Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO 4 a 20 mA Transmissor 7. ESPECIFICAÇÃO DE TRANSMISSORES DE PRESSÃO DIFERENCIAL 7.1 Introdução: Um transmissor de pressão diferencial é um instrumento que possui uma ou duas tomadas de impulso conectadas ao processo, uma recebendo pressão P1 e a outra recebendo uma pressão P2, (P1 < P2). Proporcionalmente a este pressão diferencial aplicada, o instrumento fornece um sinal de saída em corrente, usualmente 4 a 20 mA, que é então enviado a instrumentos na sala de controle (figura 1). Figura 1 – Transmissor de pressão diferencial 7.2. Aplicações: Pode ser empregado para medir as seguintes variáveis de processo: 7.2.1 Pressão Manométrica: Para medir uma pressão manométrica, a entrada de baixa pressão do instrumento não é conectada, ficando aberta para o ar atmosférico e a tomada de alta pressão é conectada ao ponto de medição no processo (figura 2). figura 2 - Medição de pressão com transmissor de pressão diferencial CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO PKQ 4 a 20 mA Transmissor 7.2.2 Nível: A entrada de baixa pressão fica aberta para a tmosfera e a entrada de alta pressão é conectada ao processo. Figura 3 – Medição de nível 7.2.3 Vazão: O método mais empregado para medir vazão nas industrias envolve criar uma restrição a passagem do fluido, o que ocasiona uma elevação da pressão a montante e um abaixamento a jusante. Demonstra-se que a vazão de fluido passante nestas condições é proporcional a raíz quadrada do diferencial de pressão criado pela restrição: Assim, se conectarmos as tomadas de pressão antes e depois da restrição, respectivamente as entradas de alta e baixa pressão do transmissor, seu sinal de saída será proporcional ao quadrado da vazão do fluido. Desta forma, embora não meça vazão diretamente, o transmissor de pressão diferencial é muito empregado para medir vazão associado a um elemento restritor (placa de orifício, venturi, bocal de vazão etc). A figura a seguir mostra uma medição deste tipo empregando uma placa de orifício. figura 4 - Medição de vazão: transmissor de pressão diferencial em conjunto com uma placa de orifício CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO 7.2.4 Densidade: As entradas de pressão alta e baixa do transmissor são conectadas a parede do tanque com líquido cuja densidade se quer medir (figura 5). Deve-se tomar o cuidado de posicionar a tomada de baixa pressão abaixo do nível mínimo do tanque. Nesta condição, a pressão diferencial aplicada ao instrumento será igual ao pêso da coluna de líquido entre as duas tomadas, a qual é linearmente proporcional a sua densidade: P = gh. Figura 5 - Medição de densidade 7.3.4.1 Calibrações especiais: Quando um transmissor de pressão diferencial é empregado em medição de nível pode ser necessário ajustar nele um valor diferente da pressão mínima e máxima de processo. Vamos examinar em seguida estas situações. 7.3.4.1.1 Elevação de zero: Considere a medição de nível mostrada na figura 6. Uma instalação como esta é as vezes necessária em situações onde algum depósito acumulado no fundo do tanque possa ocasionar entupimento da tomada de pressão. Nesta situação, pressão zero no transmissor não corresponde a nível zero no tanque. Portanto o transmissor deve ser ajustado para fornecer uma saída em mA correspondente a pressão causada pela coluna h. Vamos supor que o tanque contenha água, h = 200mm e que o nível máximo seja H = 2000mm. Figura 6 - Elevação de zero Nível mínimo mínimo h 4 a 20 mA h=200 H=2000 ÁGUA Transmissor CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO Para calibrar o transmissor é necessário calcular quanto vale em termos de corrente de saída os 200 mm de água no fundo do tanque. Portanto o transmissor deverá ser calibrado para fornecer 5,6 mA com pressão diferencial igual a zero e 20 mA com pressão diferencial igual 1800mmH2O como mostra a reta de calibração do transmissor na figura 7. Este procedimento chama-se ELEVAÇÃO DO ZERO DO TRANSMISSOR. Figura 7 – Reta de calibração do transmissor para ELEVAÇÃO DE ZERO 7.3.4.1.2 Supressão de zero: Numa planta industrial muitas vezes é conveniente instalar um tanque acima da cota zero. Neste caso, se o transmissor for instalado junto ao tanque, deverá ser previsto uma escada e uma plataforma somente para facilitar o acesso ao mesmo. Ainda que tal plataforma já esteja prevista por outros motivos, a instalação do transmissor junto ao tanque sempre dificulta sua calibração ou a simples verificação do valor instantâneo medido por parte do pessoal que opera a planta. Portanto, é mais fácil e barato instalar o transmissor no piso, a uma altura de aproximadamente 1,60 metros. Neste caso deverá ser feita no transmissor uma calibração especial denominada SUPRESSÃO DE ZERO. A figura 8 mostra como ficará a instalação. x mAx 200 6,1 2000 16200 )420(2000 -200 5,6 20 16 12 4 8 1800 P(mmH2O) I(mA) CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO Figura 8 - Transmissor abaixo do fundo do tanque - Supressão do zero Considerando novamente que o tanque contenha água, nível máximo H = 2000 mmH2O e h = 200 mmH2O verificamos que agora será necessário subtrair o correspondente a 200 mmH2O da corrente de saída do transmissor, ou seja: o transmissor deverá fornecer 4 mA com pressão diferencial aplicada igual a 200 e 20 mA com pressão igual a 2200 mmH2O. Veja a reta de calibração mostrada a seguir na figura 9. Figura 9 – Reta de calibração do transmissor para SUPRESSÃO DE ZERO I(mA) 0 20 16 12 4 8 2200 P(mmH2O) I(mA) 200 h H=2000 ÁGUA Transmissor CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO A superposição das figuras 7 e 9 resulta na figura 10. Observa-se que os procedimentos de elevação e supressão tem o efeito de deslocar para frente e para trás a reta de calibração do transmissor. Figura 10 – ELEVAÇÃO e SUPRESSÃO DE ZERO 7.3.5 Instalação do transmissor: A montagem do transmissor e das conexões ao processo (tomadas) varia em função da variável medida, ou situação. Basicamente, em medições de gás o transmissor deve ficar acima de modo que toda umidade condensada nas tomadas retorne para o processo. Na medição de líquidos o transmissor fica abaixo para que o gás contido no líquido suba até um ponto de sangria. Na medição de vapor é necessário criar uma coluna de condensado nas tomadas para impedir que vapor a alta temperatura penetre na câmara de medição. Neste caso o transmissor fica abaixo e as tomadas devem ser previamente preenchidas com água fria antes que as válvulas debloqueio sejam abertas. Além disto, com exceção de gases secos, é necessário inclinar as tomadas à razão de 1:10 para evitar o acúmulo de bolhas no caso de líquidos ou de condensado no caso de vapor e gases úmidos. Alguns exemplos de montagens, mostrando a localização do transmissor em relação a linha e o trajeto das tomadas está mostrado na figura 11 a seguir. Com relação a posição do transmissor deve ser seguida a tabela abaixo. 0 20 16 12 4 8 1800 2000 2200 P(mmH2O) I(mA) 200 -200 Elevação Supressão CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO Fluido de processo Localização das tomadas Instalação do transmissor em relação as tomadas Gás Superior ou lateral Acima Líquido Lateral Abaixo ou no mesmo nível Vapor Lateral Abaixo usando-se câmara de condensação (pote de condensação) CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO Figura 11 – Exemplos de localização do transmissor e tomadas 7.4. Especificação de transmissores de pressão diferencial: A correta especificação de um transmissor pode ser feita empregando algumas recomendações de ordem prática, relacionadas a seguir. 7.4.1 Selecionar a classe de precisão do transmissor segundo a precisão requerida pelo processo. Atualmente os transmissores de pressão diferencial mesmo os de fabricação normal possuem uma precisão muito apurada: 0,1% do “span” calibrado. Este valor de precisão normalmente atende a qualquer aplicação industrial. No entanto é sempre conveniente verificar este ponto. 7.4.2 Especificar a faixa de trabalho mais estreita possível. Porém, na escolha da faixa CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO geralmente deve-se adicionar uma folga prevendo alteração nos dados de processo, devidas a expansões, ou modificações no projeto inicial: Medição de pressão: Neste caso é aconselhável escolher uma faixa de trabalho para o transmissor com folga de 20 a 30% da pressão máxima do processo. Medição de Vazão: O caso de vazão é crítico. Além de ser frequente ocorrerem modificações no valor original da vazão, ainda existe o problema da pressão diferencial aumentar com o quadrado do fluxo, ou seja: P = KQ². Por isto, um aumento de 10% na vazão original de projeto, significa 1,11,1 = 1,21, ou seja 21% a mais no transmissor. Se o aumento for de 20% (o que não é raro acontecer) a pressão diferencial no transmissor será incrementada de 44%. Por isto, a folga na faixa de trabalho do transmissor deve ser de 40% a 50% do diferencial máximo de projeto. Medição de nível: Para nível, normalmente não é necessário adicionar folgas, uma vez que um tanque é um equipamento que dificilmente será modificado. Medição de densidade: Para medição de densidade também não é necessário considerar folga na faixa de trabalho. 4.3 Exercícios 4.3.1 Especificar um transmissor de pressão com os seguintes requisitos: Fluido: ar atmosférico 10 a 35 oC Precisão requerida igual a 0.5%. Máxima valor da pressão de processo igual a 7.0 kg/cm². Com indicador local de saída. 4.3.2 Especificar transmissor de nível para um tanque considerando: Precisão de 0.25%. Altura do tanque igual a 4.0 metros. Líquido no tanque: gasolina (densidade relativa = 0.75). Com indicador local de saída. Flangeado ao tanque. CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PROF. Antonius Henricus Maria de Knegt. METODOLOGIA DE PROJETOS DE AUTOMAÇÃO Determinar também os os valores de calibração do instrumento para elevação de 0,5 metro e supressão de 1,5 metro. Desenhar as retas de calibração para as duas hipóteses. 4.3.3 Especificar transmissor de pressão diferencial para medição de vazão considerando: fluido: água. Precisão de 0.1%. Máximo diferencial de projeto igual a 2500 mmH20. Com indicador local de saída. 4.3.4 Especificar um transmissor para medição de densidade em um tanque contendo uma solução de H²S04, com densidade igual a 1,3 20%. O nível do tanque é constante igual a 500 mm. Desenhar também a reta de calibração.
Compartilhar