dois graus de liberdade e diagramas de corpo livre. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 41 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo 6 Linearizac¸a˜o Muitos problemas possuem termos na˜o lineares e que dificultam a ana´lise. Uma forma de simplificar estes problemas e´ empregar uma linearizac¸a˜o, que embora seja uma aproximac¸a˜o, normalmente permite a ana´lise do problema. O aspecto central da linearizac¸a˜o e´ a aplicac¸a˜o da se´rie de Taylor, tomando- se ate´ o termo linear. Seja a Figura 31 em que f(x) e´ uma func¸a˜o na˜o linear e se deseja determinar uma aproximac¸a˜o y(x) para f(x) em torno do ponto x0. f, y f(x) y(x) xxo Figura 31: Linearizac¸a˜o. A func¸a˜o f(x) pode ser expandida em se´rie de Taylor como f(x) = f(x0) + df dx ∣∣∣∣∣ x0 (x− x0) 1! + d2f dx2 ∣∣∣∣∣ x0 (x− x0)2 2! + ... Tomando apenas o primeiro e o segundo termos tem-se f(x) ≈ y(x) = f(x0) + df dx ∣∣∣∣∣ x0 (x− x0), em torno do ponto x0, que e´ uma aproximac¸a˜o linearizada para f(x). Exemplo: Seja um tanque conforme a mostrado na Figura 32 no qual a vaza˜o de sa´ıda depende de forma na˜o linear do n´ıvel de l´ıquido no tanque. Neste problema tem-se que: Fi e´ a vaza˜o que entra no tanque, F e´ a vaza˜o que sai do tanque, h e´ a altura do n´ıvel de l´ıquido no tanque, e A e´ a a´rea da sec¸a˜o transversal do tanque. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 42 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo F h Fi Figura 32: Esquema do tanque. A vaza˜o de sa´ıda depende da altura do n´ıvel de l´ıquido do tanque por F = β √ h. A equac¸a˜o diferencial (na˜o linear) para a variac¸a˜o da altura h no tanque e´ A dh dt = Fi − F ⇒ Adh dt + β √ h = Fi. A linearizac¸a˜o deve ser conduzida para o termo na˜o linear correspondente a` func¸a˜o f(h) = √ h. Assim, f(h) ≈ f(h0) + d( √ h) dh ∣∣∣∣∣ h0 (h− h0) = √ h0 + 1 2 h −1 2 0 (h− h0). Substituindo o resultado da linearizac¸a˜o na equac¸a˜o diferencial tem-se A dh dt + β [√ h0 + 1 2 √ h0 (h− h0) ] = Fi, A dh dt + β h 2 √ h0 = Fi − β √ h0 2 , que agora e´ uma equac¸a˜o direfencial linear. Os erros envolvidos na linearizac¸a˜o aumentam a` medida em que se distaˆncia do ponto em torno do qual a func¸a˜o foi linearizada. No caso deste exemplo, a aproximac¸a˜o sera´ va´lida em torno do n´ıvel h0. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 43 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo 7 Formas padronizadas de sistemas com paraˆmetros concentrados 7.1 Sistema de ordem zero Um sistema de ordem zero e´ descrito por uma equac¸a˜o diferencial de ordem zero, ou seja, por uma equac¸a˜o alge´brica do tipo a0y = b0x, ou tambe´m y = γx, γ = b0 a0 , onde γ e´ a sensibilidade esta´tica. Um sistema de ordem zero e´ instantaˆneo, sem atraso ou distorc¸a˜o. Um sistema que pode ser considerado sistema de ordem zero e´ o termopar (trans- duz temperatura em voltagem instantaˆneamente, e pode ser linearizado num dado intervalo). 7.2 Sistema de primeira ordem Um sistema de primeira ordem e´ descrito por uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem como a1 dy dt + a0y = b0x, ou no domı´nio de Laplace, (a1s+ a0)Y = b0X. Define-se τ = a1 a0 como a constante de tempo e γ = b0 a0 o ganho ou sensi- bilidade esta´tica. Logo, (τs + 1)Y = γX. A equac¸a˜o homogeˆnea e´ τ y˙ + y = 0 e a equac¸a˜o caracter´ıstica e´ τs + 1 = 0 cuja raiz e´ s = −1 τ . A soluc¸a˜o homogeˆnea da equac¸a˜o diferencial e´ do tipo yh(t) = Ae −t τ . Seja a condic¸a˜o inicial y(0) = y0. Logo, yh(t) = y0e −t τ . Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 44 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo Para y0 6= 0 e t = τ , tem-se y(τ) = y0e −1 = 0.3678y0 ⇒ y(τ) y0 = 0.3678. Observa-se que a constante de tempo τ fornece uma medida da velocidade que a resposta do sistema tende a zero. Nota-se que decorrido o tempo τ , a reduc¸a˜o percentual da resposta natural e´ aproximadamente 37% do valor inicial y0, como ilustrado na Figura 33. yh(t) tτ y0 0.3678y0 Figura 33: Resposta homogeˆnea de um sistema de primeira ordem, τ > 0. Seja o caso em que a entrada e´ um degrau unita´rio u(t). Neste caso, a equac¸a˜o diferencial do sistema e´ τ y˙ + y = γu(t). A soluc¸a˜o particular e´ do tipo: yp(t) = C, pois o degrau e´ uma constante para t > 0. A soluc¸a˜o completa sera´ a soma da soluc¸a˜o homogeˆnea e da soluc¸a˜o par- ticular: y(t) = Ae −t τ + C. Seja o caso particular da condic¸a˜o inicial y(0) = 0. Logo, y(0) = 0 = Ae0 + C = A + C ⇒ A = −C, e consequ¨entemente, y(t) = C(1− e−tτ ) E´ poss´ıvel calcular a seguinte derivada y˙(t) = C 1 τ e −t τ . Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 45 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo Substituindo y(t) e y˙(t) na equac¸a˜o diferencial tem-se: τC 1 τ e −t τ + C(1− e−tτ ) = γ ⇒ C = γ, e portanto a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial e´ y(t) = γ(1− e−tτ ), cuja representac¸a˜o gra´fica esta´ na Figura 34. y(t) tτ 0.6321γ γ Figura 34: Soluc¸a˜o completa de sistema de primeira ordem. Verifica-se que para t = τ tem-se y(τ) γ = 1− e−1 = 0.6321, ou seja, para um tempo igual a τ o sistema atingiu aproximadamente 63% da resposta de regime. Um exemplo de sistema de primeira ordem e´ o modelo linearizado do enchimento do tanque dado por A dh dt + β h 2 √ h0 = Fi − β √ h0 2 . Um outro exemplo e´ o circuito RC descrito por RCy˙ + y = u(t), com τ = RC e γ = 1. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 46 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo 7.3 Sistema de segunda ordem Um sistema de segunda ordem e´ descrito por uma equac¸a˜o diferencial de segunda ordem como a2y¨ + a1y˙ + a0y(t) = b0x(t) ou y¨ + a1 a2 y˙ + a0 a2 y = b0 a2 x(t). Esta equac¸a˜o de segunda ordem pode ser escrita no domı´nio de Laplace em uma forma padronizada como (s2 + 2ξwns+ w 2 n)Y = γw 2 nX, onde wn = √ a0 a2 , e´ a frequ¨eˆncia natural, ξ = a1 2 √ a0a2 , e´ o fator de amortecimento, e γ = b0 a0 e´ o ganho esta´tico. Note que o ganho esta´tico e´ o fator que multiplicado pela amplitude da entrada resulta no valor de regime (desconsiderando-se os efeitos dinaˆmicos de y˙ e y¨). A resposta natural do sistema e´ baseada na equac¸a˜o homogeˆnea, cuja equac¸a˜o caracter´ıstica e´: s2 + 2ξwns+ w 2 n = 0. As ra´ızes da equac¸a˜o caracter´ıstica sa˜o s1,2 = −ξwn ± wn √ ξ2 − 1, cuja natureza depende do valor de ξ. Os casos poss´ıveis sa˜o analisados a seguir. Amortecimento subcr´ıtico/sistema sub-amortecido, ξ < 1 No caso de sistema sub-amortecido, ξ < 1, as ra´ızes sa˜o complexas conjugadas e podem ser escritas como s1,2 = −ξwn ± jwn √ 1− ξ2 = σ ± jwd, onde σ = −ξwn e´ a parte real e wd = wn √ 1− ξ2 e´ a parte imagina´ria (caracterizando a frequ¨eˆncia natural amortecida). Estas ra´ızes podem ser representadas no plano complexo como na Figura 35. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - versa˜o 1/2007 47 Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo wn = cte ξ = cte s1 s2 φ wn −ξwn wn √ 1− ξ2 −wn √ 1− ξ2 σ (real) jw (imagina´rio) Figura 35: Representac¸a˜o de um par complexo conjugado no plano complexo. Nesta representac¸a˜o verifica-se que wn e´ o raio do c´ırculo e cosφ = ξ. Observa-se que as ra´ızes s1 e s2 caminham sobre o c´ırculo em func¸a˜o do valor de ξ. A soluc¸a˜o homogeˆnea de um sistema de segunda ordem e´ do tipo yh(t) = A1e s1t +A2e s2t = e−ξwnt(A1e jwdt +A2e −jwdt) = Ae−ξwntsen(wdt+ φ), que caracteriza uma resposta oscilato´ria com frequ¨eˆncia wd. Considere uma entrada do tipo degrau unita´rio, u(t). A soluc¸a˜o particular sera´ do tipo