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IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS 
MINISTÉRIO COM SURDOS EFATÁ 
CURSO INTERMEDIÁRIO DE LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Língua de Sinais é, nas mãos de seus mestres, uma linguagem das mais belas e 
expressivas, para qual, no contato entre si é como um meio de alcançar de forma fácil 
e rápida a mente do surdo, nem a natureza nem a arte proporcionam um substituto 
satisfatório. ” J. Schuyler Long 
 
ALUN@: ______________________________________________________________ 
INSTRUTR@: _________________________________________________________ 
 
SÃO LUÍS- MA 
2017 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
A igreja Evangélica Assembleia de Deus evangeliza os surdos através do Ministério 
EFATÁ, que vem facilitando o ensino-aprendizagem dentro de um processo contínuo numa 
perspectiva voltada a futuros profissionais servos preparados para discípula surdos no 
caminho do Senhor. 
 
Diante da dificuldade de inserção do surdo na sociedade, o Ministério EFATÁ, visa 
capacitar igrejas para transmitir o amor de Deus aos Surdos e despertar vocação de Surdos e 
Ouvintes, capacitando verdadeiros servos nessa maravilhosa obra, pois pesquisas divulgam 
que há mais de 6 milhões de surdos brasileiros que não tem a oportunidade de ouvir a 
mensagem da salvação. Eles não podem compreender esta mensagem se não for propagada 
em sua própria Língua, a Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS. ” 
 
É necessário capacitar liderança formadora de discípulos, conforme a ordem deixada 
por jesus Cristo em Matheus 28.19. Ide fazei discípulos de todas as nações... e levar o povo 
de Deus ao conhecimento dos surdos mostrando sua língua e cultura”, declara Marília 
Moraes Manhães, Coordenadora nacional do Ministério com Surdos da JMN.7 
 
“Naquele dia, os surdos ouvirão a mensagem que será lida no livro fechado e 
lacrado...” (Isaias 29.18ª). 
 
O Ministério EFATÁ, deseja que você possa aprender e compreender a LIBRAS 
crescendo espiritualmente e testemunhando o amor de Deus para com os surdos cumprindo 
o IDE... DE JESUS CRISTO. 
 
E como ouvirão se não há quem pregue? Romanos 10:14c- Você aceita esse desafio? 
 
SEJAM BEM VINDOS AO CURSO DE LIBRAS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS .......................................................................... 5 
2. ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS .................................................................................. 7 
3. PROPRIEDADES DAS LÍNGUAS HUMANAS NAS LÍNGUAS DE SINAIS .... 20 
4. ESTUDOS LINGUÍSTICOS DAS LÍNGUAS DE SINAIS ....................................... 25 
4.1 Áreas Da Linguística ......................................................................................................... 25 
4.2 Fonologia das Línguas de Sinais ...................................................................................... 26 
4.3 Morfologia Em Libras ....................................................................................................... 29 
5. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ...................................................................................... 32 
6. ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE...................................................................... 35 
7. MARCADORES NÃO MANUAIS ................................................................................ 38 
8. SISTEMAS DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS .................................................... 40 
9. TIPOS DE VERBOS NA LIBRAS ................................................................................. 45 
9.1 Verbos com concordância número – pessoal ................................................................. 45 
9.2 Verbos sem Concordância ................................................................................................ 46 
9.3 Verbos Espaciais ................................................................................................................ 47 
10. ESTABELECIMENTO NOMINAL E SISTEMA DE PRONOMINALIZAÇÃO 48 
11. A ORDEM DA FRASE NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA ........................... 50 
11.1 Topicalização ................................................................................................................... 50 
12. INTENSIFICADOR E ADVÉRBIOS DE MODO ....................................................... 52 
12.1 Verbos que Incorporam o Formato dos Argumentos da Sentença ............................. 53 
13. CLASSIFICADORES ....................................................................................................... 54 
13.1 Tipos de classificadores .................................................................................................. 54 
13.2 Os Classificadores e os Adjetivos Descritivos na Libras ......................................... 58 
13.3 Verbos Classificadores.................................................................................................... 60 
14. UM BREVE PASSEIO PELAS RAÍZES DA HISTÓRIA DE EDUCAÇÃO DE 
SURDOS ...................................................................................................................................... 62 
14.1 Conceitos .......................................................................................................................... 64 
 
14.2 Modelos Educacionais Na Educação De Surdos ......................................................... 65 
15. CONHECENDO A ANATOMIA DO OUVIDO .......................................................... 65 
15.1 Graus De Surdez: O Que Se Sente? .............................................................................. 66 
15.2 Comportamento Auditivo Da Criança De Acordo Com Os Diferentes Graus De 
Surdez ........................................................................................................................................ 66 
15.3 Tipos De Surdez .............................................................................................................. 68 
15.3.1 A Surdez É Mista Quando Existe Problema Em Ambos Mecanismos ............. 69 
15.3.2 O Tratamento Da Surdez Depende Da Causa ................................................... 69 
15.3.3 Prevenindo A Surdez ......................................................................................... 70 
15.3.4 Características Da Surdez .................................................................................. 70 
15.4 Perdas Auditivas .............................................................................................................. 71 
16. CULTURA E IDENTIDADE SURDA ........................................................................... 72 
16.1 Tipos de Identidades Surdas ........................................................................................... 73 
17. HISTÓRIAS DA DATILOLOGIA ................................................................................ 76 
18. EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO .................................................................................... 77 
19. CONHECENDO O INTÉRPRETE DE LIBRAS ....................................................... 78 
19.1. Histórico Do Intérprete De Libras ................................................................................ 78 
19.2 O Ato De Interpretar ....................................................................................................... 80 
19.3 Tradução /Interpretação .................................................................................................. 81 
19.4 Os Tradutores ................................................................................................................... 86 
19.5 O tradutor – Intérprete de Libras ................................................................................... 86 
19.6 Papel Do Intérprete Educacional ................................................................................... 87 
20. CÓDIGO DE ÉTICA DO INTÉRPRETE DE LIBRAS ............................................. 91 
21.TRANSCRIÇÃO: SIGN WRIGTING........................................................................... 93 
22. INICIANDO O MINISTÉRIO COM SURDOS .......................................................... 94 
 
 
 
 
 
 
 
1. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
 
 Muitas pessoas acreditam que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é o 
português nas mãos, na qual os sinais substituem as palavras. Outras pensam que é 
linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo. Muitas pensam que são somente 
gestos iguais ao das línguas orais. Entre as pessoas que acreditam que é uma língua, há 
algumas que creem que é limitada e expressa apenas informações concretas e que não é 
capaz de transmitir ideias abstratas. 
 
Pesquisas sobre LIBRAS vêm sendo desenvolvidas, mostrando que, esta língua é 
comparável em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Esta língua não é 
uma forma do português; ao contrário, tem suas próprias estruturas gramaticais, que deve 
ser aprendida do mesmo modo que outras línguas. As LIBRAS diferem das línguas orais por 
utilizar outro canal comunicativo, isto é, a visão em vez da audição. A LIBRAS é capaz de 
expressar ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, 
literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda, etc. A LIBRAS pode expressar 
poesia e humor. Como outras línguas, a LIBRAS aumenta o vocabulário com novos sinais 
introduzidos pela comunidade surda em resposta à mudança cultural e tecnológica. (Quadros 
e Karnopp, 2004) 
A LIBRAS não é universal. Assim como as pessoas ouvintes em países diferentes 
falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo usam línguas 
de sinais diferentes. 
A LIBRAS foi criada e desenvolvida por surdos do Brasil para a comunicação entre 
eles e existe há tanto tempo quanto a existência das comunidades de surdos. A maior 
divulgação da língua de sinais no Brasil começou quando foi fundado o Instituto Nacional 
da Educação dos Surdos (INES) em 1857, chamada, então, de mímica. Sendo o INES a 
primeira escola para surdos por muitos anos; funcionando em regime de internato, recebia 
alunos de todas as regiões do Brasil, os quais, ao voltarem para suas cidades, nas férias, 
difundiam essa língua por todo país. Assim, a LIBRAS difere da língua de sinais de Portugal. 
Como havia professor que dominava a Língua de Sinais Francesa no INES, na sua fundação, 
a LIBRAS hoje traz um pouco das características desta língua de sinais francesa e difere da 
língua de sinais de Portugal, embora os dois países, Brasil e Portugal tenham historicamente 
dividido a mesma língua oral. 
A partir do Congresso em Milão, Itália, em 1880, a filosofia educacional começou a 
mudar na Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado que utilizava 
tanto sinais como o treinamento em língua oral foi substituído em muitas escolas pelo 
método oral puro, o oralismo. Muitas pessoas acreditavam que a única forma possível para 
que as crianças surdas se integrassem ao mundo dos ouvintes seria falar e ler os lábios. E 
assim muitas escolas passaram a insistir com os alunos surdos para que entendessem a língua 
oral e aprendessem a falar. Os professores surdos já existentes nas escolas, naquela época, 
foram afastados, e os alunos desestimulados a usarem a língua de sinais (mímica), tanto 
dentro quanto fora da sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças 
para impedi-las de fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil. Mas apesar dessas 
tentativas de desestimular o uso da língua de sinais, a LIBRAS continuou sendo a língua 
preferida da comunidade surda. Os surdos, quando viram que o uso de sinais estava proibido, 
reconheceram e consideram a LIBRAS como sua língua natural, a qual reflete valores 
culturais e guarda suas tradições e heranças vivas. 
 A Libras é um sistema linguístico de difusão de ideias e fatos, oriundo das 
comunidades de pessoas surdas no Brasil. Sua origem mais remota é a Língua de Sinais 
Francesa, indicando que as línguas de sinais não são universais e que têm nas suas expressões 
certa dose de regionalismos, como em qualquer outra língua. Esse fato a legitima ainda mais 
como língua e a coloca no mesmo status das línguas orais, pois se presta às mesmas funções. 
 
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e 
do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos, sendo que a configuração das 
mãos pode se dar pela datilologia (alfabeto manual) ou por outras formas feitas pela mão 
predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas 
mãos, passando pela expressão facial e/ou corporal, de suma importância para o 
entendimento do sinal. 
 O abade Charles Michel L’Epée foi um marco na história da educação dos surdos 
quando, ao aprender a língua de sinais com surdos nas ruas de Paris, associou esses sinais a 
figuras e a palavras escritas. A união da língua nativa de sinais com a gramática francesa 
possibilitou que os alunos surdos pudessem escrever o que lhes era dito por meio de um 
intérprete que se comunicava com sinais. Dessa forma o Instituto Nacional de Jovens Surdos 
de Paris proporcionou acesso ao conhecimento e à cultura, tornando-se referência científica 
e cultural para surdos de diversos países. 
No Brasil, data de 1857 a primeira escola de surdos, criada pela Lei nº. 839, de 26 de 
setembro de 1857, por Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, denominado Collégio Nacional para 
Surdos-Mudos, atual INES – Instituto Nacional de educação dos Surdos. 
Seu primeiro professor foi Hernest Huet, cidadão francês, surdo, que trouxe na 
bagagem a Língua de Sinais Francesa. Segundo Marques (2009), é de 1873 o mais antigo 
documento sobre a Libras, denominado ‘Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos’, de 
autoria de Flausino José da Gama, aluno dessa instituição. Essa Língua de Sinais resistiu na 
sala de aula até ser banida pelo Congresso de Milão, e sua continuidade só se deu graças aos 
alunos que a mantiveram viva nos pátios e corredores da escola (MARQUES, 2009). A 
partir do Congresso de Milão, em 1880, que proibiu o uso da língua de sinais nas escolas, 
prevaleceu o oralismo na educação dos surdos. 
Essa medida, além de não provocar os resultados esperados, diminuiu 
significativamente o número de surdos escolarizados. Sem uma educação condizente às suas 
necessidades, que proporcionasse condições de apropriação de conhecimento, restou a esses 
indivíduos ocupar funções em setores inferiores do mercado de trabalho. 
No final dos anos de 1970, surgiu um novo método chamado de comunicação total, 
que incorpora múltiplos meios num processo interativo entre oralidade, alfabeto digital, 
sinais e escrita. Na década de 1980, diversas pesquisas foram iniciadas, uma delas realizada 
pela professora de Linguística Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais – 
Libras. Também nessa década surgem discussões acerca do bilinguismo, de extrema 
importância à língua de sinais. O bilinguismo consiste em uma forma de comunicação e 
expressão própria das pessoas surdas. Outra característica dessa abordagem é que os surdos 
aprendem primeiro a sua língua nativa que é a Libras para depois aprender a língua 
portuguesa. Alguns benefícios da proposta bilíngue são o uso da língua de sinais nas escolas, 
a inserção de intérpretes, a produção de material multimídia, a criação de leis inclusivas, 
exigência de mudanças curriculares, entre outros (MARQUES, 2009, p.35). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS 
 
 
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de 
Sinais- Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com 
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e 
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias 
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua 
Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente 
das comunidades surdas do Brasil. 
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de 
deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do 
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de 
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - 
PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
 
 
 
 
 
DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, 
inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 
2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 
 
DECRETA: 
CAPÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei 
no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda 
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. 
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de 
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
 
CAPÍTULO II 
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR 
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de 
formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos 
cursos de Fonoaudióloga, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal 
de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal 
de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação 
Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação 
para o exercício do magistério. 
§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação 
superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. 
 
CAPÍTULO III 
DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS 
Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino 
fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, 
em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua 
Portuguesa como segunda língua. 
Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no 
caput. 
Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos 
iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal 
superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, 
viabilizando a formação bilíngue. 
§ 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação 
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na 
modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. 
 
§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. 
Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: 
I - cursos de educação profissional; 
II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e 
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias 
de educação. 
§ 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da 
sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado 
por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. 
§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. 
Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja docente 
com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em 
cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo 
menos um dos seguintes perfis: 
I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação 
superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo 
Ministério da Educação; 
II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado 
obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da 
Educação; 
III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação 
superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido 
pelo Ministério da Educação. 
§ 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar 
a disciplina de Libras. 
§ 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino 
da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu 
quadro do magistério. 
Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluência no 
uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. 
§ 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministério 
da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade. 
§ 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a 
função docente. 
§ 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora de amplo 
conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e linguistas de instituições de 
educação superior. 
Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem 
cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação 
superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem 
incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: 
I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; 
II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; 
III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e 
IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. 
 
Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-
se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras,ampliando-se 
progressivamente para as demais licenciaturas. 
Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, 
pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos 
cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa. 
Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, 
programas específicos para a criação de cursos de graduação: 
I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos iniciais 
do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngue: Libras - Língua Portuguesa como 
segunda língua; 
II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda 
língua para surdos; 
III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos de 
Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação para a 
formação de professores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um ano da 
publicação deste Decreto. 
Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para 
pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de 
professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível 
médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua 
Portuguesa. 
Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve 
ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. 
 
CAPÍTULO IV 
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 
ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO 
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas 
surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas 
atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e 
modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. 
§ 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as 
instituições federais de ensino devem: 
I - promover cursos de formação de professores para: 
a) o ensino e uso da Libras; 
b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e 
c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; 
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da 
Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; 
III - prover as escolas com: 
a) professor de Libras ou instrutor de Libras; 
b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; 
 
c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; 
e 
d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade linguística 
manifestada pelos alunos surdos; 
IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde 
a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao 
da escolarização; 
V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, 
funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos; 
VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na 
correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a 
singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; 
VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos 
expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios 
eletrônicos e tecnológicos; 
VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e 
comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos ou com 
deficiência auditiva. 
§ 2o O professor da educação básica, bilíngue, aprovado em exame de proficiência em 
tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, pode exercer a função de tradutor e 
intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de professor 
docente. 
§ 3o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, 
municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo 
como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com 
deficiência auditiva. 
Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o 
ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos 
surdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, 
como: 
I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos iniciais 
do ensino fundamental; e 
II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino 
fundamental, no ensino médio e na educação superior. 
Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos 
alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da 
escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, 
resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. 
Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade oral da 
Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com 
alunos da educação básica são de competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas 
unidades federadas. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA 
PORTUGUESA 
Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se 
por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua 
Portuguesa. 
Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor 
e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: 
I - cursos de educação profissional; 
II - cursos de extensão universitária; e 
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e 
instituições credenciadas por secretarias de educação. 
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por 
organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o 
certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. 
Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja pessoas 
com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais 
com o seguinte perfil: 
 
I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras para 
realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com 
aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação 
em instituições de ensino médio e de educação superior; 
II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para realizar 
a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em 
exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino 
fundamental; 
III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de línguas de sinais 
de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. 
Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidasneste 
artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à 
comunicação, à informação e à educação. 
Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o Ministério da 
Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para essa finalidade 
promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em tradução e interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa. 
Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função, 
constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições 
de educação superior. 
Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais de ensino 
da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus quadros, em todos os 
níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, para 
viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à educação de alunos surdos. 
 
§ 1o O profissional a que se refere o caput atuará: 
I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; 
II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e conteúdos 
curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e 
III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de ensino. 
§ 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, 
municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo 
como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à 
comunicação, à informação e à educação. 
 
CAPÍTULO VI 
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU 
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir 
a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: 
I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com 
professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; 
II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e 
ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, 
com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos 
alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua 
Portuguesa. 
§ 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a 
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no 
desenvolvimento de todo o processo educativo. 
§ 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento 
educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com 
utilização de equipamentos e tecnologias de informação. 
§ 3o As mudanças decorrentes da implementação dos incisos I e II implicam a formalização, 
pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência pela educação sem o uso de 
Libras. 
§ 4o O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido também para os alunos não usuários 
da Libras. 
Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem 
proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua 
Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e 
tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
§ 1o Deve ser proporcionado aos professores acesso à literatura e informações sobre a 
especificidade linguística do aluno surdo. 
§ 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, 
municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo 
como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à 
comunicação, à informação e à educação. 
Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, preferencialmente os 
de formação de professores, na modalidade de educação a distância, deve dispor de sistemas 
de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa 
 
e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens 
veiculadas às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004. 
 
CAPÍTULO VII 
DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU 
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e 
as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, 
na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as 
esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de 
ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de 
complexidade e especialidades médicas, efetivando: 
I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; 
II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de cada 
caso; 
III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento para a área de 
educação; 
IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de amplificação 
sonora, quando indicado; 
V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica; 
VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; 
VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na 
educação básica, por meio de ações integradas com a área da educação, de acordo com as 
necessidades terapêuticas do aluno; 
VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a 
criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa; 
IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS 
e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à 
saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e 
interpretação; e 
X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso 
de Libras e sua tradução e interpretação. 
§ 1o O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos surdos ou com 
deficiência auditiva não usuários da Libras. 
§ 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal, do Distrito 
Federal e as empresas privadas que detêm autorização, concessão ou permissão de serviços 
públicos de assistência à saúde buscarão implementar as medidas referidas no art. 3o da Lei 
no 10.436, de 2002, como meio de assegurar, prioritariamente, aos alunos surdos ou com 
deficiência auditiva matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral 
à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas. 
 
 
CAPÍTULO VIII 
DO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS EMPRESAS QUE DETÊM CONCESSÃO OU 
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, NO APOIO AO USO E DIFUSÃO DA 
LIBRAS 
 
Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as empresas 
concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração pública federal, direta e 
indireta devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e 
difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, realizados 
por servidores e empregados capacitados para essa função, bem como o acesso às 
tecnologias de informação, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2004. 
§ 1o As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por cento de 
servidores, funcionários e empregadoscapacitados para o uso e interpretação da Libras. 
§ 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito 
Federal, e as empresas privadas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos 
buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar às pessoas 
surdas ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput. 
Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como das 
empresas que detêm concessão e permissão de serviços públicos federais, os serviços 
prestados por servidores e empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a tradução 
e interpretação de Libras - Língua Portuguesa estão sujeitos a padrões de controle de 
atendimento e a avaliação da satisfação do usuário dos serviços públicos, sob a coordenação 
da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em 
conformidade com o Decreto no 3.507, de 13 de junho de 2000. 
Parágrafo único. Caberá à administração pública no âmbito estadual, municipal e do Distrito 
Federal disciplinar, em regulamento próprio, os padrões de controle do atendimento e 
avaliação da satisfação do usuário dos serviços públicos, referido no caput. 
 
CAPÍTULO IX 
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem incluir em seus 
orçamentos anuais e plurianuais dotações destinadas a viabilizar ações previstas neste 
Decreto, prioritariamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de professores, 
servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e 
interpretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto. 
Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âmbito de suas competências, 
definirão os instrumentos para a efetiva implantação e o controle do uso e difusão de Libras 
e de sua tradução e interpretação, referidos nos dispositivos deste Decreto. 
Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito Federal, direta 
e indireta, viabilizarão as ações previstas neste Decreto com dotações específicas em seus 
orçamentos anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas à formação, capacitação e 
qualificação de professores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à 
realização da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano da 
publicação deste Decreto. 
Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independência e 117o da República. 
 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Fernando Haddad 
 
 
 
LEI Nº 12.319, DE 1º DE SETEMBRO DE 2010. 
 
Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua 
Brasileira de Sinais - LIBRAS. 
Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) 
línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da 
Libras e da Língua Portuguesa. 
Art. 3o (VETADO) 
Art. 4o A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em 
nível médio, deve ser realizada por meio de: 
I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; 
II - cursos de extensão universitária; e 
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e 
instituições credenciadas por Secretarias de Educação. 
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por 
organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o 
certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. 
Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio de 
credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência em Tradução e 
Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
Parágrafo único. O exame de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função, 
constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições 
de educação superior. 
Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências: 
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, 
surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa; 
II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-
pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, 
médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; 
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos 
públicos; 
IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino 
e repartições públicas; e 
V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais. 
Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores 
éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial: 
I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida; 
II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou 
orientação sexual ou gênero; 
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir; 
IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício 
profissional; 
V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, 
independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem; 
VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda. 
Art. 8o (VETADO) / Art. 9o (VETADO) 
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 1º de setembro de 2010; 189o da Independência e 122o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto 
Fernando Haddad / Carlos Lupi / Paulo de Tarso Vanucchi 
 
LEI Nº 8.564 DE 1 DE JANEIRO DE 2007 
Estabelece normas de uso e difusão de Libras para o acesso das pessoas surdas ou 
com deficiência auditiva à educação no Sistema Estadual de Ensino no Maranhão. Faço 
saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa do Estado decretou e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º As escolas públicas e privadas que atendam à educação infantil e ao ensino 
fundamental e médio, localizadas no Estado do Maranhão, devem garantir a inclusão de 
alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de classes de educação 
bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues. 
§ 1º São denominadas classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade 
escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de 
todo o processo educativo. 
§ 2º Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento 
educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com 
utilização de equipamentos e tecnologias de informação. 
§ 3º O disposto no parágrafo anterior deste artigo deve ser garantido também para os alunos 
não usuários das Libras. 
Art. 2º As escolas públicas e privadas que atendam à educação infantil e ao ensino 
fundamental e médio, localizadas no Estado do Maranhão, devem proporcionar aos alunos 
surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em sala de aula e 
em seminários, cursos e afins,bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o 
acesso à comunicação, à informação e à educação. 
§ 1º Devem ser proporcionados aos professores de todas as licenciaturas acesso às 
informações sobre a especificidade cultural e linguística do aluno surdo. 
§ 2º As instituições privadas e as públicas do sistema de ensino estadual buscarão 
implementar as medidas referidas neste artigo, como meio de assegurar aos alunos surdos 
ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
Art. 3º As escolas públicas e privadas que atendam à educação infantil e ao ensino 
fundamental e médio, localizadas no Estado do Maranhão, devem garantir, 
obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos 
processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os 
níveis, etapas e modalidades de educação. 
§ 1º Para garantir o atendimento educacional público e privado especializado e o acesso 
previsto no caput, as instituições de ensino referidas nesta Lei devem: 
I - promover convênio com a Associação dos Surdos do Maranhão (ASMA), ou entidades 
congêneres, sem fins lucrativos, para capacitação de ouvintes em Libras através de oficinas 
de sensibilização ou de cursos intensivos; 
I - promover cursos de formação de professores ou inscrevê-los em cursos promovidos por 
outras instituições para: 
a) o ensino e uso da Libras; b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e 
c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas. 
I - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da 
Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; 
 
IV - prover as escolas com: a) professor surdo de Libras ou instrutor surdo de Libras; b) 
tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua 
Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com 
conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos. 
V - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde a 
educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao 
da escolarização; 
VI - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, 
funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos; 
VII - adotar mecanismos de avaliação coerentes com o aprendizado de segunda língua, na 
correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a 
singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; 
VIII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a difusão da pesquisa no ensino 
superior e promover publicações de conhecimentos expressos em Libras, registrados 
preferencialmente em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos; 
IX - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, 
bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos ou pessoa com 
deficiência auditiva, intérpretes e pesquisadores da cultura e Língua do Surdo. 
§ 2º O professor da educação básica, bilíngue, aprovado em exame de proficiência em 
tradução e interpretação de Libras – Língua Portuguesa, pode exercer a função de tradutor e 
intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de professor 
docente. 
§ 3º As instituições privadas e as públicas do sistema de ensino estadual buscarão 
implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar atendimento 
educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva. 
Art. 4º Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o ensino 
da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos, 
devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como: 
I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos iniciais 
do ensino fundamental; e 
I - áreas de conhecimento sobre cultura surda, como disciplinas curriculares, nos anos finais 
do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior. 
Art. 5º A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos 
alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da 
escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, 
resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. 
Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade oral da 
Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com 
alunos da educação básica são de competência dos órgãos que possuam estas atribuições na 
esfera estadual. 
Art. 6º O Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da 
administração pública estadual, direta e indireta, devem garantir às pessoas surdas o 
tratamento diferenciado por meio do uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação 
de Libras - Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados capacitados para essa 
função, bem como o acesso às tecnologias de informação. 
Parágrafo único. As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por 
cento de servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da 
Libras. 
Art. 7º Esta Lei entra em vigor 6 (seis) meses após sua publicação. 
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e a execução da presente 
Lei pertencerem que a cumpram e a façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. 
O Excelentíssimo Senhor Secretário-Chefe da Casa Civil a faça publicar, imprimir e correr. 
 
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO, EM SÃO LUÍS, 1 DE 
JANEIRO DE 2007, 186º DA INDEPENDÊNCIA E 119º DA REPÚBLICA. 
JACKSON LAGO Governador do Estado do Maranhão 
ADERSON LAGO Secretário-Chefe da Casa Civil 
 
LEI Nº 8.708 DE 16 DE NOVEMBRO DE 2007 
 
LEI Nº 8.708 DE 16 DE NOVEMBRO DE 2007 Reconhece oficialmente, no Estado 
do Maranhão, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, a linguagem gestual 
codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e dá outras providências. O 
GOVERNADOR DO ESTADO DO MARANHÃO, faço saber a todos os seus habitantes 
que a Assembleia Legislativa do Estado decretou e eu sanciono a seguinte Lei: 
 Art. 1º Fica reconhecida oficialmente, pelo Estado do Maranhão, a linguagem 
gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, e outros recursos de expressão 
a ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente. 
Art. 2º (Vetado). 
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Mando, portanto, a todas 
as autoridades a quem o conhecimento e a execução da presente Lei pertencerem que a 
cumpram e a façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Excelentíssimo Senhor 
Secretário-Chefe da Casa Civil a faça publicar, imprimir e correr. 
 
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO, EM SÃO LUÍS, 16 
DE NOVEMBRO DE 2007, 186º DA INDEPENDÊNCIA E 119º DA REPÚBLICA. 
JACKSON LAGO Governador do Estado do Maranhão ADERSON LAGO Secretário-
Chefe da Casa Civil 
 
 
 
 
 
 
3. PROPRIEDADES DAS LÍNGUAS HUMANAS NAS LÍNGUAS DE SINAIS 
 
Flexibilidade e versatilidade - As línguas apresentam várias possibilidades de uso em 
diferentes contextos. As línguas de sinais são usadas para pensar, são usadas para 
desempenhar diferentes funções. Você pode argumentar em sinais, pode fazer poesia em 
sinais, pode simplesmente informar, pode persuadir, pode dar ordens, fazer perguntas em 
sinais. 
Glosas em LIBRAS: 
 VOCÊ GOSTAR MAÇÃ. 
 VOCÊ GOSTAR MAÇÃ? 
 CASA DEFEITO EU PRECISO ARRUMAR 
 PROJETO AULA EU APRESENTAR 
Arbitrariedade - A palavra (signo linguístico) é arbitrária porque ésempre uma convenção 
reconhecida pelos falantes de uma língua. As línguas de sinais apresentam palavras em que 
não há relação direta entre a forma e o significado. 
Glosas em LIBRAS: 
 CONHECER 
 AMIGO 
 TRABALHO 
Descontinuidade - Diferenças mínimas entre as palavras e os seus significados são 
descontinuados por meio da distribuição que apresentam nos diferentes níveis linguísticos. 
Na língua de sinais verificamos o caráter descontínuo da diferença formal entre a forma e o 
significado. Há vários exemplos que ilustram isso, por exemplo, o sinal de MORENO e de 
SURDO são realizados na mesma locação, com a mesma configuração de mão, mas com 
uma pequena mudança no movimento, mesmo assim nunca são confundidos ao serem 
produzidos em um enunciado. Tais sinais apresentam uma distribuição semântica que não 
permite a confusão entre os significados apresentados dentro de um determinado contexto. 
Glosas em LIBRAS: 
 TRABALHO 
 VIDEO-CASSETE 
 TV 
 MORENO-SURDO 
Criatividade/produtividade - Você pode dizer o que quiser e de muitas formas uma 
determinada informação seguindo um conjunto finito de regras. A partir desse conjunto, 
você pode produzir uma sentença infinita nas línguas humanas. As línguas de sinais são 
produtivas assim como quaisquer outras línguas. 
Glosas em LIBRAS: 
 EU AMAR GISELE PORQUE ELA BONITA, 
 
 LEGAL, ESPECIAL, 1sAJUDAR2s, GOSTAR, TRABALHAR, INTELIGENTE 
.... 
Dupla articulação: As línguas humanas apresentam duas articulações: a primeira é das 
unidades menores sem significado e a segunda, das unidades que combinadas formam 
unidades com significado. As línguas de sinais também apresentam o nível da forma e o 
nível do significado. Por exemplo, as configurações por si só não apresentam significado, 
mas ao serem combinadas formam sinais que significam alguma coisa. 
Exemplos em LIBRAS: 
 CM sem significado 
 L sem significado 
 M sem significado 
 CM+L+M = significado (L+bochecha+semicírculo para trás) 
 
Padrão - As línguas têm um conjunto de regras compartilhadas por um grupo de pessoas. 
As línguas de sinais são altamente restringidas por regras. Você não pode produzir os sinais 
de qualquer jeito ao usar a língua de sinais brasileira, por exemplo. Você deve observar suas 
regras. 
Exemplo em LIBRAS: 
 
 Obedecer às regras de formação de sinais e de sentenças. 
(Ajudar com CM S – mostrar exemplos de sinais com CM errada, ou L errada, ou M 
errado) 
 
Dependência estrutural - Há uma relação estrutural entre os elementos da língua, ou seja, 
eles não podem ser combinados de forma aleatória. Também é observada uma dependência 
estrutural entre os termos produzidos nas línguas de sinais. 
Glosas em LIBRAS: 
 
 PAULO TRABALHAR ONTEM 
*TRABALHAR ONTEM PAULO 
 SINAL BRASIL 
*BRASIL SINAL 
 
Mitos em relação às línguas de sinais 
 
Mito: Narrativa de significação simbólica, e que encerra uma verdade cuja memória 
se perdeu no tempo. (AURÉLIO, 1993) 
Há várias ideias relacionadas às línguas de sinais e os surdos que não são verdade, 
não se sinta culpado, isso é fruto do desconhecimento. 
Várias pesquisas avançaram e comprovaram que tais ideias são equivocadas, 
Quadros e Karnopp (2004:31-37) organizaram uma lista de mitos, vejamos. 
 
MITO DESMISTIFICAÇÃO 
1 – A língua de sinais seria uma mistura de 
pantomima e gesticulação concreta, incapaz 
de expressar conceitos abstratos. 
 
Tal concepção está atrelada à ideia 
filosófica de que o mundo das ideias é 
abstrato e que o mundo dos gestos é 
concreto. O equívoco desta concepção é 
entender sinais como gestos. Na verdade, os 
sinais são palavras, apesar de não serem 
orais-auditivas. Os sinais são tão arbitrários 
quanto às palavras. A produção gestual na 
língua de sinais também acontece como 
observado nas línguas faladas. 
A diferença é que no caso dos sinais, 
os gestos também são visuais-espaciais 
tornando as fronteiras mais difíceis de 
serem estabelecidas. Os sinais das línguas 
de sinais podem expressar quaisquer ideias 
abstratas. Podemos falar sobre as emoções, 
os sentimentos, os conceitos em língua de 
sinais, assim como nas línguas faladas. 
 
 
2 – Haveria uma única e universal língua de 
sinais usada por todas as pessoas surdas. 
 
Esta ideia está relacionada com o 
mito anterior. Se as línguas de sinais são 
consideradas gestuais, então elas são 
universais. Isto é uma falácia, pois as várias 
línguas de sinais que já foram estudadas são 
diferentes umas das outras. Assim como as 
línguas faladas, temos línguas de sinais que 
pertencem a troncos diferentes. Temos pelo 
menos dois troncos identificados, as línguas 
de origem francesa e as línguas de origem 
inglesa. Provavelmente, nossa língua de 
sinais pertence ao tronco das línguas de 
sinais que se originaram na língua de sinais 
francesa. 
 
3 – Haveria uma falha na organização 
gramatical da língua de sinais que seria 
derivada das línguas de sinais, sendo um 
pidgin sem estrutura própria, subordinado e 
inferior às línguas orais. 
 
Como as línguas de sinais são 
consideradas gestuais, elas não poderiam 
apresentar a mesma complexidade das 
línguas faladas. Isso também não é 
verdadeiro, pois em primeiro lugar as 
línguas de sinais são línguas de fato. Em 
segundo lugar, as línguas de sinais 
independem das línguas faladas. Um 
exemplo que evidencia isso claramente é 
que a língua de sinais portuguesa é de 
origem inglesa e a língua de sinais brasileira 
é de origem francesa, mesmo sendo o 
português a língua falada nos respectivos 
países, ou seja, Portugal e Brasil. 
 
3 – Haveria uma falha na organização 
gramatical da língua de sinais que seria 
derivada das línguas de sinais, sendo um 
pidgin sem estrutura própria, subordinado e 
inferior às línguas orais. 
 
Como estas línguas de sinais 
pertencem a troncos diferentes, elas são 
muito diferentes uma da outra. É claro que 
não podemos negar o fato de ambas as 
línguas estarem em contato, principalmente 
entre os surdos letrados. O que se observa 
diante deste contato é que, assim como 
observado entre línguas faladas em contato, 
existem alguns empréstimos linguísticos. 
Para além disso, as línguas de sinais 
não têm relação com as línguas faladas do 
seu país. Elas são autônomas e apresentam 
o mesmo estatuto linguístico identificado 
nas línguas faladas, ou seja, dispõem dos 
mesmos níveis linguísticos de análise e são 
tão complexas quanto às línguas faladas. 
 
 
4 – A língua de sinais seria um sistema de 
Comunicação superficial, com conteúdo 
restrito, sendo estética, expressiva e 
linguisticamente inferior ao sistema de 
comunicação oral. 
 
Como as línguas de sinais são tão 
complexas quanto às línguas faladas, esta 
afirmação não procede. Nós já vimos que as 
línguas de sinais podem ser utilizadas para 
as inúmeras funções identificadas na 
produção das línguas humanas. Você pode 
usar a língua de sinais para produzir um 
poema, uma estória, um conto, uma 
informação, um argumento. 
Você pode persuadir, criticar, 
aconselhar, entre tantas outras 
possibilidades que se apresentam ao se 
dispor de uma língua. Assim, a língua de 
sinais não é inferior a nenhuma outra 
língua, mas sim, tão linguisticamente 
reconhecida quanto qualquer outra língua. 
 
5 – As línguas de sinais derivariam da 
comunicação gestual espontânea dos 
ouvintes. 
 
A ideia de que a língua de sinais seja 
gestual também reaparece neste mito. As 
pessoas pensam que as línguas de sinais são 
de fácil aquisição por estarem diretamente 
relacionadas com o sistema gestual 
utilizado por todas as pessoas que falam 
uma língua. Como isso não é verdade, as 
línguas de sinais são tão difíceis de serem 
adquiridas quanto quaisquer outras línguas. 
 
 
 
 
 
 
5 – As línguas de sinais derivariam da 
comunicação gestual espontânea dos 
ouvintes. 
 
Precisamos de anos de dedicação 
para aprendermos uma língua desinais, mas 
com base neste mito, as pessoas pensam que 
sabem a língua de sinais por usarem alguns 
gestos e alguns sinais que aprendem nas 
aulas de língua de sinais. A comunicação 
gestual usada exclusivamente é 
extremamente limitada, pois torna inviável 
a comunicação relacionada com questões 
mais abstratas. Assim, você vai precisar da 
língua de sinais para poder comunicar estas 
ideias. 
É verdade que você pode comunicar 
algumas coisas utilizando apenas gestos, 
assim como você faz quando chega a um 
país em que é falada uma língua 
desconhecida por você. Mas, também é 
verdade que você estará limitado à 
identificação direta entre o gesto e sua 
intenção, sem poder entrar em níveis de 
detalhamento necessário para transcorrer 
sobre um determinado assunto. 
Para transcorrer sobre um 
determinado assunto qualquer, você vai 
precisar de uma língua. No caso da 
comunicação com surdos, você vai precisar 
da língua de sinais. 
 
 
6 – As línguas de sinais, por serem 
organizadas espacialmente, estariam 
representadas no hemisfério direito do 
cérebro, uma vez que esse hemisfério é 
responsável pelo processamento de 
informação espacial, enquanto que o 
esquerdo, pela linguagem. 
 
As pesquisas com surdos 
apresentando lesões em um dos hemisférios 
apresentam evidências de que as línguas de 
sinais são processadas linguisticamente no 
hemisfério esquerdo da mesma forma que 
as línguas faladas. 
Existe sim uma diferença que está 
relacionada com informações espaciais, 
pois estas, além de serem processadas no 
hemisfério esquerdo com suas informações 
linguísticas, são também processadas no 
hemisfério direito quanto às suas 
informações de ordem puramente espacial. 
Assim, parece haver um 
processamento até mais complexo do que o 
observado em pessoas que usam línguas 
faladas. As investigações concluem que a 
língua de sinais é um sistema, que faz parte 
da linguagem humana, processado no 
hemisfério esquerdo e no hemisfério 
direito. 
 
 
4. ESTUDOS LINGUÍSTICOS DAS LÍNGUAS DE SINAIS 
Tiveram início com Willian Stokoe em 1960, apresentando uma análise descritiva da 
língua de sinais americana, revolucionando a linguística na época. Houve então pela primeira 
vez a análise de um linguista sobre os elementos linguísticos de uma língua de sinais. 
 Stokoe apresenta uma análise no nível fonológico e morfológico. 
 Ted Supalla e Carol Padden foram os primeiros surdos linguistas a estudar a 
língua de sinais americana na década de 80. 
 No Brasil, Ana Regina de Souza Campelo é uma das primeiras surdas a 
estudar a língua de sinais brasileira em 2005. 
 
 
4.1 Áreas Da Linguística 
 
Fonologia: Fonologia envolve o estudo das unidades menores que irão fazer 
diferença na formação de uma palavra. Por exemplo, no português, os sons de /p/ e de /b/ 
são distintivos porque formam um par mínimo /pala/ e /bala/. O par mínimo indica que ao 
mudar apenas uma unidade mínima, ou seja, /p/ e /b/, em uma determinada combinação 
determinará mudança de significado. Isso é o que acontece com os pares mínimos listados 
na língua de sinais brasileira a seguir. (Libras I, UFSC, 2009) 
 
Fonética: A fonética é a ciência que estuda os sons como entidades físico-
articulatórias isoladas. Tem por objetivo estabelecer um conjunto de traços, ou propriedades, 
 
que possam descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades articulatórias, 
acústicas e perceptivas. (Quadros & Karnopp, 2004) 
Fonema: Fonema é a unidade mínima sem significado de uma determinada língua. 
Um fonema pode ter alofones, ou seja, realizações variadas de um mesmo fonema. No 
português, em alguns contextos linguísticos o /t/ pode ser produzido como /tch/ em algumas 
regiões do Brasil, mas isso não implica em mudança de significado. Por exemplo, /tia/ e 
/tchia/. (Libras I, UFSC, 2009) 
Morfologia: Morfologia é o estudo da estrutura interna das palavras (faladas ou 
sinalizadas), ou seja, das unidades mínimas com significado (morfemas) e todos os aspectos 
relacionados a elas (sua distribuição, classificação, variantes, etc). Envolve, também, os 
processos de formação e derivação das palavras. (Libras I, UFSC, 2009) 
Sintaxe: Sintaxe é a área de estudo que analisa a combinação das palavras para a 
formação de estruturas maiores (frases). (Libras II, UFSC, 2009) 
É o estudo da estrutura da frase, ou seja, da combinação das unidades significativas 
da frase. (Quadros & Karnopp, 2004) 
Semântica: Semântica é a área de estudo do significado na linguagem. (Libras II, 
UFSC, 2009) 
É o estudo do significado da palavra e da sentença. (Quadros & Karnopp, 2004) 
Pragmática: É o estudo da linguagem em uso (contexto) e dos princípios de 
comunicação (Quadros & Karnopp, 2004) 
 
4.2 Fonologia das Línguas de Sinais 
 
Quem primeiro percebeu os parâmetros internos dos sinais foi Stokoe em 1960, para 
ele os sinais são analisáveis como uma combinação de três grupos sem significado: 
configuração de mão, locação e movimento. Se mudar qualquer desses parâmetros mudamos 
o significado. 
A língua de sinais brasileira apresenta um conjunto de unidades menores que são 
compostas pelas configurações de mãos (CM), pelas locações (L) e pelos movimentos (M). 
(Libras I, UFSC, 2009) 
Para Quadros & Karnopp, p. 80, a orientação da mão (Or) e expressões não-manuais 
(ENM) também são parâmetros fonológicos. 
 
 
 
 
Fonologia das Línguas de Sinais 
 
 
Quadros e Karnopp (2004:54): ‘o movimento é definido como um parâmetro 
complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde movimentos 
internos da mãos, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço (Klima e 
Bellugi, 1979)’. 
 
 
 
“A combinação destas unidades menores sem significado pode formar as palavras na 
língua de sinais. Ao combiná-las, podemos identificar quais são realmente relevantes na 
língua de sinais, assim identificamos os “fonemas” da língua de sinais brasileira. ” (Libras I, 
UFSC, 2009) 
 
“Na língua de sinais, ainda não temos estudos que identificam os seus fonemas e 
alofones, mas sabemos que isso acontece. Por exemplo, o sinal de DOMINGO, pode ser 
produzido com duas configurações diferentes dependendo de quem sinaliza. ” (Libras I, 
UFSC, 2009) 
Exemplos de glosas de sinais em LIBRAS que apresentam alofones: 
 DOMINGO (D aberto e D fechado) 
 SOLDADO (polegar aberto e polegar fechado) 
 TREINAR (na parte de cima do braço e na parte de baixo do braço) 
“Uma forma de identificar os fonemas distintivos de uma língua é listar pares 
mínimos. ” (Libras I, UFSC, 2009) 
“Na língua de sinais podemos também listar pares mínimos em relação às 
configurações de mão, ou à locação, ou ao movimento em que apenas a mudança de um 
destes elementos em contraste com os demais idênticos vai identificar o seu valor distintivo 
na língua. ” (Libras I, UFSC, 2009) 
 
Pares mínimos: as formas fonológicas das palavras são idênticas em tudo, exceto 
em uma característica específica. Por exemplo, em português BALA, PALA. Os sons iniciais 
de cada uma destas palavras são distintivos, pois mudam o significado da palavra. Assim, 
/b/ e /p/ são fonemas do português que se diferenciam somente pela sonoridade. (Libras I, 
UFSC, 2009). 
Exemplos: 
 
 
 
 
“Além destes três conjuntos de unidades mínimas, Quadros e Karnopp (2004) ainda 
apresentam a orientação da mão e as marcações não-manuais. Em relação ao primeiro, 
alguns sinais determinam mudança de significado apenas com a mudança na orientação da 
mão. Por exemplo, assim como observado no sinal de AJUDAR. ” (Libras I, UFSC, 2009) 
 
4.3 Morfologia Em Libras 
Quadros e Karnopp (2004) apresentam uma revisão de alguns estudos realizados com 
a língua de sinais americana e apresentam algumas possíveis aplicações à língua de sinais 
brasileira. Entre os aspectos discutidos pelas autoras, está o processo de derivação de sinais. 
(Libras I, UFSC,2009) 
Derivação: trata da criação de uma palavra (falada ou sinalizada) a partir de outra. 
Resulta na mudança do significado lexical ou na categoria lexical. (Libras I, UFSC, 2009) 
 
 Há vários exemplos de derivação de sinais que mudam a categoria do substantivo para 
a categoria do verbo. Entre eles, mencionamos os seguintes: 
 FUTEBOL – CHUTAR 
 CADEIRA – SENTAR 
 ESCOVA – ESCOVAR 
 TELEFONE – TELEFONAR 
 TESOURA – CORTAR 
 PERFUME – PERFUMAR 
 PENTE – PENTEAR 
 OUVINTE – OUVIR 
 LADRÃO – ROUBAR 
 
Nestes exemplos, percebe-se uma mudança no padrão do movimento. Na produção 
do substantivo, o movimento é curto e repetido rapidamente, enquanto que na produção do 
verbo é longo e repetido lentamente. (Libras I, UFSC, 2009) 
Há vários processos de composição que foram identificados por Quadros e Karnopp 
(2004). Apresentamos a seguir apenas um tipo que está associado à regra de contato. Neste 
caso, o contato do primeiro, do segundo e do possível terceiro sinal é mantido. Observe 
que no sinal de ESCOLA, composto pelos sinais de CASA e ESTUDAR, o movimento 
associado a cada sinal de origem é apagado e o contato se mantém nos dois sinais formando 
um sinal único, o sinal de ESCOLA. (Libras I, UFSC, 2009) 
Exemplos de glosas em LIBRAS: 
 ESCOLA (CASA+ESTUDAR) 
 IGREJA (CASA+CRUZ) 
As autoras também apresentam a incorporação do numeral ao sinal. Há vários 
exemplos deste tipo na língua de sinais brasileira. Todos se restringem e incorporam no 
máximo os numerais até quatro. No exemplo a seguir, as glosas do sinal de HORA 
incorporam os números dois, três e quatro. (Libras I, UFSC, 2009) 
 1 HORA, 2 HORAS, 3 HORAS, 4 HORAS 
 
 
 1 DIA, 2 DIAS, 3 DIAS E 4 DIAS 
 1 MÊS, 2 MESES, 3 MESES E 4 MESES 
 Há também a possibilidade de incorporação da negação em alguns verbos. Nestes 
casos, ao invés do sinalizante utilizar o item lexical de negação, ele produz o sinal já com 
a negação incorporada ao verbo. Isso se dá com a adição de um movimento. A seguir 
apresentamos glosas com outros exemplos em LIBRAS (Libras I, UFSC, 2009): 
 GOSTAR / NÃO-GOSTAR 
 QUERER / NÃO-QUERER 
 SABER / NÃO-SABER 
 TER / NÃO-TER 
 Foi observado também que há empréstimos do português em que o sinal é 
produzido com a soletração, embora esta sofra um processo de lexicalização moldando-se 
às regras da língua de sinais brasileira. A seguir apresenta-se o sinal de SOL que tem duas 
configurações de mão. A inicial é a configuração de mãos que representa também a letra S 
no alfabeto manual e a segunda é a configuração que representa a letra L no alfabeto manual 
da língua de sinais brasileira. (Libras I, UFSC, 2009) 
Ao invés da soletração S-O-L, a produção do sinal ocorre em uma locação 
diferenciada da produção da soletração e omite a vogal O, passando a ser produzida S-L. 
Esse processo fonológico observa a restrição de que um sinal deve ter no máximo duas 
configurações de mãos ao ser produzido com uma mão. Glosas com outros exemplos: 
(Libras I, UFSC, 2009): 
 PAI (P-I) / LUA (L-A) / SOL (S-L) / VAI (V-I) 
Flexão: tem como função principal marcar privilégios de ocorrência distintos, 
através das categorias gramaticais peculiares a determinadas classes de palavras. (Libras I, 
UFSC, 2009) 
Existem vários processos de flexão na língua de sinais brasileira. Eles foram 
identificados a partir de estudos realizados por Klima e Bellugi (1979) com a língua de 
sinais americana. (Libras I, UFSC, 2009). 
Pessoa (deixis): é a flexão utilizada para marcar as referências pessoais nos verbos 
com concordância. O referente é realizado por meio da apontação para diferentes locais no 
espaço, estabelecidos para identificá-los quando estes não estão presentes no discurso. No 
caso de referentes presentes, a apontação é direcionada para a posição real do referente. A 
seguir, apresentamos algumas glosas com exemplos (Libras I, UFSC, 2009): 
 ENTREGAR PARA MIM / ENTREGAR PARA ELE 
 
 
 ENTREGAR PARA TI / ENTREGAR PARA ELES 
Número: é a flexão que indica o singular, o dual, o trial e o múltiplo. Existem várias 
formas de substantivos e verbos apresentarem a flexão de número na língua de sinais 
brasileira. Uma delas é a diferenciação entre singular e plural realizada por meio da 
repetição do sinal. No caso de verbos com concordância, a flexão de número refere-se à 
distinção feita para um, dois, três ou mais referentes. A seguir, apresentamos algumas 
glosas com exemplos (Libras I, UFSC, 2009): 
 ENTREGAR PARA UM 
 ENTREGAR PARA DOIS INDIVIDUALMENTE 
 ENTREGAR PARA TRÊS INDIVIDUALMENTE 
 ENTREGAR PARA VÁRIOS INDIVIDUALMENTE 
 
Grau: apresenta distinções para ‘menor’, ‘mais próximo’, ‘muito’, etc. A seguir, 
apresentamos algumas glosas com exemplos (Libras I, UFSC, 2009): 
 
 CASA, CASINHA, MANSÃO 
 CASA_LONGE, CASA_PERTO 
Aspecto: esta categoria está subdividida em (Libras I, UFSC, 2009): 
1. Aspecto distributivo: está intimamente relacionado com a flexão de número nos verbos 
com concordância e também nos verbos espaciais. (Libras I, UFSC, 2009) 
a) exaustiva: a ação é repetida exaustivamente: 
 DAR, AVISAR, TRATAR 
b) distributiva específica: quando a ação de distribuição é feita para referentes específicos. 
 DAR, AVISAR, TRATAR 
c) distributiva não-específica: quando a ação de distribuição é feita para referentes 
indeterminados. 
 AVISAR_todos 
2. Aspecto temporal: refere-se exclusivamente à distribuição temporal, não envolve a 
flexão de número. (Libras I, UFSC, 2009) 
a) incessante: a ação ocorre incessantemente. 
 CUIDAR , AVISAR 
b) ininterrupta: a ação inicia e continua de forma ininterrupta. 
 
 
 CUIDAR, AVISAR 
c) contínua: a ação apresenta recorrência 
sistemática. 
GASTAR, DAR 
d) duracional: a ação tem um caráter 
durativo, permanente: 
GASTAR, DAR 
 
5. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente na 
comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na mesma área 
geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das línguas orais, pois foram 
produzidas dentro das comunidades surdas. 
 
A Língua de Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica 
(BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). 
 
Ex.: 
 NOME 
ASL LIBRAS 
 
 
Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS 
apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de língua 
natural. 
 
 Variação Regional: representa as variações de sinais de uma região para outra, no 
mesmo país. 
 
 
Ex.: 
 
 VERDE 
 
 
 
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba 
 
 
 
 
 
 MAS 
 
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba 
 
 
 Variação Social: refere-se à variações na configuração das mãos e/ou no movimento, não 
modificando o sentido do sinal. 
 
 
Ex.: 
 AJUDAR 
 
 
 
 
 CONVERSAR 
 
 
 
 
 AVIÃO 
 
 
 SEMANA 
 
 
 
Mudanças Históricas: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes 
dos costumes da geração que o utiliza. 
 
 
Ex.: 
 
 
 
 AZUL 
 1º 2º 3º 
 
 
 
 
 BRANCO 
 
1º 2º 3º 
 
 
 
6. ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE 
 
A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida 
pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o ´desenho´ 
no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, 
a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que 
se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, 
não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. Vejamos alguns exemplos 
entre os sinais icônicos e arbitrários. 
 
 
a) Sinais Icônicos 
Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto

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