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O_Modelo_Biomedico_e_o_Modelo_Biopsicossocial

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O Modelo Biomédico e o Modelo Biopsicossocial 
A atenção à saúde é um assunto amplamente discutido não só nos estudos médicos, 
mas também em outras áreas como a psicologia, antropologia e sociologia. Esta 
preocupação das disciplinas humanas se dá no sentido de criticar o modelo hegemônico 
posto pela medicina, o modelo biomédico, e propor uma visão mais ampla dessa discussão 
ampliando, inclusive, o conceito de saúde, que no antigo modelo era visto como ausência 
de doença e passa a ser visto como um bem-estar subjetivo e a visão do “paradigma” 
saúde-doença não como um conceito dicotômico, mas como um processo, caracterizando 
outro modelo de atenção à saúde, o modelo psicossocial. 
Para uma melhor contemplação do tema iremos expor aqui o suficiente de cada 
modelo para formularmos uma discussão sobre as criticas propostas ao primeiro modelo e 
a importância de tal movimento para uma atenção à saúde mais completa e eficaz. 
O Modelo Biomédico 
O modelo biomédico surgiu embasado na teoria mecanicista do universo, proposta por 
pensadores como Galileu, Descartes e Newton e segue o modelo de ciência positiva no 
século XIX (Anandalle, 1998). Essa concepção do universo ser visto como um sistema 
mecânico também respingou na concepção de homem que, visto da mesma forma, foi 
tratado como tal pelos médicos da época, ou seja, o homem funciona como uma máquina 
e, quando está doente, é por que esta máquina está avariada, logo podemos inferir que o 
conceito de saúde para esse modelo. 
No fim da Idade Média a Europa foi assolada pela peste negra, e as outras formas de 
atenção à saúde existentes como a mágica, a religiosa e a galênica não deram conta de 
sanar o problema levando à necessidade de se pensar o conceito de doença de uma forma 
emergencial (Pratta & Santos, 2009), campo propício para o desenvolvimento e 
popularização deste modelo que é 
[...] caracterizado pela explicação unicausal da doença, pelo biologicismo, fragmentação, 
mecanicismo, nosocentrismo, recuperação e reabilitação, tecnicismo, especialização (Cutolo, 
2006 pág.16). 
Vendo o homem como uma máquina, tendo o conceito de saúde de que é ausência de 
doença e tendendo-se para a especialização e fragmentação, perde-se a visão holística do 
homem, em suas dimensões psicológicas e sociais, É a doença e sua cura, o diagnóstico 
individual e o tratamento, o processo fisiopatológico que ganham espaço (Cutolo, 2006). 
Até hoje o modelo biomédico influencia na atenção à saúde, seja em consultórios 
médicos ou no SUS, sendo visto pela forma como o médico faz sua entrevista e observação 
clínica ao atender um paciente, focando principalmente nos seus sinais e sintomas com 
perguntas do tipo: O que você está sentindo? O que é importante, mas não determinante 
para o restabelecimento do paciente. 
 
 
O Modelo Biopsicossocial 
Este modelo foi elaborado e defendido por Engels em 1977 (Fava & Sonino, 2008) a 
partir da crítica à insuficiência da epidemiologia tradicional em abordar a saúde como um 
fenômeno radicado na organização social (Puttini et al. 2010), de que a doença não é 
somente unicausal como visto no modelo biomédico, mas seja vista como um resultado da 
interação de mecanismos celulares, teciduais, organísmicos, interpessoais e ambientais 
(Fava & Sonino, 2008) e também da crítica de que a relação saúde-doença é um processo, 
portanto sem ponto fixo, mas sim um estado. 
Ao pensar desta forma, garante-se uma visão holística do sujeito em suas relações e 
em seu estado emocional, porém sem negar o biológico, onde a maioria das doenças se 
manifesta, até por que, como o nome diz é BIO (da biologia ou biológico), PSICO (de 
psicológico) e SOCIAL, ou seja, engloba todas as dimensões científicas inerentes ao 
homem. 
“O foco neste modelo não é apenas a doença em si e o tratamento delas, mas todos os 
aspectos que estariam diretamente relacionados ao fenômeno do adoecer, sejam eles 
fisiológicos, psicológicos, sociais, ambientais, dentre outros, os quais também devem ser 
considerados para que o tratamento seja eficaz” (Silva et al. 2011). 
Com todas estas informações podemos notar que este modelo está mais voltado à 
prevenção de doenças e promoção à saúde, sendo que esses dois conceitos agem de 
forma dialética, ou seja, promovendo saúde se previne doenças e vice-versa. Para atingir 
tal objetivo, o modelo biopsicossocial considera um conceito de saúde que como o conceito 
de doença tem um lado biológico, hereditário, quase não manipulável, mas também existe 
alguns fatores psicológicos e sociais que podem ser moldados pela pessoa, como hábitos 
saudáveis, ambiente favorável ou acesso à serviços de saúde (Sciliar, 2007). Esta parte 
mais “manipulável” recebe um nome específico, conceito que exporemos a seguir. 
Determinantes Sociais da Saúde (DSS) 
Nas pesquisas sobre esse tema é possível encontrar várias definições sobre o conceito 
de DSS, mas todas de uma forma sucinta e/ou superficial. A definição mais completa que 
eu pude contemplar foi a da Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde 
(CNDSS) que diz: 
[...] os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e 
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco 
na população (Buss & Filho, 2007). 
Estudos realizados por Belloc (1972), Belloc e Breslow (1973) e Breslow e Enstrom 
(1980) citado por Traverso-Yépez (2008), verificaram que comportamentos como dormir 
de acordo com a necessidade do corpo, ter uma boa alimentação, praticar exercícios 
físicos, entre outros, influenciavam diretamente na saúde e na qualidade de vida das 
pessoas, reforçando a idéia de que aspectos sociais que podemos manipular podem 
contribuir para uma boa ou má qualidade de vida e de saúde. 
Com base nesse conceito de DSS foram criados modelos e diagramas que facilitam o 
estudo das sociedades para que se faça um diagnóstico preciso de qual determinante social 
está afetando no processo de saúde de cada grupo ou sociedade, norteando assim a 
atuação de políticas públicas ou não-governamentais que venham a sanar tal deficiência e 
melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. 
Um dos mais famosos é o Diagrama de Influência em Camadas de Dahlgren e 
Whitehead (1991) podendo ser visto no diagrama abaixo. 
 
Diagrama de Influência em Camadas de Dahlgren e Whitehead 
Fonte: Comissão de Determinantes de Saúde (2005) 
Esse diagrama mostra claramente que os aspectos biológicos, sociais, econômicos e 
psicológicos influenciam dialeticamente na saúde da pessoa. É curioso ver que este 
diagrama está diretamente ligado à Teoria da Pirâmide de Maslow (1943) ou Hierarquia 
das NECESSIDADES de Maslow. 
 
Teoria da Pirâmide de Maslow 
(Roger, 2002 In Ferreira et al. 2010) 
Vemos no topo as NECESSIDADES BÀSICAS do ser humano, como teremos uma vida 
saudável se não temos acesso adequado a essas necessidades? E ainda como seremos 
saudáveis se não conseguimos satisfazer nossas necessidades de interação (social) e 
estima? Quanto mais supridas essas necessidades da pirâmide e quanto mais galgarmos 
para o topo da mesma, maior a qualidade de vida e, em consequência, maior acesso a 
uma vida saudável, isso vem nos afirmar que é válida a proposta de que a doença e a 
saúde da sociedade ou da pessoa não estão apenas ligadas à fatores biológicos. 
Vemos, através desta argumentação, que o modelo biopsicossocial está bem 
amarrado teoricamente e este é respaldado por numerosos estudos que comprovam a 
relação do contexto social e econômico na perspectiva e na promoção de saúde e 
ocorrência de adoecimento e morte na população. 
Discussão sobre os Modelos de Atenção à Saúde 
No primeiro modelo vimos uma atenção voltada para a sintomatologia,ou seja, deixa 
de lado o foco no indivíduo e passa a se focar mais a doença, deixando de ser atenção à 
saúde e passando a se tornar atenção à doença, mas não podemos fugir da realidade e 
não considerarmos que este modelo de cuidado já foi muito valioso e ainda é em causas 
emergenciais, como por exemplo, num acidente laboral ou algum outro tipo de acidente 
corriqueiro, precisamos da objetividade e da agilidade que o modelo biomédico 
proporcionou aos profissionais para que se garanta o restabelecimento físico a primeiro 
momento, podendo posteriormente adentrar em questões mais intrínsecas de sentido da 
pessoa em relação à sua enfermidade. 
O modelo biopsicossocial é mais completo, pois abrange o ser de forma holística e o 
considera como homem e não como uma máquina, um homem que tem uma vida, que 
tem um contexto, que tem relações. 
Este modelo nos dá embasamento para que possamos estudar e identificar fatores 
que possam levar as pessoas a adoecerem, sendo elas de causas sociais e/ou psicológicas. 
Como o modelo se propõe, identificar essas causas é determinante para que se possa fazer 
uma intervenção de prevenção de doença e de promoção de saúde mais eficaz, além de 
analisar causas que estão por trás do físico e ajudar essas pessoas com as questões que 
tanto a fazem sofrer. 
Para que isso ocorra se deve mudar o pensamento das pessoas, a cultura, as formas 
de como as pessoas significam a doença, propondo hábitos saudáveis, a manutenção de 
um lar agradável e harmonioso, entre outras medidas que podem otimizar o processo de 
saúde. 
Conclusão 
Não devemos excluir o papel de cada um dos modelos de atenção à saúde, cada um 
tem importância, seja na prevenção de doenças e promoção de saúde, seja no amparo de 
um acidente de trabalho. 
Mudar a consciência de uma sociedade não é nada fácil, incitar as pessoas a saírem 
do seu comodismo, muito menos. Sempre vai haver alguém que vai adoecer por não se 
cuidar, achar que a sociedade vai viver totalmente com o pensamento que a saúde é de 
caráter biopsicossocial é uma utopia, e para isso cada um dos modelos vai estar lá para 
sanar as necessidades de saúde. Seria interessante que esses modelos se integrassem e 
delimitassem seu papel de atuação para que se completem e possam oferecer uma 
atenção à saúde completa a todas as pessoas e a quem a recorre. 
REFERENCIAS 
Annandale, E. The Sociology of Health and Medicine: A Critical Introduction, Polity 
Press, 1998 
Buss, P. & Filho, A. Os determinantes sociais da saúde. Physis vol.17 nº 1. Rio de 
Janeiro Jan./Abr. 2007 
COMISSÃO DE DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE. Rumo a um Modelo Conceitual 
para Análise e Ação sobre os Determinantes Sociais de Saúde. (RASCUNHO). Disponível 
em: 
http://www.determinantes.fiocruz.br/pdf/texto/T42_CSDH_Conceptual%20Framework%20
%20tradu%C3%A7%C3%A3o%20APF.pdf acesso em: 25/09/2012 às 11:30. 
Cutolo, L. Modelo Biomédico, reforma sanitária e a educação pediátrica Arquivos 
Catarinenses de Medicina Vol. 35, nº. 4, 2006 
Fava, G. & Sonino, N. O modelo biopsicossocial: Trinta anos depois. Psychotherapy 
and psychosomatics. Vol. 77: pág 1-2; 2008; 
Ferreira, A. Demutti C. & Gimenez, P. A Teoria das Necessidades de Maslow: A 
Influência do Nível Educacional Sobre a sua Percepção no Ambiente de Trabalho. Trabalho 
apresentado no XIII seminário de administração em set. 2010 disponível em 
http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/703.pdf acesso em 
25/09/2012 às 15:09. 
Pratta, E. & Santos, M. O Processo Saúde-Doença e a Dependência Química: 
Interfaces e Evolução. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Vol. 25 n. 2, pp. 203-211 Abr-Jun 
2009 
Putinni, R. Junior, A. & Oliveira, L. Modelos explicativos em saúde coletiva: abordagem 
biopsicossocial e auto-organização. Physis vol.20 no.3 Rio de Janeiro 2010. 
Sciliar, M. História do conceito de saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 
17(1): 29-41, 2007 
Silva, K. Viana, H. Paulino, L. Perspectivas, reflexões e desafios dos modelos 
biomédico e biopsicossocial em psicologia. Trabalho apresentado no 16º encontro da 
ABRAPSO em 2011. Disponível em 
http://www.encontro2011.abrapso.org.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=2373 acesso em 
24/09/2012 às 23:20. 
Traverso-Yépez, M. A Psicologia Social e o Trabalho em Saúde. EDFURN – Editora da 
UFRN. Natal, 2008.

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