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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 1 ENTO DA SOCIOLOGIA Objetivo da unidade Ao final desta unidade, você será capaz de compreender o contexto do surgimento da sociologia, bem como as ideias centrais de seus principais idealizadores. Para guiar nossos estudos, começamos com alguns questionamentos: O que é Sociologia? Qual a sua importância? Quais os fatores históricos do seu surgimento? Por que estudar Sociologia? Quem são seus principais idealizadores? O Surgimento da Sociologia A sociologia tem como objeto de estudo a relação social, a sociedade. No entanto, antes de analisarmos as principais razões que contribuíram para o surgimento da sociologia, vamos voltar um pouco mais no tempo, observando algumas características da Antiguidade, da Idade Média e da Era Moderna. Conforme afirmam Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2009), apesar de a sociologia só emergir por volta do século XIX como um campo delimitado do saber científico, a reflexão sobre as origens e a natureza da vida social é tão antiga quanto a própria humanidade. Na Grécia Antiga, os Sofistas discutiam assuntos como fatos sociais, política, economia, buscando encontrar razões para os fatos que aconteciam. Buscavam compreender a sociedade, ou seja, a vida na polis. Unidade 1 SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 2 Na Idade Média, apesar de não existir ainda uma ciência denominada Sociologia, há diversos fatos históricos contribuindo para que ocorram análises sociais. Nesse período, a Europa estava dividida em feudos, grandes fazendas que eram comandadas por senhores feudais, e havia, também, grande influência da igreja. A vida social na Idade Média tinha características políticas e econômicas muito fortes, haja vista haver um sistema no qual predominavam as trocas. Outro período após a Idade Média que também é fundamental e contribui para o surgimento da sociologia é a Era Moderna. Nesse período, diversos fatos importantes mudam a vida no mundo. O “estopim” dessa Era Moderna são as grandes navegações, que vão alterar o cenário econômico, político e social da Europa, gerando dinheiro e riquezas. A partir desse comércio ultramarino, tem-se um novo estilo de vida na Europa. Como consequência das navegações, os reis retomam o poder dos seus Estados e ressurge o absolutismo. Com o absolutismo, o rei detém todo o poder, centrando toda administração nele, e aquelas propriedades feudais, como existia na Idade Média, passam a existir em pequena quantidade. No que diz respeito à cultura, há novamente um olhar para os gregos, trazendo de volta diversos aspectos relacionados ao antropocentrismo, ao humanismo, ou seja, deixam-se as questões religiosas um pouco de lado no âmbito cultural e passa-se a valorizar novamente o homem, o hedonismo, a carne, a forma como o homem se expressa. A mulher, por exemplo, volta a estar na pintura dos artistas, fato que não acontecia na Idade Média. Além disso, a reforma protestante e a forma como a religião toma novos rumos também são fatores importantes que identificam essas mudanças na Europa. Apesar de não existir ainda uma “ciência sociológica”, todas essas mudanças ocorridas entre os séculos XV e XVIII são essenciais e influenciaram o pensamento sociológico no século XVIII. No século XVIII, temos dois eventos que são fundamentais para o surgimento da sociologia: um de causa econômica – a Revolução Industrial (1760) – e outro histórico-político – a Revolução Francesa (1789). FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 3 Revolução Industrial A Revolução Industrial inicia-se por volta de 1760 na Inglaterra. As Navegações que se iniciaram no século XV tomam uma grande proporção no século XVIII e há a expansão do comércio ultramarino. Mercadorias circulam pela Europa e isso fez com que o comércio aumentasse. Havia muitas pessoas consumindo e, consequentemente, a produção precisava ser maior. Então, se era necessário haver uma produção maior para atender um mercado ascendente, era possível manter o sistema artesanal de produção? Certamente não! Dessa forma, o aumento da demanda por produtos que estavam sendo comercializados, provocou uma alteração no modo de produzir na Europa, e o modo artesanal de produção dá lugar ao modo industrial. Ou seja, antes, o indivíduo para sobreviver se utilizava da própria terra, tinha contato direto com a matéria-prima, produzia do início ao fim o produto. Na produção industrial, há um processo de produção em que o proletário é apenas uma parte da produção, não é mais responsável por toda ela; tem, a partir desse momento, o auxílio da máquina. Esse fato muda a relação de trabalho existente na Europa. O artesão tinha acesso direto à matéria-prima, produzia e comercializava seus bens. Aquilo que ele vendia era aquilo que ele ganhava! Com a Revolução Industrial, o agora proletário ganha um salário, é assalariado. Ele produz para receber um montante no final do mês. Essas relações também geram mudanças na sociedade. LEMBRE-SE: o objeto de estudo da sociologia é a sociedade. Tudo que se transforma, tudo que se modifica na sociedade é de interesse da sociologia. FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 4 As máquinas, altamente eficazes, chegam ao campo e, com isso, ocorre um desemprego estrutural. Uma grande consequência desse desemprego no campo é o êxodo rural, ou seja, a saída da população do campo para as cidades. Como não havia mais emprego no campo porque a máquina substituiu o homem, a população dirige-se para os grandes centros em busca de oportunidade. Esse evento também gera mudanças na vida social europeia e provoca a urbanização. Com o aumento de pessoas em áreas urbanas, há um “inchaço” urbano, o que ocasiona, por exemplo, desemprego, epidemias, mendicância. Segundo Martins (2013), as cidades industriais passavam por um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir estrutura de moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se deslocava do campo. Conforme afirma Martins (2013), a Revolução Industrial significou mais do que apenas a introdução da máquina a vapor e dos sucessivos métodos produtivos. Representou o triunfo da indústria capitalista, capitaneada pelo empresário capitalista que, aos poucos, foi concentrando sob seu controle as máquinas, as terras e as ferramentas, convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos. Assim, um dos fatos de maior importância da Revolução Industrial é o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele desempenharia na sociedade capitalista. Revolução Francesa A Revolução Francesa, que teve início em 1789, foi um período de grandes rupturas e agitação política e social na França. Até esse momento, tínhamos uma sociedade monárquica absolutista, com o rei no poder e com classes com muito privilégio em detrimento de outra sem qualquer privilégio. A população era dividida em três Estados: FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: SociologiaOrganizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 5 Clero (1.° Estado) o Alto clero (bispos, abades e cônicos); o Baixo clero (sacerdotes pobres). Nobreza (2.° Estado) o Nobreza cortesã (moradores do Palácio de Versalhes); o Nobreza provincial (grupo empobrecido que vivia no interior); o Nobreza de Toga (burgueses ricos que compravam títulos de nobreza e cargos políticos e administrativos). Povo (3.° Estado) o Camponeses; o Grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e comerciantes); o Média burguesia (profissionais liberais); o Pequena burguesia (artesãos e comerciantes); o Sans-culottes (aprendizes de ofícios, assalariados, desempregados). O que marcava a sociedade francesa na época era o clero e a nobreza com privilégios e luxo – não pagavam impostos, recebiam pensões do estado e podiam exercer cargos públicos – e o povo em geral, que era maioria, vivendo com dificuldades econômicas, pobreza e desigualdade social, o que provocou grande descontentamento da população. O povo pagava impostos altos e arcava com todas as despesas do 1.° e 2.° Estado, o que fez com que no decorrer do tempo, influenciado pelas ideias iluministas, começasse a se revoltar e lutar pela igualdade perante a lei, combatendo esses privilégios e a monarquia absolutista. A insatisfação FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 6 do povo levou-o às ruas com o objetivo de tomar o poder e derrubar a monarquia absolutista comandada pelo rei Luís XVI. A queda da Bastilha, em 14/07/1789, prisão política que era símbolo da monarquia francesa, marca o início do processo revolucionário. O lema que influenciou a Revolução Francesa foi: Liberdade (Liberté), Igualdade (Egalité) e Fraternidade (Fraternité). As causas da Revolução Francesa estão resumidas na figura 1: Figura 1: Causas da Revolução Francesa Fonte: http://cdn5.aprovadonovestibular.com/wp-content/uploads/2015/09/causas-revolu%C3%A7%C3%A3o-francesa.jpg Todo esse movimento foi extremamente influenciado pelo Iluminismo, movimento intelectual que surgiu na Europa durante o século XVIII que defendia o uso da razão (luz) em detrimento ao conhecimento religioso. Nesse período, os estudiosos valorizam o antropocentrismo, ou seja, o homem no centro do universo, e deixam de lado o teocentrismo. Desse ponto de vista, a explicação para os fenômenos naturais está na razão humana e não nas explicações divinas. FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 7 Conforme assevera Martins (2013), o século XVIII constitui um importante marco para o surgimento da sociologia, destacando-se a Revolução Industrial e a Revolução Francesa (influenciada pelo iluminismo). As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas a partir dessa época produziram novas realidades sociais e fizeram emergir problemas inéditos para os homens que experimentavam tais mudanças. A profundidade das transformações em curso colocava a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em objeto que deveria ser investigado. A partir desse contexto, Auguste Comte analisa a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, e reconhece nesses movimentos objetos importantes de estudo para se criar a sociologia. Augusto Comte A partir da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, entre o final do século XVIII e século XIX, Comte analisa a sociedade de sua época e percebe uma desordem social. Para ele, é necessário fazer uma análise metodológica e sistemática da sociedade. Não basta olhar de uma forma “ingênua” para a sociedade. É preciso que haja um método, uma forma de ver a sociedade e perceber quais são os seus problemas. Comte percebe que tanto a Revolução Industrial como a Revolução Francesa causaram na sociedade europeia uma desfragmentação social e uma desordem moral. Comte incomodava-se com os problemas sociais. Ao invés de perceber na sociedade de sua época os ideais de Fraternidade, Igualdade, Liberdade, prosperidade pregados na Revolução Francesa, observava desemprego, discriminação, desigualdade social, exploração. Comte tenta encontrar um método e uma forma sistemática para analisar a sociedade, o que ele vai denominar de Física Social (GIDDENS, 2012). Para Comte, FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 8 a disciplina que vai estudar a sociedade tem que ser epistemológica, científica, metodológica, sistemática, com o mesmo formato de outras ciências. Segundo Giddens (2012), a visão de Comte para a sociologia era a de que ela se tornasse uma ciência positiva, ou seja, que aplicasse os mesmos métodos científicos rigorosos ao estudo da sociedade que os físicos e químicos usam para estudar o mundo físico. Para Comte, toda sociedade deve se autoconhecer, pois conhecendo a sociedade é possível antever os fatos e prever as crises. Acredita, também, que toda sociedade tende a evoluir, sendo que a sociedade que mais conhecer a sua própria realidade social é a que vai evoluir mais rapidamente. A corrente que visa tal organização em prol de um desenvolvimento futuro é o que Comte vai chamar de positivismo, ligado ao racionalismo e ao cientificismo. Sustenta que a ciência deve se preocupar somente com entidades observáveis que sejam conhecidas pela experiência direta (GIDDESNS, 2012). Outro conceito explorado pelo autor é o de secularização. Segundo Comte, quanto mais uma sociedade se desenvolve, mais ela se distancia das crenças religiosas, ou seja, mais as crenças religiosas deixam de fazer a diferença nas decisões dos indivíduos daquela sociedade. Por fim, conforme demonstra Aron (2008), duas categorias centrais da sociologia de Auguste Comte são a dinâmica e a estática. Para Comte, a sociedade apresenta dois movimentos principais: o dinâmico, que diz respeito ao progresso e às etapas necessárias para se alcançar o progresso, ou seja, todas as práticas que visam alcançar o progresso são movimentos dinâmicos, tais como o trabalho, a pesquisa etc.; e o estático, que é fundamental para que exista ordem, como, por exemplo, a lei. Segundo Giddens (2012), ainda que Comte reconhecesse que cada disciplina científica tem seu objeto de estudo, ele argumentava que esse estudo poderia ser feito usando-se a mesma lógica comum e método científico adotados para revelar leis universais. Ou seja, assim como a descoberta de leis no mundo natural nos permitia FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 9 controlar e prever acontecimentos ao nosso redor, descobrir as leis que governam a sociedade humana poderia nos ajudar a moldar o nosso destino e a melhorar o bem- estar da humanidade. Apesar de Comte analisar os fenômenos sociais que vinham ocorrendo na sua época e criar a Física Social, a palavra sociologia apareceria somente por volta de 1830 (MARTINS, 2013). Os primeiros sociólogos que procuram criar instrumentos de análise para compreender a sociedade e, mais do que isso, para transformá-la e para melhorá-la são: Karl Marx (1818-1883) Émilie Durkheim (1858-1917) Max Weber (1864-1920)Assim, a seguir estudaremos brevemente sobre a relação desses autores com o surgimento da sociologia. Karl Marx De acordo com Giddens (2012), as ideias de Karl Marx contrastam claramente com as de Comte e Durkheim, no entanto, como eles, Marx procurou explicar as mudanças que estavam ocorrendo na sociedade durante a Revolução Industrial. Marx promove uma série de rupturas. No campo do conhecimento, dizia que os filósofos já haviam pensado o mundo e que era necessário, naquele momento, modificá-lo e transformá-lo. Para ele, não bastava pensar o mundo, era necessário transformá-lo; e, para isso, era preciso ter uma teoria que orientasse a ação nesse processo de transformação. Segundo Oliveira e Quintaneiro (2009), as formulações teóricas de Marx sobre a vida social, em FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 10 especial a análise que faz da sociedade capitalista e de sua superação, provocaram desde o princípio grande impacto nos meios intelectuais; para alguns, grande parte da sociologia ocidental tem sido uma tentativa incessante de corroborar ou negar as questões por ele levantadas. Marx constrói sua teoria em cima de alguns pontos de apoio. Para ele, o que produz transformações no mundo é a contradição, o choque entre interesses distintos, ou seja, a luta de classes. Os detentores da riqueza enfrentam aqueles que não têm bens materiais. Acredita também na ação política em que só se consegue construir uma teoria à medida que se consegue aplicar na prática as ideias desta. Essa ação e essa teoria apontam no sentido de transformação, de revolução, ou seja, o sociólogo, o cientista não deve apenas acumular informação, mas é fundamental que ele interfira na sociedade, numa direção: superação da diferença entre ricos e pobres. Conforme Oliveira e Quintaneiro (2009), Marx acreditava que a razão era não só um instrumento de apreensão da realidade, como também de construção de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização de todo o potencial de perfectibilidade existente nos seres humanos. Émilie Durkheim Durkheim valoriza o poder que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos (GIDDENS, 2012). Para Durkheim, a sociedade impõe aos indivíduos uma maneira de agir, de pensar, ou seja, quando nascemos, o mundo já está pronto. A sociedade já tem suas leis, suas normas, seus valores éticos e morais. Dessa forma, para funcionar bem, a sociedade deve impor aos indivíduos essas normas e esses valores, que são o resultado da história da sociedade. É importante que compreendamos os fatos sociais para que possamos transformar a ação do indivíduo. FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 11 Esforça-se para colocar na Universidade Francesa a cadeira de sociologia para ensinar a sociedade como ela deveria se comportar. Achava que era fundamental que a escola formasse os indivíduos pois, com isso, os conflitos sociais diminuiriam. Assim, a escola cumpre um papel importante de formar os indivíduos dentro das normas que a sociedade construiu. Em decorrência disso, Durkheim preocupou-se em institucionalizar a sociologia. Durkheim discute, ainda, sobre a sociologia da ordem: crença na ideia de que quando a sociedade está organizada, ordenada, quando cada um dos seus integrantes tem conhecimento do seu papel social e cumpre esse papel social, a sociedade progride. Quintaneiro (2009) afirma que Durkheim via na ciência social uma expressão da consciência racional das sociedades modernas, mas não excluía o diálogo com a História, a Economia e a Psicologia, apesar de apontar os limites de cada uma dessas disciplinas na explicação dos fatos sociais. Vale salientar que, no estudo da vida social, uma das preocupações de Durkheim era avaliar qual método permitiria fazê-lo de maneira científica, superando as deficiências do senso comum. Estabelece regras que os sociólogos devem seguir na observação dos fatos sociais, sendo a primeira delas, e a mais importante, considerá-los como “coisa”’, ou seja, afastar sistematicamente as pré-noções; definir previamente os fenômenos tratados a partir dos caracteres exteriores que lhes são comuns; e, considerá-los independentemente de suas manifestações individuais, da maneira mais objetiva possível (QUINTANEIRO, 2009). Max Weber Realiza seu trabalho no final do século XIX, início do século XX, e desenvolve sua teoria focando na ação do indivíduo. É na análise da ação individual que se abre o caminho para a compreensão da vida em sociedade. Traz a ideia de que a FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 12 sociologia como ciência não é para ser utilizada como instrumento para se organizar a sociedade ou para se manter a ordem. A teoria não é um instrumento de transformação, mas é um esforço de compreensão. Weber tem uma característica que é estudar o maior número possível de manifestações individuais – no campo da música, do direito, do urbanismo, dentre outros vários campos da cultura humana. A multiplicidade de fatores propicia que a abordagem do fenômeno social possa traduzir de forma mais completa a sua compreensão. Weber distingue-se dos outros autores à medida que foca sua ação no indivíduo. Segundo Barbosa e Quintaneiro (2009), a ação e a ação social são conceitos fundamentais da sociologia weberiana. Weber define ação como toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem a orienta e a executa. A partir do momento que tal orientação tem em vista a ação (passada, presente ou futura) de outro ou de outros agentes que podem ser individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos, a ação passar a ser definida como social. Max Weber propõe quatro tipos de ação social: Ação tradicional: determinada por um costume ou um hábito arraigado ao ser; Ação emocional: determinada por afetos ou estados sentimentais; Ação racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade; Ação racional com relação a um objetivo: determinado pelo cálculo que visa determinado fim. Em suma, a sociologia é, para Weber, a ciência que pretende entender, interpretar a ação social para, assim, explicá-la causalmente em seu desenvolvimento FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PARANÁ Disciplina: Sociologia Organizacional Profa. Aniele Fischer Brand Unidade de Estudo 1 Página 13 e seus efeitos, observando suas regularidades as quais se expressam na forma de usos, costumes ou situações de interesse (BARBOSA; QUINTANEIRO, 2009). Portanto, foi possível, por meio desta unidade, conhecer alguns conceitos centrais que envolvem o surgimento da sociologia bem como dos seus principais idealizadores. Na próxima unidade, falaremos sobre as relações da sociologia e administração conhecendo aspectos relacionados aos conceitos da organização e da cultura organizacional. REFERÊNCIAS ARON, R.. As etapas do pensamento sociológico. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. BARBOSA, M. L. de O.; QUINTANEIRO, T. Max Weber. In: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M.G. M. de. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p. 109-157. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012. MARTINS, C. B.. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2013. OLIVEIRA, M. G. M. de; QUINTANEIRO, T.; Karl Marx. In: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M. G. M. de. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p. 27-65. QUINTANEIRO, T.. Émilie Durkheim. In: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M. G. M. de. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p.68-105. QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M. G. M. de. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim,
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