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PREPARATÓRIO PARA OAB Professora: Dra. Claudia Tristão DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 10 Aula 1 DIREITO DAS SUCESSÕES Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 Sucessões "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A sucessão pode ser a título universal: quando se transmite a totalidade ou a fração ideal do patrimônio do sucessor ao herdeiro, ou pode ser sucessão a título singular: quando está restrita a uma coisa ou a um direito determinado (legado). O autor da herança, também chamado de cujus, sucedendo, falecido, antecessor, inventariado ou finado, era quem detinha a titularidade do espólio. O espólio é o patrimônio transmissível do de cujus, englobando direitos reais e obrigacionais, ativo e passivo, é indivisível abstratamente, visto que pode ser dividida por quinhões entre os herdeiros, onde todos exercem os mesmos direitos sobre o patrimônio do falecido como se fosse um condomínio, entidade de personalidade anômala. Herdeiro ou sucessor universal: é quem recebe ou adquire os bens (descendentes, ascendentes, cônjuge ou convivente). Podem ser herdeiros necessários, quando a lei lhe assegura uma quota certa do monte hereditário, ou herdeiro testamentário, sucessão por disposição testamentária por ato de última de vontade. Porém, nem todos os direitos são suscetíveis de transmissão hereditária, podemos citar como exemplo os direitos derivados das obrigações personalíssimas, também os direitos de usufruto, de revogar doações por ingratidão, entre outros. Herança, monte, massa ou acervo hereditário: é conjunto patrimonial transmitido causa mortis. Pode ser dividida em quinhões ou em quota-fração caso haja mais de um sucessor, sem necessariamente haver a divisão dos bens em espécie. Princípio da saisine: de origem germânica, deriva da palavra saisir que significa agarrar, prender, apoderar-se. É sistema que atribui aos herdeiros o direito de entrar na posse dos bens do autor da herança. É transferência abstrata do acervo hereditário. Legado é o bem ou o direito que o testador transmite por ocasião da sua morte. Legatário é a pessoa para quem o testador deixa uma coisa ou quantia certa, pré-determinada, indivisa, a título de legado. Contudo, o legatário não tem o poder de representar o de cujus no inventário, e somente terá posse do bem ou quantia a ele deixado, quando o herdeiro lhe entregar. Inventário é processo judicial por meio da qual se efetua a descrição dos bens da herança. Comoriência: é a morte simultânea de duas ou mais pessoas herdeiras entre si, impossibilitando averiguar qual procedeu à outra (artigo 8º do Código Civil). Se considerados mortos no mesmo instante, nenhum dos comorientes será sucessor do outro, enquanto são chamados à sucessão de um e de outro. Aula 1 02 Abertura da sucessão A sucessão causa mortis opera-se somente após a morte física do de cujus, sendo necessária a fixação exata da hora no assento de óbito, porque é a partir desse momento que passa a existir herança e esta se transfere aos herdeiros. Transmissão, aceitação e renúncia da herança Aberta a sucessão, o monte hereditário transmite-se aos herdeiros legítimos e testamentários, como estabelece o artigo 1.784, aplicando-se desde logo o sistema de saisine, qual seja, os herdeiros têm a faculdade de entrar na posse dos bens desde o instante do falecimento do sucedendo, defendendo os bens da herança como se sempre tivessem sido os proprietários. Como ninguém pode ser herdeiro contra a vontade, é necessário que, depois de aberta a sucessão, seja feita a delação, isto é, o oferecimento da herança, que é aberta pela vocação hereditária, fixada na lei ou pela vontade do de cujus, fixada no testamento. Uma vez aceita expressamente a herança, como estabelece o artigo 1.805, confirmado o seu direito de herdeiro, passa ele a exercer todos os direitos e obrigações decorrentes do patrimônio herdado, salvo as obrigações personalíssimas, podendo, inclusive exercitar qualquer ação possessória. Importante esclarecer que conjuntamente ao patrimônio, transmitem-se também os ativo e passivo, as ações contra e a favor dele, as pretensões. Ocorrerá a aceitação tácita quando o herdeiro passa a praticar atos que presumam sua vontade de adir, de aceitar. Pessoa jurídica também pode ser herdeira, mas essa hipótese somente ocorrerá por testamento. Capacidade sucessória Não basta apenas a aceitação da herança, também é necessário verificar se o herdeiro legítimo ou testamentário tem capacidade hereditária, que difere da capacidade civil. Nesta, os relativamente ou absolutamente incapazes devem aceitar ser representados por seus pais, tutores ou curadores, porque a aceitação de um incapaz, sem as formalidades da lei, não produz efeito, é nula ou anulável. Já a incapacidade hereditária se dá em razão da indignidade ou deserção. O nascituro poderá ser sucessor hereditário desde que no momento da abertura da sucessão já tenha sido concebido, nomeando-se-lhe um curador ao ventre. Adquirindo de imediato a propriedade e a posse da herança, como se já houvesse nascido desde o momento da abertura da sucessão. Contudo, se nascer morto, deve ser considerado como se nunca tivesse existido. Esse princípio foi extraído segundo o qual somente há personalidade jurídica após o nascimento com vida. Se a mãe falecer antes do nascimento da criança, esta, se nascida com vida tem legitimidade sucessória. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 Também é possível a sucessão condicional, subordinada a evento futuro e incerto, realizada por disposição testamentária. Indignidade: É a destituição do direito de suceder ao herdeiro que se conduziu mal em relação ao de cujus. Fundamenta-se sob dois aspectos: subjetivo: pois presume-se que o autor da herança não gostaria que seu patrimônio fosse transferido para quem o tenha ofendido; e objetivo: porque a indignidade ofende também à ordem pública, amparada pelo interesse social. A diferença entre incapacidade e indignidade, é que na primeira ocorre a falta de aptidão para adquirir direitos, enquanto que a indignidade é a perda desta aptidão por culpa do beneficiário. A indignidade confronta-se com a deserdação em vários aspectos, quais sejam: 1) a indignidade é legal e a deserdação voluntária; 2) a indignidade só se dá por sentença, a deserdação por testamento; 3) a indignidade cabe nas duas sucessões, a deserdação só na legítima; 4) as causas da indignidade autorizam a deserdação, mas não o contrário. Sua natureza jurídica é de sanção civil. O artigo 1.814 enumera três hipóteses de indignidade, consideradas numerus clausus, pois somente os casos indicados autorizam a exclusão por indignidade. Quais sejam: 1) Autoria ou co-autoria em homicídio doloso, tentado ou consumado contra a pessoa do de cujus, excluindo a hipótese de homicídio culposo. 2) Acusação caluniosa, injuriosa e difamatória ou crime contra a honra do de cujus. 3) Emprego de violência ou meios fraudulentos na manifestação de vontade do de cujus, que interferem na livre disposiçãodo autor da herança quanto a seus bens em testamento ou codicilo, impedindo a execução dos atos de última vontade. Na pendência da ação até o trânsito em julgado, o herdeiro estará na posse dos bens da herança. Caso ocorra uma das hipóteses acima, ou seja, o herdeiro ou legatário for considerado indigno, surgirão alguns efeitos: a) O indigno deverá devolver o que houver recebido; b) os atos praticados pelo herdeiro são considerados até a sua exclusão; c) o indigno, obrigado à restituição de coisas, tem direito à indenização pela conservação, podendo reclamá-la em ação própria ou por meio de reconvenção na ação de indignidade. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 Efeitos: Como ensina o artigo 1.816, os efeitos da exclusão são pessoais, portanto, não podem passar da pessoa do indigno, como dissemos, é uma sanção civil. Uma vez declarada a sua indignidade, apaga-se a vocação sucessória, é verdadeira morte civil (que difere da morte física). Em virtude do seu caráter pessoal, não afasta a vocação dos descendentes do indigno, bem como o direito destes na sucessão do indigno. Porém, se o indigno era simplesmente herdeiro testamentário ou legatário, nada receberão seus descendentes. O prazo para pleitear a exclusão de herdeiros é de quatro anos a contar da abertura da sucessão, tanto para pleitear a exclusão do herdeiro, ou provar a causa da deserdação. Reabilitação: É ato exclusivo do ofendido reconsiderar, perdoar e, por ato formal, como a escritura pública ou o testamento, reabilitar o herdeiro considerado indigno, podendo haver ainda retratação da retratação. Deserdação: É o ato pelo qual o sucessor da herança exclui, por testamento, herdeiro necessário, fundado em causas expressamente previstas em lei (artigo 1.814). É ato formal (artigo 1.961). Em face disso, são requisitos essenciais à eficácia da deserdação: a) testamento: nenhum ato o substitui como forma de deserdar herdeiro necessário; b) causa legal: são as previstas em lei, taxativamente. Além das causas da indignidade (artigo 1.814), a ofensa física, injúria grave, relações ilícitas com madrasta e padrasto e desamparo do ascendente doente mental ou com doença grave; c) herdeiro necessário: só este pode ser deserdado, sendo entendido como ascendentes e descendentes em qualquer grau, não se computando os cônjuges e nem os parentes colaterais. O prazo para a propositura da ação também é de quatro anos, a contar da abertura da sucessão. Assim também parece decadencial e não prescricional, tendo o mesmo prazo o deserdado para impugnar a causa aventada no testamento. Renúncia da herança: O herdeiro não é obrigado a receber a herança, e o seu repúdio deverá ser expresso ou explícito, por instrumento público ou nos próprios autos do inventário. Formalizada a renúncia, os bens passam aos herdeiros de quem os renunciou, independentemente de sua anuência ou aceitação. Contudo para ser válida a renúncia, deve-se observar o pressuposto da capacidade para os atos da vida civil (artigo 5º, do Código Civil), se incapaz precederá de autorização judicial. Pode ser feita por mandatário com poderes especiais e expressos para isso. Se casado, necessitará da outorga uxória, salvo se adotou o regime de separação total de bens (artigo 1.647). A renúncia é irrevogável, porém, nada impede que seja anulada diante da possibilidade de haver sido realizado sob erro, dolo, ou coação. Porém, os credores que se sentirem prejudicados poderão anular a renúncia, aceitando a herança em nome do renunciante (artigo 1.586). "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br
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