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DANIEL CAPISTRANO SARINHO PAIVA 
 
 
 
 
 
 
USO DO BIM PARA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: 
BARREIRAS E OPORTUNIDADES EM UMA EMPRESA 
CONSTRUTORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2016 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
DANIEL CAPISTRANO SARINHO PAIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso do BIM para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa 
construtora 
 
Trabalho de Conclusão de Curso na 
modalidade Artigo Científico, submetido ao 
Departamento de Engenharia Civil da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como parte dos requisitos necessários para 
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia 
Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Reymard Sávio Sampaio de 
Melo 
Coorientador: Profa. Msc. Sandra Albino Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal-RN 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de 
Informação e Referência 
 
Paiva, Daniel Capistrano Sarinho. 
Uso do Bim para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa construtora / 
Daniel Capistrano Sarinho Paiva. - 2016. 
16 f. : il. 
 
Artigo científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, 
Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016. 
Orientador: Prof. Dr. Reymard Sávio de Melo. 
Coorientadora: Sandra Albino Ribeiro. 
 
1. Engenharia Civil - TCC. 2. Building Information Modelling – BIM - TCC. 3. Compatibilização de projetos 
- TCC. 4. BIM – Barreiras e oportunidades – TCC. I. Melo, Reymard Sávio de. II. Ribeiro, Sandra Albino. III. 
Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 624 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Capistrano Sarinho Paiva 
 
Uso do BIM para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa 
construtora 
 
Trabalho de conclusão de curso na modalidade 
Artigo Científico, submetido ao Departamento de 
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte como parte dos requisitos 
necessários para obtenção do título de Bacharel em 
Engenharia Civil. 
 
 
 
 
 
Aprovado em 16 de novembro de 2016: 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dr. Reymard Sávio de Melo – Orientador 
 
 
___________________________________________________ 
Profa. MsC. Sandra Albino Ribeiro – Coorientador 
 
 
___________________________________________________ 
Profa. MsC. Karla Cavalcanti – Examinador interno 
 
 
___________________________________________________ 
Profa. Dra. Josyanne Giesta – Examinador externo 
 
 
Natal-RN 
 2016 
 
RESUMO 
 
USO DO BIM PARA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: BARREIRAS E 
OPORTUNIDADES EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA 
 
Autor: Daniel Capistrano Sarinho Paiva 1 
Orientador: Reymard Sávio Sampaio de Melo 2 
Coorientador: Sandra Albino Ribeiro 3 
Departamento de Engenharia Civil – UFRN 
Natal, Novembro de 2016 
 
 
 O uso do Building Information Modelling, ou modelagem da informação da 
construção (BIM), é um assunto de cada vez maior relevância nos mercados de arquitetura, 
engenharia e construção. Esse novo paradigma permite que os envolvidos no projeto 
trabalhem de forma colaborativa e alcancem melhores resultados. Dentre os seus diversos 
usos, o uso em compatibilização de projetos se mostra uma eficiente alternativa aos métodos 
tradicionais, baseados em documentação em 2D. Diante desse contexto, a pesquisa tem como 
objetivo identificar barreiras e oportunidades no uso de BIM para compatibilização de 
projetos, através de um estudo de caso em empresa construtora. Os resultados obtidos visam 
melhor compreender os desafios e vantagens da implementação dessa tecnologia, além de 
evidenciar a necessidade de planejamento, organização, investimentos, e análise financeira 
antes de decidir pela implementação da tecnologia. 
 
Palavras-chave: BIM. Compatibilização. Barreiras. Oportunidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Discente. 
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Dr. 
3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Msc. 
 
ABSTRACT 
 
BIM FOR DESIGN COORDINATION: BARRIERS AND OPPORTUNITIES IN A 
CONSTRUCTION COMPANY 
 
Author: Daniel Capistrano Sarinho Paiva 4 
Advisor: Reymard Sávio Sampaio de Melo 5 
Co-advisor: Sandra Albino Ribeiro 6 
Departament of Civil Engineering – UFRN 
Natal, November of 2016 
 
 
 The use of Building Information Modelling (BIM), becomes more and more relevant 
in the architecture, engineering and construction (AEC) market. This new paradigm allows 
the stakeholders to work in a more collaborative way, resulting in better overall results. One 
of the main use cases of this technology is for design coordination, and has proven to be very 
efficient when compared to traditional methods based on 2D documentation. Given this 
context, this research identifies barriers and opportunities related to the use of BIM for design 
coordination, through a case study on a construction company. The results aim to provide a 
better understanding of the challenges and advantages of implementing this technology, in 
addition to showing the necessity of planning, organization, investments and financial 
analysis before deciding to implement BIM. 
 
Keywords: BIM. Design Coordination. Barriers. Opportunities. 
 
 
 
 
 
 
 
4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Student. 
5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Professor, Dr. 
6 Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Professor, Msc. 
 
INTRODUÇÃO 
O BIM já é uma realidade em mercados de construção desenvolvidos, e possui 
inúmeros exemplos de sucesso. Através da implementação dessa nova tecnologia é possível 
atingir melhores resultados através de um processo mais colaborativo. Dentre as principais 
vantagens decorrentes da sua implantação, estão a redução de custos, prazos, erros em 
documentação e reclamações, além da melhoria da qualidade do produto final. 
Apesar de todas essas vantagens, a adoção dessa tecnologia no Brasil ainda pode ser 
considerada incipiente (CBIC, 2016). Esse contexto muda a cada dia, à medida que esforços 
normativos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e exigências de utilização 
em licitações por parte de órgãos públicos, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica 
Federal e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) aceleram a 
adoção por parte de construtoras, escritórios de projetos e incorporadoras. 
O processo tradicional de desenvolvimento de produtos imobiliários é extremamente 
fragmentado, e pautado em documentação impressa, onde arquitetos, engenheiros e 
construtores trabalham de forma segmentada e as relações contratuais não exigem ou 
estimulam a colaboração. A falta de colaboração, além de erros e omissões decorrentes da 
comunicação em 2D causam custos inesperados, atrasos, e atritos entre as partes envolvidas. 
Uma etapa crítica nesse processo é a de compatibilização dos projetos, que visa identificar e 
resolver diferentes inconsistências entre os projetos de diferentes disciplinas. 
A utilização de softwares em plataforma BIM para compatibilização de projetos se 
mostra como uma opção paramitigar os problemas da representação em 2D, mas a sua 
implementação apresenta diversas barreiras. Diversas pesquisas apontam que para obter 
sucesso na implantação desta plataforma, se faz necessário a colaboração dos envolvidos, a 
modelagem de sistemas que à primeira vista não interferem nos demais (Ex: móveis) - mas 
que podem gerar interferências devido à natureza da utilização dos espaços em que se 
encontram - e a definição prévia do nível de detalhamento que será utilizado na modelagem 
(OLOFSSON, 2007; LEITE, 2009; SILVA; COELHO; MELHADO, 2015). 
Muitos estudos descrevem a experiência de utilizar o BIM na compatibilização de 
projetos, mas poucos apontam os desafios que antecedem a sua implementação. Nesse 
contexto, o trabalho visa elencar barreiras e oportunidades para a implementação de BIM para 
compatibilização de projetos em uma empresa construtora através de um estudo de caso. 
 
 
 
 
 
2 
2. CONCEITO BIM 
 O BIM é um objeto de estudo que vem ganhando cada vez mais visibilidade pela 
comunidade científica na área de gestão em engenharia e arquitetura (MACHADO; 
RUSCHEL; SCHEER, 2016), e possui diversas definições na literatura, como mostrado no 
Quadro 1. 
Quadro 1: Definições de BIM 
Fonte Definição 
EASTMAN, 2014 
BIM é usado como verbo ou adjetivo para descrever ferramentas, processos e 
tecnologias que são facilitadas pela documentação digital e legível pelo 
computador de uma edificação, seu desempenho, seu planejamento, sua 
construção e, posteriormente, sua operação. 
SUCCAR, 2009 
BIM é uma série de tecnologias, processos e políticas que possibilitam que os 
diversos envolvidos no processo projetem, construam e utilizem um 
empreendimento de forma colaborativa. 
National BIM Standard 
– United States 
(NBIMS), 2015 
BIM é uma representação digital das características físicas e funcionais de uma 
construção. BIM é um conjunto de informações do empreendimento desde a 
concepção inicial até a demolição, com colaboração integrada das diversas 
partes do projeto (construtor, arquitetos, engenheiros, proprietário, etc.). 
ERNSTROM, 2006 
BIM é o desenvolvimento e uso de um modelo de programa de computador 
para simular a construção e operação de um empreendimento. BIM usa um 
conceito inteligente e paramétrico de uma representação digital de uma 
construção onde podemos gerar informação que possa ser utilizada para tomar 
decisões e melhorar o processo de construção. 
Fonte: Autor 
 
 Esse trabalho utiliza a definição de que o BIM é uma representação digital de um ativo 
físico a ser construído, que engloba informações relevantes para as diversas etapas do 
processo de desenvolvimento de produto, o que possibilita que diversas análises sejam feitas 
ainda na fase de projetos, dentre elas a compatibilização de projetos e detecção automática de 
interferências. A possibilidade de antecipar tais análises termina por impactar diretamente o 
ciclo de vida do empreendimento, desde a fase de projeto, construção e operação. As 
definições acima versam sobre o escopo mais abrangente do BIM, sendo que a 
implementação do mesmo acontece em estágios, assim como sugere Succar (2009). 
A mudança de paradigma resultante da adoção do BIM faz com que haja uma 
mudança no fluxo de trabalho, onde enquanto no fluxo de trabalho tradicional grande parte do 
esforço é gasto na fase de documentação, onde todos os documentos técnicos são gerados 
(projetos, pranchas, quantitativos, orçamentos, etc), sendo eles baseados em desenhos em 2D, 
no fluxo de trabalho BIM, os esforços são antecipados para a fase de detalhamento de projeto, 
onde é feito o detalhamento do modelo digital, com informações e geometria precisas, e de 
onde são gerados de forma automática os documentos técnicos. Vale lembrar que na fase onde 
os maiores esforços são realizados no fluxo de trabalho BIM, ainda se têm um grande controle 
de impactar custo e performance, e os custos de mudanças no projeto ainda são baixos quando 
comparados aos do fluxo de trabalho convencional (CBIC, 2016). 
3 
3. MODELOS DE NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 
 Antes que se possa entender melhor como funciona a metodologia BIM e como ela 
pode ser aplicada, se faz necessário conhecer os principais modelos de negócios da indústria 
da construção, que são descritos por Eastman (2014) como Projeto-Concorrência-Construção 
e Projeto & Construção. 
O primeiro modelo, Projeto-Concorrência-Construção (Design-Bid-Build) funciona da 
seguinte forma. O dono do futuro empreendimento contrata uma equipe de projetos (que será 
responsável por elaborar e/ou contratar os projetos necessários) e uma construtora para 
executar a obra (que por sua vez contrata as empresas terceirizadas para realizar serviços 
específicos). 
Por outro lado, no modelo Projeto & Construção (Design-Build), o dono do 
empreendimento contrata uma única empresa, que fica responsável por elaborar e contratar os 
projetos, além de construir o empreendimento, sendo responsável também pela contratação 
das empresas terceirizadas que se façam necessárias. 
A metodologia BIM pode ser aplicada nesses dois modelos de negócios, em diversos 
níveis, como será visto a seguir. 
 
4. ESTÁGIOS DE MATURIDADE BIM 
De acordo com Succar (2009), existem diferentes estágios de implementação do BIM 
na gestão de projetos. Cada um desses níveis trará diferentes vantagens e desafios de 
implementação. 
O nível que antecede a implementação do BIM (Pré-BIM), é como a maior parte das 
empresas trabalha atualmente, com um sistema de gestão altamente fragmentado (pouca 
interação entre equipes de projeto e construtores) e sempre se baseando em documentação em 
2D, o que gera orçamentos e cronogramas desconexos com a realidade, além de 
incompatibilidades de projeto que só serão resolvidos no decorrer da construção. 
No primeiro nível de implementação do BIM, o de modelagem baseada em objetos, 
é desenvolvido um modelo digital em 3D unidisciplinar do empreendimento, para que se 
possa automatizar a geração da documentação técnica em 2D a partir do modelo em 3D. Além 
disso, o modelo também é utilizado para que se extraiam informações relevantes para 
quantitativos de materiais, o que facilita o levantamento de materiais para pedidos e 
orçamentos. Nesse nível, a cooperação entre as equipes envolvidas ainda não sofre grandes 
mudanças. 
A partir do momento em que as empresas adotam o primeiro nível de implementação 
BIM, as vantagens ficam mais evidentes e elas procuram adicionar outras disciplinas ao 
4 
modelo digital. No segundo nível de implementação, o de modelo baseado em colaboração, 
os projetistas envolvidos trocam informações entre si à medida em que realizam seus projetos, 
todos utilizando ferramentas BIM, o que possibilita a fácil análise de incompatibilidades e a 
procura de melhores soluções de design e engenharia ainda no início da fase de projetos. 
Nessa fase também são iniciadas outras análises do projeto, como por exemplo a simulação 
4D através da análise conjunta do cronograma da obra com o modelo em 3D, o que possibilita 
simulação de construção e correção de eventuais falhas de cronograma ainda na fase de 
projeto. Além disso, também pode ser feita uma análise 5D que alia a análise 4D aos gastos 
previstos no orçamento para os itens executados, o que possibilita que a empresa tenha uma 
ideia mais precisa de todos os gastos ao longo da construção do empreendimento. 
No terceiro estágio, o de integração baseada em rede, as empresas adotam um 
modelo de software como sendo um serviço. Nesse modelo de gestão, todos os modelos e 
dados relacionados ao projeto ficam disponíveis na nuvem através de servidores, o que 
possibilita que as diversas partes envolvidas no projeto trabalhem de formaintegrada, sempre 
de posse do modelo e das informações mais atuais. Esse modelo de gestão necessita que 
sejam reavaliadas as responsabilidades contratuais das partes envolvidas, de modo que a 
dinâmica de trabalho das mesmas possa ocorrer de forma simultânea e integrada. 
Por fim, temos o último estágio, o de desenvolvimento integrado de projetos 
(Integrated Project Delivery, IPD). Esse estágio representa um método de gestão de projetos 
onde o BIM é utilizado em todas as fases (desde a concepção inicial até a 
operação/demolição), e onde todas as tecnologias, processos, contratos e políticas estão 
completamente adaptadas ao trabalho com a metodologia. O objetivo maior é promover uma 
integração total entre todos os envolvidos (donos, arquitetos, engenheiros, projetistas, 
construtores) onde todos possam atingir altos níveis de colaboração, visando maximizar a 
eficiência de todas as fases de projeto, fabricação e construção. 
 
5. BARREIRAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO BIM 
 Apesar de todas as vantagens citadas, a implementação de BIM demanda 
planejamento, treinamento e recursos, e assim como na introdução de uma nova tecnologia, 
existem barreiras à sua implementação, sendo elas de origem cultural, financeira, legal e 
tecnológicas. As principais barreiras documentadas na literatura podem ser categorizadas 
conforme o Quadro 2 (LIU, 2015). 
 
 
 
5 
Quadro 2: Barreiras de implementação de BIM 
Categoria Ítem Literatura 
Falta de 
padronização 
nacional 
Padronização nacional incompleta Bernstein & Pittman, 2004; Thomson & Miner, 
2006; Björk & Laakso, 2010; Azhar, 2011; 
Aibinu & Venkatesh, 2014; Alreshidi et al., 2014 
Falta de compartilhamento de 
informações BIM 
Alto custo de 
implementação 
Alto custo inicial de sofware Allen Consulting Group, 2010; Thomson & 
Miner, 2010; Azhar, 2011; Ganah & John, 2014 Alto custo do processo de 
implementação 
Falta de 
profissionais 
capacitados 
Falta de profissionais Smith & Tardif, 2009; Allen Consulting Group, 
2010; Sharag-Eldin & Nawari, 2010; Becerik-
Gerber et al., 2011; NATSPEC, 2013 ; Wu & 
Issa, 2014 
Alto custo de treinamento e 
educação 
Problemas 
organizacionais 
Problemas de processos 
Arayici et al., 2011; Won et al., 2013; Aibinu & 
Venkatesh, 2014; Demian & Walters, 2014 
Curva de aprendizado 
Falta de interesse por funcionários 
mais antigos/experientes 
Problemas legais 
Responsabilidade contratual Thomson & Miner, 2006; Chynoweth et al., 
2007; Azhar, 2011; Udom, 2012 Problemas de licenciamento 
Fonte: Liu, 2015 
 
 No Brasil, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, coloca como principais 
obstáculos à implementação do BIM a inércia e resistência às mudanças, dificuldades de 
entendimento e compreensão, barreiras culturais e particularidades do ambiente brasileiro 
(falta de valorização de planejamento, busca de soluções rápidas e baratas, falta de interesse 
em colaboração, ensino deficiente do assunto nas universidades, etc), além de especificidades 
e aspectos intrínsecos ao BIM (CBIC, 2016). 
 
6. COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS 
Como resultado da fragmentação do processo tradicional (Pré-BIM) a comunicação 
ocorre de forma centralizada, onde a construtora e/ou incorporadora contrata separadamente 
os projetos arquitetônico e complementares, e os profissionais envolvidos trabalham com 
pouca ou nenhuma colaboração. Como resultado, os projetos de diferentes disciplinas 
geralmente possuem diversas interferências, e se faz de extrema importância que construtoras, 
incorporadoras e escritórios de projetos unam esforços para compatibilizar os mesmos. 
A compatibilização de projetos consiste no processo de localizar e solucionar 
incompatibilidades entre projetos de diferentes disciplinas, respeitando as restrições de outros 
subsistemas, e levando em consideração aspectos de construção, operação e manutenção 
(KORMAN; TATUM, 2000). O maior benefício da compatibilização de projetos é a redução 
das incertezas na fase de obras (RILEY; HORMAN, 2001), prevenindo custos não orçados e 
atrasos de cronograma. 
 Da forma tradicional, os esforços de compatibilização se dão através da sobreposição 
de projetos de diferentes disciplinas, seja de forma física (projetos impressos sobrepostos) ou 
6 
digital (desenhos em CAD sobrepostos digitalmente em softwares CAD). Esse processo é 
completamente manual e depende da atenção, capacidade de visualização e experiência do 
profissional responsável. Muitas vezes o processo não é eficiente, e muitas incompatibilidades 
somente são percebidas na fase de obras, trazendo custos extras além de atrasos no prazo de 
entrega do empreendimento. 
 Nesse contexto, o uso de ferramentas BIM se apresenta como uma alternativa mais 
eficiente, à medida em que elas impossibilitam incompatibilidades entre pranchas de um 
mesmo projeto (Ex: planta baixa e vista frontal de projeto arquitetônico), já que é elaborado 
um modelo virtual em 3D e não mais desenhos técnicos isolados, os quais apenas representam 
partes do objeto tridimensional, no caso o empreendimento. Além disso, o uso dessas 
ferramentas possibilita a detecção automática de interferências entre projetos de diferentes 
disciplinas, por meio de programas específicos como o Autodesk® Navisworks®. 
 
7. MATERIAL E MÉTODOS 
 Como método de pesquisa, o trabalho utiliza o estudo de caso, tendo como unidade de 
análise uma empresa construtora da cidade de Natal/RN. Como fontes de evidência para 
identificar as barreiras e oportunidades na implementação de BIM para compatibilização de 
projetos, o trabalho faz uso de entrevistas semiestruturadas além da modelagem e detecção de 
interferências de projetos de um empreendimento já finalizado utilizando ferramentas BIM. 
 Inicialmente, foi elaborado um roteiro de entrevista (Apêndice A) para a realização de 
entrevistas semiestruturadas com membros da empresa que estão diretamente envolvidos no 
processo de desenvolvimento de produto. A duração média das entrevistas foi de 30 minutos, 
e as mesmas foram divididas em 3 blocos: Caracterização e organização da empresa, processo 
de compatibilização de projetos e entendimento de BIM. 
A seleção dos entrevistados foi feita junto à direção da empresa, para assegurar que os 
entrevistados fossem profissionais que pudessem trazer informações relevantes para a 
pesquisa, considerando que os mesmos possuem experiência em suas respectivas funções na 
empresa. Como a empresa é dividida em incorporadora e construtora, foram selecionados 4 
(quatro) entrevistados, sendo dois arquitetos da incorporadora (gerente de projetos e 
coordenador de projetos e licenciamento) e os outros dois engenheiros civis da construtora 
(diretor técnico e coordenador de contratos). 
 Ao mesmo tempo em que as entrevistas eram realizadas, foi solicitado à direção da 
empresa as versões mais recentes de projetos de um empreendimento já finalizado para a 
posterior modelagem e análise de interferências dos mesmos utilizando ferramentas BIM. 
Para isso, foi selecionado um empreendimento residencial multifamiliar vertical, o que 
7 
representa a maior parte dos empreendimentos da empresa. Para a modelagem das diferentes 
disciplinas, foi escolhido o software Autodesk® Revit®, já para a análise das interferências 
foi utilizado o software Autodesk® Navisworks®. 
Para a análise dos resultados, foram confrontadas as barreiras e oportunidades 
descobertas através das entrevistas e modelagem com as já documentadas na literatura. 
 
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
8.1. CARACTERIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA 
Foi identificado que a construtora estudada é subdivida em duas empresas, sendo uma 
incorporadora e uma construtora. A incorporadora é responsável pela parte mercadológica(estudos de mercado, análise de viabilidade de empreendimentos, marketing e vendas) além 
da elaboração de projetos arquitetônicos, licenciamento e contratação de projetos 
complementares dos empreendimentos. Por outro lado, a construtora atua como uma 
prestadora de serviço, executando as obras de sua cliente (Incorporadora). 
As empresas possuem mais de 60 anos de experiência no mercado local de Natal/RN e 
atuam principalmente no ramo de empreendimentos residenciais verticais e horizontais. 
Dentro da incorporadora funciona o setor de projetos arquitetônicos dos empreendimentos, 
sendo assim, juntas, as duas atuam numa variação do modelo de negócios Projeto & 
Construção, onde uma única entidade é ao mesmo tempo responsável pelo projeto e 
construção (EASTMAN, 2014; CMAA, 2012). No caso estudado, a incorporadora também é 
proprietária, tendo total controle do ciclo de vida do empreendimento, através de seu setor de 
projetos e da construtora. 
A abordagem Projeto & Construção possibilita uma excelente oportunidade para 
explorar a tecnologia BIM, levando em conta que uma única entidade é encarregada de 
projetar e construir (EASTMAN, 2014). As seguintes vantagens da adoção dessa abordagem 
são (CMAA, 2012): 
• A abordagem Projeto & Construção consegue produzir um empreendimento em 
menor tempo quando comparado ao Projeto-Concorrência-Construção. 
• Existe um único responsável contratual pelo projeto e construção. 
• Maior eficiência e redução de custos podem ser alcançadas devido ao fato de a 
construtora e projetistas trabalharem juntos durante todo o processo. 
 Apesar de aturem numa abordagem similar à de Projeto & Construção, onde juntas, a 
incorporadora e construtora tem total controle do ciclo de vida do empreendimento, o 
escritório de projetos atua junto do proprietário do empreendimento (Incorporadora), ao invés 
8 
de atuar em conjunto com a construtora. Por consequência, algumas das vantagens da 
abordagem Projeto & Construção não são efetivamente alcançadas. Da forma como ocorre 
atualmente, a abordagem se assemelha mais à de Projeto-Concorrência-Construção, onde a 
incorporadora contrata um projeto (recorrendo ao seu próprio setor de projetos) e durante a 
fase de concorrência, contrata sempre a sua construtora, porém construtora e setor de projetos 
atuam de forma independente. Esse processo impossibilita que a incorporadora tenha apenas 
um contrato para o projeto e construção, além de limitar os ganhos de eficiência e redução de 
custos advindos do trabalho colaborativo contínuo entre projetistas e construtores. 
Quanto ao processo de desenvolvimento de produto da empresa, o mesmo é 
fragmentado e pautado na documentação impressa (2D) assim como descreve Eastman (2014) 
sobre a organização de empresas Pré-BIM. Apesar de alguns esforços de envolver membros 
da diretoria das duas empresas além de representantes de escritórios de projetos 
complementares durante a fase de projeto, como apontou o gerente de projetos: “A 
construtora participa ativamente de todo o processo, através dos comitês de produto onde é 
discutida a viabilidade dos mesmos”, não foi consenso entre os entrevistados de que o 
processo é colaborativo, como aponta o diretor técnico da construtora: “A construtora não se 
envolve de forma significativa na fase de projetos, sendo consultada esporadicamente, e de 
forma não sistemática”, “Quando a construtora é consultada, muitas vezes o projeto já está 
muito avançado e mudanças não são mais possíveis”. 
A falta de comunicação e colaboração durante a fase de projeto foi apontada 
principalmente pelos membros da construtora durante a entrevista, onde os mesmos alegaram 
que são pouco consultados durante o processo e que quando o projeto chega até eles para que 
se faça o orçamento e planejamento da obra, o mesmo já está praticamente definido e não há 
mais como fazer mudanças significativas no escopo do mesmo, como aponta o coordenador 
de contratos: “A fase de projeto e projetistas são discutidos na incorporadora. A construtora 
recebe os projetos apenas para orçar e executar a obra”. Além disso, os membros da 
construtora lidam diretamente com as incompatibilidades e omissões dos projetos. Esse 
problema foi levantado pelo diretor técnico da construtora: “Muitas vezes o pouco 
detalhamento do projeto dá margem a mais de uma interpretação”. 
Quando perguntados sobre o processo mais crítico (com maior ineficiência e com 
maior oportunidade de otimização) do desenvolvimento de produto os entrevistados 
apontaram de forma unânime a fase de projeto, com ênfase na compatibilização de projetos. 
 
 
 
9 
8.2. PROCESSO DE COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS 
A empresa não possui procedimento padrão documentado para compatibilização de 
projetos, apesar de ter procedimentos padrões para diversos processos, como por exemplo o 
de contratação de projetos. Quando perguntados sobre a eficácia, foi consenso entre os 
entrevistados que o processo atual da empresa é falho e omisso. 
Quanto ao processo atual, houve divergência de informações entre os entrevistados. 
Enquanto o gerente de projetos da incorporadora afirmou que existe um profissional 
responsável por fazer a compatibilização dos projetos através da sobreposição manual e 
análise crítica dos mesmos, o coordenador de projetos e licenciamento foi categórico ao dizer: 
“A compatibilização hoje não é feita, nós recebemos os projetos e enviamos para a obra, onde 
são identificadas as incompatibilidades”. Enquanto isso, os membros da construtora disseram 
que a responsabilidade do processo é da incorporadora, e que desconhecem que o mesmo seja 
feito. 
Dos quatro entrevistados, três deles (coordenador de projetos e licenciamento, diretor 
técnico e coordenador de contratos) disseram que muitas vezes o processo somente é 
realizado na fase de construção, o que o torna ineficaz, uma vez que na fase de construção o 
custo de mudanças no projeto é maior, e a habilidade de impactar custo e performance é 
menor (CBIC, 2016). 
 
8.3. ENTENDIMENTO DE BIM 
 Quanto ao entendimento de BIM por parte da empresa, apesar de nenhum deles ter 
tido nenhum tipo de experiência com BIM, todos os entrevistados demonstraram entender 
BIM como uma ferramenta de modelagem que seria utilizada como substituta à ferramenta 
atual (CAD). 
 Os membros da incorporadora definiram BIM como sendo “Uma plataforma de 
modelagem com modificações automáticas nas pranchas” (coordenador de projetos e 
licenciamento) e “Uma plataforma da qual o Revit® faz parte, e você consegue 
compatibilizar, orçar, gerenciar” (gerente de projetos). 
Os membros da construtora foram um pouco além e demonstraram entendimento 
básicos do BIM no nível 2, onde os mesmos definiram BIM como “Software que facilite o 
trabalho de planejar e acompanhar uma obra.” (Diretor técnico) e “Ferramenta de 
planejamento, para você se anteceder a problemas que venham a ocorrer na obra” 
(Coordenador de projetos), vislumbrando a possibilidade de utilização para planejamento de 
obras, provavelmente se referindo a simulações 4 e 5D. 
10 
De modo geral, os membros da empresa vislumbram o BIM como uma ferramenta 
substituta às utilizadas atualmente (CAD), sendo que na visão deles a implementação do BIM 
não impactaria diretamente os processos de trabalho, funções ou relações contratuais da 
empresa, o que seria necessário para a utilização do BIM em estágios mais avançados. 
 
8.4. MODELAGEM 
O empreendimento escolhido para a modelagem possui área construída total de 
1468,47m², sendo composto de quatro torres de 16 pavimentos de 333,24m² cada, divididos 
em seis apartamentos, sendo quatro de 46,25m² e dois de 54,50m². O mesmo conta ainda com 
estacionamento e área de lazer (piscina, salãode festas, salão de jogos, quadra poliesportiva, 
playground). Para este trabalho foi realizada a modelagem de apenas uma das torres. 
Dentre as diversas ferramentas BIM foram adotados os softwares Autodesk® Revit® e 
Autodesk® Navisworks®. O primeiro é utilizado para elaborar a modelagem digital da 
arquitetura, da estrutura e dos sistemas prediais (hidrossanitário, elétrico, etc) e o segundo 
para detecção de interferências e incompatibilidades. 
A adoção dos programas da Autodesk® foi dada diante do conhecimento adquirido na 
Universidade do Illinois em Urbana-Champaign através do programa Ciência Sem fronteiras 
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e na disciplina 
de Tópicos Especiais em Arquitetura do curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde foi desenvolvido um projeto de 
instalações hidrossanitárias utilizando a ferramenta. Vale lembrar que grande parte dos cursos 
de Arquitetura e Engenharia no Brasil adotam os programas desta empresa, assim como 
diversos escritório de projetos e construtoras que adotaram o BIM também utilizam os 
softwares da Autodesk®. 
 Após a escolha dos softwares foi feita uma análise geral dos projetos em CAD que 
foram disponibilizados pela incorporadora, para maior compreensão do edifício. Já nessa 
etapa foram identificadas divergências entre os projetos de arquitetura, e de instalações 
hidrossanitárias, onde o projeto de instalações trazia a especificação de um preenchimento na 
alvenaria para acomodar tubulações e conexões, o que não era previsto no projeto 
arquitetônico, e que diminui as dimensões do ambiente, podendo comprometer o seu uso 
(Figura 1). Além disso, não existem detalhes que especifiquem a distribuição espacial de 
todos os tubos e conexões presentes nesse preenchimento nos projetos sanitário e hidráulico. 
 
 
 
11 
Figura 1: Projeto arquitetônico (à esquerda), projeto sanitário (ao centro) e projeto hidráulico (à direita) 
 
Fonte: Projetos cedidos pela incorporadora 
 
Além disso, o projeto hidrossanitário considerava a altura de 2,63cm como sendo do 
piso acabado ao forro, enquanto no projeto arquitetônico essa medida é a altura entre o piso 
acabado e o fundo da laje do próximo pavimento (Figura 2). Essa duplicidade de informações 
pode causas interferências entre o forro e as instalações sanitárias, pois caso não haja espaço 
para as mesmas no espaço previsto entre o forro e a laje, o forro deve ser rebaixado para 
acomodar as mesmas. Assim como no enchimento de alvenaria da Figura 1, caso o 
rebaixamento do forro diminua as dimensões do ambiente abaixo das indicadas pelo código 
de obras (no caso, pé direito mínimo), o empreendimento pode enfrentar problemas para 
receber o auto de conclusão de obra (Habite-se), certidão expedida pela Prefeitura atestando 
que o imóvel está pronto para ser habitado e foi construído conforme as exigências legais. 
 
Figura 2: Projeto arquitetônico (à esquerda) e projeto hidráulico (à direia) 
 
Fonte: Projetos cedidos pela incorporadora 
 
Na sequência foi iniciada a modelagem da arquitetura através da importação do 
projeto cedido em CAD para o Revit® para servir como ponto de partida. A partir da 
modelagem da arquitetura, foram feitas de forma separada as modelagens das outras 
disciplinas (Estrutura, instalações hidrossanitárias e instalações elétricas) para simular a 
fragmentação do processo na empresa. Os resultados podem ser observados na Figura 3. 
12 
Figura 3: Projetos modelados em software BIM (Arquitetura, Estrutura e Instalações, respectivamente) 
 
Fonte: Autor 
 
Durante a modelagem, foram identificadas diversas omissões no projeto, o que 
dificulta sua compatibilização e também a própria modelagem, já que as duas precisam de 
geometria precisa. Um exemplo de omissão é a Figura 1, que mostra diversas tubulações e 
conexões do projeto de instalações hidrossanitárias, porém não existe nenhuma vista, 
representação isométrica ou detalhe que possibilite a visualização dos elementos de forma 
mais clara, deixando margem para diferentes interpretações. Após a modelagem dos projetos, 
os mesmos foram exportados para o software Autodesk® Navisworks®, onde foram feitas 
análises de interferências entre as disciplinas de estrutura, arquitetura, instalações 
hidrossanitárias e instalações elétricas. Para as análises de incompatibilidades, foi considerado 
apenas um pavimento tipo, devido a natureza repetitiva dos pavimentos tipo, o que retornaria 
interferências similares, apenas repetidas em outros pavimentos. Os resultados podem ser 
vistos nas Figuras 4 e 5, e na Tabela 1. 
 
Figura 4: Projetos importados no software de análise de modelos 
 
Fonte: Autor 
 
13 
Figura 5: Exemplos de interferências entre projetos de instalações hidrossanitárias e estrutural (à esquerda) e 
instalações elétricas e estrutura (à direita) 
 
Fonte: Autor 
 
Tabela 1: Quantidade de interferências entre disciplinas para um pavimento tipo 
 Arquitetura Hidrossanitária Elétrica Estrutura 
Arquitetura * 904 202 332 
Hidrossanitária 904 * 16 429 
Elétrica 202 16 * 64 
Estrutura 332 429 64 * 
 *Não se aplica 
Fonte: Autor 
 
 Os testes de detecção de interferências retornaram resultados positivos entre todas as 
disciplinas conforme mostrado na Tabela 1. Os mesmos sugerem que não haja colaboração e 
comunicação suficientes entre os projetistas, além de que a omissão de informações e 
dificuldade de visualização intrínsecos à documentação em 2D dificulta uma compatibilização 
eficiente por parte da incorporadora. 
Muitas das interferências encontradas, assim como as da Figura 5, são muitas vezes 
consideradas normais, sendo a busca da solução das mesmas considerada tarefa comum em 
canteiros de obra. O fato de que os projetos cedidos eram as versões mais recentes indica que 
as interferências encontradas foram identificadas e solucionadas apenas durante a fase de 
obras, o que provavelmente resultou em soluções não otimizadas, gerando custos extras e 
atrasos no cronograma. 
 
8.5. BARREIRAS E OPORTUNIDADES 
 A partir de análise das entrevistas e da modelagem e detecção de interferências dos 
projetos cedidos pela empresa, foram levantadas barreiras e oportunidades para uso do BIM 
na compatibilização de projetos, que podem ser divididas nas categorias: Pessoas, Processos, 
Tecnologia e Financeira, conforme o Quadro 3: 
 
14 
Quadro 3: Barreiras e oportunidades 
Categoria Barreiras Oportunidades 
Pessoas 
Resistência às mudanças Definição de um plano de implementação, com objetivos claros, para saber como o BIM pode agregar valor para a empresa 
Falta de mão-de-obra 
especializada 
Maior interação entre universidades e empresa com o objetivo 
avaliar erros e acertos para seguir um manual de boas práticas 
BIM 
Falta de informação da 
diretoria 
Elucidação da diretoria da empresa, para que a mesma possa 
fomentar a implementação de novas tecnologias 
Longo tempo de adaptação Aprendizagem de novas tecnologias à medida em que se ganha experiência com novos processos mais eficientes 
Processos 
Processo de projeto 
fragmentado 
Promoção de um processo colaborativo através de relações 
contratuais que possibilitem trabalho simultâneo de projetistas 
com participação da construtora 
Baixo nível de integração 
entre incorporadora e 
construtora 
Aumentar nível de integração nas fases de Projeto (buscando 
melhores de projeto) e Construção (visando otimizar processos 
para reduzir custo e prazo) 
A não adoção da tecnologia 
por fornecedores e projetistas 
Promover mudança no mercado local através da contratação de 
projetistas e fornecedores adaptadosà tecnologia 
Baixo nível de detalhamento Definição prévia do nível de detalhamento dos projetos visando uma posterior compatibilização de projetos mais eficiente 
Tecnologia 
Adaptação à novos softwares 
e serviços 
Modernização dos softwares para que os mesmos se adequem 
aos novos processos de trabalho 
Adaptação à novos Hardwares 
(Computadores, servidores) 
Modernização do hardware para conseguir executar os 
softwares BIM de forma eficiente 
Financeira 
Alto custo de treinamento Investimento no treinamento da equipe é menor do que contratar profissional pronto no mercado 
Aquisição de licenças de 
softwares BIM e hardware 
para executá-los 
Investimento em aquisição de licenças de softwares BIM e 
hardware terá impacto na redução dos custos de projeto e 
construção 
Atual momento econômico da 
empresa ou do país 
Aproveitar momento de pouco volume de trabalho para 
implementar novas tecnologias e se diferenciar no mercado 
Fonte: Autor 
 
Os resultados obtidos se assemelham às dificuldades já documentadas em outras 
pesquisas (SILVA; COELHO; MELHADO, 2015; LIU, 2015). Por não haver um 
conhecimento ou experiência de BIM mais profundo por parte dos membros da empresa, 
importantes barreiras como a falta de padronização nacional e barreiras legais - como 
questões contratuais para uso do BIM em estágios mais avançados - não foram levantadas. 
Quanto às pessoas, as barreiras são principalmente relacionadas à treinamento, 
adaptação, resistência à mudança e mudança da cultura da empresa. Essas barreiras 
apresentam oportunidades de capacitação e reciclagem das equipes, promovendo uma 
elevação do nível técnico das mesmas. 
Grande parte das barreiras levantadas faz referência aos processos da empresa. No 
modelo atual, o processo é fragmentado, a troca de informações não é satisfatória e muitas 
vezes o projeto não apresenta nível de detalhamento suficiente para a compatibilização. Além 
disso, foi lembrada a problemática da não adoção da tecnologia por fornecedores e projetistas, 
apesar de já haver vantagens da implementação de BIM no estágio 1 (SUCCAR, 2009). Essas 
barreiras representam a oportunidade de rever todo o processo de desenvolvimento da 
15 
empresa, de modo a torná-lo mais colaborativo e eficiente. Além disso, a uso de BIM para 
compatibilização de projetos alavancaria uma melhora no nível de detalhamento dos mesmos, 
além de fomentar a implementação por parte dos projetistas e fornecedores. 
 Na categoria de tecnologia, foram identificadas barreiras relacionadas à 
implementação de novos softwares e serviços, aliadas ao hardware necessário para fazer uso 
desses produtos. A utilização dessas novas tecnologias representa a modernização de 
softwares e hardwares da empresa, para que se adequem a novos processos de trabalho. 
 Por último, foram identificadas barreiras do tipo financeiras. Elas envolvem os custos 
de implementação, como consultorias, treinamentos, licenças de software e compras de novos 
equipamentos. Além disso, foi levantado pelos entrevistados o momento atual da empresa, 
que não possui lançamentos de novos empreendimentos e passou por um corte de parte de sua 
equipe técnica. Esses fatores representam uma oportunidade de investir em inovação e 
otimização de processos justamente num momento de volume reduzido de trabalho, tendo 
sempre em mente que os investimentos se feitos da forma correta vão trazer retornos futuros, 
além de fazer com que a empresa se torne mais competitiva no mercado. 
 
9. CONCLUSÕES 
O uso do BIM no processo de compatibilização de projetos traz inúmeras vantagens 
quando comparado aos métodos tradicionais. Ainda assim, a sua implementação apresenta 
barreiras e oportunidades, de natureza pessoal, organizacional, de processos e financeira. 
A identificação de barreiras e oportunidades funciona como um diagnóstico inicial que 
tem como objetivo verificar quão pronta a empresa se encontra atualmente para implementar 
BIM no processo de compatibilização de projetos. Os resultados sugerem que o processo atual 
de compatibilização de projetos da empresa não é satisfatório e que muitas interferências só 
são identificadas e resolvidas na fase de obras. Nesse contexto, se faz necessário que empresa 
analisada (Incorporadora e construtora) invista em treinamento e capacitação da equipe 
técnica, reveja processos (elabore procedimento padrão de compatibilização de projetos e 
promova uma maior colaboração), além de que a mesma invista em tecnologia e avalie os 
possíveis retornos sobre investimento antes de decidir implementar BIM para 
compatibilização de projetos. 
O estudo de uma única unidade de análise aumenta a incerteza dos resultados obtidos, 
sendo arriscado garantir a generalização dos mesmos para empresas de outros portes ou que 
atuem em outros mercados ou segmentos da construção civil. Mais pesquisas se fazem 
necessárias para avaliar a validação das barreiras e oportunidades de uso do BIM na 
compatibilização de projetos identificadas neste estudo. 
16 
 
10. REFERÊNCIAS 
 
CBIC, Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras, Câmara 
Brasileira da Insústria e da Construção. Disponível em http://cbic.org.br/bim/, acesso 
novembro 2016. 
 
CMAA, Construction Management Association of America, “An Owner’s Guide to Project 
Delivery Methods, 2012,” CMAA, Internet, Disponível em http://cmaanet.org/files/Owners%20 
Guide%20to% 20Project%20Delivery%20Methods%20Final.pdf, accesso em 17 Outubro 2016. 
 
EASTMAN, Chuck et al. Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da 
construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Bookman 
Editora, 2014. 
 
ERNSTROM, Bill et al. The contractors' guide to BIM. Associated General Contractors of 
America, Arlington, VA, 2006. 
 
KORMAN, Thomas M.; TATUM, C. B. Computer Tool for Coordinating MEP Systems. 
In: Proceedings of the Computing in Civil and Building Engineering (2000). ASCE 
California, United States, 2000. p. 1172-1179. 
 
LEITE, Fernanda et al. Identification of data items needed for automatic clash detection in MEP 
design coordination. In: 2009 Construction Research Congress. 2009. p. 416-425. 
 
LIU, Shijing et al. Critical Barriers to BIM Implementation in the AEC Industry. International 
Journal of Marketing Studies, v. 7, n. 6, p. 162, 2015. 
 
MACHADO, Fernanda A.; RUSCHEL, Regina C.; SCHEER, Sergio. Análise bibliométrica da 
produção brasileira de artigos científicos na área de BIM. In: ENCONTRO NACIONAL DE 
TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 16., 2016, São Paulo. Anais... Porto Alegre: 
ANTAC, 2016. 
 
NBIMS, National BIM Standard - United States, Disponível em: 
https://www.nationalbimstandard.org/files/NBIMS-US_FactSheet_2015.pdf, acesso em outubro, 
2016. 
 
OLOFSSON, T. et al. Benefits and lessons learned of implementing building virtual design and 
construction (VDC) technologies for coordination of mechanical, electrical, and plumbing. 2007. 
 
RILEY, D. R.; HORMAN, M. J. Effects of design coordination on project uncertainty. 
In: Proceedings of the 9th Annual Conference of the International Group for Lean 
Construction (IGLC-9), Singapore. 2001. 
 
SILVA, T.F.; COELHO, K.M.; MELHADO, S.. Projetos industriais – barreiras para a 
implementação da Modelagem da Informação da Construção. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE 
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015, 
Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015. 
 
SUCCAR, Bilal. Building information modelling framework: A research and delivery foundation 
for industry stakeholders. Automation in construction, v. 18, n. 3, p. 357-375, 2009.
 
APÊNDICE A - Roteiro de entrevista 
 
Cargo do entrevistado: 
 
Bloco 1: Caracterização e organização da empresa: 
 
• Como é o processode desenvolvimento de produto da empresa? Quais são as etapas? 
• Na sua opinião, quais são os pontos críticos desse processo? (Quais são os pontos com 
maior ineficiência e que podem ser otimizados). 
• Como se dá a integração e troca de informações entre a incorporadora, projetistas e 
construtora durante o processo? 
• Em que momento a construtora se envolve no processo? Nesse ponto do processo, 
ainda pode haver grandes mudanças no escopo do projeto? 
• Os projetistas de sistemas prediais são envolvidos no processo? Eles podem sugerir 
modificações de projetos de outras disciplinas? 
 
Bloco 2: Processo de compatibilização de projetos: 
 
• Como é feita a compatibilização de projetos? 
• Em que momento se dá a compatibilização de projetos? 
• Quais são os pontos críticos da compatibilização de projetos? 
• Quão eficiente é a compatibilização de projetos? 
• Como se dá a resolução das interferências? 
 
Bloco 3: Entendimento de BIM: 
 
• Descreva o que você entende por BIM. 
• A empresa faz uso do BIM? Caso não, qual é o principal fator para a não 
implementação? 
• A empresa tem a pretensão implantar o BIM dentro de 5 anos? 
• Já existe algum plano de implementação? 
• Qual são as principais barreiras para a implementação do BIM na empresa? 
• Quais tipo de vantagens você acha que a implementação do BIM poderia trazer?

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