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Aula 02 Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas) Professor: Vinicius Silva Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 42 AULA 02: Representação pela expedição de mandado de busca domiciliar. SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 1 2. Aspectos teóricos acerca da busca domiciliar 2 3. Representação por Busca domiciliar 9 4. Modelo Representação por Busca domiciliar 15 5. Questão de prova 20 6. Questões propostas 28 7. Respostas das questões propostas na aula 01 29 1. Apresentação Olá futuro Delegado de Polícia, Espero que esteja gostando do nosso curso de Peças Práticas para Delegado de Polícia. Estou pesquisando muito, através de vários livros e doutrina especializada em atividade de polícia judiciária, a fim de poupar o seu trabalho, fazendo com que esse seja o seu material principal e que você não precise recorrer a outras obras. Na aula de hoje, vamos continuar estudando as medidas cautelares e a representação do delegado de polícia, o tema de hoje é a representação por expedição de mandado de busca domiciliar, nos termos do art. 240 e ss. do CPP. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 42 A matéria não possui regulamentação ordinária específica, encontrando-se o seu fundamento no próprio código de processo penal, a partir do art. 240. Estamos diante de mais uma medida cautelar típica do cotidiano da autoridade policial, a foto acima mostra uma operação policial de busca e apreensão em que podemos notar a mobilização de muitos agentes de polícia e de várias autoridades. É comum na atividade policial a busca domiciliar, é um meio de obtenção de prova que afeta diretamente um dos direitos fundamentais expostos na carta política, qual seja, a inviolabilidade domiciliar. No entanto, usando da ponderação, não podemos admitir que um direito fundamental seja utilizado para acobertar a prática criminosa em nosso país. O ordenamento jurídico brasileiro atua de forma uníssona, ele não é incoerente, tampouco conflitante. O que deve ser feito é um juízo de ponderação entre os direitos em questão. 2. Aspectos teóricos acerca da busca domiciliar Conceitualmente, há uma diferença muito grande entre a busca e a apreensão, ou seja, são institutos jurídicos previstos na esfera penal bem distintos. Professor, não entendi muito bem essa ponderação que deve ser feita, quais direitos estão em questão, no bojo da busca domiciliar? Aderbal, a CF/88 garante a inviolabilidade domiciliar, inclusive o Código Penal tipifica o crime de invasão de domicílio, no entanto, o agente delituoso não se pode valer dessa garantia para a prática de delitos. Caso isso fosse possível, estar-se-ia criando um estado de total instabilidade e insegurança. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 42 A busca é o meio pelo qual se objetiva apreender a coisa. Devemos entender, portanto, que não existe a necessidade dos dois institutos ocorrerem na mesma oportunidade. Pode haver busca sem apreensão e também pode haver apreensão sem que haja busca. Da mesma forma, em uma hipótese de uma busca domiciliar em que se procura uma arma de fogo utilizada em um crime de homicídio, se na casa em que for dada a busca não for encontrada a arma, estaremos diante de um caso clássico de busca sem apreensão. Portanto, tenha em mente uma coisa, o quadro abaixo resume bem essa história de busca e apreensão serem institutos jurídicos distintos. Professor, não entendi muito bem, dê exemplos dessas possibilidades de busca sem apreensão e apreensão sem busca, acabei ficando confuso. É simples Aderbal. Imagine a situação de uma prisão em flagrante delito em um delito de roubo tentado. Os objetos roubados serão apreendidos pela autoridade policial, sem que tenha havido busca. BUSCA Meio utilizado Apreensão Finalidade 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 42 Outro ponto teórico importante é que a busca domiciliar que estaremos aprendendo a representar por ela é uma medida sujeita à reserva de jurisdição, ou seja, trata-se de uma medida cautelar a ser determinada pelo juiz, inclusive por conta da salvaguarda constitucional a que está sujeito o domicílio. Assim, podemos afirmar que apenas a autoridade judiciária, ou seja, o juiz competente está apto a determinar a busca domiciliar. O citado inciso do art. 5°, da CF/88 é aquele famoso inciso que carrega em si a proteção ao direito fundamental da inviolabilidade domiciliar. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; O dispositivo constitucional acima visa proteger uma liberdade individual que é o direito à intimidade, à vida privada. Professor, existem casos em que a autoridade policial pode adentrar no domicílio de uma pessoa sem autorização judicial Claro que sim Aderbal, inclusive temos vários casos em que isso é possível, vamos fazer uma análise do art. 5°, XI, da CF/88. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 42 No entanto, já foi dito que esse direito, assim como qualquer outro não pode ser absoluto, sendo relativizado em algumas hipóteses, quais sejam as seguintes: 1. Quando o morador consentir, sem qualquer tipo de coação, no ingresso da autoridade ou de seus agentes. É obvio que se o morador consentir, não há óbice algum. No entanto, o morador não pode ser coagido a fazê-lo, tendo a necessidade de ser uma ação natural do particular. 2. Flagrante delito. Nesse caso, pode-se adentrar na casa, sem ter qualquer possiblidade de violação ao direito fundamental exposto no referido inciso, pois qualquer do povo está autorizado a fazer cessar a ação criminosa quando dela está ciente de que ocorre, ainda que seja no interior de uma casa habitada. 3. Desastre. A vida e a integridade física do indivíduo são dois direitos fundamentais, tão importantes que podem ser utilizados para a violação do domicílio, ou seja, em caso de desastre qualquer pessoa, notadamente os agentes públicos estão autorizados a penetrar no domicílio. 4. Prestar socorro. Caso semelhante ao caso 3, pois aqui se busca a proteção de um direito tão relevante quanto o da inviolabilidade domiciliar, que é a proteção da vida e da integridade física da vítima, que necessita de socorro imediato. 5. Finalmente chegamos ao caso da violabilidade domiciliar ante a presença de mandado judicial. Veja que se trata de uma hipótese em que só ocorre durante o dia. Não é possível, em regra o cumprimento de diligências de busca durante o período da noite. Portanto, mostramos 5 hipóteses em que a inviolabilidade domiciliar é relativizada. Veja que as previsões acima estão dentro domesmo dispositivo que garante o direito. Alguns pontos precisam ser esclarecidos, quais sejam: o que é considerado dia, para o cumprimento do mandado? O que é considerado casa, para efeitos penais? Vamos por partes. a) conceito de dia Aqui busquei o entendimento majoritário na doutrina e principalmente na jurisprudência do STF, a controvérsia é grande, alguns entendendo que o dia seria o período compreendido entre as 06:00 e as 18:00, por outro lado, 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 42 o ministro Celso de Mello, do STF, entende que dia seria o período compreendido entre o nascer e o pôr do sol. Respeitadas as divergências, tendo em vista que você irá prestar um concurso para Delegado de Polícia, devendo defender as atribuições da autoridade policial, ficamos com a posição de Capez, que assim como Celso de Mello, entende ser entre o nascer o pôr do sol o período chamado de dia. Outro conceito que precisa ser estabelecido para fins de concurso é o de casa. E��FRQFHLWR�GH�³FDVD´� Casa é um conceito bem amplo, e deve ser interpretado como qualquer compartimento habitado. Alguns pontos devem ser levados em consideração quando o assunto é ³FDVD´� 1. Automóvel: O automóvel, para fins de busca, pode ser considerado um caso de busca pessoal, ocasião em que não seria necessária a expedição de mandado para proceder à busca. No entanto, caso o automóvel seja utilizado como casa, por exemplo, no caso das pessoas que moram em trailers ou em boleias de caminhões, como caminhoneiros, a situação nessas hipóteses é diferente, sendo o automóvel inserido no conceito de casa, gozando da proteção constitucional. 2. Hotel/Motel Em locais de habitação coletiva, apenas a parte habitada goza da proteção constitucional, ou seja, se o quarto de hotel ou motel estiver desabitado ou no caso do hall de entrada do estabelecimento, não caberá invocar a inviolabilidade. Em suma, aquilo que estiver aberto ao público não goza da proteção. Como os quartos desabitados e a parte comum está aberta ao público, não faz sentido mencionar a proteção domiciliar nesses casos. 3. Escritórios/Consultórios No caso de escritórios de advocacia e consultórios médicos, odontológicos etc., eles gozam da proteção constitucional, uma vez que são tidos pela jurisprudência e doutrina como casa. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 42 Ou seja, locais em que se desenvolve atividade profissional são protegidos pela inviolabilidade domiciliar. Aqui cabe a ressalva mais uma vez de que as partes comuns dos locais, por estarem abertas ao público não gozam da proteção, pois estão abertas ao público, não sendo, portanto, locais em que se necessita de tutela à intimidade e vida profissional. Outro ponto importante é que os clientes que, porventura, encontrarem-se no interior do local não sofrem a busca, a menos que haja suspeitas de que participam da atividade delituosa. No caso de escritório de advocacia, ainda se faz necessário a presença de representante da OAB para que a diligência não seja eivada de vício, no entanto, já decidiu o STF que, uma vez informada a OAB, caso não envie representante, a diligência pode prosseguir, devendo tudo ser registrado nos autos, a fim de que não seja alegada a nulidade posterior. Isso é mais que coerente, uma vez que não podemos frustrar a atividade policial por conta da inércia das instituições (OAB). O dever de informar sendo cumprido, não há impedimento nenhum ao prosseguimento da busca. 4. Repartições Públicas Há divergência na doutrina, mas prevalece o entendimento que há duas possibilidades de se efetuar a busca quando se tratar de repartição pública em que se encontram os objetos da apreensão. A primeira hipótese é o próprio juiz a quem se representa requisitar a documentação ao chefe da repartição. A outra possibilidade é a clássica expedição de mandado, hipótese em que a autoridade policial e/ou seus agentes efetuarão a diligência de busca. Vistos esses principais aspectos teóricos, vamos passar a entender a representação em si, seus requisitos e como montar a peça prática. Lembrando que esses pontos acima mencionados são importantes para não representar incorretamente. Outro ponto importante é não violar as garantias acima, pois eventual desrespeito não será enquadrado na hipótese do art. 150, do CP Violação de domicílio 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 42 Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Quando é a autoridade pública que comete a conduta tipificada acima, temos um tipo penal mais específico, que se adota quando a autoridade pública, ou seja o Delegado de Polícia viola o domicílio, esse crime está previsto na lei de abuso de autoridade, ou seja, pela especialidade do crime previsto na Lei n° 4.898/65. Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: (...) b) à inviolabilidade do domicílio; Obviamente cumulando o dispositivo acima com o artigo abaixo: Professor, não entendo porque não se aplica o crime acima, uma vez que está todo encaixado na conduta. Simples, Aderbal, nesse caso estamos diante de um caso em que se aplica o princípio da especialidade. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 42 Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Ou seja, a autoridade que violar o domicílio estará incursa no crime acima, e não no Código Penal. 3. Representação por busca domiciliar 3.1 Legitimação Antes de falar da legitimação, é importante ressaltar que essa medida dificilmente virá sozinha no corpo de uma questão. Geralmente ela se cumula com outro pedido cautelar, como a prisão preventiva. Assim, vamos poder trabalhar nos exercícios com duas cautelares na mesma representação. Isso é muito comum em alguns casos. Provas como a da Polícia Federal geralmente abordam as peças práticas sob essa perspectiva. Aqui funciona como uma prova em que se acumula o conteúdo, ou seja, numa eventual questão de peça, poderá cair não só a representação por uma medida, apenas, mas uma representação por várias medidas cumuladas. A legitimação da autoridade policial para representar pela expedição de mandado de busca está na própria legitimação que lhe confere o art. 240, do CPP. A autoridade policial na busca de elementos de informação poderá representar pela busca com a finalidade de apreender objetos frutos da ação delituosa, a eventual arma utilizada no crime, pessoas que estejam em poder de bandidos, etc. Ou seja, a atividade policial por si só já legitima a autoridade representar pela medida. Você, que será Delegado de Polícia, quando no desempenho das suas atribuições de polícia judiciária será legitimado a representar pela expediçãode mandado de busca. O próprio art. 241 nos traz também a legitimação: Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 42 Portanto, caberá a você, futuro delta, representar pela busca na possibilidade de obter provas que substanciem o oferecimento da denúncia pelo membro do MP. 3.2 Fundamentos de fato ou Fatos Aqui é a mesma coisa da aula anterior e das seguintes aulas também, acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de produção textual. Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica. Lembre de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo: O que? Quem? Quando? ACONTECEU Onde? Por que? Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará garantida. Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver contando uma história a algum colega. 3.3 Fundamentos jurídicos A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual representa. O importante aqui é destacar o objeto da busca, que está previsto no art. 240, §1°, do CPP, onde se elencam todas as hipóteses do que pode ser buscado por meio da diligência. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 42 Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção. Veja que se trata de um rol extenso, e que ainda possui algumas alíneas muito ³FRULQJDV´, que podem ser utilizadas pelo delegado na sua fundamentação de forma muito livre, pois pelo próprio texto do código deixam um grau de interpretação muito amplo a ser feito pela autoridade policial. Estou falando dos incisos ³H´�H�³K´� pois o seu teor é bem amplo, do ponto de vista da adequação ao caso concreto. e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; A alínea acima é muito adaptável à investigação policial, podendo ser utilizada em muitas investigações preliminares (inquéritos policiais). 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 42 Ou seja, se você, na qualidade de autoridade policial vislumbrar que há algum objeto necessário à prova da infração, como, por exemplo, armas de fogo, vestes sujas de sangue, rés furtiva, poderá ser cabível a busca. h) colher qualquer elemento de convicção. Essa alínea é mais ampla ainda, ela te dá uma série de possibilidades em que pode ser tomada essa medida. O que você vai fazer é fundamentar a sua representação em alguma dessas alíneas. Estou lhe dando a sugestão dessas duas, pois são muito amplas e podem se adequar a muitos casos concretos. Algumas representações não possuem o cabimento e os requisitos cautelares distintos, separados. A busca domiciliar, como se trata de uma peça simples geralmente se fundamenta conjuntamente no mesmo dispositivo o cabimento e o requisito cautelar. Como se trata de uma medida simples é por isso que ela, provavelmente, não virá sozinha em uma prova de alto nível. Se você se prepara para grandes concursos da área policial, tenha certeza que essa medida será cumulada com uma prisão. Boas questões envolvem essas misturas de medidas cautelares. O nosso curso será da mesma forma, a medida que formos crescendo no conteúdo vamos representar por medidas mistas, cumulando alguns pedidos que sejam importantes para a elucidação das infrações e para o prosseguimento das investigações. Assim, se você precisar memorizar algum dispositivo legal, em caso de concurso em que não é permitida a consulta à legislação, sugiro que você memorize esses dois dispositivos. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 42 Assim, tenha em mente que se for possível cumular a busca domiciliar, faça HVVH�SHGLGR��,VVR�p�PXLWR�³IHOOLQJ´ de delegado, que você deverá mostrar desde já. As questões em que se deve representar pela busca são aquelas em que a questão mostra o endereço de alguém, essa é uma dica muito importante para a escolha da medida. O endereço provável onde se está escondida rés furtiva, o sequestrado, ou qualquer objeto que interesse ao prosseguimento da investigação. A medida de busca domiciliar não pode ser decretada em uma favela inteira, ou em um condomínio inteiro, isso violaria o direito a intimidade daqueles que não estão envolvidos no delito. Portanto, deve ser fornecida na questão o provável endereço do local em que se pretende encontrar o objeto da busca. Outro fato importante que deve constar na sua fundamentação é a individualização da coisa a ser apreendida por meio da busca pela qual se representa. Na busca domiciliar não se pode buscar qualquer objeto no local, não é XPD�PHGLGD�OHJDO�YRFr�EXVFDU�³DOJXPD�FRLVD´�QR�morro da rocinha, o ideal é buscar a coisa Y, no local X, ou seja, individualização do local e da coisa a ser apreendida por meio da busca. Entenda então que a medida que estamos estudando requer uma série de requisitos que estarão espalhados pelo enunciado. Esses pontos devem ser mencionados na fundamentação, pois são importantes para a elucidação do crime ou para a prova da autoria ou fortalecimento dos indícios. Armas utilizadas em crimes mediante violência própria são muito comuns em questões dessa natureza, no entanto, é importante visualizar o local onde esse instrumento do crime pode estar escondido. Ao mandado de busca pode ainda ser cumulada a prisão, no entanto, os requisitos para a temporária ou preventiva devem estar presentes. Não podemos no meio do mandado de busca efetuar uma prisão, a menos que seja uma prisão em flagrante. É muito comum isso ocorrer em casos de crimes permanentes, cuja consumação se protrai no tempo.Um caso muito comum é o tráfico de drogas. Geralmente, se pede a busca domiciliar para encontrar drogas, nas IDPRVDV�³ERFDV�GH�IXPR´��QHVVH�FDVR�DSHQDV�FRP�R�PDndado de busca é possível prender o agente ativo do crime de tráfico, pois como se trata de crime em que um dos verbos é o ter em depósito, enquanto o investigado 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 42 tiver a droga em depósito, ao mesmo tempo você poderá buscar, apreender a droga e ainda por cima prender o criminoso, é o que se chama de barba, cabelo e bigode. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Veja que realmente estamos falando de um crime em que pela sua própria natureza tem sua consumação a cada instante de tempo, enquanto permanecer a ação ter em depósito. É importante fundamentar tudo que é possível na busca. Lembre-se de que a banca examinadora quer saber a sua capacidade de investigação, é momento de mostrar o policial, o Delegado que existe dentro de você. Portanto, o fundamento é bem livre, bastando que você mostre ao juiz que a medida pela qual você representa é necessária ao andamento das investigações. Não se esqueça da individualização do local e do objeto a ser buscado. Para não me estender muito na fundamentação, remeto você ao curso completo de processo penal para dirimir eventuais dúvidas referentes ao encontro fortuito de provas, caso contrário estaríamos saindo muito do nosso objetivo. Bom, passada essa parte do fundamento, vamos ao pedido, no qual você deverá repetir alguns pontos da fundamentação. 3.4. Pedido Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, você já esta chegando ao final da sua representação. Aqui temos um detalhe importante, que é o local da busca e o objeto dela. Vamos aguçar nosso faro investigativo. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 42 Suponha que num crime de homicídio você, na qualidade de delegado de polícia e cumprindo suas atribuições tenha comparecido ao local do crime e tenha recolhido projéteis de arma de fogo. O ideal é encontrar essa arma de fogo, e isso poderá ser feito por meio de busca domiciliar na casa do investigado pelo crime. A coisa a ser buscada é a arma de fogo, que você terá como identificar por meio das marcas que cada arma deixa nos projéteis disparados por ela. Ou seja, você vai saber que foi um revólver, calibre 38, de cano curto, que efetuou aquele disparo, portanto sabe que terá de buscar essa arma no domicílio do investigado. Isso deverá constar no pedido. Ademais, nada de importante a acrescentar no pedido dessa representação. Lembrando que se a medida for cumulada com outra, você terá de representar por todas as medidas, em pedido único, citando a prisão e a busca, por exemplo. 4. Modelo de representação por Busca Domiciliar Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas coisas vão mudar em relação aos outros (prisões), na verdade estaremos diante de um modelo até mais enxuto. 4.1 Endereçamento O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de busca domiciliar, geralmente ela é endereçada ao juízo de direito da comarca onde ocorreu o delito. Lembre-se também que se o crime for de homicídio, teremos que representar ao presidente do tribunal do júri. Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova. EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________. 4.2 Preâmbulo Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 3, e colocar o preâmbulo cujo modelo segue abaixo, no entanto, acho 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 42 interessante você mencionar a referência do inquérito policial no bojo do qual se representa pela busca: ³$�3ROtFLD�&LYLO�GR�HVWDGR�GR�BBB______, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1° (citar a DOtQHD�PDLV�DGHTXDGD��H��QD�G~YLGD��FLWDU�DV�DOtQHDV�³H´�H�³K´���art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de busca domiciliar a ser efetuado no endereço citado no pedido desta, pelos fundameQWRV�GH�IDWR�H�GH�GLUHLWR�TXH�D�VHJXLU�SDVVD�D�H[SRU´� Se estiver diante de um pedido cumulado, mais uma vez você deverá mencionar os dispositivos legais que legitimam o delegado de polícia a representar pela prisão também. Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013, comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando no exercício delas. 4.3 Fatos Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados. Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido. 4.4 Fundamentos jurídicos Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais sejam, do crime sob investigação, do cabimento, dos requisitos cautelares. No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar que a inviolabilidade domiciliar não pode servir de salvaguarda para acobertar o cometimento de delitos e que em SURO� GR� SULQFtSLR� GR� ³in dubio, pro VRFLHWDWH´� a medida se faz necessária à elucidação do crime e à cessação da atividade delituosa, lembre-se do caso do tráfico de drogas, da Lei n° 11.343/06. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 42 Aqui, se você mencionar que a medida se subordina à reserva de jurisdição, vai ficar melhor ainda, pois o juiz vai entender que você, na qualidade de delegado de polícia reconhece os limites legais e constitucionais de sua atuação. 4.5 Do Pedido. No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP. Não se esqueça de mencionar o endereço individualizado do local onde se procederá à diligência e nem se furte à menção do objeto da busca. Se houver prisão, represente pela prisão e em cumulação pela busca, conforme já explicado anteriormente.Lembre-se de pedir a oitiva do MP, apesar de não constar na lei esse requisito, trata-se de uma prática comum no dia a dia forense ouvir o titular da ação penal acerca da decretação da medida. ³$QWH�GR�H[SRVWR��FRP�EDVH�QRV�IXQGDPHQWRV�GH�IDWR�H�GH�GLUHLWR� já expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar no endereço __________________________, com a finalidade de apreender ________________, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre membro dR�0LQLVWpULR�3~EOLFR´. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia 0DWUtFXOD�´ Vamos agora colocar tudo isso em um modelo. EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________. Ref. Inquérito policial n°___ 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 42 ³$�3ROtFLD�&LYLO�GR�HVWDGR�GR�BBB______, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1° (citar a alínea mais adequaGD��H��QD�G~YLGD��FLWDU�DV�DOtQHDV�³H´�H�³K´���art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de busca domiciliar a ser efetuado no endereço citado no pedido desta, SHORV�IXQGDPHQWRV�GH�IDWR�H�GH�GLUHLWR�TXH�D�VHJXLU�SDVVD�D�H[SRU´� 1. Dos fatos 2. Dos fundamentos jurídicos 2.1 Da Prática delituosa 2.2 Da reserva de jurisdição 2.3 Do cabimento 3. Do pedido ³$QWH�GR�H[SRVWR��FRP�EDVH�QRV�IXQGDPHQWRV�GH�IDWR�H�GH�GLUHLWR� já expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar no endereço __________________________, com a finalidade de apreender ________________, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstrada na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre membro GR�0LQLVWpULR�3~EOLFR´. Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas. Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido. Mencione que a medida é cabível, pois o art. 240, §1°, do CPP prevê a possibilidade de busca domiciliar para buscar objetos do crime, etc. sempre fundamentando nas alíneas do parágrafo. Não VH�HVTXHoD�GH�TXH�DV�DOtQHDV�PHVWUDV�VmR�DV�GH�OHWUD�³H´�H�³K´� Aqui mencione que a medida se sujeita à reserva de jurisdição, invocando a proteção constitucional domiciliar, sempre ressaltando que a constituição não pode servir de manto de acobertamento da prática delituosa. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 42 Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia Matrícula Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da representação por expedição de mandado de busca. Vamos agora ao exercício de prova. Escolhi para a nossa aula uma questão um pouco longa, adaptada do problema apresentado na prova de Delegado de Polícia de São Paulo, do ano de 2014, prova essa elaborada pela fundação Vunesp-SP. 5. Questões comentadas de prova. 1. Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 42 Delegado de Polícia - Concurso: PCSP - Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Inquérito Policial - PEÇA PRÁTICA ± No dia 11.06.2014, a vítima ³A´, aos 60 anos de idade, encontrava- se no interior da loja de automóveis 0DULD¶V� &DU, de sua propriedade, que fica localizada na Rua beta, 99, Centro, São Paulo- SP, ocasião em que quatro indivíduos, em concurso, ingressaram no estabelecimento, todos portando arma de fogo e encapuzados, arrebataram a vítima e subtraíram alguns objetos eletrônicos e certa quantia em dinheiro. De acordo com testemunhas, quando do arrebatamento, em frente ao estabelecimento comercial estavam estacionados dois veículos ± um Ford Fusion de placas AAA-1111 e um GM Vectra de placas BBB-2222- que foram utilizados na fuga dos criminosos e para condução da vítima. Em pesquisa verificou- se que ambos os veículos não possuíam queixa de crime. Após duas horas do arrebatamento, um dos sequestradores entrou em contrato com a família da vítima, momento em que identificador de chamadas não revelou o número da linha telefônica, anunciando que estavam em poder da vítima. Passados três dias, no decorrer das investigações, foi preso ³B´, que acabou confessando o crime, dizendo que iriam exigir R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) como condição para a libertação da vítima, apontando voluntariamente o local onde esta se encontrava cativa, informou o endereço à Rua Alfa, 42, Centro, São Paulo-SP, como local do cativeiro. ³B´ alegou, quando de seu interrogatório no auto de prisão em flagrante, ter agido juntamente com outros três indivíduos, ³C´, com 20 anos, ³D´, com 33 anos e ³E´, com 19 anos de idade, dos quais apenas os endereços não foram identificados. Informou ainda que, com os mesmos comparsas, havia praticado outros crimes de sequestros e roubos, narrando tratar-se de uma estrutura ordenada, onde as tarefas são divididas entre seus integrantes. Elabore a peça de polícia judiciária pertinente, com a correta tipificação do(s) crime(s), cabível nesse momento da investigação. Comentário e modelo de peça proposto. Bom, a questão é belíssima, pois retrata um caso muito comum em delegacias do nosso Brasil, trata-se de um concurso de crimes cometidos pelos sequestradores. Podemos citar como crimes cometidos por eles: roubo praticado em face da vítima A, uma vez que foram subtraídos objetos eletrônicos e certa 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 42 quantia em dinheiro. Sendo que esse roubo é do tipo majorado por conta da utilização de arma de fogo, nos termos do art. 157, §2°, II, do CP; extorsão mediante sequestro (art. 159, do CP) e ainda resta configurado o crime de formação de organização criminosa, uma vez que ficou configurada a organização criminosa, pelo preenchimento de seus requisitos formadores. Quanto à organização criminosa, sabemos que existem três requisitos para que seja caracterizada a sua formação, quais sejam, o elemento pessoal, ou seja, ser constituída por, pelo menos, 4 indivíduos; o elemento estrutural, ou seja, a organização deve ser uma estrutura organizada e com divisão de tarefas e atribuições; e, por fim, o elemento finalístico, que fica configurado, por exemplo, quando o intuito da organização é o cometimento de crimes cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos. No caso acima, alguns pontos deixam claro a formação de organização criminosa - O.C: ...ter agido juntamente com outros três indivíduos, ³C´, com 20 anos, ³D´, com 33 anos e ³E´, com 16 anos de idade... (elemento pessoal),... ...dos quais apenas os endereços não foramidentificados. Informou ainda que, com os mesmos comparsas, havia praticado outros crimes de sequestros e roubos... (elemento finalístico),... ...narrando tratar-se de uma estrutura ordenada, onde as tarefas são divididas entre seus integrantes...(elemento estrutural). Fica, portanto, caracterizado o crime de formação de O.C. Quanto aos demais crimes o enunciado é claro ao afirmar que houve a extorsão mediante sequestro majorada pelo tempo do sequestro, que foi maior que 24 horas e de roubo circunstanciado pelo uso da arma de fogo e pelo concurso de agentes. A peça adequada para o decorrer das investigações não poderia ser uma prisão preventiva, a meu ver, o ideal seria, nesse momento, utilizar a temporária, que é a peça por excelência da polícia judiciária. Portanto, caberia a prisão temporária, pois os crimes cometidos estão listados no rol do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89, pelo menos o roubo e a extorsão mediante sequestro estão previstos. Quanto à SUHYLVmR�GD�DOtQHD�³O´� 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 42 Art. 1° Caberá prisão temporária: III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: (...) l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; Há uma grande celeuma doutrinária, pois a Lei de Prisão Temporária não teve seu texto modificado diante do novo crime de O.C., tampouco houve modificação quanto ao delito do art. 288, do CP, que passou a ser chamado de Associação Criminosa e não mais Quadrilha ou Bando. Assim, sem entrar nessa seara, podemos afirmar que houve o roubo e a extorsão, mesmo que não tenha havido a solicitação do resgate, pois basta a privação da liberdade com a intenção de exigir preço pelo resgate para que o crime esteja consumado. Trata-se de delito formal. Assim, encontram-se consumados os dois crimes e cabe a prisão temporária, a mais adequada nesse momento de investigação. Quanto à possibilidade de mais medidas cautelares, não entendo ser cabível nessa questão a interceptação das comunicações telefônicas, pois não se sabe o número do telefone com que os sequestradores fizeram o contato inicial. Por fim, caberá, com o intuito de resgatar a vítima com vida, a busca domiciliar no endereço fornecido pelo comparsa que foi preso. Veja que se trata de uma peça em que se mesclam duas cautelares. Na verdade na questão original, sem as modificações que eu promovi, caberia até a interceptação das comunicações telefônicas, pois na versão original do enunciado, constava o número do telefone celular. Enfim, fica assim definida a necessidade da busca domiciliar e da prisão temporária dos demais componentes da O.C. A busca está fundamentada na seguinte alínea do art. 240, §1°: § 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: (...) 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 42 g) apreender pessoas vítimas de crimes; (...) Veja que o nosso caso concreto se adequa perfeitamente ao previsto no referido inciso. Quanto à prisão temporária, acredito que você já entendeu o seu cabimento e o preenchimento dos requisitos cautelares. Definida a peça que vamos produzir, mãos à obra. Quanto à competência para julgar esse tipo de delito, houve crime contra o patrimônio (roubo e extorsão), portanto, vamos dirigir a nossa representação ao Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de São Paulo- SP. Quanto ao local, ficou claro que o crime ocorreu em São Paulo-SP, podendo ficar claro que a consumação deu-se nessa cidade, e o juiz competente para decidir acerca da representação é o juiz de direito de uma das varas criminais da comarca de São Paulo, partindo do pressuposto que não hajam varas especializadas. Caso haja vara especializada nesse tipo de delito, sugiro que você enderece a ela, mas para isso você deverá estudar o código de organização judiciária do estado para o qual você presta concurso. Na maioria das provas isso não é previsto, de modo que você não será penalizado em sua peça se não mencionar a vara especializada para a qual deve ser dirigida a sua representação. Assim, o endereçamento correto seria ao juízo de direito da comarca de São Paulo. EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO-SP. Ref. Inquérito policial n°___ A Polícia Civil do Estado de São Paulo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 2°, caput, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013 e art. 240, ���³J´��GR�&33��bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 42 concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da prisão temporária de ³&´��³'´�H�³(´, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor 1. Dos fatos Os autos do inquérito policial em epígrafe apuram o fato ocorrido no dia 11 de junho de 2014, na Rua Beta, 99, Centro, São Paulo, no interior da loja GH�FDUURV�³0DULD¶V�&DU´��RSRUWXQLGDGH�HP�TXH�D�YtWLPD�³$´�IRL�DUUHEDWDGD�� após ter objetos eletrônicos de sua propriedade roubados e certa quantia em dinheiro roubados pelos 4 indivíduos (B, C, D e E), que, agindo em concurso, adentraram a referida loja todos portando arma de fogo, com o intuito de cometer os crimes abaixo especificados. Passados mais de 3(três) dias do ocorrido, houve contato telefônico dos sequestradores, os quais mencionaram que estavam em poder da vítima. 1R� GHFRUUHU� GD� LQYHVWLJDomR�� ³%´� IRL� SUHVR� HP� IODJUante e em seu interrogatório informou à autoridade policial que ele e os demais agentes GHOLWXRVRV�VHTXHVWUDUDP�³$´��FRP�R�LQWXLWR�GH�VROLFLWDU�XP�UHVJDWH�QR�YDORU� de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). Afirmou ainda que se trata de uma estrutura organizada, com divisão de atribuições, e que já cometeram vários crimes de roubo e sequestro. $R�ILQDO�GH�VXD�RLWLYD��³%´�LQIRUPRX�R�HQGHUHoR�HP�TXH�D�YtWLPD�HQFRQWUDYD- se cativa. 2. Dos fundamentos jurídicos 2.1 Das Práticas delituosas Da narrativa dos fatos acima, podemos confirmar que houve crime de roubo consumado, circunstanciado pelo concurso de agentes e pelo uso da arma de fogo, uma vez que a vítima teve seu patrimônio subtraído em meio a ação delituosa que ocorrera no interior de sua loja. Por outro lado, os investigados arrebataram a vítima e a colocaram em cativeiro, cujo endereço é conhecido, configurando o delito do art. 159, §2°, do CP, caracterizando a modalidade qualificada do referido crime, pelo fato de a vítima ter tido sua liberdade cerceada por período superior a 24 horas. Por fim, de acordo com as investigações, pode-se comprovar que os quatro investigados agem em uma estrutura organizada, em que há divisão de 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 42 tarefas e estrutura criminosa, visandoà prática de crimes cujas penas máximas são superiores a 4 (quatro) anos, configurando o crime de formação de Organização Criminosa, da Lei n° 12.850/13. Cumpre salientar ainda que os crimes de roubo e de extorsão mediante sequestro estão previstos no rol do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89. Ressalte-se que o crime de extorsão mediante sequestro é um crime hediondo, previsto no art. 1°, da Lei 8.072/90. 2.2 Do cabimento da prisão temporária e da busca domiciliar O cabimento da prisão temporária encontra guarida no art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89. Portanto, para que seja cabível a medida cautelar pessoal em baila, basta que o crime esteja previsto no rol de crimes em que cabe a prisão temporária. Conforme item 2.1, duas das condutas delituosas cometidas foram o crime de extorsão mediante sequestro e roubo majorado pelo uso da arma de fogo, sendo previstos nas DOtQHD�³F´ H�³H´, do referido inciso do art. 1°. Assim, cabível é a prisão temporária para o caso concreto sob luzes. Vale dizer ainda sobre o cabimento da busca domiciliar, uma vez que a vítima do sequestro encontra-se com sua liberdade cerceada por meio da ação criminosa. À autoridade policial cabe, portanto, empreender diligência nos sentido de regatar a vítima do cativeiro, nos termRV�GR�DUW����������³J´��GR�&33� 2.3 Dos requisitos cautelares Uma vez que são cabíveis, a busca domiciliar e a prisão temporária, devemos demonstrar os requisitos de cautelaridade para que sejam deferidas as medidas. Não restam dúvidas quanto à presença do fumus commissi delicti e do periculum libertatis. Vejamos. A fumaça do cometimento do delito deve ser dividida em prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, que permitam atribuir aos representandos a responsabilidade pelo delito cometido. Esse requisito encontra-se provado pelo depoimento de testemunhas e do próprio B, que participou da ação delituosa, ademais consta o contato telefônico dos sequestradores com os familiares da vítima afirmando que estão em poder de A, restando consumado o delito de extorsão mediante sequestro, pois crime formal que é não necessita de resultado para a sua consumação, 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 42 bastando para isso a restrição da liberdade e a intenção de exigir o preço do resgate. Verifica-se no caso em baila que isso foi demonstrado. Quanto aos indícios de autoria, podemos afirmar que eles também estão satisfeitos no caso concreto, pois o depoimento do comparsa informa os nomes dos demais componentes da organização criminosa, confirmando que há fortes indícios de autoria atribuída aos componentes, inclusive constando que os investigados já atuam na atividade criminosa, cometendo outros crimes, mediante organização criminosa. Por outro lado, a investigação ainda necessita de uma busca domiciliar, por meio da qual se visa resgatar a vítima incólume. Não há como vislumbrar a proteção domiciliar constitucional diante de tamanha violação ao direito de liberdade da vítima. Portanto, se faz necessária, além da prisão, a busca domiciliar no endereço HVSHFLILFDGR�QR�SHGLGR�GHVWD��HP�UHODomR�j�YtWLPD�³$´��QRV�WHUPRV�GR�DUW�� ��������³J´��GR�&33� Quanto ao periculum libertatis assim está demonstrado, pois a liberdade dos investigados pode vir a atrapalhar a colheita de elementos de informação, no caso em tela, a prisão é imprescindível para a continuidade das investigações. 3. Do pedido Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de ³&´� ³'´�H�³(´, sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida, após a competente manifestação do membro do Ministério Público, pelo prazo de 30(trinta) dias, nos termos do art. 2°, § 4°, da Lei n° 8.072/90. Ademais, solicita-se a expedição de mandado de busca domiciliar com a ILQDOLGDGH�GH�DSUHHQGHU�D�YtWLPD�GR�VHTXHVWUR��³$´��QR�HQGHUHoR�5XD�$OID�� 42, Centro, São Paulo-SP, podendo no bojo do mandado constar a prisão dos investigados, a serem cumpridas na mesma diligência. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia Matrícula 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 42 Agora vou propor a você dois exercícios de peças para você treinar e qualquer coisa pode me procurar no fórum de dúvidas. 6. Questões propostas Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva): Delegado de Polícia - Concurso: PCRS - Ano: 2009 - Banca: IBDH - Disciplina: Peça Prática. A DENARC realizou longa investigação sobre trafico de drogas no Bairro da Saúde, em Porto Alegre. Foram monitoradas as atividades de varias pessoas, inclusive com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. No dia 12.6.2009 a policia prendeu em flagrante Pedro de Tal, que dirigia um automóvel marca Audi, Placas XXX, de sua propriedade, sendo encontrados no interior do veiculo cinco pacotes contendo cocaína (total de 2,5 Kg). Também foi apreendida 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 42 uma metralhadora marca Uzi, de 9mm (uso restrito), municiada com 25 cartuchos completos, que estava debaixo do banco do caroneiro. A droga foi submetida a perícia e deu resultado positivo para cocaína. Pedro de Tal ao ser ouvido pela autoridade policial disse que não trabalha no tráfico sozinho, porém não quis dizer o nome de seus comparsas. O relatório da seção de investigação mostrou ainda que as conversas telefônicas eram oriundas sempre de um mesmo telefone fixo, que está vinculado ao endereço Rua Dos Remédio, 44, Saúde, Porto Alegre. Na qualidade de Delegado de Polícia, represente pela medida de polícia judiciária cabível ao desbaratamento das ações delituosas, bem como para a conclusão das investigações. Questão 2: (VINICIUS SILVA) No dia 22/01/2015 o estabelecimento comercial VIP SHOP COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS foi vítima de um suposto furto, perpetrado por 3 indivíduos (B, C e D), que agiram em conluio, visando subtrair aparelhos de televisão do referido estabelecimento. Na noite do dia 22, por volta das 23:00, os três elementos adentraram a loja arrombando os cadeados e demais dispositivos de segurança física do estabelecimento, adentrando em seu recinto e subtraindo 12 aparelhos Smart TV de 42 polegadas, da marca XX, que estavam embalados em caixas de papelão com as logomarcas características da marca XX. Ao saírem do estabelecimento, já no dia 23, os indivíduos se depararam com a ação do vigilante do local que empreendeu perseguição aos delinquentes, no entanto, eles dispararam contra o vigilante de modo a assegurar a fuga. 'LDV�GHSRLV�D�SURSULHWiULD�GD�ORMD�D�6HQKRUD�³$´��FRPSDUHFHX�DR��� Distrito Policial e narrou todos os fatos, levando ao conhecimento da autoridade policial o fato criminoso. O vigilante foi ouvido e afirmou que poderia reconhecer os agentes delituosos, confirmou a versão dos fatos alegados pela proprietária da loja e disse que conhece os assaltantes e disse que eles portavam 3 armas de fogo do tipo pistola calibre .40. O Delegado responsável instaurou inquérito policial para apurar as condutas e os fatos e o setor operacional enviou relatórioafirmando que na casa de um dos suspeitos foi verificada uma intensa entrada e saída de pessoas sempre carregando caixas de papelão enroladas 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 42 em lençóis que eram colocadas em carros após a entrega de dinheiro aos suspeitos. Foi juntada aos autos do inquérito a folha de antecedentes dos suspeitos B, C e D; ocasião em que foi possível comprovar que eles já haviam sido presos por tráfico de drogas. Diante dos fatos acima, na qualidade de delegado de polícia que preside o referido inquérito, represente pela medida cabível ao prosseguimento das diligências investigativas. Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de hoje, vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois casos propostos na aula 01. 7. Respostas dos exercícios da aula 01. 1. Delegado - Concurso: PCBA - Ano: 2013 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Prisão - Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0 h 50 min, Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por três disparos de arma de fogo quando se encontrava em frente à casa de sua namorada, Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador ± BA. A ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida de Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido dias antes, sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o competente inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de 16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário de cor branca, placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 0 h 40 min, quando já estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo "bagulho" e ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 42 faleceu ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador ± BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios. Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notícias de seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 42 ± A. Ambos foram indiciados nos autos como incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP. O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao Poder Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente suas explanações e não crie fatos novos. Comentário e sugestão de peça: Essa é a famosa questão do concurso de Delegado de Polícia da Bahia, polêmica porque, aparentemente, cabia representação por preventiva e por temporária, no entanto, a banca só pontuou quem representou pela temporária. Vamos verificar então os pontos onde pode-se observar por que a peça adequada era a temporária. Primeiramente, aviso a você que uma das frases mais comuns em questões em que se deve representar pela temporária é a seguinte: continuidade de diligências investigativas. As questões em que são possíveis as duas prisões provisórias são muito comuns, e a dica é quase sempre representar pela temporária, eu inclusive dou essa dica a todos os meus alunos e amigos, pois a prisão temporária é a prisão do Delegado de Polícia por excelência. A dica aqui é verificar se na questão o crime cometido, seele estiver previsto na lei de prisão temporária (7.960/89) ou na lei de crimes hediondos (8.072/90), então opte pela prisão temporária, pois ela vai te dar tempo para concluir suas investigações. Na questão da PCCE/2015 e nessa da PCBA/2013 foi bem nítido que o examinador queria que você representasse por uma medida que lhe desse tempo para concluir as investigações. Lembre-se ainda que se você representar pela temporária após o seu decurso de prazo (5 ou 30 dias), o juiz poderá convertê-la em preventiva. Então, com o intuito de ganhar mais tempo para a conclusão da sua investigação, represente pela temporária no lugar da preventiva, apesar de caber as duas medidas. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 42 A temporária é cabível, pois existem fortes indícios de autoria de Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, haja vista os exames periciais que já foram realizados e confirmam a presença deles na cena do crime. As testemunhas também comprovam essa tese. Assim, basta verificar o cabimento, que também está satisfeito, pois o crime cometido, que é o de homicídio doloso, qualificado, pois poderíamos encaixar a conduta no homicídio cometido sem a possibilidade de defesa da vítima. Veja, portanto, que temos um crime hediondo, ou seja, cabe temporária e pelo prazo de 30 (trinta) dias, ou seja, será uma luva nas suas mãos para a continuidade das diligências. Em relação à possibilidade de preventiva, podemos vislumbrá-la, uma vez que os autores passaram a ameaçar a testemunha ocular, namorada da vítima, o que estaria adequado ao requisito cautelar de garantia da instrução processual penal. No entanto, como cabe a temporária, vamos preferi-la. Decidida a peça, vamos produzir, lembrando que como o enunciado é muito longo, você será realmente medido pelo poder de síntese, durante a narrativa dos fatos. O ideal é procurar ressaltar apenas aquilo que foi importante da narrativa. Aquilo que será relevante para a sua fundamentação, fatos que comprovam algo. Vamos elencar alguns pontos importantes na sua peça. Eu inclusive recomendo que você faça desse jeito no dia da prova, antes de começar a produzir, principalmente em questões com longos enunciados, faça um aparato dos pontos abaixo: 1. Crime: homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e pelo motivo fútil. 2. Medida: Representação por medida cautelar de prisão temporária. 3. Prazo: 30 dias. 4. Fumus comissi delicti: 4.1. prova da existência do crime: ...desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro...; Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio... 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 42 4.2. Indícios suficientes de autoria: ...Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima....; foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira....;...o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira...; ...Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador ± BA... 5. periculum libertatis: O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados Ou seja, temos todos os elementos que possibilitam a representação pela temporária. No entanto, na qualidade de autoridade policial, visto que você já sabe representar pela busca domiciliar, eu entendo que caberia ainda uma busca domiciliar na casa da genitora dos prováveis autores do crime de homicídio. Essa diligência visa além da possível prisão deles, uma vez que há possibilidade de eles estarem escondidos na casa da mãe, bem como pode ter sido escondida lá a arma do crime, o revólver calibre 38. Assim, verifico ser cabível a busca domiciliar, até como diligência complementar. No entanto, pela reserva jurisdicional, devemos representar pela medida, não podemos fazê-la a revelia do juiz. Vamos à peça: 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 42 EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR - BA. Ref. Inquérito policial n°0021/2012 A Polícia Civil do estado da Bahia, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outURV�GLVSRVLWLYRV��SHOR�DUW����� µFDSXW¶��GD�/HL�����������SHOR�DUW������� §1°, d, do CPP, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da prisão temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor. 1. Dos fatos Narram os autos, que na madrugada do dia 17 de setembro de 2012, por volta de 00:40, ocorreu um crime de morte, ocasião em que a vítima Douglas Aparecido da Silva foi atingida por dois disparos de arma de fogo, que lhe atingiram o tórax e a cabeça. O crime teria sido motivado por uma dívida de drogas que a vítima mantinha com os agentes criminosos. A ação delituosa foi presenciada por sua namorada Fernanda Maria de Souza, a qual prestou depoimento nesta delegacia, afirmando que conhece os prováveis autores, tendo os reconhecido. A ação criminosa ainda teve como testemunhas dois vizinhos que assistiram tudo de suas janelas e também reconheceram formalmente os indiciados, ora representandos, por meio de reconhecimento fotográfico, cujo auto se encontra juntado aos autos. Foi ainda feito o laudo de local de crime, oportunidade em que foi realizada perícia papiloscópica em uma lata de cerveja encontrada no local, resultando positivo para Ricardo Madeira. Os quatroagentes criminosos deslocavam-se em um carro sedan de cor prata, placa ABS 2222/BA, que está registrado em nome da genitora dos irmãos Madeira, Maria Aparecida Madeira. O inquérito tramita nesta unidade de polícia judiciária e ainda estão pendentes várias diligências para a elucidação do crime, notadamente a identificação de dois dos quatro indivíduos e ainda resta empreender 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 42 diligências com o intuito de encontrar a arma de fogo utilizada e demais elementos de informação que possam ajudar na convicção do MP e do Juiz no processo judicial. 2. Dos fundamentos jurídicos 2.1 Da Prática delituosa De acordo com os fatos narrados acima, os indiciados foram incursos no crime de homicídio qualificado, pelo motivo torpe, bem como pela impossibilidade de defesa por parte da vítima. 2.2 Do cabimento Nos termos da lei de prisão temporária, bem como na lei de crimes hediondos, é cabível o recolhimento cautelar dos indiciados, pois o crime cometido está previsto no rol de crimes onde cabe essa hipótese de segregação. Ademais, como se trata de crime hediondo, vale ressaltar que o prazo da prisão será o de 30(trinta) dias, conforme previsto na própria lei de crimes hediondos. Noutro giro, com a mesma finalidade de colheita de elementos de informação que consubstanciem a investigação preliminar, é cabível a busca domiciliar no endereço da mãe dos autores, com o fito de encontrar a arma utilizada no crime de morte, bem como outros elementos que possam interessar à investigação, tudo nos termos das alíneas do §1°, do art. 240, do CPP. 2.3 Dos requisitos cautelares No caso em tela, podemos afirmar que há uma combinação perfeita entre os incisos I e III, do art. 1° da Lei 7.960/89. Vejamos. Quanto à prova da existência do crime. Nada mais claro que isso está nos autos, uma vez que foram juntados tanto os depoimentos de três testemunhas, afirmando que presenciaram a morte da vítima, bem como pela juntada do laudo de exame cadavérico, onde se afirma a vítima ter sido alvejada por dois disparos de arma de fogo, um no tórax e outro na cabeça. Portanto, o crime existe e há elementos que nos conduzem a essa conclusão. 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 42 Quanto aos indícios de autoria, também estão comprovados pelo auto de reconhecimento fotográfico dos irmãos Madeira, no qual as testemunhas afirmam ter sido eles os autores do homicídio. De modo a reforçar a autoria temos o laudo de exame papiloscópico, no qual se confirma as digitais de um dos irmãos madeira em uma lata de cerveja deixada no local do crime, o que nos conduz ao reforço da autoria atribuída a Ricardo e Cristiano. Portanto, o requisito do inciso III, da Lei 7.960/89 encontra-se plenamente satisfeito no caso concreto. O requisito do inciso I, do referido artigo, também se satisfaz, pois a investigação ainda se encontra em seu decorrer e várias diligências são necessárias para a elucidação do crime. Ainda é necessária a identificação dos outros dois indivíduos que participaram da ação criminosa, além do que é necessário encontrar a arma utilizada no crime. O inquérito está com seu prazo se esvaindo, o que comprova mais ainda ser imprescindível a prisão dos indiciados para o sucesso das diligências. Além de tudo isso, os indiciados possuem extensa folha de antecedentes criminais, onde se pode perceber uma série de crimes cometidos pelos representandos, notadamente ligados ao tráfico de drogas, roubos e homicídios. Assim, podemos afirmar que estão presentes os requisitos dos incisos I e III, do art. 1° da Lei n° 7.960/89. Por outro lado, é necessária ainda a expedição de mandado de busca domiciliar. Vejamos. No crime em comento, foi utilizada arma de fogo para a execução, objeto esse que ainda não foi encontrado, mesmo após várias diligências da seção operacional desse distrito policial, o que nos leva a pensar que a arma do crime pode estar escondida na casa da genitora dos indiciados, pois até o veículo utilizado no dia do crime está registrado no nome da mãe deles, o que nos leva a crer que pode ser possível encontrar o revolver calibre 38 na casa localizada na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador ± BA. Nos termos do art. 240, §1°, do CPP, será deferida a busca domiciliar quando for necessário encontrar armas e outros objetos ligados à prática delituosa. O que se encaixa perfeitamente no caso em tela, necessitando apenas de mandado judicial para a efetivação da diligência, uma vez que se trata de um tema que requer a intervenção do juiz para seu deferimento. 3. Do pedido 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 42 Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida e urgência características, pelo prazo de 30 (trinta) dias, após a competente manifestação do membro do Ministério Público. Requer ainda a expedição de mandado de busca domiciliar, diligência a ser cumprida na Rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador ± BA, com a finalidade de encontrar o revólver calibre 38 utilizado no crime cometido. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia Matrícula Questão 2: (VINÍCIUS SILVA) No dia 23 de julho de 2014, na cidade litorânea de Praia Verde ± SP, a polícia encontrou um corpo de uma pessoa do sexo feminino, sem vida, que aparentemente havia sofrido várias agressões físicas antes de ter sua vida ceifada. O laudo de exame cadavérico concluiu que houve um homicídio e que este se deu mediante asfixia, tudo conforme a analise técnica do corpo de peritos da Polícia Civil de São Paulo. Alguns documentos foram encontrados junto à vítima e comprovaram que se tratava de uma turista francesa, que estava passando o final de semana no litoral paulista, conhecendo as belezas das praias. Posteriormente, mediante o depoimento de moradores que residem próximos ao local do crime, chegou ao conhecimento da autoridade policial titular da delegacia de proteção ao turista a informação de que a vítima estava acompanhada de um suposto guia turístico, que 13601418207 Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco Prof. Vinícius Silva ± Aula 02 Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 42 lhe mostrara algumas das belezas da região, essa pessoa seria o Sr. Antônio da Silva. No decorrer das investigações ficou demonstrado pela perícia que no corpo da vítima, na região do pescoço havia diversas marcas digitais, que foram juntadas ao laudo pericial. Posteriormente, foi feito um batimento entre as impressões digitais encontradas na vítima e o banco de dados da Secretaria de Segurança Pública, no entanto, não foi possível nenhuma coincidência entre as informações. Após empreender diligências, Antônio dos Silva foi intimado a comparecer a delegacia para ser ouvido e ele negou a autoria do crime. No entanto ficou comprovado que ele não era guia turístico e sim um morador da cidade que
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