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1 O QUE É GLOBALIZAÇÃO Globalização é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa "aldeia-global", explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação - telefones, computadores e televisão. As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países. 1.2 Corporações Transnacionais A globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. A cadeia de fast food McDonald's, por exemplo, possui 18 mil restaurantes em 91 países. Essas corporações exercem um papel decisivo na economia mundial. Segundo pesquisa do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de São Paulo, em 1994 as maiores empresas do mundo (Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo, General Motors, Marubeni, Ford, Exxon, Nissho e Shell) obtêm um faturamento de 1,4 trilhão de dólares. Esse valor equivale à soma dos PIBs do Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai, Venezuela e Nova Zelândia. 3 Outro ponto importante desse processo são as mudanças significativas no modo de produção das mercadorias. Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transportes, as transnacionais instalam suas fábricas sem qualquer lugar do mundo onde existam as melhores vantagens fiscais, mão-de-obra e matérias- primas baratas. Essa tendência leva a uma transferência de empregos dos países ricos - que possuem altos salários e inúmeros benefícios - para as nações industriais emergentes, com os Tigres Asiáticos. O resultado desse processo é que, atualmente, grande parte dos produtos não tem mais uma nacionalidade definida. Um automóvel de marca norte-americana pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na Alemanha, montado no Brasil e vendido no Canadá. 1.3 Revolução Tecnocientífica A rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação (computadores, telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar o comércio e as transações financeiras entre os países. Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo. Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para l,5 milhão. Uma ligação telefônica internacional de 3 minutos, que custava cerca de 200 em 1930, hoje em dia é feita por US$ 2. O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, é de cerca de 50 milhões e tende a duplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no mundo. E o maior uso dos satélites de comunicação permite que alguns canais de televisão - como as redes de notícias CNN, BBC e MTV - sejam transmitidas instantaneamente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes. 4 1.4 Desemprego Estrutural A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos. Nessa reestruturação estão sendo eliminados vários postos de trabalho, tendência que é chamada de desemprego estrutural. Uma das causas desse desemprego é a automação de vários setores, em substituição à mão de obra humana. Caixas automáticos tomam o lugar dos caixas de bancos, fábricas robotizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem datilógrafos e contadores. Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslocamento de fábricas para os países com custos de produção mais baixos. 1.5 Novos Empregos O fim de milhares de empregos, no entanto, é acompanhado pela criação de outros pontos de trabalho. Novas oportunidades surgem, por exemplo, na área de informática, com o surgimento de um novo tipo de empresa, as de "inteligência intensiva", que se diferenciam das indústrias de capital ou mão-de-obra intensivas. A IBM, por exemplo, empregava 400 mil pessoas em 1990, mas, desse total, somente 20 mil produziam máquinas. O restante estava envolvido em áreas de desenvolvimento de outros computadores - tanto em hardware como em software - gerenciamento e marketing. Mas a previsão é de que esse novo mercado de trabalho dificilmente absorverá os excluídos, uma vez que os empregos emergentes exigem um alto grau de qualificação profissional. Dessa forma, o desemprego tende a se concentrar nas camadas menos favorecidas, com baixa instrução escolar e pouca qualificação. 5 1.6 Blocos Econômicos São associações de países, em geral de uma mesma região geográfica, que estabelecem relações comerciais privilegiadas entre si e atuam e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Um dos aspectos mais importantes na formação dos é a redução ou a eliminação das alíquotas de importação, com vistas à criação de zonas de livre comércio. Os blocos aumentam a interdependência das economias dos países membros. Uma crise no México, como a de 1994, afeta os EUA e o Canadá - os outros países-membro do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta). O primeiro bloco econômico aparece na Europa, com a criação, em 1957, da Comunidade Econômica Européia (embrião da atual União Européia). Mas a tendência de regionalização da economia só é fortalecida nos anos 90: o desaparecimento dos dois grandes blocos da Guerra Fria, liderados por EUA e URSS, estimula a formação de zonas independentes de livre-comércio, um dos processos de globalização. Atualmente, os mais importantes são: o Acordo de Livre Comércio da Am rica do Norte (Nafta), a União Européias (UE). o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) e, em menor grau o Pacto Andino, a Comunidade do Caribe e Mercado Comum (Caricom), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e a Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC). No plano mundial, as relações comerciais são reguladas pela Organização Mundial do Comércio (MC)m que substitui o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), criado em 1947. A organização vem promovendo o aumento no volume de comércio internacional por meio da redução geral de barreiras alfandegárias. Esse 6 movimento, no entanto, é acompanhado pelo fortaleci mentos dos blocos econômicos, que buscam manter maiores privilégios aos países-membro. PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS Blocos Integrantes PIB total (milhões de US$) População total (milhões de hab.) PIB per capita (em US$) Data de criação Asean 7 países 541.075 429,00 1.261,25 1967 Apec 17 países e 1 território 14.119.450 2.217,00 6.368,72 1989 Caricom 12 países e 3 territórios 16.135* 5,82 2.772,34 1973 Mercosul 4 países 859.874 207,70 4.139,98 1991 Nafta 3 países 7.568,082 391,10 19.356,76 1988 Pacto Andino 5 países 197.662 101,50 1.947,41 1969 União Européia 15 países 7.324.381 372,40 19.668,05 1957 SADC 11 países 145.950 137,20 1.063,78 1979 CEI 12 países 550.989 285,00 1.933,29 1991 * Excluídas as ilhas Virgens Britânicas e as ilhas Turks e Caicos. Fontes: Banco Mundial, Fundo das Nações Unidas para a População 2 O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO 2.1 Brasil quer a Integração Comercial de toda a Américado Sul 7 O ano de alargamento do Mercosul - essa poderia ser a manchete de síntese da evolução do ConeSul em 1996, se fosse verdade o que a imprensa brasileira noticiou nos últimos meses. Interpretando de forma simplista- e errada- os tratados formados pelo Chile e Bolívia com o Mercosul. O ano de alargamento do Mercosul - essa poderia ser a manchete de síntese da evolução do ConeSul em 1996, se fosse verdade o que a imprensa brasileira noticiou nos últimos meses. Interpretando de forma simplista - e errada - os tratados formados pelo Chile e Bolívia com o Mercosul, jornais e televisões noticiaram a adesão dos dois ao bloco sub-regional liderado pelo Brasil e Argentina. Isso não aconteceu, pelo menos por enquanto. Mas foi dado o primeiro passo nessa direção: o Chile e a Bolívia firmaram tratados de associação, o que significa que, sem aderir ao bloco, eles passam a aceitar regras de tarifas comerciais reduzidas no intercâmbio com os integrantes do tratado de Assunção de 1991. O passo adiante não aponta para o alargamento do Mercosul por agregações sucessivas, mas para o desenvolvimento de um processo mais complicado, que os diplomatas brasileiros apelidaram de estratégia do building blocks. O Chile esnobou o Mercosul até a pouco. "Adios, Latinoamerica", chegou a trombetear uma manchete de EL Mercurio, o principal diário de Santiago, resumindo uma política voltada para a Bacia do Pacífico e uma estratégia de integração do Nafta. As coisas mudaram. A solicitação de adesão à zona de livre comércio liderada pelos EUA esbarrou no colapso financeiro mexicano de dezembro de 1994. Escaldados, os parlamentares americanos negaram a tramitação rápida da solicitação no Congresso e as negociações continuam a se arrastar. Além disso, a abertura comercial que se espraia pela América Latina repercutiu sobre o intercâmbio externo chileno, puxando-o de volta para o subcontinente. 8 A Bolívia solicitou, em julho de 1992, a adesão gradual ao Mercosul. O gradualismo boliviano está orientado para controlar um obstáculo político e diplomático: o país faz parte do Pacto Andino e Tratado de Assunção não permite a entrada de integrantes de outras zonas de comércio. Mas, no terreno da economia e da geografia, a Bolívia está cada vez mais colada ao Mercosul. O acordo recente para fornecimento de gás natural e construção de um gasoduto Brasil-Bolívia vale mais que as filigranas jurídicas que bloqueiam a adesão imediata. E as perspectivas de cooperação de todos os países do Cone Sul tendem a abrir duas saídas oceânicas regulares para a Bolívia, cuja história está marcada pela perda de portos de Atacama, na Guerra do Pacífico (1879-83). Não é provável que o Chile ingresse plenamente no atual Mercosul, e Santiago não quer perder suas vantagens comerciais no intercâmbio com o Nafta e a Bacia do Pacífico. A Bolívia não pretende deixar o Pacto Andino entrar no Mercosul, e o Chile, com melhores razões, não pretende desistir do ingresso no Nafta. O horizonte com o qual trabalham os diplomatas brasileiros é o da articulação gradual do Mercosul com os países e blocos comerciais vizinhos, com vistas á formação de uma Associação de Livre Comércio Sul-Americana (Alcsa). Essa é a estratégia do buiding-blocks. A sua meta consiste em criar, a partir de um grande bloco comercial na América do Sul, a plataforma ideal para negociar a integração pan-americana com a superpotência do Norte. É por isso que o Brasil não tem pressa nas conversações destinadas à formação de uma super zona de livre comércio das três Américas, que foram lançadas pelo ex-presidente dos EUA, George Bush, em 1990. Do ponto de vista brasileiro podemos citar como áreas que ganharam impulso: • Automobilística; • Geração de energia; • Telecomunicações; • Serviços. 9 Enquanto que os setores mais prejudicados são: • Agricultura; • Têxtil; • Borracha; • Calçados. A outra faceta do processo de Globalização está na indústria. Tomem-se as dez maiores corporações mundiais: 1. Mitsubishi; 2. Mitsui; 3. Itochu; 4. Sumimoto; 5. General motors; 6. Marunbeni; 7. Ford; 8. Exxon; 9. Nissho 10. Shell; Estas empresas faturam 1,4 trilhões de dólares, o que equivale ao PIB conjunto de: • Brasil; • México; • Argentina; • Chile; • Colombina; • Peru; 10 • Uruguai; • Venezuela. Metade dos prédios, máquinas e laboratórios desses grupos e mais da metade de seus funcionários em unidades for do país de origem e 61% do seu faturamento é obtido em operações no estrangeiro. A força dessas corporações e sua atuação geográfica mudaram o enfoque do jogo econômico. No passado, quem fazia as grandes decisões econômicas eram os fovernas. Agora são as empresas e estão decidindo basicamente o que, como. quando e onde produzir os bens e serviços utilizados pelos seres humanos. Para conseguir preços melhores e qualidade de mais alta tecnologia em sua guerra contra os concorrentes, as empresas cortaram custos. Isto é, empregos, e ainda aumentaram muito os seus índices de automação, liquidando mais postos de trabalho. Nos estudos econômistas, deu-se o nome de "desemprego estrutural" a essa tendência. O desemprego estrutural é um processo cruel porque significa que as fábricas robotizadas não precisam mais de tantos operários e os escritórios podem dispensar a maioria de seus datilógrafos, contadores e gerentes. Ele é diferente do desemprego que se conhecia até agora, motivado por recessões, que mais cedo ou mais tarde passavam. Os economistas apontam no desemprego estrutural um paradoxo do sistema de Globalização. Ele se ergueu para produzir coisas boas e baratas, vendidas numa escala planetária, fabricadas em grande parte por robôs, que são orientados por computadores. Mas por cortar o emprego das pessoas e sua renda não terá para quem vender seus carros reluzentes e seus computadores multimídia. Segundo os críticos, a outra nota ruim da Globalização está no desaparecimento das fronteiras nacionais. Os governos não conseguem mais deter os movimento do capital internacional. Por isso, seu controle sobre a política econômica interna está se esgarçando. A quebra mexicana no final de 1994 é o exemplo mais 11 marcante dessa perda de controle. Assim que o governo desvalorizou o peso frente ao dólar, os investidores sacaram vários bilhões aplicados no país e o México precisou de um pacote de socorro do FMI e do governo estadunidense. Os governos também estão perdendo a capacidade de proteger o emprego e a renda das pessoas. Se um país estabelece uma legislação que protege e encarece o trabalho, é provavelmente excluído da lista de muitos projetos de investimento. Há, enfim, uma perda de controle sobre a produção e comercialização de tecnologia, o que nos tempos da Guerra Fria, seria impensável. Naquela época, a tecnologia estava ligada à soberania dos países. No espaço de duas gerações, o mundo ficou muito complicado. Os que completam 40 anos em 1997 nasceram sob o signo do SPUTINIK, a pequena bola de metal, dotada de um transmissor de rádio, que os russos na órbita terrestre pela primeira vez, detonando a corrida espacial. Naquela época um computador pesava 30 toneladas e era chamado de cérebro eletrônico. Os aviões a jato eram uma novidade e a distância entre os países, um obstáculo difícil de transpor. O Brasil não conhecia o hambúrguer, não tinha indústrias automobilísticas, nem supermercados e a capital ficava no Rio de Janeiro. A corrida espacial consumiu dinheiro maciço em pesquisa e formação de cientistas, e seu subproduto tangível é, por exemplo, o raio laser, o satélite, o videocassete e as raquetes de tênis feitas de grafite. Ela provocou uma revolução tecnológica na qual as empresas sebasearam para moldar a economia global. Com esforço e um grau de alta ansiedade, os brasileiros estão deixando o seu isolamento para entrar nessa corrente. A ginástica pode ser cansativa e dolorida, mas há outra maneira de ingressar no futuro. Ou de não comer poeira ficando no passado. O processo econômico sempre sofreu suas criticas de adaptação, mas as próprias crises sempre produziram as soluções. 12 3 O QUE É O MERCOSUL Desde 1º de janeiro de 1995, Argentina, Brasil Paraguai e Uruguai, os países membros do Mercosul (Mercado Comum do Sul), passam a cobrar tarifas idênticas nas suas importações. A TEC (Tarifa Externa Comum) abrange 85% dos produtos negociados. Os 15% restantes terão um prazo maior de adaptação (variando de 2001 a 2006). Em 1995, estes países formaram uma união aduaneira com quase 190 milhões de consumidores potenciais e um PIB (Produto Interno Bruto) total de mais de meio trilhão de dólares d terão 12 anos para dar o passo seguinte: construir um mercado comum e, ao mesmo tempo, conquistar a estabilidade econômica e superar o subdesenvolvimento social. Ao contrário das experiências anteriores, desta vez a integração deixou os gabinetes e consolidou-se com negócios. Mais de 300 empresas brasileiras estão investindo na Argentina e o comércio regional deu um salto de 34% ao ano desde 1990. O Mercosul pode mudar o mapa da América do Sul. Seus países são: BRASIL 13 Nome Oficial: República Federativa do Brasil Capital: Brasília Área:8.511.965 Km2 População:149,2 milhões Língua: Português Divisão administrativa:26 estados e o distrito federal Renda per capta: US$2.770 Moeda: Real Regime de governo: Presidencialista ARGENTINA Nome Oficial: República Argentina Capital: Buenos Aires Área:2.766.889 Km2 População:33,1 milhões Língua: Espanhol Divisão administrativa:22 províncias, 1 distrito e o território da terra do fogo. Renda per capta: US$6.050 Moeda: Peso Regime de governo: Presidencialista URUGUAI 14 Nome Oficial: República Oriental do Uruguai Capital: Montevidéu Área:176.224 Km2 População:3,1 milhões Língua: Espanhol Divisão administrativa:19 departamentos Renda per capta: US$3.340 Moeda: Peso Uruguaio Regime de governo: Presidencialista PARAGUAI Nome Oficial: República do Paraguai Capital: Assunção Área:406.752 Km2 População:4,5 milhões Língua: Espanhol e Guarani Divisão administrativa:19 departamentos e um distrito federal Renda per capta: US$1.380 Moeda: Guarani Regime de governo: Presidencialista A função da união entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - o Mercosul tem como objetivo melhorar as economias dos mesmos com uma aliança. Alem de poderem contar com o apoio destes países o intercâmbio de produtos, culturas e raças esta sendo muito importante para suas independências, pois ainda são 15 colônias de si mesmas. Apesar de todos as diferenças entre estes países o Mercosul como a globalização ele está em pleno vigor. 3.1 Quadro geral do Mercosul: Exportações e importações do Brasil para os países do Mercosul País Exportações Importações Argentina 2.700 1900 Uruguai 479 316 Paraguai 649 180 Em milhões de dólares (US$) Fonte: Folha de S.Paulo - 18 de dezembro de 1994, caderno MERCOSUL Índices Gerais da economia dos países do Mercosul Índices Argentina Brasil Paraguai Uruguai PIB (US$ bi) 200,2 426,3 0,9 1,3 Desemprego (% - mês) 9,3 4,5 2,1 9,4 Inflação (% - mês) 0,3 2,47 0,9 3,5 Divida Externa (US$ bi) 67,5 121,1 1,7 5,2 Juros (% - mês) 0,9 4,7 1,3 5,6 Reservas Internacionais (US$ bi) 15,5 43,5 0,9 1,3 Fonte: Folha de S.Paulo - 18 de dezembro de 1994, caderno MERCOSUL 16 4 O MERCOSUL E A ALCA 4.1 O Que É A Área de Livre Comércio das Américas, ALCA, é uma idéia grandiosa que começou a ser elaborada há três anos. Através dela as barreiras comerciais entre os países que formam a América seriam derrubadas em breve. Produtos e serviços fluiriam pelo continente sem restrições e sem impostos, os preços internos cairiam e economias frágeis como a do Paraguai, teriam a oportunidade de sair da estagnação. A Alca ainda não foi concretizada, ainda é um projeto previsto para 2005. No dia 16 de maio, houve em Belo Horizonte um conferência para decidir sobre os próximos passos deste acordo, a ALCA. Este é um projeto grandioso, que se tornaria maior que a União Européia, quando concreto, gerando uma riqueza anual de 9 trilhões de dólares. 4.2 Conferência de Belo Horizonte Na conferência da semana passada, em Belo Horizonte, representantes de 34 países das três Américas se reuniram com o intuito de discutir sobre o projeto como um todo, e acabaram defrontando-se com uma forte disputa entre o Brasil e os Estados Unidos, duas das economias mais fortes das Américas. Os Estados Unidos, que querem se sobressair no bloco e criar medidas protecionistas apenas à sua economia querem a abolição das tarifas alfandegárias já no ano que vem 17 (1998). O Brasil não concordou com esta medida do tranco tarifário, pois a considera prejudicial para si e benéfica para os Estados Unidos. A conseqüência imediata seria que os Estados Unidos inundariam o Brasil com seus produtos, isentos de impostos de importação, e que são melhores e mais baratos que os nacionais. Assim, como o Brasil coerentemente decidiu, isso seria prejudicial à economia nacional, realizando, assim, "um belo ato de protecionismo a industria nacional". Isto poderia produzir efeitos devastadores na indústria nacional e assim, no nível de emprego. Mesmo se o Brasil concordasse com os Estados Unidos, eles continuariam a dificultar a entrada em seu país de vários artigos brasileiros competitivos, pois além das tarifas alfandegárias, adotam inúmeras barreiras sobre os produtos brasileiros. Inúmeros produtos brasileiros sofrem restrições ou nem são aceitos, como a carne brasileira, que não é importada pelos E.U.A porque tem aftosa, segundo eles. Dentre muitos outros, esse é um truque usado para proteger o mercado americano. No conclave diplomático em Belo Horizonte, venceu a posição brasileira, avalizada pelos seus parceiros do Mercosul - Argentina, Uruguai e Paraguai. Os países engajados no Mercosul querem tempo para estudar como seria um abraço com os Estados Unidos querem também um prazo mais longo para melhorar o que produzem de forma que a competição comercial venha a ser mais equilibrada no interior do bloco, eles querem, na verdade até o ano trabalhar para reduzir a burocracia, facilitar os negócios e acabar com as restrições não tarifárias às importações como cotas e exigências sanitárias só então, em 2003 se começará a discutir a extinção dos impostos . "A pressa oferece riscos muito grandes e o Brasil, assim como os outros países do Mercosul quer se proteger" disse Roberto Teixeira da Costa, presidente da seção do brasileira do Conselho de Empresários da América latina. Os empresários 18 brasileiros que compareceram à conferência trabalharam bem ao convencer o governo e os empresários argentinos de sua posição. O Brasil se mostrou responsável ao assumir que não está capacitado para entrar neste mercado, colhendo os frutos merecidos. Medida de protecionismo Escala feita pelo International Institute for Management Development (IMD). País Grau de Abertura Chile 8,67 Dinamarca 8,55 Hong Kong 8,46 Irlanda 8,20 Suécia 8,00 México 7,90 Nova Zelândia 7,87 Finlândia 7,74 Holanda 7,72 Hungria 7,65 Luxemburgo 7,64 Portugal 7,51 4.3 Patamar Geral da Liberação dos MercadosMundiais A International Institute for Managment Development, IMD, fez uma pesquisa dos países mais abertos comercialmente, (ao lado) usando como critério as impostos e as barreiras não tarifárias dos mesmos. Neste ranking os E.U.A., cujas importações correspondem a 12% de seu PIB, estão em 29º lugar e o Brasil, cujas importações correspondem a 8% do seu PIB, está em 35º. Esta "igualdade" é importante quando se quer formar um bloco comercial, pois os dois países (E.U.A. e Brasil) são potenciais negociadores. O verdadeiro interesse dos E.U.A. em quebrar as barreiras não é mais os carros japoneses ou seu desemprego, e sim resolver o seu problema do déficit da balança comercial que em 1996 foi de 160 bilhões de dólares, sendo que suas exportações para outros continentes vem caindo e a solução encontrada foi de expandir estas importações para o próprio continente Americano, o que podemos ver já que as exportações para os países do Mercosul cresceram 160% de 1990 a 1995. 19 Áustria 7,50 Noruega 7,49 Austrália 7,41 Turquia 7,33 Cingapura 7,31 Alemanha 7,30 Bélgica 7,19 Colômbia 7,02 Itália 7,00 Espanha 6,95 Grécia 6,94 Argentina 6,88 República Checa 6,80 Inglaterra 6,79 Canadá 6,63 Israel 6,44 Estados Unidos 6,29 França 6,26 Malásia 6,26 Taiwan 6,03 Tailândia 5,95 Filipinas 5,53 Brasil 5,40 O Mercosul vêm se tornando muito atrativo para o mercado mundial já que países com a Holanda, Espanha, Alemanha, França, e Itália, vêm fazendo muitas feiras comercias com estes países. Na verdade o que está interessando o mundo dos negócios é o poder aquisitivo do Mercosul, e seu aumento de 3,5% ao ano. Foto: Fernando Henrique Cardoso na conferência de Belo Horizonte discutindo a criação da ALCA critica o modo de negociação dos E.U.A. Fonte: Revista Veja, 21 de maio de 1997 20 Indonésia 5,35 África do Sul 5,11 Suíça 5,10 Coréia 5,07 Índia 4,98 Islândia 4,82 Venezuela 4,75 Rússia 4,56 Polônia 4,48 China 3,79 Japão 3,52 O cálculo sobre abertura comercial considera as tarifas e as barreiras não tarifárias. Fonte: Revista Veja, 21 de maio de 1997 21 22 CONCLUSÕES E TENDENCIAS FUTURAS O mundo já não é mais como foi o de papai. Ouve-se falar num momento que as grandes corporações americanas estão demitindo dezenas de milhares de trabalhadores de olhos azuis e transferindo suas operações para os países morenos, de mão-de-obra mais barata. Países tão diferentes como a Finlândia e Espanha enfrentam taxas de desemprego de quase 20%, enquanto os pequenos tigres da Ásia, como Cingapura, Taiwan e Hong Kong, ou alguns aprendizes, como Malásia e Tailândia, são apontados como modelos de agressividade econômica. No mundo do trabalho internacionalizado o que mais há é desemprego. E quem fica à margem desse giro do capitalismo está condenado ao atraso e a miséria. Mas quem se adapta a ele nem por isso se sai bem. Vide o México, que cumpriu à risca a receita ortodoxa para integrar sua economia ao mundo avançado e quebrou sua bolsa.
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