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Individualidade
A modernidade líquida
Modernidade líquida: “aquela em que as condições de atuação de seus membros mudam antes que as formas de agir se consolidem em hábitos e rotinas determinadas.”
Vida líquida: precariedade e incerteza (medo de não acompanhar os acontecimentos). Obrigação de recomeçar sempre. 
Tudo é temporário: incapacidade de manter a forma (liquidez e não solidez). As coletividades se desmancham constantemente. 
Uma nova temporalidade (percepção/experiência do tempo)
Sociedade tradicional: tempo cíclico.
Modernidade sólida: tempo linear.
Modernidade líquida: sem direção (“sem seta”). “Estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de que.”
Capitalismo pesado
Distinção entre um corpo administrativo (os condutores das empresas capitalistas) e o restante dos trabalhadores. Paradigma: industrias automobilísticas. 
Fordismo = modelo de industrialização, de acumulação e regulação (controle dos operários). Foco na produção. 
Fixação territorial do capital e do trabalho. 
Capitalismo leve
Desterritorialização do capital e permanência da fixação territorial do trabalho. “Alguns dos habitantes do mundo estão em movimento; para os demais, é o mundo que se recusa a ficar parado.” Foco na consumo: produção flexível. “A produção de mercadorias como um todo substitui hoje o mundo dos objetos duráveis pelos produtos perecíveis projetados para a obsolescência imediata”.
O marketing é hoje a alma do capitalismo. “A arte do marketing consiste em impedir que os desejos dos consumidores se tornem completamente realizados. A insatisfação assegura que os cidadãos do moderno se deixem explorar, até a obsessão, por cada comércio, em busca de quem sabe que objeto que nos identifique (e se está na moda, muito melhor)”. 
A escolha dos fins e não dos meios
“O que realmente aconteceu no curso da passagem do capitalismo pesado para o leve foi o desbaratamento dos invisíveis ‘politburos’ capazes de ‘absolutizar’ os valores, das cortes supremas destinadas a pronunciar veredictos sem apelação sobre os objetivos dignos de perseguição.” 
“Tudo, por assim dizer, corre agora por conta do indivíduo. Cabe ao indivíduo descobrir o que é capaz de fazer, esticar essa capacidade ao máximo e escolher os fins a que essa capacidade poderia servir – isto é, com a máxima satisfação possível.” 
Dos líderes para os referenciais
“O capitalismo leve, amigável com o consumidor, não aboliu as autoridades que ditam leis, nem as tornou indispensáveis. Apenas deu lugar e permitiu que coexistissem autoridades em número tão grande que nenhuma poderia se manter por muito tempo e menos ainda atingir a posição de exclusividade.”
“A maior utilidade das pessoas que alegam ‘estar por dentro’ é mostrar como manejar as ferramentas e fazer o esforço.”
A atividade de comprar
O querer substituiu o desejo como força motivadora do consumo.
Querer: estimulante mais poderoso e mais versátil que o desejo para manter a demanda do consumidor no nível da oferta. 
A compra é casual, inesperada e espontânea. Ela tem uma qualidade de sonho tanto ao expressar quanto ao realizar um querer, que, como todos os quereres, é insincero e infantil. 
O corpo do consumidor
Vida organizada em torno da produção: normativamente regulada. 
Vida organizada em torno do consumo: orientada pela sedução, por desejos crescentes e quereres voláteis – não mais por regulação normativa. 
“Se a sociedade dos produtores coloca a saúde como o padrão que seus membros devem atingir, a sociedade dos consumidores acena aos seus com o ideal da aptidão (fitness).” 
Matéria sobre a revista Shape (publicada no portal UOL)
Carol Castro é capa da revista Shape, deste mês de junho. No ar em Morde & Assopra, como a romântica Natália, ela revelou que não se preocupa em ser sensual, mas não se descuida da boa forma, é claro.
“Procuro cuidar da minha alimentação, dormir bem, praticar atividade física e beber muita água”, disse a atriz para a publicação.
Ela também contou que não mudaria nada em seu corpo e que não acha bonito mulher magra demais ou com os músculos muito definidos: “Não acho feminino. Prefiro o meio termo, pois quando estou muito magra, o colo fica só o osso e não acho bonito e saudável”.
Livre para comprar – ou assim parece
“A obediência aos padrões tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção – e aparece sob o disfarce do livre-arbítrio, em vez de revelar-se como força externa.” 
Dependência universal das compras: condição de toda liberdade individual; acima de tudo da liberdade de ser diferente, de ter “identidade”. 
A liberdade fundada na escolha de consumidor não funciona sem dispositivos e substâncias disponíveis no mercado. 
Os membros da sociedade buscam desesperadamente sua individualidade, ser um indivíduo. Isto é, ser diferente a todos os demais. Entretanto, se na sociedade ser um indivíduo é uma obrigação, os membros da dita sociedade são qualquer coisa menos indivíduos, distintos ou únicos. Ser um indivíduo, então, significa ser idêntico aos demais. E se a individualidade pretende ser o traço que nos faz autônomos, livre, parece que nos permite diferenciarmo-nos, a menos que assumamos as terríveis conseqüências de não pertencer à sociedade individualizada.
Os marginalizados do progresso econômico são a escoria, os humilhados, aqueles que não estão em condições de escolher, relegados à condição de resíduos humanos. Se se pedisse a essas pessoas que relatassem os progressos de sua individualização ou que refletissem sobre ela ao modo do dever ou tarefa, provavelmente tomariam essa petição com uma piada de mau gosto. Se tentassem compreender o que significa o estranho conceito individualidade, dificilmente poderiam inscrevê-lo a nada em sua experiência de vida que não fosse a agonia da solidão, o abandono, a ausência de um lar, a hostilidade dos vizinhos, o desaparecimento dos amigos nos quais se pode confiar e com a ajuda se pode contar, e a proibição de entrada em lugares que a outros seres humanos lhes é permitidos recorrer, admirar e desfrutar à vontade. 
Separados, compramos
“A tarefa de auto-identiicação tem efeitos colaterais altamente destrutivos; torna-se foco de conflitos e dispara energias mutuamente incompatíveis. Como a tarefa compartilhada por todos tem que ser realizada por cada um sob condições inteiramente diferentes, divide as situações humanas e induz à competição mais ríspida, em vez de unificar uma condição humana inclinada a gerar cooperação e solidariedade.”

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