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Atualidades para Depen 
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Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 
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AULA 02 
 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Globalização e Neoliberalismo 1 
2. Crise mundial e PIIGS 12 
2.1. Grécia 16 
2.2. Espanha 20 
2.3. Irlanda 23 
2.4. Portugal 25 
2.5. Itália 26 
3. América Latina 27 
4. Estados Unidos 39 
5. Questões comentadas 48 
6. Lista de Questões 72 
7. Gabarito 87 
 
 
1. Globalização e Neoliberalismo 
 
 
 
Pessoal, nessa aula faremos um aprofundamento da discussão 
de alguns tópicos que já foram apresentados na aula 0. Nosso 
objetivo nessa aula é ampliar o conteúdo apresentado e trazer 
novos elementos. Além de aprofundá-los, trarei também novas 
discussões que se mostram relevantes para fins de concurso 
público. Vamos começar a nossa aula retomando a discussão acerca 
do fenômeno da globalização. 
 
 
O conceito de globalização ganhou força e difundiu-se com 
sucesso durante os anos da década de 1980. Apesar disso, não 
podemos afirmar peremptoriamente que a globalização apenas aí 
tenha surgido, pois esse fenômeno está relacionado com a 
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integração social, cultural, política e, sobretudo, econômica entre 
nações distintas, o que ocorre, conforme gostam de demarcar 
alguns estudiosos, desde as Grandes Navegações. 
 
 
Mas, de fato, é com a chamada expansão ultramarina, durante 
os séculos XV e XVI, que foram dados os passos mais firmes rumo a 
uma economia internacionalizada. Isso, pois, o desenvolvimento do 
mercantilismo implicou a procura por distintas rotas comerciais da 
Europa para a África e para a Ásia. Já com a Revolução Industrial, 
no século XVIII, a produção cresce consideravelmente e surgem o 
trabalho assalariado e os mercados consumidores. Além disso, essa 
Revolução, resultante do desenvolvimento tecnológico e de 
mudanças estruturais na configuração da sociedade, gerou o 
crescimento da produção fabril, com vimos, e, consequentemente, a 
necessidade de que novos mercados fossem buscandos e para eles 
produzir e então exportar. É nesse momento que os fenômenos da 
exploração e da alienação do trabalhador (fenômeno no qual o 
trabalhador deixa de deter o conhecimento sobre todo o processo 
produtivo bem como os meios de produção) se tornam mais nítidas. 
 
 
Ao fim do século XIX, começam a surgir mais claramente as 
corporações multinacionais, que se expandem intensamente durante 
o século XX. O mercado passou a ser mundial e, cada vez mais, 
reflexos da economia em uma parte do globo impactam as demais 
partes. Essa interdependência entre os mercados tornou-se 
evidente em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, 
quando a depressão econômica norte-americana gerou 
consequências negativas em todo o mundo. 
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Posteriormente, com o fim da União Soviética e a consequente 
queda de alguns regimes comunistas, emergiu um sentimento de 
que as diferenças entre os povos dariam lugar à construção de um 
mundo mais homogêneo e harmônico. Isso somado à queda do 
Muro de Berlim – um forte marco simbólico do que estaria por vir. A 
integração da economia seria fortalecida por meio da integração 
tecnológica, principalmente em razão da rede de telecomunicações. 
A internet teve significativo papel nesse processo, pois, por meio 
dela, as informações passaram a circular de maneira quase 
instantânea, diminuindo as distâncias entre os países e, claro, entre 
os mercados. O vertiginoso desenvolvimento das tecnologias 
aplicadas à comunicação e também aos meios de transporte 
possibilitou ainda mais integrar os países em todos os aspectos. 
Quando um grupo de músicos no Brasil lança um álbum de rock, um 
de russos lança um de samba e outro no Japão lança um de tango, 
isso nada mais é do que consequência da globalização. A própria 
exigência de que aprendamos inglês e espanhol nas escolas já 
demonstra a força desse processo. 
 
 
Há ainda outro processo que se relaciona diretamente com a 
globalização que é a política econômica conhecida como 
neoliberalismo. A expressão neoliberalismo surgiu durante 
reuniões na capital dos Estados Unidos, quando integrantes do 
governo dos Estados Unidos e de organismos internacionais, além 
de diversos economistas, principalmente latino-americanos, 
discutiram uma gama de medidas a fim de que a América Latina 
superasse uma crise econômica que havia se instaurado na época. 
Nesse momento os países latino-americanos encontravam-se em 
penosa situação econômica, com fortes reflexos na área social. 
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Os países latino-americanos, de forma geral, estavam imersos 
 
 
 
em contextos de altíssimas dívidas externas, inflação a níveis 
surrealmente altos, recessão econômica e desemprego. Muitas das 
medidas que os países latino-americanos tiveram de adotar naquele 
momento voltaram à tona com a atual crise da dívida europeia. A 
chamada “troika”, que é formada pelo Fundo Monetário 
Internacional, pela União Europeia e pelo Banco Centra Europeu, fez 
aos países em atual crise as mesmas recomendações que foram 
feitas aos países latino-americanos no momento de consolidação 
dos ideais neoliberais. Entre essas medidas encontram-se cortes nos 
gastos públicos, conhecidos como medidas de austeridade, e 
privatizações. 
 
 
Foi o economista inglês John Williamson quem criou a 
expressão "Consenso de Washington", originalmente para 
significar “o mínimo denominador comum de recomendações de 
políticas econômicas que estavam sendo cogitadas pelas instituições 
financeiras baseadas em Washington D.C. e que deveriam ser 
aplicadas nos países da América Latina, tais como eram suas 
economias ao fim dos anos 1980". Só que, desde então, a 
expressão "Consenso de Washington" fugiu totalmente ao controle 
de seu criador e vem sendo usada para abrigar todo um elenco de 
medidas e para justificar políticas neoliberais, com as quais nem 
mesmo Williamson concorda. Williamson chegou a declarar que "eu 
nunca tive a intenção que meu termo fosse usado para justificar 
liberalizações de contas de capital externo, monetarismo, supply 
side economics, ou minarquia, que entendo serem a quintessência 
do pensamento neoliberal". Esclarecimento: (i) supply side 
economics é uma escola do pensamento macroeconômico cuja ideia 
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principal é a de que o crescimento econômico pode ser mais eficaz 
 
 
 
se forem diminuídas as restrições para que as pessoas possam 
produzir, reduzindo impostos de renda e aumentando-se a 
flexibilização do trabalho; (ii) minarquia é uma teoria política que 
prega que a função do Estado é assegurar os direitos negativos da 
população, sobretudo impedindo a coerção física da população. Ou 
seja, estão entre as funções do Estado a promoção da segurança, 
da justiça e do poder de polícia, além da criação de legislação 
necessária para assegurar o cumprimento destas funções. Além 
disso, a minarquia considera que não é obrigação do Estado 
assegurar o bem-estar social por meio de planos de seguridade. E 
(iii) monetarismo éuma teoria econômica que defende que é 
possível manter a estabilidade de uma economia capitalista através 
de instrumentos monetários, pelo controle do volume de moeda 
disponível e de outros meios de pagamento. O monetarismo foi a 
principal teoria de oposição ao keynesianismo e está intrinsicamente 
ligado aos preceitos neoliberais. 
 
 
Posteriormente, as recomendações do Consenso de 
Washington se tornaram o modelo econômico defendido pelo 
Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, que 
consideram que a economia deve ser regida tão somente 
pelas próprias “leis” do mercado, sem intervenção estatal, já 
que, segundo os defensores deste modelo, a intervenção do 
Estado na economia inibiria o setor privado, diminuindo o 
desenvolvimento e a competitividade. 
 
 
De acordo com o sociólogo Emir Sader, que é um crítico 
ferrenho do neoliberalismo, em artigo publicado na Carta Maior, em 
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17 de janeiro de 2011, “o capitalismo passou por várias fases na 
 
 
 
sua história. Como reação à crise de 1929, fechou-se o período de 
hegemonia liberal, sucedido por aquele do predomínio do modelo 
keynesiano ou regulador. A crise deste levou ao renascimento do 
liberalismo, sob nova roupagem que, por isso, se autodenominou de 
neoliberalismo. Este impôs uma desregulamentação geral na 
economia, com o argumento de que a economia havia deixado de 
crescer pelo excesso de normas, que frearia a capacidade do capital 
de investir. Desregulamentar é privatizar, é abrir os mercados 
nacionais à economia mundial, é promover o Estado mínimo, 
diminuindo os investimentos em políticas sociais, em favor do 
mercado, é impor a precariedade nas relações de trabalho. A 
desregulamentação levou a uma gigantesca transferência de 
capitais do setor produtivo ao especulativo porque, livre de travas, o 
capital se dirigiu para o setor onde tem mais lucros, com maios 
liquidez e menos tributação: o setor financeiro. Porque o capital não 
está feito para produzir, mas para acumular. Se pode acumular 
mais na especulação, se dirige para esse setor, que foi o que 
aconteceu em escala mundial. O modelo neoliberal se tornou 
hegemônico em escala mundial, impondo as políticas de livre 
comércio, de Estados mínimos, de globalização do mercado de 
trabalho para os investimentos, entre outros aspectos. É uma nova 
fase do capitalismo, como foram as fases de hegemonia liberal e 
keynesiana. Não se pode dizer que seja a última, porque um 
sistema sempre encontra formas – mesmo que aprofundem suas 
contradições - se outro sistema não surge como alternativa, com a 
força correspondente para superá-lo”. 
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Vamos fazer três questões para que você percebam melhor 
 
 
 
como essas situações são cobradas em concursos públicos. 
 
 
 
(Cespe – Polícia Federal – Delegado -2002) O Estado 
brasileiro dos anos 90 hesitou em tornar-se um Estado 
normal, como fizeram a Argentina, o Chile, o México e outros. 
Normal, isto é, receptivo, submisso e subserviente aos 
comandos das estruturas hegemônicas do mundo 
globalizado. O passado nacional de sessenta anos somente 
foi avaliado de forma negativa por um grupo de economistas 
que aprenderam nos programas de pós-graduação dos 
Estados Unidos da América (EUA) o credo neoliberal e 
estavam dispostos a aplicá-lo quando se tornavam 
autoridades da República. Esses economistas e algumas 
outras autoridades, cujo pensamento com eles se 
conformava, esforçaram-se por difundir a noção de 
globalização benéfica. Apesar de deter a maior soma de 
poder em matéria de relações internacionais do país, a esfera 
das relações econômicas, o grupo não se tornou hegemônico 
sobre a inteligência nacional do Brasil, como ocorreu em boa 
medida com o grupo epistêmico da Argentina. A maior parte 
do meio político, talvez possamos dizer o mesmo do meio 
diplomático, mas sobretudo do meio acadêmico, avaliou 
positivamente a estratégia de desenvolvimento brasileiro das 
últimas décadas e avançou o conceito de globalização 
assimétrica, que expressa uma interpretação mais nociva 
que benéfica para a periferia do capitalismo. O próprio 
presidente da República, embora ideologicamente simpático 
à expansão do neoliberalismo, usou o termo em conferências 
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públicas, com o fim de denunciar efeitos contraproducentes 
 
 
 
da nova ordem internacional. 
 
 
 
Amado Luiz Cervo. Brasília: IBRI, 2001, p. 293-4 (com 
adaptações). 
 
 
Com o auxílio do texto acima, julgue os itens abaixo, 
relativos às diferentes acepções do conceito de globalização. 
 
 
1- Intelectualidade, opinião pública e formuladores de 
políticas públicas convergiram suas visões, nos últimos dez 
anos, acerca dos elementos definidores do conceito de 
globalização. 
 
 
2- Sob o manto da ideia de globalização benéfica, 
empresas e grupos econômicos bem equipados intelectual e 
materialmente conseguiram avançar seus interesses no jogo 
das relações internacionais. 
 
 
3- A dimensão assimétrica da globalização citada no 
texto é apenas uma construção política das esquerdas 
internacionais, saudosistas que são do velho modelo da 
economia política da planificação soviética. 
 
 
4- No início do século XXI, a vida internacional, moldada 
pela expansão da economia política liberal, assiste ao fim da 
era de deflagrações bélicas que caracterizava a economia 
autárquica internacional do período da Guerra Fria. 
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5- Inglaterra, França e Alemanha são exemplos de 
 
 
 
“Estado normal”, de acordo com a definição apresentada nos 
dois primeiros períodos do texto. 
 
 
Vamos aos comentários. 
 
 
 
Item 1 – Pessoal, nós não podemos ser ingênuos ao fazer 
qualquer questão de concurso público. Mesmo sem ler o texto, 
vocês acreditariam que intelectualidade, opinião pública e 
formuladores de políticas públicas possuem a mesma opinião sobre 
qualquer tema? Acredito que vocês não acreditariam nisso. De fato, 
como se pode depreender da leitura do texto, esses três grupos não 
possuem a mesma visão sobre a globalização. Essa situação fica 
bem expressa no trecho “apesar de deter a maior soma de poder 
em matéria de relações internacionais do país, a esfera das relações 
econômicas, o grupo não se tornou hegemônico sobre a inteligência 
nacional do Brasil, como ocorreu em boa medida com o grupo 
epistêmico da Argentina”. Se o grupo não se tornou hegemônico, é 
pela razão de que existem divergências. Portanto, item errado. 
 
 
Item 2 – Exatamente. Diversos grupos, que possuem poder de 
influencia a opinião e a economia, se aproveitaram da situação 
gerada pela globalização e pelo neoliberalismo para expandir seus 
mercados, aumentando seus lucros. Além disso, houve também o 
fortalecimento de empresas que passaram a monopolizar parcelas 
do mercado por meio das megafusões. Item correto. 
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Item 3 – A dimensão assimétrica não é apenas construção da 
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velha esquerda, comoaponta o texto. Mesmo grupos de intelectuais 
se utilizam desse conceito. Item errado. 
 
 
Item 4 – Primeiramente, devemos entender que economia 
autárquica é um modelo no qual praticamente não existe a 
integração da economia. Já é bastante complicado dizer que a 
economia durante a Guerra Fria é autárquica, além disso o mundo 
obviamente não podemos dizer que houve o fim das deflagrações 
bélicas. Item errado. 
 
 
Item 5 – Estado Normal está relacionado no texto à ideia de 
Estado Mínimo. Acontece que os três Estados citados no item 
possuem planos de seguridade social bastante amplos, o que 
invalida o enunciado. Item errado. 
 
 
Gabarito: FVFFF. 
 
 
 
(TRE-GO- Técnico Judiciário – CESPE – 2005) 
Globalização é o nome que comumente se dá ao atual estágio 
da economia mundial. Novas e incessantes inovações 
tecnológicas ampliam a produção e estimulam a notável 
expansão do comércio em escala planetária. Afora esses 
aspectos considerados positivos, muito do que os defensores 
da globalização defendiam não se concretizou, pelo menos 
até hoje. O certo é que as reformas liberalizantes, a exemplo 
da abertura dos mercados, das privatizações das empresas 
públicas e da redução dos direitos trabalhistas, não 
trouxeram o desenvolvimento alardeado nem melhoraram a 
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distribuição de renda. Aliás, em alguns países aconteceu o 
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contrário. 
 
 
 
Com o auxílio do texto e considerando a realidade 
econômica mundial nos dias de hoje, assinale a opção 
incorreta. 
 
 
a) Na atualidade, o baixo nível educacional da maioria 
da população mundial impede o aumento da produção e, com 
isso, reduz o volume de comércio entre os países. 
 
 
b) O conhecimento científico-tecnológico desempenha 
importante papel na economia globalizada de hoje. 
 
 
c) Deduz-se do texto que nem tudo que chegou a ser 
sonhado por alguns com a globalização conseguiu 
concretizar-se. 
 
 
d) Segundo o texto, em alguns países, os efeitos da 
globalização foram bastante negativos, concentrando a renda 
e não trazendo o progresso. 
 
 
e) O Brasil foi um dos países que mais se empenharam 
em promover o que o texto chama de "reformas 
liberalizantes". 
 
 
Pessoal, as ideias do neoliberalismo se contrapõem em boa 
parte às ideias do keynesianismo. Fazendo um raciocínio “invertido”, 
só com essa informação, vocês já seriam capazes de perceber que a 
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letra “a” é a resposta. Isso porque se o neoliberalismo prega a não 
 
 
 
intervenção do Estado na economia, o keynesianismo prega a 
intervenção nos momentos de crise. Portanto, letra “a”. 
 
 
2. Crise mundial e PIIGS 
 
 
 
Agora iremos debater um pouco mais sobre a crise mundial 
iniciada em 2008 e as suas consequências nos dias atuais. Como 
vocês sabem, essa crise tem causado instabilidade nos mercados e 
nas economias nacionais, o que provoca piora nas condições de vida 
das populações, principalmente por causa do desemprego e da 
elevação dos preços; além de ter provocado também diversas 
manifestações, como a marcha dos indignados na Espanha e até a 
queda de alguns líderes políticos, como Berlusconi, na Itália, e 
Papandreou, na Grécia. 
 
 
A crise que hoje atinge em cheio a Europa e, 
consequentemente, o resto do mundo teve origem no mercado 
imobiliário norte-americano, como vimos anteriormente, marcada 
pela quebra do banco Lehman Brothers – um dos maiores bancos de 
investimentos dos Estados Unidos até então. Mas não podemos 
dizer que o mercado imobiliário é o responsável exclusivo pela crise. 
Mesmo antes de 2008 alguns especialistas já previam que a crise 
estouraria tanto em razão das políticas adotadas pelo mercado 
imobiliário quanto em razão de outros fatores. Entre esses outros 
fatores que determinaram a crise nos Estados Unidos estão a pouca 
regulamentação do sistema bancário dos Estados Unidos e as 
políticas monetárias e fiscais excessivamente expansionistas do 
governo Bush. Além disso, nem só por causa da crise norte- 
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americana a Europa está com problemas. Não podemos nos 
 
 
 
esquecer de que alguns governos europeus não controlaram 
devidamente suas contas públicas, além de situações de pouca 
competitividade e mesmo de altos níveis de corrupção. Por esse 
motivo, a crise europeia é também chamada de crise da dívida, pois 
é alto o nível de endividamento de alguns países europeus. 
 
 
A crise da dívida se relaciona diretamente com a crise 
imobiliária, pois a partir do momento que esta estoura, e os bancos 
quebram, retirando a capacidade de financiamento para o mercado, 
aquela não consegue novos empréstimos para pagar as dívidas 
anteriormente contraídas. 
 
 
Faço uma pausa para esclarecer o que disse acerca de outros 
fatores da crise nos Estados Unidos: políticas monetárias e fiscais 
expansionistas são as que utilizam o aumento da despesa pública 
para aumentar a produção e tentar reduzir o desemprego. Além 
disso, usam de impostos mais baixos, para aumentar o rendimento 
disponível ao consumidor/investidor, causando aumento de 
consumo e investimento das empresas. Acontece que uma política 
fiscal expansionista onera o orçamento público, aumentando o 
déficit. Esse déficit passa a ser coberto pelo governo com a emissão 
de moedas e títulos. Nesse sentido, o governo Bush decidiu 
aumentar a quantidade de moeda circulando na economia, por meio 
de medidas como diminuição da taxa de juros e da compra de 
títulos da dívida. 
 
 
Em 2001, com o ataque ao World Trade Center e o estouro da 
bolha especulativa na bolsa Nasdaq, os Estados Unidos vivenciaram 
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uma crise de confiança e o governo Bush passou a reduzir as taxas 
 
 
 
de juros a fim de aquecer o mercado e ainda diminuiu diversos 
impostos. Inicialmente essa estratégia pareceu dar certo, mas em 
pouco tempo o dinheiro disponível em excesso e a volta da 
confiança no crescimento econômico fizeram com que os bancos 
diminuíssem os critérios para o financiamento de imóveis, 
apostando nos chamados clientes “subprime”. Muitos norte- 
americanos sem comprovação de renda ou emprego estável 
passaram a ter a possibilidade de adquirir um imóvel. Mesmo 
sabendo que os contratos subprime são mais arriscados do que 
outros investimentos mais conservadores, como os títulos de 
governo, os investidores se mostraram bastante interessados em 
sua aquisição, tendo em vista baixas taxas que estavam sendo 
cobradas pelos bancos. 
 
 
Porém, os altos gastos do governo e o nível de consumo da 
economia norte-americana fizeram com que a inflação aumentasse 
e essa situação levou ao aumento dos juros (que estavam baixos 
até então), gerando um forte efeito dominó. Esse aumento nas 
taxas de juros implicou imediatamente o aumento das prestações 
de financiamento daqueles imóveis e os contratos “subprime” foram 
os primeiros nos quais houve interrupção dos pagamentos. Como os 
“subprime” pararam de pagar as prestações, os imóveis que eles 
haviam adquirido foram a leilões e isso gerou um aumento 
gigantesco da oferta.Com esse aumento da oferta, os preços 
caíram abruptamente e os bancos perderam enormes quantias. 
 
 
Essa situação levou à quebra de diversas instituições 
financeiras, alastrando os efeitos da crise por todo o mundo. Nessas 
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condições os Estados foram apontados como aqueles que deveriam 
 
 
 
ser capazes de reverter a crise a partir de uma volta ao modelo de 
intervenção na economia, retomando algumas das ideias de Keynes, 
por meio das chamadas medidas anticíclicas, que já haviam sido 
utilizadas na época da Crise de 1929. Por essa razão diz-se que essa 
crise é também uma crise de paradigmas. Em um primeiro 
momento, os Estados foram orientados a injetar dinheiro para evitar 
que os bancos e instituições financeiras viessem a falir; em um 
momento posterior, sobretudo para os países europeus em crise, a 
orientação foi a adoção de medidas típicas do neoliberalismo. 
 
 
A injeção de trilhões de dólares de dinheiro público para salvar 
bancos, evitando a falência destes, realizada por diversos governos, 
aumentou consideravelmente a dívida pública dos países que 
realizaram esse procedimento. Os países agora estão tendo que 
equilibrar os seus orçamentos e para isso precisam fazer cortes nos 
gastos públicos. Essa situação leva ao corte dos recursos gastos 
com políticas sociais, como a previdência social, com investimentos 
em infraestrutura, o que desaquece a economia, e com cargos 
públicos, gerando demissões. Essas medidas afetam diretamente as 
populações. Esse contexto faz com que assistamos a diversas 
manifestações na Grécia, Espanha, Portugal, Chile e mesmo no 
mundo árabe. 
 
 
Falaremos agora sobre a situação específica de cada um dos 
países dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). 
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Grécia 
 
 
 
A Grécia é um dos casos mais graves do alastramento da 
crise econômica. Primeiramente, lembro que a Grécia é um dos 
países mais pobres da zona do euro e que, com a situação de crise, 
ela foi levada a recorrer à União Europeia e ao Fundo Monetário 
Internacional a fim de obter empréstimos para que pudesse diminuir 
o seu déficit público. Essa situação, na verdade, gera um efeito 
cíclico, pois está se pagando uma dívida fazendo outra. Vamos 
entender melhor essa história. 
 
 
Tudo isso se deu, pois, na última década, a Grécia já havia 
contraído grandes quantias em empréstimos para sustentar um 
crescimento econômico de 4% por ano em média, de 2001 a 2008. 
O problema foi que, quando a crise estourou, o país não possuía 
dinheiro disponível e, como já estava extremamente endividada, 
não conseguiu novos empréstimos com bancos e teve de recorrer 
aos organismos internacionais. Claro que esses organismos 
internacionais impuseram à Grécia uma “receita amarga”: cortes 
nos gastos públicos e reformas econômicas que incluem 
privatizações e interferência direta do FMI, da União Europeia e do 
Banco Central Europeu. Essa receita é basicamente que fora 
aplicada na América Latina no fim dos anos 1980. Ainda é cedo para 
que possamos afirmar se a adoção dessas medidas será capaz de 
retirar a Grécia desse gravoso quadro de crise. 
 
 
No início da crise, a Grécia tentou dar uma resposta ativa e 
chegou a aumentar seus investimentos em diversos setores da 
economia, entretanto essa estratégia não deu os resultados 
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desejados. O desemprego continuou crescendo e tanto a 
 
 
 
arrecadação de impostos quanto o consumo diminuíram. A Grécia 
viu ainda a dívida pública ampliar-se enormemente e o déficit 
chegou a corresponder a quase 11% do PIB em 2010 – o que é o 
triplo do previsto pelas regras da zona do euro. 
 
 
Em abril de 2010, o então primeiro-ministro grego, George 
Papandreou, pediu a liberação de um pacote de ajuda à União 
Europeia e ao FMI, que visava retirar o país da crise de dívida. O 
plano de ajuda à época, da zona euro e do FMI, previa a concessão 
de empréstimos de 45 bilhões de euros (US$ 60 bilhões) com juros 
de cerca de 5%. Posteriormente, em maio de 2010, os países do 
euro e o FMI aprovam um novo plano de ajuda, ainda maior, de 110 
bilhões de euros. E assim diversos outros pacotes foram sendo 
concedidos à Grécia. Contudo, os financiamentos a Atenas foram 
condicionados a progressos na reforma fiscal e a medidas de 
austeridade prometidas pelo governo grego. A quantia, que foi 
acordada a ser paga em prestações, seria paga após cada revisão 
trimestral. 
 
 
Em agosto de 2010, uma missão da União Europeia, do Banco 
Central Europeu e do FMI – que formam a chamada “troika” - pediu 
que a Grécia acelerasse suas reformas e privatizasse parte de seu 
setor energético para poder continuar recebendo ajuda externa. 
Percebam que além de políticas de austeridade, a “troika” entendia 
que a Grécia deveria privatizar diversos seteores. Assim, entre as 
recomendações da missão internacional, destacava-se a exigência 
de que a Grécia acelerasse a liberalização dos setores 
monopolizados em sua economia - como o de transportadoras, por 
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exemplo, com o objetivo de reduzir as pressões inflacionárias. Outra 
 
 
 
delas exigia a abertura do mercado energético, privatizando pelo 
menos 40% de suas unidades estatais de produção. Depois de seis 
meses de revoltas populares e desencontros, em junho de 2011, o 
primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, solicitou à Europa e 
ao FMI o segundo plano de ajuda financeira em um ano para tentar 
evitar a bancarrota de seu país. Liderados pelo então presidente 
francês, Nicolas Sarkozy, e pela chefe de governo alemã, Angela 
Merkel, os países da zona do euro anunciaram, em outubro de 
2011, ter conseguido com os bancos credores uma redução de 50% 
na dívida da Grécia. Em contrapartida, a Grécia deveria colocar em 
prática um novo pacote de ainda mais duros cortes de gastos 
públicos. Essa situação resultou na renúncia de Papandreou, para 
que fosse formado um novo governo, sob a chefia de Lucas 
Papademos, ex-dirigente do Banco Central Europeu, com a missão 
de aplicar o acordo e continuar implementando medidas de 
austeridade e privatizações. 
 
 
As medidas de austeridade adotadas pelo governo grego nos 
últimos anos, que incluíram demissões, aumento de impostos e 
redução de salários e pensões, revoltaram a população, que tomou 
as ruas em protestos violentos, em meio a greves gerais que 
paralisaram o país. Atualmente o país caminha para o seu quinto 
ano consecutivo de recessão, com prognósticos, otimistas, de 
retomar o crescimento somente a partir de 2014. Assim, ao mesmo 
tempo em que a ajuda financeira é concedida à Grécia graças à 
implementação de medidas de austeridade, a resistência do povo ao 
corte de gastos aumenta. Protestos contra cortes na saúde e na 
educação também passam a ser vistos em outros países, como na 
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Espanha, uma vez que as medidas resultam em cortes nos serviços 
 
 
 
públicos, no aumento da idade mínima para aposentadoriae em 
reduções salariais de aposentados e funcionários públicos. 
 
 
Paralelamente, os gregos realizaram eleições parlamentares 
em 2012, enquanto ainda implementam medidas estipuladas pelos 
órgãos internacionais para conseguir outro pacote de ajuda 
financeira. 
 
 
As eleições parlamentares da Grécia tiveram como grande 
vencedor o partido de direita Nova Democracia, que propôs um 
governo de “união nacional” para que o país possa superar a crise. 
Os conservadores da Nova Democracia alcançaram cerca de 
30% dos votos, elegendo 130 das 300 cadeiras no Parlamento. A 
diferença entre o percentual de votos e o número de cadeiras se 
deve ao fato de que a Constituição grega atribui 50 cadeiras 
suplementares ao partido vencedor das eleições. A Nova 
Democracia diz ser em parte responsável pelo plano de ajudas que 
evitou a quebra total da Grécia, mas que pretende renegociar os 
termos do acordo com a “troika”. 
 
 
Fechado o ano de 2012, a Grécia registrou um déficit 
orçamentário de 15,7 milhões de euros, equivalente a 8,1% do 
Produto Interno Bruto (PIB), tendo respeitado seus compromissos, 
em contrapartida, do apoio financeiro da União Europeia e do Fundo 
Monetário Internacional (FMI). Assim, o país, que reduziu em quase 
um terço seu déficit relativo a 2011, conseguiu inclusive melhorar 
seu objetivo que era de 8,4% do PIB para 2012. 
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Espanha 
 
 
 
Com uma taxa de desemprego altíssima, que em 2013 atingiu 
26% da população ativa, necessidades de resgates financeiros e 
crescente recessão, a Espanha vive sua pior crise em mais de 
quatro décadas. A fragilidade econômica vem causando uma rápida 
mudança social na Espanha, empurrando de volta para a pobreza 
pessoas que vinham ascendendo econômica e socialmente. 
 
 
Atualmente, a Espanha possui um índice de desemprego de 
aproximadamente 26% de sua população ativa - como eu já disse, 
além de 20% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. O 
índice de desemprego foi divulgado no início de 2013, em um 
momento em que a Espanha vive uma recessão prolongada e passa 
por profundos cortes no orçamento. Em 2012, cerca de 850 mil 
postos de trabalho foram fechados, o que o transforma no segundo 
pior ano da crise depois de 2009, segundo o jornal El País. Em 
2009, o país perdeu 1,2 milhão de postos de trabalho. O impacto 
foi mais forte entre pessoas de 16 a 24 anos, que viram a taxa de 
desemprego no último quadrimestre de 2012 subir de 52,34% (no 
trimestre anterior) para 55%. Nas Ilhas Canárias e em Ceuta, 
regiões autônomas espanholas, o desemprego já atinge 70% da 
população jovem. Segundo os dados do INE, a taxa de desemprego 
da Espanha é o dobro da média da União Europeia. 
 
 
Os números do desemprego devem causar impacto no governo 
do primeiro-ministro Mariano Rajoy que, em 2012, previu uma taxa 
de 24,6% até o fim de 2012. A economia espanhola mergulhou na 
recessão depois que o rompimento de uma bolha imobiliária deixou 
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milhões de trabalhadores pouco qualificados sem emprego e o 
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declínio econômico geral prejudicou negócios e a confiança dos 
consumidores. 
 
 
A crise no sistema bancário espanhol ocorreu devido à 
expansão desenfreada do crédito, logo após a criação do euro. As 
caixas econômicas emprestavam dinheiro a juros baixíssimos para 
clientes com contratos de hipotecas para a aquisição de imóveis. 
Porém, com o desemprego e a desaceleração econômica 
ocasionados pela crise financeira de 2008, os contratos de hipotecas 
deixaram de ser pagos pelos clientes, fazendo com que as caixas 
tivessem de reaver os imóveis, que se desvalorizavam rapidamente. 
 
 
Percebam que as causas dos problemas na Grécia e na 
Espanha são distintos. Enquanto a Grécia teve de ser resgatada por 
meio de empréstimo concedidos por instituições internacionais, 
porque não tinha condições de arcar com o pagamento dos juros de 
sua dívida; o endividamento público da Espanha era um dos mais 
baixos da zona do euro. O problema é que os empréstimos feitos ao 
Estado espanhol foram empréstimos avaliados pelo mercado como 
uma dívida do governo, já que a Espanha tem o papel de garantidor 
desse empréstimo. Desta forma, se os bancos não conseguissem 
honrar o pagamento do aporte bilionário, a situação fiscal da 
Espanha ficaria comprometida e poderia culminar em um problema 
de insolvência – que ocorre quando um devedor tem prestações a 
cumprir superiores aos rendimentos que recebe. Além disso, num 
caso de "calote" da dívida, a União Europeia tem prioridade como 
credora. Assim, os credores menores assumiram maiores risco 
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quando compraram os títulos da Espanha. E todo esse contexto 
 
 
 
aumentou o temor do mercado em relação ao país. 
 
 
 
A crise econômica na Espanha está estimulando a campanha 
pela independência da Catalunha, uma das mais importantes 
regiões autônomas do país, que responde por um quinto da 
economia nacional e tem uma população de cerca de 7,5 milhões. A 
maioria das pesquisas de opinião já realizadas na região sugerem 
que, no caso da realização de um referendo sobre a independência 
da região, a maioria catalã votaria a favor da independência. 
 
 
A Catalunha tem seu próprio idioma e cultura, com diferenças 
claras em relação ao resto da Espanha. No entanto, o país ainda 
parece longe de se transformar no próximo país independente da 
Europa. Apesar das manifestações e declarações do presidente da 
Catalunha, o governo central da Espanha se recusa a discutir a ideia 
e acredita que qualquer tentativa da região se transformar em um 
país independente é inconstitucional. E a questão traz de volta um 
problema da época da violenta guerra civil espanhola, o temor da 
desintegração do país. 
 
 
A crise da Espanha é ainda uma crise de moradia, pois, em 
meio à crise econômica que assola o país, mais de 500 famílias são 
despejadas a cada dia por não pagar aluguel ou prestações do 
financiamento imobiliário. Desde 2008, quando estourou a crise, 
foram quase 400 mil execuções hipotecárias. Entre 1997 e 2007, 
construíram-se 390 mil moradias por ano na Espanha, e os preços 
dos imóveis aumentaram em 200%, caindo logo a seguir. Hoje, 
sobram casas vazias e famílias despejadas. Segundo dado do 
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Instituto Nacional de Estatísticas (INE), entre 5 milhões e 6 milhões 
 
 
 
de moradias no país estariam vazias, o que representa 20% do 
estoque imobiliário residencial. A Catalunha é uma das comunidades 
autônomas mais atingidas pela crise imobiliária, onde são realizados 
20% dos despejos do país. A situação da crise de moradia chegou a 
um ponto tão violento que essas mais de 500 famílias que foram 
despejadas a cada dia, em média, o foram por não conseguirem 
pagar aluguel ou prestações do financiamento imobiliário. 
 
 
A Espanha assistiu também a diversas manifestações que 
tomaram as praças de Madri, sobretudo a partir de meados de 
2011, quando as pessoas permaneceram acampadas na Praça do 
Sol por diversas semanas seguidas. Essas manifestações se 
estendeme ocorrem até hoje. Os indignados, como ficaram 
conhecidos, protestam contra as diversas medidas de austeridade e 
o desemprego crescente. 
 
 
Irlanda 
 
 
 
Durante uma década a Irlanda foi apresentada pelos 
defensores do modelo capitalismo neoliberal como o modelo a ser 
seguido pelos demais países. O "tigre celta", como a Irlanda era 
chamada, ostentava uma taxa de crescimento mais elevada do que 
a média europeia. O taxa de tributação das empresas havia sido 
reduzida a 12,5% e a taxa efetivamente paga pelas numerosas 
transnacionais que ali tinham se instalado oscilava entre 3% e 4%.O 
déficit orçamentário chegou a ser igual a 0 em 2007. A taxa de 
desemprego esteve próxima de 0% em 2008. 
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Acontece que, na Irlanda, a desregulamentação financeira 
 
 
 
encorajou uma explosão dos empréstimos às famílias (o 
endividamento familiar havia atingido 190% do PIB na véspera da 
crise), principalmente no setor imobiliário, o que estimulou a 
economia (indústria da construção, atividades financeiras, etc). O 
setor bancário inchou de uma forma exponencial com a instalação 
de numerosas sociedades estrangeiras e o aumento dos ativos dos 
bancos irlandeses. Formaram-se bolhas imobiliárias e bolhas nas 
bolsas. O total das capitalizações na bolsa de valores, das emissões 
de obrigações e dos ativos dos bancos atingiu catorze vezes o PIB 
do país. Vejam que as “bolhas” em um primeiro instante parecem 
boas, pois a economia cresce, o desemprego diminui, o mercado 
aquece e a indústria é estimulada. O problema vem quando essa 
“bolha” tem algum problema sistêmico e ela estoura, revertendo o 
quadro inicial. 
 
 
O plano europeu de ajuda no fim de 2010, com participação do 
FMI, elevou-se a 85 bilhões de euros de empréstimos (dos quais 
22,5 fornecidos pelo FMI) e já se verificou que seria insuficiente. Em 
contrapartida, o remédio imposto ao tigre celta foi de fato um plano 
de austeridade drástico que pesou fortemente sobre o poder de 
compra das famílias, tendo como consequências uma redução do 
consumo, das despesas públicas nos domínios sociais, dos salários 
da função pública e na infraestrutura (em proveito do reembolso da 
dívida) e das receitas fiscais. 
 
 
As principais medidas do plano de austeridade foram terríveis 
no plano social: supressão de empregos; novos contratados 
recebendo um salário 10% inferior ao nível anterior; baixa das 
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transferências sociais com diminuição dos subsídios de desemprego 
 
 
 
e familiares, redução importante do orçamento da saúde, 
congelamento das pensões; aumento dos impostos pagos 
principalmente pela maioria da população vítima da crise; criação de 
uma taxa imobiliária (afeta a metade das famílias, até então livres 
de tributação); baixa de 1€ do salário horário mínimo (de 8,65 para 
7,65 euros, ou seja, -11%). 
 
 
Em suma, a liberalização econômica e financeira que visava 
atrair a qualquer preço os investimentos estrangeiros e as 
sociedades financeiras transnacionais conduziu à Irlanda a um 
quadro de fracasso quase que completo. Para aumentar os danos 
sofridos pela população vítima desta política, o governo e o FMI não 
encontraram nada melhor do que aprofundar a orientação neoliberal 
praticada desde há 20 anos e infligir à população, sob a pressão da 
finança internacional, um programa de ajuste estrutural calcado 
naquelas medidas impostas há três décadas aos países do terceiro 
mundo. 
 
 
Portugal 
 
 
 
A crise de Portugal foi um processo gradual de perda de 
competitividade, com o aumento dos salários e redução das tarifas 
de exportações de baixo valor da Ásia para a Europa. Enfrentando 
um baixo crescimento econômico, o governo português encontrou 
grandes dificuldades para obter a arrecadação necessária para arcar 
com os gastos públicos. 
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Os gastos do governo português estavam altos, quando 
 
 
 
iniciou-se a crise mundial em 2008, devido em parte a uma 
sucessão de projetos caros – especialmente na tentativa de se 
melhorar no setor de transportes, tendo em vista o aumento da 
competitividade. Assim, quando estourou a crise financeira global, 
Portugal passou a enfrentar uma grande dívida pública, que ficou 
cada vez mais difícil de ser financiada, já que os bancos e os demais 
países passaram a enfrentar sérios problemas financeiros. 
 
 
A escassez de crédito e a crise da dívida soberana acabaram 
obrigando o país a pedir um resgate financeiro da ordem de 78 
milhões de euros, concedido pela “troika”. Em contrapartida, o 
governo português se comprometeu a cumprir um plano de 
austeridade para reduzir o seu déficit orçamentário, com 
reduções de salários e aumento de impostos, além de outras 
reformas estruturais que levaram milhões de portugueses a 
protestar nas ruas contra o aumento de custo de vida e o 
desemprego que atinge 15,4% da população ativa. 
 
 
Itália 
 
 
 
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, renunciou o 
cargo de primeiro-ministro da Itália, em novembro de 2011, depois 
que a Câmara Baixa aprovou medidas de austeridade reivindicadas 
pela União Europeia, colocando fim a 17 anos de uma era política e 
abrindo espaço para uma transição cujo objetivo é tirar a Itália da 
crise econômica. A Era Berlusconi foi marcada pelo aumento da 
dívida pública italiana, por casos de corrupção – inclusive 
denúncias de ligações de Berlusconi com a máfia – e dezenas 
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de escândalos, entre os quais a acusação de que Berlusconi 
 
 
 
teria casos sexuais com adolescentes. 
 
 
 
Foi então que Mário Monti assumiu o governo, contudo o 
governo do ex-ministro das Finanças não demoraria muito tempo 
para ter fim. Em dezembro de 2012, Monti apresentou sua 
renúncia como chefe do Governo ao presidente da República, 
Giorgio Napolitano, após apenas 13 meses à frente de um 
Executivo tecnocrata que possuía a missão de reconduzir as 
finanças e a economia do país. 
 
 
Durante esses meses, Monti contou com o apoio da maioria de 
grupos parlamentares, com exceção da oposição do partido 
progressista Itália dos Valores e da separatista Liga Norte. A tarefa 
de Monti se centrou em realizar reformas estruturais, com um plano 
de ajuste de mais de 30 bilhões de euros para recuperar a confiança 
dos mercados na Itália. Entretanto, as ações de Monti, mesmo as de 
austeridade, não foram capazes de retirar a Itália da crise da dívida 
na qual o país está inserido. 
 
 
3. América Latina 
 
 
 
A partir dos anos 1990, a América Latina assistiu ao fenômeno 
da chamada “onda vermelha”, com a eleição de novos governos de 
esquerda em diversos países. Porém, muitas das vezes, esses 
governos estiveram mais próximos de práticas populistas e 
clientelistas do que propriamente de práticas socialistas. 
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Segundo alguns especialistas, a eleição de partidos e 
 
 
 
candidatos que se colocavam como candidatos de esquerda está 
relacionada comuma espécie de reação das populações latino- 
americanas a projetos neoliberais, que foram acusados de terem 
agravado a imensa desigualdade social e a concentração de renda 
existente na região. 
 
 
Em alguns países, o discurso chegou a ser mais agressivo e 
houve questionamentos mais contundentes aos interesses dos 
Estados Unidos na região. Nesse sentido, Hugo Chávez utilizou-se 
de um posicionamento mais radical, ganhando o apoio da população 
venezuelana e maior destaque nos veículos de comunicação. O 
fenômeno da “onda vermelha” teve como principais marcos a 
eleição exatamente de Hugo Chávez, em 1998, e de Lula, em 2002. 
Percebam que muitas vezes a “onda vermelha” está muito mais no 
discurso do que na práxis econômica ou política. De qualquer forma, 
mesmo quando se alinhavam a práticas ditas neoliberais, esses 
personagens e outros, como o boliviano Evo Morales, conseguiram 
permanecer diante do público como figuras de esquerda. 
 
 
Gostaria de ressaltar que o discurso antiamericano praticado 
por Chávez irradiou-se por toda a região. Em pouco tempo, outros 
candidatos – que posteriormente seriam eleitos, tornando-se 
presidentes de suas nações – adotaram o mesmo discurso. Essa 
situação se deu de maneira muito forte principalmente no governo 
Bush, que era um republicano, ou seja, um político norte-americano 
conservador, diferentemente de Obama, que é um democrata, e, 
portanto, mais liberal. Políticos como Daniel Ortega (Nicarágua), 
Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) foram eleitos 
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exatamente com esse mesmo discurso. Posteriormente, os Kirchner 
 
 
 
(Argentina), historicamente mais conservadores, passaram a adotar 
o mesmo discurso e a aproveitar a maré gerada. 
 
 
De qualquer maneira, mesmo com Obama na presidência, os 
discursos antiamericanistas permanecem, e este presidente tem 
sido acusado de não ter cumprido importantes promessas de 
campanha, como em relação à base militar de Guantánamo. Os 
Estados Unidos são acusados prender sem julgamento pessoas 
suspeitas de terrorismo, inclusive torturando-as. Obama prometeu 
que fecharia a base militar, situada em Cuba, mas isso ainda não 
ocorre – e não sabemos se de fato ocorrerá. O analista político 
Néstor García Iturbe lembra que o presidente estadunidense não só 
descumpriu sua promessa de fechamento da prisão, como assinou a 
Lei da Autorização de Defesa Nacional onde aprovou uma proibição 
permanente sobre a transferência dos detidos nesta prisão para os 
Estados Unidos. A expectativa é de que no segundo mandato de 
Obama, iniciado em 2013, a base possa ser fechada. Fidel Castro, 
por diversas vezes, já exigiu, sem sucesso, que o território onde fica 
a base fosse devolvido à Cuba. 
 
 
A relação do governo Obama com Cuba é bastante dúbia, na 
realidade. Após tomar posse, Obama renovou o embargo econômico 
a Cuba. Mesmo com a ONU condenando a medida pelo 21º ano 
consecutivo em 2012, o governo norte-americano confirmou que 
manteria a política de bloqueio comercial a Cuba. Apesar disso, após 
chegar à Casa Branca, em 2009, o presidente Barack Obama 
suspendeu algumas restrições a Cuba, como o envio de dinheiro ou 
viagens à Ilha por razões esportivas, educativas ou religiosas, mas 
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destacou que outros passos dependerão da abertura do governo 
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cubano para a democracia. 
 
 
 
Durante o governo de Hugo Chávez, a Venezuela liderou na 
região um grupo chamado de bolivariano que teve por 
características a implementação de políticas nacionalistas, como 
estatizações, muitas vezes ligadas à práticas populistas e ainda 
àquelas críticas antiamericanistas. Hugo Chávez defendeu o que 
chamava de “socialismo do século XXI”, sendo um crítico feroz das 
práticas que ele entende por imperialistas dos Estados Unidos. 
Embora Chávez fosse acusado de ser autoritário por seus críticos, 
ele possuía a chancela de eleições e conta ainda com a maioria do 
Congresso. Muitos analistas acreditam que essas ações diplomáticas 
norte-americanas visaram a uma mudança no regime econômico 
cubano, e, paralelamente, a colocar fim no regime ditatorial de 
Cuba. Raúl Castro, após assumir o governo cubano no lugar de seu 
irmão Fidel, iniciou algumas reformas econômicas, autorizou a 
abertura de pequenos comércios e implementação de cooperativas e 
autorizou também a venda de imóveis e automóveis. Além disso, 
o regime comunista de Cuba busca aliados estrangeiros como 
a China e a Venezuela. Com a morte de Chávez e a eleição de seu 
sucessor natural, Nicolas Madura, não sabemos se o ideal 
bolivariano permanecerá. Apesar de compactuar com Chávez, 
Maduro não é visto como sendo um político tão habilidoso e 
carismático quanto seu antecessor. Com uma diferença de votos 
mínima em relação ao seu opositor, Henrique Capriles, o governo 
venezuelano terá que conviver com uma oposição fortalecida e um 
país polarizado – inclusive com a possibilidade do aumento do 
radicalismo. 
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A Venezuela possui uma economia baseada na produção 
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de petróleo, sendo a 13º maior produtora mundial. Apesar de 
não ser a maior produtora de petróleo do mundo, em 2010, a 
Venezuela passou a ser considerada como a possuidora da 
maior reserva do planeta, de acordo com a Organização dos 
Países Exportadores de Petróleo, ultrapassando as reservas 
da Arábia Saudita. 
 
 
As políticas nacionalistas de Chávez se manifestaram em 
diversos sentidos. As relações entre Venezuela e os Estados Unidos 
quase chegaram a um rompimento diplomático, quando cada um 
dos países retirou seus diplomatas do outro. Porém, em 2009, essa 
situação veio a ser regularizada. 
 
 
Um dos pontos mais controversos do governo de Chávez foi 
exatamente sua conduta diante dos Estados Unidos, pois se de um 
lado seus discursos e algumas de suas atitudes foram radicais frente 
aos norte-americanos, por outro lado os Estados Unidos são 
responsáveis por mais de 40% do petróleo exportado pela 
Venezuela. 
 
 
Outro ponto de tensão entre esses dois países é a rejeição 
venezuelana à criação da Área de Livre Comércio das Américas 
(ALCA). Conforme já vimos anteriormente, a criação da ALCA foi 
duramente criticada por diversos países latinos que entendiam que 
sua criação seria um mecanismo de expansão econômica e política 
dos Estados Unidos na região. Caminhando em sentido contrário à 
criação da Alca, Chávez estabeleceu diversos acordos econômicos e 
políticos, avançando no seu projeto “bolivariano” de integração 
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regional. Entre esses acordos, um dos que mais se destacou foi a 
 
 
 
possibilidade de comercializar petróleo em condições mais 
favoráveis, embora não reduza o preço do petróleo frente aos 
praticados pelo mercado. 
 
 
Cuba é exatamente um dos países que mais se beneficiou 
desses acordos, comprando petróleo em vantajosas condições de 
parcelamento e juros. Em contrapartida, Cuba ofereceu à Venezuela 
prestação de serviços de saúde. Basta lembrar que Chávez foi 
internado em um hospital em Havana para tratar de problemas com 
câncer e infecções.Em outubro de 2012, Chávez venceu as eleições 
venezuelanas, derrotando o candidato da oposição Henrique 
Capriles. Naquele momento, Chávez conquistava o direito de 
governar a Venezuela até 2019. O problema era que como Chávez 
estava internado em Cuba, sem que se soubesse ao certo seu 
estado de saúde, ele não poderia tomar posse. Com isso abriu-se 
espaço para uma crise, já que haveria possibilidade de mais de uma 
interpretação constitucional. 
 
 
Segundo os partidários de Chávez, o vice-presidente, Nicolas 
Maduro, deveria assumir o governo e depois entregá-lo à Chávez. 
Para a oposição, como o presidente não tomou posse, novas 
eleições deveriam ser realizadas. Porém, para evitar a crise 
constitucional, a Suprema Corte da Venezuela decidiu que a 
prorrogação da posse do presidente Hugo Chávez para seu quarto 
mandato era legal. A decisão foi anunciada depois que a Assembleia 
Nacional votou para conceder ao líder venezuelano tempo indefinido 
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para ele se recuperar da cirurgia contra um câncer. A Suprema 
Corte decidiu também que enquanto Chávez se recuperasse, cabe 
ao vice-presidente governar o país. 
 
 
Essa decisão gerou críticas de muitos analistas por todo o 
mundo. Alguns deles chegaram a afirmar que por menos o Paraguai 
foi suspenso do MERCOSUL, portanto a Venezuela também deveria 
sê-lo – o que não aconteceu. Segundo esses analistas, o 
impeachment paraguaio possuía previsão na Constituição do país, 
enquanto que a prorrogação para posse da presidência na 
Venezuela não. 
 
 
Lembro que, em julho de 2012, o MERCOSUL decidiu 
suspender temporariamente o Paraguai até as eleições presidenciais 
do país em 2013. As medidas contra o Paraguai ocorreram em 
resposta ao processo de impeachment do presidente Fernando 
Lugo, ocorrido também em julho de 2012 e que foi repudiado pelos 
países sul-americanos. 
 
 
O processo contra Lugo foi iniciado por conta de um conflito 
agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição 
acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de 
maneira "imprópria, negligente e irresponsável". Ele também foi 
acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, 
como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo 
das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate 
ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável 
por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior 
parte deles antes mesmo de Lugo tomar posse. 
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O processo de impeachment de Fernando Lugo aconteceu 
rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do 
então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do 
presidente socialista. Foi então que o Senado do Paraguai afastou 
Fernando Lugo da presidência com um placar de 39 senadores 
favoráveis ao impeachment do socialista e 4 senadores contrários, 
além de 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco 
mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo. 
 
 
No Paraguai ocorre um problema diretamente ligado ao Brasil, 
que é o problema dos chamados brasiguaios. Os brasiguaios ou 
brasilguaios são brasileiros (e seus descendentes) estabelecidos em 
território da República do Paraguai, em áreas fronteiriças com o 
Brasil, principalmente nas regiões chamadas Canindeyú e Alto 
Paraná, no sudeste do Paraguai. Estimados em 350.000, são, em 
sua maioria, agricultores falantes do idioma português. 
 
 
A presença dos brasiguaios, apesar de trazer um surto de 
crescimento econômico à região, provocou sentimentos 
nacionalistas e xenófobos entre os paraguaios. Os paraguaios 
preocupam-se com o enfraquecimento de sua identidade nacional 
na região fronteiriça, já que os estrangeiros mantêm sua própria 
língua, usam sua própria moeda, hasteiam sua própria bandeira e 
são donos das terras mais produtivas. Outra queixa é que seus 
filhos crescem falando português como segunda língua, em vez do 
guarani. Outra fonte de atrito é a questão racial, uma vez que a 
maioria dos brasiguaios tem pele clara e feições europeias, 
enquanto a maior parte dos paraguaios é de origem hispano- 
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guarani. Transmissões de rádio em guarani exortam os camponeses 
sem terra a atacarem os brasiguaios, incendiando suas casas ou 
invadindo suas lojas, o que levou a imprensa brasileira a falar sobre 
uma espécie de limpeza étnica. Os brasiguaios se queixam da 
discriminação contra seus filhos nas escolas locais e a intimidação 
das autoridades de imigração, já que grande parte deles nunca 
recebeu documentos de identidade paraguaios. Ao mesmo tempo, 
muitos brasiguaios nascidos no Paraguai não conseguem 
documentos brasileiros, o que impede algumas famílias hostilizadas 
de voltar ao Brasil. 
 
 
No fim de 2012, o governo do Paraguai ampliou sua campanha 
para regularizar milhares de imigrantes ilegais, principalmente 
brasileiros que atravessam diariamente a fronteira os brasiguaios, a 
menos de um mês do fim da vigência da "lei da anistia migratória", 
que facilitou os trâmites necessários. Apesar da suspensão do país 
do Mercosul desde junho passado, o governo Federico Franco, que 
não é reconhecido por Dilma Rousseff, tem trabalhado junto a 
diplomatas brasileiros na questão, segundo autoridades brasileiras e 
paraguaias. 
 
 
Por sua vez, a Argentina bem como a Bolívia seguem no 
caminho da “onda vermelha” e, em 2012, aumentaram as suas 
estatizações. Durante o primeiro semestre de 2012, tanto um 
quanto o outro país estatizaram o setor de energético. A presidente 
argentina chegou a dar início a uma crise, estatizando a petroleira 
YPF, que antes estava sob controle da Repsol, que é de origem 
espanhola. 
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Já o boliviano Evo Morales estatizou a Transportadora de 
 
 
 
Eletricidad S.A, que também é espanhola. Apesar de ambos os 
países terem nacionalizado companhias espanholas, a tensão com a 
Espanha é maior na Argentina, devido a grande participação da YPF 
na produção de petróleo e gás para a Argentina – o que dava 
grandes lucros à empresa. O governo argentino e suas províncias 
produtoras de petróleo responsabilizaram a empresa YPF por não 
cumprir compromissos de investimento e disseram que isso obriga o 
país a importar grandes volumes de hidrocarbonetos. 
 
 
Uma outra polêmica, essa envolvendo o governo boliviano de 
Evo Morales, foi quando este estatizou as refinarias brasileiras da 
Petrobrás na Bolívia. Isso ocorreu em 2006 e tratava-se de umas 
das suas principais propostas de sua campanha política para as 
eleições presidenciais. Essa estatização foi apoiada pela população 
boliviana, principalmente por movimentos populares, sindicatos e os 
“cocaleiros” – que são os produtores de coca no país. Desde de 
então, as relações políticas entre Estados Unidos e Bolívia ficaram 
abaladas. Em 2008, a Bolívia expulsou diplomatas norte-americanos 
do país e a diplomacia norte-americana acusou o venezuelano Hugo 
Chávez de influenciar e incentivar a estatização. 
 
 
Mas nem só de inimizades vivemos Estados Unidos na região. 
Alguns países são considerados aliados norte-americanos, como a 
Colômbia, México e mesmo o Brasil. Em 2009, ocorreu um fato que 
gerou muita polêmica, principalmente entre os grupos da “onda 
vermelha”. Nesse ano, os Estados Unidos anunciaram a construção 
de bases militares na Colômbia e essa situação gerou duras críticas 
tanto ao imperialismo norte-americano quanto à subserviência 
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colombiana. A Venezuela foi um dos países que mais criticou essa 
 
 
 
medida. Aliás, em razão do estreitamente nas relações entre Brasil 
e Venezuela, a Colômbia se distanciou politicamente do Brasil. 
 
 
Os Estados Unidos argumentam que a razão da construção da 
base é apoiar o combate ao narcotráfico e à guerrilha no país. 
Contudo, os críticos discordam e dizem que, na realidade, os 
Estados Unidos pretendem aumentar sua capacidade militar na 
região, expandindo seu poderio bélico. 
 
 
O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe era um grande aliado 
dos Estados Unidos e foi um dos líderes mais populares da história 
colombiana, exatamente por causa de suas políticas de combate ao 
narcotráfico. Os progressos alcançados pela Colômbia no combate 
ao narcotráfico foi resultado em grande parte do apoio dado pelos 
norte-americanos. Apesar desses avanços, o narcotráfico continua 
forte na Colômbia e o país continua sofrendo os efeitos de anos de 
conflitos – principalmente em relação às FARC. 
 
 
As Forças Armadas Revolucionárias Colômbia–Exército do Povo 
(em espanhol: Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia– 
Ejército del Pueblo), também conhecidas pelo acrônimo FARC ou 
FARC-EP, é uma organização de inspiração comunista, 
autoproclamada guerrilha revolucionária, que opera mediante 
táticas de guerrilha. Eles lutam, em tese, pela implantação do 
socialismo na Colômbia. 
 
 
As FARC são consideradas uma organização terrorista pelo 
governo da Colômbia, pelo governo dos Estados Unidos, Canadá e 
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pela União Europeia. Os governos de Equador, Bolívia, Brasil, 
 
 
 
Argentina e Chile não lhes aplicam esta classificação. Hugo Chávez 
rejeitou publicamente esta classificação em Janeiro de 2008 e 
apelou à Colômbia como outros governos a um reconhecimento 
diplomático das guerrilhas enquanto "força beligerante", 
argumentando que elas estariam assim obrigadas a renunciar ao 
sequestro e atos de terror a fim de respeitar a Convenção de 
Genebra. Por sua vez, Cuba e Venezuela adotam o termo 
“insurgente” para as FARC. 
 
 
Parte considerável dos colombianos temem as Farc, muitos 
destes por considerá-las como grupo terrorista. Esse fato 
proporcionava alta popularidade ao então presidente da Colômbia, 
Álvaro Uribe. Desde o primeiro dia na presidência da Colômbia, 
Uribe investiu – e tropas especiais treinadas com a ajuda dos 
Estados Unidos – na tarefa de recuperar o controle de seu país não 
dos comunistas, mas de narcotraficantes. 
 
 
Quando assumiu o cargo, em 2002, estimava-se que a 
guerrilha comunista circulasse à vontade ou tivesse o controle 
efetivo de 40% do território colombiano. Essa área era basicamente 
de florestas e montanhas de difícil acesso. Foi então que Uribe 
empurrou os guerrilheiros aos grotões e conseguiu diminuir o 
número de sequestros aumentando o contingente policial e criando 
unidades especializadas em combater especificamente esse tipo de 
crime. Com isso os índices de criminalidade colombianos atingiram 
em 2005 os níveis mais baixos em 20 anos e Álvaro Uribe alcançou 
em agosto de 2008 uma popularidade de 91%. Lembro que há nele 
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uma motivação pessoal nesta luta: seu pai foi assassinado pelas 
Farc em 1983. 
 
 
4. Estados Unidos 
 
 
 
Após uma votação acirrada, o presidente dos Estados Unidos, 
o democrata Barack Obama, conquistou, em novembro de 2012, 
sua reeleição ao derrotar o candidato republicano, o ex-governador 
de Massachusetts Mitt Romney. Obama conseguiu obter mais do 
que os 270 delegados necessários para vencer o Colégio Eleitoral. 
 
 
O presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, terá 
agora a difícil missão de unir um país praticamente dividido após a 
longa e bastante custosa campanha pela Casa Branca. O democrata 
reconheceu, durante seu discurso de vitória no Centro de 
Convenções McCormick Apraz, em Chicago, que terá um "longo 
trabalho pela frente" nos próximos quatro anos. Não poderia mesmo 
ser diferente. 
 
 
De maneira distinta do que ocorre no Brasil, as eleições norte- 
americanas são indiretas. Em um primeiro momento, os eleitores 
votam em um delegado que posteriormente se reúne em um 
Colégio Eleitoral com os demais delegados e é este colégio que 
elege o presidente. Ocorre que os cidadãos escolhem delegados que 
estejam vinculados ao candidato em quem o eleitor deseja votar. 
Assim, os delegados funcionam como uma espécie de intermediários 
entre eleitores e candidatos. Em 2012, o Colégio Eleitoral foi 
composto por 538 delegados, sendo que o para ser eleito o 
presidente precisaria ao menos de 270 deles. 
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Durante o discurso de vitória, Obama destacou a redução do 
déficit do país, a reforma do sistema tributário, a aprovação de uma 
reforma migratória e o final da dependência do petróleo estrangeiro 
como metas para seu novo mandato. O presidente reeleito não 
esqueceu também da necessidade de criar mais empregos e iniciar 
medidas que ofereçam oportunidades à classe média. 
 
 
Mas o tema de maior destaque durante o discurso, quando foi 
recebido por seus seguidores fiéis e entusiastas, foi a necessidade 
de uma maior unidade no país. "Esta noite, mais de 200 anos depois 
que uma ex-colônia ganhasse o direito de determinar seu próprio 
destino, a tarefa de aperfeiçoar nossa união nos impulsiona para 
frente", disse Obama. Os Estados Unidos vem sofrendo com a 
forte polarização entre Republicanos e Democratas, o que 
vem dificultando a governabilidade do país. Por pouco não 
houve acordo sobre a questão tributária no fim de 2012, o que 
ocasionaria um abismo fiscal. Aliás, Obama vem sendo duramente 
criticado por não se mostrar tão hábil nas negociações com os 
Republicanos. 
 
 
Com uma campanha que teve como tema “forward” (adiante), 
Obama venceu defendendo perante o eleitorado que merecia mais 
quatro anos na Casa Branca para terminar o trabalho iniciado em 
2009, após conquistar seu primeiro mandato nas eleições de 2008 
com uma campanha que mobilizou os EUA e o mundo com o lema 
de esperança e mudança. Mais do que disputar os 230 milhões de 
americanos aptos a votar, os dois candidatos travaram na terça- 
feira uma batalha acirrada por nove swing states (Estados pêndulo), 
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que eram cruciais pelo fato de as pesquisas de intenção de voto 
indicarem que não tinham um resultado definido. 
 
 
O líder americano conseguiu ser reeleito apesar de a economia 
do país ter enfrentado, depoisde 2008, sua pior recessão desde a 
Grande Depressão dos anos 30. Essa é a primeira vez desde 
Franklin Roosevelt (1933-1945) que um presidente conseguiu ser 
reeleito com uma taxa de desemprego tão alta quanto a de agora: 
7,9% novembro de 2012. 
 
 
Em julho de 2012, Obama conseguiu uma grande vitória 
ao ter o seu plano de reforma da saúde aprovado pela 
Suprema Corte do país. A Lei de Proteção ao Paciente e 
Serviços de Saúde Acessíveis (“The Patient Protection and 
Affordable Care Act”, em inglês), também conhecida como 
Obamacare, criou um sistema universal de saúde nos Estados 
Unidos e está previsto para começar em 2014. 
 
 
Basicamente, a reforma estabelece que todo mundo que vive 
nos EUA está obrigado a ter um seguro de saúde – quem não tiver 
terá de pagar uma taxa (chamada de “imposto” pelo texto da nova 
lei). As pessoas com renda familiar mensal abaixo do equivalente a 
R$ 2.390 terão uma ajuda parcial do governo para os custos. 
Calcula-se que o plano vai incluir no sistema 30 milhões de 
americanos que não tinham nenhuma cobertura de saúde. A ideia é 
universalizar essa cobertura e também incentivar a criação de um 
mercado de seguradoras. 
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Diferentemente do Brasil, os EUA não têm um sistema público 
 
 
 
e universal como o SUS (Sistema Único de Saúde), criado a partir 
do texto da Constituição de 1988 que definia a saúde como “direito 
de todos e dever do Estado”. Segundo o historiador Daniel Simões, 
“nos Estados Unidos, ou você paga um plano de saúde ou precisará 
ter dinheiro para pagar cada consulta e exame - o que não sai nada 
barato”. Por lei, no entanto, os hospitais norte-americanos estão 
obrigados a atender qualquer pessoa durante emergências. Outro 
problema no sistema de saúde americano é que as seguradoras não 
são fiscalizadas pelo governo – o que significa que elas podem 
alterar preços ou vetar serviços ao usuário sem precisarem prestar 
contas. 
 
 
Isso cria uma cultura em que as pessoas só procuram o 
hospital para se tratar quando a coisa já está grave – muitas vezes 
num estado que poderia ser facilmente evitado se fosse feito um 
acompanhamento médico mais cedo. A conta, no fim, fica caríssima 
– e os hospitais repassam o custo para o governo e as seguradoras, 
que cobram cada vez mais dos consumidores. A reforma de saúde 
não vai criar um sistema público igual ao brasileiro, mas torna o 
acesso à assistência médica no país um pouco mais igualitário. “O 
SUS é considerado um exemplo no mundo inteiro. É claro que há 
muitos problemas, mas ele de fato acaba por atender todo mundo”, 
diz o professor Simões. 
 
 
Essa foi uma das principais bandeiras políticas de Barack 
Obama durante as eleições presidenciais e tem provocado fortes 
reações tanto contra quanto a favor. Seus principais opositores do 
conservador Partido Republicano dizem que o presidente deveria ter 
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dado mais atenção a outros setores e criticam os supostos gastos 
 
 
 
excessivos que o plano pode trazer, além de afirmar que essa é 
uma tentativa de controlar demais a vida privada de cada um, em 
uma visão extremamente liberal. O rival de Obama nas eleições 
presidenciais, Mitt Romney, havia prometido que, caso fosse eleito, 
a primeira coisa que iria fazer seria revogar a reforma. Os 
republicanos ainda apontam que, em um momento de crise, Obama 
não poderia expandir tão consideravelmente os gastos públicos, pois 
isso aumentará o déficit norte-americano. 
 
 
Um dos grandes desafios do primeiro mandato do governo 
Obama esteve justamente na difícil batalha entre Republicanos e 
Democratas – o que paralisa parte das ações de Obama. Todo esse 
cenário de disputa é fortemente marcado pela crise da dívida 
europeia, pela desaceleração do mercado chinês e pelo desemprego. 
 
 
Segundo os democratas, a debilidade da economia norte- 
americana não permite que haja grandes reduções nos gastos 
públicos, e, assim sendo, é necessário que o governo continue 
investindo a fim de fazer com que o país cresça mais e gere mais 
empregos. Os democratas entendem ainda que os benefícios 
sociais, pagos às parcelas mais pobres da população. A 
porcentagem de norte-americanos vivendo na pobreza atingiu 15% 
da população em 2010 – sendo o maior nível atingido em mais de 
50 anos de pesquisa. 
 
 
O governo Obama modificou, ainda, as medidas relativas ao 
terrorismo – já que os altos custos financeiros se tornaram 
impopulares em um contexto de crise econômica. Os Estados Unidos 
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teriam gasto aproximadamente 1,5 trilhão de dólares nas 
 
 
 
campanhas do Iraque e do Afeganistão, além de ter deslocado cerca 
de 350 mil soldados para essas regiões e para outros países da Ásia 
Central e do Oriente Médio. 
 
 
Durante a campanha eleitoral para seu primeiro 
mandato, Obama prometera que retiraria as tropas norte- 
americanas do Iraque, o que de fato ele conseguiu realizar. 
Porém, houve uma declaração polêmica e bastante 
contraditória por parte do presidente norte-americano, 
quando as tropas dos Estados Unidos deixavam o Iraque: 
Obama declarou que as tropas norte-americanas deixavam 
um Iraque estabilizado; contudo, a realidade é que as tropas 
norte-americanas não foram capazes de trazer estabilidade 
para a região e o Iraque permanece em crise econômica e 
política. 
 
 
Em 2011, Obama ganhou muitos pontos com o eleitorado 
norte-americano, quando o terrorista Osama Bin Laden foi morto 
por soldados norte-americanos. Com a morte de Osama, Obama 
pôde dar início à redução do contingente norte-americano no 
Afeganistão, país no qual a Al Qaeda (grupo terrorista do qual 
Osama Bin Laden fazia parte) possui grande influência. Apesar da 
morte de Bin Laden, o Afeganistão está longe de resolver seus 
complexos problemas políticos. O Taliban continua atuando na 
região, mas, com a crise e a necessidade de gastar menos em ações 
militares, Obama viu-se obrigado a diminuir a presença dos Estados 
Unidos na região. 
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Lembro-lhes de que foi justamente o episódio de 11 de 
 
 
 
setembro de 2001, com o atentado terrorista contra os Estados 
Unidos, quando houve o choque de aviões com as torres do World 
Trade Center, comandado por Bin Laden, que fez com que os 
Estados Unidos ampliassem suas ações militares e seu combate ao 
terrorismo. Na época dos atentados, quem estava no poder era 
George W. Bush, que definiu o terrorismo como a pior ameaça aos 
Estados Unidos e à paz mundial. A partir daí, Bush inaugurou uma 
nova época na geopolítica que ficaria, então, conhecida como a 
Doutrina Bush. 
 
 
Em 2002, o presidente George Bush divulgou o documento "A 
estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos", que ficou 
justamente conhecido como "Doutrina Bush". Este documento 
apresentava as estratégias político-militares que passaram a ser 
adotadas pelo país em nome da defesa nacional, frente às ameaças 
a que poderiam estar sujeitos o território e o povo norte- 
americanos. O documento declarava a intenção dos Estados Unidos 
em agir militarmente, por conta própria e decisão unilateral

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