi desrespei-
tado por Portugal, que dependia econo-
micamente dos britânicos. A invasão 
francesa ao território lusitano, como re-
taliação, tornou-se iminente, e, em 1807, 
o regente português, o futuro dom João 
VI, e sua corte fugiram para o Brasil. 
Independente só no grito
Em 1822, após um longo processo, o Brasil finalmente obteve 
a sua soberania política — mas ela não veio acompanhada 
da independência econômica nem de grandes transformações 
na estrutura social
Assim que chegou à colônia, no início 
de 1808, o monarca decretou a abertura 
dos portos às nações amigas. Com a 
possibilidade de comercializar com ou-
tros países que não a metrópole, o Brasil 
ficou praticamente livre do pacto colo-
nial. A novidade fez com que a elite eco-
nômica brasileira compreendesse melhor 
a necessidade da independência como 
uma maneira de aumentar seus lucros. Ao 
mesmo tempo, a Inglaterra, que passou a 
dominar nosso mercado após a abertura 
dos portos, viu que o fim do controle de 
seu aliado Portugal sobre o Brasil não 
impactaria as relações com nosso país. 
Formou-se, assim, uma espécie de aliança 
entre a elite brasileira e a inglesa.
A família real instalou-se no Rio de Ja-
neiro, transformado em capital do reino 
português. Em 1815, o governo joanino 
(como era conhecida a administração de 
dom João VI) elevou o Brasil à categoria 
de Reino Unido a Portugal e Algarves. 
Em sua política externa, dom João VI 
dominou a Guiana Francesa, entre 
1808 e 1817, em represália a Napoleão, 
e ocupou a Cisplatina (atual Uruguai) 
entre 1821 e 1828. 
Regência de dom Pedro
Em 1820, em Portugal, a burguesia 
tomou o poder por meio da Revolução 
do Porto. Foi instalada uma monar-
quia constitucional baseada nas Cor-
tes Constituintes (Parlamento). Elas 
obrigaram dom João VI a retornar a 
Portugal e a jurar lealdade à Constituição 
recém-promulgada. Ele voltou e deixou 
em seu lugar, como regente do Brasil, seu 
filho dom Pedro, que deveria conduzir a 
separação política, caso fosse inevitável.
Pela Constituição portuguesa eram 
claras as intenções do novo governo em 
recolonizar o Brasil. Também era exi-
gência das Cortes a volta de dom Pedro à 
Europa. O príncipe regente, entretanto, 
resistiu às pressões, as quais considerava 
uma tentativa de esvaziar o poder da 
monarquia. Formou-se em torno dele 
um grupo de políticos brasileiros que 
defendiam a manutenção do status do 
Brasil de Reino Unido a Portugal. 
Em 29 de dezembro de 1821, dom 
Pedro recebeu um abaixo-assinado de 
representantes da elite nacional pe-
dindo que não deixasse o Brasil. Sua 
decisão de ficar foi anunciada em 9 de 
janeiro do ano seguinte, no episódio 
conhecido como Dia do Fico.
Independência
Entre os políticos que cercavam 
o regente estava José Bonifácio de 
Andrada e Silva, ministro e conse-
lheiro de dom Pedro. Ele lutou, num 
primeiro momento, pela manutenção 
MAQUIAGEM 
ROMÂNTICA 
A proclamação da 
independência não foi 
tão gloriosa quanto 
retratada no famoso 
quadro pintado por 
Pedro Américo[1]
95GE HISTÓRIA 2017 
dos vínculos com Portugal. Porém, ao 
perceber que o rompimento era neces-
sário, tornou-se o principal ideólogo 
da independência do Brasil, entrando 
para a história como o Patriarca da 
Independência. Fora do círculo da cor-
te, líderes liberais passaram a criticar 
pesadamente o colonialismo português 
e a defender a total separação.
Em 3 de junho de 1822, dom Pedro 
recusou fi delidade à Constituição por-
tuguesa e convocou a primeira Assem-
bleia Constituinte brasileira. Em 1º de 
agosto, ele declarou inimigas as tro-
pas portuguesas que desembarcassem 
no país. Cinco dias depois, assinou o 
Manifesto às Nações Amigas. Nele, 
defendeu a independência do Brasil.
Em protesto, os portugueses anula-
ram a convocação da Assembleia Cons-
tituinte brasileira, ameaçaram enviar 
tropas e exigiram o retorno do príncipe 
regente. Ao receber as cartas com tais 
exigências, em 7 de setembro, dom 
Pedro proclamou a independência do 
Brasil. Em 12 de outubro foi aclamado 
imperador e, em 1º de dezembro, coro-
ado, recebeu o título de dom Pedro I. 
No início de 1823, realizaram-se elei-
ções para a Assembleia Constituinte, en-
carregada de elaborar e aprovar a Cons-
tituição do Império. Entretanto, o órgão 
entrou em divergência com dom Pedro 
I e foi fechado em novembro. O texto 
acabou sendo elaborado pelo Conselho 
de Estado – instituição nomeada pelo 
imperador – e foi outorgado (ou seja, 
imposto) em março de 1824. Com a Cons-
tituição em vigor e vencidas as últimas 
resistências portuguesas nas províncias, 
a separação entre colônia e metrópo-
le estava concluída. O reconhecimento 
ofi cial da independência pelo governo 
português, porém, só viria em 1825, quan-
do dom João VI assinou o Tratado de 
Paz e Aliança entre Portugal e Brasil.
Signifi cado
A independência do Brasil representou 
o triunfo do conservadorismo de José 
Bonifácio. Ele promoveu a independên-
cia mantendo a monarquia e o caráter 
agrário, latifundiário, escravocrata e 
exportador da economia, favorecendo 
os interesses da elite local. Apesar da 
soberania política, o Brasil continuou 
economicamente dependente, agora da 
Inglaterra. Era dos ingleses que com-
právamos quase tudo e era a eles que 
vendíamos a maioria de nossa produção, 
restrita a produtos primários. Além disso, 
contraímos volumosos empréstimos dos 
britânicos, o que nos deixou ainda mais 
submissos ao seu poder econômico. box
São Paulo
Vila Rica
(Ouro Preto)
Salvador
Oceano
Atlântico
São Luís
Recife
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 35 
Nativistas
Emancipacionistas
No período colonial, ocorreram várias revoltas da população brasileira contra os portugueses. As primeiras, chamadas de nativistas, exprimiam rebeldia em relação ao domínio 
estrangeiro, mas não propunham a independência. Só a partir do fi m do século XVIII aconteceram as revoltas emancipacionistas. Veja como, onde e quando se deu cada uma
REVOLTA DOS BECKMAN (1684)
Liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, 
fazendeiros se rebelaram contra a má administração 
da Companhia de Comércio do Maranhão. Foram 
derrotados, mas a companhia encerrou suas atividades.
GUERRA DOS MASCATES (1710-1711) 
Revolta dos ruralistas de Olinda contra a emancipação 
do Recife decretada pelos comerciantes portugueses 
(os mascates). Na época, Recife era parte de Olinda. 
A Coroa intervém, e o Recife mantém a autonomia. 
REVOLTA DE FILIPE DOS SANTOS (1720) 
Também chamada de Rebelião de Vila Rica, foi uma 
reação da população às taxas excessivas e ao anúncio 
de criação das Casas de Fundição. O movimento foi 
sufocado e seu líder, Filipe dos Santos, esquartejado.
INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789) 
A decretação da derrama, a cobrança forçada de tributos 
da mineração, foi o estopim do movimento. Parte da 
elite tramou a revolta. Todos foram presos, mas só um 
executado: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
CONJURAÇÃO BAIANA (1798) 
Chamada de Revolta dos Alfaiates, foi organizada por 
negros e mulatos que queriam a independência, o fi m da 
escravidão e a instalação de uma sociedade baseada nos 
ideais da Revolução Francesa. Acabaram presos e mortos.
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817) 
A elite local rebelou-se com a falta de autonomia 
da província. Os rebeldes organizaram, no Recife, o 
primeiro governo brasileiro independente e republicano. 
Sem o apoio das provínciasnordestinas, capitularam.
ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO (1641) 
Com a notícia da restauração portuguesa, após o fi m da 
União Ibérica, alguns paulistas resolveram se desligar de 
Portugal e proclamaram Amador Bueno rei de São Paulo. 
O movimento terminou com a recusa do aclamado. 
GUERRA DOS EMBOABAS (1708-1709) 
Confl ito entre mineradores paulistas, descobridores das jazidas de 
Minas Gerais e garimpeiros de outras regiões – os “emboabas” –, 
interessados em explorar a riqueza. Os paulistas foram derrotados; 
e Portugal criou as capitanias de São Paulo e das Minas do Ouro.
MOVIMENTOS PRÉ-INDEPENDÊNCIA 
PATRIARCA José Bonifácio foi conselheiro de dom 
Pedro I e ideólogo da independência do Brasil
[1] REPRODUÇÃO/PEDRO AMÉRICO/FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL [2] REPRODUÇÃO/BENEDITO CALIXTO/MUSEU PAULISTA
[2]
96 GE HISTÓRIA 2017
BRASIL COLÔNIA LINHA DO TEMPO
1500 1510 1520 1530 1540 1550 1560 1570 1580 1590 1600 1610 1620 1630 1640 1650 1660
Colônia
Veja os principais acontecimentos da 
história do Brasil durante o período colonial. 
Os fatos que têm indicação de página 
(remissão) correspondem aos assuntos 
que mais são cobrados no vestibular. 
1630 
Após duas tentativas pouco efetivas na 
década anterior, na Bahia, os holandeses 
invadem o Brasil, dessa vez em Pernambuco. 
Para vencer a resistência da população 
local, os estrangeiros contam com a ajuda 
do pernambucano Domingos Calabar, que 
considera a invasão positiva para a região. 
Permanecem no Nordeste até a Insurreição 
Pernambucana (1645-1654). Pág. 90
1530 
O militar português 
Martim Afonso de 
Sousa comanda a 
expedição pioneira 
de colonização do 
Brasil. Em 1532, 
funda a primeira 
vila da colônia, São 
Vicente, no atual 
estado de São Paulo.
1550 
Por volta desse 
ano, paralelamente 
à introdução do 
plantio da cana-de- 
açúcar, tem início a 
escravidão africana 
no Brasil. Pág. 92
1534 
O rei de Portugal, 
dom João III, cria 
as capitanias 
hereditárias, a 
primeira divisão 
política do Brasil. 
Veja mais na matéria 
sobre política 
colonial. Pág. 88
1548 
Tomé de Sousa 
assume o primeiro 
governo-geral do 
Brasil. Pág. 88
1549 
Chegam ao Brasil os primeiros jesuítas — 
religiosos da ordem católica Companhia 
de Jesus. Chefiados pelo padre Manoel da 
Nóbrega, dedicam-se à catequese dos índios 
e à educação dos colonos.
1555 
A França não aceita a partilha das terras 
americanas feita pelo Tratado de Tordesilhas 
e defende seu direito de ocupação. A primeira 
invasão francesa no território brasileiro 
ocorre na ilha de Serigipe (atual Villegaignon), 
na Baía de Guanabara, onde é instalada a 
França Antártica, chefiada por Nicolas Durand 
de Villegaignon. Os portugueses expulsam os 
franceses em 1567.
1580 
Dois anos após a 
morte do rei 
português dom 
Sebastião, que não 
deixa herdeiro, o 
espanhol Felipe II, 
ligado por 
parentesco à Casa 
Real Portuguesa, 
impõe-se como rei 
de Portugal. A União 
Ibérica vigora até 
1640 e equivale a 
uma anexação de 
Portugal pela 
Espanha. 
1594 
Os aventureiros franceses Jacques Riffault e 
Charles Vaux instalam-se no Maranhão depois 
de naufragar ao largo da costa. O governo 
francês os apoia e incentiva a criação de uma 
colônia no território, a França Equinocial. Em 
1612, chegam centenas de colonos, que erguem 
o forte de São Luís, origem de São Luís do 
Maranhão. São expulsos três anos depois pelos 
portugueses.
1637 
O domínio holandês no Brasil passa a ser 
administrado pelo militar Maurício de Nassau. 
Sua atuação em Pernambuco fica marcada 
pela prosperidade econômica e cultural. Seu 
governo se encerra em 1644. Pág. 90
1500
O português Pedro Álvares Cabral e sua 
esquadra chegam ao litoral da Bahia em 22 de 
abril. É o descobrimento do Brasil. Segundo a 
maioria dos historiadores, trata-se mais de uma 
tomada de posse do que do descobrimento 
em si, pois a existência do território – dividido 
seis anos antes entre portugueses e espanhóis 
pelo Tratado de Tordesilhas – já era conhecida 
por Portugal. Nos anos seguintes, tem início a 
exploração do pau-brasil.
1630 
Nas décadas de 1630 e 1640, chega ao auge 
no Sudeste o movimento das entradas e 
bandeiras. Pág. 91
[5]
[4]
[2]
[3]
[1]
97GE HISTÓRIA 2017 
1711 
É fundada Vila 
Rica, atual Ouro 
Preto (MG), símbolo 
da sociedade 
urbanizada que 
surge no contexto da 
mineração. Veja mais 
na matéria sobre a 
sociedade colonial. 
Pág. 89
1821 
Pressionado 
pelo Parlamento 
português, dom 
João VI regressa a 
Portugal, deixando 
Pedro, seu filho 
mais velho, como 
regente do Brasil, 
com o título de dom 
Pedro I.
1670 1680 1690 1700 1710 1720 1730 1740 1750 1770 1780 1790 1800 1810 18201760
1768 
Ao lançar Obras Poéticas, o mineiro Cláudio 
Manuel da Costa inaugura o arcadismo, o 
primeiro movimento literário a se afastar 
dos modelos portugueses, ao retratar temas 
tipicamente brasileiros. Costa e Tomás Antônio 
Gonzaga, outro importante poeta árcade, 
seriam integrantes da Inconfidência Mineira.
1805 
O mineiro Antônio Francisco Lisboa, o 
Aleijadinho, o maior nome da escultura barroca 
brasileira, conclui sua obra-prima: o conjunto 
de imagens sacras: Os Passos da Paixão e 
Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de 
Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG).
1789 
No âmbito mundial, 
a Revolução 
Francesa marca 
o início da Idade 
Contemporânea. 
Pág. 56
1777 
É assinado o Tratado 
de Santo Ildefonso, 
que restitui aos 
espanhóis Sete 
Povos das Missões. 
Os portugueses 
tentam obter 
a devolução 
da Colônia do 
Sacramento, mas 
não conseguem. As 
fronteiras atuais do 
Rio Grande do Sul só 
são definidas pelo 
Tratado de Badajoz, 
em 1801.
1754 
Os guaranis dos 
Sete Povos das 
Missões recusam-
se a deixar suas 
terras, e tem início a 
Guerra Guaranítica. 
São derrotados 
após dois anos, por 
uma aliança entre 
hispano-argentinos e
luso-brasileiros.
1708 
Tem início, em Minas Gerais, a Guerra dos 
Emboabas. Pág. 95
1693 
As primeiras 
jazidas de ouro 
são descobertas 
no atual estado de 
Minas Gerais. No 
século seguinte, 
a atividade 
mineradora se 
tornaria a mais 
importante da 
colônia. Pág. 89
1720 
É deflagrada a 
Revolta de Filipe 
dos Santos, também 
chamada de 
Rebelião de Vila Rica. 
Pág. 95
1750 
O Tratado de Madri reconhece a presença luso-
brasileira em grande parte dos territórios 
a oeste da linha do Tratado de Tordesilhas. 
Como parte das negociações, Portugal cede à 
Espanha a Colônia do Sacramento (atualmente 
no Uruguai) em troca da área dos Sete Povos 
das Missões (no atual Rio Grande do Sul).
1798 
É deflagrada 
a Conjuração Baiana. 
Pág. 95
1789 
Ocorre a Inconfidência Mineira. Pág. 95
1808 
Fugindo de Napoleão Bonaparte, a corte 
portuguesa transfere-se para o Brasil. Pág. 94
1817 
Estoura a Revolução 
Pernambucana. 
Pág. 95
1818 
Dom João é coroado 
rei de Portugal, do 
Brasil e de Algarves, 
no Rio de Janeiro, 
com o título de dom 
João VI.
1822 
Dom Pedro I 
proclama a 
independência do 
Brasil. Pág. 94
[1] MUSEU PAULISTA [2] [3] [4] [5] [8] REPRODUÇÃO [6] MUSEU AFROBRASIL [7] MARCELO CURIA [8] JOSÉ EDUARDO CAMARGO [9] PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA [10] MUSEU IMPERIAL
[6]
[7]
[8]
[10][9]
98 GE HISTÓRIA 2017
COMO CAI NA PROVA
1. (UNICAMP 2016) Os estudos históricos por muito tempo ex-
plicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da noção de 
pacto colonial ou exclusivo comercial. Sobre esse conceito, é cor-
reto afirmar que:
a) Trata-se de uma característica central do sistema colonial 
moderno e um elemento constitutivo das práticas mercantilistas 
do Antigo Regime, que considera fundamental a dinâmica interna 
da economia colonial.
b) Definia-se por um sistema baseado em dois polos: um centrode decisão, a metrópole, e outro subordinado, a colônia. Esta 
submetia-se à primeira através de uma série de mecanismos 
político-institucionais.
c) Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram 
insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua 
presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a presença 
do Marquês de Pombal na colônia.
d) A noção de pacto colonial é um projeto embrionário de Estado 
que acomodava as tensões surgidas entre os interesses 
metropolitanos e coloniais, ao privilegiar as experiências do 
“viver em colônia”.
RESOLUÇÃO
Tradicionalmente, as relações entre colônias e metrópoles, como 
no caso de Brasil e Portugal, são explicadas por um conjunto de 
determinações expresso no chamado Pacto Colonial. Uma das 
principais características desse pacto é o chamado exclusivo 
metropolitano, recurso pelo qual a metrópole detinha o monopólio 
da exploração econômica sobre sua colônia. Ou seja, os brasileiros 
só podiam comercializar produtos com os portugueses. Para garantir 
sua lucratividade, a metrópole instituía sistemas administrativos 
por vezes complexos e ineficazes, instituindo altos impostos sobre 
a exploração dos produtos coloniais. A função da colônia neste 
contexto era a de enriquecer a metrópole, com uma produção voltada 
fundamentalmente para o abastecimento de seus mercados.
Resposta: B
2. (UNESP 2016) Os diários, as memórias e as crônicas de viagens es-
critas por marinheiros, comerciantes, militares, missionários e explo-
radores, ao lado das cartas náuticas, seriam as principais fontes de co-
nhecimento e representação da África dos séculos XV ao XVIII. A barbá-
rie dos costumes, o paganismo e a violência cotidiana foram atribuídos 
aos africanos ao mesmo tempo que se justificava a sua escravização 
no Novo Mundo. A desumanização de suas práticas serviria como jus-
tificativa compensatória para a coisificação dos negros e para o uso 
de sua força de trabalho nas plantations da América.
Regina Claro. Olhar a África, 2012. Adaptado.
As “plantations da América”, citadas no texto, correspondem a
a) um esforço de coordenação da colonização ao redor do Atlântico, 
com a aplicação de modelos econômicos idênticos nas colônias 
ibéricas da América e da costa africana.
b) uma estratégia de valorização, na colonização da América e 
na África, das atividades agrícolas baseadas em mão de obra 
escrava, com a consequente eliminação de toda forma de 
artesanato e de comércio local.
c) um modelo de organização da produção agrícola caracterizado 
pelo predomínio de grandes propriedades monocultoras, que 
utilizavam trabalho escravo e destinavam a maior parte de sua 
produção ao mercado externo.
d) uma forma de organização da produção agrícola, implantada 
nas colônias africanas a partir do sucesso da experiência de 
povoamento das colônias inglesas na América do Norte.
e) uma política de utilização sistemática de mão de obra de origem 
africana na pecuária, substituindo o trabalho dos indígenas, que 
não se adaptavam ao sedentarismo e à escravidão.
RESOLUÇÃO
O modelo mais básico de exploração colonial, adotado pelas 
metrópoles europeias, foi o chamado sistema de plantation. 
As principais características do modelo eram a monocultura, a 
escravidão e a produção em larga escala em latifúndios, voltada, 
fundamentalmente para o mercado externo. Nesse processo, várias 
foram as justificativas para a adoção da mão de obra escrava dos 
negros, entre elas a inferioridade dos africanos e a desvalorização 
de suas tradições culturais e religiosas frente às dos europeus.
Resposta: C
3. (ESPCEX 2016) No fim do Século XVIII, era grande a insatisfação 
com a carestia e a opressão colonial. A isso se somava a simpatia que 
muitas pessoas demonstravam em relação às lutas pela emancipação 
do Haiti (1791-1804) e à Revolução Francesa (1789). Para difundir esta 
ideia fundou-se a loja maçônica Cavaleiros da Luz.
Em agosto de 1798, alguns conspiradores afixaram em muros e pos-
tes da cidade manifestos exortando a população à revolução. Os pan-
fletos pregavam a proclamação da República, a abolição da escravi-
dão, melhores soldos para os militares, promoção de oficiais, liberda-
de de comércio etc.
Denunciado por um traidor, o movimento foi esfacelado. Alguns par-
ticipantes foram presos, outros fugiram e quatro foram condenados à 
morte: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, João 
de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos. 
Adaptado de ARRUDA & PILETTI, p. 351
O texto acima descreve, em parte, a 
a) Revolta dos Alfaiates, ocorrida em Salvador, Bahia. 
b) Inconfidência Mineira, desencadeada em Ouro Preto, Minas Gerais. 
c) Revolta de Beckman, que teve por palco São Luís, Maranhão. 
d) Confederação do Equador, ocorrida em Recife, Pernambuco. 
e) Cabanagem, ocorrida em Belém, Pará. 
 
RESOLUÇÃO
A questão descreve em linhas gerais a Conjuração Baiana, também 
conhecida como Revolta dos Alfaiates, ocorrida em 1798. O 
movimento possuía caráter fundamentalmente popular, apesar da 
participação de grupos médios, como médicos, padres e advogados, 
sendo liderado por representantes das camadas populares 
(alfaiates, negros libertos, brancos pobres etc.). Pregava a separação 
em relação a Portugal e ao Brasil, proclamando a República Baiense. 
Teve como principais influências as ideias iluministas, a Revolução 
Francesa, em sua fase popular, e a independência do Haiti.
Resposta: A
99GE HISTÓRIA 2017 
RESUMO
Brasil Colônia
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA A fim de tomar 
posse e explorar a colônia recém-descoberta, Portugal dividiu 
o território brasileiro em 15 capitanias hereditárias, em 1534. 
Elas foram entregues a nobres ou burgueses representantes da 
Coroa. O sistema não teve sucesso por falta de investimentos, 
ataques indígenas e isolamento da colônia. Em 1548, criou- 
se o Governo-Geral, com sede na Bahia, numa tentativa de 
centralizar o poder. O objetivo foi atingido, do ponto de vista 
militar, mas o dia a dia da população continuou a ser gerido 
pelas Câmaras Municipais de cada vila. 
ECONOMIA A economia colonial estava sob influência do pacto 
colonial, pelo qual os brasileiros só comercializavam produtos 
com os portugueses, que ficavam com grande parte dos lucros 
gerados no Brasil. A extração do pau-brasil, a produção de 
açúcar, a pecuária e a mineração foram as principais atividades 
econômicas do período.
SOCIEDADE A sociedade açucareira era agrária, escravagista 
e estratificada. O grupo mais privilegiado era dos senhores de 
engenho. Já na sociedade do ouro, a população se concentrava 
em núcleos urbanos, e a mobilidade social e o trabalho livre 
estavam muito mais presentes, permitindo o surgimento de 
uma classe média, ausente na sociedade açucareira.
MOVIMENTO BANDEIRANTE A busca por metais preciosos, 
a captação de mão de obra indígena e o combate a negros 
fugitivos motivaram, nos séculos XVII e XVIII, expedições de 
desbravamento do interior do Brasil – as entradas e bandeiras. 
O movimento foi responsável direto pela expansão territorial.
JESUÍTAS Com a função inicial de catequizar os nativos, 
convertendo-os ao catolicismo, os jesuítas contribuíram com a 
expansão territorial da colônia, com a extração das drogas do 
sertão no Vale Amazônico e com a pecuária e a mineração no 
extremo sul, com mão de obra predominantemente indígena.
ESCRAVIDÃO Para movimentar a economia açucareira, Portugal 
recorreu à escravidão, primeiramente dos índios e, poste-
riormente, dos africanos. Estima-se que 4 milhões de negros 
africanos tenham chegado ao Brasil entre 1550 e 1850. Como 
forma de resistência, entre outras práticas, os escravos criaram 
comunidades autossuficientes, os quilombos, formados por 
fugitivos. A escravidão só foi abolida em 1888, no fim do império.
INDEPENDÊNCIA O Brasil concretizou sua independência em 
7de setembro de 1822, mas revoltas emancipacionistas já 
ocorriam desde o fim do século XVIII. Apesar de politicamente 
soberano, o país continuou economicamente dependente – não 
mais de Portugal, mas da Inglaterra. Para alavancar a economia, 
recém-emancipada, o país contraíra volumosos empréstimos 
dos britânicos, tornando-se submisso ao seu poder econômico.
4. (PUC-SP 2015) A invasão e a ocupação holandesas no Nordeste 
do Brasil, ocorridas durante o período da União Ibérica (1580-1640), 
a) derivaram dos conflitos territoriais entre Portugal e Espanha, que 
fragilizaram o controle português sobre a colônia. 
b) foram resultado das disputas entre Holanda e Inglaterra pelo 
controle da navegação comercial atlântica. 
c) derivaram dos interesses holandeses na produção e 
comercialização do açúcar de cana.
d) foram resultado do expansionismo naval espanhol, que 
desrespeitou os limites definidos no Tratado de Tordesilhas. 
e) derivaram da corrida colonial, entre as principais potências 
europeias, na busca de fontes de matérias-primas e carvão. 
RESOLUÇÃO
A presença dos holandeses no Nordeste brasileiro está ligada aos 
desdobramentos da União Ibérica, período em que houve a união 
das monarquias de Portugal e Espanha, sob controle dos espanhóis. 
Se por um lado a Holanda era parceira econômica de Portugal, tendo 
investido maciçamente na produção do açúcar no Brasil, por outro 
estava em guerra com a Espanha na luta pela concretização de sua 
independência. Ao dominar Portugal, a Espanha corta o fornecimento 
do açúcar brasileiro aos flamengos, que, como forma de garantir seus 
investimentos, invadem as regiões produtoras no Brasil – naquele 
momento também sob o domínio espanhol. Durante a presença 
holandesa no Nordeste brasileiro, a administração de Maurício 
de Nassau selou um acordo com os senhores de engenho que 
impulsionou a produção de açúcar. Nesse período, também foram 
realizados grandes investimentos na infraestrutura do Recife.
Resposta: C
arrow SAIBA MAIS
Confira no mapa abaixo a área que foi invadida e ocupada pelos ho-
landeses no Nordeste brasileiro entre 1630 e 1654.
ESCALA
0 188 km
OCEANO
ATLÂNTICO
MARANHÃO
PERNAMBUCO
ITAMARACÁ
BAHIA
São Luís
Fortaleza
Natal
Recife
Salvador
OlindaPara
íba 
Capibaribe 
Sã
o 
Fr
an
ci
sc
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Ja
gu
ari
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Gr
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Pa
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aí
ba
 
INVASÃO E DOMÍNIO HOLANDÊS NO NORDESTE (1630–1654)

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