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Cópia de Manual Caseiro Legislação Especial 2017

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MANUAL CASEIRO 
1 
 
 
Legislação penal especial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por Natália Oliveira 
 
os 
assuntos necessários para a 
compreensão dos temas que 
comporta quaisquer editais 
da disciplina em estudo – 
Legislação Penal Especial. 
Enunciados 
das súmulas, cuja 
incidência tem sido cada 
vez mais frequente nos 
certames públicos. 
Enunciados sistematizado 
cuja fonte tem sido o 
@dizerodireito (material 
em anexo). 
Questões cobradas pelo 
CESPE em provas 
anteriores cuja fonte tem 
sido o site @qconcursos. 
Comentários pontuais 
feitos pela produtora do 
@manualcaseiro. 
 
 
 
O único dia fácil foi 
ontem... 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
 
 
 É possível reunir tudo 
em um só lugar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O processo e o julgamento dos crimes de 
lavagem de dinheiro independem do processo 
e do julgamento dos crimes antecedentes, 
ainda que praticados em outro país. CERTO! 
Conforme o art. 2º, inc. II da Lei nº 9.613/98, 
o processo e o julgamento do crime de 
lavagem de dinheiro não dependem do 
processo e do julgamento do crime 
antecedente, mesmo que praticado em outro 
país. 
 
 – 
 
A expressão “lavagem de dinheiro” 
tem origem nos Estados Unidos 
(money laundering), a partir da 
década de 1920, quando lavanderias 
na cidade de Chicago teriam sido 
utilizadas por gangsters para 
despistar a origem ilícita do dinheiro. 
Assim, por intermédio de um comércio 
legalizado, buscava-se justificar a 
origem criminosa do dinheiro 
arrecadado. 
Não há necessidade de operações de maior 
complexidade. (RHC 80.816) RELATOR: MIN. 
SEPÚLVEDA PERTENCE EMENTA: Lavagem de 
dinheiro: L. 9.613/98: caracterização. O depósito 
de cheques de terceiro recebidos pelo agente, como 
produto de concussão, em contas-correntes de 
pessoas jurídicas, às quais contava ele ter acesso, 
basta a caracterizar a figura de “lavagem de 
capitais” mediante ocultação da origem, da 
localização e da propriedade dos valores 
respectivos (L. 9.613, art. 1º, caput): o tipo não 
reclama nem êxito definitivo da ocultação, visado 
pelo agente, nem o vulto e a complexidade dos 
exemplos de requintada “engenharia financeira” 
transnacional, com os quais se ocupa a literatura. 
Info 226, STF. 
 
 
 
 
 
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3 
LAVAGEM DE CAPITAIS 
Lei nº 9.613/98 
 
1. Histórico da Lei nº 9.613/98 
A criminalização da Lavagem de Capitais surgiu na CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS contra o 
TRÁFICO DE ILÍCITO DE ENTORPECENTES, celebrado no ano de 1988, em Viena. 
Na referida Convenção, chegou-se a conclusão de que seria impossível o combate ao tráfico, se não houvesse 
uma repressão as movimentações financeiras realizadas pelo tráfico de drogas. 
É a partir de então que surge a criminalização da Lavagem de Capitais. 
 Surge da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes. 
 Celebrada em Viena em dezembro de 1988. Somente após dez anos, em 1998 surge a lei brasileira que 
regulamentou a lavagem de capitais no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
 
1.1 Lei nº 12.683/2012 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro demorou a regulamentar a matéria (lavagem de capitais). Somente após 
dez anos surge a Lei nº 9.613, vindo a sua edição em 1998. Além da morosidade em sua regulamentação, 
quando de seu advento, a lei fora criada com expressões que dificultavam a sua aplicação, ou seja, não estava 
surtindo os efeitos desejados. Desse modo, somente com a alteração trazida pela Lei nº 12.683 de 2012, foi 
que a lei ganhou maior aplicabilidade. 
A Lei nº 12.683/12 surge da necessidade de se tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de 
lavagem de capitais. 
A Lei nº produziu ao menos três grandes mudanças: 
E quais foram elas? 
a) Supressão do rol taxativo de crimes antecedentes 
Antes do advento da Lei nº 12.683/12, o crime de lavagem de capitais somente estaria configurado 
se os valores ocultados fossem provenientes direta ou indiretamente de específicos crimes 
antecedentes. A lei brasileira contemplava um rol taxativo de crimes antecedentes. 
Dessa forma, não era qualquer crime que poderia dar ensejo a lavagem de capitais, mas só os 
especificados ao teor da Lei. 
Nesse contexto, os crimes antecedentes eram: a) tráfico de drogas; b) terrorismo; c) de terrorismo e 
seu financiamento; d) de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua 
produção; e) de extorsão mediante sequestro; f) contra a Administração Pública, inclusive a 
exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou 
preço para a prática ou omissão de atos administrativos; g) praticado contra o sistema financeiro 
 
 
 
 
 
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nacional; h) praticado por organização criminosa; e por fim, i) praticado por particular contra a 
administração pública estrangeira. 
Assim, no caso da prática de crime que não constasse no referido rol, ainda que lavasse o dinheiro 
proveniente de delito, como o crime não constava expressamente do rol, não responderia pela infração 
tipificada ao teor do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais. 
Com a Nova redação do art. 1º, “caput”, da Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12, fora revogado 
todos os tipos penais antecedentes da caracterização da lavagem de capitais. Assim: 
- revogou-se todos os crimes antecedentes; e 
- ampliação para o termo para infração penal; 
Além da revogação dos incisos do art. 1º, o caput do art. 1º sofreu também alteração, modificando a 
expressão crime por infração penal. Vale lembrar, a expressão infração penal, inclui o crime e a 
contravenção penal. 
Anteriormente, só se tipificava a lavagem de capitais se o crime antecedente fosse um dos 
elencados na lei de lavagem de capitais. 
Com a referida modificação, passou-se a admitir quaisquer infração penais como crime antecedente. 
Qualquer mesmo? Renato Brasileiro ensina que deve referir-se a infração penal que tenha fonte 
produtora, ou seja, capaz de auferir renda. 
- Qualquer crime pode funcionar como crime antecedente do crime de lavagem de capitais? A partir 
da Lei nº 12.683 de 2012, desde que se trate de infração penal produtora (seja capaz de produzir bens, 
valores, passiveis de lavagem), qualquer delito *(crime ou contravenção) pode funcionar como 
antecedente da lavagem. Não pode ser objeto de lavagem crimes, que não geram produção (bens ou 
valores), por exemplo, o crime de prevaricação não pode ser crime antecedente da lavagem de 
capitais. 
Em síntese, agora, com a nova Lei, pode figurar como antecedente da lavagem, por ex., o roubo (não 
elencado no rol taxativo da Lei anterior) ou até mesmo a contravenção do jogo do bicho! Além disso, 
exige-se porém que a infração penal deve ser produtora de bens, direitos ou valores passíveis de 
lavagem (por Rogério Sanches). 
b) Aprimoramento das medidas assecuratórias 
- Em que consiste essas medidas assecuratórias? São medidas cautelares urgentes que visam 
resguardar o patrimônio do acusado, para que possa posteriormente suportar os efeitos da 
condenação, bem como, permitir o seu confisco ao término da persecutio criminis. 
A importância da imposição das medidas assecuratórias é para que o patrimônio possa ser assegurado, 
posto que na maior parte das vezes, os referidos já estão em nome de terceiros, facilitando ainda mais 
 
 
 
 
 
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sua transferência rapidamente, prejudicando o confisco ao final da persecução penal, ou seja, 
inviabilizandoa restauração do prejuízo causado pelo delito. 
- Legislação 
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado 
de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de 
infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado 
ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou 
proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. 
Atualmente, a medida pode recair não somente em face dos instrumentos, mas também sobre o 
produto direto ou indireto das infrações antecedentes, reforçando-se ainda mais o sistema das medidas 
assecuratórias. 
 
Entre as medidas assecuratórias, passou-se a admitir a chamada “alienação antecipada”: 
- Em que consiste essa alienação antecipada? 
Consiste na venda do bem no momento inicial das persecução penal, com o objetivo de preservar 
seus valores. O valor deverá ficar depositado. Consegue-se com isso, a preservação do bem. Se 
absolvido, o valor será restituído, em contrário, sendo condenado, o Estado 
fará o confisco. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro conceitua a alienação antecipada de bens “consiste na expropriação 
antecipada de bens moveis ou imóveis, fungíveis, de fácil deterioração e de difícil conservação, que 
tenham sido objeto de medidas cautelares patrimoniais, adotada com o objetivo de preservar o valor 
dos bens”. 
 
c) Ampliação das pessoas físicas/jurídicas responsáveis pela comunicação de operações suspeitas – 
- GATEKEEPERS 
O legislador estabelece para essas pessoas o dever de conhecer seus clientes – Know Your Costumer. 
Obs.: fazer leitura do art. 9º da Lei (na integra). 
São espécies de verdadeiros garantidores, posto que tem o dever de conhecer o cliente, e adotar 
mecanismos, de modo a impedir que sua operação seja utilizada como estratégia para o crime de 
lavagem de capitais. 
 
2. A expressão “Lavagem de dinheiro” 
A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money laundering), a partir da década 
de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por gangsters para despistar a 
 
 
 
 
 
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origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, buscava-se justificar a origem 
criminosa do dinheiro arrecadado. 
Em virtude do exposto, a expressão restou consagrada. 
Cumpre destacarmos que, em alguns países, como na Espanha, utiliza-se a expressão Branqueamento de 
Capitais”. 
Nesse contexto, a expressão “lavagem” não constitui o ato de lavar o dinheiro utilizando-se água e produtos 
químicos. A metáfora simboliza, na verdade, a necessidade de o dinheiro sujo, cuja origem corresponde ao 
produto de determinada infração penal, ser lavado por várias formas na ordem econômico-financeira com o 
objetivo de conferir a ele uma aparência lícita (limpa), sem deixar rastro de sua origem espúria. 
 
3. Conceito de Lavagem de Capitais 
É o ato ou a sequência de atos praticados para encobrir a natureza, localização ou propriedade de bens, 
direitos ou valores de origem delituosa, com o objetivo de reintroduzi-los à economia formal com aparência 
lícita. 
Exemplo: Traficante de Drogas que resolve abrir um posto de gasolina. Em verdade, o lucro não é 
proveniente do Posto de Gasolina, mas do tráfico. Denota-se que o indivíduo passa a praticar uma série de 
atos com a finalidade de encobrir (ocultar) a origem dos valores. 
 
4. Gerações da lavagem de capitais 
4.1 Leis de 1ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. Inclusive, a 
criminalização da lavagem surgiu na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de entorpecentes em 
Viena. Assim, logo após a Convenção de Viena, as primeiras leis que incriminaram a lavagem de capitais 
traziam apenas o tráfico ilícito de drogas como crime antecedente, razão pela qual ficaram conhecidas como 
legislações de primeira geração. 
 O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. 
4.2 Leis de 2ª Geração 
Há uma ampliação dos crimes antecedentes. 
Em decorrência da relevância e necessidade de se coibir a movimentação financeira do produto financeiro 
de outros delitos, também considerados graves, houve uma ampliação do rol dos crimes antecedentes 
numerus clausus), ou seja, um ROL TAXATIVO, dando origem, assim, às legislações de segunda geração. 
No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 era em sua redação original uma lei de segunda geração, pois contemplava 
em sua redação originária um rol taxativo de crimes antecedentes da lavagem de capitais. 
Você sabia? 
 
 
 
 
 
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Em que pese esse entendimento, havia doutrina minoritária entendendo que a Lei nº 9.613 de 98 tratava-se 
já de lei de terceira geração, isto porque ao prever como crime antecedente a organização criminosa, 
ampliaria a possibilidade de incidência de quaisquer crimes na sua prática. 
Referida argumentação perdeu sentido, por ocasião da declaração do STF no julgamento do HC 96.007/SP, 
no qual restou assentado que o conceito de organizações criminosas não poderia ser extraído da Convenção 
de Palerma, sob pena de lesão ao disposto no art. 5°, XXXIX, da Constituição Federal. Ora, se o próprio 
Supremo assentou que não havia definição de organizações criminosas no ordenamento pátrio, pelo menos 
até o advento da Lei n° 12.694/12 (art. 2°), depreende-se que a Lei n° 9.613/98 era sim uma legislação de 
segunda geração, porquanto sobravam como infrações antecedentes apenas aquelas listadas nos demais 
incisos de seu art. 1°. 
 
4.3 Leis de 3ª Geração 
Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da lavagem de 
capitais, desde que de fonte produtora. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. 
Há, na verdade, uma única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem 
de capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. Obs.: Deve-se estabelecer o mínimo de pena para a infração antecedente, a fim 
de não popularizar a lei de lavagem de capitais. 
Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de 
capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. 
Vamos Esquematizar? 
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era a 
única infração penal antecedente 
na lavagem de capitais. 
Existe um rol taxativo de 
infrações penais antecedentes. 
 
 No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 
era INICIALMENTE uma lei de 
segunda geração, pois 
contemplava em sua redação 
originária um rol taxativo de 
crimes antecedentes da lavagem 
de capitais. 
Admitem lavagem de dinheiro de 
qualquer infração penal 
antecedente. 
 
 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite 
que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. CERTO! 
 
 
 
 
 
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5. Fases da lavagem de capitais 
5.1 1ª Fase – Colocação (Placement): consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro. 
Consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro,dificultando a identificação da procedência 
dos valores de modo a evitar qualquer ligação entre o agente e o resultado obtido com a prática do crime 
antecedente. Diversas técnicas são utilizadas nesta fase, tais como o fracionamento de grandes quantias em 
pequenos valores, que escapam do controle administrativo imposto às instituições financeiras (art. 10, II, c/c 
art. 11, II, a, da Lei 9.613/98) - procedimento esse conhecido como smurfing, em alusão aos pequenos 
personagens da ficção na cor azul -, utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham 
com dinheiro em espécie, remessas ao exterior através de mulas, transferências eletrônicas para paraísos 
fiscais, troca por moeda estrangeira etc. 
A colocação é o estágio primário da lavagem e, portanto, o mais vulnerável à sua detecção, razão pela qual 
devem as autoridades centrar o foco dos maiores esforços de sua investigação nessa fase da lavagem. 
5.2 2ª Fase – DISSIMULAÇÃO ou MASCARAMENTO (layering) 
Nesta fase são realizados diversos negócios ou movimentações financeiras, a fim de impedir o rastreamento 
e encobrir a origem ilícita dos valores. 
Realizam-se diversos negócios com a intenção de dificultar, ainda mais, o rastreamento da origem ilícita 
daqueles valores. 
5.3. 3ª Fase – INTEGRAÇÃO (integration) 
Os referidos valores, agora com aparência licita, são reintroduzidos no sistema financeiro. 
Nesse contexto, com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, 
geralmente por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, transações de 
importação/exportação com preços superfaturados (ou subfaturados), ou aquisição de bens em geral (v.g., 
obras de arte, ouro, joias, embarcações, veículos automotores). 
Conforme já decidiu o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para que se possa 
configurar o delito de lavagem de capitais. 
Vamos Esquematizar? 
1ª Fase 
OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CO
NVERSÃO/COLOCAÇÃO: 
2ª Fase 
DISSIMULAÇÃO/LAYERING/
MASCARAMENTO: 
3ª Fase 
INTEGRAÇÃO/INTEGRATI-
ON/RECYCLING: 
Consiste na introdução do dinheiro 
ilícito no Sistema Financeiro. A 
doutrina denomina “smurfing” 
técnica de pulverizar, fazer 
depósitos de uma grande quantidade 
de dinheiro, fracionadamente, para 
não levantar suspeitas quanto à 
origem dos valores. 
Nessa segunda fase é realizada 
uma série de negócios ou 
movimentações financeiras, 
dificultando a identificação da 
procedência ilícita dos valores. 
Para multiplicar/entrecruzar as 
operações realizadas e apagar o 
rastro do dinheiro sujo. 
Já com a aparência de lícitos, os 
bens são formalmente 
incorporados ao sistema 
econômico, retornando através 
de investimentos na prática de 
novos delitos ou no mercado 
mobiliário ou imobiliário. 
 
 
 
 
 
 
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 Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a consumação 
do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu cumprimento. 
(RHC 80816). 
JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente 
percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, 
seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. 
ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para 
que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 
 
6. Tipos de lavagem 
7. Bem jurídico tutelado 
Há várias correntes que buscam definir qual é o bem jurídico tutelado no crime de lavagem de capitais. 
 
1ª Posição  tutela o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente; referida corrente entende que 
lei de lavagem de dinheiro visa resguardar o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente. Assim, 
o branqueamento de capitais obtidos com o tráfico de drogas afetaria a saúde pública, ao asso que a lavagem 
de dinheiro derivado de furtos lesionaria o patrimônio. Esta corrente é minoritária e tem por crítica principal, 
o fato de que, protegeria um só crime, variados bens jurídicos conforme o caso. 
- Reforço de tutela ao bem jurídico do crime antecedente. 
 
2ª Posição  o bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça; o crime de lavagem seria semelhante ao 
de o favorecimento real, previsto no art. 349 do Código Penal, na medida em que a prática da lavagem de 
capitais torna difícil a recuperação do produto direto ou indireto da infração antecedente, dificultando a ação 
da Justiça, conclui-se assim que o bem jurídico tutelado por este delito é a administração da Justiça. Esta 
teoria também não fora adotada. 
 
3ª Posição  o bem jurídico tutelado é a Ordem econômico-financeira: Esse seria o bem jurídico tutelado, 
pois gera o abuso do poder econômico, e gera uma concorrência desleal entre os comerciantes. É a posição 
adotada no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Corroborando, Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2015) “de acordo com a doutrina 
majoritária, funciona a lavagem como obstáculo à atração de capital estrangeiro, afetando o equilíbrio do 
mercado, a livre concorrência, as relações de consumo, a transparência, o acúmulo e o reinvestimento de 
capital sem lastro em atividades produtivas ou financeiras lícitas, turbando o funcionamento da economia 
formal e o equilíbrio entre seus operadores. Representa, enfim, um elemento de desestabilização econômica. 
Trata-se, portanto, de crime contra a ordem econômico-financeira”. 
 
 
 
 
 
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 É possível a aplicação do princípio da insignificância? Admite-se a INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA aos crimes de lavagem de capitais, desde que preenchidos os seus pressupostos. 
*Recordar da divergência do patamar do que é considerado insignificante nos crimes contra ordem 
econômica, STF: 20 mil; STJ: 10 mil, com exclusão da tipicidade material. 
 
4ª Posição  Plurionfesividade: Referida corrente sustenta que a lavagem de dinheiro ofende mais de um 
bem jurídico. Nesse caso, há quem entenda que os bens jurídicos tutelados são a ordem econômico-financeira 
e a administração da justiça; ou ainda, mais o bem jurídico tutelado pela infração antecedente. 
 
8. Da acessoriedade da lavagem de capitais 
 
Trata-se de crime acessório também denominado de parasitário. 
O crime de lavagem de capitais é exemplo de crime acessório (também denominado de PARASITÁRIO), 
isto porque a tipificação do crime de lavagem de capitais está conectada a uma infração antecedente. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, 
sucedâneo, parasitário ou consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração 
penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. Deveras, pela própria 
leitura do caput do art. 1° da Lei n° 9.613/98, com redação determinada pela Lei n° 12.683/12, percebe-se 
que o substantivo -infração penal- funciona como verdadeira elementar do art. 1°, existindo uma relação de 
acessoriedade objetiva entre as infrações. Portanto, a ausência da infração penal antecedente acaba por 
afastar a própria tipicidade do delito de lavagem de capitais”. 
 
 A infração penal “antecedente” é uma elementar do próprio tipo penal de lavagem de capitais. 
Cuidado: não se pode confundir a dependência para a configuração do delito de lavagem de capitais com o 
crime antecedente (acessoriedade), com a autonomia do processamento dos delitos – infração ntecedente e 
lavagem de capitais. 
 
De acordo com o art. 2°, II, da Lei 9.613/98, com redaçãodada pela Lei n° 12.683/12, o processo e 
julgamento dos crimes de lavagem de capitais independe do processo e julgamento das infrações penais 
antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na 
Lei de Lavagem a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
Embora a lei tenha consagrado a autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que 
não precisa tramitar obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus 
 
 
 
 
 
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processus, há de se ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há 
uma total e absoluta independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. 
Os processos podem tramitar separadamente. A existência da infração penal antecedente deve ser 
analisada pelo outro juiz como uma questão prejudicial. 
JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a 
conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente 
já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. 
ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de 
parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja 
punido pelo delito de lavagem de capitais. Ademais, os processos podem tramitar em separado. 
Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento 
das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para 
os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
 O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração 
antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). 
Obs.1: Apesar de haver uma conexão probatória entre a infração antecedente e a lavagem de capitais, a 
reunião dos processos não é obrigatória. Se possível, poderá ser determinada, cabendo essa decisão ao juízo 
competente para o julgamento da lavagem de capitais. 
Quem decidirá sobre a junção dos processos, será o do Juiz competente para o processo e julgamento do 
delito da Lavagem de Capitais. 
Conexão Probatória 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (...) III - quando a prova de uma infração ou de 
qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 
Lei 9.613/98 - Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) II - independem do 
processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao 
juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
*Trata-se de um acréscimo inserido pela Lei nº 12.863 de 2012. 
 
Obs.2: A condenação em relação à infração penal antecedente não é condição sine que non para eventual 
condenação pelo crime de lavagem de capitais. Se os processos não tramitarem simultaneamente, a existência 
da infração antecedente deve ser enfrentada, no processo de lavagem, como verdadeira questão prejudicial 
homogênea. 
Assim, concluímos que a lavagem poderá ser julgada independentemente da infração penal antecedente. 
- A infração penal antecedente será levantada como uma questão prejudicial de natureza homogênea. 
 
 
 
 
 
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 Obs.3: Trabalha-se com a teoria da acessoriedade limitada: conduta típica + ilícito. 
Na esfera da participação criminal, denomina-se acessoriedade limitada o grau de dependência segundo o 
qual só se pode castigar a conduta do partícipe quando o fato principal for típico e antijurídico. 
Obs.4: se a exclusão da conduta antecedente for em decorrência de exclusão de culpabilidade, isso não 
impede eventual responsabilização pelo crime de lavagem. De igual modo, ocorrendo a extinção da 
punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, não haverá impedimento para o processamento 
do crime de lavagem de capitais. 
Em síntese, para a tipificação do delito de lavagem de capitais, há necessidade de que o delito prévio 
seja ao menos típico e antijurídico, o que torna impossível a prática da lavagem se o fato antecedente previsto 
na lei não puder ser considerado crime. Adota-se o princípio da acessoriedade limitada, 
 
9. Sujeitos do crime 
Trata-se de crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. A lei não exige qualquer qualidade 
especial do agente para a responsabilização dos delitos esculpidos ao teor da Lei nº 9.613 de 98. 
Somente se admite, nesse âmbito, a responsabilização penal das pessoas físicas. 
 Autolavagem: trata da possibilidade do autor da infração antecedente também ser responsabilizado 
pelo crime de lavagem de capitais. 
O agente responderia: 
 pela infração antecedente; + 
 lavagem de dinheiro. 
 
1ª Corrente: sustenta não ser possível, não se admitindo a autolavagem no Brasil, pois aduzem que a 
ocultação seria um desdobramento natural do crime. 
Teoria minoritária. 
De maneira análoga ao que acontece no delito de receptação, do qual não podem ser sujeito ativo o autor, 
coautor ou partícipe do crime antecedente, para o autor da infração precedente o aproveitamento do produto 
auferido configuraria mero exaurimento impunível, integrando-se ao próprio objetivo desejado (meta optata) 
da atividade delituosa. A título de exemplo, costuma-se citar a hipótese em que o agente compra bem imóvel 
depois de obter vantagem indevida, mediante a prática de corrupção passiva (art. 317 do CP). O agente 
registra a propriedade no próprio nome, passando a residir no local. Em tal situação, não seria possível a 
punição por lavagem, eis que a ocultação dos valores obtidos com o crime antecedente, pelo menos para o 
seu autor, estaria inserida no curso normal do desenvolvimento da intenção do agente, configurando o 
denominado fato posterior não punível. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
13 
Argumenta-se ainda, que quando o agente atua para ocultar o crime praticado, ele atua amparado pelo 
princípio que veda a autoincriminação. 
 
2ª Corrente: entende ser possível a autolavagem. 
Obs.1: O direito de não autoincriminação não lhe assegura o direito de praticar outras atividades ilícitas. 
Tanto é verdade que, comete falsa identidade, aquele que se identifica falsamente para encobrir uma prática 
delitiva anterior (não fica amparado pela direito a não-autoincriminação). 
Teoria que prevalece, sendo acolhida. 
 
A Jurisprudência adotada a 2ª Corrente: STF HC 92.279. O Supremo Tribunal Federal tem precedentes no 
sentido de que o crime de lavagem de capitais não funciona como mero exaurimento da infração antecedente, 
já que a Lei n. 9.613/98 não exclui a possibilidade de que o ilícito penal antecedente e a lavagem de capitais 
subsequente tenham a mesma autoria, sendo aquele independente em relação a esta (STF, Plenário, Inq. 
2.471/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 29/09/2011). No sentido de que a lavagem de dinheiro é crime 
autônomo, não se constituindo em mero exaurimento da infração antecedente, razão pela qual não haverá bis 
in idem ou litispendência entre os processos instaurados contra o mesmo acusado pelo branqueamento de 
capitais e pela infração penal antecedente: STF, 2ª Turma, HC 92.279/RN, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 
24/06/2008, DJe 177 18/09/2008. Na mesma linha, segundo o STJ, é possível que o autor da infração 
antecedenteresponda por lavagem de dinheiro, dada à diversidade dos bens jurídicos atingidos e à autonomia 
deste delito: STJ, 5ª Turma, REsp 1.234.097/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 03/11/2011, DJe 17/11/2011. 
Desnecessidade de participação na infração antecedente 
Não há necessidade de participacao do autor na infracao penal antecedente para que se configure o crime de 
lavagem, ou seja, é possível que o sujeito seja agente delitivo no crime de lavagem sem que tenha participado 
do crime antecedente, desde que tenha consciencia de que os valores por ele ocultado são provenientes da 
infração antecedente. 
 Advogado como sujeito ativo do crime de lavagem de capitais 
Inicialmente, cumpre destarcamos que o exercício da advocacia não funciona como uminidade da lavagem 
de capitais. 
O advogado pode ser responsabilizado? 
- pode ser responsabilizado? SIM. 
- tem obrigação de comunicar operações suspeitas? 
 
Ao advogado se impõe o dever de comunicar operações suspeitas de lavagem de capitais às autoridades 
competentes? Até que ponto esse suposto dever de comunicação é compatível com o sigilo constitucional 
 
 
 
 
 
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14 
inerente ao exercício da advocacia? A omissão do advogado em comunicar operações suspeitas pode gerar 
eventual responsabilidade criminal pela prática do crime de lavagem de capitais? 
Obs.1: Conforme já destacado acima, o exercício da advocacia não é causa de imunidade em relação à 
lavagem de capitais. STJ HC 50.933. 
Obs.2: Embora a lei não expresse de forma clara a pessoa do advogado, entende-se que nesse rol, em 
decorrência das atividades por este prestada, poder-se-á visualizar a intenção do legislador em inserir o 
advogado. 
- Lei 12.863, de 2012 
Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em 
caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: 
Parágrafo único: Sujeitam-se as mesmas obrigações: 
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, 
consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: 
 Doutrina 
- Advogados de representação contenciosa: são advogados que atuam na defesa de seus clientes em um 
processo judicial. Nesse caso, não estão obrigados a comunicar operações suspeitas, sob pena de violação 
ao sigilo constitucional, inerente a advocacia. 
- Advogados de operação: diz respeito a atividade de consultoria jurídica não processual (empresarial; 
tributária). Nesse caso, diante do dever do “know your customer”, existe a obrigação de comunicação de 
operações suspeitas. 
OAB entendeu que os advogados não estariam incluídos entre as referidas pessoas. 
 
O advogado que recebe honorários provenientes de infração penal fica com o valor, mesmo sabendo da 
origem desse dinheiro? Se o serviço advocatício for prestado e o contrato não for fraudulento, o advogado 
não poderá ser responsabilizado pelo crime de lavagem de capitais. Se, todavia, souber que o valor é ilícito, 
nada impede que tais valores sejam objeto de medidas assecuratórias. 
 
10. Tipo Objetivo 
 
10.1 Ocultar: esconder a coisa, tirar de circulação, subtrair da vista. Consuma-se com o simples 
encobrimento. Para que se possa falar em lavagem de capitais, é necessário que a ocultação ocorra com o 
objetivo de lhe conferir uma aparência licita, e não meramente esconder a coisa objeto de subtração. 
10.2 Dissimular: disfarçar, escamotear, tornar pouco perceptível. 
 
 
 
 
 
 
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15 
 Tipo Misto Alternativo: O crime do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais, é crime de AÇÃO 
MÚLTIPLA, também denominado de conteúdo variado ou tipo misto alternativo. A prática de duas condutas 
descritas no tipo (ocultar e issimular) não gera concursos de crimes, respondendo o agente por apenas um 
delito, se praticado no mesmo contexto fático. 
 
Distinção entre exaurimento da infração penal antecedente e o crime de lavagem de capitais 
É imprescindível que tenhamos ciência de que o mero fato de usufruir dos valores obtidos pela prática de 
um crime não configura o crime de lavagem e capitais. Dessa forma, só podemos falar que haverá lavagem 
de capitais quanto se tentar dar uma destinação ao dinheiro, com as finalidades específicas exigidas no tipo 
penal em estudo. 
O simples fato de usufruir do lucro advindo do crime não configura o crime de lavagem. 
Natureza instantânea ou permanente do crime de lavagem de capitais 
Para melhor compreensão do tema, imagine a seguinte situação hipotética: no ano de 2005 a 2009 “A” 
praticou jogo do bicho. Esse dinheiro obtido é depositado em conta no exterior em nome de laranjas, valor 
depositado em 2009 e permanece até hoje (2017). 
Ocorre que, em 2009, o jogo do bicho não era infração penal antecedente. Depois de 2009 não houve mais a 
prática de jogo do bicho. Mas o dinheiro existe até hoje em conta no exterior. 
Nessa sentido, indaga-se: existe o crime de lavagem de capitais nesse exemplo? Temos duas correntes: 
 
Para uma 1º corrente, trata-se de um crime instantâneo de efeitos permanentes. Noutra banda, para uma 2º 
correste seria crime permanente (crime cuja consumação se prolonga no tempo, porém durante todo esse 
período o agente detém o poder de fazer cessar a execução do delito). 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “os verbos utilizados no art. 1°, caput, da Lei n° 9.613/98 – 
ocultar e dissimular - denotam a existência de crime de natureza permanente, com um continuum riminoso 
com execução em andamento enquanto o bem permanecer escondido. Como se sabe, compreende-se por 
crime permanente aquele delito cuja consumação, pela natureza do bem jurídico ofendido, pode protrair-se 
no tempo, desde que nas mãos do agente o poder de fazer cessar a conduta delituosa”. 
 
Entendendo que o crime é permanente, caso o agente iniciasse a consumação do delito de lavagem de 
produto de uma infração penal antecedente que não figurava no rol do art. 1º antes do advento da Lei nº 
12.683 de 2012 e a consumação se prolongasse até o momento posterior ao início da vigência da lei, ela já 
incidiria nesse fato, isso é, já se poderia falar em lavagem de dinheiro, justamente porque o crime 
permanente e sua consumação ainda estava ocorrendo no momento em que a novel lei iniciou a sua vigência, 
nos moldes da Súmula 711 do STF (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel Habib, 2016). 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
16 
Súmula n. 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se 
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
 
11. Tipo Subjetivo 
No Ordenamento Jurídico Brasileiro o crime de lavagem é punido exclusivamente à título de dolo. 
 O crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. 
Quais as modalidades de dolo podem ser objeto de punição no crime de lavagem de capitais? 
a) dolo direto; 
b) dolo eventual: assume o risco de produzir o resultado. É punido à título de dolo eventual. 
- Salvo para o art. 1º, §2º, II. (Não admite punição à titulo de dolo eventual). 
 Teoria da Cegueira Deliberada 
Também denominada de Teoria das instruções da Avestruz. Essa teoria tem origem na jurisprudência norte 
americana e consiste na análise do aspecto subjetivo da conduta do agente, isso é, verificação do elemento 
subjetivo do tipo legal de crime de lavagem de dinheiro, mais especificamente o dolo indireto eventual. 
A expressão Teoria do Avestruz: o avestruz, ao menor sinal de perigo, enterra a sua cabeça na terra e não 
vê o que está se passando ao redor. 
Segundo Renato Brasileiro“essa teoria surge no direito norte americano e vem sendo muito utilizada para 
os crimes de lavagem de capitais, onde é muito comum que o agente não queira tomar conhecimento da 
origem ilícita dos valores por ele ocultados, hipótese em que o agente assume o risco de produzir o resultado, 
daí por que pode ser responsabilizado pelos crimes de lavagem a título de dolo eventual”. 
Quando o agente deliberadamente evitar a consciência quanto a origem ilícita dos bens, por ele ocultados, 
deverá responder pelo crime à titulo de dolo eventual. 
O agente deliberadamente evita a consciência quanto a origem dos bens. 
Essa teoria tem incidência caso o agente possua consciência da possível origem do dinheiro o qual está 
tratando, mas, mesmo assim, deliberadamente cegue-se para tal fato, voluntariamente criando mecanismos 
que obstam a sua plena consciência da origem ilícita do dinheiro ou deixando de buscar informações que lhe 
permitam concluir tal origem. 
Se o agente tem condições de ter consciência sobre a origem ilícita do dinheiro e deliberadamente fecha os 
olhos para tal fato, pratica o delito de Lavagem de Dinheiro, pois age assumindo o risco de ocultar ou 
dissimular dinheiro sujo, proveniente de infração penal. (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel 
Habib, 2016). 
- Caso do Branco do Brasil em Fortaleza. 
 
 
 
 
 
 
 
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17 
 
12. Objeto Material 
Bem Jurídico Objeto Material 
Bem da vida que é tutelado pelo tipo penal. São as pessoas ou coisas sobre as quais recai a 
conduta do agente. 
 
No crime de lavagem de capitais o objeto material são os bens, direitos ou valores, provenientes direta ou 
indiretamente, de infração penal. 
 
Produto direto/indireto da infração penal. 
Produto direto: resultado imediato da operação da conduta delituosa. 
Produto indireto: dinheiro angariado com a venda do produto. 
 
13. Lavagem da lavagem (lavagem em cadeia) 
Com o advento da Lei nº 12.683/2012 qualquer infração penal pode figurar como crime antecedente da 
lavagem de capitais (inclusive, uma outra lavagem de capitais). 
Nesse sentido, a lavagem em cadeia é a lavagem de capitais que tem como infração penal antecedente um 
outro crime de lavagem de capitais. 
Uma lavagem de capitais é infração penal antecedente de uma outra lavagem de capitais. 
 
14. Regime Especial de Regularização cambial e tributária (RERCT) de valores não declarados mantidos 
no exterior e extinção da punibilidade do crime de lavagem de capitais. 
 
Lei n. 13.254/16 - Art. 1º É instituído o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), 
para declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com 
omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por 
residentes ou domiciliados no País, conforme a legislação cambial ou tributária, nos termos e condições desta 
Lei. 
 
Lei n. 13.254/16 - Art. 5º A adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens 
e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no 
art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. 
 
§ 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem 
regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: 
Lei n. 13.254/16 - Art. 5ºA adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens 
e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no 
art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. 
 
 
 
 
 
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§ 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem 
regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: 
I – no art. 1º e nos incisos I, II e V do art. 2º da Lei n. 8.137/90; II – na Lei n. 4.729/65; 
III – no art. 337-A do Código Penal; 
IV - nos seguintes arts. do CP, quando exaurida sua potencialidade lesiva com a prática dos crimes 
previstos nos incisos I a III: 
a) 297; b) 298; c) 299; d) 304 
VI – no caput e no parágrafo único do art. 22 da Lei n. 7.492/86; 
VII - no art. 1º da Lei n. 9.613/98, quando o objeto do crime for bem, direito ou valor proveniente, direta 
ou indiretamente, dos crimes previstos nos incisos I a VI; 
§ 2º A extinção da punibilidade a que se refere o § 1º: 
II - somente ocorrerá se o cumprimento das condições se der antes do trânsito em julgado da decisão 
criminal condenatória; 
III - produzirá, em relação à administração pública, a extinção de todas as obrigações de natureza cambial 
ou financeira, principais ou acessórias, inclusive as meramente formais, que pudessem ser exigíveis em 
relação aos bens e direitos declarados, ressalvadas as previstas nesta Lei. 
 
15. Justa Causa Duplicada 
Quando se oferece a denúncia em face do crime de lavagem de capitais, a Lei nº 9.613 exige-se não apenas 
o lastro probatório mínimo do crime de lavagem de capitais, mas é preciso também o lastro probatório 
mínimo da infração penal antecedente. 
 
Legislação 
Art. 2º, §1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal 
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, 
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. 
 
Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib (Coleção Leis Especiais para Concurso, 2016) “além dos requisitos 
genéricos descritos no art.41 do Código de Processo Penal, que são os indícios suficientes da existência da 
infração penal antecedente. Essa demonstração na denúncia é fundamental para viabilizar o oferecimento 
da denúncia”. 
 
 
 
 
 
 
 
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19 
JÁ CAIU CESPE 
JÁ CAIU CESPE: No que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte. Em crimes de 
lavagem de dinheiro, dada a natureza do delito praticado, é incabível a tentativa. 
ERRADO!!!O crime de lavagem de dinheiro admite tentativa. Vejamos: 
Art. 1º, § 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. (Lei nº 9.613/98). 
JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a 
conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente 
já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. 
ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de 
parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja 
punido pelo delito de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento 
das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os 
crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
 O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração 
antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). 
 Segundo ensina o Professor Renato Brasileiro, embora a lei tenha consagrado a 
autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que não precisa tramitar 
obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus processus, há de se 
ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há uma total e absoluta 
independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. Na verdade, essa autonomia é apenas 
relativa.Isso porque a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, sucedâneo, parasitário ou 
consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração penal antecedente que produza 
o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. 
Assim, chegamos a conclusão de que a autonomia é em relação aos processos, mas não a existência do delito 
em si, visto que o crime de lavagem pressupõe o delito antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: O processo e o julgamento dos crimes de lavagem de dinheiro independem do 
processo e do julgamento dos crimes antecedentes, ainda que praticados em outro país. 
CERTO! Conforme o art. 2º, inc. II da Lei nº 9.613/98, determina expressamente que o processo e o 
julgamento do crime de lavagem de dinheiro não dependem do processo e do julgamento do crime 
antecedente, mesmo que praticado em outro país. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
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De acordo com a jurisprudência do STJ, o delito de lavagem de dinheiro absorve a infração penal antecedente. 
ERRADO!!! Em sede de lavagem ocorre a dupla imputação, não havendo absorção. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite 
que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. 
CERTO! Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da 
lavagem de capitais, desde que de fonte produtora. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. 
Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de 
capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. 
Vamos esquematizar as demais gerações? 
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era a 
única infração penal antecedente 
na lavagem de capitais. 
Existe um rol taxativo de 
infrações penais antecedentes. 
 
 No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 
era INICIALMENTE uma lei de 
segunda geração, pois 
contemplava em sua redação 
originária um rol taxativo de 
crimes antecedentes da lavagem 
de capitais. 
Admitem lavagem de dinheiro de 
qualquer infração penal 
antecedente. 
 
 
JÁ CAIU CESPE: Em se tratando de crimes de lavagem de dinheiro, o processo e o julgamento 
será da competência da justiça federal quando a infração penal antecedente for de competência da justiça 
federal. 
CERTO! Nos termos do art. 2º, III - são da competência da Justiça Federal: b) quando a infração penal 
antecedente for de competência da Justiça Federal. 
JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente 
percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, 
seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. 
ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para 
que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 
Fase da Lavagem de Capitais: 
vamos esquematizar? 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
21 
1ª Fase 
OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CON
VERSÃO/COLOCAÇÃO: 
2ª Fase 
DISSIMULAÇÃO/LAYERING
/MASCARAMENTO: 
3ª Fase 
INTEGRAÇÃO/INTEGRAT
ION/RECYCLING: 
Consiste na introdução do dinheiro 
ilícito no Sistema Financeiro. A 
doutrina denomina “smurfing” técnica 
de pulverizar, fazer depósitos de uma 
grande quantidade de dinheiro, 
fracionadamente, para não levantar 
suspeitas quanto à origem dos valores. 
Nessa segunda fase é realizada 
uma série de negócios ou 
movimentações financeiras, 
dificultando a identificação da 
procedência ilícita dos valores. 
Para multiplicar/entrecruzar as 
operações realizadas e apagar o 
rastro do dinheiro sujo. 
Já com a aparência de lícitos, 
os bens são formalmente 
incorporados ao sistema 
econômico, retornando 
através de investimentos na 
prática de novos delitos ou no 
mercado mobiliário ou 
imobiliário. 
 A fase de layering, ou dissimulação, na lavagem de dinheiro, é aquela em que se busca dar aos recursos 
financeiros a aparência de legítimos, à qual se sucede a fase de integração (integration). 
JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue 
o item subsequente. 
O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência, divide-
se em três etapas independentes: colocação (placement), dissimulação (layering) e integração (integration), 
não se exigindo, para a consumação do delito, a ocorrência dessas três fases. 
CERTO! Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a 
consumação do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu 
cumprimento. (RHC 80816). 
JÁ CAIU CESPE: Acerca da legislação penal especial e dos crimes contra a administração pública 
e contra a fé pública, julgue os itens subsequentes. 
Aquele que ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade 
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, praticará o delito de 
receptação. 
ERRADO!!! In casu, restará configurado o delito de lavagem de capitais, conforme o art. 1º da referida lei. 
Vejamos: 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de 
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. 
JÁ CAIU CESPE: Consoante a Lei nº 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem e ocultação 
de bens, direitos e valores, deverá ser decretada, em favor da União, a perda dos bens, direitos e valores 
objeto de crime de lavagem e ocultação de bens, sem qualquer ressalva. 
ERRADO!!! O erro da assertiva está relacionado ao caráter absoluto apontado, quando, em verdade, admite-
se ressalvas. Vejamos: 
Art. 4º § 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor, 
conforme o caso, da União ou do Estado: III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) 
dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de 
boa-fé. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
22 
JÁ CAIU CESPE: Para a configuração do crime de lavagem ou ocultação de valores, é 
imprescindível o especial elemento subjetivo, sob pena de exclusão da tipicidade. 
CERTO! Isso porque o crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. Desse modo, exige-se 
o dolo, seja ele direto ou eventual, não se admitindo a lavagem de capitais na modalidade culposa. Não é 
necessário que o agente tenha conhecimento específico da infração antecedente praticada, bastando para a 
reprovação que tenha conhecimento da origem e natureza delituosa dos valores, bens ou direitos envolvidos. 
Segundo doutrina majoritária, o crime de lavagem exige especial fim de agir, consubstanciado na vontade de 
reciclar o capital sujo por meio de diversas operações comerciais ou financeiras com o objetivo de conferir 
a ele uma aparência supostamente lícita. 
JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue 
o item subsequente. 
O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o antecedam, não está inserido 
no rol dos crimes hediondos. 
CERTO! 
Jurisprudência:O crime de lavagem de dinheiro, por ser autônomo, não depende da instauração de processo administrativo-
fiscal. Os fatos descritos na denúncia, se comprovados, podem tipificar o crime descrito na norma penal 
vigente, devendo, quanto a este, prosseguir a ação penal. Precedentes." (HC 85.949, rel. min. Cármen Lúcia, 
julgamento em 22-8-2006, Primeira Turma, DJ de 6-11-2006.) 
A repatriação dos valores objeto do crime de lavagem de dinheiro não tem qualquer consequência em relação 
à tipicidade da conduta, que já estava consumada quando da devolução do dinheiro ao erário alemão. O crime 
de lavagem de dinheiro em tese praticado no Brasil não se confunde com o crime contra o sistema financeiro 
nacional pelo qual o paciente está sendo processado na Alemanha. A lavagem de dinheiro é crime autônomo, 
não se constituindo em mero exaurimento do crime antecedente. Assim, não há bis in idem ou litispendência 
entre os processos instaurados contra o paciente no Brasil e na Alemanha." (HC 92.279, rel. min. Joaquim 
Barbosa, julgamento em 24-6- 2008, Segunda Turma, DJE de 19-9- 2008). 
No mais, efetivamente não se encontra no rol dos crimes hediondos. 
JÁ CAIU CESPE: Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração de 
cometimento do crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos delitos antecedentes. 
CERTO! Uma vez ocorrendo a extinção da punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, 
não haverá impedimento para o processamento do crime de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o 
que dispõe a legislação: 
Art. 2º. § 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, 
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a 
punibilidade da infração penal antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: No que se refere à legitimidade para o polo passivo da ação penal por lavagem de 
capitais, é dispensável a participação do acusado do crime de lavagem de dinheiro nos delitos a ele 
 
 
 
 
 
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antecedentes, sendo suficiente que ele tenha conhecimento da ilicitude dos valores, dos bens ou de direitos 
cuja origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade tenha sido ocultada ou dissimulada. 
CERTO! No Ordenamento Jurídico Brasileiro, a participação na infração antecedente não é condição para 
que se possa ser sujeito ativo do crime de lavagem de capitais. Desde que tenha conhecimento quanto à 
origem ilícita dos valores, é perfeitamente possível que o agente responda pelo crime de lavagem de capitais, 
mesmo sem ter concorrido para a prática da infração antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: É crime ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração 
penal, sendo a pena referente a esse crime aumentada de um a dois terços, caso tenha sido cometido de forma 
reiterada ou por intermédio de organização criminosa. 
CERTO! A assertiva encontra-se em consonância ao previsto no art. 1º, §4º da Lei de lavagem de capitais. 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de 
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. § 4º A pena será 
aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por 
intermédio de organização criminosa. 
JÁ CAIU CESPE: Acerca do crime de lavagem de dinheiro e da prevenção e combate a esse tipo de 
crime, julgue os itens que se seguem. 
A expressão lavagem de dinheiro surgiu nos Estados Unidos da América e era usada para se referir a uma 
rede de lavanderias usadas para facilitar a colocação em circulação de dinheiro oriundo de operações ilícitas. 
CERTO! Terminologia – A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money 
laundering), a partir da década de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por 
gangsters para despistar a origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, 
buscava-se justificar a origem criminosa do dinheiro arrecadado. Em virtude do exposto, a expressão restou 
consagrada. (Renato Brasileiro). 
JÁ CAIU CESPE: Se o acusado por crime de lavagem de capital, citado por edital, não comparecer 
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz 
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar sua prisão 
preventiva. 
ERRADO!!! A assertiva encontra-se equivocada, isso porque nos termos do art. 2º, § 2º da Lei de lavagem 
de dinheiro, “no processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei 
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem 
constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor 
dativo”. 
***Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos 
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas 
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
(Referido dispositivo NÃO SE APLICA no contexto da lei de lavagem de capitais, conforme vedação 
expressa). 
 
 
 
 
 
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JÁ CAIU CESPE: As medidas assecuratórias previstas na lei sobre drogas (Lei n.º 11.343/2006) e 
na que dispõe sobre lavagem de capitais (Lei n.º 9.613/1998) podem ser decretadas tanto na fase de inquérito 
policial quanto na etapa processual, impondo-se, em ambas as normas, como condição especial para o 
conhecimento do pedido de restituição de bens apreendidos, o comparecimento pessoal do acusado em juízo. 
CERTO! Assertiva correta, conforme dispõe a legislação. Vejamos: 
Art. 4º. § 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de 
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários 
à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dos Informativos: Lavagem de Dinheiro 
 
2017 
 
Condenação por lavagem no “caso Maluf” 
 
Pratica o crime de lavagem de dinheiro o Deputado Federal que encobre (oculta) o dinheiro recebido decorrente de 
corrupção passiva, utilizando-se, para tanto, de contas bancárias e fundos de investimentos situados na Ilha de Jersey, 
abertos em nome de empresas “offshores”, com o objetivo de encobrir a verdadeira origem, natureza e propriedade 
dos referidos aportes financeiros. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 
866). 
 
Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crime permanente 
 
O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, 
quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. 
A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução 
desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar temporal. 
Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne conhecido. 
Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente. 
STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Culpabilidade de parlamentar que exerce mandato há muitos anos é mais intensa 
 
Naprimeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, o órgão 
julgador poderá aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos, sob o argumento 
de que sua culpabilidade é mais intensa. 
A transgressão da lei por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder 
enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão comum. STF. 1ª 
Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Reprovabilidade do crime cometido por “homem público” é maior 
 
Se um Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos é condenado, o órgão julgador poderá aumentar a pena-
base atribuindo destaque negativo para a “reprovabilidade”. 
A circunstância de o réu ser homem de longa vida pública, acostumado com regras jurídicas, enseja uma maior 
reprovabilidade em sua conduta considerando a sua capacidade acentuada de conhecer e compreender a necessidade 
de observar as normas. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Pena pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro ocorreu por meio de várias transações financeiras 
envolvendo diversos países 
 
A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de dinheiro ocorreu num 
contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de 
mais de um Estado soberano. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Pena pode ser aumentada se o crime de lavagem envolveu grandes somas de valores 
 
Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada (“consequências do crime”) 
tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa 
do que o usual. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
 
 
 
 
 
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Crimes Hediondos 
Lei nº 8.072/90 
 
 
1. Lei nº 8.072/90 e sua origem histórica | previsão constitucional 
 
A Lei nº 8.072/90 foi a primeira lei no ordenamento jurídico brasileiro a disciplinar os crimes 
hediondos, sendo objeto de várias reformas desde a sua edição. Nessa esteira, nos remetendo ao 
contexto histórico temos que o termo “crimes hediondos” é fruto da Constituição Federal, sendo a 
referida expressão descrita ao teor do art. 5º. Vejamos. 
A CF dispõe “a lei definirá os CRIMES HEDIONDOS”– trata-se de uma norma de eficácia limitada 
(depende de regulamentação por lei ordinária para a sua aplicação). 
 
Art. 5º. XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evita-los, se omitirem. 
 
Em um primeiro momento, na redação original o único crime hediondo no Brasil era a extorsão 
mediante sequestro. 
 
2. Conceito de crime hediondos 
 
Candidato, o que se entende por crime hediondo? Excelência, existem determinados critérios para 
definir o que é crime hediondo, a saber: critério legal, critério judicial e critério misto. 
Sistemas/critérios para definir os crimes hediondos! 
 
a) Critério Legal: crime hediondo é aquele que a lei define como tal. É aquele que a lei classifica 
como hediondo, pouco importando a gravidade no plano abstrato. 
b) Critério Judicial: é o juiz, no caso concreto, que vai analisar e definir se o crime é ou não 
hediondo. 
c) Critério Misto: o legislador fornece parâmetros mínimos, possuindo o juiz liberdade dentro 
desse parâmetro para classifica-lo como crime hediondo ou não. 
Critério legal Critério judicial Critério misto 
Cabe ao legislador enunciar, 
de forma exaustiva, os crimes 
que devem ser considerados 
hediondos. 
Levando-se em consideração 
os elementos do caso 
concreto, confere-se ao 
magistrado ampla liberdade 
para identificar a natureza 
O legislador apresenta 
preceitos mínimos, cabendo 
ao juiz enquadrar 
determinada conduta 
delituosa como hedionda. 
 
 
 
 
 
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hedionda de determinada 
conduta delituosa. 
 
 O Ordenamento Jurídico brasileiro adota o CRITÉRIO LEGAL, é a conclusão que podemos 
extrair da leitura do art. 5º, XLIII da CF “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis 
de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evita-los, se omitirem”. 
 
Para regulamentar o referido inciso, vem o art. 1º da Lei nº 8.072/90 “são considerados crimes 
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados ao teor do Código Penal, consumados ou 
tentados”. 
 
 Crimes hediondos versus tentativa  a natureza tentada de um crime rotulado pela lei não 
exclui a sua hediondez. A tentativa não altera a classificação do crime como hediondo, 
funcionando como uma mera causa de redução de pena (1 a 2/3). Dessa forma, temos que 
“para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o delito seja 
consumado ou tentado”. 
 
Obs.1: Cuidado! Determinadas questões negam a natureza hedionda quando o crime é na sua 
modalidade tentada, o que se apresenta equivocado, posto que a legislação dispõe que será 
hediondo tanto o crime na sua forma consumada quanto tentada. 
 
 É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes hediondos? Não, pois os 
crimes hediondos são logicamente incompatíveis com o princípio da insignificância. A 
própria CF exigiu um tratamento diferenciado, sendo mais rigoroso em relação aos crimes 
hediondos e equiparados. 
 
O art. 5º, XLIII da Constituição Federal impõe patamar mínimo ao legislador, revestindo-se a 
norma constitucional em verdadeiro “mandado constitucional de criminalização”. 
Candidato, o que se entende por Mandado Constitucional de Criminalização? 
 
Os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não 
tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens 
ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral. 
 
As Constituições modernas não se limitam a especificar restrições ao poder do Estado e 
passam a conter preocupações com a defesa ativa do indivíduo e da sociedade em geral. A 
 
 
 
 
 
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28 
própria Constituição impõe a criminalização visando à proteção de bens e valores 
constitucionais, pois do Estado, espera-se mais de uma atividade defensiva. Requer-se torne 
eficaz a Constituição, dando vida aos valores que ela contemplou. 
 
Conclusão: A Lei nº 8.072/90 define os crimes hediondos, anunciando as consequências 
penais e processuais, obedecendo mandado constitucional de criminalização, esculpida no 
art. 5º, XLIII da Constituição Federal. 
 
O STF considera os crimes hediondos como de “máximo potencial ofensivo”: 
Crimes de menor potencial 
ofensivo 
Crimes de médio potencial 
ofensivo 
Crimes de elevado potencial 
ofensivo 
São as contravenções penais 
e crimes com pena máxima 
de anos, sendo da 
competência do Juizado 
Especial Criminal, admitem 
os benefícios da transação 
penal e da composição dos 
danos civis. 
São aqueles que admitem a 
suspensão condicional do 
processo) – art. 89 da Lei 
9.099/95. São os crimes 
com pena mínima de até 1 
(um) ano, pouco importando 
a pena máxima. 
São aqueles incompatíveis 
com os benefícios da Lei nº 
9.099/95 – não cabe transação 
penal; não cabe suspensãocondicional do processo. 
Crimes de máximo potencial ofensivo 
Esses crimes são aqueles previstos no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição 
Federal. 
São aqueles previstos no art. 5º da CF, XLII, XLIII, XLIV: 
 
LII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
LIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá- los, se omitirem; 
 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
 
 
3. Rol dos crimes hediondos 
 
O rol dos crimes hediondos é taxativo, estampado ao teor do art. 1º da Lei nº 8.072/90. Assim, o juiz 
não pode no caso concreto definir aquela conduta como crime hediondo se não estiver capitulado no 
referido rol. Deverá fazer um juízo de adequação caso concreto versus crime estipulado na legislação. 
Caso o crime esteja capitulado no rol de crimes hediondos, será assim considerado. 
3.1 Natureza hedionda do crime de homicídio 
Na redação original da Lei nº 8.072/90, o crime de homicídio não constava no rol dos crimes 
hediondos, passando a ser considerado como tal apenas com o advento da Lei Glória Perez (Lei nº 
8.930/94). 
 
 
 
 
 
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Quando a Lei n° 8.072/90 entrou em vigor em 26 de julho de 1990, o crime de homicídio, mesmo que 
qualificado, não era etiquetado como hediondo. Ocorre que, em virtude das chacinas da Candelária e de 
Vigário Geral, e do assassinato da artista da Rede Globo Daniela Perez, fato este ocorrido no final do ano 
de 1992, houve enorme clamor social provocado pela mídia para que o crime de homicídio fosse incluído no 
rol dos crimes hediondos. (Renato Brasileiro, pág. 199, 2017). 
 
O homicídio SEMPRE é crime hediondo? O homicídio qualificado é crime hediondo, homicídio 
privilegiado, por sua vez, não é hediondo. Por fim, o homicídio simples, em regra, não é crime 
hediondo, contudo, será considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente e homicídio qualificado. Ante o exposto, 
contemplamos que nem sempre o homicídio é considerado crime hediondo. 
Logo: 
Homicídio qualificado Hediondo 
Homicídio privilegiado NÃO é hediondo 
Homicídio simples Em regra, NÃO É hediondo. 
Exceção: quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente. 
Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado) Não é crime hediondo. 
 
Candidato, o homicídio hibrido (qualificado-privilegiado) é considerado hediondo? Excelência, 
inicialmente cumpre destacarmos que é dominante o entendimento no sentido da possibilidade de 
reconhecimento da figura do homicídio qualificado-privilegiado, combinando-se os§§ 1º e 2° do art. 
121 do Código Penal, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva (incisos III e IV). 
Nesse sentido, os tribunais entendem que não poderá ser considerado hediondo, pois a hediondez é 
incompatível com o privilégio. Há, contudo, doutrina argumentando que sendo o privilégio uma mera 
causa de diminuição de pena, não deveria afastar o caráter hediondo (posição para provas de MP e 
Delegado/discursiva e oral). 
A posição do STJ, majoritária, é no sentido de que o homicídio hibrido não é crime hediondo. 
Lembre-se! Homicídio qualificado-privilegiado é hediondo? Não. Na eventual hipótese de os jurados 
reconheceram a existência de homicídio qualificado-privilegiado, tal crime jamais poderá ser 
considerado hediondo. Primeiro, porque não há qualquer referência ao homicídio privilegiado na Lei. 
Segundo, porque seria absolutamente incoerente rotular como hediondo um crime de homicídio, por 
exemplo, mediante valor moral ou social. Por fim, como as causas de diminuição de pena enumeradas 
no art. 121, §1º do CP, tem natureza subjetiva, e as qualificadoras porventura reconhecida neste 
homicídio qualificado-privilegiado devem, obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de se 
 
 
 
 
 
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reconhecer a natureza preponderante daquelas, aplicando-se raciocínio semelhante àquele constante 
do art.67 do Código Penal. 
 STJ: “(...) Entendendo não haver contradição no reconhecimento de 
qualificadora de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza 
subjetiva”. (STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser 
considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP). 
 
3.2 Natureza hedionda do crime de lesão corporal 
A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é que a 
lesão corporal será considerada crime hediondo: 
Lesão gravíssima ou lesão corporal seguida de morte quando praticadas contra autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; 
A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o 
Código Penal, assim como a Lei de Crimes Hediondos. 
 
 
 
 
 
 
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Acessar: http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html 
 
3.3 Natureza hedionda do crime de Latrocínio (art. 157,§3º, in fine) 
O crime de latrocínio está previsto no art. 157, §3º, parte final, do Código Penal, restando 
caracterizado quando, da violência empregada durante e em razão da prática do crime de roubo, 
ocorrer a produção do resultado morte, hipótese em que a pena a ser aplicada será de reclusão de 20 
a 30 anos, sem prejuízo da multa. 
Cumpre destacarmos que, o §3º do art. 157 prevê duas formas por meio das quais o crime de roubo é 
qualificado, lesão grave ou morte. 
Atenção! Somente a subtração seguida de morte da vítima é considerada latrocínio e sofre as 
consequências impostas pela Lei nº 8.072/90. Lembre-se! Roubo qualificado pela lesão grave não é 
latrocínio, e consequentemente, não é crime hediondo. 
Para a ocorrência da qualificadora do latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado ao menos 
culposamente. 
O art. 157, §3º dispõe que se da violência resulta morte, logo, não há latrocínio quando a morte 
decorre de grave ameaça. 
Além disso, para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada durante 
e em razão do assalto. É necessário o fator tempo e o fator nexo, faltando um desses fatores, não há 
que se falar em latrocínio. 
 
 
Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o 
agente a subtração dos bens da vítima. 
 
3.4 Natureza hedionda do crime de Extorsão 
A extorsão, em regra, não é crime hediondo, contudo será considerado hediondo “quando qualificado 
pela morte”. 
De acordo com art. 1º, inciso III, da Lei n. 8.072/90, o delito de extorsão qualificada pela morte 
previsto no art. 158, §2º, do Código Penal, também é considerado crime hediondo. Da mesma forma 
que ocorre com o crime de roubo, a extorsão somente será considerada hedionda quando qualificada 
pela morte. 
 
 
 
 
 
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 A extorsão em regra não é crime hediondo. Porém, quando for qualificada pela morte, será delito 
desta natureza (Art. 1º, III, Lei 8.072/90). 
 
Há polêmica envolvendo o sequestrorelâmpago (art. 158, § 3º, do CP), que é uma modalidade 
qualificada da extorsão. 
Por força da Lei nº. 11.923/09, foi acrescido o §3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o 
denominado sequestro relâmpago: “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da 
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, 
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as 
penas previstas no art. 159, §§2º e 3º, respectivamente”. 
 
Esse crime, havendo morte, é hediondo? 
Apesar da tipificação dessa nova modalidade delituosa pela Lei n. 11.923/09, a Lei dos crimes 
hediondos não foi alterada a fim de se nela fazer inserir o referido crime, do que deriva a conclusão 
de que tal delito não pode ser considerado hediondo, ainda que qualificado pelo resultado morte (CP, 
art. 158, §3º, in fine). Houve evidente desídia por parte do legislador no tocante ao crime do art. 158, 
§3º, qualificado pelo resultado morte. Prevalece que essa desídia não permite considerar o sequestro 
relâmpago qualificado pelo resultado morte como crime hediondo, sob pena de se fazer evidente 
analogia in malam partem, violando-se, por consequência, o princípio da legalidade, sendo este o 
entendimento que prevalece. 
 
3.5 Natureza hedionda do crime de Extorsão mediante sequestro 
Ao contrário do que ocorre com os crimes de roubo e de extorsão, que são considerados hediondos 
apenas se qualificados pelo resultado morte, o delito de extorsão mediante sequestro é etiquetado 
como hediondo independentemente da modalidade, seja na modalidade simples ou na modalidade 
qualificada. 
Assim, contemplamos que a extorsão mediante sequestro é crime hediondo em todas as suas 
modalidades, seja na modalidade simples ou qualificada. 
Art. 157, §3º, in fine, CP; 
Roubo 
Art. 158, CP 
Extorsão 
Art. 159, CP 
Extorsão mediante sequestro 
HEDIONDO, se houver 
resultado morte. 
HEDIONDO, se houver 
resultado morte. 
HEDIONDO, em todas as 
modalidades. 
 
3.6 Natureza hedionda do crime de Estupro 
O delito de estupro é considerado hediondo independente da modalidade. 
 
 
 
 
 
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3.7 Natureza hedionda do crime de Estupro de vulnerável 
STF e STJ entendem que o estupro de vulnerável (art. 224 do CP, na redação anterior a Lei nº 12.015), 
já era hediondo. A 3ª Seção do STJ autoriza a aplicação dos consectários da Lei 8.072/90 para os 
crimes sexuais praticados com violência presumida, mesmo que anteriores a Lei nº 12.015/09. 
 
“Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à Lei n.º 
12.015/2009, ainda que mediante violência presumida, configuram crimes hediondos. 
Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 2. Embargos de divergência 
acolhidos a fim de reconhecer a hediondez do crime praticado pelo Embargado” 
(REsp. 1225387/RS, rel. Min. Laurita Vaz, Dje 04/09/2013). 
 
 
3.8 Natureza hedionda do crime de Epidemia com resultado MORTE 
A epidemia por si só não é crime hediondo. Exige-se seja qualificada pela morte. Epidemia é a difusão 
de doença mediante a propagação de genes patogênicos. Ademais, cumpre destacarmos que somente 
a propagação de doença humana é que configura o crime do art. 267, §1º do Código Penal, já que em 
se tratando de enfermidade que atinja animais ou plantas, o crime será o do art. 61, Lei nº 9.605/98, 
não hediondo por falta de previsão legal. 
 
3.9 Natureza hedionda do crime de Falsificação de medicamentos 
VII – B. falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou 
medicinais (art. 273, caput e §1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei 9.677, de 2 de julho 
de 1998). 
 
3.10 Natureza hedionda do crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração 
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável 
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou 
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014). 
 
Com o advento da Lei nº 12.978, que entrou em vigor no dia 22 de maio de 2014, para além da 
mudança do nome jurídico do art. 218-B do Código Penal, também foi acrescentado ao art. 1º da Lei 
nº 8.072/90 o inciso VIII para rotular tal crime como hediondo. 
Nas modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar consuma-se o delito no momento em que a vítima 
passa a se dedicar à prostituição, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda 
que não tenha atendido nenhum. 
CONCLUSÃO: crime instantâneo, ainda que de efeitos permanentes. 
 
 
 
 
 
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Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime consuma-se no 
momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a 
consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente). 
CONCLUSÃO: crime permanente. 
Na modalidade impedir ou dificultar, o crime é permanente, logo, quem antes da lei, dificultou o 
abandono, persistindo o embaraço na vigência da nova lei, vai ser alcançado pela mudança legislativa, 
conforme o entendimento da Súmula 711, STF. 
 
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se 
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
Pune-se a mera prática de relação sexual com adolescente submetido à prostituição – e nessa conduta 
não se exige reiteração, poder de mando, ou introdução da vítima na habitualidade da prostituição. 
STJ, 6ª Turma, HC 288.734/AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro. j.5/6/2014. DJe 13/6/2014). 
 
3.10 Natureza hedionda do crime de Genocídio 
Candidato, existe algum crime hediondo que não esteja previsto no Código Penal? Existe sim, é o 
crime de genocídio, previsto na Lei nº 2.889/56, sendo considerado hediondo se tentado ou 
consumado. 
O crime de genocídio tem previsão no art. 1º, parágrafo único da Lei 8.072/90 “considera-se também 
hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 
1956, tentado ou consumado”. 
Nessa linha, o professor Cleber Masson explica que “Genocídio não é somente a matança coletiva, e 
sim a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo étnico, racial, nacional ou religioso. A Lei 
de Genocídio enumera diversas condutas nesse sentido”. 
Em verdade, o genocídio é classificado como crime contra a humanidade, e não contra a vida. 
- Competência 
O crime de genocídio não se trata de delito de competência do Tribunal do Júri, ainda que a conduta 
consista em matar dolosamente membros de um grupo, pois é crime contra a humanidade e não 
contra a vida. 
Lembre-se! O Tribunal do Júri tem competência para julgar crimes dolosos contra a vida. Por sua 
vez, o genocídio é crime contra a humanidade, razão pela qual a competência de julgamento é do 
juízo singular (comum) – Federal ou Estadual, a depender do caso concreto. 
 
 
 
 
 
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Por fim, cumpre recordarmos que o genocídio é um típico exemplo de norma penal em branco “ao 
avesso”, isto é, temos as condutas criminosas, mas faltam as respectivas penas, o preceito secundário 
está incompleto. 
 A norma penal em branco ao avesso é aquela em que o preceito primário é completo, mas 
o preceito secundário carece de complemento normativo. 
 Na hipótese de norma penal em branco ao avesso o complemento normativo deve derivar 
da lei, sob pena de lesão ao princípio da reserva legal. 
 No ordenamento jurídico nacional podemos citar como exemplo de lei penal em branco ao 
avesso a Lei2.889/1956, que tipifica o crime de genocídio, pois tal norma não tratou das 
penas, fazendo expressa referência a outras leis penais. 
 
3.11 Natureza hedionda do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto 
no art. 16 do Estatuto do Desarmamento 
 
A Lei nº 13.497/2017 alterou a Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), em específico, a redação 
do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime 
hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 do 
Estatuto do Desarmamento. 
 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
Foi publicada no dia 27/10/2017 a Lei nº 13.497/2017, que altera a Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 
8.072/90). 
O que são crimes hediondos? São crimes que o legislador considerou especialmente repulsivos e que, 
por essa razão, recebem tratamento penal e processual penal mais gravoso que os demais delitos. 
Quais são os crimes hediondos no Brasil? O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes 
hediondos. Isso significa que é a lei quem define, de forma exaustiva (taxativa, numerus clausus), 
quais são os crimes hediondos. 
Esta lei é a de nº 8.072/90, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos. 
A Lei nº 8.072/90 traz, em seu art. 1º, o rol dos crimes hediondos. 
 
O que fez a Lei nº 13.497/2017? 
Alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072/90 prevendo que também é 
considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, 
previsto no art. 16 do Estatuto do Desarmamento. 
 
 
 
 
 
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Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou 
artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de 
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade 
policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou 
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou 
explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição 
ou explosivo. 
As armas de uso restrito estão previstas no art. 16 do anexo do Decreto nº 3.665/2000. 
Alguns exemplos: 
• armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica do 
material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; 
• calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 
Auto; 
• armas de fogo automáticas de qualquer calibre. 
 
A Lei nº 13.497/2017 já entrou em vigor, de forma que, se a pessoa praticar o crime do art. 16 da Lei 
nº 10.826/2003 de hoje em diante, estará submetido às consequências penais e processuais inerentes 
aos crimes hediondos, sendo a mais gravosa delas a existência de requisitos objetivos diferenciados 
para progressão de regime (art. 2º, § 2º). 
 
 
 
 
 
 
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A Lei nº 13.497/2017 é mais gravosa e, por isso, não tem efeitos retroativos, de forma que, quem 
cometeu o delito até o dia de ontem (26/10/2017), não é abrangido pelo tratamento dispensado aos 
crimes hediondos. 
Fonte: http://www.dizerodireito.com.br/2017/10/lei-134972017-posse-ou-porte-de-arma-de.html 
 
 Crime Militares versus Crime Hediondo 
Percebe-se do rol analisado dos crimes hediondos que o legislador da Lei n. 8.072/90 não teve o 
cuidado de conferir natureza hedionda aos crimes militares. 
A disparidade de tratamento do crime militar e do crime comum já foi questionada perante o STF, 
que, no entanto, concluiu que a diferença de tratamento legal entre os crimes comuns e os crimes 
militares, mesmo em se tratando de crimes militares impróprios, não revela inconstitucionalidade, 
pois o Código Penal Militar não institui privilégios. Ao contrário, em muitos pontos, o tratamento 
dispensado ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do Código Penal comum. 
Desse modo, os crimes militares correspondentes aos incisos I a VII do art. 1º, da Lei nº 8.072/90 
não são considerados hediondos por falta de previsão legal. 
 
 Cláusula Salvatória 
Conforme estudado acima, o Brasil adotou o sistema legal, sistema que também comporta críticas. 
Desse modo, tem doutrina sugerindo a criação de uma “clausula salvatória”, permitindo que a 
depender das circunstâncias do caso concreto, o juiz afastasse a natureza hedionda de um crime 
constante do rol fixado pelo legislador. 
Vamos APROFUNDAR? 
Com fito de apaziguar as possíveis injustiças decorrentes da higidez normativa (do sistema legal), 
sugere a Doutrina que seja criada o que denominam de “cláusula salvatória”, a qual permitiria ao juiz 
retirar o caráter hediondo de um crime que conste na enumeração legal em nome da observância da 
não necessidade dessa etiquetagem, perante o caso concreto. Ressalte-se que lhe seria atribuído 
apenas o poder de reduzir o rol, mas não ampliá-lo, em respeito à garantia constitucional da 
legalidade. 
Por fim, o professor Cleber Masson destaca que essa cláusula salvatória não é admitida no Brasil. É 
uma denominação criada por Alberto Zacharias Toron, com a finalidade de permitir ao juiz, no caso 
concreto, a retirada do caráter hediondo de um crime assim classificado pela lei. 
 
4. Crimes equiparados aos hediondos 
 
 
 
 
 
 
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3T 
Tráfico de drogas Tortura Terrorismo 
 
Os referidos crimes não são crimes hediondos, são EQUIPARADOS, assemelhados, o que significa 
que embora não sejam crimes hediondos recebem o mesmo tratamento dispensado pela Constituição 
Federal, bem como, pela Lei nº 8.072/90, por exemplo, são insuscetíveis de anistia, graça e indulto. 
 
4.1 Tráfico de Drogas 
 
 Tráfico privilegiado é considerado crime hediondo? 
 
Inicialmente, cumpre estudarmos a referida espécie. Vejamos: 
A figura privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006): Nos delitos definidos no caput e no § 
1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão 
em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não 
se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 
5, de 2012) 
Essa figura privilegiada configura o tráfico acidental, e reclama a presença de quatro requisitos 
cumulativos (diminuição de 1/6 a 2/3): 
a. Agente primário; 
b. Bons antecedentes; 
c. Não se dedica a atividades criminosas; 
d. Não integra organizações criminosas. 
 
 O STF entendeu recentemente que a figura privilegiada não é equiparada a hediondo. 
Nesse sentido, o Informativo 831. Vejamos: 
 
 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art.33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de 
Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 
118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de 
drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equiparado 
a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior 
 
 
 
 
 
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Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A 
aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 
não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas." 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/o-trafico-privilegiado-art-33-4-da-lei.html 
 
O STJ tinha editado a Súmula 512, a qual pregava que a natureza privilegiada não afastaria 
o caráter hediondo. Contudo, com o novo entendimento do STF, a súmula restou 
superada/cancelada. 
4.2 Tortura 
Encontra-se previsto ao teor da Lei nº 9.455/97. 
4.3 Terrorismo 
Encontra-se previsto ao teor da Lei 13.260/2016. 
 
5. Vedações Legais 
Inicialmente, cumpre destacarmos que as consequências/vedações também são aplicadas aos crimes 
“equiparados” a hediondos, quais sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tortura e 
terrorismo. 
 
 5.1 Anistia, graça e indulto 
Nos termos do art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça 
e indulto. Nesse sentido, dispõe o texto supracitado, bem como, a Constituição Federal, senão vejamos. 
 
Art. 2º, Lei nº 8072/90: Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; 
Art. 5º, XLIII CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia 
a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem. 
Candidato, a vedação do indulto feita exclusivamente pela Lei nº 8.072 é constitucional? 
 
 A polêmica inerente ao indulto: proibição constitucional e ampliação legal 
 
 
 
 
 
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40 
A proibição do indulto efetuado pela lei dos crimes hediondos é constitucional ou inconstitucional? 
Formam-se duas posições/correntes sobre o assunto. 
1ª Corrente 2ª Corrente 
A proibição do indulto pela lei dos crimes 
hediondos é INCONSTITUCIONAL, pelo fato de 
que a lei dos crimes hediondos proibiu um 
instituto que a CF não proibiu. A legislação 
extrapolou os ditames da Constituição Federal. 
- adotar para concursos como a Defensoria. 
A proibição é CONSTITUCIONAL!!! Os 
defensores dessa posição argumentam que a CF 
proibiu a graça, quando utilizou a expressão graça 
o fez em sentido amplo para abranger também o 
indulto. 
- adotar para concursos como MP, Delegado. 
 
1ª Corrente: a ampliação é inconstitucional, pois as vedações previstas no art. 5º, XLIII da Constituição 
Federal, são máximas sendo defeso ao legislador amplia-las. 
2ª Corrente: a ampliação é constitucional, pois as vedações constitucionais são mínimas, podendo o 
legislador amplia-las. Para aqueles que entendem que as vedações são máximas, não se pode esquecer 
que a vedação da graça, abrange indulto, pois o indulto nada mais é do que graça coletiva. A 2ª Corrente 
é a que prevalece no STF e STJ. 
 
 Indulto Humanitário 
Chama-se indulto humanitário aquele concedido por razões de grave deficiência física ou em virtude de 
debilitado estado de saúde do executado. Temos decisões admitindo o induto humanitário com 
fundamento no princípio da humanidade das penas, até mesmo para condenados por crimes hediondos e 
equiparados (STJ). 
O STF, no HC 118/213 SP, não permitiu induto humanitário para tráfico de drogas. 
 
 5.2 Fiança 
Os crimes hediondos e equiparados são inafiançáveis. Cumpre destacarmos que na redação original da 
Lei dos Crimes Hediondos também era vedada a liberdade provisória sem fiança. Essa proibição, 
contudo, foi abolida pela Lei 11.464/2007. 
 
Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: II - fiança. 
 
O referido inciso foi alterado pela Lei nº 11.464/2007, antes o mesmo inciso vedava fiança, bem como, 
a liberdade provisória, atualmente, veda tão somente a fiança. 
Atualmente, a liberdade provisória sem fiança depende do convencimento do Juiz, no sentido de estarem 
ausentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva. 
 
 
 
 
 
 
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 5.3 Regime inicial fechado para o cumprimento da pena privativa de liberdade 
 
Art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90: “A pena por crime previsto neste artigo será cumprida 
inicialmente em regime fechado”.  
 
Em sua redação original, a Lei dos Crimes Hediondos o regime era integralmente fechado (começa e 
termina no regime fechado – não tem direito a progressão de regime). O STF decidiu pela 
inconstitucionalidade desse regime, pela violação dos princípios da individualização da pena, da 
proporcionalidade e também da dignidade da pessoa humana. 
 
Dessa forma, temos que antes do advento da Lei nº 11.464/2007, a Lei de Crimes Hediondos previa o 
cumprimento da pena em regime integralmente fechado, ou seja, não admitia a progressão do regime de 
cumprimento de pena. O referido dispositivo fora posteriormente declarado inconstitucional. Nessa 
esteira, passou-se a admitir a progressão de regime, contudo, ainda ficou estipulado que o regime inicial 
seria obrigatoriamente o fechado. Ocorre, todavia, que, o STF declarou também inconstitucional o regime 
inicial fechado obrigatório, por entender que viola o princípio da individualização da pena, devendo 
analisar o caso concreto e fundamentar sua decisão. 
Na fixação do regime inicial, o juiz deve observar as Súmulas 718 e 719 do STF. 
 
 
Súmula 718 STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui 
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.” 
Não pode fixar regime c/ base a gravidade em abstrato apenas. 
 
Súmula 719 STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir 
exige motivação idônea”. 
 
 
O STF decidiu que o regime inicial fechado também é inconstitucional, por violação dos princípios da 
individualização da pena e da proporcionalidade, e por falta de previsão na CF (Plenário, HC 111.840, 
Informativo 672): 
 
 
 
 
 
 
 
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EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime praticado durante a 
vigência da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de 
imposição do regime inicial fechado. Declaração incidental de inconstitucionalidade do § 1º 
do art. 2º da Lei nº 8.072/90. Ofensa à garantia constitucional da individualização da pena 
(inciso XLVI do art. 5º da CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 
59). Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de 
cumprimento da pena privativa de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito 
foi praticado em 10/10/09, já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual instituiu a 
obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos crimes hediondos e 
assemelhados. 2. Se a Constituição Federal menciona que a lei regulará a individualização 
da pena, é natural que ela exista.Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime 
prisional inicial devem-se harmonizar com as garantias constitucionais, sendo necessário 
exigir- se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo 
ou equiparado. 3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de 
seis (6) anos de reclusão, ostenta circunstâncias subjetivas favoráveis, o regime prisional, à 
luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais circunstâncias não elidem a 
possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das condições subjetivas 
desfavoráveis, vir a estabelecer regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de 
elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a necessidade de maior rigor da 
medida privativa de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o art. 59, do 
Código Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 1º do 
art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que 
“[a] pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado“. 
Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de 
fixação do regime fechado para início do cumprimento de pena decorrente da condenação 
por crime hediondo ou equiparado. (HC 111840, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, 
Tribunal Pleno, julgado em 27/06/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-249 DIVULG 16-
12-2013 PUBLIC 17-12-2013). 
 
Para o STF, o legislador não pode obrigar o Juiz a aplicar um determinado regime prisional. Assim, atualmente 
é possível a aplicação de um regime aberto ou semiaberto para condenado em crime hediondo ou equiparado. 
 
Lembre-se!!! De 1990 até 2005 o regime integralmente fechado era considerado constitucional. 
 
 Regime inicial fechado no Crime de Tortura 
O art. 1º, § 7º, da Lei de Tortura previa o regime inicial fechado: “O condenado por crime previsto nesta Lei, 
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. 
O STF editou a Súmula 698: “Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no 
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura”. 
Aplica-se o princípio da especialidade. Assim, aplicar-se-á a regra do art. 1º, §7º da Lei de Tortura em detrimento 
do previsto na lei de crimes hediondos que foi considerado inconstitucional. 
 
No HC 123316/SE, de 9.6.2015, o Min. Marco Aurélio (relator) denegou a ordem. Considerou que, no caso, a 
dosimetria e o regime inicial de cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não 
 
 
 
 
 
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caber articular com a Lei de Crimes Hediondos, pois a regência específica (Lei 9.455/1997) prevê 
expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado, o 
que não se confundiria com a imposição de regime de cumprimento da pena integralmente fechado. Assinalou 
que o legislador ordinário, em consonância com a CF/1988, teria feito uma opção válida, ao prever que, 
considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria 
ser cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. 
 
6. Progressão de regime prisional 
 
Na criminalidade comum a progressão de regime prisional depende de dois requisitos: 
a) cumprimento de parte da pena (1/6); 
b) mérito (comportamento favorável). 
 Nos crimes contra a Administração Pública exige-se um terceiro requisito: reparação 
do dano (ou restituição da coisa) causado ao erário. 
 
Já nos crimes hediondos, a Lei 8.072/90 trouxe regramento próprio. Vejamos: 
 
Art. 2º, § 2º: “A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste 
artigo, dar- se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for 
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente”. 
 
Também se exige o mérito do condenado (condições pessoais que autorizam um regime mais brando). 
Para a Lei dos Crimes Hediondos é irrelevante seja a reincidência genérica ou específica, em crime 
doloso ou culposo. Se o agente for reincidente, deverá cumprir 3/5 da pena, além do requisito 
subjetivo. 
Obs.: Existe polêmica sobre isso, pois na Defensoria há teses institucionais dizendo que esse 
cumprimento de 3/5 só é exigido para agentes reincidentes em crime hediondo ou equiparado. 
 
Vamos esquematizar? 
Crime comum Crime hediondo 
1/6 do cumprimento da pena. 2/5 da pena, apenado primário; 
3/5 da pena, apenado reincidente. 
 
Contemplamos assim que a Lei de Crimes Hediondos prevê um lapso temporal distinto ao previsto 
na Lei de Execução Penal, para a progressão de regime. 
 
 
 
 
 
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Esses percentuais diferenciados são constitucionais? Sim, porque é matéria legal, e esse tempo de 
cumprimento da pena diferenciado está em sintonia com o espírito da CF. 
Obs. A segunda progressão sempre será calculada com base no restante da pena (pena cumprida é 
pena extinta). 
Análise do Contexto 
 
Lei nº 8.072/90 HC 82.959.7 Lei nº 11.464/2007 
Previsão de regime de 
cumprimento de pena 
integralmente fechado. 
STF declarou inconstitucional 
o regime integral fechado, 
passando a admitir a 
progressão, observando o 1/6 
da pena, conforme LEP. 
Regime inicial fechado e 
permitiu a progressão, 2/5 ou 
3/5. Os patamares foram 
trazidos com o advento da Lei 
11.464 de 2007, fazendo 
distinção para os primários e 
reincidentes. 
 
Candidato, a Lei nº 11.464/07 retroage para alcançar fatos pretéritos? Não, pois deve respeitar o 
princípio da anterioridade, evitando-se retroatividade maléfica. 
Nesse sentido, vejamos as Súmulas abaixo que tratam do tema. 
 
 
Súmula vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos 
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a 
realização de exame criminológico. 
 
Súmula 471 STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da 
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de 
Execução Penal) para a progressão de regime prisional. (Leia-se, cumprimento de 1/6 da pena). 
 
7. Prisão temporária 
 
A prisão temporária é uma modalidade de prisão provisória, decretada antes do trânsito em julgado 
da condenação, e tem natureza cautelar. 
No Brasil a prisão temporária é possível apenas na fase investigatória, por esse motivo ela não pode 
ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de requerimento do MP ou representação da autoridade 
policial. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 2º, § 4º, da Lei 8.072/90: “A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 
21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade”. 
 
8. Estabelecimentos penais de segurança máxima 
 
“Art. 3º da Lei 8.072/90: A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, 
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja 
permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública”. 
 
O condenado de alta periculosidade pode não ser necessariamente um condenado por crime hediondo 
ou equiparado. 
Cumpre destacarmos que, para o presídio federal não vão apenas os condenados pela Justiça Federal.9. Direito de Recorrer em Liberdade 
§3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá 
apelar em liberdade. 
Interpretação conforme a CF: Réu processado preso, recorre preso, salvo se desaparecerem os 
fundamentos que determinaram a decretação da prisão preventiva. Por outro lado, réu processado solto, 
via de regra, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisão preventiva, eis a interpretação 
conforme a Constituição. 
Ante o exposto, contemplamos que está vedado a imposição da condição de recolhimento ao cárcere para 
recorrer, devendo a sua decretação quando necessária ser fundamentada, em observância ao art.93,IX, da 
CF. 
10. Livramento Condicional 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da 
pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - 
cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado 
comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que 
lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
 V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, 
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado 
não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
 
 
 
 
 
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 Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à 
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a 
delinquir. 
 
É possível o livramento para os crimes hediondos e assemelhados (3T – trafico, tortura e terrorismo), 
depois de haver cumprido 2/3 da pena e não ser reincidente especifico (hediondo ou assemelhado). Não 
se exige o mesmo crime, basta que seja dois crimes hediondos ou equiparados, ainda que não seja o 
mesmo delito 
11. Qualificadora do Delito de Associação Criminosa (Art. 8º) 
A Lei de crimes hediondos passou a prever uma espécie de qualificadora para o crime de associação para 
o crime, delito previsto ao teor do art. 288 do Código Penal, disciplinando que será de 3 a 6 anos de 
reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática de 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. 
Assim, se o fim da associação criminosa for praticar crimes hediondos e/ou equiparados a hediondos 
(3T), a pena será mais grave, ou seja, trata-se de uma modalidade qualificada de associação criminosa. 
Nesse sentido, dispõe o texto legal, art. 8º“será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo”. 
 
Se a prática da associação criminosa for para cometer trafico de drogas não irá 
incidir a qualificadora ora em comento, visto que a legislação especial, ei 11.343/2006, possui regramento 
especifico, que refere-se ao crime de associação para o tráfico, que se contenta com a figura de dois 
agentes apenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JÁ CAIU CESPE 
JÁ CAIU CESPE: Considerando a jurisprudência do STJ a respeito dos crimes hediondos, do tráfico de 
entorpecentes, do Estatuto do Desarmamento e do ECA, assinale a opção correta. 
 a) A arma de fogo desmuniciada e desmontada não serve para configurar o delito de porte ilegal de arma de fogo. 
 b) Não se configura o crime de corrupção de menor em relação àquele já afeito à prática de atos infracionais. 
 c) Por ser crime acessório, a associação para o tráfico de drogas não pode existir sem a prova da materialidade do 
crime principal. 
 d) Não é hediondo o crime de tráfico de entorpecentes praticado por agente primário, de bons antecedentes 
e que não se dedique a atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
12. CORRETO, trata-se do novo entendimento da Jurisprudência, que acarretou, inclusive, o cancelamento da 
Súmula 512 do STJ. Vejamos: 
 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de 
Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 
118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de 
drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equiparado 
a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A 
aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 
não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas." 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/o-trafico-privilegiado-art-33-4-da-lei.html 
O STJ tinha editado a Súmula 512, a qual pregava que a natureza privilegiada não afastaria 
o caráter hediondo. Contudo, com o novo entendimento do STF, a súmula restou 
superada/cancelada. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito de crimes hediondos, assinale a opção correta. 
 a) Embora tortura, tráfico de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos, também são insuscetíveis 
de fiança, anistia, graça e indulto. 
13. CORRETO, os 3T (tráfico, tortura e terrorismo) não são considerados crimes hediondos, mas equiparados 
a hediondos, razão pela qual possuem os mesmos regramentos, ou seja, as mesmas vedações, sendo 
insuscetíveis de fiança, anistia, graça e induto. 
 b) Para que se considere o crime de homicídio hediondo, ele deve ser qualificado. 
 
 
 
 
 
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48 
 c) Considera-se hediondo o homicídio praticado em ação típica de grupo de extermínio ou em ação de milícia 
privada. 
 d) O crime de roubo qualificado é tratado pela lei como hediondo. 
 e) Aquele que tiver cometido o crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual no 
período entre 2011 e 2015 não responderá pela prática de crime hediondo. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito do que dispõe a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale 
a opção correta. 
 a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado, não comete crime hediondo. 
14. CORRETO. Conforme já explicado, o homicídio simples, em regra, não é crime hediondo, contudo, será 
considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por 
um só agente e homicídio qualificado. Ante o exposto, contemplamos que nem sempre o homicídio é 
considerado crime hediondo. 
 b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e imprescritível. 
 c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia. 
 d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra parente 
consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa condição. 
 e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu. 
JÁ CAIU CESPE: Com fundamento na Lei n.º 11.464/2007, que modificou a Lei n.º 8.072/1990 (Lei dos 
Crimes Hediondos), assinale a opção correta acerca dos requisitos objetivos para fins de progressão de regime 
prisional. 
 a) O regime integral fechado poderáser aplicado no caso de prática de crime de tráfico internacional de drogas, em 
que, devido à hediondez da conduta, que atinge população de mais de um país, o réu não poderá ser beneficiado com 
a progressão de regime prisional. 
 b) Como exceção à regra prevista na legislação de regência, a progressão de regime prisional é vedada ao 
condenado, que deve cumprir regime integral fechado, pela prática de crime de epidemia de que resulte morte de 
vítimas. 
 c) Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.º 11.464/2007 
sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei de Execução Penal para a progressão de regime, que estabelece 
o cumprimento de um sexto da pena no regime anterior. 
15. CORRETO, trata-se do entendimento da Súmula 471 do STJ, vejamos “Os condenados por crimes 
hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao 
disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. (Leia-se, cumprimento de 1/6 da pena)”. 
 d) A Lei dos Crimes Hediondos é especial e possui regra própria quanto aos requisitos objetivos para a progressão 
de regime prisional, devendo seus atuais parâmetros ser aplicados, independentemente de o crime ter sido praticado 
antes ou depois da vigência da Lei n.º 11.464/2007, com base no princípio da especialidade. 
 e) Os requisitos objetivos da Lei n.º 11.464/2007 devem ser aplicados para fins de progressão de regime prisional, 
pelo fato de essa lei ser mais benéfica que a lei anterior, que vedava a progressão de regime. 
 
 
 
 
 
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49 
JÁ CAIU CESPE: O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado 
contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo de até terceiro grau, de agente da Polícia Rodoviária Federal 
e integrante do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, em razão dessa condição. 
 CERTO. A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é 
que a lesão corporal será considerada crime hediondo, e quais são elas? Lesão gravíssima ou lesão 
corporal seguida de morte quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
 Essa hipótese deve ser bem lembrada por aqueles que prestam concurso para área 
policial (Delegado/Agente, etc). 
JÁ CAIU CESPE: Considere que um indivíduo tenha sido condenado por crime hediondo. Nesse caso, para 
que possa requerer progressão de regime de pena, esse indivíduo deve cumprir dois quintos da pena que lhe foi 
imputada, se for primário, e três quintos dessa pena, se for reincidente. 
 CERTO. Nos moldes do Art. 2º, § 2º: “A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes 
previstos neste artigo, dar- se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for 
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente”. Vamos esquematizar? 
Crime comum Crime hediondo 
1/6 do cumprimento da pena. 2/5 da pena, apenado primário; 
3/5 da pena, apenado reincidente. 
JÁ CAIU CESPE: Acerca de crimes hediondos, assinale a opção correta à luz da Lei n.º 8.072/1990 bem 
como da jurisprudência e da doutrina. 
 a) Aquele que dá a conhecer a existência do crime de extorsão mediante sequestro sem indicar dados que 
permitam a libertação da vítima por ele sequestrada, ainda que coautor ou partícipe, será beneficiado pela delação. 
 b) É permitida a progressão de regime em crimes hediondos, sendo necessário, para isso, que o juízo da 
execução avalie se o condenado preenche os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo 
determinar, ainda, a realização de exame criminológico. 
16. CERTO. Art. 2º, § 2º: “A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, 
dar- se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), 
se reincidente”. Além do requisito objetivo, também se exige o mérito do condenado (condições pessoais 
que autorizam um regime mais brando). 
 c) É admitido o indulto, graça e anistia a agente que praticou crime de natureza hedionda. 
 d) Os crimes de extorsão mediante sequestro e sequestro são equiparados ao hediondo. 
 e) Para que possa vir a obter o benefício do livramento condicional, o réu não poderá ser reincidente em qualquer 
crime, independentemente da natureza do crime anteriormente praticado. 
 
 
 
 
 
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50 
Dos Informativos: Lei dos Crimes Hediondos 
2017 
 
Regime inicial de pena no caso do crime de tortura 
 
O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, 
da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade 
do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura. 
Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime 
prisional fechado. STJ. 5ª Turma. HC 383.090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017. STJ. 6ª 
Turma. RHC 76.642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/10/2016. Obs: existe um julgado 
da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de tortura deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 
123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso que se trata de uma posição minoritária e isolada 
do Min. Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade do que 
de tese jurídica. Isso porque os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus, 
considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à tese do Relator. Não 
há fundamento que justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime inicial fechado para crimes 
hediondos) ter sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra semelhante para 
um crime equiparado a hediondo) não o ser. Em provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação do 
enunciado. 
 
 
2016 
 
Estupro e atentado violento ao pudor são hediondos ainda que praticados na forma simples 
 
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos antes da edição da Lei nº 12.015/2009, 
são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples. Em outras palavras, seja antes ou depois da Lei 
nº 12.015/2009, toda e qualquer forma de estupro (ou atentado violento ao pudor) é considerada crime hediondo, 
sendo irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou morte. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.110.520-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012 (Info 505). 
STF. 1ª Turma. HC 100612/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 
16/8/2016 (Info 835). 
 
O regime inicial de pena não precisa ser obrigatoriamente o fechado 
 
A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, 
em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das 
decisões judiciais, deve motivar o regime imposto observando a singularidade do caso concreto. Assim, é 
inconstitucional a fixação de regime inicial fechado com base unicamente na hediondez do delito. STF. 1ª Turma. 
ARE 935967 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/03/2016. STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel.Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 10/05/2016. 
 
 
2012 
 
 
A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei 8.072/90 foi tacitamente revogada 
 
O entendimento do STJ e do STF é no sentido de que a causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes 
Hediondos foi revogada tacitamente pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, 
que era mencionado pelo referido art. 9º. STF. Primeira Turma. HC 111246/AC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
11/12/2012 (Info 692). 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
51 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
 
Lei 13.497/2017: posse ou porte de arma de fogo de uso restrito passa a ser crime hediondo 
Foi publicada no dia 27 de Out./2017 a Lei nº 13.497/2017, que altera a Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). 
O que são crimes hediondos? 
São crimes que o legislador considerou especialmente repulsivos e que, por essa razão, recebem tratamento penal e 
processual penal mais gravoso que os demais delitos. 
Quais são os crimes hediondos no Brasil? 
O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes hediondos. Isso significa que é a lei quem define, de forma 
exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes hediondos. Esta lei é a de nº 8.072/90, conhecida como Lei 
dos Crimes Hediondos. A Lei nº 8.072/90 traz, em seu art. 1º, o rol dos crimes hediondos. 
O que fez a Lei nº 13.497/2017? 
Alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime 
hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 do Estatuto do 
Desarmamento. 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição 
de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou 
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal 
de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança 
ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
52 
As armas de uso restrito estão previstas no art. 16 do anexo do Decreto nº 3.665/2000. 
Alguns exemplos: 
• armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica do material bélico usado 
pelas Forças Armadas nacionais; 
• calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; 
• armas de fogo automáticas de qualquer calibre. 
A Lei nº 13.497/2017 já entrou em vigor, de forma que, se a pessoa praticar o crime do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 
de hoje em diante, estará submetido às consequências penais e processuais inerentes aos crimes hediondos, sendo a 
mais gravosa delas a existência de requisitos objetivos diferenciados para progressão de regime (art. 2º, § 2º). 
A Lei nº 13.497/2017 é mais gravosa e, por isso, não tem efeitos retroativos, de forma que, quem cometeu o delito 
até o dia de ontem (26/10/2017), não é abrangido pelo tratamento dispensado aos crimes hediondos. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
53 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS 
Lei nº 9.099/95 
 
1. Previsão Constitucional 
 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - JUIZADOS ESPECIAIS, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a 
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor 
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em 
lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; 
§1º Lei Federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal (Lei nº 10.259). 
Da análise do dispositivo constitucional, se extrai alguns conceitos: 
 
 Infração de menor potencial ofensivo; 
 Procedimento oral e sumaríssimo; 
 Transação penal; 
 Julgamentos por Turmas Recursais (juízes de primeiro grau). 
 
Atendendo ao preceito constitucional, a Lei n° 9.099/95 entrou em vigor no dia 26 de novembro de 1995. 
Candidato, qual seria a finalidade da criação dos juizados? 
Excelência, uma das finalidades da criação dos juizados seria a busca de uma prestação jurisdicional mais 
célere para as infrações de menor potencial ofensivo, evitando-se com isso a prescrição. Além disso, busca 
revitalizar a figura da vítima – conferir uma atenção maior a pessoa da vítima (vários institutos preocupados 
com a vítima, por exemplo, composição civil dos danos); por fim, e não menos importante, a criação dos 
juizados estimula a solução consensual (jurisdição consensual). 
*Introdução da Jurisdição Consensual: busca por um acordo celebrado entre o Ministério Público, querelante 
e ofendido, visando uma pena não privativa de liberdade. O consenso recairá sobre pena não privativa de 
liberdade. O princípio da obrigatoriedade para o Ministério Público dá espaço ao “princípio da 
discricionariedade regrada”. 
Desse modo, com o surgimento da Lei dos Juizados Especiais Criminais, essa tradicional jurisdição de 
conflito cede espaço para uma jurisdição de consenso, na qual se busca um acordo entre as partes, a reparação 
voluntária dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade, procurando-se 
evitar, o quanto possível, a instauração de um processo penal. Não é possível resultar na aplicação de uma 
pena privativa de liberdade. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
54 
Dessa forma, temos que os Juizados Especiais Criminais foram criados com as seguintes finalidades: 
Acelerar a prestação jurisdicional 
Revitalizar a figura da vítima 
Estimular a solução consensual dos conflitos 
 
 
1.1 Constitucionalidade da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95) 
Quando a Lei dos Juizados entrou em vigor, parte da doutrina a criticou, alegando a sua 
inconstitucionalidade, isso porque a referida lei permite a transação penal envolvendo bem de natureza 
indisponível, qual seja, a liberdade de locomoção. 
Em que pese a referida posição, o Supremo Tribunal Federal entendeu que lei é constitucional, pois a 
transação penal envolve apenas penas não privativas de liberdade. 
Nesse sentido, manifestou-se o STF. Vejamos: 
STF: “(...) LEI N. 9.099/95 - CONSAGRAÇÃO DE MEDIDAS 
DESPENALIZADORAS - 
NORMAS BENEFICAS - RETROATIVIDADE VIRTUAL. - Os processos técnicos de 
despenalização abrangem, no plano do direito positivo, tanto as medidas que permitem 
afastar a própria incidência da sanção penal quanto aquelas que, inspiradas no postulado da 
mínima intervenção penal, tem por objetivo evitar que a pena seja aplicada, como ocorre na 
hipótese de conversão da açãopública incondicionada em ação penal dependente de 
representação do ofendido (Lei n. 9.099/95, arts. 88 e 91). A Lei n. 9.099/95, que constitui 
o estatuto disciplinador dos Juizados Especiais, mais do que a regulamentação normativa 
desses órgãos judiciários de primeira instância, importou em expressiva transformação do 
panorama penal vigente no Brasil, criando instrumentos destinados a viabilizar, 
juridicamente, processos de despenalização, com a inequívoca finalidade de forjar um novo 
modelo de Justiça criminal, que privilegie a ampliação do espaço de consenso, valorizando, 
desse modo, na definição das controvérsias oriundas do ilícito criminal, a adoção de soluções 
fundadas na própria vontade dos sujeitos que integram a relação processual penal. Esse 
novíssimo estatuto normativo, ao conferir expressão formal e positiva as premissas 
ideológicas que dão suporte as medidas despenalizadoras previstas na Lei n. 9.099/95, 
atribui, de modo consequente, especial primazia aos institutos (a) da composição civil (art. 
74, paragrafo único), (b) da transação penal (art. 76), (c) da representação nos delitos de 
lesões culposas ou dolosas de natureza leve (arts. 88 e 91) e (d) da suspensão condicional do 
processo (art. 89). As prescrições que consagram as medidas despenalizadoras em causa 
qualificam-se como normas penais benéficas, necessariamente impulsionadas, quanto a sua 
aplicabilidade, pelo princípio constitucional que impõe a lex mitior uma insuprimivel carga 
de retroatividade virtual e, também, de incidência imediata”. (STF, Pleno, Inq. 1.055/ 
QO/AM, Rel. Min. Celso de Mello, j. 24/04/1996). 
 
A lei em comento prevê quatro institutos despenalizadores. Vejamos: 
Medidas despenalizadoras 
Composição Civil dos Danos 
Transação Penal 
Suspensão condicional do processo 
Necessidade de representação nos crimes de lesão leve e culposa 
 
 
 
 
 
 
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2. Critérios orientadores e finalidades dos Juizados Especiais 
Art. 2º. O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a 
transação. 
 
 Oralidade 
 Simplicidade 
 Informalidade 
 Economia processual 
 Celeridade 
 
 
Além dos princípios próprios dos juizados, também se aplicam outros princípios constitucionais, por 
exemplo, ampla defesa, contraditório, juiz natural, vedação as provas ilícitas. Dessa forma, temos que além 
dos elencados na legislação específica, outros princípios incidem no âmbito dos juizados. 
 
2.1 Princípio da oralidade 
Deve se dar preferência a palavra falada em detrimento da prova escrita, sem que isso implique na 
exclusão da forma escrita obrigatoriamente. Nesse sentido, a peça acusatória pode ser oferecida 
oralmente (verbalmente), em observância ao princípio da oralidade. 
 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela 
ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta lei 
(transação penal), o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, DENÚNCIA ORAL, 
se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. 
 
A denúncia oral será reduzida a termo. 
Do princípio da oralidade decorrem outros subprincípios: concentração, imediatismo, irrecorribilidade 
das decisões interlocutórias, identidade física do juiz. 
 
2.1.1 Princípio da concentração: consiste na tentativa de redução do procedimento a uma única 
audiência, objetivando encurtar o lapso temporal entre a data do fato e a do julgamento. 
2.1.2 Princípio do imediatismo: deve o juiz proceder diretamente à colheita de todas as provas, em 
contato com as partes. Em regra, esse contato deve ser feito de maneira presencial. Por outro lado, 
em situações excepcionais, admite-se procedimentos por videoconferência, inobstante a ausência 
de previsão expressa da lei, a qual é bem anterior a videoconferência. 
 
 
 
 
 
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2.1.3 Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: via de regra, as decisões interlocutórias 
não são recorríveis. Contudo, cumpre destacar que isso não impedirá o questionamento dessas 
decisões interlocutórias, seja por preliminar em futura apelação; por intermédio do remédio 
constitucional HC ou ainda por meio de revisão criminal. 
2.1.4 Princípio da identidade física do juiz: nos moldes do art. 399, §2º do CPP, pelo menos em regra, 
o juiz que presidir a instrução, deverá proferir sentença, sendo essa a ideia basilar do princípio da 
identidade física do juiz. 
 
2.2 Princípio da simplicidade: procura-se conferir ao processo uma maior simplicidade, diminuindo o quanto 
possível a massa dos materiais que são juntados aos autos do processo sem que se prejudique o resultado 
final da prestação jurisdicional. 
Exemplo: Dispensa de Exame de Corpo de Delito 
Não há necessidade de realização do exame de corpo de delito, em observância ao princípio da economia 
processual, podendo ser suprida por simples boletim médico. 
Nesse sentido, dispõe o §1º, parte final, do art. 77 “prescindir-se-á (Não precisar de; dispensa-se) do exame 
do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente”. 
 
2.3 Princípio da informalidade: no procedimento sumaríssimo previsto na lei dos juizados especiais, 
desde que se atenda a finalidade do ato processual produzido. Nesse sentido, o art. 65 da Lei nº 9.099/95. 
 
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as 
quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. 
§1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. 
§2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer 
meio hábil de comunicação. 
§3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos 
realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética 
ou equivalente. 
 
2.4 Princípio da economia processual: entre duas alternativas que foram válidas, deve-se dar prioridade 
aquela que for menos onerosa ao Estado e as partes. 
2.5 Princípio da celeridade processual: guarda relação com a necessidade de rapidez e agilidade do processo, 
objetivando-se atingir a prestação jurisdicional no menor tempo possível. 
 
 
 
 
 
 
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3. Competência dos Juizados Especiais Criminais 
A competência dos juizados especiais criminais é fixada com base em dois critérios, a natureza da infração 
penal (infrações de menor potencial ofensivo) e a inexistência de circunstância que desloquem a competência 
para o juízo comum (conexão e continência; impossibilidade de citação pessoal do acusado e complexidade 
da causa). 
Competência do JECRIM (critério de fixação da competência) 
Natureza da infração penal (infração de menor potencial ofensivo) 
Inexistência de circunstância que desloquem a competência: 
- Conexão e continência (causas modificativas da competência); 
- Impossibilidade de citação pessoal do acusado; 
- Complexidade da causa. 
 
Candidato, quais são as causas ensejadoras de deslocamento da competência no âmbito dos Juizados 
Especiais? Excelência, podemos citar ao menos três situações que ocasionam o deslocamento da 
competência dos Juizados, no sentido de afastara competência dos Juizados Especiais, são elas: a conexão 
e continência, a impossibilidade de citação pessoal do acusado e a existência de complexidade da causa. 
 
 Conexão e continência entre crime comum e infração de menor potencial ofensivo 
Diante da conexão ou continênciadeve haver a junção dos processos, por exemplo, homicídio doloso e crime 
de desacato, ocasião em que serão julgados conjuntamente no Tribunal do Júri, sem prejuízo da aplicação 
das medidas despenalizadoras ao crime de menor potencial ofensivo (Desacato). 
Nesse sentido, corroborando ao exposto, preleciona o art. 60, da Lei nº 9.099/95. 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem 
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor 
potencial ofensivo, respeitados as regras de conexão e continência. 
Parágrafo único. Na reunião do processos, perante o juízo comum ou Tribunal do Júri, 
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-á os institutos da 
transação penal e da composição civil dos danos. 
Cumpre recordarmos que, por mais que os delitos sejam julgados conjuntamente, deve-se observar a 
incidência dos institutos despenalizadores quanto a infração de menor potencial ofensivo. 
Impossibilidade de citação por edital 
No âmbito do JECRIM não se admite a citação por edital, posto que é incompatível com a celeridade prevista 
para os processos de competência dos Juizados, em observância aos princípios orientadores da lei, quais 
sejam, princípio da simplicidade, celeridade processual e economia processual, sendo causa modificadora de 
competência. Nesse sentido, disciplina o art. 66 da legislação. Vejamos: 
 
 
 
 
 
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Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por 
mandado. 
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o juiz encaminhará as peças 
existentes ao juízo comum para adoção dos procedimentos previstos em lei. 
O procedimento a ser adotado será o sumário (art. 538, CPP). 
Obs.1: embora não se admita a citação por edital, admite-se a CITAÇÃO POR HORA CERTA. 
 
Admite-se, contudo, a citação por hora certa. 
 
Citação por hora certa é constitucional 
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. 
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (repercussão geral) (Info 
833). 
 
Obs.2: Não se admite citação por carta rogatória (aquela encaminhada para o exterior), em decorrência da 
sua morosidade no procedimento. 
Complexidade da causa 
Outra hipótese de modificação da competência do Juizado Especial, é a complexidade da causa. Conforme a 
doutrina, são hipóteses, por exemplo, de complexidade da causa a pluralidade de agentes e necessidade de 
realização de perícia. 
- Pluralidade de agentes; 
- Necessidade de realização de perícia em virtude da espécie do delito. 
Art. 77, §2º. Se a complexidade ou circunstância do caso não permitirem a formulação da 
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças 
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66. 
 
3.1 Natureza da Competência dos Juizados 
Candidato, qual a natureza da Competência dos Juizados? Excelência, parte da doutrina defende que é 
competência absoluta (natureza absoluta – não admite modificações), sob o argumento de que a referida 
competência encontra-se prevista na Constituição Federal, trata-se de posição minoritária. De modo 
 
 
 
 
 
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diverso, outra parte da doutrina, aduz ter a competência dos Juizados tem natureza relativa: admite 
modificação da competência: trata-se de posição majoritária. 
1ª Corrente: competência de natureza absoluta – ratione materiae, cuja inobservância daria ensejo a 
nulidade absoluta. 
2ª Corrente: competência de natureza relativa (pois admite modificações) – inobservância pode causar, 
no máximo, uma nulidade relativa. 
 
4. Infração de menor potencial ofensivo 
 
4.1 Evolução histórica da definição de Infração de menor potencial ofensivo 
Uma vez sendo fixada a competência com base a natureza da infração penal em infração de menor 
potencial ofensivo, imprescindível se torna o conhecimento acerca desta. 
Em sua redação ORIGINAL, considerava-se infração de menor potencial ofensivo, as infrações com pena 
de 1 (um) ano, com exceção dos casos em que a lei previa procedimento de especial (1995). Contudo, 
conforme se pode observar da transcrição abaixo, a definição sofreu alteração em decorrência do art. 2º, 
parágrafo único da Lei nº10.259 (Lei dos Juizados Especiais Federais). 
- Sistema unitário: atualmente, entende-se por infração de menor potencial ofensivo, conforme art. 61, 
com nova redação dada pela Lei nº 11.313 de 2006. 
-Sistema bipartido: temos dois conceitos de infração de menor potencial ofensivo. Um no âmbito do 
Jecrim Estadual e outro a ser aplicado no Jecrim Federal. 
Sistema bipartido: Sistema unitário (posição majoritária): 
Ter-se-ia um conceito de infração de menor 
potencial ofensivo no âmbito da Justiça Estadual 
– pena máxima não superior a 1 ano – e outro 
conceito no âmbito da Justiça Federal – pena 
máxima não superior a 2 anos. 
Em virtude do princípio da isonomia, não se pode 
admitir a existência de conceitos diversos de 
infração de menor potencial ofensivo. Por isso, 
prevaleceu o entendimento no sentido de que o art. 
2º, parágrafo único, da Lei n. 10.259/01 teria 
revogado tacitamente o art. 61 da Lei n. 9.099/95, 
em sua redação originária. 
 
4.2 Conceito Atual 
Candidato, o que se entende por infração de menor potencial ofensivo? Atualmente, a definição de 
infração de menor potencial ofensivo, encontra-se presente no art. 61 da Lei nº 9.099, nova redação dada 
pela Lei nº 11.313 de 2006: 
 
 
 
 
 
 
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Art. 61. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) 
anos, cumulada ou não com multa. 
Desse modo, contemplamos que infração de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e crimes 
com pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, sujeitos ou não a procedimento 
especial, ressalvadas as hipóteses envolvendo violência doméstica e familiar contra mulher (art. 11.340 de 
2006, art. 41). 
 
Candidato, diferencie a infração de ofensividade insignificante; infração de médio potencial ofensivo e por 
fim, infração de máximo potencial ofensivo. 
 
Infração de ofensividade 
insignificante 
Infração de médio potencial 
ofensivo 
Infração de máximo potencial 
ofensivo 
São infrações as quais são 
aplicáveis o princípio da 
insignificância. 
São aquelas infrações que 
admitem a suspensão condicional 
do processo (art. 89, da Lei nº 
9.099/95). 
São os crimes que não admitem 
suspensão condicional do 
processo. 
 
Obs.1: São quatro os pressupostos necessários para a aplicação do princípio da insignificância: a) mínima 
ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Obs.2: Infração de ínfimo potencial ofensivo: são crimes as quais não são cominadas penas não privativas 
de liberdade, podemos citar como exemplo a conduta tipificada ao teor do art. 28, da Lei 11.343/2006 (porte 
de drogas para uso pessoal). 
 
4.3 Estatuto do Idoso 
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não 
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do 
Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF). 
 
Quando o Estatuto do Idoso entrou em vigor, houve quem dissesseque teria sido criado um novo conceito 
de infração de menor potencial ofensivo, qual seja, crimes com pena máxima não superior a 4 anos. 
Todavia, o Supremo interpretou o dispositivo no sentido de que não houve uma transformação do 
conceito de infração de menor potencial ofensivo, as de que nessa hipótese será aplicado o 
PROCEDIMENTO previsto ao teor da Lei nº 9.099/95. 
Dessa forma, temos três situações hipotéticas a serem analisadas. Vejamos: 
 
 
 
 
 
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- Se o crime previsto no Estatuto do Idoso tiver pena máxima não superior a dois anos, será considerado 
infração de menor potencial ofensivo e “vai para o Juizado”. 
- Se o crime previsto no Estatuto do Idoso tiver pena máxima superior a dois anos, mas que não ultrapasse 
4 anos, aplica-se o art. 94, o que significa que será julgado pela vara comum mas aplicando-se o 
procedimento sumaríssimo. 
- Se o crime previsto no Estatuto do Idoso tiver pena máxima superior a quatro anos, é da Competência 
da Vara Comum sendo aplicado o procedimento comum ordinário. 
 
1ª Situação 2ª Situação 3ª Situação 
Crime previsto no Estatuto do 
Idoso com pena máxima não 
superior a 2 anos: é tratado como 
infração de menor potencial 
ofensivo. Logo, será julgado 
pelos Juizados, e terá direito aos 
institutos despenalizadores; 
Crime previsto no Estatuto do 
Idoso com pena máxima 
superior a 2 anos e que não 
ultrapasse os 4 anos: nesse caso, 
aplica-se o art. 94. Logo, o 
delito será da competência do 
Juízo Comum, aplicando-se o 
procedimento comum 
sumaríssimo; 
Crime previsto no Estatuto do 
Idoso com pena máxima 
superior a 4 anos: é da 
competência do Juízo Comum, 
aplicando-se o procedimento 
comum ordinário; 
 
4.4 Acusados com Foro por Prerrogativa de Função. 
 
Na hipótese de acusados com foro por prerrogativa de função serão julgados pelo respectivo Tribunal 
(v.g., Deputado Federal, pelo Supremo Tribunal Federal), sem prejuízo da aplicação dos institutos 
despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro Lima (Legislação Criminal Especial Comentada, pág. 
391,44 2017) “em se tratando de acusados com foro por prerrogativa de função, por mais que a infração 
penal seja considerada de menor potencial ofensivo, subsiste a competência do respectivo Tribunal para 
o processo e julgamento do feito, o que, no entanto, não inibe a incidência dos institutos 
despenalizadores trazidos pela Lei nº 9.099/95, desde que preenchidos os pressupostos legais”. 
 
4.5 Crimes eleitorais 
 
Os crimes eleitorais serão julgados pela Justiça Eleitoral. 
É possível a aplicação da Lei nº 9.099/95. Segundo a doutrina é possível, SALVO para os crimes que 
contam com um sistema punitivo especial (por exemplo, art. 334 do CE). Vejamos: 
 
Código Eleitoral 
 
 
 
 
 
 
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62 
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para 
propaganda ou aliciamento de eleitores: 
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato. 
 
Corroborando ao exposto, Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial Comentada, pág. 391, 
2017) argumenta, “a despeito da impossibilidade de julgamento dos crimes eleitorais perante os Juizados 
Especiais Criminais, haja vista a necessidade de observância da competência da Justiça Eleitoral, tem 
sido admitida a concessão dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95, para as infrações 
penais eleitorais”. 
 
4.6 Instrumento de menor potencial ofensivo 
 
Trazido para o Ordenamento com o advento da Lei nº 13.060 (vigência em 23/12/2014). 
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo 
aqueles 
projetados especificadamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões 
permanentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas. 
 
Refere-se a armas não letais. 
Nesse mesmo contexto, a referida lei dispõe ao teor do art. 2º: 
 
“Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos instrumentos de menor 
potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica 
dos policiais, e deverão obedecer aos seguintes princípios: I – legalidade; II – necessidade e 
III – razoabilidade e proporcionalidade”. 
 
4.7 Violência doméstica e familiar contra a mulher 
A Lei Maria da Penha, ao teor do art. 41 veda a aplicação da Lei nº 9.099/95 em seu âmbito. 
 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/95. 
 
Obs.1: Inobstante o dispositivo falar apenas aos crimes, conferiu-se interpretação extensiva para englobar 
também as contravenções penais (por exemplo, as vias de fato). Assim, segundo o STF a expressão 
“crime” deve ser interpretada extensivamente para abranger as contravenções penais. 
 
 
 
 
 
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Obs.2: Violência doméstica e familiar contra mulher é um conceito exposto ao teor dos arts. 5 e 7º da Lei 
nº 11.340/2006. Vejamos: 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 
ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, 
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição 
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar 
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, 
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica 
e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a 
participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza 
a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, 
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, 
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e 
direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
 
Obs.3: Constitucionalidade da Vedação no âmbito daLei Maria da Penha 
 
ADC 19 e ADI 4.424. Há sim critério razoável para justificar a vedação, qual seja a vulnerabilidade da 
mulher no âmbito familiar. 
Na ocasião, fora determinado ainda que o crime de “lesão leve com violência doméstica e familiar contra 
a mulher é de ação penal pública incondicionada”. 
STF: “(...) AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO 
CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência 
 
 
 
 
 
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64 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações”. (STF, Pleno, ADI 
4.424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
[...] O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a 
mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 
da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que 
coíbam a violência no âmbito das relações familiares”. (STF, Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. 
Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
 
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na 
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Terceira Seção, aprovada em 10/6/2015, DJe 
15/6/2015. 
 
Não são aplicáveis as medidas despenalizadora (transação penal e suspensão condicional do processo) 
quando se trata de violência doméstica e familiar contra a mulher, pois os referidos institutos estão 
previstos na Lei nº 9.099/95. 
Dessa forma, temos que - como a suspensão condicional do processo e a transação penal estão previstas 
na Lei n. 9.099/95, respectivamente nos arts. 89 e 76, não são aplicáveis aos delitos praticados no 
contexto da Lei Maria da Penha, haja vista a vedação constante do art. 41 da Lei n. 11.30/06. 
 
 
Súmula n. 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada”. 
 
A ação penal relativa aos crimes de lesão corporal 
leve, grave e gravíssima praticados no contexto da 
violência doméstica e familiar contra a mulher é 
pública incondicionada. 
A ação penal relativa ao crime de lesão corporal 
culposa é pública condicionada à representação, 
porquanto os crimes culposos não estão 
submetidos à Lei Maria da Penha. 
 
Cumpre destacarmos que, nem todo crime praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra 
a mulher é de ação penal pública incondicionada. Crimes como, por exemplo, o estupro e a ameaça 
dependem de representação, ainda que praticados no contexto da Lei Maria da Penha, já que não há 
nenhum dispositivo legal constante da Lei n. 11.340/06 dispondo que todos os crimes são de ação penal 
pública incondicionada (Renato Brasileiro). 
 
 
 
 
 
 
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4.8 Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher 
 
- Previsão Legal 
 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária 
com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, 
e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as 
normas de organização judiciária. 
 
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as 
varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes 
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta 
Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o 
julgamento das causas referidas no caput. 
 
Embora a lei mencione “Juizados de Violência Doméstica e Familiar”, trata-se em verdade de varas 
especializadas. 
 
Conforme exposto anteriormente, em decorrência da redação do art. 41, da Lei nº 11.340/2006 está 
vedado a aplicação da Lei nº 9.099/95 as hipóteses de violência domésticas, os juizados que são 
mencionados na lei, são verdadeiramente varas especializadas, sendo equivocadamente chamada pelo 
legislador de Juizados de Violência doméstica e familiar. 
 
O STF entendeu que os arts 14 e 33 da Lei Maria da Penha são plenamente constitucionais, é dizer, não 
violam o poder de auto-organização do Judiciário Estadual, porquanto tão somente sugerem a criação 
desses juízos especializados. 
Em alguns Estados da Federação (v.g., DF), a competência cumulativa para processar e julgar as causas 
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher foi outorgada aos próprios Juizados. Nesse 
caso, o juiz competente há de ficar atento ao processo em questão: a) se se tratar de infração de menor 
potencial ofensivo, serão cabíveis os institutos despenalizadores, e o juízo ad quem será a turma recursal; 
b) noutro giro, se se tratar de causa decorrente da violência doméstica e familiar contra a mulher, não 
 
 
 
 
 
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66 
serão cabíveis os institutos despenalizadores, e o juízo ad quem será o Tribunal de Justiça, e não a Turma 
Recursal. 
 
5. Aplicação da Lei nº 9.099/95 na Justiça Militar 
 
É cabível a aplicação da Lei dos Juizados no âmbito da Justiça Militar? Em sua redação original, não havia 
nenhuma vedação. Assim, temos que quando a Lei n. 9.099/95 entrou em vigor, não havia nenhuma restrição 
à aplicação de seus dizeres no âmbito da Justiça Militar. Ocorre que posteriormente, entrou em vigor a Lei 
n. 9.839/99, vedando a aplicação da Lei n. 9.099/95 no âmbito da Justiça Militar. Trata-se de evidente 
exemplo de novatio legis in pejus. Logo, se o crime militar foi praticado antes da vigência da referida Lei, 
continua sendo aplicável a Lei dos Juizados. 
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito a Justiça Militar. 
 
Obs.1: Alguns Ministros do Supremo entendem que o art. 90-A seria inconstitucional em relação aos crimes 
militares cometidos por civis 
 
6. Competência Territorial 
 
A Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais) fixa tal competência com base no local em que a conduta foi 
praticada, de forma diversa ao que prevê o CPP, que fixa a competência territorial com base no local da 
consumação do delito. 
 
Esquematizando: 
Competência Territorial na Lei nº 9.099/95 Competência Territorial no Código de Processo Penal 
Adota o local da conduta: local em que a infração 
foi praticada. 
Art. 63, Lei nº 9.099/95 
Adota o local da consumação. 
Art. 70, CPP. 
Art. 63. A competência do Juizado será determinada 
pelo lugar em que foi praticada a infração penal. 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada 
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no 
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o 
último ato de execução. 
 
7. Termo Circunstanciado 
Alguns denominam de termo circunstanciado de ocorrência. A ideia de celeridade e economia que norteia a 
Lei dos Juizados deve ser buscada na fase judicial, bem como, investigatória. Assim, o termo circunstanciado 
foi pensado para a fase investigatória, substituindo o inquérito policial. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
67 
Segundo Renato Brasileiro, (pág. 404, 2017) o termo circunstanciado trata-se de um relatório sumário da 
infração de menor potencial ofensivo, contendo a identificação das partes envolvidas, a menção à infração 
praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que possibilitem a perfeita individualizaçãodos fatos, a indicação das provas, visando à formação da opinio delicti pelo titular da ação penal. 
 
7.1 Atribuições para a lavratura do Termo Circunstanciado 
 
1ª Corrente: polícia judiciária (civil e federal) e também a polícia militar; (minoritária). 
2ª Corrente: sendo um procedimento investigatório que se assemelha ao inquérito policial, só pode ser 
lavrado pela polícia no exercício da polícia judiciária (policia civil e federal). É a corrente que prevalece. 
 
Por ocasião do julgamento da ADI 3.614, concluiu a Suprema Corte que a lavratura de termos 
circunstanciados pela Polícia Militar caracteriza hipótese de usurpação de atribuições exclusivas da 
Polícia Judiciária, seja ela a Polícia Civil, seja ela a Polícia Federal. (STF, Pleno, ADI 3.614/PR, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, j. 20/09/2007, DJe 147 22/11/2007). Com entendimento semelhante: STF, 1ª Turma, 
RE 702.617 AgR/AM, Rel. Min. Luiz Fux, j. 26/02/2013, DJe 54 20/03/2013. 
 
7.2 Situação de Flagrante em se tratando de Crime de Menor Potencial Ofensivo 
 
Lei n. 9.099/95. Art. 69 (...). Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do 
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele 
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência 
doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, 
domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 
13.5.2002) 
 
Em verdade, quando o parágrafo único do art. 69 declina que não se imporá prisão em flagrante, deve se 
interpretar que não se lavrará auto de prisão em flagrante, o que, no entanto, não significa dizer que o 
indivíduo não possa ser capturado, nem tampouco conduzido coercitivamente. Todavia, se assumir o 
compromisso de comparecer aos Juizados ou a ele comparecer de imediato, a lavratura do APF será 
substituída pela lavratura de um termo circunstanciado. 
Por outro lado, na eventualidade de o indivíduo se recusar a assumir o compromisso de comparecer aos 
Juizados, o auto de prisão em flagrante deve ser lavrado, sem prejuízo, todavia, do arbitramento de fiança 
pelo próprio Delegado de Polícia. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
68 
8. Fase preliminar dos Juizados Especiais Criminais 
Fase preliminar Fase judicial 
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o 
representante do Ministério Público, o autor do fato 
e a vítima e, se possível, o responsável civil, 
acompanhados por seus advogados, o Juiz 
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos 
danos e da aceitação da proposta de aplicação 
imediata de pena não privativa de liberdade. 
 
 
A Lei n. 9.099/95 possui duas fases uma primeira fase, denominada de preliminar, tem o objetivo precípuo 
de buscar a composição dos danos civis e a transação penal; e uma segunda fase terá início com o 
oferecimento da peça acusatória. 
 
8.1 Composição civil dos danos 
 
Nos termos do art. 74, Lei nº 9.099/95; consiste em um acordo celebrado entre o titular da ação penal e 
o autor da infração, que visa reparar o prejuízo causado a vítima. 
Nos casos de ação penal privada e ação condicionada a representação da vítima, a composição civil dos 
danos acarretará em renúncia, com a respectiva extinção da punibilidade (art. 107, do Código Penal). 
 
Lei 9.099/95 - art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada 
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil 
competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública 
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de 
queixa ou representação. 
 
Candidato, é possível a composição civil dos danos nos crimes de ação penal pública incondicionada? 
Excelência, conforme preleciona o art. 74, parágrafo único da Lei nº 9.099/95, de forma expressa 
admite-se a composição dos danos civis nos crimes de ação penal privada e de ação penal pública 
condicionada a representação, acarretando consequentemente a renúncia ao direito de queixa e a 
renúncia ao direito de representação, respectivamente. Não obstante a ausência de previsão expressa 
admitindo a aplicação do referido instituto nos crimes de ação penal pública incondicionada, admite-se 
sim sua incidência, contudo a realização desse acordo em se tratando de ação penal pública 
incondicionada não acarretará a extinção da punibilidade (pela renúncia), podendo eventualmente, se 
preenchidos os requisitos do art. 16 do Código Penal, acarretar a incidência de uma causa de 
diminuição de pena por aplicação do arrependimento posterior. 
Assim, temos: 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
69 
Espécie de Ação Penal Consequência 
Ação penal privada Renúncia “ao direito de queixa” 
Ação penal pública condicionada Renúncia “ao direito de representação” 
Ação penal pública incondicionada Causa de diminuição de pena (se preenchidos os 
requisitos do arrependimento posterior, art. 16 do 
CP). 
 
Esquematizando: 
Ação penal privada Ação penal pública condicionada Ação penal pública incondicionada 
A composição civil dos 
danos acarreta renúncia ao 
direito de queixa. 
A composição civil dos danos 
acarreta renúncia ao direito de 
representação. 
A composição civil dos danos é 
cabível, porém NÃO acarreta 
qualquer renúncia/benefício. Se 
presentes os requisitos do art.16 do 
CP, podemos aplicar o instituto do 
arrependimento posterior, sendo 
causa de diminuição da pena. 
 
 
8.2 Oferecimento da Representação 
 
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade 
de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência 
do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei (CPP, art. 38. 6 meses a contar do 
conhecimento da autoria). 
 
Na hipótese de insucesso da fase preliminar, haverá o oferecimento da peça acusatória. 
 
8.3 Transação Penal 
 
Trata-se de um dos institutos despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais. 
8.3.1 Conceito 
A transação penal é um acordo celebrado entre o titular da ação penal e o autor do fato delituoso, assistido 
por seu defensor, e pelo menos em regra antes do início do processo (momento), cujo objetivo é a 
aplicação imediata da pena restritiva de direitos ou multa, evitando-se assim a instauração de um processo 
penal. 
Trata-se de uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade (presentes as condições da ação penal e 
havendo justa causa o titular da ação penal – MP, é obrigado a oferecer denúncia): princípio da 
discricionariedade regrada. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
70 
Lei 9099/95. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 
§1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a 
metade. 
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de 
liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação 
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
§ 3º Aceita a proposta pelo autorda infração e seu defensor, será submetida à apreciação do 
Juiz. 
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará 
a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada 
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta 
Lei. 
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de 
antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos 
civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 
 
Cumpre destacarmos que, a transação penal não gera reincidência, a doutrina diz que esse instituto é 
baseado no Direito Italiano no chamado nolo contendere (não quero discutir). Ela também não gera 
efeitos civis por não ser uma sentença condenatória. 
 
8.3.2 Requisitos 
a. Infração de menor potencial ofensivo: contravenção e crimes com pena máxima não superior a dois 
anos, cumulada ou não com multa, com ressalva da Lei Maria da Penha. 
 
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na 
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Terceira Seção, aprovada em 10/6/2015, DJe 
15/6/2015. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
71 
b. Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado; 
c. Não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por 
sentença definitiva; 
A lei dos Juizados veda a concessão da transação se o indivíduo tiver sido: 
 - Condenado por sentença definitiva; 
Essa é uma sentença transitada em julgada. 
 - Pela prática de crime; 
Atenção, pois é permitida a transação no caso de condenação por contravenção penal. 
- A pena privativa de liberdade 
Atenção, pois condenação a uma pena restritiva de direitos ou multa não é óbice à transação 
penal. 
d. Não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, pela transação penal; 
e. Antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do delito 
favoráveis ao agente; 
f. Reparação do dano ambiental nos crimes ambientais;* esse requisito para a transação penal é necessário 
nos crimes ambientais; 
Art. 27 da Lei 9.605/98. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, 
de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia 
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de 
comprovada impossibilidade. 
 
8.4 Legitimidade para oferecimento da proposta de transação 
 
Inicialmente, cumpre destacarmos que a transação penal não pode ser concedida ex officio pelo juiz. 
É cabível não apenas nos crimes de ação penal pública (condicionada e incondicionada), como também 
nos crimes de ação penal privada. 
Se o crime é de ação penal pública a legitimidade é do Ministério Público, titular da ação, nos moldes do 
art. 129, I, da Constituição. 
Por outro lado, em sendo crime de ação penal privada: 
1ª Corrente: MP. 
FONAJE – Enunciado 112: não ação penal de iniciativa privada, cabem transação penal e a suspensão 
condicional do processo, mediante proposta do Ministério Público (XXVII Encontro, Palmas/TO). 
2ª Corrente: A legitimidade é do querelante, posto ser ele o titular da ação penal de iniciativa privada. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
72 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA. 
TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE 
DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA 
ACUSATÓRIA. 
I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito 
público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes 
desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal). 
II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações 
penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o 
silêncio do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal. 
III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas, assenta- 
se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o seu implemento 
requer o mútuo consentimento das partes. 
IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor, 
exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou 
vilipêndio de alguém. 
V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho Deliberativo 
evidenciam, em juízo de prelibação, que houve, para além do mero animus criticandi, conduta 
que, aparentemente, se amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código Penal, o que, por 
conseguinte, justifica o prosseguimento da ação penal. 
Queixa recebida. 
(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/03/2012, 
DJe 03/04/2012). 
 
8.5 Recusa Injustificada por parte do titular da ação penal em oferecer a proposta da transação penal 
 
a. Por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada: nesse caso, não há nada a ser feito. 
b. Por parte do Ministério Público nos crimes de ação pública: aplicar-se-á o entendimento exposto ao 
teor da súmula 696 do STF. 
 
 
Súmula 696 do STF: reunidos os pressupostos legais permissivo da suspensão condicional do processo 
(também vale para a Transação Penal), mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, 
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de 
Processo Penal. 
 
8.6 Momento para o Oferecimento da proposta da Transação Penal 
 
Em regra, a transação penal é apresentada para o autor do delito antes do oferecimento da peça acusatória 
(fase preliminar). Em situações excepcionais, a transação penal e a suspensão também podem ser 
concedidas durante o processo. 
Dessa forma, temos que em regra, deve ser oferecida “antes do início do processo”. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
73 
Porém, nada impede a concessão do benefício durante o curso do processo, seja nos casos de 
desclassificação, seja nos casos de procedência parcial. 
 
 
Súmula 337 do STJ: é cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na 
procedência parcial da pretensão punitiva. 
 
8.7 Descumprimento Injustificado do Acordo de Homologação de Transação Penal. 
 
1ª Corrente 2ª Corrente 
- ajuizamento de ação de obrigação de fazer 
visando compelir o individuo a cumprir o acordo 
homologado. 
- retorna ao status a quo. 
 
Ainda que homologado, o referido acordo NÃO FAZ COISA JULGADA MATERIAL. 
Se o acordo for descumprido, o feito retornará ao status quo, ou seja, o processo retoma, e a partir de 
então poderá ser instaurado o inquérito policial, bem como, oferecida denúncia. 
 
 
Súmula vinculante nº 35: A homologação de transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 
não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, 
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de 
denúncia ou requisição de inquérito policial. 
 
9. Analise do procedimento comum sumaríssimo dos Juizados 
9.1 Peça acusatória 
No âmbito dos Juizados Especiais Criminais a peça acusatória pode ser apresentada por escrita e também 
oralmente. 
Assim: 
- por escrito; 
- oralmente. 
Lei 9.099/95, Art. 77. Na açãopenal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de 
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver 
necessidade de diligências imprescindíveis 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
74 
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência 
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame 
do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou 
prova equivalente. 
 
Obs.1: para alguns doutrinadores o exame do corpo de delito será dispensado para apresentação da peça 
acusatória. Já outros doutrinadores, entende que é dispensável também para apresentar a peça acusatória 
quanto no momento da sentença, desde que a materialidade possa ser comprovada por boletim médico 
(essa posição é minoritária). 
 
9.2 Citação 
No âmbito do JECRIM não se admite a citação por edital, posto que é incompatível com a celeridade 
prevista para os processos de competência dos Juizados, em observância aos princípios orientadores da 
lei, quais sejam, princípio da simplicidade, celeridade processual e economia processual. 
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por 
mandado. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o juiz encaminhará as 
peças existentes ao 
juízo comum para adoção dos procedimentos previstos em lei. 
Dessa forma, temos que no âmbito dos Juizados Especiais Criminais a No âmbito dos Juizados Especiais 
Criminais a citação é PESSOAL, não se admitindo a citação por edital – por ser incompatível com a 
celeridade e economia processual, de igual modo, não é cabível a citação por carta rogatória. Admite-se, 
todavia, a citação por hora certa. 
FONAJE - ENUNCIADO 110: no Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa (XXV 
Encontro – São Luís/MA). 
 
9.3 Defesa preliminar 
Alguns doutrinadores denominam de resposta preliminar. Inicialmente, essa defesa preliminar não se 
encontra presente em todos os procedimentos, funcionando como uma espécie de contraditório prévio ao 
juízo de admissibilidade da peça acusatória. 
Momento: apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça acusatória. 
O art. 81 da Lei dos Juizados confere à defesa a oportunidade de se manifestar oralmente antes de haver 
o recebimento da peça acusatória. Há previsão legal, portanto, de defesa preliminar oral no procedimento 
sumaríssimo dos Juizados. 
Trata-se da reação defensiva à acusação apresentada pela defesa técnica entre o oferecimento e o 
recebimento da peça acusatória. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
75 
A defesa preliminar não se encontra prevista no procedimento comum ordinário. 
Candidato, qual a consequência da inobservância da defesa preliminar? Excelência, a sua inobservância 
é causa de nulidade relativa, a qual 
a) Depende de comprovação do prejuízo; 
b) arguição oportuna sob pena de preclusão. 
 
Previsão Legal: 
Lei 9.099/95, Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à 
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, 
serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o 
acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. 
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o 
Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. 
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, 
contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. 
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. 
 
9.4 (Des)necessidade de Resposta à acusação 
 
É apresentada depois do recebimento da peça acusatória. 
Segundo Renato Brasileiro, a resposta à acusação é o nome que se dá a uma peça apresentada pela defesa 
(CPP, 396-A). O seu momento de apresentação ocorre depois do recebimento da peça acusatória. 
Momento: depois do recebimento da peça acusatória. 
 
CPP, Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o 
juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para 
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
A defesa deve concentrar todas suas teses de argumentativas na defesa preliminar. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro Lima (Legislação Criminal Especial Comentada, 2017), “o 
art. 81 da Lei dos Juizados confere à defesa a oportunidade de se manifestar oralmente antes de haver o 
recebimento da peça acusatória. Há previsão legal, portanto, da defesa preliminar oral no procedimento 
sumaríssimo dos Juizados”. 
Obs.1: NÃO há necessidade de apresentar resposta à acusação no âmbito dos Juizados Especiais, pois 
todas as teses defensivas devem ser concentradas na defesa preliminar. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
76 
9.5 Possibilidade de absolvição sumária 
 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá 
absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). IV 
- extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Art. 394 (...) §4º. As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos 
penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. 
 
Candidato, a absolvição sumária é cabível no âmbito dos juizados? Excelência, o art. 397 que prevê a 
absolvição sumária é aplicado a todos os procedimentos penais de 1º grau mesmo que não regulado no 
CPP. Com isso a doutrina vem sustentando que esse instituto também é aplicável no âmbito dos juizados. 
Dessa forma, concluímos ser possível a absolvição sumária ainda que no âmbito dos Juizados Especiais. 
 
 
10. Sistema Recursal no âmbito dos Juizados Especiais 
10.1 Turma Recursal 
A Turma recursal é formada por três juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição. 
 
Art. 98 da CF, A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a 
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações 
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, 
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas 
de juízes de primeiro grau; 
 
Nessa turma recursal é vedada a participação do magistrado que prolatou a decisão. 
A turma recursal funciona como juízo ad quem exclusivamente dos Juizados Especiais Criminais. 
 
 
10.2 Apelação nos Juizados 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
77 
10.2.1 Cabimento da Apelação no âmbito dos Juizados Especiais Criminais 
1ª Da sentença de homologação da transação penal; (art. 76, §5º). 
2ª Da rejeição da peça acusatória; 
3ª Da sentença condenatória ou absolutória; 
 
10.2.2 Prazo 
Na Lei dos Juizados Especiais Criminais o prazoé de 10 dias, diferente do CPP que o prazo é de 
5 dias. 
No âmbito do Juizado No âmbito do CPP 
10 dias 5 dias 
 
10.2.3 Apresentação em “separado” 
Deve em petição única conjugar a interposição do recurso com as razões recursais. Assim, temos 
que nos juizados a petição de interposição já deve estar acompanhada das razões recursais. 
 
10.2.4 Previsão Legal 
 
Art. 82 da Lei 9.099/95 - Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá 
apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três juízes em exercício no primeiro grau 
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§1º A apelação será interposta no prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença pelo 
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o 
pedido do recorrente. 
 
10.2.5 Esquematizando 
 
Apelação no JECRIM Apelação no CPP 
Prazo: 10 dias Prazo: 05 dias 
A petição de interposição já deve estar 
acompanhada das razões recursais. 
A petição de interposição é apresentada no 
prazo de 5 dias e as razões recursais são 
apresentadas em 08 dias. 
 
10.3 Embargos de Declaração 
 
Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver 
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. 
1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco 
dias, contados da ciência da decisão. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
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ATENÇÃO! No CPP o prazo é de 2 dias. 
§ 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso. 
(Redação dada pelo Novo CPC). 
Obs.1: O Art. 1.066 do Novo Código de Processo Civil altera o caput do art. 83, da Lei dos 
Juizados de modo que passará os embargos a INTERROMPER o prazo para recurso, e não 
mais suspender. 
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. 
 
10.4 Recurso Extraordinário e Especial 
 
Recurso extraordinário Recurso especial 
É cabível contra decisões das turmas recursais. NÃO é cabível. 
 
Cabe a interposição de recurso extraordinário, mas não cabe recurso especial. 
 
CF, art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição Federal, cabendo-lhe: (...) III – julgar, mediante recurso extraordinário, as 
causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: (...) 
 
A Constituição Federal, ao tratar do recurso extraordinário, não exige que esta decisão tenha sido 
proferida por um Tribunal de Justiça ou por um Tribunal Regional Federal. Diante disse, o Recurso 
Extraordinário é cabível contra decisões das turmas recursais, desde que preenchidos todos os requisitos 
(prequestionamento, repercussão geral, etc.). Corroborando ainda, a Súmula 640. Vejamos: 
 
Súmula 640: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas 
causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal. 
 
CF, art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) 
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas em única ou última instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando a decisão recorrida: 
 
Por outro lado, não se admite Recurso Especial contra decisões proferidas pelas turmas recursais, 
porquanto não podem ser tratados como Tribunais. 
 
Súmula 203 do STJ: não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos 
juizados especiais. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
79 
 
10.5 Habeas Corpus 
É cabível desde que haja risco de liberdade de locomoção. Assim, se não houver risco não se admite o 
HC. 
 
 
Súmula 693 do STF: não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo 
a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
 
Cumpre recordarmos o teor do art. 51 do CP, que prevê que a pena de multa não paga será considerada 
dívida de valor, é dizer, não poderá ser convertida em prisão. 
 
Nos feitos regidos pela Lei n° 9.099/95, a competência para o processo e julgamento de habeas corpus 
contra decisão singular de Juiz do Juizado Especial Criminal é da turma recursal e não do Tribunal de 
Justiça. 
 
Antes o Supremo era o competente para apreciar esse habeas corpus. 
Súmula n. 690 do STF: “Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas 
corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais”. 
Em 2006 o Supremo alterou seu entendimento acerca do assunto. Vejamos o entendimento atual: 
 
COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - DEFINIÇÃO. A competência para o julgamento 
do habeas corpus é definida pelos envolvidos - paciente e impetrante. COMPETÊNCIA - 
HABEAS CORPUS - ATO DE TURMA RECURSAL. COMPETÊNCIA - HABEAS 
CORPUS - 
LIMINAR. Uma vez ocorrida a declinação da competência, cumpre preservar o quadro 
decisório decorrente do deferimento de medida acauteladora, ficando a manutenção, ou não, 
a critério do órgão competente. 
(HC 86834, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/08/2006, 
DJ 09-03-2007 PP-00026 EMENT VOL-02267-02 PP-00242 RJSP v. 55, n.354, 2007, p. 
175-184 LEXSTF v. 29, n. 341, 2007, p. 350-365). 
 
Dessa forma, atualmente a resposta mais coerente é a de quem apreciará o habeas corpus é o TJ ou TRF, 
a depender da espécie da Turma Recursal. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
80 
10.6 Mandado de Segurança 
Candidato, quem apreciará o MS contra o Juiz? Excelência, é a Turma Recursal. Sendo a Turma 
Recursal a parte coatora quem apreciará o MS é a própria Turma Recursal. A maioria entende que nesse 
caso aplica-se o mesmo raciocínio contido no art. 21, VI, da LC 35/79. 
 
 
Súmula 376 do STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de 
juizado especial. 
 
10.7 Revisão Criminal 
No âmbito civil, não cabe ação rescisória. Nesse sentido, o art. 59. 
Art. 59 da Lei 9.099/95 - Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento 
instituído por esta Lei. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial Comentada, 2017) “apesar da ausência 
de expressa previsão legal, mostra-se cabível a revisão criminal no âmbito dos Juizados Especiais, 
decorrência lógica da garantia constitucional da ampla defesa, notadamente quando a legislação ordinária 
vedou apenas a ação rescisória, de natureza processual cível (Lei n° 9.099/95, art. 59)”. 
 
STJ: 1. Apesar da ausência de expressa previsão legal, mostra-se cabível a revisão 
criminal no âmbito dos Juizados Especiais, decorrência lógica da garantia constitucional da 
ampla defesa, notadamente quando a legislação ordinária vedou apenas a ação rescisória, de 
natureza processual cível. 
2. É manifesta a incompetência do Tribunal de Justiça para tomar conhecimento de 
revisão criminal ajuizada contra decisum oriundo dos Juizados Especiais. 
3. A falta de previsão legal específica para o processamento da ação revisional perante o 
Colegiado Recursal não impede seu ajuizamento, cabendo à espécie a utilização subsidiária 
dos ditames previstos no Código de Processo Penal. 
4. Caso a composição da Turma Recursal impossibilite a perfeita obediência aos 
dispositivos legais atinentes à espécie, mostra-se viável, em tese, a convocação dos 
magistrados suplentes para tomar parte no julgamento, solucionando-se a controvérsia e, 
principalmente, resguardando-se o direito do agente de ver julgada sua ação revisional. 
5. Competência da Turma Recursal. (CC 47.718/RS, Rel. Ministra JANE SILVA 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
13/08/2008, DJe 26/08/2008). 
 
10.8Conflito de competência entre Juizados Especiais Criminais e Juízo Comum 
 
É um procedimento de natureza incidental que visa dirimir a competência entre dois ou mais juízos. 
 
a) Juiz do Jecrim estadual em conflito com um Juiz de uma vara criminal estadual 
 
 
 
 
 
 
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81 
Em m primeiro momento prevaleceu a ideia de que esse conflito deveria ser dirimido pelo STJ. Existia 
até uma súmula a respeito disso, hoje já cancelada. 
 
Súmula 348 do STJ: Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre 
juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma seção judiciária. (CANCELADA) 
 
O STJ elaborou outra Súmula, a de número 428, dizendo que compete o TRF (ou TJ) decidir os conflitos. 
 
 
Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre 
juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. 
 
11. Suspensão condicional do Processo 
11.1 Previsão Legal 
 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, 
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor 
a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo 
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a 
denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as 
seguintes condições: 
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar 
determinados lugares; 
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. 
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde 
que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado 
por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, 
por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em 
seus ulteriores termos. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
82 
 
11.2 Requisitos 
11.2.1 Crime (ou contravenção penais) com pena mínima igual ou inferior a 1 ano; 
Obs.1: A lei apenas fala em crime, mas o entendimento hoje é que a suspensão condicional do 
processo também é cabível quando se trata de contravenção penal, haja vista que contravenção 
penal é ainda menos grave que o crime. O que é considerado é a pena MÍNIMA, ainda que não 
sujeitos aos juizados, não é um benefício exclusivo do Juizado Especial Criminal. 
 
Obs.2: atenção para os crimes com pena de multa cominada de maneira alternativa. 
Ex.: Lei 8.137/90, Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: 
(...) Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
 
O STF e o STJ entendem que se a pena de multa vier cominada de maneira alternativa será cabível 
a suspensão condicional do processo ainda que a pena mínima privativa de liberdade seja superior 
a 1 ano. 
 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Crime contra relações de consumo. Pena. Previsão alternativa de 
multa. Suspensão condicional do processo. Admissibilidade. Recusa de proposta pelo Ministério 
Público. Constrangimento ilegal caracterizado. HC concedido para que o MP examine os demais 
requisitos da medida. Interpretação do art. 89 da Lei nº 9.099/95. Quando para o crime seja 
prevista, alternativamente, pena de multa, que é menos gravosa do que qualquer pena privativa 
de liberdade ou restritiva de direito, tem-se por satisfeito um dos requisitos legais para a suspensão 
condicional do processo. (HC 83926, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, 
julgado em 07/08/2007, DJe-101 DIVULG 13-09-2007 PUBLIC 14-09-2007 DJ 14-09-2007 PP-
00085 EMENT VOL-02289-02 PP-00307 RTJ VOL-00204-02 PP-00737 RT v. 97, n. 867, 2008, 
p. 525-528 REVJMG v. 58, n. 181, 2007, p. 553-556). 
 
Obs.3: Concurso de crimes 
 
Súmula 723 do STF: não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, 
se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior 
a um ano. 
 
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às 
infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
83 
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, 
ultrapassar o limite de um (01) ano. 
 
11.2.2 Não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime 
11.2.3 Presença dos demais requisitos que autorizam a suspensão 
 
CP. Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser 
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os 
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
11.3 Momento para o Oferecimento 
 
Súmula 696 do STF: reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, 
mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-
geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do código de processo penal. 
 
11.4 Condições da Suspensão Condicional do Processo 
 
A lei trata de algumas condições que são obrigatórias e outras que são facultativas. 
A Jurisprudência vem entendendo que é possível impor penas restritivas de direito no lugar de “outras 
condições”. Nesse sentido, vejamos a decisão do STJ. 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 
AMEAÇA. 
LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO. DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS DURANTE O 
PERÍODO DE PROVA. FATO OCORRIDO DURANTE SUA VIGÊNCIA. 
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO MESMO QUE ULTRAPASSADO O PRAZO LEGAL. 
ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES JUDICIAIS EQUIVALENTES A SANÇÕES 
PENAIS. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. 
1. Recurso especial processado sob o regime previsto no art. 543-C, § 2º, do CPC, c/c o 
art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ. 
PRIMEIRA TESE: Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da 
suspensão condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já 
ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
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SEGUNDA TESE: Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade 
judicial disposta no art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, obrigações equivalentes, do ponto 
de vista prático, a sanções penais (tais como a prestação de serviços comunitários ou a 
prestação pecuniária), mas que,para os fins do sursis processual, se apresentam tão 
somente como condições para sua incidência. 
2. Da exegese do § 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 ("a suspensão poderá ser revogada 
se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir 
qualquer outra condição imposta), constata-se ser viável a revogação da suspensão 
condicional do processo ante o descumprimento, durante o período de prova, de condição 
imposta, mesmo após o fim do prazo legal. 
3. A jurisprudência de ambas as Turmas do STJ e do STF é firme em assinalar que o 
§ 2º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 não veda a imposição de outras condições, desde que 
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
4. Recurso especial representativo de controvérsia provido para, reconhecendo a violação 
do art. 89, §§ 1º, 2º, 4º e 5º da Lei n. 9.099/1995, afastar a decisão de extinção da 
punibilidade do recorrido, com o prosseguimento da Ação Penal n. 0037452-
56.2008.8.21.0017. 
(REsp 1498034/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, 
julgado em 25/11/2015, DJe 02/12/2015). 
 
11.5 Revogação da Suspensão 
 
Art. 89. 
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro 
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por 
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 
 
11.5.1 Revogação obrigatória 
11.5.2 Revogação facultativa 
 
Revogação obrigatória Revogação facultativa 
Se o acusado vier a ser processado por outro 
CRIME. 
Se o acusado vier a ser processado, no curso do 
prazo, por CONTRAVENÇÃO. 
Se o acusado não efetuar a REPARAÇÃO DO 
DANO, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
Se o acusado descumprir qualquer OUTRA 
CONDIÇÃO IMPOSTA. 
 
 
11.6 Extinção da Punibilidade 
A suspensão é concedida de 2 a 4 anos. Mas o decurso prazo extingue a punibilidade? Os tribunais entendem 
que, ainda que expirado o período de prova, caso seja descoberto que não cumpriu as condições durante esse 
período o benefício poderá ser revogado. 
 
 
 
 
 
 
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STJ: (...) Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da suspensão 
condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já ultrapassado o prazo 
legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência (STJ, 3ª Seção, Resp 
1.498.034). 
 
11.7 Suspensão Condicional do Processo em Crimes Ambientais 
Lei 9.605/98, Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes 
modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no 
caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a 
impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, 
o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo 
referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; 
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 
1° do artigo mencionado no caput; 
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação 
de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente 
prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, 
observado o disposto no inciso III; 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade 
dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências 
necessárias à reparação integral do dano. 
 
Dos Informativos: Juizados Especiais Criminais 
 
 
Em caso de transação penal, não se aplicam os efeitos do art. 91 do CP 
 
 
As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença condenatória. Tal não 
ocorre, portanto, quando há transação penal, cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre 
a responsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas 
estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo. STF. Plenário. RE 795567/PR, Rel. Min. Teori 
Zavascki, julgado em 28/5/2015 (Info 787). 
 
Homologação da transação penal não faz coisa julgada material 
 
 
Súmula vinculante 35-STF: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada 
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade 
da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. STF. Plenário. Aprovada em 
16/10/2014. 
 
 
 
 
 
 
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86 
LEI DE DROGAS 
Lei nº 11.343/2006 
 
1. Introdução 
Atualmente, encontra-se vigente no Ordenamento Jurídico Brasileiro regulamentando o tráfico de drogas, 
bem como, o tratamento para o usuário, a Lei n.º 11.343/2006. Ano passado, a referida legislação completou 
dez anos de vigência da “nova” Lei de Drogas (o que pode ocasionar uma incidência ainda maior de cobrança 
da lei objeto em estudo nos certames). 
A Lei é do final de 2006, e revogou expressamente a lei de drogas antiga (Lei n. 6.368/1976 e 10.409/2002). 
Para tratar do tema de Drogas, antes da edição da Lei nº 11.343 de 2006, tínhamos duas legislações distintas, 
uma que tratava do regramento quanto aos crimes (tipificação das condutas) e outra sobre o procedimento 
(lei penal e lei procedimental), hoje toda a matéria envolvendo drogas, seja a parte penal ou a parte 
investigatória e procedimental estão na Lei nº 11.343/2006. 
 
A legislação que trata sobre o regramento das drogas é a Lei nº 11.343/2006. 
Atualmente, todo tratamento da matéria encontra-se prevista na Lei nº 11.343/2006 que revogou 
expressamente as Leis nº 6.368/76 e 10.409/2002. 
 
1.1 Aspectos da “Nova” Lei de Drogas 
 
- Criação do SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. 
- Substituição da expressão substâncias entorpecentes por drogas. 
- Tratamento mais rigoroso ao traficante e mais “benéfico” ao usuário: 
A nova lei dá um tratamento mais rigoroso ao traficante e um tratamento mais brando ao usuário, 
isto porque a Lei de drogas antiga permitia a prisão do usuário, a pena tinha até 03 anos. 
Em sentido oposto, com a atual lei de drogas, o usuário não pode mais ser preso. A 
descarcerização do usuário é um grande benefício trazido pela nova Lei (Art. 28, Lei nº 11.343/2006). 
 Não há para o usuário pena privativa de liberdade! 
E quais são as penas aplicadas ao usuário? Nos termos do art. 28, temos as seguintes: 
Penas para o Usuário (Art. 28, Lei nº 11.343/2006) 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
87 
Em caso de descumprimento, o juiz aplicará medidas sancionatórias, e quais são elas? 
Admoestação verbal e multa. 
Destaca-se ainda que, não cabe a prisão cautelar para o usuário, isso porque não permite sequer 
de modo definitivo ao término da demanda processual. 
Não cabe Prisão em Flagrante (2ª fase do flagrante). 
Por outro lado, para o traficante, todavia, o tratamento foi recrudescido - a pena mínima, por 
exemplo, foi aumentada. O tratamentodado ao traficante na nova Lei de Drogas era tão rigoroso que o 
Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade de algumas afirmações, as quais tinham 
por base a vedação em abstrato de determinados benefícios. 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 
2015) “o art. 1 ° da Lei n° 11.343/06 deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é conferir 
tratamento jurídico diverso ao usuário e ao traficante de drogas. Sob a premissa de que a pena privativa 
de liberdade em nada contribui para o problema social do uso indevido de drogas, o qual deve ser 
encarado como um problema de saúde pública - e não “de polícia" -, a Lei n° 11.343/06 inovou em 
relação à legislação pretérita, abolindo a possibilidade de aplicação de tal espécie de pena ao crime de 
porte de drogas para consumo pessoal. (...) Em outra vertente, a repressão à produção não autorizada 
e ao tráfico de drogas é objeto de um Título autônomo (Título IV), no qual a Lei de Drogas não apenas 
tipifica os crimes relativos ao tráfico, como também estabelece um procedimento especial e dispõe sobre 
a apreensão, arrecadação e destinação de bens do acusado”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
O bem jurídico protegido pela lei penal nos crimes da lei de drogas é a saúde pública. Os crimes da lei de 
drogas são crimes contra a saúde pública. 
 
3. Objeto Material 
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Nesse sentido, o objeto 
material nos crimes da lei de drogas é a droga. Nessa perspectiva, proclama o art. 1º, parágrafo único da Lei 
nº 11.343/2006. 
Art. 1º. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias 
ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados 
em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
Droga: 
- Substância ou produto capaz de causar uma dependência física ou psíquica; 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
88 
- é preciso ainda que essa substância esteja prevista como droga, seja em um Lei ou Ato Normativo. 
 
E qual a definição de Drogas? 
Trata-se de uma normal penal em branco. Trata-se de uma lei penal incriminadora cujo preceito primário é 
incompleto, ou seja, a definição do crime precisa de um complemento. 
As definições dos crimes constituem uma norma penal em branco. 
- Norma penal em branco é uma norma penal incriminadora cujo preceito primário é incompleto. 
- Norma penal incriminadora é aquela que tem dois preceitos: preceito primário (define a conduta criminosa) 
e preceito secundário (comina a respectiva sanção penal). 
A norma penal em branco é aquela em que o preceito primário é incompleto – a definição da conduta 
criminosa é incompleta. Binding dizia que “a norma penal em branco são corpos errantes em busca de uma 
alma”. É preciso complementar a definição da conduta para poder identificar o que é a conduta criminosa. 
 
Candidato, os crimes da Lei de Drogas estão previstos em qual espécie de norma penal em branco? 
Excelência, os crimes da Lei de Drogas conforme se pode extrair da redação do parágrafo único do art. 1º da 
Lei nº 11.343/2006, tanto podem vim a serem complementados por uma Lei (e nesse caso, seria classificado 
nessa hipótese como uma norma penal em branco homogênea) como também por Ato Administrativo (e nesse 
caso a norma penal em branco é heterogênea), inobstante essa dupla possibilidade, atualmente em nosso 
ordenamento jurídico os crimes previstos na lei de drogas estão contidos em norma penal em branco 
heterogênea pois a norma que complementa a legislação vem descrita em ato administrativo da União. Assim, 
contemplamos que quem define conduta criminosa é a Lei, mas o complemento é dado pela Portaria da Anvisa 
(vai definir qual substancia é droga) – a ANVISA é uma agência do Poder Executivo da União. 
Dessa forma, por ser a fonte de complemento uma portaria, fala-se que a é uma norma penal em branco 
heterogênea, isto porque o complemento estiver definido em ato infralegal. 
Na Lei de Drogas, a norma penal em branco é heterogênea, isto porque o complemento é dado por ato 
infralegal – Portaria da ANVISA. 
Esquematizando: 
Normal Penal em Branco 
Heterogênea Homogênea 
Quando o complemento estiver definido em ato 
infralegal. 
Quando o complemento estiver definido em lei. 
(Divide-se em homóloga – mesma lei - ou heteróloga 
– lei distinta). 
 
Obs.1: Os crimes da lei de drogas exigem o exame químico-toxicológico para comprovar a materialidade do 
crime. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
89 
4. Sujeito Ativo 
Em regra geral, os crimes da lei de drogas são crimes comuns ou gerais, que significa que podem ser 
praticados por quaisquer pessoas, não exigem qualidade especial do agente. Contudo, temos uma exceção 
prevista ao teor do art. 38 da Lei nº 11.343/2006, que é classificado como crime próprio ou especial (exige 
qualidade especial do agente). 
 
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, 
ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria 
profissional a que pertença o agente. 
 
 No tocante ao verbo do tipo “prescrever”, entendimento já consolidado afirma ser crime próprio, pois 
se exige a qualidade especial do agente de “médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem”. 
Apenas profissional da saúde é quem pode prescrever. 
 
5. Sujeito Passivo 
O sujeito passivo é a coletividade. Os crimes da lei de drogas são classificados como crimes vagos. Entende-
se por crime vago aquele que tem como sujeito passivo um ente destituído de personalidade jurídica. 
 
6. Elemento subjetivo 
Os crimes da lei de drogas são crimes dolosos, sendo essa a regra. Contudo, o art. 38 prevê uma modalidade 
culposa. Assim, temos: 
Regra geral: são crimes dolosos. 
Exceção: crime culposo (art. 38, da Lei nº 11.343/2006). 
 
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, 
ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria 
profissional a que pertença o agente. 
 
7. Crimes de perigo abstrato 
Os crimes da lei de drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da conduta prevista em lei acarreta na 
presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo prova em contrário. ] 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
90 
Exceção: 
Entretanto, no crime do art. 39 da Lei de Drogas, há um crime de perigo concreto: não basta conduzir a 
embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja efetivamente a exposição da incolumidade de 
outrem a um perigo concreto, real, efetivo. 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2017) “Na 
redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de embarcação ou aeronave após 
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Como se pode notar, a situação 
de perigo presumida pelo legislador está inserida no próprio tipo penal. Logo, trata-se de crime de perigo 
concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática deste crime sem que a acusação comprove que aincolumidade pública foi efetivamente colocada em situação de risco”. 
 
8. Ação penal 
Em todos os crimes da lei de drogas a ação penal é pública incondicionada. 
 
9. Princípio da insignificância 
Candidato, é possível aplicar o princípio da insignificância nos crimes previstos na lei de drogas? 
Excelência, no crime de tráfico de drogas a incidência do princípio da insignificância é incompatível com a 
natureza hediondez do referido delito (crime de máximo potencial ofensivo), afastando a possibilidade de 
aplicação do princípio. Por outro lado, no tocante ao crime de porte de drogas para consumo pessoal (art. 
28), os Tribunais já têm se manifestado pela impossibilidade de aplicação do princípio. Contudo, o STF tem 
precedente isolado admitindo. Vejamos 
 
INFORMATIVO 541, STJ. 
LEI DE DROGAS: Não se aplica o princípio da insignificância para a posse/porte de droga. 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para consumo pessoal 
(art. 28 da Lei nº 11.343/2006). Para a jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte 
de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância, ainda que ínfima 
a quantidade de droga apreendida. STJ. 6ª Turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado 
em 20/5/2014 (Info 541). 
 
Atenção! Porte de Droga para Consumo Pessoal x Princípio da Insignificância! 
 
Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio, é possível aplicar 
o princípio da insignificância? 
 
STJ: não é possível aplicar o princípio da insignificância 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
91 
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para 
consumo pessoal (art. 28 da Lei n° 11-343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de 
droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da 
insignificância (STJ. 6• Turma. RHC 35-920-DF, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
2o/5f2014.lnfo 541) . 
 
STF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475, Rei. Min. Dias 
Toffoli,julgado em 14/02/2012. 
 
 
Obs.: se esse tema for cobrado em prova, você deverá responder que NÃO é possível a aplicação do princípio, 
uma vez que o referido precedente da 1ª Turma do STF não formou jurisprudência. 
 
Assim: 
 
STF STJ 
Em regra, não admite. Admitiu de forma 
excepcional. 
Não admite. 
STF: “Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª 
Turma concedeu habeas corpus para trancar 
procedimento penal instaurado contra o réu e 
invalidar todos os atos processuais, desde a 
denúncia até a condenação, por ausência de 
tipicidade material da conduta imputada. No caso, o 
paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, 
caput, da Lei 11.343/2006, à pena de 3 meses e 15 
dias de prestação de serviços à comunidade por 
portar 0,6 g de maconha” (HC 110.475/SC, rel. Min. 
Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 14.02.2012, noticiado no 
Informativo 655). 
STJ: “Não é possível afastar a tipicidade material do 
porte de substância entorpecente para consumo 
próprio com base no princípio da insignificância, 
ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida” 
(RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
6ª Turma, j. 20.05.2014, noticiado no Informativo 
541). 
 
 
10. Porte e cultivo para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006) 
Parte criminal da Lei de Drogas inicia-se no artigo 28 (Dos Crimes e Das Penas). Os artigos anteriores tratam 
de Política Criminal – não é matéria penal em sentido estrito. 
 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I – advertência sobre os efeitos das drogas; 
II – prestação de serviços à comunidade; 
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
10.1 Sujeitos do Crime; Objeto Jurídico; Núcleo do tipo e Tentativa 
a) Sujeitos 
 
 
 
 
 
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a.1) Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum (aquele que pode ser praticado 
por qualquer pessoa, não exige qualidade especial do agente). 
Obs.: No tráfico (art. 33), na modalidade prescrever e ministrar, o delito é classificado como 
crime próprio (porque exige qualidade especial do agente). 
a.2) Sujeito Passivo 
Direto (imediato|evetual): é o titular do bem jurídico, é a coletividade. 
Indireto (mediato| constante) é o Estado. É denominado de constante porque nunca muda. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 2015) “o 
crime de porte de drogas para consumo pessoal pode ser praticado por qualquer pessoa. Como se trata 
de crime de perigo abstrato contra a saúde pública, o sujeito passivo é a coletividade. Este crime é 
punido em virtude da potencialidade lesiva que pode causar a toda a sociedade, e não em função da 
proteção à saúde do próprio usuário, porquanto não se pode admitir a punição da autolesão em um 
ordenamento jurídico que consagra o princípio da ofensividade”. 
b) Objeto 
b.1) Objeto Jurídico: é o bem jurídico que se pretende tutelar, in casu, é o bem jurídico saúde 
pública. 
Trata-se de crime contra a saúde pública. 
b.2) Objeto Material: pessoa ou coisa sobre qual a pessoa ou coisa. No delito do art. 28, da Lei 
11.343, o objeto material é a droga. 
c) Núcleos do Tipo (Condutas Tipicas) 
Trata-se de tipo penal misto alternativo, contemplando cinco verbos, se consumando com a 
realização de qualquer dos verbos. 
 Adquirir; 
 Guardar; 
 Trazer Consigo; 
 Ter em depósito; 
 Transportar. 
Tentativa 
É possível pensar em tentativa em relação a esses crimes? É muito difícil falar em tentativa nesses 
casos; em tese, é possível falar, mas é difícil pensar em uma situação prática de tentativa. A doutrina 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
93 
ressalta que é possível tentar adquirir a droga. A dificuldade da tentativa decorre do fato de que mesmo 
que praticado na forma tentada, é provável que já seja consumada em um dos outros verbos do tipo. 
 
10.2 A fuga da pena privativa de liberdade 
 
A atual lei de drogas, o usuário não pode mais ser preso. A descarcerização do usuário é um grande 
benefício trazido pela nova Lei (Art. 28, Lei nº 11.343/2006). 
17. Não há para o usuário pena privativa de liberdade! 
E quais são as penas aplicadas ao usuário? Nos termos do art. 28, temos as seguintes: 
Penas para o Usuário (Art. 28, Lei nº 11.343/2006) 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
Em caso de descumprimento, o juiz aplicará medidas sancionatórias, e quais são elas? Admoestação 
verbal e multa. 
Destaca-se ainda que, não cabe a prisão cautelar para o usuário, isso porque não permite sequer de modo 
definitivo ao término da demanda processual. 
- Não cabe Prisão em Flagrante (2ª fase do flagrante). 
 
Por outro lado, para o traficante, todavia, o tratamento foi recrudescido - a pena mínima, por exemplo, 
foi aumentada. O tratamento dado ao traficante na nova Lei de Drogas era tão rigoroso que o Supremo 
Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade de algumas afirmações, as quais tinham por base a 
vedação em abstrato de determinados benefícios. 
 
10.3 Consumo pessoal versus uso próprio 
 
A legislação atual fala consumo pessoal, na antiga legislação tratava de uso próprio. 
Expressão: “para consumo pessoal” – é o que chamamos de elementosubjetivo específico – dolo 
específico. 
Dolo específico: é uma especial finalidade no agir, é o agir com uma finalidade específica. Alguns crimes 
apresentam o dolo específico, outros não. O furto, por exemplo, é subtrair para si ou para outrem coisa 
alheira móvel – ou seja, há o dolo específico de subtrair para si ou para outra pessoa. Por conta disto, o 
furto de uso não é crime, pois não há o elemento subjetivo específico. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
94 
 
O art. 28 da Lei de Drogas apresenta um dolo específico – é o que vai caracterizar a conduta 
do usuário – adquirir, transportar, trazer para consumo pessoal. 
 
O crime não é o consumo da droga propriamente dito, mas não há como consumir a droga sem praticar 
algum desses verbos. É necessário, sempre, que seja para consumo pessoal. 
10.4 Princípio da Alteridade 
O princípio da alteridade foi idealizado em 1970 por Claus Roxin. Pelo princípio da alteridade não há 
crime na conduta que prejudica somente quem a praticou, o crime deve ultrapassar a esfera pessoal do 
agente. 
O crime da lei de drogas tutela a saúde pública, e não especialmente a do usuário de drogas, por essa 
razão não é possível afastar a tipicidade da conduta com base no princípio da alteridade. 
 
 
10.5 Natureza Jurídica do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 
 
1ª Posição: Luiz Flávio Gomes – Infração Penal Sui Generis 
Luiz Flávio Gomes: argumenta no sentido da Descriminalização – defende que se o crime não prevê a 
pena privativa de liberdade, nem as outras espécies elencadas na Lei de Introdução ao Código Penal, 
teria então ocorrido com relação a figura do art. 28 que trata do porte de drogas para consumo o 
fenômeno da descriminalização. 
Sua defesa tem por base o conceito de infração penal da Lei de Introdução ao Código Penal. 
Infração penal: Crime e Contravenção Penal 
Infração Penal 
Crime Contravenção Penal 
Pena de Reclusão ou Detenção + Multa 
(alternativa ou cumulativamente) 
Pena de Prisão simples 
+ 
Multa (alternativa ou cumulativamente) 
OJ Brasileiro adota critério Bipartido (crime e contravenção penal). 
 
Para o usuário não se aplica a pena privativa de liberdade (pena de reclusão e detenção), e ainda, não se 
aplica também pena de prisão simples. E a multa, só será aplicada em caráter sancionatório por 
descumprimento das outras medidas. Assim, segundo Luiz Flávio Gomes não haveria crime na conduta 
do usuário de Drogas. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
95 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 2015) 
“considerando que a Lei de Introdução ao Código Penal classifica como crime a infração penal punida 
com pena de reclusão ou detenção, e contravenção penal a infração apenada com prisão simples e 
multa (Decreto -Lei n° 3.914/41, art. 1°), teria havido descriminalização formal da conduta de porte de 
drogas para consumo pessoal. É nesse sentido o entendimento de Luiz Flávio Gomes. Segundo o autor, 
o porte de drogas para consumo pessoal não mais pode ser considerado como crime, passando a 
funcionar como uma infração penal sui generis de menor potencial ofensivo”. 
Além disso, segundo Luiz Flávio Gomes passamos de um sistema bipartido (crime e contravenção) para 
um sistema tripartido (crime, contravenção e infração penal sui generis). 
- Teoria não foi acolhida pelo Supremo. 
2ª Posição: STF: É crime RE 430.105 QO/RJ 
Argumentos: 
a. A lei, ao tratar do tema, classificou a conduta como crime; 
b. Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial Criminal; 
c. No tocante à prescrição, o art. 30 determina a aplicação das regras do art. 107 do Código Penal. 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no 
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
d. A finalidade do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal era apenas a de diferenciar, em 1942, os 
crimes das contravenções penais, uma vez que o CP e a LCP entraram em vigor simultaneamente, em 
01 de janeiro de 1.942. 
e. A LICP pode ser modificada por outra lei ordinária, como aconteceu com a Lei de Drogas. 
f. Quanto a LICP entrou em vigor não existiam penas alternativas. 
 
Para o Supremo Tribunal Federal entendeu que houve a despenalização (deixou de ser prevista a 
principal penal – privativa de liberdade, as demais são alternativas). 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal rejeitou a tese de abolitio criminis ou de infração penal sui 
generis, para afirmar a natureza de crime da conduta do usuário de drogas, muito embora despenalizado. 
STF: Despenalização! 
Em síntese: 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
96 
Luiz Flávio Gomes defende que hoje não teríamos mais o critério dicotômico de infração penal (crime 
e contravenção penal), mas teríamos um critério tricotômico: crime, contravenção penal e infração penal 
sui generis. 
 
O Supremo Tribunal Federal, entretanto, em fevereiro de 2007, afirmou que não houve a 
descriminalização da conduta do usuário de drogas, mas, sim, a despenalização. Fundamentou o 
STF que não houve a descriminalização porque o art. 28 está no rol do capítulo que trata dos crimes e 
das penas (não dá para presumir que houve um equívoco do legislativo); ademais a Lei de Introdução 
do Código Penal é uma Lei de 1940 e na década de 40 não se falava em pena alternativa à prisão; a Lei 
de Drogas é uma lei posterior à Lei de Introdução ao Código Penal e é uma lei de mesma hierarquia – 
ambas são leis ordinárias. A Lei de Drogas não é obrigada a seguir o que está na lei anterior, pois é lei 
de mesma hierarquia e é lei posterior. 
3ª Posição: Descarcerização 
Em sentido oposto ao entendimento do STF, a doutrina majoritária entende que não houve a 
despenalização, muito embora esse seja o entendimento do Supremo Tribunal Federal. A doutrina 
majoritária entende que ocorreu a descarcerização ou desprisionalização, ou seja, continua a haver a 
pena, só não existe a pena privativa de liberdade. 
- Doutrina Majoritária. 
 Despenalização e manutenção do status de Crime 
Despenalizar no âmbito da Lei 11.343 significa adotar processos ou medidas substitutivas ou 
alternativas, de natureza penal ou processual, que visam, sem rejeitar o caráter criminoso da conduta, 
dificultar, evitar ou restringir a aplicação da pena de prisão ou sua execução ou, pelo menos, sua redução. 
É exatamente isso que ocorreu com o advento da Lei n° 11.343/06, que afastou a possibilidade de 
aplicação de pena privativa de liberdade ao usuário de drogas. 
Corroborando ao exposto, preceitua Gabriel Habib “na despenalização, a conduta continua sendo um 
crime e a resposta estatal continua sendo uma pena. Embora seja uma pena, é uma sanção penal mais 
suave, sem que haja a privação da liberdade. O legislador, por meio desse instituto, mantém a intenção 
de aplicar ao agente uma sanção penal, porém, uma sanção mais branda”. 
Discussão Atual no Supremo – In(constituconalidade do art. 28, Lei nº 11.346/2006 
Debate a inconstitucionalidade do Art. 28 da Lei 11.343, sob o argumento de que: 
 viola a esfera de intimidade do indivíduo e vida privada. 
 viola o princípio da lesiva (isto porque o uso violaria apena o próprio bem jurídico). 
STF entende que o bem jurídico tutelado é a saúde pública. 
A discussão é no sentido de que o delito do art. 28 está efetivamente tutelando a saúde pública ou ainda 
que indiretamente a saúde individual. 
 
 
 
 
 
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97 
- Os três votos proferidos até o presente foram no sentido da inconstitucionalidade do art. 28 (ou seja, 
não seria mais crime – descriminalização), as medidas do art. 28 não teria mais caráter penal. 
Sugestãode Estudo Complementar | Acesso: 
 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=298109 (Relator vota pela 
descriminalização do porte de drogas para consumo próprio). 
 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=299484 (Suspenso julgamento 
sobre porte de drogas para consumo próprio| 10 de Setembro de 2015). 
 
10.6 Figura equiparada – art. 28, §1º da Lei nº 11.343/2006 
 
Art. 28. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, 
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou 
produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 
 
 Condutas: 
 Semeia 
 Cultiva 
 Colhe 
 
O dispositivo refere-se ao local em que o agente planta uma pequena quantidade de substância ou produto 
capaz de causar dependência física ou psíquica para consumo pessoal (Exemplo: plantar um pé de 
maconha em um vaso na varanda do apartamento). 
 
Obs.1: A plantação deve ser com a finalidade específica de consumo pessoal; 
Obs.2: A pratica de alguma das condutas (tipo penal misto alternativo). 
Obs.3: Deve ser planta destinada a pequena quantidade. A lei expressamente tratou “pequena 
quantidade”. 
 
 
10.7 Critérios para diferenciação com o tráfico 
 
Candidato, existe parâmetros objetivos para saber se o sujeito é traficante ou usuário? A lei estabelece 
um quantitativo para caracterização do traficante ou do usuário? 
Vejamos o §2º do art. 28: 
 
 
 
 
 
 
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§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e 
à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a 
ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
 
Percebe-se excelência que a lei não estabelece uma quantidade específica para caracterizar o tráfico. 
Quando a quantidade é pequena, ela não é decisiva, sendo necessário levar em conta o local, as condições 
em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e antecedentes 
do agente. 
Além disso, o professor Cleber Masson prevê que no caso de dúvida insanável o juiz deverá condenar o 
agente pelo crime menos grave (art. 28). 
 
10.8 Penas 
Nos termos do art. 28, incisos I, II, III, as penas são: 
 Advertência sobre os efeitos das drogas; 
 Prestação de serviços à comunidade; 
 Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
As penas poderão ser aplicadas de forma cumulativa. 
Inovando em relação à sistemática anterior, o art. 28, inciso I, passou a prever, dentre as penas a serem 
aplicadas ao porte de drogas para consumo pessoal, a advertência sobre os efeitos das drogas. 
 
a) Advertência sobre os efeitos das Drogas 
Esta pena deve ser compreendida como uma espécie de esclarecimento a ser feito pelo magistrado ao agente 
quanto às consequências maléficas que o uso de drogas pode causar, não apenas a sua própria saúde, como 
também à saúde pública. Esta advertência deve ser feita pelo próprio magistrado. 
 
b) Prestação de Serviço a Comunidade 
Esta pena deve ser cumprida em programas comunitários, serviços à comunidade, preferencialmente, da 
prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas (Lei n° 11.343, art. 28, §§ 3° 
e 5°). 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, 
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos 
 
 
 
 
 
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ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
Obs.1: Essa espécie de estabelecimento deve ser preferencial, o que significa dizer que não é exclusivo. 
Assim, é possível que seja prestado em outros locais. 
Obs.2: A prestação de serviço à comunidade e medida educativa possuem o prazo máximo de 5 meses (art. 
28, §3º). Contudo, no caso de reincidência, o prazo máximo será de 10 meses (art. 28, §4º). 
Obs.3: As penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, 
ouvidos o MP e o Defensor. 
 Descumprimento da Medida: quais as consequências jurídicas? 
Candidato, qual a consequência jurídica ocorre se o sujeito descumprir as penas cominadas para o usuário? 
Excelência, nesse caso poderá ser imposta a admoestação verbal ou a pena de multa. A admoestação verbal 
e a multa não são penas, tratam-se de medidas aplicadas em caso de descumprimento das penas. 
Nesse sentido, o §6º prevê a sanção a ser aplicada na hipótese de descumprimento. Vejamos: 
Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, 
II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, 
sucessivamente a: 
 I - admoestação verbal; 
 
 II - multa. 
Nesse contexto a admoestação verbal e a multa não são penas propriamente, mas formas de se efetivar o 
cumprimento da pena. 
 Multa 
No tocante à multa, seu valor é creditado ao Fundo Nacional Antidrogas (art. 29). Sua fixação se dá em duas 
fases (sistema bifásico): 
1ª fase: Número de dias-multa: varia entre 40 e 100. 
Nessa primeira fase leva-se em conta a reprovabilidade da conduta; e 
2ª fase: Valor do dia-multa: varia de 1/30 do salário mínimo até três vezes o valor do salário mínimo. 
Nessa segunda fase o que se leva em conta é a capacidade econômica do agente. 
 
c) Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo 
 
 
 
 
 
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100 
É a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Cuida-se de espécie de pena 
restritiva de direitos por força da qual o acusado tem a obrigação de comparecer a determinados programas 
onde receberá orientação de profissionais de diversas áreas do conhecimento humano. 
A despeito do silêncio da Lei de Drogas, parece-nos que o programa não precisa ter como tema exclusivo os 
malefícios causados pelo uso de drogas, sob pena de se confundir com a própria pena de advertência sobre 
os efeitos das drogas. É perfeitamente possível que esses programas estejam relacionados a cursos de 
especialização profissional, cuja frequência pode contribuir para uma possível reinserção social do usuário 
de drogas, já que o exercício de uma atividade laborativa é importante instrumento de combate à 
vulnerabilidade decorrente do uso indiscriminado de drogas. 
Obs.1: a prestação de serviço à comunidade e medida educativa possuem o prazo máximo de 5 meses (art. 
28, §3º). Contudo, no caso de reincidência, o prazo máximo será de 10 meses (art. 28, §4º). 
 
10.9 Prescrição 
Dispõe o art. 30, da Lei 11.343 que prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
Para o delito do art. 28, da Lei nº 11.343/2006 a prescrição é de 2 anos. Esse prazo é aplicável tanto à 
prescrição da pretensão punitiva como também à prescrição da pretensão executória. 
*Esse dispositivo foi objeto de cobrança na prova de Delegado do Estado do Pará. 
 
10.10 Rito Processual 
O processo e julgamento do crime do art. 28 segue o procedimento sumaríssimo. É crime de competência do 
Juizado Especial Criminal. 
Assim, temos que o art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. Seu processo e 
julgamento seguem o rito sumaríssimo (arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/1995). 
 
11. Tráfico de Drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
àvenda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
 
 
 
 
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Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
Na lei de drogas o nome do crime é dado pela doutrina, não existe na legislação propriamente do crime de 
“tráfico de drogas”. 
Prevalece que a terminologia “tráfico de drogas” engloba os crimes previstos no art. 33, “caput”, no art. 33, 
§ 1º, e no art. 34. 
Há posição no sentido de que os crimes dos arts. 35 e 37 também deveriam ser tratados como tráfico de 
drogas. 
O art. 33, caput, contempla 18 núcleos. Trata-se de tipo misto alternativo, também denominado de crime 
de ação múltipla ou de conteúdo variado. Se o agente praticar duas ou mais condutas contra o mesmo objeto 
material (mesma droga), ele responderá por um único crime. Contudo, se as condutas forem praticadas 
contra drogas diversas, estará caracterizado o concurso de crimes. 
 
11.1 Sujeito Ativo 
 
Trata-se de crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer pessoa. 
A maior parte das condutas previstas no tipo penal do art. 33, são caracterizadas como crime comum, ou 
seja, não exigem qualidade especial do agente. 
Todavia, no tocante as condutas prescrever e ministrar é crime próprio. É considerada crime próprio 
porque só quem pode prescrever é profissional da área de saúde. Por outro lado, referente a conduta 
ministrar (aplicar a droga) existe divergência, pois parte dos defensores argumentam que a aplicação 
(ministrar) pode ser feita por qualquer pessoa. 
 Art. 40, inc. II: “As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um 
sexto a dois terços, se: (…) II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância.” 
 
Não é suficiente que o crime seja praticado por funcionário público, para incidir a causa de aumento deve 
o agente praticar o crime prevalecendo ou se aproveitando da função pública. Nesse sentido, ensina 
Cleber Masson. 
 
Assim, para incidir a majorante não basta seja o crime praticado pelo funcionário público. É 
imprescindível que ele cometa o delito prevalecendo-se da função pública. 
 
 
 
 
 
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11.2 Elemento normativo 
 
“Sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar” 
É necessário que a conduta seja praticado sem autorização ou ainda em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar. O tráfico só restará configurado se a conduta for praticado sem autorização legal. 
Candidato, é possível o comércio lícito de drogas? É possível sim excelência, pois só existe o crime se 
a conduta é realizada “sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
Exemplo: venda de remédio com receita controlada, pois contém o princípio ativo de alguma droga. 
 
11.3 Flagrante Preparado 
 
Temos uma situação de flagrante preparado a situação em que um policial disfarçado, fingindo ser 
dependente, procura uma pessoa suspeita para comprar droga. 
Nesse caso, indaga-se: esse flagrante é válido? 
 
 
Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a 
sua consumação.” 
 
Cuida-se do crime de ensaio ou de experiência (crime impossível por obra do agente provocador). 
É preciso separar duas situações: 
 
a) Em relação à conduta de “vender”: flagrante preparado (nao há crime); 
b) No tocante à conduta “ter em depósito”: o crime é permanente, já vinha se consumando no tempo 
independente da conduta do policial. Nesse caso, o flagrante é válido. 
 
Caso-Exemplo: Quanto ao verbo “vender”, houve flagrante preparado, porquanto houve indução à 
venda, ao mesmo tempo em que precauções foram adotadas para que a “venda” não se consumasse. 
Porém, não se pode perder de vista que o crime de tráfico é crime de ação múltipla de conteúdo variado. 
LOGO, desde que a posse da droga seja pré-existente, é perfeitamente possível a prisão em flagrante 
quanto aos verbos trazer consigo, guardar, ter em depósito, etc., e então o crime estaria consumado 
independente da ação do agente provocador. 
 
 
 
 
 
 
 
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Candidato, o que se entende por crime de ensaio? Excelência, também denominado de flagrante 
preparado, provocado, delito de experiência ou delito putativo por obra do agente provocador, 
ocorre quando alguém (particular ou autoridade policial), de forma insidiosa, instiga o agente à prática 
do delito com o objetivo de prendê-lo em flagrante, ao mesmo tempo em que adota todas as providências 
para que o delito não se consume. Como adverte a doutrina, nessa hipótese de flagrante o suposto autor 
do delito não passa de um protagonista inconsciente de uma comédia, cooperando para a ardilosa 
averiguação da autoria de crimes anteriores, ou da simulação da exterioridade de um crime. 
 
11.4 Dosimetria da Pena 
 
11.4.1 Pena privativa de liberdade 
 
“Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto 
no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente.” 
 
No artigo 59, caput, do CP estão previstas as circunstancias judiciais ou inominadas, utilizadas na 
dosimetria da pena-base. Elas não são ignoradas na Lei de Drogas. Mas o juiz utilizará, de forma 
preponderante, as circunstâncias elencadas pelo art. 42 da Lei de Drogas. 
 
 Natureza 
 Quantidade da substância 
 Quantidade do produto 
 Personalidade 
 Conduta social do agente 
 
11.4.2 Pena de multa 
“Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo 
ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada 
um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos 
nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo. 
Parágrafo único”. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre 
cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação 
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.” 
 
 
 
 
 
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11.5 Causa de diminuição da pena – art. 33, §4º da Lei nº 11.343/2006: Tráfico Privilegiado 
 
Art. 33. § 4º Nos delitos definidos no caput e no §1º deste artigo, as penas poderão ser 
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, 
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
Vedação em abstrato da conversão em penas restritivas de direitos 
Com a incidência da causa de diminuição de pena, é possível que o crime de tráfico, no caso concreto 
possua a aplicação de uma pena de até 4 anos. Assim, poderia, em tese, admitir a conversão da pena em 
restritiva de direito. A Lei nº 11.343, porém, consciente dessa eventual possibilidade, fez a vedação em 
abstrato da conversão em penas restritivas de direitos. 
STF, porém rechaçou o dispositivo legal em comento que vedada a conversão em penas restritivas de 
direitos, declarando sua inconstitucionalidade por violar o princípio da proporcionalidade (usurpação do 
Judiciário na análise do caso concreto). 
Não pode haver essa vedação em abstrato! 
IMPORTANTEEEEEEE! 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (LegislaçãoPenal Especial Comentada, 2015) “em 
sua redação original, o art. 33, § 4°, vedava a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de 
direitos, ainda que a pena definitiva aplicada ao agente ficasse em patamar não superior a 4 (quatro) anos 
em virtude da incidência da referida minorante. Ocorre que, nos autos do HC 97.256, o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dessa restrição. Não por outro motivo, o Senado 
Federal acabou suspendendo a execução da expressão "vedada a conversão em penas restritivas de direitos" 
por meio da Resolução n° 5 de 2012, valendo -se da competência prevista no art. 52, inciso X, da 
Constituição Federal”. 
Em síntese: 
A lei dizia que era vedada a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos. Para 
caber a pena restritiva de direitos a condenação tem que ser até 04 anos. Em regra, o traficante vai ser 
condenado no mínimo a 05 anos. Com a causa de diminuição de pena, a pena pode ficar abaixo de 04 anos. 
O legislador então disse na lei que mesmo ficando a pena abaixo de 04 anos, a pena não poderia ser 
convertida em restritiva de direitos. O STF declarou a inconstitucionalidade parcial desse parágrafo. O STF 
DISSE QUE PROIBIR ESSA CONVERSÃO É INCONSTITUCIONAL, POIS O LEGISLADOR 
ESTARIA USURPANDO A FUNÇÃO DO JULGADOR – QUEM APLICA O DIREITO AO CASO 
CONCRETO É O JULGADOR. O STF declarou a inconstitucionalidade em controle difuso, que tem efeito 
apenas entre as partes, mas o Senado aprovou a Resolução n. 5 de 2012, retirando a eficácia da expressão 
“vedada a conversão em penas restritivas de direitos”. 
 
JURISPRUDÊNCIA. PRIMEIRA TURMA: Tráfico de entorpecentes: fixação do regime e 
substituição da pena. 
Não se tratando de réu reincidente, ficando a pena no patamar de quatro anos e sendo as 
circunstâncias judiciais positivas, cumpre observar o regime aberto e apreciar a possibilidade da 
 
 
 
 
 
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substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Com esse entendimento, a 
Primeira Turma, por maioria, concedeu ―habeas corpusǁ de ofício para garantir ao paciente, condenado à 
pena de um ano e oito meses de reclusão pela prática do delito de tráfico de drogas, a fixação do regime 
inicial aberto, bem como a substituição da reprimenda por duas penas restritivas de direito, a serem 
definidas pelo juízo da execução criminal. O Colegiado ressaltou não haver circunstâncias aptas a exasperar 
a pena. Vencidos os Ministros Rosa Weber (relatora) e Marco Aurélio. Ambos concediam a ordem de 
oficio, mas para efeitos distintos. A relatora, para determinar que o magistrado de 1º grau procedesse a nova 
avaliação quanto ao regime inicial de cumprimento da pena e à substituição da pena privativa de liberdade 
por restritiva de direitos. O Ministro Marco Aurélio, para fixar o cumprimento da pena em regime aberto e 
reconhecer o direito à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. (STF, HC 
130411/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 12.4.2016). 
 
SEGUNDA TURMA: Tráfico de entorpecentes: fixação do regime e substituição da pena 
 
Não sendo o paciente reincidente, nem tendo contra si circunstâncias judiciais desfavoráveis (CP, art. 59), 
a gravidade em abstrato do crime do art. 33, ―caputǁ, da Lei 11.343/2006, não constitui motivação idônea 
para justificar a fixação do regime mais gravoso. Com esse entendimento, a Segunda Turma, após superar 
o óbice do Enunciado 691 da Súmula do STF, concedeu ―habeas corpusǁ de ofício para garantir ao 
paciente, condenado à pena de um ano e oito meses de reclusão pela prática do delito de tráfico de drogas, 
a substituição da reprimenda por duas penas restritivas de direitos, a serem estabelecidas pelo juízo das 
execuções criminais, bem assim a fixação do regime inicial aberto. O Colegiado entendeu que o paciente 
atende aos requisitos do art. 44 do CP, razão pela qual o juízo deve considerá-los ao estabelecer a 
reprimenda, de acordo com o princípio constitucional da individualização da pena. (STF, HC 133028/SP, 
rel. Min. Gilmar Mendes, 12.4.2016). 
 
Recapitulando… 
 
Tráfico Privilegiado 
 
Obs.1: A Doutrina e Jurisprudência chamam o §4º do art. 33 de TRÁFICO PRIVILEGIADO. Porém, 
trata-se em verdade de causa de diminuição de pena. 
Qual é a natureza jurídica deste § 4º? Trata-se de uma causa de diminuição de pena. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 2015) “Apesar de 
muitos se referirem a este dispositivo com a denominação de tráfico privilegiado, tecnicamente não se trata 
de privilégio, porquanto o legislador não inseriu um novo mínimo e um novo máximo de pena privativa de 
liberdade . Limitou-se apenas a prever a possibilidade de diminuição da pena de um sexto a dois terços. 
Logo, não se trata de privilégio, mas sim de verdadeira causa de diminuição de pena”. 
São quatro requisitos cumulativos e subjetivos para que haja a incidência da causa de diminuição do §4º do 
art. 33 (condições que não diz respeito ao crime, mas sim ao criminoso): 
a) Agente primário; 
b) De bons antecedentes; 
c) Não se dedique a atividades criminosas; 
d) Não integra organizações criminosas. 
 
 
 
 
 
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 Primariedade: é o acusado que pratica determinado crime sem que tenha contra si, à época do fato 
delituoso, sentença condenatória transitada em julgado referente à prática de outro crime. 
 Bons antecedentes: o conceito é dado por exclusão, é portador de bons antecedentes aquele que não 
tiver contra si maus antecedentes. 
 Não se dedicar às atividades criminosas: significa que o acusado deve desenvolver atividade 
laborativa lícita, e não dedicar-se a atividades criminosas. (Vide Info. 582, STJ). 
Obs.1: A razão de ser da mencionada minorante é justamente punir com menor rigor o pequeno traficante, 
ou seja, aquele indivíduo que não faz do tráfico de drogas o seu meio de vida. O § 4º do art. 33, ao prever 
que o acusado não deve se dedicar a atividades criminosas, não exige, em nenhum momento, que essa 
dedicação seja exercida com exclusividade. Portanto, a aplicação da minorante é obstada ainda que o agente 
exerça, concomitantemente, atividade profissional lícita. (Dizer o Direito). 
 
 Não integrar organização criminosa. 
Obs.1: Trata-se de quatro requisitos de natureza subjetiva, os quais devem ser analisados de forma 
cumulativa. Leia-se, para que o acusado faça jus a diminuição deve estar presente todos os requisitos. 
Obs.2: Para fins de determinar o quantum de diminuição da pena, o juiz deve se valer dos critérios 
constantes do art. 42 da Lei de Drogas - natureza e quantidade da droga, personalidade e conduta social do 
agente -, tendo plena autonomia para aplicar a redução no quantum reputado adequado de acordo com as 
peculiaridades do caso concreto, desde que o faça de maneira fundamentada. 
 
 Natureza não hedionda do “Tráfico Privilegiado” 
 
O Plenário do STF decidiu que o tráfico acidental (eventual) não é crime equiparado a hediondo (HC 
118.533, j. 23.06.2016, noticiado no Informativo 831) 
Cumpre destacamos que essa decisão do Plenário repercutiu no STJ, com o cancelamento da Súmula 512: 
“A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a 
hediondez do crime de tráfico de drogas”. 
 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não 
deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art.33, § 4º, da Lei 
nº 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 
 
 
 
 
 
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da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação 
da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do 
crime de tráfico de drogas." 
 
Candidato, a quantidade da droga impede, por si só, a aplicação do benefício (diminuição da Pena)? 
Excelência, o STF decidiu recentemente que “a quantidade de drogas não constitui isoladamente 
fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena” (HC 138.138/SP, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 2ª Turma, j. 29.11.2016, noticiado no Informativo 849). 
 
Candidato, a atividade criminosa deve ser exercida com exclusividade para inviabilizar o benefício do art. 
33, §4º da Lei de Drogas? Excelência, o STJ enfrentou a questão recentemente e decidiu que ainda que a 
dedicação a atividades criminosas ocorra concomitantemente com o exercício de atividade profissional lícita, 
é inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006”. 
Conforme entendimento do STJ, ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de 
forma concomitante, ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição 
de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). O tráfico de drogas praticado por 
intermédio de adolescente que, em troca da mercancia, recebia comissão, evidencia (demonstra) que o 
acusado se dedicava a atividades criminosas, circunstância apta a afastar a incidência da causa especial de 
diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. (REsp 1.380.741/MG, rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 12.04.2016, noticiado no Informativo 582). 
 
Candidato, os “mulas” do tráfico poderão ser beneficiados pela diminuição do art. 33, § 4º, da Lei de 
Drogas? Excelência, até pouco tempo atrás se entendia que o “mula” se dedicava a atividade criminosa, não 
se aplicando o benefício do art. 33, §4º. Mas o STF, no HC 124.107/SP, mudou esse entendimento, passando 
a entender que a atuação dos pacientes na condição de “mulas” não significaria, necessariamente, que 
integrassem organização criminosa. No caso, eles seriam meros transportadores, o que não representaria 
adesão à estrutura de organização criminosa” (HC 124.107/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 
04.11.2014, noticiado no Informativo 766). Dessa forma, contemplamos que segundo o entendimento que 
prevalece no STF é possível aplicar o § 4º do art. 33 da LD às “mulas”. 
 
Informativo 849, STF 
A grande quantidade de droga, isoladamente, não constitui fundamento idôneo para afastar a causa de 
diminuição de pena do art. 33, § 4º da LD 
 
 
 
 
 
 
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Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o benefício do art. 33, § 
4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito elevada? O tema é 
polêmico. 1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga pode 
ser utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu, 
surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização 
criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei 
de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844). 2ª Turma do 
STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o 
benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (HC 138138/SP, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016. Info 849). STF. 2ª Turma. HC 138138/SP, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
Informativo 582, STJ 
O fato de o réu ter ocupação lícita não significa que terá direito, necessariamente, à minorante do § 4º do 
art. 33 da LD 
 
Ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante, ele se 
dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena prevista no art. 
33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). O tráfico de drogas praticado por intermédio de 
adolescente que, em troca da mercancia, recebia comissão, evidencia (demonstra) que o acusado se 
dedicava a atividades criminosas, circunstância apta a afastar a incidência da causa especial de diminuição 
de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.741-MG, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/4/2016 (Info 582). 
 
Informativo 766, STF 
É possível aplicar o § 4º do art. 33 da lei de drogas às “mulas” 
 
Segundo o entendimento que prevalece no STF é possível aplicar o § 4º do art. 33 da LD às “mulas”. STF. 
1ª Turma. RHC 118008/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/9/2013 (Info 721). STF. 1ª Turma. HC 
124107/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2014 (Info 766). STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
606.431/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 01/06/2017. 
 
 
12. Figuras equiparadas ao Tráfico 
12.1 Inc. I 
“§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, 
tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas.” 
 
O objeto material não é a droga, e sim a matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à 
preparação de drogas. Esse objeto não precisa ter a natureza de droga, ou seja, não se exige que contenha 
o princípio ativo. Basta que seja idôneo à produção da droga. 
Exemplo: posse de acetona destinada ao refino de cocaína. 
 
 
 
 
 
 
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Refere-se à questão da matéria-prima, do insumo, do produto químico destinado à preparação da droga. 
É o sujeito que ainda não tem a cocaína, mas tem a pasta base para a preparação da cocaína. O crime não 
é só a conduta relacionada à droga, mas também à matéria-prima destinada à preparação da droga. Basta 
pensar na folha de maconha que contenha o THC – componente ativo da maconha. 
Esquematizando 
Matéria-Prima É a substância bruta da qual podem ser extraídas ou produzidas as drogas; 
 
 
Insumo 
É elemento participante do processo de formação de determinado produto. 
Apesar de não ser possível se extrair dele a droga, o insumo é utilizado para 
a produção da substância entorpecente quando agregado à matéria-prima 
(v.g., somado aos restos de cocaína, o bicarbonato de sódio dá origem ao 
crack). 
 
Produtos químicos 
É substância química qualquer, pura ou composta, utilizada em laboratório 
no processo de elaboração da droga, sem, todavia, se agregar à matéria-prima 
(v.g., a acetona é utilizada para o refino de cocaína). 
 
Finalidade 
A matéria-prima deve ser direcionado a preparação da droga. 
 
 Ausência de Autorização para caracterização do Delito 
 
A tipificação desse crime também está condicionada à demonstração de que a conduta foi executada em 
desacordo com o elemento normativo sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar. Logo, se a utilização da matéria-prima, dos insumos e dos produtos químicos for feita de 
acordo com a Lei n° 10.357/01, que estabelece normas de controle e fiscalização sobreprodutos químicos 
que, direta ou indiretamente, possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecente s, 
psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica, há de ser reconhecida a atipicidade da 
conduta. Portanto, se alguém importar, exportar, remeter, produzir, etc., matéria-prima, insumo ou 
produto químico devidamente autorizado, trata-se de fato atípico. 
 
12.2 Inc. II 
 
“§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em 
matéria-prima para a preparação de drogas;” 
 
 
 
 
 
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A configuração do delito reclama a presença do elemento normativo “sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar”. 
Art. 2º da Lei 11.343/2006: “Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem 
como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais 
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou 
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre 
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-
religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos 
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, 
em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas 
supramencionadas.” 
Nessa discussão, muito cuidado com o art. 243 da Constituição Federal: 
“Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo 
na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de 
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras 
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Parágrafo único. 
Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e 
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.” 
Trata-se de confisco, pois a União retira o bem sem nenhuma indenização. 
Art. 32 da Lei 11.343/2006: “As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo 
delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame 
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a 
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.” 
Candidato, qual o alcance dessa medida, isto é, o confisco alcançaria toda a gleba ou somente a parte 
em que a droga estava plantada? O confisco abrange toda a propriedade e não apenas a área que a 
droga estava plantada. 
Candidato, a responsabilidade do proprietário é objetiva ou subjetiva? No passado sustentava-se a 
responsabilidade objetiva, isto é, mesmo arrendando a terra o proprietário a perdia, pois se entendia 
que ele tinha a responsabilidade de vigiar a propriedade. Mas o STF mudou de entendimento: 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
111 
 
STF: “A expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove 
que não incorreu em culpa, ainda que “in vigilando” ou “in elegendo” (RE 635.336/PE, rel. Min. 
Gilmar Mendes, Plenário, j. 14.12.2016, noticiado no Informativo 851). 
Possibilidade de o proprietário afastar a sanção do art. 243 da CF/88 se provar que não teve 
culpa 
 
A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário 
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 
635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851). 
Obs.1: Distinção com art. 28, § 1º da Lei 11.343/06: “Às mesmas medidas submete-se quem, para seu 
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de 
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.” A finalidade é o consumo 
pessoal, e não o tráfico. 
 
12.3 Inc. III 
 
“§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de 
que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem 
dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas”. 
O agente empresta o carro, a casa para o tráfico de drogas. Esse local pode ser imóvel (terreno, casa, 
apartamento) ou móvel (carro, avião). O crime é doloso, ou seja, somente estará caracterizado quando 
o proprietário/possuidor do local conhece a natureza da substância. 
“Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, 
bem ou valor apreendido, seqüestrado ou declarado indisponível.” 
13. Induzimento, instigação ou auxílio ao uso de droga 
 
“Art. 33, § 2° - Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena – 
detenção, de um a três anos, e multa de cem a trezentos dias-multa.” 
 
Esse crime tem duas características importantes: 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
112 
a) O induzimento, o auxílio ou a instigar devem ser dirigidos a pessoa determinada ou a pessoas 
determinadas. 
b) Sua consumação reclama o efetivo uso indevido da droga. 
 
Obs. Essa modalidade não é equiparada a crime hediondo. 
 
Atenção: O Supremo na ADI 4274/DF, rel. Min. Ayres Britto, Plenário, j. 23.11.2011, noticiado no 
Informativo 649, disse que a “Marcha da Maconha” não caracteriza o crime do art. 33, §2º, da Lei de Drogas, 
por duas razões: 
 
a) Liberdade de expressão e manifestação do pensamento; e 
b) Só existe o crime quando o induzimento, o auxílio ou a instigar devem ser dirigidas a uma pessoa (s) 
determinada (s). 
Na Lei antiga havia muita discussão em relação à apologia (ex. da Banda Planet Hemp que na década de 90 
foi proibida de fazer show em diversos locais do Brasil pois dizia-se que a banda fazia apologia ao uso de 
drogas). Atualmente, há um precedente importante referente à marcha da maconha – defende-se a legalização 
da maconha. Os Ministérios Públicos locais argumentavam que a marcha da maconha estaria induzindo ou 
instigando ao uso da maconha. A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal – o STF decidiu de forma 
emblemática, por 11 a 0, que a marcha da maconha não é crime de induzimento ou instigação ao uso da 
maconha. ADI n. 4.274. O STF diz que pode ser que na marcha da maconha existam pessoas praticando o 
crime do §2º do art. 33, mas a marcha da maconha em si não constitui esse crime. O objetivo da marcha da 
maconha é questionar a criminalização do usuário, defendendo a legalização da maconha. Não há o objetivo 
de induzir e instigar as pessoas a usar a droga. A democracia pressupõe que os cidadãos possam questionar 
as leis, o que não os desobriga de obedecer as leis. A marcha da maconha consiste no exercício democrático 
da liberdade de expressão. 
 
EMENTA: ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE 
“INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART. 33 DA LEI 
Nº 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE “INDUZIR, INSTIGAR OU 
AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE DROGA”. 1. Cabível o pedido de 
“interpretação conforme à Constituição” de preceito legal portador de mais de um sentido, 
dando-se que ao menos um deles é contrário à Constituição Federal. 2. A utilização do § 3º 
do art. 33 da Lei 11.343/2006 comofundamento para a proibição judicial de eventos públicos 
de defesa da legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito 
fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da Carta 
Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de manifestação de pensamento e 
expressão, em sentido lato, além do direito de acesso à informação (incisos IV, IX e XIV do 
art. 5º da Constituição Republicana, respectivamente). 3. Nenhuma lei, seja ela civil ou 
penal, pode blindar-se contra a discussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
113 
Constituição está a salvo da ampla, livre e aberta discussão dos seus defeitos e das suas 
virtudes, desde que sejam obedecidas as condicionantes ao direito constitucional de reunião, 
tal como a prévia comunicação às autoridades competentes. 4. Impossibilidade de restrição 
ao direito fundamental de reunião que não se contenha nas duas situações excepcionais que 
a própria Constituição prevê: o estado de defesa e o estado de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, 
alínea “a”, e art. 139, inciso IV). 5. Ação direta julgada procedente para dar ao § 2º do art. 
33 da Lei 11.343/2006 “interpretação conforme à Constituição” e dele excluir qualquer 
significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da 
descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser 
humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. 
(ADI 4274, Relator (a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2011, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-2012 RTJ 
VOL- 00222-01 PP-00146). 
 
 
 
14. Cedente eventual (art. 33, §3º da Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 33 § 3º. Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, 
e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das 
penas previstas no art. 28. 
 
Essa modalidade não caracteriza tráfico, e consequentemente, não é crime hediondo. 
Trata-se de uma infração penal de menor potencial ofensivo, sendo da competência do Juizado Especial 
Criminal. 
Obs.1: Denota-se que as penas do art. 28 podem ser cumulada as penas do art. 33, §3º da Lei em estudo. 
O tipo penal em comento exige quatro requisitos cumulativos: 
a) oferta eventual da droga; 
b) oferta gratuita; 
c) destinatário seja do relacionamento de quem oferece a droga; e 
d) a droga seja para consumo conjunto. 
 
a) Conduta: 
 Oferecer drogas; 
 Para pessoa de seu relacionamento; 
 EVENTUALMENTE; 
 Para juntos consumirem. 
 
 
 
 
 
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114 
Oferecer: Renato Brasileiro explica que “o verbo núcleo utilizado no art. 33, § 3°, da Lei de Drogas - 
oferecer -, demonstra que o crime só restará caracterizado na hipótese de a iniciativa partir do próprio 
agente. Logo, pelo menos em tese, se a iniciativa para o consumo compartilhado partir de pessoa de 
relacionamento do agente, e não deste, não se pode dizer que teria havido a oferta da droga”. 
Eventualidade: o oferecimento da droga não pode ocorrer de maneira habitual, frequente, sob pena de 
restar caracterizado o crime do caput do art. 33. 
Pessoa do relacionamento: o art. 33, § 3°, aponta como um de seus elementos especializantes o 
oferecimento eventual da droga a pessoa do relacionamento do agente. Por mais que não seja necessária uma 
relação de parentesco, o dispositivo deixa claro que deve se tratar de pessoa conhecida, próxima ao agente, 
a ele ligada por meio de relação de amizade ou coleguismo, mesmo que desprovida de maior intimidade. 
Portanto, caso a droga seja oferecida a pessoa recém-conhecida pelo agente, restará caracterizado o crime do 
art. 33, caput; 
Consumo compartilhado: o último elemento especializante constante do art. 33, § 3°, diz respeito ao 
consumo compartilhado da substância oferecida pelo agente. Como o legislador faz uso da expressão para 
juntos a consumirem, tem-se aí verdadeiro especial fim de agir do ofertante. 
 
15. Maquinismos e objetos destinados ao tráfico (art. 34 da Lei nº 11.343/2006) 
 
Trata-se de crime relativo ao maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto que seja destinado à 
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas. 
 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou 
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 
(dois mil) dias-multa. 
 
- Finalidade do tipo penal: incriminar condutas não abrangidas pelo art. 33 caput, são condutas relacionadas 
a máquinas e objetos em geral ligados a produção de droga, razão pela qual também demanda reprimenda 
do Estado. O objeto material não é a droga, mas o instrumento de sua produção. 
- Sentença condenatória e perda dos bens (art.63, da Lei nº 11.343/2006): ao proferir a sentença de mérito, 
o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, seqüestrado ou declarado 
indisponível. 
 
 
 
 
 
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115 
- Atos preparatórios? 
Veja-se que aqui trata-se de atos preparatórios para a fabricação da droga. 
Lembre-se que o ato preparatório, em si, não é punível. No entanto, o ato preparatório pode ser tão grave que 
a lei o transforma em crime autônomo. É o caso, por exemplo, do porte ilegal de arma de fogo. 
O ato preparatório é tão grave que já constitui crime autônomo. Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro 
(Legislação Penal Especial Comentada, 2017): Pelo menos em regra, atos preparatórios não são puníveis. 
Como deixa entrever o art. 14, inciso II, do Código Penal, para que determinado crime seja punido a título 
de tentativa, é indispensável que haja pelo menos o início da execução. No entanto, em algumas situações, 
diante da relevância do bem jurídico tutelado, o legislador resolve transformar esses atos preparatórios em 
verdadeiros tipos penais especiais, fugindo à regra geral, a exemplo do que ocorre com o crime de petrechos 
para falsificação de moeda (CP, art. 291) e com o delito do art. 34 da Lei de Drogas, que, na verdade, antecipa 
a incidência do Direito Penal para abranger situações que ainda não teriam o condão de tipificar o crime de 
tráfico de drogas previsto no art. 33, caput, da Lei n° 11.343/06. 
Trata-se de crime de tipo penal misto alternativo, o legislador faz uso de 11 verbos núcleos. 
 
- Conflito de normas com art. 33, caput, e princípio da consunção: 
STF: “Ambos os preceitos buscariam proteger a saúde pública e tipificariam condutas que — no mesmo 
contexto fático, evidenciassem o intento de traficância do agente e a utilização dos aparelhos e insumos para 
essa mesma finalidade — poderiam ser consideradas meros atos preparatórios do delito de tráfico previsto 
no art. 33, “caput”, da Lei 11.343/2006” (HC 109.708/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 2ª Turma, j. 23.6.2015, 
noticiado no Informativo 791). 
 
STJ: “Responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado crime em concurso com 
o de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas, previsto no art. 34 da Lei 11.343/2006 – o 
agente que, além de preparar para venda certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência, mantiver, no 
mesmo local, uma balança de precisão e um alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. Defato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a possibilidade de a droga ser 
produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório. Portanto, a 
prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da mesma 
lei, desde que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o 
bem jurídico tutelado de forma distinta” (REsp 1.196.334/PR, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma, 
j. 19.09.2013, noticiado no Informativo 531). 
 
Cleber Masson explica que para esses julgados, caso a polícia encontre apenas os instrumentos utilizados 
para fabricação da droga, o agente responderá pelo crime previsto no art. 34 da Lei de Drogas. Mas, se 
encontrar os instrumentos e a droga, o crime previsto no art. 34 será absorvido pelo delito contido no art. 33, 
“caput”. O art. 34 ficará absolvido. 
- Art. 33, caput, e art. 34: Concurso de crimes? 
 STJ: “Responderá pelo crime de tráfico de drogas – art. 33 da Lei 11.343/2006 – em concurso com o 
crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas – art. 34 da Lei 11.343/2006 – o 
agente que, além de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência para 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
116 
fins de mercancia, possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos, maquinário e utensílios 
que constituam laboratório utilizado para a produção, preparo, fabricação e transformação de 
drogas ilícitas em grandes quantidades. Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram 
verdadeira autonomia das condutas e inviabilizam a incidência do princípio da consunção. Sabe-se 
que o referido princípio tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal para a preparação, 
execução ou mero exaurimento do delito visado pelo agente, situação que fará com que este absorva 
aquele outro delito, desde que não ofendam bens jurídicos distintos. Dessa forma, a depender do 
contexto em que os crimes foram praticados, será possível o reconhecimento da absorção do delito 
previsto no art. 34 – que tipifica conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório – pelo 
crime previsto no art. 33. Contudo, para tanto, é necessário que não fique caracterizada a existência 
de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma 
distinta. Levando-se em consideração que o crime do art. 34 visa coibir a produção de drogas, 
enquanto o art. 33 tem por objetivo evitar a sua disseminação, deve-se analisar, para fins de incidência 
ou não do princípio da consunção, a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados à 
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas. Relevante aferir, portanto, se os objetos 
apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em tela quanto à coibição da própria produção de drogas. 
Logo, se os maquinários e utensílios apreendidos não forem suficientes para a produção ou 
transformação da droga, será possível a absorção do crime do art. 34 pelo do art. 33, haja vista ser 
aquele apenas meio para a realização do tráfico de drogas (como a posse de uma balança e de um 
alicate – objetos que, por si sós, são insuficientes para o fabrico ou transformação de entorpecentes, 
constituindo apenas um meio para a realização do delito do art. 33). Contudo, a posse ou depósito de 
maquinário e utensílios que demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório voltado à 
fabricação ou transformação de drogas implica autonomia das condutas, por não serem esses objetos 
meios necessários ou fase normal de execução do tráfico de drogas” (AgRg no AREsp 303.213/SP, 
rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma, j. 08.10.2013, noticiado no Informativo 531). 
 
Podemos extrair desse julgado que o art. 34 será absorvido pelo art. 33 quando os instrumentos encontrados 
em determinado local forem suficientes para a produção da droga também existente naquele local. Em 
contrapartida, caso se apure que os instrumentos tenham capacidade de produzir mais drogas do que aquelas 
que foram apreendidas, o agente responderá pelos dois crimes, em concurso. 
Esquematizando: 
Art. 34 absorvido pelo art. 33 Art. 34 em concurso de crimes com o art. 33 
Na situação em que os instrumentos encontrados 
em determinado local forem suficientes para a 
produção da droga também existente naquele 
local, o art. 34 ficará absorvido pelo art. 33, caput. 
Na situação em que se apure que os instrumentos 
tenham capacidade de produzir mais drogas do que 
aquelas que foram apreendidas, o agente 
responderá pelos dois crimes, em concurso 
 
16. Associação para o tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 35 – Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou 
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1°, e 34 desta Lei: 
Pena – reclusão, de três a dez anos, e pagamento de setecentos a mil e duzentos dias-multa. 
Parágrafo único – Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a 
prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
117 
Destaca-se, ao contrário do crime de associação criminosa que exige a presença de pelo menos três 
integrantes, na associação para fins do tráfico o legislador impõe tão somente o número mínimo de duas 
pessoas. 
O crime de associação para o tráfico não admite tentativa, pois se trata de um crime obstáculo. Segundo 
Cleber Masson, crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo 
pelo legislador. O delito obstáculo diz respeito às incriminações que antecipam a intervenção penal a 
momentos anteriores à realização do perigo imediato. 
- Distinção 
Atualmente, existem outros delitos envolvendo associação para a prática de crime. Desse modo, é preciso 
distinguirmos. 
Associação criminosa (art. 288 do CP) Associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343) 
a. exige o envolvimento de pelo menos TRÊS 
pessoas; 
b. se agrupam para praticar quaisquer outros delitos 
diversos do tráfico; 
c. exige reiteração. 
a. envolvimento de duas pessoas; 
b. intenção de cometer quaisquer dos crimes 
previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 desta Lei: 
tráfico; 
c. exista ou não reiteração na intenção de cometer 
os crimes. 
 
Obs.: a expressão reiterada ou não no crime de associação para tráfico é objeto de críticas. Segundo Cleber 
Masson, o legislador equivocou-se, pois toda associação reclama estabilidade e permanência. A união 
eventual caracteriza concurso de pessoas, e não o crime autônomo de associação para o tráfico. 
Nesse sentido, a Jurisprudência. Vejamos: 
 
STJ: “Exige-se o dolo de se associar com permanência e estabilidade para a caracterização 
do crime de associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Dessa 
forma, é atípica a conduta se não houver ânimo associativo permanente (duradouro), mas 
apenas esporádico (eventual)” (HC 139.942/SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª 
Turma, j. 19.11.2012, noticiado no Informativo 509). 
 
É possível o concurso de crimes entre o tráfico de drogas e a associação criminosa. Nesse sentido, temos que 
a associação não é absorvida pelo tráfico. 
 
 Crime de concurso necessário 
Este é um dos crimes chamados de plurissubjetivo ou crime de concurso necessário – é o crime em que 
necessariamente haverá concurso de pessoas (ao contrário do crime unissubjetivo, crime de concurso 
eventual, que é aquele em que eventualmente haverá concurso de pessoas - quase todos os crimes são 
unissubjetivos, pois podem ser praticados por uma ou mais pessoas). 
 
 
 
 
 
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 Integração por duas pessoas 
Na associação para o tráficonecessita-se pelo menos de duas pessoas para que configure-se o crime. Para 
que se caracterize o crime de associação para o tráfico não é preciso identificar as duas pessoas que 
cometeram o crime, se houver a identificação de uma delas, sabendo que há associação, já se tem configurado 
o crime (imagine-se a interceptação telefônica em que não se sabe quem é o outro traficante, mas já se sabe 
que há a associação). 
 
 Elemento Subjetivo Específico (Dolo Específico) 
“Para o fim de” – elemento subjetivo específico, dolo específico - especial finalidade no agir. 
A finalidade específica é a prática de crimes relacionados ao tráfico de drogas. Não é necessária a prática 
reiterada de crimes, mas isto não quer dizer que não é necessária a associação com pretensão de durabilidade 
– é necessário que se tenha um grupo com pretensão de durabilidade, é um grupo criminoso que pode praticar 
o tráfico uma vez só, mas existe a pretensão de união em torno daquele grupo, porque senão não é associação 
– esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 2016, p. 769): O art. 35, 
caput, da Lei n° 11.343/06, deixa claro que a finalidade da associação é a prática, reiterada ou não, de 
qualquer dos crimes dos art. 33, caput e§ 1°, e 34 da Lei de Drogas. 
 
Obs.1: Pode haver a configuração do crime de associação para o tráfico, sem que tenha ocorrido, entretanto 
o tipo penal do tráfico de drogas. Exemplo: “A” associa-se com “B”, com o fim de praticar o crime de 
associação para o tráfico. Ainda que não venham a praticar o crime, a mera associação já configura o delito 
em comento, posto que a conduta do tipo penal é “associar-se”. 
 
 Crime não hediondo 
Por fim, e não menos importante, cumpre destacarmos que nem todo crime da Lei de Drogas é hediondo. 
Assim, destaca-se: O ART. 35, da Lei 11.343 de 2006 NÃO É CRIME HEDIONDO. 
 
17. Financiamento ao tráfico (art. 36, Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e §1º, e 34 desta Lei: 
 
 
 
 
 
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Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 
4.000 (quatro mil) dias-multa. 
Veja-se que a pena do crime de financiamento é mais gravosa que a pena do crime de tráfico de drogas. A 
ideia do financiamento para o tráfico mereceu uma reprovabilidade bastante acentuada. 
O agente que responde pelo art. 36 não é traficante de drogas, não se envolve diretamente, mas financia o 
tráfico. Esse tipo penal é aplicável ao chamado “financiamento ou custeio sem tráfico”. Caracteriza-se como 
uma exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas. O agente que responde pelo art. 36 não se 
envolve com o tráfico de drogas. 
 
O delito de financiamento para o tráfico não deve ser confundido com a causa de aumento previsto no art. 
40 da Lei nº 11.343/2006. 
 Autofinanciamento e art. 40, inc. VII: 
O autofinanciamento ocorre na situação em que o mesmo agente, além de financiar o tráfico, também pratica 
condutas típicas inerentes ao tráfico por ele financiado. A título de exemplo, suponha-se que, dentro de um 
mesmo contexto fático, determinado indivíduo custeie a aquisição de cocaína por um terceiro, concorrendo, 
ademais, para o transporte, armazenamento e distribuição da droga para consumo. 
Nessa situação, o agente responde pelo art. 33 com a incidência da causa de aumento do art. 40, inc VII. 
Nesse sentido, a Jurisprudência do STJ. Vejamos: 
 
STJ: “Na hipótese de autofinanciamento para o tráfico ilícito de drogas, não há concurso 
material entre os crimes de tráfico (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006) e de financiamento 
ao tráfico (art. 36), devendo, nessa situação, ser o agente condenado às penas do crime de 
tráfico com incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 40, VII. De acordo com 
a doutrina especialista no assunto, denomina-se autofinanciamento a situação em que o 
agente atua, ao mesmo tempo, como financiador e como traficante de drogas. Posto isso, 
tem-se que o legislador, ao prever como delito autônomo a atividade de financiar ou custear 
o tráfico (art. 36 da Lei 11.343/2006), objetivou – em exceção à teoria monista – punir o 
agente que não tem participação direta na execução no tráfico, limitando-se a fornecer 
dinheiro ou bens para subsidiar a mercancia, sem importar, exportar, remeter, preparar, 
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, 
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas 
ilicitamente. Observa-se, ademais, que, para os casos de tráfico cumulado com o 
financiamento ou custeio da prática do crime, expressamente foi estabelecida a aplicação da 
causa de aumento de pena do art. 40, VII, da referida lei, cabendo ressaltar, entretanto, que 
a aplicação da aludida causa de aumento de pena cumulada com a condenação pelo 
financiamento ou custeio do tráfico configuraria inegável bis in idem. De outro modo, atestar 
a impossibilidade de aplicação daquela causa de aumento em casos de autofinanciamento 
para o tráfico levaria à conclusão de que a previsão do art. 40, VII, seria inócua quanto às 
penas do art. 33, caput” (REsp 1.290.296/PR, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª 
Turma, j. 17.12.2013, noticiado no Informativo 534). 
 
 
 
 
 
 
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18. Informante colaborador (art. 37, Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 37 – Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à 
prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1°, e 34 desta Lei: 
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e pagamento de trezentos a setecentos dias-multa. 
 
Segundo Cleber Masson, para a caracterização desse crime não basta a colaboração com tráfico. Exige-se 
que o agente colabore para o grupo, organização ou associação voltados ao tráfico. O informante não integra 
o grupo, organização ou associação, pois se integrasse ele responderia pelo art. 35 da Lei de Drogas. 
Um exemplo é a conduta do “fogueteiro”: STF - HC 106.155/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o 
acórdão Min. Luiz Fux, 2ª Turma, j. 04.10.2011, noticiado no Informativo 643. 
 
Caso o informante seja funcionário público e tenha recebido vantagem indevida, ele responderá por dois 
crimes: art. 37 da Lei de Drogas e art. 317 do CP (corrupção passiva), em concurso material. 
 
 Associação para o tráfico e subsidiariedade tácita: se o informante colaborador integrar o grupo não 
responde pelo art. 37 da Lei, mas sim pelo art. 35. Vejamos o entendimento da Jurisprudência. 
 
STJ: “Responderá apenas pelo crime de associação do art. 35 da Lei 11.343/2006 – e não 
pelo mencionado crime em concurso com o de colaboração como informante, previsto no 
art. 37 da mesma lei – o agente que, já integrando associação que se destine à prática do 
tráfico de drogas, passar, em determinado momento, a colaborar com esta especificamente 
na condição de informante. A configuração do crime de associação para o tráfico exige a 
prática, reiterada ou não, de condutas que visem facilitar a consumação dos crimes descritos 
nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado 
o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação de vínculo permanente e estável. 
Por sua vez, o crime de colaboração como informante constitui delito autônomo, destinado 
a punir específica forma de participação na empreitada criminosa, caracterizando-se como 
colaborador aquele que transmite informação relevante para o êxito das atividades do grupo, 
associação ou organização criminosa destinados à prática de qualquer dos crimesprevistos 
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006. O tipo penal do art. 37 da referida lei 
(colaboração como informante) reveste-se de verdadeiro caráter de subsidiariedade, só 
ficando preenchida a tipicidade quando não se comprovar a prática de crime mais grave. De 
fato, cuidando-se de agente que participe do próprio delito de tráfico ou de associação, a 
conduta consistente em colaborar com informações já será inerente aos mencionados tipos. 
A referida norma incriminadora tem como destinatário o agente que colabora como 
informante com grupo, organização criminosa ou associação, desde que não tenha ele 
qualquer envolvimento ou relação com atividades daquele grupo, organização criminosa ou 
associação em relação ao qual atue como informante. Se a prova indica que o agente mantém 
vínculo ou envolvimento com esses grupos, conhecendo e participando de sua rotina, bem 
como cumprindo sua tarefa na empreitada comum, a conduta não se subsume ao tipo do art. 
37, podendo configurar outros crimes, como o tráfico ou a associação” (HC 224.849/RJ, rel. 
Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma, j. 11.06.2013, noticiado no Informativo 527). 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
121 
19. Causas de aumento da pena 
 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois 
terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias 
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de 
missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos 
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, 
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se 
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de 
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em 
transportes públicos; 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, 
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por 
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
 
19.1 Inc. I: a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato 
evidenciarem a transnacionalidade do delito 
 
- Transnacionalidade do Delito 
A Lei de Drogas antiga falava em tráfico internacional. Mudou-se a expressão para “transnacional”. A 
doutrina majoritária entende que a ideia de transnacionalidade diverge da ideia de internacionalidade, 
pois internacional é quando sai de um país e vai para outro; já o transnacional basta sair do país. O só 
fato de sair do país já teria o caráter transnacional. 
Nessa linha, cumpre destarcarmos que o tráfico transnacional é crime de competência da Justiça Federal 
(o tráfico interestadual não é de competência da Justiça Federal. A Polícia Federal pode investigar o 
tráfico interestadual, mas não se trata de crime federal). Para que se tenha a competência federal, não é 
necessário que a transnacionalidade se consume. Logo, se o sujeito é preso no aeroporto, embarcando 
para outro país, já é competência da Justiça Federal. Basta a pretensão de transnacionalidade. O tráfico 
já está consumado; a transnacionalidade ainda não está consumada, mas a competência já é da Justiça 
Federal. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
122 
 
Súmula 538, STJ. Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela 
via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. 
 
Aos juízes federais compete o processo e julgamento dos crimes previstos em tratado ou convenção 
internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro ou reciprocamente (art. 109, V, CF). Por consequência, recai sobre a Justiça Federal a 
competência para processo e julgamento do crime de tráfico internacional de drogas. (Súmulas Criminais 
do STF e do STJ comentadas, Renato Brasileiro, 2016). 
Na hipótese em que drogas enviadas via postal do exterior forem apreendidas na alfândega, competirá ao 
juiz federal DO LOCAL DA APREENSÃO DA SUBSTÂNCIA processar e julgar o crime de tráfico 
internacional de drogas, ainda que a correspondência seja endereçada à pessoa não identificada residente 
em outra localidade. (Súmulas Criminais do STF e do STJ comentadas, Renato Brasileiro, 2016). 
 
Candidato, para incidir essa majorante exige-se a transposição da fronteira? Não é necessário. Segundo 
ensina Cleber Masson basta a presença de circunstâncias indicativas de que a droga seria levada ao 
exterior. 
O trafico internacional é de competência da Justiça Federal, conforme art. 70, caput, da Lei 
de Drogas: “O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se 
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal”. Com isso a 
denúncia será atribuição do Ministério Público Federal e a investigação ficará a cargo da 
Polícia Federal. 
 
Candidato, como fica a competência na hipótese de importação da droga pela via postal? A competência 
será do juízo federal do local da apreensão da substância. Nesse sentido, já se pronunciou o STJ: 
 
“Na hipótese em que drogas enviadas via postal do exterior tenham sido apreendidas na 
alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão da substância processar e julgar 
o crime de tráfico de drogas, ainda que a correspondência seja endereçada a pessoa não 
identificada residente em outra localidade. Isso porque a conduta prevista no art. 33, caput, 
da Lei 11.343/2006 constitui delito formal, multinuclear, que, para a consumação, basta a 
execução de qualquer das condutas previstas no dispositivo legal, dentre elas o verbo 
“importar”, que carrega a seguinte definição: fazer vir de outro país, estado ou município; 
trazer para dentro. Logo, ainda que desconhecido o autor, despiciendo é o seu 
reconhecimento, podendo-se afirmar que o delito se consumou no instante em que tocou o 
território nacional, entrada essa consubstanciada na apreensão da droga. Ressalte-se, por 
oportuno, que é firme o entendimento da Terceira Seção do STJ no sentido de ser 
desnecessário, para que ocorra a consumação da prática delituosa, a correspondência chegar 
ao destinatário final, por configurar mero exaurimento da conduta. Dessa forma, em não 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
123 
havendo dúvidas acerca do lugar da consumação do delito, da leitura do caput do art. 70 do 
CPP, torna-se óbvia a definição da competência para o processamento e julgamento do feito, 
uma vez que é irrelevante o fato da droga estar endereçada a destinatário em outra 
localidade” (CC 132.897/PR, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 3ª Seção, j. 28.05.2014, 
noticiado no Informativo 543). 
 
19.2 Inc. II: o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de 
educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
 
Trata-se de situação em que o agente abusa de sua função pública, da sua missão de educação, poder 
familiar, guarda ou vigilância. Nessa hipótese, a reprovabilidade deve ser mais acentuada. 
 
Não basta, para incidir a majorante, seja o crime praticado pelo funcionário público. Ele deve praticar o 
delito prevalecendo-se da função pública. 
É valer-se da função pública.Por função pública, segundo Renato Brasileiro, compreende-se toda atividade desempenhada com o 
objetivo de consecução de finalidades próprias do Estado, por meio daquele que exerce cargo, emprego 
ou função pública, nos termos do art. 327 do Código Penal. Exercem função pública todos aqueles que 
prestam serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração indireta, aí incluídos os agentes 
políticos, os servidores públicos, assim como os particulares em colaboração com o Poder Público. 
 Missão de educação; 
 Poder familiar; 
 Missão de guarda ou vigilância. 
 
Cumpre ainda destacarmos que, o art. 92, incs. I e II, do CP trazem como efeitos da condenação a perda 
do cargo ou função pública e a incapacidade para o exercício do poder familiar. 
 
19.3 Inc. III: a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos 
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, 
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou 
diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção 
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos. 
 
 Estabelecimento prisional: a jurisprudência pacífica do STF é no sentido de que basta que seja o 
crime cometido na dependência de estabelecimento prisional para autorizar o aumento da pena. Não é 
necessário que a droga destinada à difusão (distribuição) dentro do estabelecimento. 
Os fundamentos dessa causa de aumento repousam na extensão do dano e na maior potencialidade do 
delito. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
124 
 
 
Ocorrendo o tráfico de drogas nas imediações de presídio, incidirá a causa de aumento do art. 40, 
III, da LD, não importando quem seja o comprador 
 
Se o agente vende a droga nas imediações de um presídio, mas o comprador não era um dos detentos 
nem qualquer pessoa que estava frequentando o presídio, ainda assim deverá incidir a causa de aumento 
do art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006? SIM. A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da 
Lei nº 11.343/2006 se justifica quando constatada a comercialização de drogas nas dependências ou 
imediações de estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos 
frequentadores daquele local. Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um 
estabelecimento prisional, incidirá a causa de aumento, não importando quem seja o comprador do 
entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858). 
 
 Transporte público e alcance da majorante: o STJ: “A utilização de transporte público com a 
única finalidade de levar a droga ao destino, de forma oculta, sem o intuito de disseminá-la entre os 
passageiros ou frequentadores do local, não implica a incidência da causa de aumento de pena do inciso 
III do artigo 40 da Lei 11.343/2006” (REsp 1.443.214/MS, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 
04.09.2014, noticiado no Informativo 547). 
 
 
 
Droga transportada em transporte público e causa de aumento do art. 40 da Lei 11.343/2006 
 
O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de aumento de pena o fato de a infração ser cometida 
em transportes públicos. Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro 
do meio de transporte, incidirá essa majorante? NÃO. A majorante do art. 40, II, da Lei 11.343/2006 
somente deve ser aplicada nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga 
em seu interior. É a posição majoritária no STF e STJ. STF. 1ª Turma. HC 122258-MS, Rel. Min. 
Rosa Weber, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/ o acórdão, Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 3/6/2014 (Info 749). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rel. Min. 
Regina Helena Costa, julgado em 18/6/2014 (Info 543). STJ. 6ª Turma. REsp 1443214-MS, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/09/2014. 
 
19.4 Inc. IV: o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou 
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
O tráfico de drogas em si não tem como elementar do tipo o empregado da violência ou grave ameaça, 
mas sendo o tráfico perpetrado com o emprego da violência ou grave ameaça, haverá a causa de aumento 
de pena. Deve-se ter em vista que se o emprego da violência ou grave ameaça consistir em crime 
autônomo, não incidirá a causa de aumento de pena, vez que senão haveria o bis in idem (punir o mesmo 
fato mais de uma vez). 
Assim, contemplamos que em regra, o tráfico de drogas não é cometido com emprego de violência ou 
grave ameaça, porém, quando isso acontecer será considerado causa de aumento de pena. 
 
 
 
 
 
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125 
19.5 Inc. V: caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; 
Trata-se do chamado tráfico interestadual. 
Para que ocorra a incidência da causa de aumento da pena em comento não se reclama, para incidência 
da majorante, a efetiva transposição da fronteira. A lei se contenta com a presença de circunstâncias 
indicativas no sentido de que a droga seria levada a outro Estado ou ao Distrito Federal. 
 
O art. 40, V, da Lei de Drogas prevê que a pena do tráfico e de outros delitos deverá ser aumentada se 
ficar "caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal". 
Para que incida essa causa de aumento não se exige a efetiva transposição da fronteira 
interestadual pelo agente, sendo suficiente a comprovação de que a substância tinha como destino 
localidade em outro Estado da Federação. 
Ex: João pegou um ônibus em Campo Grande (MS) com destino a São Paulo (SP); algumas horas depois, 
antes que o ônibus cruzasse a fronteira entre os dois Estados, houve uma blitz da polícia no interior do 
coletivo, tendo sido encontrados 10kg de cocaína na mochila de João, que confessou que iria levá-la 
para um traficante de São Paulo. STF. 1ª Turma. HC 122791/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
17/11/2015 (Info 808). 
 
STF “A incidência da causa de aumento de pena prevista na Lei 11.343/2006 [“Art. 40. As penas 
previstas nos artigos 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) V - 
caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal”] não 
demanda a efetiva transposição da fronteira da unidade da Federação. Seria suficiente a reunião 
dos elementos que identificassem o tráfico interestadual, que se consumaria instantaneamente, 
sem depender de um resultado externo naturalístico. Esse é o entendimento da Primeira Turma, 
que, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem em “habeas corpus” no qual 
se sustentava a não incidência da mencionada majorante, porque o agente teria adquirido a 
substância entorpecente no mesmo Estado em que fora preso. Segundo o Colegiado, existiriam 
provas suficientes quanto à finalidade de consumar a ação típica, a saber: a) o paciente estava 
no interior de ônibus de transporte interestadual com bilhete cujo destino final seria outro 
Estado da Federação; e, b) a fase da intenção e a dos atos preparatórios teriam sido 
ultrapassadas no momento em que o agente ingressara no ônibus com a droga, a adentrar a fase 
de execução do crime” (HC 122.791/MS, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 17.11.2015, 
noticiado no Informativo 808). 
STJ “(...) para a incidência da causa de aumento prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, não 
é necessária a efetiva transposição da fronteira interestadual, bastando que fique evidenciado, 
pelos elementos de prova, que a droga transportada teria como destino localidade de outro 
estado da Federação” (HC 109.724/MS, rel. Min. Og Fernandes, 6ª Turma,j. 23.08.2011, 
noticiado no Informativo 481). 
 
Candidato, é possível a incidência desta majorante simultaneamente à causa de aumento da pena 
atinente à transnacionalidade (tráfico internacional e tráfico interestadual)? 
Depende. 
1ª Situação: Se a droga, originária do exterior, destinar-se à difusão a outro Estado, podem ser aplicadas 
as duas majorante (tráfico internacional + tráfico interestadual). 
2ª Situação: Se a droga, vinda do exterior, destinar-se a ficar em somente um Estado, apenas será 
aplicada a majorante ligada ao tráfico internacional. 
 
 
 
 
 
 
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STJ: “No tráfico ilícito de entorpecentes, é inadmissível a aplicação simultânea das causas especiais 
de aumento de pena relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito (art. 40, I e V, da 
Lei n. 11.343/2006), quando não comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la 
em mais de um estado do território nacional, ainda que, para chegar ao destino final pretendido, 
imperativos de ordem geográfica façam com que o importador transporte a substância através de 
estados do país. De fato, sem a existência de elementos concretos acerca da intenção do importador 
dos entorpecentes de pulverizar a droga em outros estados do território nacional, não se vislumbra 
como subsistir a majorante prevista no inciso V do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) em 
concomitância com a causa especial de aumento relativa à transnacionalidade do delito (art. 40, I, da 
Lei de Drogas), sob pena de bis in idem” (HC 214.942/MT, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, 
j. 16.06.2016, noticiado no Informativo 586). 
 
19.6 Inc. VI: sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer 
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 
 
Candidato, como fica a incidência dessa majorante diante do crime de corrupção de menores (art. 244-
B do ECA)? Nos crimes do art. 33 a 37 da Lei de Drogas, quando o agente pratica o delito juntamente 
com um menor, não é possível aplicar o crime de corrupção de menores, pois essa causa de aumento da 
pena do art. 40, VI, é incompatível com o crime do art. 244-B do ECA, incidindo aqui o princípio da 
especialidade. A norma especial exclui a incidência da norma geral. 
 
STJ: “Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto 
nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de 
menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será 
possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base 
no art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006. O debate consistiu no enquadramento da conduta de 
adulto que pratica tráfico em concurso eventual com criança ou adolescente. Para configuração 
do crime previsto no art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), basta a 
participação de menor de 18 anos no cometimento do delito, pois, de acordo com a 
jurisprudência do STJ, o crime é formal e, por isso, independe da prova da efetiva corrupção 
do menor (Súmula 500/STJ). Por sua vez, para incidir a majorante do art. 40, VI, da Lei de 
Drogas, faz-se necessário que, ao praticar os delitos previstos nos arts. 33 a 37, o réu envolva 
ou vise atingir criança, adolescente ou quem tenha capacidade de entendimento e determinação 
diminuída. Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se a criança ou adolescente 
já estiverem corrompidos, não há falar em corrupção de menores e de que responde o agente 
apenas pelo crime de tráfico majorado, pois, de acordo com o entendimento do STJ, é 
irrelevante a prova da efetiva corrupção do menor para que o acusado seja condenado pelo 
crime do ECA. A solução deve ser encontrada no princípio da especialidade. Assim, se a 
hipótese versar sobre concurso de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática de 
qualquer dos crimes tipificados nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, afigura-se juridicamente 
correta a imputação do delito em questão, com a causa de aumento do art. 40, VI. Para os 
demais casos, aplica-se o art. 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme 
entendimento doutrinário” (REsp 1.622.781/MT, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 
22.11.2016, noticiado no Informativo 595). 
 
 
 
 
 
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Agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente responde também 
por corrupção de menores? 
 
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33 a 37 da Lei 
de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e também pelo delito do art. 244-B do ECA 
(corrupção de menores). 
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº 
11.343/2006: ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a causa de aumento de pena do art. 
40, VI. Não será punido pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in idem. Na hipótese de o delito praticado 
pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá 
ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses 
artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena 
com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 22/11/2016 (Info 595). 
 
19.7 Inc. VII: o agente financiar ou custear a prática do crime 
Essa majorante tem aplicabilidade restrita ao autofinanciamento – STJ: REsp 1.290.296/PR, rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 17.12.2013, noticiado no Informativo 534. 
 
Financiamento do tráfico e assemelhados (art. 36) 
Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33: responderá apenas 
pelo art. 36 da Lei de Drogas. Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum 
verbo do art. 33: responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado 
pelo art. 36). STJ. 6ª Turma. REsp 1.290.296-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
17/12/2013 (Info 534). 
 
20. Colaboração eficaz (art. 41, Lei nº 11.343/2006) 
 
 
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial 
e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na 
recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena 
reduzida de um terço a dois terços. 
 
 
Trata-se de manifestação do chamado direito premial: instituto que privilegia com algum benefício ao agente 
que colabora com o Estado. No caso em comento, funciona como causa de redução de pena. 
Essa colaboração é possível tanto na fase do inquérito quanto na fase da ação penal. A diminuição da pena 
depende de dois requisitos: 
a) identificação dos demais coautores ou partícipes do crime; 
b) deve colaborar na recuperação total ou parcial do produto do crime. 
 
 
 
 
 
 
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Essa colaboração apenas poderá ser conhecida pelo juiz no momento da aplicação da pena. 
 
21. Crime culposo (art. 38, Lei nº 11.343/2006) 
 
Art. 38 – Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que dela necessite o paciente, 
ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e pagamento de cinqüenta a duzentos dias-
multa. 
 
Trata-se do único crime culposo previsto na Lei de Drogas. 
É cediço que o dolo é o elemento subjetivo por excelência dos crimes previstos no Código Penal, assim 
como, na Lei de Drogas.A culpa, por sua vez, é o elemento subjetivo por exceção. No dolo há a vontade de 
produzir a conduta e vontade de produzir o resultado. Já na culpa, há a vontade de produzir a conduta, mas 
não há a vontade de produzir o resultado. 
Para que o crime seja considerado culposo, é necessária expressa previsão em lei. É o caso do art. 38 da Lei 
de Drogas. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Penal Especial Comentada, 2016, p. 780): “somente 
será possível a punição de determinada conduta a título culposo se houver ressalva expressa no texto da 
Lei. E é exatamente isso o que ocorre no art. 38 da Lei no 11.343/06. Ao contrário das demais condutas 
delituosas constantes da Lei de Drogas, punidas apenas a título doloso, a redação do tipo penal em questão 
deixa transparecer que esta será punida exclusivamente se praticada culposamente, já que o próprio tipo 
penal faz referência expressa à prescrição ou ministração culposa de drogas. Portanto, na hipótese de 
prescrição ou ministração dolosa de drogas, deverá o agente ser processado pelo crime do art. 33, caput, 
que também faz uso dos verbos prescrever e ministrar”. 
É uma infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do JECRIM e compatível com a transação 
penal. 
O crime próprio ou especial, isso porque a conduta de “prescrever” uma droga somente poderá ser praticado 
pelo médico ou pelo dentista. A conduta de “ministrar”, além do médico e do dentista, também pode ser 
praticada pelo profissional de enfermagem ou de farmácia. 
É crime culposo previsto em um tipo fechado. Em regra, os delitos culposos são previstos em tipos penais 
abertos, mas no art. 38 o legislador descreve expressamente as hipóteses em que a culpa poderá ocorrer, 
vejamos: 
 
 O paciente não necessita da droga; 
 O sujeito precisa da droga, mas ela é prescrita ou ministrada em dose excessiva; 
 A droga é prescrita ou ministrada em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
 
 
 
 
 
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129 
22. Condução de embarcação ou aeronave após o consumo de droga (art. 39, Lei nº 11.343/2006) 
Art. 39 – Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano 
potencial a incolumidade de outrem: 
Pena – detenção, de seis meses a três anos, além da apreensão do veículo, cassação da 
habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de 
liberdade aplicada, e pagamento de duzentos a quatrocentos dias-multa. 
Parágrafo único – As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, 
serão de quatro a seis anos e de quatrocentos a seiscentos dias-multa, se o veículo referido 
no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. 
 
Cuida-se de crime de perigo concreto, isto é, a situação de perigo deve ser provada no caso concreto, pois o 
tipo diz “(...) expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”. 
A embarcação poderá ser de qualquer porte. Não precisa ser um navio. 
No caso de o agente ingerir drogas e utilizar o veículo automotor em via pública não se aplica o art. 39 da 
Lei de Drogas, e sim o art. 306 do CTB: 
 
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - 
detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Atenção! O legislador menciona embarcação ou aeronave, não abrangendo veículo automotor, o qual ficará 
sob a regulamentação do art. 306 do CTB. Nesse sentido, ensina Renato Brasileiro – o art. 39 da Lei de 
Drogas tipifica apenas a condução de embarcação ou aeronave sob a influência de drogas, porquanto a 
condução de veículo automotor nas mesmas condições subsume-se ao tipo penal do art. 306 do Código de 
Trânsito Brasileiro, que possui a seguinte redação: "Conduzir veículo automotor com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine 
dependência". 
 Classificação do Crime quanto ao Resultado 
O crime tipificado ao teor do art. 39, é crime de perigo abstrato ou de perigo concreto? 
 Crime de dano – há lesão ao bem jurídico 
 Crime de perigo concreto – há a exposição do bem jurídico a um perigo concreto, real, efetivo. 
 Crime de perigo abstrato – a conduta é praticada e a lei presume que o bem jurídico foi exposto a 
perigo. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
130 
No crime de trânsito brasileiro há uma presunção legal de que há o dano potencial à incolumidade de outrem 
(crime de perigo abstrato). 
Entretanto, no crime do art. 39 da Lei de Drogas, há um crime de perigo concreto: não basta conduzir a 
embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja efetivamente a exposição da incolumidade de 
outrem a um perigo concreto, real, efetivo. 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2016, p.784-5) 
“Na redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de embarcação ou aeronave 
após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Como se pode notar, a 
situação de perigo presumida pelo legislador está inserida no próprio tipo penal. Logo, trata-se de crime de 
perigo concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática deste crime sem que a acusação comprove 
que a incolumidade pública foi efetivamente colocada em situação de risco”. 
É cabível a aplicação da suspensão condicional do processo, posto que o parâmetro é a pena mínima (não 
fique superior a 1 ano). 
Obs.1: pena de detenção e não reclusão. Não é um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima acima 
de 2 anos). Cabe, todavia, a suspensão condicional do processo (pena mínima inferior a 1 ano). 
 
23. Procedimento policial 
Para lavratura do auto de prisão em flagrante basta o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, 
firmado por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa idônea (art. 50, § 1°, da Lei de Drogas). Esse laudo 
também é suficiente para o oferecimento da denúncia e para seu recebimento. 
Nesse laudo constará que a substância apreendida é droga, bem como a sua respectiva quantidade. Esse laudo 
é precário e provisório. Para a condenação exige-se o exame definitivo (exame químico-toxicológico). 
A jurisprudência já admitiu a juntada desse exame químico-toxicológico posterior à sentença em caso de 
demora na produção do exame. 
 Prazo para a conclusão do Inquérito Policial 
O inquérito policial na Lei de Drogas possui prazo diferenciado. No Código de Processo Penal, o prazo para 
conclusão do inquérito estando o investigado preso é de 10 dias, e 30 quando solto, admitindo-se prorrogação 
no ultimo caso. Na Lei de Drogas, porém o prazo para conclusão do inquérito é mais elástico. 
Nessa esteira, a conclusão do inquérito policial na Lei de Drogas (art. 51) deve respeitar os seguintes prazos: 
a) 30 dias: no caso de indiciado preso; ou 
b) 90 dias: no caso de indiciado solto. 
Indiciado preso Indiciado solto 
30 dias 90 dias 
 
 
 
 
 
 
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131 
Cumpre destacarmos ainda que a Lei de Drogas diz que tais prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido 
o MP, mediante pedido justificado da autoridade policial, mesmo com o indiciado preso. 
Vejamos a previsão legal: 
 
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado 
estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, 
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia 
judiciária.24. Destruição das drogas apreendidas 
 
a) Destruição das drogas na hipótese de ter ocorrido a prisão em flagrante (Art. 50): 
 
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das 
drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. 
 
Será guardada quantidade suficiente para a realização do laudo definitivo e também para eventual 
exame de contraprova. 
 
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo 
de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. 
 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida 
no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste 
a destruição total delas. 
 
b) Destruição das drogas na hipótese em que não houve prisão em flagrante (art. 50-A) 
 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante 
será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da 
apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-
se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. 
 
Será guardada quantidade suficiente para a realização do laudo definitivo e também para eventual 
exame de contraprova. 
 
 
 
 
 
 
 
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132 
25. Procedimentos investigatórios especiais 
Os meios especiais da Lei de Drogas não excluem os meios da legislação comum. 
 
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, 
são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o 
Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: 
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos 
órgãos especializados pertinentes; 
 
Obs.1: O agente infiltrado está autorizado a praticar fatos típicos, pois encontra-se 
acobertado por uma excludente da ilicitude (estrito cumprimento do dever legal). 
 
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos 
ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, 
com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de 
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
Obs.2: Trata-se da ação controlada. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde 
que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
 
26. Novidade: o interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução 
O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução 
O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da instrução criminal. 
Essa regra deve ser aplicada: 
• nos processos penais militares; 
• nos processos penais eleitorais e 
• em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas). 
Essa tese acima exposta (interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só 
se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF, ou 
seja, do dia 11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais e 
da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido efetivados como o primeiro ato 
da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 
6ª Turma. HC 397382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (Info 609). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
133 
JÁ CAIU CESPE 
JÁ CAIU CESPE: (2017. TJ PR. Juiz Substituto). Considerando a jurisprudência do STJ a respeito 
dos crimes hediondos, do tráfico de entorpecentes, do Estatuto do Desarmamento e do ECA, assinale a opção 
correta. 
a) A arma de fogo desmuniciada e desmontada não serve para configurar o delito de porte ilegal de arma de 
fogo. 
ERRADO, conforme posição atual tanto do STF quando do STJ, a posse ou porte de arma de fogo 
CONFIGURA CRIME mesmo que ela esteja desmuniciada. Nesse sentido, o Info 699, STF. 
 
b) Não se configura o crime de corrupção de menor em relação àquele já afeito à prática de atos infracionais. 
ERRADO. O crime de corrupção de menores é considerado crime formal e restará consumado 
independentemente daquele sujeito já ser afeito à prática de outros atos infracionais. Vejamos o teor da 
Súmula do STJ. 
 
 
Acessar: http://www.dizerodireito.com.br/2017/02/agente-que-pratica-delitos-da-lei-de.html 
A defesa de João pediu a sua absolvição quanto ao delito do art. 244-B do ECA, argumentando que o tipo 
penal fala em “corromper” menor de 18 anos. No entanto, no caso concreto, o adolescente já estaria 
“corrompido”, considerando que tinha participado de outros atos infracionais equiparados a crime (era 
infrator contumaz). Logo, disse o advogado, não foi o réu (João) quem corrompeu o menor. A tese defensiva 
é aceita pela jurisprudência? 
NÃO. A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente independe 
da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal (Súmula 500 do STJ). Assim, pouco 
importa se houve ou não a corrupção efetiva do menor. 
c) Por ser crime acessório, a associação para o tráfico de drogas não pode existir sem a prova da materialidade 
do crime principal. 
ERRADO. O crime de associação para o tráfico não é considerado crime acessório, mas autônomo. 
d) Não é hediondo o crime de tráfico de entorpecentes praticado por agente primário, de bons 
antecedentes e que não se dedique a atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
134 
CORRETO. A questão tratou na alteração da posição da Jurisprudência quanto a natureza não hedionda do 
chamado tráfico privilegiado, que resultou no cancelamento da redação da Súmula 512 do STJ. Nesse 
sentido, vejamos o teor do Informativo 831, em total consonância com o disposto na assertiva. Vejamos: 
 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/07/info-831-stf1.pdf 
JÁ CAIU CESPE: (2017. DPC GO. Delegado de Polícia Civil). Considerando o disposto na Lei n.º 
11.343/2006 e o posicionamento jurisprudencial e doutrinário dominantes sobre a matéria regida por essa 
lei, assinale a opção correta. 
a) Em processo de tráfico internacional de drogas, basta a primariedade para a aplicação da redução da pena. 
ERRADO. O §4º, do art. 33 da Lei 11.343/2006 ao tratar sobre o chamado “tráfico privilegiado”, que confere 
ao agente causa de redução de pena consagra outros requisitos além da primariedade. Assim, é equivocado 
apontar como único requisito a primariedade. Vejamos: 
Art. 33. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um 
sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de 
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
Diante do exposto, temos que são requisito CUMULATIVOS para a redução de pena: 
a. ser o agente primário; 
b. ter bons antecedentes; 
c. não se dedicar às atividades criminosas; 
d. não integrar organização criminosa. 
b) Dado o instituto da delação premiada previsto nessa lei, ao acusado que colaborar voluntariamente com a 
investigação policial podem ser concedidos os benefícios da redução de pena, do perdão judicial ou da 
aplicação de regime penitenciáriomais brando. 
ERRADO. O benefício conferido nesse caso será a redução de pena apenas. Vejamos. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
135 
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo 
criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do 
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. 
c) É vedada à autoridade policial a destruição de plantações ilícitas de substâncias entorpecentes antes da 
realização de laudo pericial definitivo, por perito oficial, no local do plantio. 
ERRADO. Pelo contrário, a lei determina que essa destruição de plantas ilícitas será de atribuição do 
Delegado de Polícia. Vejamos: 
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-
A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das 
condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação 
da prova. 
d) Para a configuração da transnacionalidade do delito de tráfico ilícito de drogas, não se exige a efetiva 
transposição de fronteiras nem efetiva coautoria ou participação de agentes de estados diversos. 
CORRETO. Trata-se de entendimento dos Tribunais. Nesse sentido, vejamos o Info do 808 do STF - Para 
que incida essa causa de aumento não se exige a efetiva transposição da fronteira interestadual pelo agente, 
sendo suficiente a comprovação de que a substância tinha como destino localidade em outro Estado da 
Federação. 
 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/12/info-808-stf.pdf 
e) O crime de associação para o tráfico se consuma com a mera união dos envolvidos, ainda que de forma 
individual e ocasional. 
ERRADO. O dispositivo legal fala de forma reiterada ou não. 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos 
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
136 
JÁ CAIU CESPE: (2017. DPC GO. Delegado de Polícia Civil). Delegado de Polícia. Vantuir e Lúcio 
cometeram, em momentos distintos e sem associação, crimes previstos na Lei de Drogas (Lei n.º 
11.343/2006). No momento da ação, Vantuir, em razão de dependência química e de estar sob influência de 
entorpecentes, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Lúcio, ao agir, estava sob efeito 
de droga, proveniente de caso fortuito, sendo também incapaz de entender o caráter ilícito do fato. 
Nessas situações hipotéticas, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, 
a) Vantuir terá direito à redução de pena de um a dois terços e Lúcio será isento de pena. 
b) somente Vantuir será isento de pena. 
c) Lúcio e Vantuir serão isentos de pena. 
CORRETO. No caso em tela, ambos serão isentos por incidência do disposto no art. 45 caput da Lei 
11.343/2006, isso porque: 
Valpir em decorrência da sua dependência química e de estar sob influência de entorpecentes, era 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Já o Lúcio, estava sob o efeito da droga decorrente 
de caso fortuito. Nessa esteira, vejamos o que dispõe a legislação. 
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal 
praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
d) somente Lúcio terá direito à redução de pena de um a dois terços. 
e) Lúcio e Vantuir terão direito à redução de pena de um a dois terços. 
JÁ CAIU CESPE: (2016. DPC PE. Delegado de Polícia Civil). Na análise das classificações e dos 
momentos de consumação, busca-se, por meio da doutrina e da jurisprudência pátria, enquadrar consumação 
e tentativa nos diversos tipos penais. A esse respeito, assinale a opção correta. 
a) Conforme orientação atual do STJ, é imprescindível para a consumação do crime de furto com a posse de 
fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo, a posse mansa, pacífica e desvigiada da coisa, caso 
em que se deve aplicar a teoria da ablatio. 
ERRADO. Não se exige a posse mansa, pacífica e desvigiada da coisa. Nesse sentido, analisemos o teor da 
Súmula 582 do STJ, editada em 2016. 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/11/sc3bamula-582-stj.pdf 
b) A extorsão é considerada pelo STJ como crime material, pois se consuma no momento da obtenção da 
vantagem indevida. 
ERRADO. O crime de extorsão é considerado crime formal, e consuma-se independentemente da obtenção 
da vantagem indevida. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
137 
A extorsão é crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. É o que se extrai da Súmula 
96 do Superior Tribunal de Justiça: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da 
vantagem indevida”. Assim, o crime estará consumado com a prática da conduta ainda que não se obtenha a 
vantagem econômica pretendida. O crime de consuma com o constrangimento ilegal. Fonte: @manualcaseiro 
de Direito Penal Parte Especial. 
c) O crime de exercício ilegal da medicina, previsto no CP, por ser crime plurissubsistente, admite tentativa, 
desde que, iniciados os atos executórios, o agente não consiga consumá-lo por circunstâncias alheias a sua 
vontade. 
ERRADO. O crime em comento é crime habitual, e assim sendo não admite tentativa. 
d) Por ser crime material, o crime de corrupção de menores consuma-se no momento em que há a efetiva 
prova da prática do delito e a efetiva participação do inimputável na empreitada criminosa. Assim, se o 
adolescente possuir condenações transitadas em julgado na vara da infância e da juventude, em decorrência 
da prática de atos infracionais, o crime de corrupção de menores será impossível, dada a condição de 
inimputável do corrompido. 
ERRADO. O crime de corrupção de menores é crime FORMAL. Nesse sentido, a súmula 500 do STJ. 
Vejamos: 
 
e) Segundo o STJ, configura crime consumado de tráfico de drogas a conduta consistente em negociar, por 
telefone, a aquisição de entorpecente e disponibilizar veículo para o seu transporte, ainda que o agente não 
receba a mercadoria, em decorrência de apreensão do material pela polícia, com o auxílio de interceptação 
telefônica. 
CORRETO. Trata-se do entendimento firmado pelo STJ exarado ao teor do Informativo 569. Vejamos: 
 
 
 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/11/info-569-stj.pdf 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
138 
JÁ CAIU CESPE: (2016. DPC PE. Delegado de Polícia Civil). O ordenamento penal brasileiro 
adotou a sistemática bipartida de infração penal — crimes e contravenções penais —, cominando suas 
respectivas penas, por força do princípio da legalidade. Acerca das infrações penais e suas respectivas 
reprimendas, assinale a opção correta. 
a) O crime de homicídio doloso praticado contra mulher é hediondo e, por conseguinte, o cumprimento da 
pena privativa de liberdade iniciar-se-á em regime fechado, em decorrência de expressa determinação legal. 
ERRADO. Inicialmente, cumpre destacarmos que nem todo homicídio praticado contra a mulher será 
considerado hediondo por constituir-se em feminicídio, mas somente aquele que tiver como causa 
motivadora (circunstância subjetiva)por questões de gênero. 
Vamos Recordar! A Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido 
como a morte de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
Entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra 
uma nova hipótese qualificadora, não pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, 
desprezo pela condição de mulher). Fonte: @manualcaseiro de Penal Parte Especial. 
Além disso, embora considerássemos que fosse o caso de crime feminicídio e respectivamente, crime 
hediondo, não mais se impõe o cumprimento de pena obrigatoriamente em regime fechado, sendo essa 
determinação legal declarada inconstitucional pelo STF diante da violação ao princípio da individualização 
da pena. 
Vejamos: 
O STF declarou inconstitucional o regime inicial fechado obrigatório, por violar o princípio da 
individualização da pena, devendo analisar o caso concreto e fundamentar sua decisão. 
Na fixação do regime inicial, o juiz deve observar as Súmulas 718 e 719 do STF. 
Súmula 718 STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação 
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.” Não pode fixar 
regime c/ base a gravidade em abstrato apenas. 
Súmula 719 STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir 
exige motivação idônea”. Fonte: @manualcaseiro de Legislação Penal Especial. 
 
b) No crime de tráfico de entorpecente, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos, bem como a fixação de regime aberto, quando preenchidos os requisitos legais. 
CORRETO. Trata-se do atual entendimento do STF. Nesse sentido o Info 821, vejamos: 
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias 
judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do 
CP. 
A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais 
gravoso. STF. 1ª Turma. HC 130411/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 
julgado em 12/4/2016 (Info 821). 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
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c) Constitui crime de dano, previsto no CP, pichar edificação urbana. Nesse caso, a pena privativa de 
liberdade consiste em detenção de um a seis meses, que pode ser convertida em prestação de serviços à 
comunidade. 
ERRADO. Trata-se de conduta tipificada ao teor da Lei nº 9.605, e não no código penal, sendo figura 
especial. Vejamos: 
Lei 9.605/98 
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico 
ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. 
d) O STJ autoriza a imposição de penas substitutivas como condição especial do regime aberto. 
ERRADO. A afirmativa da questão é contrária ao entendimento do STJ firmado na Súmula 493. Vejamos. 
Súmula 493, STJ. É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao 
regime aberto. 
e) O condenado por contravenção penal, com pena de prisão simples não superior a quinze dias, poderá 
cumpri-la, a depender de reincidência ou não, em regime fechado, semiaberto ou aberto, estando, em 
quaisquer dessas modalidades, obrigado a trabalhar. 
ERRADO. Nos termos do Art. 6º, §2º da Lei de Contravenções, o trabalho é FACULTATIVO, se a pena 
aplicada, não excede a quinze dias. 
JÁ CAIU CESPE: (2016. DPC PE. Delegado de Polícia Civil). Se determinada pessoa, maior e 
capaz, estiver portando certa quantidade de droga para consumo pessoal e for abordada por um agente de 
polícia, ela 
a) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for reincidente por este mesmo fato. 
ERRADO. O porte de droga para consumo pessoal não admite entre as penas aplicadas a pena privativa de 
liberdade, sendo essa umas das alterações ocasionadas pela “nova” lei de Drogas, deixou de se aplicar pena 
privativa de liberdade ao usuário. 
Vamos Recordar! 
Para o usuário não se aplica a pena privativa de liberdade (pena de reclusão e detenção), e ainda, não se 
aplica também pena de prisão simples. Fonte: @manualcaseiro de Legislação Penal Especial. 
E quais penas se aplica? Nesse sentido, dispõe a legislação: 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, 
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
 
 
 
 
 
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140 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
Não se pune mais o porte de drogas com pena privativa de liberdade, é possível falarmos que a conduta ainda 
é crime? O professor Gabriel Habib explica, o que ocorreu com o delito de porte de drogas para uso foi 
justamente o fenômeno da despenalização, tendo em vista que o legislador o manteve com natureza de 
infração penal, porém com uma sanção mais leve, mais branda, consistente em advertência sobre os efeitos 
das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou 
curso educativo. Leis Penais Especiais. Volume único. 9ª ed. 2017. Editora Juspodivm. 
b) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for condenada a prestar serviços à comunidade e, 
injustificadamente, recusar a cumprir a referida medida educativa. 
ERRADO. Mesmo em caso de descumprimento, não se imporá a pena privativa de liberdade. Ademais, 
conforme dispõe a legislação, em caso descumprimento injustificado, poderá ser submetido à admoestação 
verbal ou multa. Vejamos: 
Art. 28. § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II 
e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
c) estará sujeita à pena, imprescritível, de comparecimento a programa ou curso educativo. 
ERRADO. As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo (art. 28) serão aplicadas pelo prazo 
máximo de 5 (cinco) meses, e na hipótese de ser reincidente, pelo prazo máximo de 10 meses. 
d) poderá ser submetida à pena de advertência sobre os efeitos da droga, de prestação de serviço à 
comunidade ou de medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
CORRETO. A alternativa encontra-se em total consonância com o Art. 28, I, II e III da Lei nº 11.343/2006. 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, 
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
e) deverá ser presa em flagrante pela autoridade policial. 
ERRADO. Não se impõe prisão em flagrante (2ª fase) ao usuário de droga. Nessa linha, o art. 48, §2º da Lei 
11.343/2006 disciplina que “tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em 
flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízocompetente ou, na falta deste, 
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as 
requisições dos exames e perícias necessários. 
JÁ CAIU CESPE: (2016. TJ DF. Magistratura). A respeito do processo e do julgamento previsto na 
Lei Antidrogas, assinale a opção correta. 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
141 
a) O magistrado, durante a persecução penal em juízo, poderá, independentemente da oitiva do MP, autorizar 
a infiltração de investigador em meio a traficantes, para o fim de esclarecer a verdade real, ou poderá, ainda, 
autorizar que não atue diante de eventual flagrante, com a finalidade de identificar e responsabilizar o maior 
número de integrantes de operações de tráfico e distribuição. 
ERRADO. O procedimento da infiltração de investigador é possível, contudo depende da oitiva do Ministério 
Público. Nesse sentido, o teor do art. 53, I da Lei nº 11.343/06. 
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, 
além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes 
procedimentos investigatórios: I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída 
pelos órgãos especializados pertinentes. 
b) O MP e a defesa poderão arrolar até oito testemunhas na denúncia e na defesa preliminar, respectivamente. 
ERRADO. Poderão arrolar até 5 (CINCO) testemunhas. Nesse sentido, a legislação: 
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças 
de informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das 
seguintes providências: I - requerer o arquivamento; II - requisitar as diligências que entender necessárias; 
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender 
pertinentes. 
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá argüir preliminares e 
invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende 
produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. 
c) O agente que praticar crime de porte de drogas para consumo pessoal será processado e julgado perante 
uma das Varas de Entorpecentes do DF, sob o rito processual previsto na Lei Antidrogas, tendo em vista que 
a lei especial prevalece sobre a lei geral. 
 d) O autor do crime de porte de drogas para uso pessoal será processado e julgado perante o Juizado Especial 
Criminal, sob o rito da Lei n.º 9.099/1995. 
CORRETO. Conforme disciplina o art. 48, §1º da Lei 11.343/2006, aquele que responder pela conduta de 
portar drogas para consumo pessoal será processado e julgado pelo procedimento da Lei dos Juizados 
Especiais Criminais. Nessa esteira, vejamos ao que proclama o texto legal: 
Art. 48. § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com 
os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes 
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. 
JURISPRUDÊNCIA: 
(...) POSSE DE DROGA PARA CONSUMO PRÓPRIO. CONDUTA QUE SE AMOLDA À POSSE DE 
DROGAS PARA USO PRÓPRIO. DELITO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. COMPETÊNCIA 
DO JUIZADO ESPECIAL. 1. O crime de uso de entorpecente para consumo próprio, previsto no art. 28 da 
Lei 11.343/06, é de menor potencial ofensivo, o que determina a competência do Juizado Especial estadual, 
já que ele não está previsto em tratado internacional e o art. 70 da Lei n.11.343/2006 não o inclui dentre 
 
 
 
 
 
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142 
os que devem ser julgados pela Justiça Federal. (...) (CC 144.910/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, julgado em 13/04/2016). 
e) A lavratura do auto de prisão em flagrante e o estabelecimento da materialidade do delito exigem a 
elaboração do laudo definitivo em substância, cuja falta obriga o juiz a relaxar imediatamente a prisão, que 
será considerada ilegal. 
ERRADO. Não é necessário o laudo definitivo para a lavratura do APF, conforme disciplina a legislação, é 
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta 
deste, por pessoa idônea. Vejamos: 
Art. 50. § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do 
delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, 
na falta deste, por pessoa idônea. 
JÁ CAIU CESPE: (2016. TJ DFT. Analista). No que se refere aos crimes previstos na legislação de 
trânsito e na legislação antidrogas, julgue o próximo item. 
Em observância ao princípio da individualização da pena, segundo o entendimento pacificado do STF, em 
se tratando do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por 
pena restritiva de direitos, preenchidos os requisitos previstos no Código Penal. 
CORRETO. Nesse sentido, a SEGUNDA TURMA: Tráfico de entorpecentes: fixação do regime e 
substituição da pena: 
Não sendo o paciente reincidente, nem tendo contra si circunstâncias judiciais desfavoráveis (CP, art. 59), a 
gravidade em abstrato do crime do art. 33, ―caputǁ, da Lei 11.343/2006, não constitui motivação idônea 
para justificar a fixação do regime mais gravoso. Com esse entendimento, a Segunda Turma, após superar o 
óbice do Enunciado 691 da Súmula do STF, concedeu ―habeas corpusǁ de ofício para garantir ao paciente, 
condenado à pena de um ano e oito meses de reclusão pela prática do delito de tráfico de drogas, a substituição 
da reprimenda por duas penas restritivas de direitos, a serem estabelecidas pelo juízo das execuções 
criminais, bem assim a fixação do regime inicial aberto. O Colegiado entendeu que o paciente atende aos 
requisitos do art. 44 do CP, razão pela qual o juízo deve considerá-los ao estabelecer a reprimenda, de acordo 
com o princípio constitucional da individualização da pena. (STF, HC 133028/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 
12.4.2016). 
JÁ CAIU CESPE: (2015. TJ DFT. Magistratura. Assinale a opção correta à luz da Lei n.º 
11.343/2006 (Lei de Drogas), do CP e da jurisprudência do STF. 
a) O crime de associação para o tráfico, caracterizado pela associação de duas ou mais pessoas para a prática 
de alguns dos crimes previstos na Lei de Drogas, é delito equiparado a crime hediondo. 
ERRADO. O crime de associação para o tráfico previsto ao teor do art. 35, da Lei nº 11.343/06 não é 
considerado figurada equiparada a crime hediondo. 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar*, reiteradamente ou não, qualquer dos 
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei. 
b) O crime de porte de entorpecentes para consumo pessoal, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, está sujeito aos prazos prescricionais do CP. 
 
 
 
 
 
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143 
ERRADO. Encontra-se sujeito ao prazo prescricional específico disposto ao teor da Lei nº 11.343/06. 
Vejamos: 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à 
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
c) instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga, poderá ser aplicada causa de redução de pena se o 
agente for primário, tiver bons antecedentes e não se dedicar a atividades criminosas ou integrar organização 
criminosa. 
ERRADO. A causa de diminuição prevista no enunciado da questão aplica-se somente as hipótesesdo §1º 
do art. 33, e no caso em tela (instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga) a conduta vem descrita 
ao teor do §2º do art. 33. Vejamos: 
Previsão da causa de diminuição de pena: 
Art. 33. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um 
sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de 
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
Art. 33. §2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga. 
d) Quanto aos crimes previstos na Lei de Drogas, será isento de pena o agente que, por ser dependente de 
drogas, for, ao tempo do fato, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito da ação praticada. 
CORRETO. A assertiva encontra-se em consonância com o art. 45, Lei 11.343/2006. 
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal 
praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época 
do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na 
sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado. 
e) Os crimes previstos na Lei de Drogas são insuscetíveis de anistia, graça e indulto, sendo impossível, 
àqueles que os praticarem, a concessão de liberdade provisória. 
ERRADO. O STF declarou a inconstitucionalidade da vedação da concessão da liberdade. Nesse sentido, 
vejamos a posição da Jurisprudência. 
Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. LEI 
11.343/06, ART. 44, CAPUT. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. 
INCONSTITUCIONALIDADE (HC 104.339/SP, PLENÁRIO, MIN. GILMAR MENDES, DJE DE 
06.12.2012). PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. FUNDAMENTO 
INSUBSISTENTE. PRECEDENTES. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. 
Gilmar Mendes, DJe de 06.12.2012), em evolução jurisprudencial, declarou a inconstitucionalidade da 
vedação à liberdade provisória prevista no art. 44, caput, da Lei 11.343/06. Entendeu-se que (a) a mera 
inafiançabilidade do delito (CF, art. 5º, XLIII) não impede a concessão da liberdade provisória; (b) sua 
vedação apriorística é incompatível com os princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
144 
processo legal, bem assim com o mandamento constitucional que exige a fundamentação para todo e qualquer 
tipo de prisão. 2. Ademais, a gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes não constitui 
fundamentação idônea para a decretação da custódia cautelar. Precedentes. 3. Ordem concedida. (STF - HC: 
110359 RJ , Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Data de Julgamento: 19/03/2013, Segunda Turma, Data de 
Publicação: DJe-061 DIVULG 03-04-2013 PUBLIC 04-04-2013. 
Fonte: @manualcaseiro de Legislação Penal Especial. 
JÁ CAIU CESPE: (2015. TRF. Juiz Federal). Com base na Lei Antidrogas (Lei n.º 11.343/2006) e 
no entendimento sumulado pelo STJ, assinale a opção correta. 
a) Caso um juiz considere condenar um réu que colaborou, como informante, com uma organização voltada 
para o tráfico, como consequência lógica, ele deverá condenar esse réu também pela prática de associação 
para o tráfico. 
ERRADO. Tratam-se de condutas autônomas. Nessa esteira, o professor Gabriel Habib explica “o tipo penal 
do art. 37 trata do delito de colaboração com o tráfico. Colaborar como informante significa ajudar, 
cooperar, contribuir com grupo, organização ou qualquer associação destinada à prática do tráfico de 
drogas”. 
O colaborador também pode ser punido pela associação criminosa? 
Veja-se que o art. 35 trata de associação para a prática dos crimes previstos nos artigos 33, caput e §1º, e 34 
da Lei de Drogas. Logo, o colaborador não pode ser condenado pela associação criminosa. 
b) Um réu condenado por associação para o tráfico não pode ser reconhecido como agente de tráfico 
privilegiado no mesmo feito, haja vista a incompatibilidade de ordem objetiva preconizada pela Lei 
Antidrogas. 
c) No que diz respeito a crime de tráfico internacional de drogas e conforme entendimento sumulado de 
tribunal superior, o juiz, ao reconhecer, em sua sentença, que a conduta do réu caracteriza tráfico privilegiado, 
não poderá impor a esse réu pena abaixo do mínimo legal. 
d) O juiz pode aplicar causa majorante de pena de um sexto a dois terços quando o crime de tráfico de drogas 
tiver sido perpetrado com emprego ostensivo de arma de fogo para a intimidação difusa ou coletiva. Se a 
arma tiver sido utilizada em contexto diverso do de crime de tráfico, tratar-se-á de concurso material de 
crimes. 
CORRETO. Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois 
terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem 
a transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, 
poder familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino 
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, 
de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, 
de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais 
ou em transportes públicos; 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
145 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer 
processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, 
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
e) O ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas cometido por adolescente, por si só, conduz 
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do jovem, salvo na modalidade de 
tráfico privilegiado. 
ERRADO. Nesse sentido, a Súmula 492, STJ. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não 
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. 
JÁ CAIU CESPE: (2015. Defensor Público Federal). Considerando que Carlos, maior e capaz, 
compartilhe com Carla, sua parceira eventual, substância entorpecente que traga consigo para uso pessoal, 
julgue o item que se segue. 
A conduta de Carlos configura crime de menor potencial ofensivo. 
CERTO. Trata-se da figura esculpida ao teor do art. 33, §3º da Lei 11.343/2006, cuja pena máxima é de um 
ano, não ultrapassando, consequentemente dois anos, o previsto para enquadrar-se no conceito de “crime de 
menor potencial ofensivo”. 
Art. 33 § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para 
juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
Vamos Recordar?! 
Art. 61. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções 
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ounão com multa. 
 Desse modo, contemplamos que infração de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e crimes 
com pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, sujeitos ou não a procedimento 
especial, ressalvadas as hipóteses envolvendo violência doméstica e familiar contra mulher (art. 11.340 de 
2006, art. 41). 
JÁ CAIU CESPE: (2014. TJ SE. Com base no que dispõe a Lei Antidrogas (Lei n. o 11.343/2006), 
assinale a opção correta. 
a) Um agente pode ser processado e condenado por tráfico privilegiado, em concurso material com 
associação para o tráfico, por serem autônomos os crimes. 
ERRADO. Não é possível posto que a participação na associação para o tráfico prejudica um dos requisitos 
necessários para a concessão da benesse da causa de diminuição de pena. Nesse sentido, o Info do STJ. 
 
 
 
 
 
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146 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, preleciona o Professor Gabriel Habib “não se aplica essa causa e 
diminuição (art. 33, §4º, Lei 11.343/06) ao réu condenado também por associação para o tráfico. Caso o 
réu seja condenado por tráfico de drogas e, também, por associação para o tráfico, essa condenação denota 
que ele se dedica à atividade criminosa, ficando excluído o terceiro requisito legal para a incidência do §4º. 
b) Se uma substância psicotrópica for retirada da lista de uso proscrito da autoridade sanitária competente, o 
princípio da aplicação da retroatividade da lei penal mais benéfica levaria atipiciadade da conduta no caso 
de crime de porte e tráfico de drogas cometido antes da exclusão da substância da lista mencionada. 
ERRADO. Na hipótese de ser retirada, a situação que refere-se a abolitio criminis levaria a causa extintiva 
da punibilidade, mas não atipicidade antes da exclusão. 
c) Considere que um traficante de drogas tenha sido preso em flagrante delito e posteriormente tenha 
confessado espontaneamente seu crime. Suponha ainda que ele tenha sido condenado e recebido a pena base 
no mínimo legal. Nesse caso, a possibilidade de aplicação da atenuante de confissão espontânea está afastada. 
CORRETO. Nesse sentido, a Súmula 231, do STJ. A incidência da circunstância atenuante NÃO pode 
conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal 
d) Em relação ao crime de tráfico de drogas, é necessária a efetiva transposição da fronteira estadual para a 
incidência da causa de aumento de pena. 
ERRADO. O entendimento do STF é no sentido de que não se exige, nesse sentido o Info 808, STF. Vejamos: 
 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/12/info-808-stf.pdf 
 
 
 
 
 
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147 
e) O porte de entorpecente é crime de perigo real, e sua tipificação visa tutelar a integridade da ordem social 
no que diz respeito à preservação da saúde pública, razão por que não há que se falar em ausência de 
periculosidade social da ação. 
ERRADO. São crimes de perigo abstrato. Nesse sentido, preleciona o professor Gabriel Habib “os delitos 
previstos na presente lei constituem, em regra, crimes de perigo abstrato, razão pela qual para a configuração 
deles, basta a prática da conduta pelo agente, que ela, por si só, já gera uma situação de perigo ao bem jurídico 
saúde pública, não sendo necessária a produção de prova do perigo. Porém, há uma exceção: o art. 39 da lei 
é um crime de perigo concreto”. 
JÁ CAIU CESPE: (2014. TJ SE. Analista Judiciário). Julgue os itens a seguir, tendo como referência 
as disposições da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Antidrogas), da Lei n.º 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto 
do Desarmamento), e da Lei n.º 8.069/1990 (ECA). 
Ainda que presentes os requisitos subjetivos e objetivos previstos no Código Penal, é vedado ao juiz substituir 
a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos na hipótese de condenação por tráfico ilícito de 
drogas. 
ERRADO. Conforme explica o Professor Gabriel Habib, o STF declarou inconstitucional essa vedação por 
entender que a vedação genérica e abstrata viola o princípio da individualização da pena. A partir declaração 
de inconstitucionalidade, o STF e o STJ passaram a permitir a substituição. Note-se que a declaração de 
inconstitucionalidade deu-se tanto em relação ao §4o, do art. 33, quanto ao art. 44. 
Art. 33. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um 
sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de 
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. 
O tipo penal encontra-se destacado ante a declaração de inconstitucionalidade da presente vedação. 
JÁ CAIU CESPE: (2014. Câmara dos Deputados. Analista Judiciário). Julgue os próximos itens, 
referentes às penas e aos crimes de abuso de autoridade e de tráfico ilícito de entorpecentes. 
O delito de associação para o tráfico é considerado crime hediondo na legislação penal brasileira. 
ERRADO. O delito de Associação para o Tráfico (art. 35, Lei nº 11.343/06) não é considerado crime 
hediondo. 
JÁ CAIU CESPE: Paulo e Pedro, ambos com bons antecedentes e sem condenação anterior 
transitada em julgado, associaram-se a outros quatro indivíduos com o intuito de praticar reiteradamente a 
venda de substâncias entorpecentes. Nessa situação, Paulo e Pedro cometeram delito de associação para o 
tráfico e, em razão de seus antecedentes pessoais, devem ser beneficiados com diminuição de pena prevista 
na Lei de Entorpecentes. 
ERRADO. O enunciado é contrário ao texto legal que disciplina como um dos requisitos para a concessão 
da benesse da causa de diminuição de pena o agente não se dedicar as atividades criminosas e nem integrar 
organização criminosa. No caso, os agentes fazem parte de uma associação criminosa para a prática do 
tráfico, ou seja, há uma dedicação a atividade criminosa, inviabilizando o preenchimento do referido 
requisito. 
 
 
 
 
 
 
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148 
Dos Informativos: Lei de Drogas 
 
2017 
 
O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução 
 
O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da instrução criminal. Essa regra 
deve ser aplicada: 
• nos processos penais militares; 
• nos processos penais eleitorais e 
• em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas). 
 
Essa tese acima exposta (interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só se tornou 
obrigatória a partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF, ou seja, do dia 
11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais e da lei de drogas até 
o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. Plenário. 
HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 397382-SC, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (Info 609). 
 
Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial 
ou consentimento do morador 
 
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja 
válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da 
residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar 
abordagem policial em via pública para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em 
seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. 
Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606). 
 
É possível aplicar o § 4ºdo art. 33 da LD às “mulas” 
 
É possível aplicar o § 4º do art. 33 da LD às “mulas”. 
O fato de o agente transportar droga, por si só, não é suficiente para afirmar que ele integre a organização criminosa. 
A simples condição de “mula” não induz automaticamente à conclusão de que o agente integre organização 
criminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seu envolvimento estável e permanente com o 
grupo criminoso. Portanto, a exclusão da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 
11.343/2006 somente se justifica quando indicados expressamente os fatos concretos que comprovem que a “mula” 
integra a organização criminosa. STF. 1ª Turma. HC 124107, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/11/2014. STF. 
2ª Turma. HC 131795, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/05/2016. STJ. 5ª Turma. HC 387.077-SP, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 6/4/2017 (Info 602). 
 
A grande quantidade de droga, isoladamente, não constitui fundamento idôneo para afastar a causa de 
diminuição de pena do art. 33, § 4º da LD 
 
Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o benefício do art. 33, § 4º da LD 
argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito elevada? 
O tema é polêmico. 
1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga 
 
 
 
 
 
 MANUAL CASEIRO 
149 
pode ser utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido 
com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que 
justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844). 
 
2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o 
benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 23/5/2017. Info 866). 
STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
Obs: o tema acima não deveria ser cobrado em uma prova objetiva, mas caso seja perguntado, penso que a 2ª corrente 
é majoritária. 
 
O confisco de bens apreendidos em decorrência do tráfico pode ocorrer ainda que o bem não fosse utilizado 
de forma habitual e mesmo que ele não tenha sido alterado 
 
É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, 
sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação 
para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles 
previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição Federal. STF. Plenário. RE 638491/PR, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 17/5/2017 (repercussão geral) (Info 865). 
 
Se o réu, não reincidente, for condenado a pena superior a 4 anos e que não exceda a 8 anos, e se as 
circunstâncias judiciais forem favoráveis, o juiz deverá fixar o regime semiaberto 
 
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de cumprir a 
pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias judiciais do art. 59 lhe forem 
favoráveis. Obs: não importa que a condenação tenha sido por tráfico de drogas. A imposição de regime de 
cumprimento de pena mais gravoso deve ser fundamentada, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao 
comportamento da vítima (art. 33, § 3°, do CP) A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea 
para justificar a fixação do regime mais gravoso. STF. 2ª Turma. HC 140441/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 28/3/2017 (Info 859). 
 
Ocorrendo o tráfico de drogas nas imediações de presídio, incidirá a causa de aumento do art. 40, III, da LD, 
não importando quem seja o comprador 
 
Se o agente vende a droga nas imediações de um presídio, mas o comprador não era um dos detentos nem qualquer 
pessoa que estava frequentando o presídio, ainda assim deverá incidir a causa de aumento do art. 40, III, da Lei nº 
11.343/2006? SIM. A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica 
quando constatada a comercialização de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, 
sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local. Assim, se o tráfico de drogas 
ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de aumento, não importando quem seja o 
comprador do entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 
858). 
 
É possível aplicar o § 4º do art. 33 da lei de drogas às “mulas” 
 
Segundo o entendimento que prevalece no STF é possível aplicar o § 4º do art. 33 da LD às “mulas”. STF. 1ª Turma. 
RHC 118008/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/9/2013 (Info 721). STF. 1ª Turma. HC 124107/SP, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 4/11/2014 (Info 766). STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 606.431/SP, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, julgado em 01/06/2017. 
 
 
 
 
 
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150 
 
2016 
 
A grande quantidade de droga, isoladamente, não constitui fundamento idôneo para afastar a causa de 
diminuição de pena do art. 33, § 4º da LD 
 
Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o benefício do art. 33, § 4º da LD 
argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito elevada? O tema é polêmico. 1ª Turma do 
STF: encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga pode ser utilizada como circunstância 
para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não 
esteja integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de 
diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
18/10/2016. Info 844). 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, 
fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (HC 
138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016. Info 849). STF. 2ª Turma. HC 138138/SP, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
Regime inicial para condenado não reincidente a pena de até 4 anos com circunstâncias judiciais favoráveis 
 
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias judiciais 
do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder a substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. A gravidade em 
abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso. STF. 1ª Turma. 
HC 129714/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/10/2016 (Info 843). STF. 1ª Turma. HC 130411/SP, red. 
p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 12/4/2016 (Info 821). STF. 2ª Turma. HC 133028/SP, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 12/4/2016 (Info 821). 
 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser 
considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não 
écrime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 
(recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação da causa de diminuição de pena prevista 
no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas." 
 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser 
considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não 
é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 
(recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação da causa de diminuição de pena prevista 
no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas." 
 
Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo 
 
 
 
 
 
 
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151 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser 
considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
23/06/2016 (Info 831). 
 
Regime inicial para condenado não reincidente a pena de até 4 anos com circunstâncias judiciais favoráveis 
 
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias judiciais 
do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder a substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. A gravidade em 
abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso. STF. 1ª Turma. 
HC 130411/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 12/4/2016 (Info 821). 
 
Regime inicial para condenado não reincidente a pena de até 4 anos com circunstâncias judiciais negativas 
(influência da natureza e quantidade da droga) 
 
É legítima a fixação de regime inicial semiaberto, tendo em conta a quantidade e a natureza do entorpecente, na 
hipótese em que ao condenado por tráfico de entorpecentes tenha sido aplicada pena inferior a 4 anos de reclusão. 
A valoração negativa da quantidade e da natureza da droga representa fator suficiente para a fixação de regime 
inicial mais gravoso. STF. 2ª Turma. HC 133308/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
 
Pureza da droga é irrelevante na dosimetria da pena 
 
O grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei nº 11.343/2006, 
preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da dosimetria da pena. STF. 2ª 
Turma. HC 132909/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2016 (Info 818). 
 
Inquéritos policiais e ações penais em cursos podem ser utilizados para afastar o benefício do tráfico 
privilegiado 
 
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu 
se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. 
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596). 
 
Agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente responde também por 
corrupção de menores? 
 
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, 
o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e também pelo delito do art. 244-B do ECA (corrupção de menores). 
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº 11.343/2006: 
ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a causa de aumento de pena do art. 40, VI. Não será punido 
pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in idem. Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 
anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de 
menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por 
aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. 
REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/11/2016 (Info 595). 
 
Só poderá incidir a interestadualidade se ficar demonstrado que a intenção do agente era pulverizar a droga 
em mais de um Estado-membro 
 
Se o agente importa a droga com objetivo de vendê-la em determinado Estado da Federação, mas, para chegar até o 
seu destino, ele tem que passar por outros Estados, incidirá, neste caso, apenas a causa de aumento da 
 
 
 
 
 
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152 
transnacionalidade (art. 40, I), não devendo ser aplicada a majorante da interestadualidade (art. 40, V) se a intenção 
do agente não era a de comercializar o entorpecente em mais de um Estado da Federação. As causas especiais de 
aumento da pena relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito, previstas, respectivamente, nos 
incisos I e V do art. 40 da Lei de Drogas, até podem ser aplicadas simultaneamente, desde que demonstrada que a 
intenção do acusado que importou a substância era a de pulverizar a droga em mais de um Estado do território 
nacional. Se isso não ficar provado, incide apenas a transnacionalidade. Assim, é inadmissível a aplicação simultânea 
das causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar 
comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um Estado-membro. O fato de o agente, 
por motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais de um Estado para chegar ao seu destino final não é 
suficiente para caracterizar a interestadualidade. STJ. 6ª Turma. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 16/6/2016 (Info 586). 
 
Tráfico cometido nas dependências de estabelecimento prisional e bis in idem 
 
A circunstância de o crime ter sido cometido nas dependências de estabelecimento prisional não pode ser utilizada 
como fator negativo para fundamentar uma pequena redução da pena na aplicação da minorante prevista no § 4º do 
art. 33 da Lei nº 11.343/2006 e, ao mesmo tempo, ser empregada para aumentar a pena como majorante do inciso 
III do art. 40. Utilizar duas vezes essa circunstância configura indevido bis in idem. Desse modo, neste caso, esta 
circunstância deverá ser utilizada apenas como causa de aumento do art. 40, III, não sendo valorada negativamente 
na análise do § 4º do art. 33. STJ. 5ª Turma. HC 313.677-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
21/6/2016 (Info 586). 
 
O fato de o réu ter ocupação lícita não significa que terá direito, necessariamente, à minorante do § 4º do art. 
33 da LD 
 
Ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante, ele se dedicava a 
atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 
11.343/2006 (Lei de Drogas). O tráfico de drogas praticado por intermédio de adolescente que, em troca da 
mercancia, recebia comissão, evidencia (demonstra) que o acusado se dedicava a atividades criminosas, 
circunstância apta a afastar a incidência da causa especial de

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