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1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA DEPARTAMENTO DE LINGUAGENS E CIÊNCIAS HUMANAS Campus CARAÚBAS Texto adaptado. Extraído de: http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_- _graciele.pdf DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDANTE Para aprender LIBRAS Se você quer aprender a realmente SE COMUNICAR em Libras, vale o mesmo que para todas as línguas: só se aprende na prática. Os Surdos têm uma cultura própria e diferente da dos ouvintes. Da mesma maneira que você só aprende inglês bem estando nos EUA ou Inglaterra, você só aprende Libras bem estando na comunidade Surda. Atenção ás aulas, por isso não converse em Língua Oral, use Língua de Sinais durante toda a aula, ou seja, deixe a oralização fora da sala de aula. Não tente traduzir (mentalmente e/ou oralmente) a conversa em sinais, procure apenas entender em sinais, a atenção na repetição e no contexto vão ajudá-lo a adquirir a língua. A LIBRAS não é português sinalizado. Observe todas as conversas em LIBRAS, do instrutor com um aluno, ou com toda a turma, ou mesmo entre dois surdos, tal processo ajudará a aumentar seu vocabulário. Em uma conversa em LIBRAS, não focalize só as mãos da outra pessoa, mantenha o contato “olho-no-olho”, observando as expressões facial e corporal que contam muito. Seja ativo em uma conversa, ou seja, acene com a cabeça quando entender “certo” ou quando não entender acene ou faça expressão facial de negação. Isso não é comportamento só do Instrutor surdo em aula, isso faz parte da cultura do Surdo, preste atenção em todas as expressões faciais que os Surdos fazem ao conversarem entre si. A língua é visual-gestual. Seja sério e dedique-se, pois seu objeto deve ser alcançado. Participe da aula, tente acrescentar, faça comentários, concorde, discorde, pois quanto mais se participa, mais se refém o que ensinado. Não se preocupe se vai fazer sinal errado ou certo. Tire todas as suas dúvidas. Respeite o professor, ele está na sala de aula para ensinar, e ele não escuta, por isso use apenas Língua de Sinais, para qualquer dúvida ou conversa com colegas. Fora da sala use LIBRAS, sempre que houver SURDO presente. 3 Não se preocupe com um sinal que você não entendeu, procure entender o conteúdo, sentido da conversa, se o sinal for repetido pergunte o significado. Estude, decore, pense em L.S., fale em sinais com o espelho, isso também ajudará. Pergunte ao PROFESSOR, não pergunte ao colega (que te passará em português), pois você perderá a experiência da entender o significado pleno em LIBRAS. Procure conviver na comunidade surda de sua região, procure as associações de surdos, confederações, entidades ou shoppings, onde existam momentos de bate papo, para que você possa crescer e treinar de sinais. Não brinque durante a aula, temos um conteúdo a ser cumprido e respeitado. Não falte, pois a turma está se esforçando para que haja uma coesão do grupo, isso influenciará numa rica interação. 4 DISCIPLINA: Introdução à Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS Professor e Elaboração: João Batista Neves Ferreira Apresentação Caro(a) Aluno(a) Sejam bem vindos à disciplina de Introdução de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Daremos inicio aos estudos em LIBRAS. Este material, constituído por três unidades, tem como objetivo apresentar e conhecer os conceitos, discussões e práticas relacionados à educação da pessoa surda, desenvolver habilidades necessários para a compreensão e aquisição da LIBRAS, em nível básico. Quando do termino deste curso, aproveitando para aplicar cada aprendizado em sala de aula com alunos surdos e ouvintes. Para melhor organizar o conteúdo programático, a disciplina está estrutura em três capítulos que serão estudados ao longo de 60h/aulas. 5 Unidade I 1.1 A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS .............................................................................. 07 1.2 Mitos sobre a Língua Brasileira de Sinais e sobre os surdos ............................................ 15 1.3 Alfabeto Manual x Datilologia Libras ............................................................................. 21 1.4 Sinal de Identificação ..................................................................................................... 18 1.5 Expressões Faciais e Corporais na comunicação em Libras ............................................ 25 1.6 As saudações e os Cumprimentos em Libras .................................................................. 30 1.7 Pronomes: Pessoais, Demonstrativos, Possessivos e Interrogativos em Libras ............... 33 1.8 Verbos em Libras ........................................................................................................... 38 1.9 Libras: Indicadores de temporais: Advérbios de Tempo e Frequência, Dias da semana e Meses do Ano ..................................................................................................... 39 1.10 Numerais em Libras: Cardinais, Ordinais e Quantidades ............................................... 44 1.11 Materiais de Escolares .................................................................................................. 46 Você sabia...? – “LIBRAS, Cultura Surda e Comunidade Surda” Deficiente auditivo ou surdo? Existe diferença?” ..................................................................................................... 47 Unidade II 2.1 Curiosidade e Filme: Histórias dos Surdos no mundo e Educação de Surdos no Brasil .... 52 2.2 Os Cincos Parâmetros da Libras ..................................................................................... 55 2.3 Local de Ensino e disciplinas em Libras ........................................................................... 60 2.4 Libras em Contexto: Profissão - emprego ...................................................................... 62 2.5 Classificadores em Libras: formas, adjetivos, coisas, pessoas, animais e veículos ......... 63 2.6 Família e Adjetivo/Saúde/Hospital da Libras em contexto ............................................. 64 2.7 Cores, Frutas e Vestuário em Libras................................................................................ 65 Você sabia...? – “As Feneis e as Associações de Surdos no Brasil” .......................................... 69 Unidade III 3.1 Legislação da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ............................................................ 73 3.2 Gramática de Libras conhecer para entender uma língua diferente................................ 87 3.3 Tipos de frases na Libras................................................................................................. 91 3.4 Ensino para alunos surdos a partir de textos narrativos em Libras.................................. 95 3.5 Narrativas em Libras....................................................................................................... 96 Você sabia...? – “Acessibilidade e tecnologia de educação de surdos” ...................................... 97 3.6 Referencias Bibliografia ............................................................................................... 1006 UNIDADE I 7 1. INTRODUÇÃO 1.1 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS Muitas pessoas acreditam que as línguas de sinais são somente um conjunto de gestos que interpretam as línguas orais. Pesquisa sobre as línguas de sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas línguas expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para fazer poesias, contar estórias, criar peças de teatro e humor. Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários, com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas, em resposta ás mudanças culturais e tecnológicas, assim a cada necessidade surge um novo sinal desde que ele se torne aceito, sendo utilizado pela comunidade. Acredita-se também que somente existe uma língua de sinais no mundo, mas assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridas em “Culturas Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto muitas línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Portuguesa, Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes, o mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá. Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se com mais facilidade uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve á capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos ás expressões faciais e corporais das pessoas e devido ao fato dessas línguas terem muitos sinais que se assemelham ás coisas representadas. No Brasil, as comunidades surdas urbanas utilizam a Libras, mas além dela, há registros de uma outra língua de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica. 8 Muitas pessoas acreditam que a Libras é o português feito com as mãos, na qual os sinais substituem as palavras desta língua, e que ela é uma linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo, como a mímica. Entre as pessoas que acreditam que a Libras é realmente uma língua, há algumas que pensam que ela é limitada e expressa apenas informações concretas, e que não é capaz de transmitir idéias abstratas. Esses mitos precisam ser desfeitos porque a Libras, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua. Embora com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem algumas semelhanças que a identificam como língua e não linguagem como, por exemplo, a linguagem das abelhas, dos golfinhos, dos macacos, enfim, a comunicação dos animais. Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturas a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. No nível fonológico estão os fonemas. Os fonemas só têm valor contrastivo, não têm significado mas, a partir das regras de cada língua, eles se combinam para formar os morfemas e estes, as palavras. Na língua portuguesa, por exemplo, os fonemas m / n / s / a / e / i podem se combinar e formar a palavra meninas. No nível morfológico, esta palavra é formada pelos morfemas {menin-} {-a}{-s}. Diferentemente dos fonemas, cada um destes morfemas tem um significado: {menin-} é o radical desta palavra e significa “criança”, “não adulto”; o morfema {-a} significa “gênero feminino” e o morfema {-s} significa “plural”. No nível sintático, esta palavra pode se combinar com outras para formar a frase, que precisa ter um sentido e coerência com o significado das palavras em um contexto, o que corresponde aos níveis semântico (significado) e pragmático (sentido no contexto: onde está sendo usada) respectivamente. Assim o nível semântico permeia o morfo-sintático. Outra semelhança entre as línguas é que os usuários de qualquer língua podem expressar seus pensamentos diferentemente, por isso uma pessoa que fala uma determinada língua utiliza essa língua de acordo com o contexto, portanto o modo de se falar com um amigo não é igual ao de se falar com uma pessoa estranha; assim, 9 quando se aprende uma língua está aprendendo também a utilizá-la a partir do contexto. Outra semelhança também é que todas as línguas possuem diferenças quanto ao seu uso em relação á região, ao grupo social, á faixa etária e ao gênero. O ensino oficial de uma língua sempre trabalha com a norma culta, a norma padrão, que é utilizada na forma escrita e falada e sempre toma alguma região e um grupo social como padrão. Ao se atribuir ás línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas características em relação ás diferenças regionais, sócio-culturais, entre outras, e em relação ás suas estruturas porque elas também são compostas pelos níveis descritos acima. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas, são denominados sinais nas línguas de sinais. Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos, acesse: http://culturasurda.net/ e www.acessobrasil.org.br/libras . A LÍNGUA DE SINAIS É LÍNGUA LÍNGUA OU LINGUAGEM? LINGUAGEM Linguagem é tudo que envolve significação, que pode ser humano (pintura, música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (linguagem de computador, código Morse, código internacional de bandeiras). Ou seja, “sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não” (Fernandes, 2002:16). 10 Fonte: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_- _graciele.pdf LÍNGUA É um conjunto de palavras, sinais e expressões organizados a partir de regras, sendo utilizado por um povo para sua interação. Sendo assim a língua seria uma forma de linguagem: a linguagem verbal. As línguas estariam em uma posição de destaque entre todas as linguagens, ou seja, podemos falar de todas as outras linguagens utilizando as palavras ou os sinais. Assim como as línguas orais, as línguas de sinais se organizam em diferentes níveis: semântico, sintático, morfológico e fonológico. O temo utilizado corretamente é "língua" de sinais e não "linguagem" de sinais. E issoporque, concordando com Oviedo (1996), "língua" designa um específico sistema de signos que é utilizado por uma comunidade para se comunicarem. Já "linguagem" está relacionada à capacidade da espécie humana para se comunicar através de um sistema de signos; é a capacidade humana de criar e usar as línguas e que, conforme Vygotsky tem papel essencial na organização das funções psicológicas superiores. Daí que resulta ser inapropriado utilizar o termo "linguagem" para designar a língua de uma comunidade; no caso a da comunidade surda, a Língua de Sinais. OS CINCOS PARÂMETROS DA LIBRAS Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e ás vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: Configuração da(s) mão(s): é a forma da(s) mão(s) presente no sinal. Na Libras há 64 configurações. Elas são feitas pela mão dominante (mão direita para os destros), 11 ou pelas duas mãos dependendo do sinal. Veja o quadro de configurações e o quadro do alfabeto manual que é formado por algumas dessas configurações para representar as letras (grafemas) da língua portuguesa. Os sinais APRENDER, LARANJA e DESODORANTE-SPRAY têm a mesma configuração de mão e são realizados na testa, na boca e na axila, respectivamente. Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até á cabeça e horizontal (á frente do emissor). Os sinais TRBALHAR, BRINCAR, PAQUERAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e DECORAR são realizados na testa. Exemplos: Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, como também os sinais RIR, CHORAR e CONHECER, mas AJOELHAR e EM-PÉ não têm movimento. Exemplos: 12 Orientação/ direcionalidade: os sinais têm uma direcionalidade com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação á direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR- PORTA. Exemplos: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 13 Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em que sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. Exemplos: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras e articulá-las adequadamente, é preciso aprender as regras gramaticais de combinação destas palavras em frases e serão estas regras gramaticais que iremos ver aos poucos em cada unidade desse livro. 14 O RECONHECIMENTO A LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 15 1.2 MITOS SOBRE A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS MITOS DESMISTIFICAÇÃO 1 – A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos. Tal concepção está atrelada à idéia filosófica de que o mundo das idéias é abstrato e que o mundo dos gestos é concreto. O equívoco desta concepção é entender sinais como gestos. Na verdade, os sinais são palavras, apesar de não serem orais-auditivas. Os sinais são tão arbitrários quanto às palavras. A produção gestual na língua de sinais também acontece como observado nas línguas faladas. A diferença é que no caso dos sinais, os gestos também são visuais- espaciais tornando as fronteiras mais difíceis de serem estabelecidas. Os sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer idéias abstratas. Podemos falar sobre as emoções, os sentimentos, os conceitos em língua de sinais, assim como nas línguas faladas. 2 – Haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas surdas. Esta idéia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. Isto é uma falácia, pois as várias línguas de sinais que já foram estudadas são diferentes umas das outras. Assim como as línguas faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelo menos dois troncos identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. Provavelmente, nossa língua de sinais pertence ao tronco das línguas de sinais que se originaram na língua de sinais francesa. 3 – Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria derivada das línguas de sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais. Como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não poderiam apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Issotambém não é verdadeiro, pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em 16 segundo lugar, as línguas de sinais independem das línguas faladas. Um exemplo que evidencia isso claramente é que a língua de sinais portuguesa é de origem inglesa e a língua de sinais brasileira é de origem francesa, mesmo sendo o português a língua falada nos respectivos países, ou seja, Portugal e Brasil. Como estas línguas de sinais pertencem a troncos diferentes, elas são muito diferentes uma da outra. É claro que não podemos negar o fato de ambas as línguas estarem em contato, principalmente entre os surdos letrados. O que se observa diante deste contato é que, assim como observado entre línguas faladas em contato, existem alguns empréstimos linguísticos. Para, além disso, as línguas de sinais não têm relação com as línguas faladas do seu país. Elas são autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificado nas línguas faladas, ou seja, dispõem dos mesmos níveis linguísticos de análise e são tão complexas quanto às línguas faladas. 4. A língua de sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral. Como as línguas de sinais são tão complexas quanto às línguas de sinais faladas, esta afirmação não procede. Nós já vimos que as línguas de sinais podem ser utilizadas para as inúmeras funções identificadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a língua de sinais para produzir um poema, uma estória, um conto, uma informação, um argumento. Você pode persuadir criticar, aconselhar, entre tantas outras possibilidades que se apresentam ao se dispor de uma língua. Assim, a língua de sinais não é inferior a nenhuma outra língua, mas sim, tão linguisticamente reconhecida quanto qualquer outra língua. 17 5. As línguas de sinais derivam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes. A idéia de que a língua de sinais seja gestual também reaparece neste mito. As pessoas pensam que as línguas de sinais são de fácil aquisição por estarem diretamente relacionadas com o sistema gestual utilizado por todas as pessoas que falam uma língua. Com isso não é verdade, as línguas de sinais são tão difíceis de serem adquiridas quanto quaisquer outras línguas. Precisamos de anos de dedicação para aprendermos uma língua de sinais, mas com base neste mito, as pessoas penam que sabem língua de sinais por usarem alguns gestos e alguns sinais que aprendem nas aulas de língua de sinais. A comunicação gestual usada exclusivamente é extremamente limitada, pois torna inviável a comunicação relacionada com questões mais abstratas. Para transcorrer de um determinado assunto qualquer vai precisar de uma língua. No caso da comunicação com os surdos, você vai precisar da língua de sinais 6. As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto que o esquerdo, pela linguagem. As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemisférios apresentam evidências de que as línguas de sinais são processadas lingüisticamente no hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas faladas. Existe sim uma diferença que está relacionada com informações espaciais, pois estas, além de serem processadas no hemisfério esquerdo com suas informações lingüísticas, são também processadas no hemisfério direito quanto às suas informações de ordem puramente espacial. Assim, parece haver um processamento até mais complexo do que o observado em pessoas que usam línguas faladas. As investigações concluem que a língua de sinais é um sistema, que faz parte da linguagem 18 humana, processado no hemisfério esquerdo e no hemisfério direito Fonte: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_- _graciele.pdf Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos, acesse: Leitura do texto: A língua dos surdos é mímica? Pag. 19 a 22. 19 1.3 ALFABETO MANUAL EM LIBRAS Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA9skAJ/libras-alfabeto-numeros 20 1.4 A DATILOLOGIA E SINAL SOLETRAÇÃO É utilizada, normalmente, para soletrar nomes de pessoas, lugares e etc Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf SABIA MAIS! >>> Se quiser treinar os sinais abaixo de forma mais interativa confira alguns vídeos no www.acessolibras.com Alfabeto de LIBRAS e exercite no joguinho. http://www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=52 Veja o vídeo na SIGAA: Treinar o Alfabeto de Libras 21 1.4 SINAL DE IDENTIFICAÇÃO Quando uma pessoa aprende uma língua, apreende também os hábitos culturais e os contextos aos quais certas expressões estão vinculadas. Diante de situações como apresentações de pessoas, cumprimentos, saudações, cerimônias religiosas, casamentos, velórios, entre outros eventos, as pessoas assumem comportamentos distintos e se comunicam de acordo com estas situações. Para todas as situações há formas de expressões diferenciadas mais formais e informais. Por exemplo, o cumprimento e saudações de duas pessoas que são amigas são diferentes do de pessoas que são apenas conhecidas e diferentes ainda de pessoas que estão sendo apresentadas pela primeira vez. Nesta unidade serão trabalhados contextos formais e informais onde poderão ser vistas expressões relacionadas a estes contextos. Geralmente, aqui no Brasil, quando as pessoas são apresentadas umas às outras, elas dizem seus primeiros nomes após os cumprimentos (aperto de mãos – contexto formal, e/ou beijo(s) no rosto, contexto informal). No mundo dos Surdos, a pessoa, além de dizer o nome em datilologia, ela primeiro se apresenta pelo seu sinal, que lhe foi dado pela comunidade a qual faz parte. O sinal pessoal é o nome próprio, o «nome de batismo» de uma pessoa que é membro de uma comunidade Surda. Este sinal geralmente pode: 22 a. Representa iconicamente uma característica da pessoa. Por exemplo: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf b. Representar a profissão de uma pessoa e uma característica. Por exemplo: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf c. Representar um número, que a pessoa passou a ter na caderneta de sua turma de escola, ou a primeira letra do nome da pessoa. Por exemplo: 23 O sinal pessoal pode ser, portanto, uma representação visual de uma pessoa ou um atributo. O professor chega na sala de aula e cumprimenta os alunos e se apresenta: - TUDO BEM, - EU, SINAL-NOME (O professor faz o seu sinal de nome) - MEU NOME (O professor anota o nome no quadro-negro) OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Todos os dias o professor deve saudar seus alunos aochegar na classe. Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf O professor aproveita para explicar aos alunos que, nas comunidades surdas, cada pessoa tem um sinal de nome e dá alguns exemplos: a) Mostra algumas figuras que representam pessoas conhecidas pelas Comunidades Surdas Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf b) Chama cada aluno e pede para ele escrever no quadro o nome dele e pede aos outros para ajudarem a inventar um sinal de nome para cada aluno na sala de aula. 24 Pronomes e Expressões Interrogativas: “QUEM; Q-U-M; QUEM-É” Os pronomes interrogativos QUE e QUEM geralmente são usados no início da rase, mas o pronome interrogativo ONDE e o pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de “quem-é” ou “de quem é” são mais usados no final. Todos os três sinais têm uma expressão facial interrogativa feita simultaneamente com eles. Na variante do Rio de Janeiro, o pronome interrogativo QUEM, dependendo do contexto, pode ter duas formas diferentes, os sinais QUEM e o sinal soletrado Q-U-M. Se se quer perguntar “quem está tocando a campainha”, usa-se o sinal QUEM; se quer perguntar “quem faltou hoje” ou “quem está falando” ou ainda “quem fez isso”, usa se o sinal soletrado Q-U-M, como nos exemplos a seguir: interrog. 1- QUEM “Quem é esta pessoa?” Estilo do cabelo, fios de cabelo, com ou sem óculos, tipo de óculos, a cor da pele (branca, preta, morena). Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 25 1.5 EXPRESSÕES FACIAIS E CORPORAIS NA COMUNICAÇÃO EM LIBRAS Expressão faciais são formas de comunicar algo, um sinal pode mudar completamente seu significado um função da expressão facial utilizada. QUADROS E PIMENTA (2006) explicam que existem dois tipos diferentes de expressão faciais: as afetivas e as gramaticais (Lexicais e Sentenciais). Fonte: http://www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras basico/Apostila_Libras_Basico_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf As afetivas são expressão ligadas sentimentos (emoções) SUPRESSA MEDO Autores: Quadros e Pimenta (2006) 26 As expressões faciais gramaticais lexicais estão ligados ao grau dos adjetivos E as expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças. Interrogativas BONIT@ BONITÃO COMO? QUAL? O QUE? PORQUE? SIM NÃO 27 Você sabia? http://www.acessibilidadebrasil.org.br/libras_3/ Uso do espaço O espaço de realização dos sinais na Língua de Sinais Brasileira, conforme Langevin & Ferreira Brito (1988). Fonte:http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspe cifica/linguaBrasileiraDeSinaisIII/assets/263/TEXTO_BASE_- _DEFINITIVO_-_2010.pdf. 28 Principais características da Língua de Sinais dos elementos: a direção do olhar, o movimento da boca, o movimento corpo, o movimento da cabeça e o movimento do corpo. Gramática em Destaque A direção do olhar é fundamental na comunicação em Língua de Sinais. Podem determinar as posições, as localizações, às reações, os tamanhos e as movimentações dos interlocutores em uma situação comunicativa. TIPOS DE DIREÇÃO DO OLHAR 1) Pratique: 2 1 4 3 Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=yo3rIT1dEbo 29 TIPOS DE MOVIMENTO DA BOCA 1) Pratique: TIPOS DE MOVIMENTO DA CABEÇA 1) Pratique: 30 TIPOS DE MOVIMENTO DO CORPO 1) Pratique: 1.6 AS SAUDAÇÕES E OS CUMPRIMENTOS EM LIBRAS É comum as pessoas se saudarem em encontros formais e informais. Isto é um ritual que acontece em qualquer sociedade seja utilizando línguas orais como de sinais. Nas línguas de sinais, existem diversos sinais para saudar e também cumprimentar as pessoas . 31 32 (CAPOVILLA & RAPHAEL, 2001) 33 1.7 PRONOMES: PESSOAIS, DEMONSTRATIVOS E POSSESSIVOS DA LIBRAS EM CONTEXTO. Pronomes Pessoais A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso: PRIMEIRA PESSOA (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4NÓS- GRUPO, NÓS/NÓS-TOD@S; Primeira Pessoa do Singular: EU Apontar para o peito do enunciador ( a pessoa que fala ) Primeira Pessoa do Plural: NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS/NÓS-TOD@ Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 34 SEGUNDA PESSOA (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ, VOCÊ-2, VOCÊ-3,VOCÊ-4, VOCÊ-GRUPO, VOCÊS/VOCÊS-TOD@S; Segunda Pessoa do Singular: VOCÊ Apontar para o interlocutor ( a pessoa com quem se fala ) Segunda Pessoa do Plural: VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ-TOD@ 35 TERCEIRA PESSOA (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, EL@-2, EL@-3, EL@-4,EL@S-GRUPO, EL@S/EL@S-TOD@S. Terceira pessoa do singular: EL@ Apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencionado para uma pessoa. Terceira Pessoa do Plural: EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@S/EL@S-TOD@, EL@S- GRUPO Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 36 Pronomes Demonstrativos em LIBRAS Pronomes Demonstrativo Pessoa do Discurso Advérbio de Lugar Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 37 Pronomes possessivos Os pronomes possessivos, como os pessoais e demonstrativos, também não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece em português: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf EXEMPLO: ME@ SOBRINH@ DOENTE FEBRE. SE@ FILH@ INTELIGENTE! PRÓPRI@ NETBOOK, CASA E ETC... DEL@ CANETA, EU NÃO ROUBAR. Pratique a Libras: AH, EU LEMBRAR VOCÊ! EL@ ESQUECER CHAVE. NOS-2 CONVERSAR PARTICULAR. VOCÊ QUER DORMIR VIR CASA ME@? EL@-3 NÃO QUER ESTUDAR. EU NÃO TER CARRO. VOCÊ TER DINHEIRO? EL@-2 ALUNOS ME. ME@ FILH@ PASSEI VESTIBULAR. ESS@ SE@ CELULAR ESQUECER? EU COMPRAR CASAPROPRI@ EL@ NÃO QUERER COMER LANHCE NOS-2 QUERER PASSEAR APODI. 38 1.8 LIBRAS EM CONTEXTO: CONHECENDO VERBOS EM LIBRAS Fonte: http://trabalhandocomsurdos.blogspot.com.br/2013/01/libras- verbos.html Veja o vídeo no SIGAA: Sinais – VERBOS I Frases contextualizando os verbos . 39 1.9 LIBRAS: INDICADORES TEMPORAIS: ADVÉRBIO DE TEMPO E FREQUÊNCIA, DIAS DA SEMANA E MESES DO ANO. Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com.br/2012/01/domino-da-semana-e- meses.html 40 41 42 (CAPOVILLA & RAPHAEL, 2001) 43 Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Responda rápido em Libras: (em caso de dúvidas pesquise) 1- Que dia da semana é hoje? 2- Em mês você nasceu? 3- Quais os dias que você trabalha? 4- Quais os dias que você descansa? 5- Qual o ano do seu nascimento? 6- Qual dia, mês e ano que você começou aprender libras? 7- Que dia da semana você mais gosta? 8- Quantos meses têm um ano? 9- Qual mês você fica de férias? 10- Uma semana tem quantos dias? 11- Qual o primeiro dia da semana? 12- Qual o último dia da semana? 13- Qual o terceiro dia da semana? Veja o vídeo na SIGAA: atividade em vídeo 44 1.10. NUMERAIS DA LIBRAS: CARDINAIS E QUANTIDADES EM LIBRAS As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na Libras. Nesta unidade e nas seguintes, serão apresentados os numerais em relação às situações mencionadas acima. É erro o uso de uma determinada configuração de mão para o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o numeral cardinal 1 é diferente da quantidade 1, que é diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de PRIMEIROANDAR, que é diferente de PRIMEIRO-GRAU, que é diferente de MÊS-1. Estas diferenças serão trabalhadas nas unidades deste livro. Veja, na SIGAA: “Tipos do Numeração ” 45 Os números em língua de sinais possuem diferenças como na língua portuguesa. Observe: 46 1.11. MATERIAIS DE ESCOLARES Vamos aprender Libras? Fonte: http://www.manuario.com.br/dicionario-tematico SABIA MAIS! Acessohttp://peadalvorada7.pbworks.com/f/libras1.pdf Veja na internet: Os Sinais - http://www.manuario.com.br/dicionario-tematico Figura 1 Dicionário Temático - Glossário Libras (INES – RIO) 47 Cultura Surda: Ao longo dos séculos, os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Em quase todas as cidades do mundo vamos encontrar associações de surdos onde eles se reúnem e convivem socialmente. Intérprete de Língua de Sinais: Pessoa ouvinte que interpreta para os surdos uma comunicação falada usando a língua de sinais e vice- versa. Comunidade e Cultura Surda do Brasil As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, estas comunidades possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações lingüísticas regionais. As escolas são fatores de integração ou desintegração das comunidades surdas, e dependendo da proposta adotada, se uma escola rejeita a LIBRAS e quer transformar a criança surda em ouvinte deficiente, esta criança não vai conhecer sua comunidade e não aprenderá a língua de sinais. As escolas de surdos, mesmo ainda sem uma proposta bilíngüe, propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, adolescentes e jovens possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças. Por outro lado, algumas escolas trabalham ainda somente com uma metodologia oralista, e as crianças surdas não tem contato com outros surdos ou desenvolvem um dialeto local em sinais, conhecido também como sinais caseiros. Assim que encontram um outro surdo ou um grupo de pessoas surdas, começam a ter acesso a uma língua de sinais. Devido à tradição oralista, há surdos que só querem falar, usando sempre o português, como também, muitos surdos que usam um bimodalismo, ou seja, falam português enquanto sinalizam, como os ouvintes quando começam a aprender alguma língua de sinais. 48 Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.24) Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.30-31) Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.31) Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização. (PERLIN, 2004, p. 77-78) Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade: [...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná- lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda: [...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. 49 Surdo e D.A (Deficiente Auditivo) Deficiente auditivo ou surdo? Existe diferença? Muitos ficam na dúvida se devem dizer deficientes auditivosou surdos, mas afinal, qual o nome correto? Para surpresa de muitas pessoas, os dois nomes são corretos, e existem sim muitas diferenças entre eles e colocamos aqui algumas delas para entendermos um pouco melhor. O termo surdo é usado por aqueles que já nasceram surdos, portanto não consideram que possui alguma deficiência, para ele o fato de não ouvir é natural. Já a pessoa que perdeu a audição, seja em acidente ou alguma doença, usa-se o termo que na verdade hoje é pessoa com deficiência auditiva.Veja abaixo as principais diferenças entre os surdos e deficientes auditivos, quanto à vários fatores culturais. Deficiente Auditivo Surdo Não são usuários de LIBRAS São usuários de LIBRAS Mobilização em busca de aparelhos auditivos Mobilização na defesa da LIBRAS, da cultura e da comunidade surda Assistem televisão com fone sem fio Assistem TV através de Legenda São mais próximos dos ouvintes Usam telefone para surdos Conforto lingüístico ser oral-auditivo Utilizam sinalizadores luminosos para campainha, telefone, etc. Não participa nas associações de surdos Painéis eletrônicos Não aceita ser chamado de surdo Utilizam-se mais de imagens na interpretação e comunicação Presença de Interprete Oral-Facial Participa nas associações de surdos Gosta de ser chamado de deficiente auditivo Não aceita ser chamado deficiente auditivo 50 Laborrit (1994) diz: “Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meu olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta, é a sociedade que me torna excepcional O termo errado é surdo-mudo O que é errado é o termo SURDO-MUDO, pois não existem pessoas surdas-mudas, só surdas, elas não falam porque não ouvem, mas muitos podem vir a falar, aprendendo em escolas próprias e com fonoaudiólogos, usando a técnica da leitura labial, eles podem desenvolver a fala como qualquer ouvinte. Conforme, Karin Lilian Strobel (professora e pesquisadora da UFSC): “ A sociedade não conhece nada sobre o povo surdo e, na maioria das vezes, fica com receio e apreensiva, sem saber como se relacionar com sujeitos surdos, ou tratam- nos de forma paternal, como “coitadinhos”, “que pena”, ou lida como se tivéssemos “uma doença contagiosa” ou de outra forma preconceituosa e outros estereótipos causados pela falta de conhecimento” Surdos, Surdo-mudos ou Deficientes auditivos? Será que a forma da nomeação faz alguma diferença para aqueles que não ouvem ou para a sociedade? Vamos debater essa questão no fórum, que tal? Aguardo os comentários de vocês. Figura 2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Emmanuelle_Laborit Figura 3 http://editora-arara- azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/2%C2%BA%20Artigo%20REVISTA%2017%20Is rael%20Gon%C3%A7alves%20Cardoso.pdf Figura 4 http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/03/perfil.php 51 UNIDADE II 52 2. CURIOSIDADE e FILMES? 2.1 HISTÓRIAS DOS SURDOS NO MUNDO E EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL Como começou a Educação de Surdos? Sobre História de Surdos, também a Educação de Surdos até hoje, está sempre mudando através dos tempos. Desde aproximadamente 500 anos atrás, constituem-se métodos de ensino para surdos, a educação através da Língua de Sinais, do Oralismo, e do Bimodalismo. Porém, essas propostas de ensino não ocorreram todas simultaneamente, cada uma ocorreu em diferentes períodos da história dos surdos. Vejamos agora, alguns dos principais educadores de surdos, e seus mt65étodos de ensino. Segundo Eriksson (1998), existem várias histórias que explicam o surgimento e desenvolvimento do conceito de surdo no mundo. Antes de Cristo, os surdos eram tidos como “deuses” ou seres diabólicos, os quais precisavam ser punidos. Na Antiguidade, os surdos, devido ao fato de não falarem, não eram considerados “humanos”, nem cidadãos, mas sim incapazes. Eram até mesmo proibidos de casar. Por isso não estudavam e não frequentavam escolas. A partir de 1500, na Idade Média, o médico italiano Girolamo Cardano (1501-1576), declarou que surdos poderiam ser ensinados a ler e a escrever sem a utilização da fala. Segundo Moura (2000), também existiram vários educadores de surdos na Europa. Dentre eles, Frei Pedro Ponce de Leon (1520-1584), monge espanhol, que ensinava surdos, filhos de famílias nobres a ler os lábios, falar, rezar, e conhecer as doutrinas do Cristianismo. Ensinava os surdos primogênitos das famílias nobres a falar para que tivessem direito à herança. Vejam agora os dois principais educadores com métodos diferentes: Abade Charles-Michel de L´Epée (1712- 1789), francês, dentre os educadores mencionados, merece grande destaque por ter sido o mais importante educador de surdos. Ensinou e apoiou os surdos, fundou a primeira escola pública, o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris, treinou inúmeros professores para alunos surdos, também criou métodos de ensino (chamado de Sinais Metódicos), sendo a maioria dos sinais ensinados com a primeira letra do alfabeto em francês, por exemplo, o sinal DIEU (Deus), com primeira letra D. Observe a figura que mostra a estátua de L´Epée fazendo sinal “Deus” com primeira letra D para criança surda. Figura 1: Charles-Michel de L´Epée (1712- 1789) http://farm3.static.flickr.com/ 53 Não foi L´Epée quem inventou os sinais, nem o alfabeto manual. Ambos já existiam há muitos anos, porém não há registro exato. O alfabeto manual era utilizado pelos monges com o objetivo de se comunicarem na Igreja, porque necessitavam permanecer em silêncio. Porém, os surdos já se comunicavam através de sinais. Samuel Heinicke (1727- 1790), alemão, era contra a Língua de Sinais e a favor do oralismo. Fundou a primeira escola oral de surdos na Alemanha. Figura 2: Samuel Heinicke http://www.taubenschlag.de/cms_pics/Heinicke.gif Apresento dois principais professores surdos: Jean Massieu (1772-1845), um dos primeiros professores surdos, francês, deu aula de Língua de Sinais no Instituto Nacional de Surdos-Mudos em Paris, durante 32 anos. Ela seria diretor do Instituto, mas foi afastado pelo médico Jean Itard. Deu aula em outras escolas francesas para surdos. Figura 3: Jean Massieu http://www.visuf.org/images/histoire/JeanMassieu_reduit.gif Laurent Clerc (1785 - 1869), um dos professores surdos, aprendeu Língua de Sinais na França, devido ao seu interesse pelo método utilizado no ensino da língua de sinais por L´Epée. Após, Clerc ministrou aulas de Língua de Sinais nos Estados Unidos. Figura 4: Laurent Clerc http://www.signgenius.com/famous-deaf-people/images/laurent- clerc.jpg Há aproximadamente 500 anos, discutiu-se sobre qual seria o melhor ensino a ser trabalhado com surdos: Língua de Sinais ou Oralismo. Algumas escolas de alguns países optaram pelo método da Língua de Sinais, outras, pelo Oralismo. No ano de 1880, foi realizado um Congresso Internacional em Milão com o objetivo de discutir o futuro da educação para os surdos. Foi questionado se o ensino deveria se dar em Língua de Sinais ou através do Oralismo. O método oralista venceu por vários motivos, dentre eles, devido à idéia de que sem fala não existe pensamento (filosofia aristotélica), etc. 54 Figura 5: Local onde foi feito o Congresso em Milão, Itália. http://www.milan1880.com/milan1880congress/venuegallery/Resources/fntangleright.jpeg Após o Congresso de Milão, os EUA continuaram preservando a Língua de Sinais, porém, a Europa, bem como outros países de todo mundo, adotou o Oralismo puro em suas escolas, causa do afastamento de professores surdos, permanecendo apenas professores ouvintes. Durante aproximadamente 100 anos de predominância do Oralismo, foram obtidos poucos resultados quanto ao desenvolvimento da fala, pensamento e aprendizagem dos surdos. Além disso, a surdez era vista apenas em termos clínicos, tendo como preocupação o estudo da perda auditiva, o desenvolvimento da oralidade, a articulação, etc. A comunicação de surdos, através da Língua de Sinais, se dava em ambientes escondidos como, por exemplo, no banheiro, no pátio das escolas, nos quartos de internatos antes de dormir, e nos pontos de encontros de surdos. Devido a esse fato, a Língua de Sinais nunca se extinguiu, permanecendo como língua na vida dos surdos. Agora observem os modelos educacionais na Educação de Surdos. No princípio da história de educação de surdos, os surdos eram considerados intelectualmente ‘inferiores’, por isso eram trancados em asilos. Quando perceberam que os sujeitos surdos tinham a capacidade de aprender, começaram a surgir pesquisas e experimentos de diferentes metodologias e formas adaptadas de ensino. Nesta unidade procuramos enfatizar quatro modelos educacionais na educação de surdos, presentes em maior ou menor intensidade nas escolas para surdos, que são: o Oralismo, a Comunicação Total, o Bilinguismo, a Pedagogia Surda. (STROBEL, 2008). Filmes Surdos Pesquisar alguns sites sobre a cultura surda e comunidade surda: https://culturasurda.net/category/filmes/page/2/ Assistir ao filme: “E seu nome é Jonas” 55 2.2 OS CINCOS PARÂMETROS DA LIBRAS Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e ás vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: Configuração da(s) mão(s): é a forma da(s) mão(s) presente no sinal. Na Libras há 64 configurações. Elas são feitas pela mão dominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos dependendo do sinal. Veja o quadro de configurações e o quadro do alfabeto manual que é formado por algumas dessas configurações para representar as letras (grafemas) da língua portuguesa. Os sinais APRENDER, LARANJA e DESODORANTE-SPRAY têm a mesma configuração de mão e são realizados na testa, na boca e na axila, respectivamente. Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até á cabeça e horizontal (á frente do emissor). Os sinais TRBALHAR, BRINCAR, PAQUERAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e DECORAR são realizados na testa. Exemplos: 56 Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, como também os sinais RIR, CHORAR e CONHECER, mas AJOELHAR e EM-PÉ não têm movimento. Exemplos: Orientação/ direcionalidade: os sinais têm uma direcionalidade com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação á direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR- PORTA. Exemplos: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf 57 Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em que sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. Exemplos: Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras e articulá-las adequadamente, é preciso aprender as regras gramaticais de combinação destas palavras em frases e serão estas regras gramaticais que iremos ver aos poucos em cada unidade desse livro. 58 Configurações de Mãos da Libras Veja as imagens a seguir, referentes às quantidades de configurações de mãos: Veja o vídeo na SIGGA JOGO DE CONFIGURAÇÃO DA MÃO 59 Fonte: http://tertuliasdelibras.blogspot.com.br/2015/11/configuracoes-de-maos.html. 60 2.3 LOCALIZAÇÃO: UFERSA - CAMPUS CARAÚBAS RN COPA BLOCO: SALA DE PROFESSORES BLOCO: CENTRO ADMINISTRATIVO BIBLIOTECA CENTRO DE CONVIVÊNCIA XEROX CENTRAL DE AULA I CENTRAL DE AULA II TRANSPORTE LABORATÓRIO 61 Fonte: Fotografia propria. LLOOCCAALLIIZZAAÇÇÃÃOO ““OOnnddee””?? PRATICANDO... A) OI, TUDO BEM? B) OI, TUDO BEM! A) VOCÊ ESTUDAR ONDE? B) SALA 16 LÁ DIRETA A) SIMESTRE? QUAL CURSO? B) 1 SIMESTRE, EU CURSO LETRAS INGÊS, VOCÊ ESTUDAR ONDE? A) EU ESTUDAR 3 SIMESTRE, CURSO LETRAS LIBRAS SALA 13, LÁ ESQUERDA B)BO@ LEGAL! Aluno A Aluno B SALA 12 - SALA 15 - SALA 13- SALA 16- SALA 14 - SALA 16 - SALA DE REUNIÃO LABORATÓRIO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO SALA REUNIÃO 62 2.4 LIBRAS EM CONTEXTO: PROFISSÃO – EMPREGO Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Veja o vídeo no SIGGA: Sinais – Profissão e etc. 63 2.5 CLASSIFICADORES EM LIBRAS: FORMAS, ADJETIVOS,PESSOAS, COISAS E VEICULOS Características: a) Formas e adjetivos: As diferenças entre verbos classificadores e adjetivos descritivos de várias formas b) Pessoas, coisas e veículos: A configuração de mão é uma marca de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, VEÍCULO. Verbos que possuem concordância de gênero são chamados de verbo classificador porque concorda com o sujeito ou objeto da frase. Como, por exemplo, o verbo CAIR que, dependendo do sujeito da frase, terá uma configuração para concordar com a pessoa, a coisa, o animal ou o veículo: 64 2.6 LIBRAS EM CONTEXTO: FAMÍLIA /SAÚDE/HOSPITAL Fonte: https://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras- contexto-estudante.pdf Veja no SIGAA: Sinais – Família, Saúde e Hospital . 65 2.7 LIBRAS EM CONTEXTO: FRUTAS66 Fonte: CLEBER COUTO, 1 EDIÇÃO (2005) 67 CORES E VESTUÁRIO Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAemksAC/apos-cores 68 SINAIS RELACIONADOS A VESTUÁRIO As descriações visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos animados ou inanimados. Observam-se aspectos tais como: tamanho, textura,paladar,tato,cheiro,”olhar”,sentimentos ou formas visuais,bem como a localização e a ação incorporada ao classificador. 69 SABIA MAIS! “As Feneis e as Associações de Surdos no Brasil” FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS A FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos com finalidade sócio-cultural, assistencial e educacional que tem por objetivo a defesa e a luta dos direitos da Comunidade Surda Brasileira. É filiada a Federação Mundial dos Surdos e suas atividades foram reconhecidas como de Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal. FEDERAÇÃO MUNDIAL DE SURDOS(WORLD FEDERATION OF THE DEAF, W Federação Mundial de Surdos (World Federation of the Deaf, WFD) é uma organização internacional não-governamental, sem fins lucrativos que representa, aproximadamente 70 milhões de pessoas surdas em 127 países, todo o mundo. Foi estabelecida em Roma, em 1951. Crê-se que mais de 80% dos 70 milhões de surdos existentes no mundo, vivam nos países em desenvolvimento, onde as autoridades raramente são familiarizadas com as necessidades e desejos dos surdos. Reconhecida pela Organização das Nações Unidas trabalha em estreita colaboração com as Nações Unidas e as suas várias agências, na promoção dos direitos humanos das pessoas surdas, de acordo com os princípios e 70 objectivos da Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Quando necessário, utiliza medidadas especiais (legai, administrativas) para garantir que as pessoas surdas em todos os países tenham o direito de manter as suas próprias línguas gestuais, organizações culturais e outras actividades. Os seus principais objectivos são: os surdos nos países em desenvolvimento; o direito à língua gestual; a igualdade de oportunidades em todas as esferas da vida, incluindo o acesso à educação e à informação. HISTÓRIA A FENEIS foi fundada em 1977 (FENEIDA, como era chamada na ocasião, era constituida apenas por pessoas ouvintes). Em 1987 foi reestruturado o estatuto da instituição, que passou a ter o nome Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - Feneis. Com incentivos da Coordenadoria Nacional para a Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência - CORDE, do Ministério da Justiça, foram realizadas conferências para a inserção de surdos no mercado de trabalho. Hoje empregam mais de seiscentos surdos. TRABALHO Desde de sua fundação, o seu maior propósito tem sido divulgar a Libras-Língua Brasileira de Sinais. Ao longo dos anos, a Federação esteve envolvida em várias atividades como: encontros, seminários, cursos e outros trabalhos que sempre visaram esclarecer para a sociedade em geral, a importância de respeitarem a forma de comunicação da Comunidade Surda, a sua cultura e porque não dizer a sua história de evolução, enquanto minoria lingüística, que há séculos vem lutando pelo seu espaço e o reconhecimento de direitos que lhe são inerentes. Importantes vitórias foram alcançadas com a oficialização e a regulamentação da Libras. Mas não podemos parar por aqui. Precisamos continuar lutando por uma educação de qualidade, pelo direito de acessibilidade a qualquer tipo de informação e a conquista de novas oportunidades no mercado de trabalho para os Surdos. A Federação vem fazendo a sua parte, com o apoio de seus escritórios regionais e de seu quadro de filiadas que, aliados ao mesmo objetivo vem buscando qualificar suas atividades para atenderem da melhor forma possível as demandas da Comunidade Surda Brasileira. REGIONAIS A Feneis desde sua fundação tem como meta disseminar a Libras-Língua Brasileira de Sinais pelo Brasil. Partindo deste pressuposto, vem lutando pelos direitos dos Surdos, realizando encontros e seminários, divulgando e debatendo assuntos não somente relacionados a importância da Libras, como forma de comunicação dos Surdos, mas também sobre outras áreas de interesse da Comunidade Surda. Mas, atingir todo o 71 território nacional, constituía-se como uma tarefa difícil e ao mesmo tempo um desafio e um sonho a se conquistar. Pensando na importância de expandir os trabalhos da Federação e, assim garantir o atendimento das demandas dos Surdos de outros estados, foram criados escritórios regionais. O apoio e as atividades que realizam reforçam os objetivos da Feneis e assim nos somamos por todo o Brasil, criando uma rede de informação e serviços de forma sempre a atender da melhor forma possível os que nos procuram. LISTA DOS ESCRITÓRIOS REGIONAIS Feneis-BH - Belo Horizonte Feneis-PR - Curitiba Feneis-DF - Distrito Federal Feneis-CE - Fortaleza Feneis-AM - Manaus Feneis-PE - Recife Feneis-RS - Porto Alegre Feneis-RJ - Rio de Janeiro Feneis-SP - São Paulo Feneis-MG - Teófilo Otoni (MG) Feneis-SC - Santa Catatina LIGAÇÕES EXTERNAS E REFERÊNCIAS Site Oficial Surdosol - mais informações História Histórico até 1988 72 UNIDADE III 73 3.1 LEGISLAÇÃO DE LIBRAS LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 74 Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafoúnico. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002 DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DECRETA: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. 75 Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. CAPÍTULO II DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. CAPÍTULO III DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. 76 Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação. § 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação; III - professor ouvinte bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação. § 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar a disciplina de Libras. § 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério. Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. § 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade. 77 § 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função docente. § 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e lingüistas de instituições de educação superior. Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação: I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa como segunda língua; II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda língua para surdos; III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar
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