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VI- RETORNO ELÁSTICO (Spring back) No dobramento sempre deve ser levado em conta o fato que após cessado o esforço do punção sobre o material, haverá um certo retorno da peça dobrada, ficando a dobra com um ângulo maior que o obtido no momento da pressão da ferramenta. Isso é o resultado da acomodação do material, submetido a intensidades diferentes de tensão. O ângulo de retorno depende, principalmente, do material, de sua espessura e do raio de curvatura Normalmente ele varia de 1 a 10 e, para saber o seu valor exato, convém realizar-se um ensaio prévio de dobra. Portanto, as ferramentas de dobra devem ser feitas com um ângulo que compensem esse retorno. Folga entre punção e matriz A folga entre o punção e a matriz deve ser igual à espessura da chapa. Como a espessura pode variar dentro das tolerâncias de usina, isto deve ser considerado no dimensionamento da folga. Força de dobramento Para o cálculo da força necessária para realizar-se um determinado dobramento é preciso saber como será o desenho da ferramenta e como é a seção da peça dobrada. A seguir, apresentaremos três tipos básicos de dobramento mostrando o roteiro que deve ser seguido para determinação da força de dobramento. Outros tipos de dobramento podem ser analisados de maneira análoga. A atuação da força de dobramento sobre a peça deve ser considerada da mesma forma que se considera uma carga atuando sobre uma viga bi-apoiada. Assim, para calcularmos a força de dobramento devemos associar o tipo de dobramento com um correspondente carregamento de uma viga. Para o caso de seções retangulares, como a de uma chapa: W = b.e²/6, onde: b = largura da tira; e = espessura da tira Substituindo, temos: Mf = (b.e²/6).σf Igualando-se as duas equações teremos: Fd.l/4 = (b.e²/6).σf, Portanto: Fd = b.e².σf/1,5.l Dobramento em "L": Da resistência dos materiais vem: Mfmax = Fd.l. Onde: l =comprimento livre entre o punção e o engastamento da tira na matriz. Da mesma forma que no exemplo anterior temos: Mf= W. σf e, para tiras de chapas: W = b.e²/6, Portanto: Mf = (b.e²/6).σf Igualando-se teremos: Fd.l = (b.e²/6).σf, Portanto: Fd = (b.e²/6.l).σf Quando l = e vem: Fd = b.e. σf /6 Dobramento em "U" Este tipo de dobramento pode ser considerado como um duplo dobramento em "L", com l = e. Assim: Fd = 2.b.e. σf /6 = b.e. σf /3 Sujeitador Nas operações de dobramento poderá haver a necessidade de manter-se a tira de chapa presa firmemente, para evitar que a mesma desloque-se durante a operação. Para isso poderá ser usado um prensa-chapa ou sujeitador de ação por molas. Normalmente, o valor dessa força de sujeição pode ser considerado como sendo 0,3 Fd. Operações de Embutimento ou Repuxo Introdução A operação de repuxar consiste em obter-se um sólido, de forma qualquer, partindo-se de um desenvolvimento de uma chapa plana. O estudo do fluxo do metal nesta operação é bastante complexo, pois aparecem estados duplos e triplos de tensão. As possibilidades de repuxar começam no limite elástico e terminam um pouco antes do limite de ruptura. Portanto, quanto maior for a diferença entre o limite elástico e o de ruptura, maiores serão as possibilidades de repuxar determinado metal. A chapa de aço para operações de repuxar deve ter um limite elástico bastante baixo (180 a 210 N/mm²) e uma carga de ruptura a mais elevada possível (350 a 420 N/mm²), com um coeficiente de alongamento em torno de 33 a 45%. Nesta operação, ao contrário das precedentes, praticamente todo o volume da peça sofre tensões e é encruado, exceto o fundo da peça, que serviu de apoio à face do punção. De forma geral, o encruamento melhora a qualidade do produto acabado. Por exemplo, partes de carroceria de automóvel são encruadas para aumentar sua resistência a rupturas e a deformações. Por outro lado, encruamentos excessivos devem ser evitados, pois isso tornará a peça frágil. Como, geralmente, a chapa é fina, as forças de compressão tendem a flambar a chapa na zona plana, o que origina ondulações e rugas nesta área. Para evitar-se este fenômeno utilizam-se prensa-chapas, o que implica no aparecimento de forças de atrito entre este e a chapa que está sendo repuxada. Determinação do desenvolvimento de uma peça embutida Consiste em determinar tanto o formato como as dimensões do desenvolvimento. Para peças de seção circular sabe-se que o formato do desenvolvimento é um círculo. Entretanto, a determinação do formato do desenvolvimento nem sempre é fácil, exigindo cálculos por computador ou sendo muitas vezes calculado por aproximação ou de forma experimental. As dimensões do desenvolvimento, são calculadas baseado na igualdade das áreas superficiais do desenvolvimento e da peça. Como a espessura da chapa praticamente não varia e o volume do material permanece constante durante o processo, podemos concluir que a área da superfície da peça é igual a do desenvolvimento. Assim temos: Speça = Sdesenvolvimento Para o cálculo da área da superfície da peça repuxada devem ser utilizadas as dimensões na linha neutra, como visto para a operação de dobramento. Exemplo de aplicação para peças com seções circulares Calcular o desenvolvimento do copo cilíndrico de diâmetro d e altura h Solução: Desprezando-se o raio de curvatura, a área da superfície do copo vale: Sp = (π.d²/4)+π.d.h Como a peça tem seção circular o seu desenvolvimento é um círculo de diâmetro D. Assim: Sd = π.D²/4 Igualando-se as áreas teremos: π.D²/4 = (π.d²/4)+π.d.h Portanto: D = √d²+4dh Força de embutimento Não é fácil calcular o esforço necessário para a operação de embutimento de uma peça, pois são muitos os fatores que interferem, tais como: tipo de material, espessura da chapa, profundidade do embutimento, raios da matriz e do punção, acabamento superficial dos mesmos, lubrificação, etc. Para esses cálculos existemsoftwares desenvolvidos com esse propósito. Entretanto, para peças circulares, podemos calcular com boa aproximação a força de embutimento (Fe) multiplicando-se a força de corte (Fc) por um coeficiente m, menor que 1, tabelado em função da relação d/D. A tabela 9 determina o valor de m para chapas de aço para repuxo profundo. Portanto, para corpos cilíndricos teremos: Fe = π.d.e.Ks.m d/D M 0,55 1,00 0,575 0,93 0,60 0,72 0,70 0,60 0,75 0,50 0,80 0,40 Embutimento progressivo Quando a peça a ser embutida possui a altura muito grande em relação às dimensões do fundo, não é possível obtê-la em uma só operação, pois o esforço de embutimento seria tão grande que a chapa seria rompida. Para contornar este problema deve-se recorrer ao embutimento em etapas progressivas. No caso de peças cilíndricas, a seqüência para determinação do número de etapas e dos vários diâmetros intermediários inicia-se pelo cálculo do diâmetro do desenvolvimento (D). A relação entre o diâmetro da peça (d) e o diâmetro do desenvolvimento (D) é que irá determinar se a peça pode ser executada em uma única operação ou se serão necessários embutimentos intermediários. A relação d/D para que a peça possa ser obtida em uma única operação varia com a resistência à tração do material, com a espessura da chapa, com a pressão do prensa- chapa, com a força de atrito e com coeficiente de alongamento do material. É claro, também, que as folgas, raios, ângulos e acabamento da ferramenta são de fundamental importância para a operação de repuxo. Para condições médias são admitidos os fatores K1 e K2 relacionados na tabela 10. K1 é o fator que deve ser usado na primeira operação, quando o material ainda não sofreu qualquerencruamento e K2 é o fator que deve ser usado nas operações subseqüentes. Assim, teremos: D.K1 = d1 d1.K2 = d2 d2.K2 = d3 d(n-1).K2 = dn Material K1 K2 Aço para repuxo 0,60 a 0,65 0,80 Aço para repuxo profundo 0,55 a 0,60 0,75 a 0,80 Aço inoxidável 0,50 a 0,55 0,80 a 0,85 Alumínio 0,53 a 0,60 0,80 Cobre 0,55 a 0,60 0,85 Latão 0,50 a 0,55 0,75 a 0,80 Zinco 0,65 a 0,70 0,85 a 0,90 Força no prensa-chapa A pressão do prensa-chapa é fundamental para um bom embutimento, pois quando excessiva provoca a ruptura do material e quando insuficiente favorece a formação de rugas na peça. A pressão ideal depende do material e da espessura da chapa sendo que quanto menor for a espessura maior deverá ser a pressão. De forma geral podemos tomar a força no prensa chapa como sendo 30% da força de embutimento. Folga entre punção e matriz A folga deverá ser tal que permita o escoamento uniforme da chapa sem que haja formação de rugas ou diminuição na sua espessura. Na prática admite-se: para o aço: f = 1,2. e; para o cobre, latão e alumínio: f = (1,1 a 1,15). e. Onde e é a espessura da chapa.
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