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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS OPERAÇÕES UNITÁRIAS: FUNCIONAMENTO DO TROCADOR DE CALOR A PLACAS OU PHE ALUNA: MARIA CECÍLIA LELIS MATRÍCULA: 21453101 MANAUS 2015 Figura 2 Partes principais do trocador de calor O trocador de calor a placas ou PHE (plate heat exchange) são normalmente usados para representar o tipo mais comum de trocador a placas: o trocador de calor a placas com gaxetas. Também existem outros, porém, menos comuns, como o espiral ou de lamela. Em todos eles, os fluidos escoam por canais estreitos e trocam calor através de chapas metálicas finas. Por serem fáceis de limpar, desmontar e inspecionar, os PHE começaram a ser introduzidos nas indústrias alimentícia e farmacêutica. Atualmente, são amplamente empregados em processos de trocas térmicas entre líquidos com pressões e temperaturas moderadas quando se deseja alta eficiência térmica. Os PHEs são formados por um pacote de finas placas metálicas prensadas em um pedestal, que possui uma placa fixa, uma placa de aperto móvel, barramentos superior e inferior e parafusos de aperto. As placas fixas e de aperto possuem bocais para conexão das tubulações de alimentação e de coleta de fluidos. As placas do PHE possuem orifícios nos cantos para a passagem dos fluidos e são seladas nas extremidades por gaxetas (também chamadas de juntas) de material elastomérico. Quando as placas são alinhadas e prensadas no pedestal, forma-se entre elas uma série de canais paralelos de escoamento. A parte central da placa é ondulada para aumentar a turbulência do escoamento dentro destes canais e também Figura 1 Diferentes modelos de gaxetas. para aumentar a resistência mecânica do pacote de placas, que pode ter de 3 a 700 placas dependendo da capacidade do pedestal. Existe uma grande variedade de tamanhos e desenhos de placas. A área de troca térmica por placa varia de 0,03 a 3,6 m2 e a espessura da chapa é de cerca de 1 mm. Os tipos mais comuns de corrugações são a chevron (ou “espinha de peixe”) e a washboard (ou “tábua de lavar”). O ângulo de inclinação das ranhuras chevron é um parâmetro muito importante para o dimensionamento do PHE pois ele tem forte influência sobre os coeficientes de troca térmica e sobre a perda de carga dos fluidos. O pedestal do PHE é normalmente construído em aço carbono com pintura anticorrosiva. Já as placas são feitas de algum metal dúctil que possa ser laminado e prensado e que também seja resistente à corrosão. Para a maior parte das aplicações usa-se o aço inoxidável AISI-316, mas outros materiais mais nobres podem ser utilizados como o titânio ou ligas de cobre e níquel, dependendo das condições de processo. As gaxetas são fabricadas com elastômeros, em especial as borrachas butílicas e nitrílicas. Outros materiais, como o amianto, podem ser usados quando se deseja trabalhar com temperaturas superiores a 150 oC. O espaço compreendido entre duas placas é um canal de escoamento, que pode ter uma espessura de 1,5 a 5 mm. O fluido entra e sai dos canais através dos orifícios nas placas e o seu caminho por dentro do PHE é definido pelo desenho das gaxetas, pelos orifícios abertos e fechados das placas e pela localização das conexões de alimentação. A configuração do PHE define as trajetórias dos fluidos quente e frio dentro do trocador e existe um grande número de possibilidades de configuração. A distribuição do fluxo pelos canais do PHE é feita na forma de “passes”, compostos por um certo número de “passagens”. Cada vez que o fluxo muda de sentido, muda-se de passe. Figura 3 Variedades de tamanhos Os números de passes e de passagens definem o “arranjo de passes” do PHE. Os tipos de arranjos mais comuns são aqueles em paralelo onde os dois fluidos fazem apenas um passe (arranjo 1´n/1´m) e aqueles em série onde os fluxos não sofrem divisões, ou seja, cada passe tem apenas uma passagem (arranjo n´1/m´1). Quando um outro tipo de arranjo é necessário, procura-se configurá-lo para que o fluxo entre os canais vizinhos no PHE seja predominantemente contracorrente, o que maximiza a troca térmica. O arranjo paralelo tipo U é muito utilizado, pois todas as conexões de tubulação são feitas na placa fixa, deixando a placa de aperto livre para a desmontagem do trocador. Outra vantagem deste arranjo é que todos os canais estão em escoamento contracorrente com os canais vizinhos. Já em um arranjo multipasse assimétrico predomina o escoamento paralelo entre canais vizinhos. Arranjos assimétricos são usados somente nos casos em que exista uma grande diferença entre as capacidades térmicas dos fluidos quente e frio. Mesmo sendo um trocador versátil, compacto e de alta eficiência térmica, o PHE possui limitações de operação impostas pelo uso intensivo de gaxetas. As suas principais vantagens são: - Limpeza: como o PHE é desmontável, é possível limpar e inspecionar todas as partes em contato com os fluidos. No processamento de produtos alimentícios ou farmacêuticos esta característica é fundamental. - Flexibilidade: os PHEs são muito flexíveis; adicionando ou removendo placas eles podem ser redimensionados para novas condições de processo. A área de troca Figura 4 Configuração de um PHE Figura 5 Arranjo de passes térmica de um PHE pode variar entre 0,1 e 2500 m2 dependendo do tipo e do número de placas. - Economia: como os PHEs são compactos, podem ser usados materiais mais nobres na fabricação das placas, o que seria proibitivo em trocadores mais robustos como o casco-e-tubos. O espaço para instalação é também bastante reduzido para os PHEs. Um mesmo pedestal pode até acomodar mais de uma seção de troca térmica utilizando placas especiais chamadas “grades conectoras”, essenciais nos processos de pasteurização onde o fluido de processo é aquecido e depois resfriado no mesmo trocador. - Rendimento Térmico: os PHEs são trocadores de alta eficiência térmica, sendo possível obter diferenças de temperatura de até 1 oC entre os fluidos. - Turbulência: as placas corrugadas aumentam a turbulência do escoamento dentro dos canais. Desta forma, é possível obter o regime turbulento de escoamento com valores de número de Reynolds da ordem de 20 a 400 dependendo do tipo de placa (vale lembrar que o valor mínimo de Reynolds para escoamento turbulento em tubos lisos é 2.300). A turbulência também reduz a formação de incrustações pois mantém os sólidos em suspensão. Os fatores de incrustação (fouling factors) para os PHEs são aproximadamente dez vezes menores daqueles adotados para os trocadores casco-e-tubos. - Vazamentos nas gaxetas: as gaxetas possuem respiros que impedem que os fluidos se misturem no caso de alguma falha, o que também facilita a localização de vazamentos. E as principais desvantagens: - Pressão: pressões superiores a 1,5 MPa não são toleradas, pois ocasionam vazamentos nas gaxetas. Existe a possibilidade de soldar as placas umas às outras para operar sob altas pressões, como nos trocadores a placas brazados, mas o PHE perde a sua flexibilidade e não pode mais ser limpo internamente. - Temperatura: para que o PHE possa trabalhar acima de 150 oC é necessário o uso de gaxetas especiais, pois as de material elastomérico não suportam tal condição. - Perda de Carga: devido às placas corrugadas e ao pequeno espaço de escoamento entre elas, a perda de carga por atrito é alta, o que eleva os custos de bombeamento. Para diminuir a perda de carga pode-se aumentar o númerode passagens por passe para que o fluxo seja dividido em um número maior de canais. Desta forma a velocidade de escoamento dentro dos canais será menor, reduzindo o fator de atrito. Todavia, isto também reduzirá o coeficiente convectivo de troca térmica e a eficiência do trocador. - Mudança de Fase: em casos especiais os PHEs podem ser usados em operações de condensação ou de evaporação, mas eles não são recomendados para gases e vapores devido ao espaço reduzido dentro dos canais e às limitações de pressão. - Fluidos: o processamento de fluidos de alta viscosidade ou contendo materiais fibrosos não é recomendado por causa da alta perda de carga e de problemas de distribuições de fluxo dentro do PHE. Deve-se verificar ainda a compatibilidade entre os fluidos e o material de fabricação das gaxetas. - Vazamentos nas placas: a fricção entre placas pode desgastar o metal e formar pequenos furos de difícil localização. Como precaução, é aconselhável pressurizar o fluido de processo para que, no caso de vazamento na placa, o fluido de utilidade não o contamine. - Dimensionamento: os métodos rigorosos de dimensionamento dos PHEs ainda são propriedade dos fabricantes e são específicos aos modelos comercializados. Em contrapartida, métodos genéricos de dimensionamento para trocadores casco-e-tubos ou duplo-tubo encontram-se disponíveis na literatura aberta. Recentemente os presentes autores apresentaram uma metodologia para a seleção da configuração ótima no projeto de PHEs. De forma geral, os PHEs são utilizados em operações de resfriamento, aquecimento ou de recuperação de calor entre líquidos com temperaturas inferiores a 150oC e pressões não maiores que 1,5 MPa. Eles são extensivamente usados no processamento de produtos alimentícios como laticínios, sucos e cervejas e também na indústria farmacêutica para esterilização de meios de cultura. A facilidade de limpeza interna e de controle da temperatura dos PHEs são fundamentais para estes processos industriais. Uma das aplicações mais importantes dos PHEs é na pasteurização do leite. Neste processo o PHE é dividido em três seções de troca térmica, uma para aquecimento do leite cru até a temperatura de pasteurização, outra para resfriamento do leite pasteurizado até a temperatura de embalagem e uma seção para recuperação de calor. Nesta última seção, designada “regeneração”, o leite cru é pré-aquecido usando o leite quente pasteurizado e a recuperação de calor pode ser superior a 90%. Outra importante aplicação dos PHEs é no sistema central de resfriamento de plantas petroquímicas, metalúrgicas, de papel e celulose ou de geração de energia. Usando água do mar, de rios ou de uma torre de resfriamento, o PHE resfria um circuito fechado de água tratada que atende o processo. Desta forma, os problemas Figura 6 Processo de pasteurização indicando as seções do PHE de corrosão e de incrustação nos equipamentos do processo são transferidos para o PHE, que pode ser fabricado em titânio para operação com água do mar. Bibliografia http://www.hottopos.com/regeq11/gut.htm http://www.phe.com.br http://www.polarisphe.com BLACKADDER; NEDDERMAN. Manual de Operações Unitárias. Hemus, Brasil, 2004. ÇENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J. Transferência de Calor e Massa: uma abordagem prática. 4ª ed. AMGH editora. Porto Alegre, RS. 2012. GAVA, A.J.; SILVA, C.A.B.; FRIAS, J.R.G. Tecnologia de Alimentos. NBL editora, 2009.
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