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Tecnologia dos Materiais I Material de Apoio Curso: Engenharia Mecânica Lorena Bertranda APOSTILA 2° BIMESTRE 1 Sumário 1. DIFUSÃO .......................................................................................................................2 1.1 DIFUSÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO ................................................................4 1.2 DIFUSÃO EM ESTADO NÃO-ESTACIONÁRIO .......................................................6 Fatores que influenciam a Difusão .................................................................................8 2. TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS .......................................................................... 10 2.1-CEMENTAÇÃO ...................................................................................................... 10 2.2 NITRETAÇÃO ........................................................................................................ 14 2.3 CARBONITRETAÇÃO. ........................................................................................... 16 2.4 CIANETAÇÃO. ....................................................................................................... 17 2.5 BORETAÇÃO ......................................................................................................... 17 3. PRODUÇÃO DO AÇO ................................................................................................. 18 3.1 CLASSIFICAÇÕES ................................................................................................ 18 3.2 ETAPAS DE PRODUÇÃO ...................................................................................... 19 4. CLASSIFICAÇÃO DO AÇO ......................................................................................... 21 4.1 TIPOS DE AÇOS ................................................................................................... 24 5 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA .................................................................. 25 2 1. DIFUSÃO Muitas reações e processos que são importantes no tratamento de materiais dependem da transferência de massa, seja no interior de um sólido específico (geralmente em um nível microscópico) ou a partir de um líquido, de um gás ou de uma outra fase sólida. Isso é realizado obrigatoriamente através da difusão, que é o fenômeno de transporte de material através do movimento dos átomos. Logo a difusão é o fenômeno de transporte de material através do movimento dos átomos. Esta associada ao transporte de massa que ocorre em um sistema quando nele existe um gradiente de concentração química. São exemplos de difusão: Difusão em líquido: uma cota de tinta se diluindo na água; Difusão em gás: odor de um perfume que se espalha pela sala; Difusão em sólido: Interior de sólidos. É de grande importância para a fabricação de componentes ou estruturas de engenharia. Atenção especial para a difusão nos metais. Na área da metalurgia os materiais são submetidos a tratamentos térmicos para aprimorar as suas propriedades. Os fenômenos que ocorrem durante a o tratamento térmico quase sempre envolvem a difusão atômica, conforme mostrado na figura a seguir: 3 Há dois modos principais da difusão: Interdifusão: Átomos de um metal se difunde para o interior de outro metal; Autodifusão: Átomos de um mesmo metal mudam de posição Figura 1: Esquematização do mecanismo de difusão 4 1.1 DIFUSÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO A difusão é um processo dependente do tempo a necessidade de conhecer a taxa de transferência de massa, expressa como um fluxo de massa (J); Fluxo de difusão é definido como sendo a massa (M), que está em difusão através e perpendicularmente a uma área unitária da seção reta do sólido por unidade de tempo. A figura a seguir demonstra este tipo de difusão: Figura 2: difusão em estado estacionário Onde: A é a área onde ocorre a difusão; t é o tempo de difusão ocorrido.Unidade: (kg/m2-s ou átomos/m2-s) Se o fluxo não variar ao longo do tempo, existe uma condição de estado estacionário. Figura 3: Relação entre o gradiente de concentração e perfil de concentração na difusão em estado estacionário 5 Quando a concentração C é plotada em função da posição ou distância no interior do sólido (x) a curva resultante é conhecida por perfil de concentração. A inclinação, ou coeficiente angular, em um ponto particular sobre esta curva é o gradiente de concentração. Em algumas vezes torna-se conveniente expressar a concentração em termos de massa do componente em difusão por unidade de volume do sólido (kg/m3 ou g/cm3). A difusão em estado estacionário ao longo de uma única direção (x) é dada pela figura abaixo: Figura 4: 1ª Lei de Fick 6 1.2 DIFUSÃO EM ESTADO NÃO-ESTACIONÁRIO A difusão geralmente ocorre em estado transiente, ou seja, o fluxo de difusão e o gradiente de concentração em um ponto específico no interior de um sólido variam ao longo do tempo, até que resulte no acumulo ou esgotamento líquido do componente em difusão. Para a difusão em estado não estacionário a equação é dada por: Figura 5: 2ª Lei de Fick Hipóteses para a difusão: Antes da difusão , todos os átomos de soluto em difusão que estejam presentes no sólido estão ali distribuídos uniformemente , mantendo uma concentração C0; O valor de x na superfície é zero e aumenta com a distancia para dentro do sólido; O tempo zero é tomado como sendo o instante imediatamente anterior ao início do processo de difusão. Essas condições de contorno são representadas pela expressões: Para t = 0, C = C0 em 0 ≤ x ≥ ∞; Para t > 0, C = Cs (a concentração superficial constante) em x = 0; C = C 0 em x = ∞. A equação demonstra a relação que existe entre a concentração, a posição e o tempo, desde que se conheça C0, Cs e D. Figura 61: Condições de contorno e perfil de concentração 7 A tabela da figura abaixo mostra os valores de tabulação da função erro importantes para a realização dos cálculos deste tipo de difusão: Figura 7: Tabulação dos valores da função erro. 8 Fatores que influenciam a Difusão ESPÉCIES DIFUSIVAS: A magnitude do coeficiente de difusão D é um indicativo da taxa segundo a qual os átomos se difundem; O coeficiente de difusão variam de acordo com o tipo de difusão (autodifusão ou interdifusão); O coeficiente de difusão é influenciado pela espécie difusiva bem como o material hospedeiro; Existe um contraste entre a difusão por lacunas e intersticial; A autodifusão ocorre mediante um mecanismo de lacunas enquanto a difusão do carbono no ferro é intersticial A tabela da figura abaixo mostra vários exemplos de espécies difusivas e seus respectivos valores relacionados à difusão. Figura 8: Espécies difusivas e dados 9 TEMPERATURA: Apresenta uma influência das mais profundas sobre os coeficientes e taxas de difusão; A dependência dos coeficientes de difusão em relação à temperatura se dá de acordo com a expressão da figura abaixo: Figura 9: Dependência da difusão de acordo com a temperatura A energia de ativação pode ser considerada como a energia necessária para produzir o movimento difusivo de um mol de átomos. 10 2. TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS Os processos de endurecimento superficial são processos que visam a obtenção de peças de aço dotadas de uma fina camada superficial de elevada dureza, mantendoao mesmo tempo um núcleo com dureza relativamente baixa. Como conseqüência, teremos uma camada superficial com alta resistência ao desgaste, alta resistência a esforços de compressão e alta resistência à fadiga. Em contrapartida, pelo fato de termos um núcleo de dureza baixa, teremos uma peça com boa tenacidade. Os processos de endurecimento superficial podem ser divididos em duas categorias distintas: aqueles que envolvem alteração da composição química da camada superficial (cementação e nitretação) e aqueles que envolvem o rápido aquecimento e a têmperaposterior desta mesma camada (têmpera por chama, têmpera por indução). 2.1-CEMENTAÇÃO O processo de endurecimento superficial de cementação é o processo mais utilizado atualmente e tem permanecido praticamente inalterado ao longo do tempo. Este processo é geralmente utilizado por exemplo na produção de pistas e roletes de rolamento, engrenagens, buchas e juntas homocinéticas utilizadas para transmitir o torque motor para as rodas dos veículos. O método consiste essencialmente no aquecimento da peça situada em um meio rico em carbono (carvão, ou monóxido de carbono, ou banhos de cianetos), fazendo com que o carbono difunda para o interior aumentando o teor de carbono da camada superficial. A principal reação, que ocorre entre o carbono e o ferro, e que é a responsável pela difusão do carbono para o interior da peça, pode ser representada da seguinte maneira: 3Fe +C Fe3C Na realidade, o agente carbonetante é o gás CO, pois às temperaturas de processo ocorrem as seguintes reações :C + O2 CO2; CO2 + C 2CO ; 3Fe + 2CO Fe3C + CO2 Após a difusão do carbono é feita uma têmpera seguida de revenido para que se produza a máxima dureza. Como o processo envolve a difusão do carbono, é necessário que se dê o tempo necessário para que isto ocorra. Tempos crescentes propiciam maiores espessuras das 11 camadas cementadas. Como conseqüência, teremos um perfil de dureza associado ao perfil de concentração de carbono. Os aços comumente utilizados possuem 0,10 a 0,25 % C e a temperatura varia entre 900 e 950°C embora possam ser utilizadas temperaturas na faixa de 850 a1000°C. A máxima dureza atingida depois da têmpera nos aços ao carbono ocorre para um teor de carbono de 0,8 %. Para teores superiores a este a dureza cai devido à retenção de austenita. Este percentual pode variar para aços que tenham maior tendência à retenção de austenita, como acontece com os aços contendo níquel. Como resultado da retenção da austenita em que se tem uma dureza mais baixa na superfície da peça. Principais variáveis do processo O processo de cementação, conforme já foi comentado acima, depende de vários fatores que exercem influência tanto na espessura da camada cementada como na profundidade do endurecimento. Abaixo descrevemos resumidamente estes fatores e como eles influenciam o processo. Efeito da temperatura A velocidade de difusão do carbono no aço está estreitamente ligada à temperatura, neste caso que quanto maior a temperatura,menor o tempo que a peça terá que permanecer no forno. Estes dados referem-se ao aço no estado austenítico, e só poderia ser assim, já que somente no estado austenítico teremos solubilidade do carbono suficiente para se chegar aos percentuais utilizados na camada superficial de peças cementadas. Neste caso, o limite inferior de temperatura para o processo está condicionado à austenitização do aço e o limite superior está condicionado ao crescimento do grão. Se por um lado temos um aumento significativo da velocidade de difusão com o aumento da temperatura, por outro temos o crescimento do grão da austenita à medida em que usamos temperaturas mais altas. Como quanto maior o tamanho de grão menor é a tenacidade do material, este efeito se torna indesejado. Assim, temos dois compromissos que são antagônicos: ao aumentarmos a temperatura aumentamos a velocidade de difusão, mas também aumentamos o tamanho de grão. Isto faz com que tenhamos sempre que considerar estes dois fatores ao escolhermos a temperatura de cementação. Para peças menos solicitadas e de menor responsabilidade podemos utilizar temperaturas mais altas; entretanto, para peças mais solicitadas devemos utilizar temperaturas mais baixas, a menos que se faça um tratamento térmico posterior para corrigir este problema. 12 A difusão do carbono também é influenciada pelo tempo em que a peça fica na temperatura de tratamento. A profundidade da camada cementada é dependente da equação relacionada a difusão. Processos de cementação: Cementação em caixa A cementação em caixa ou também chamada cementação por via sólida é o processo de cementação mais antigo. Ele tem sido utilizado até nossos dias por que é um método de fácil execução, não necessitando de equipamento sofisticado. Apresenta outras vantagens como economia para pequenos lotes de peças e menor empenamento. Entre suas desvantagens podem ser citadas que não é um processo limpo, é difícil controlar a espessura da camada cementada e o potencial de carbono do meio, não permite a têmpera direta (pois as peças resfriam antes de ser retiradas da caixa de cementação), e precisa de tempos maiores de processo. Neste processo são utilizados como fonte de carbono materiais sólidos à temperatura ambiente, embora todas as reações que ocorrem durante a cementação sejam gasosas. Para a execução do processo as peças são colocadas em uma caixa e envoltas pela mistura cementante, que normalmente é composta de uma fonte de carbono (carvão vegetal, coque ou osso)e de um ativador (carbonato de bário ou carbonato de sódio). A caixa deve ser fechada o melhor possível, podendo-se para isto usar argila ou barro refratário, para que haja o mínimo escapamento possível dos gases gerados no interior da caixa. A quantidade de ativador pode ser variada e sua quantidade não parece ter uma importância muito grande desde que se situe em uma faixa de 5 a 20 % em peso da mistura. Cementação por via gasosa A cementação por via gasosa é um processo que se popularizou nas últimas décadas devido à evolução dos fornos de tratamento e dos métodos de análise química. Ela é mais rápida que a cementação em caixa e permite controlar a camada cementada e o potencial de carbono do meio, bem como facilita a têmpera direta após cementação. Neste processo são utilizados gases como fonte de carbono, que podem ser gás natural ou gases manufaturados, tais como o monóxido de carbono e o metano. A maioria dos gases carburizantes são inflamáveis, sendo necessário um controle da atmosfera do 13 forno evitando contato com o ar (oxigênio) numa temperatura de 950ºC, aproximadamente. Cementação por via líquida A cementação por via líquida ou em banho de sais fundidos é um processo em que se tem um banho formado por diversos componentes que passam para o estado líquido após uma determinada temperatura. Este processo é ainda hoje bastante utilizado porque é rápido e permite bom controle da camada cementada, embora haja uma série de restrições de ordem ambiental para a sua utilização. Os componentes do banho mais comuns são: cianeto de sódio ou cianeto de potássio, cloreto de bário, cloreto de potássio ou cloreto de sódio, carbonato de sódio ou carbonato de bário. -Tratamentos térmicos de peças cementadas. Após a difusão do carbono na peça é necessário que se faça uma têmpera para que possa ser atingida a máxima dureza possível em função do teor de carbono superficial. A maneira como será executada a têmpera depende das propriedades e do uso que será feito da peça. Sempre que fazemos a difusão do carbono,temos crescimento de grão pela alta temperatura que é utilizada e pelo longo tempo de tratamento. Isto pode fazer com que a peça fique com baixa tenacidade. Nestes casos deve ser feito um tratamento para refino de grão. Outro caso é aquele em que temos que fazer acabamento da peça por usinagem, eo material deve ter dureza baixa. Para corrigir estas situações o tratamento deve ser feito em uma ou mais etapas, de tal sorte que tenhamos um refino de grão ou uma peça inicialmente de dureza baixa Assim sendo os tratamentos utilizados podem ser os seguintes: -têmpera direta da temperatura de cementação. Tem o inconveniente de não refinar o grão - Resfriamento lento seguido de têmpera. Neste caso teremos inicialmente uma peça com dureza baixa que permite a usinagem, seguindo-se a têmpera sem refino de grão. Como existe uma variação no teor de carbono entre a superfície e o centro da peça, podemos escolher como temperatura de têmpera uma temperatura logo acima da eutetóide (em que teremos austenitização completa da camada superficial e 14 austenitização incompleta do núcleo) ou uma temperatura mais alta (em que teremos austenitização completa do núcleo). - Têmpera direta seguida de austenitização a uma temperatura mais baixa e têmpera posterior. Permite o refino de grão que irá ocorrer durante o aquecimento, durante a austenitização do material. A temperatura de austenitização utilizada pode ser aquela emquesomente uma parte da camada cementada fique austenitizada (temperaturas próximas da temperatura eutetóide), ou temperaturas mais altas em que o núcleo da peça também é austenitizado. Neste último caso pode haver um pequeno crescimento de grão da camada cementada. Após a têmpera pode ser feito um revenido em uma temperatura na faixa de 150° a 220° C. 2.2 NITRETAÇÃO O processo de nitretação é um processo que, como a cementação, altera a composição de uma camada superficial do aço. Entretanto, ao contrário da cementação, a camada nitretada não necessita ser temperada, tendo em vista que os nitretos que se formam já possuem dureza elevada (em alguns casos mais duras que os aços-ferramenta e aços carbonetados). Isto faz com que não haja o inconveniente do empenamento. Além disso, a nitretação é feita na faixa de temperatura subcrítica entre 500 e 600°C, que diminui a possibilidade empenamentos por transformação de fase. Entre as vantagens da nitretação podemos citar as seguintes: -alta dureza com alta resistência ao desgaste -alta resistência à fadiga e baixa sensibilidade ao entalhe -melhor resistência à corrosão -alta estabilidade dimensional -a atmosfera de nitrogênio previne a formação de carepas e a descoloração Em princípio qualquer aço pode ser nitretado, entretanto, a composição poderá fazer variar a dureza final da camada nitretada, como é o caso de aços que possuem alumínio, cromo, vanádio e molibdênio que apresentam uma dureza final maior. Nos aços não ligados forma-se preferentemente o nitreto cuja fórmula é Fe4N. Nos aços ligados ocorre 15 a formação de nitretos complexos dos elementos de liga que aumentam a dureza da camada nitretada. A camada nitretada tem menor espessura do que a cementada, raramente ultrapassando 0,8 mm, caso contrário os tempos seriam muito grandes o que torna o método anti-econômico. Métodos de nitretação Nitretação a gás Neste processo é utilizada amônia que é injetada no forno aquecido geralmente a 510°C (pode variar entre 500 e 570 °C), procurando boa circulação do gás. Uma vez que a nitretação não envolve uma finalização por têmpera, as peças podem ser resfriadas dentro do forno. A profundidade da camada endurecida obtida na nitretação é uma função do aço, do potencial de nitrogênio da atmosfera, e do tempo e da temperatura do tratamento. As superfícies nitretadas têm algumas diferenças específicas, características da camada formada, em relação aos outros tratamentos superficiais. A região nitretada apresenta uma fina camada branca (de 25 microns aproximadamente) que é frágil, mole e resistente à corrosão; abaixo dela uma camada obscura de alta dureza (de até 0,8 mm, formada por nitretos de ferro e elementos de liga), e mais internamente e uma zona de difusão que apresenta uma variação decrescente de dureza. A camada branca prejudica as propriedades de fadiga da peça, e é normalmente removida das peças sujeitas a serviços severos. O sucesso da nitretação está diretamente relacionado com a seleção do aço. A difusão do nitrogênio e a formação de nitretos duros são aumentadas pela presença de elementos como: alumínio, cromo, molibdênio, vanádio e tungstênio. Portanto, aços comuns e aços que não apresentem quantidades significantes destes não são favoráveis a nitretação gasosa. É necessário que se tenha em mente que a nitretação é um processo que envolve o crescimento dimensional da superfície tratada. A formação do nitreto duro no aço pode aumentar de 0.1 a 0.5 mm a dimensão na superfícieda peça. 16 -Nitretação por via líquida A nitretação por via líquida é o processo em temos um banho semelhante ao utilizado na cementação líquida. Neste banho teremos, então, cianeto de sódio ou potássio, carbonato de sódio ou de potássio e cloreto de potássio ou de sódio. Este banho contém entre 30 e 40% de cianeto. Normalmente a temperatura utilizada situa-se entre 550° e 570° C. Nesta faixa de temperatura não ocorre a reação de cementação e, portanto, teremos apenas a adição de nitrogênio ao aço. Os tempos de nitretação são curtos, geralmente entre 1 e 4 horas. 2.3 CARBONITRETAÇÃO. A carbonitretação, conforme o nome sugere, é um processo de endurecimento superficial que envolve tanto a difusão do nitrogênio quanto a do carbono, na superfície do aço. O processo é desenvolvido num forno com atmosfera gasosa usando uma mistura de gás carbonetante (metano ou propano) com amônia. O gás orgânico serve como fonte de carbono e a amônia como fonte de nitrogênio. A carbonitretação é realizada por mais ou menos 4 horas, em temperaturas acima da temperatura de transformação do aço (760 a 900 ºC) devido à necessidade de têmpera, tendo em vista o aspecto da carbonetação, uma vez que, quanto à nitretação, esta exige temperaturas mais baixas bem como ciclos mais rápidos. A camada endurecida obtida na carbonitretação é similar aquela obtida no processo de carbonetação simples (60 a 65 HRC) diferindo apenas quanto ao aspecto da profundidade que é aumentada para uma faixa de 0.7 até 7 mm.A camada consiste de nitretos duros bem como de martensita dura, onde os aços mais usados são os aços comuns de baixo carbono e os aços de baixa liga. As variações dimensionais que ocorrem neste processo são comparáveis àquelas que deveriam ocorrer na carbonetação, que em geral não acontece para peças de alto índice de precisão, devido estarem sujeitas a um menor índice de distorções (meio de tempera menos drástico). 17 2.4 CIANETAÇÃO. Similarmente a carbonitretação, a cianetação envolve a difusão tanto do carbono quanto do nitrogênio na superfície do aço a ser tratado, no qual a fonte dos elementos de difusão é um banho de cianeto de sódio fundido (NaCN). Este é um tratamento supercrítico que envolve temperaturas na faixa de 760º a 900 ºC, e um tratamento de têmpera - em óleo ou em água - no sentido de se atingir alta dureza superficial. Normalmente apenas os aços de baixo carbono são cianetados, e a profundidade da camada endurecida é menor que 0.25 mm. No entanto,estas camadas podem chegar até 0.75 mm. O tempo de difusão para este tratamento está em torno de 1 hora, que éconsideravelmente menor do que o necessário para carbonitretação. Estes tempos podem ser tão curtos quanto 15 minutos, o que torna estes tratamentos muito populares para elementos de máquinas submetidos a carregamentos moderados. Esta técnica permite o endurecimento superficial em equipamentos de baixo custo, não é usada em larga escala e ainda a camada formada é muito fina e sujeita a distorções. Por isso, em projetos de engenharia, ela deve ser descartada a menos que os requisitos de produção a tornem mais economicamente atrativa, pois a nitretação apresenta distorções menores e a carbonetação melhores profundidades 2.5 BORETAÇÃO Boretação é um processo termoquímico de tratamento de superfícies onde ocorre a difusão de átomos de boro para dentro da superfície formando um complexo de boretos (Fe2B ). O boro preenche os espaços no substrato criando uma totalmente nova liga de boro e ferro. Por se tratar de um verdadeiro processo de difusão não há interferência mecânica entre a liga e o substrato. A camada boretada é extremamente dura, apresentando, também, uma grande resistência à corrosão. Os agentes boretantes estão disponíveis na forma de pós ou pastas, em granulometrias que variam de <150μm até grãos >2000μm e sua escolha vai em função do substrato metálico que receberá a boretação, aplicação da peça a ser boretada e o acabamento final que se deseja. 18 3. PRODUÇÃO DO AÇO PRODUÇÃO DO AÇO O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado alto forno. No processo de redução, o ferro se liquefaz e é chamado de ferro gusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas como calcário, sílica etc. formam a escória, que é matéria- prima para a fabricação de cimento. A etapa seguinte do processo é o refino. O ferro gusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigênio ou elétricos.1 Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc. Com a evolução da tecnologia, as fases de. redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção 3.1 CLASSIFICAÇÕES As usinas de aço do mundo inteiro classificam-se segundo o seu processo produtivo: Integradas –que operam as três fases básicas: redução, refino e laminação; participam de todo o processo produtivo e produzem aço. Semi-integradas - que operam duas fases: refino e laminação. Estas usinas partem de ferro gusa, ferro esponja ou sucata metálica adquiridas de terceiros para transformá-los em aço em aciarias elétricas e sua posterior laminação. Além disso, em função dos produtos que preponderam em suas linhas de produção, as usinas também podem ser assim classificadas: 19 De semi-acabados (placas, blocos e tarugos) De planos aços carbono (chapas e bobinas) De planos aços especiais / ligados (chapas e bobinas) De longos aços carbono (barras, perfis, fio máquina, vergalhões, arames e tubos sem costura) De longos aços especiais / ligados (barras, fio-máquina, arames e tubos sem costura) 3.2 ETAPAS DE PRODUÇÃO O aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão e cal. A fabricação do aço pode ser dividida em quatro etapas: preparação da carga, redução, refino e laminação. 1. Preparação da carga Grande parte do minério de ferro (finos) é aglomerada utilizando-se cal e finos de coque. O produto resultante é chamado de sinter. O carvão é processado na coqueria e transforma-se em coque. 2. Redução Essas matérias-primas, agora preparadas, são carregadas no alto forno. Oxigênio aquecido a uma temperatura de 1000ºC é soprado pela parte de baixo do alto forno. O carvão, em contato com o oxigênio, produz calor que funde a carga metálica e dá início ao processo de redução do minério de ferro em um metal líquido: o ferro- gusa. O gusa é uma liga de ferro e carbono com um teor de carbono muito elevado. 3. Refino Aciarias a oxigênio ou elétricas são utilizadas para transformar o gusa líquido ou sólido e a sucata de ferro e aço em aço líquido. Nessa etapa parte do carbono contido no gusa é removido juntamente com impurezas. A maior parte do aço líquido é solidificada em equipamentos de lingotamento contínuo para produzir semi-acabados, lingotes e blocos. 20 4. Laminação Os semi-acabados, lingotes e blocos são processados por equipamentos chamados laminadores e transformados em uma grande variedade de produtos siderúrgicos, cuja nomenclatura depende de sua forma e/ou composição química. Figura 09: Fluxo de Produção do Aço. Fonte: Instituto Aço Brasil 21 4. CLASSIFICAÇÃO DO AÇO Normas da SAE, ABNT e AISI A SAE- Sociedade de Engenheiros de Automotores, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e a AISI - Instituto Americano de Ferro e Aço estabeleceram normas que indicam a composição e classificação dos aços. O sistema numérico das formas SAE compõe-se de 4 ou 5 algarismos que significam o seguinte: ▪ O 1º algarismo indica a classe do aço conforme o quadro abaixo. Veja. O 2°algarismo indica a porcentagem aproximada do elemento predominante na liga. Os últimos algarismos indicam a média do conteúdo de carbono com centésimos de porcentagem. 22 Exemplo 1: SAE 1055 ▪ Porcentagem de carbono = 0,55%; ▪ Como a numeração inicia-se com 10, trata-se de um aço comum, onde apenas carbono e ferro encontram-se presentes; ▪ Aço carbono. Exemplo 2: SAE 2345 ▪ Porcentagem de carbono = 0,45%; ▪ Elemento predominante: níquel = 3% (conforme quadro); ▪ Concluímos que se trata de aço níquel. Exemplo 3: SAE 3310 ▪ Porcentagem de carbono = 0,10%; ▪ Elemento predominante: níquel = 3%; ▪ Concluímos que se trata de aço níquel cromo. Exemplo 4: SAE 52100 ▪ Porcentagem de carbono = 1,00%; ▪ Elemento predominante: cromo = 2%; ▪ Concluímos que se trata de aço cromo. 23 24 4.1 TIPOS DE AÇOS Aço-carbono → liga ferro-carbono contendo até 2,11% de carbono, além de certos elementos residuais, resultantes processos de fabricação (Mn, Si, P e S). Contém em geral, basicamente, os seguintes elementos: Fe, C, Mn, Si, P e S; Aço-liga → aço-carbono que contém outros elementos de liga ou apresenta os elementos residuais em teores acima dos que são considerados normais. Contém em geral, basicamente, os seguintes elementos de liga: Al, Pb, Nb, Ta, B, H, Se, Cr, Mo, Ti, Cu, Ni, W, Co, N e V; Aço Inoxidáveis → aço-carbono que contém certos elementos de liga que os tornam resistentes a corrosão atmosférica e a ação de alguns meios gasosos ou líquidos. Contém em geral, basicamente, os seguintes elementos de liga: Cr, Ni, Si, Mo, Al, Nb, Ti, Ta e Cu; Aço Rápido → aço-carbono que contém elementos de liga que mantêm a dureza do aço elevada mesmo a altas temperaturas. Contém em geral, basicamente, os seguintes elementos deliga: W, Cr, Mo, Co e V. 25 5 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA
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