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9o. ano Volume 4 ooo História Livro do professor Livro didático © Pu lsa r I m ag en s/ Re na to S oa re s 13 14 15 Neoliberalismo, globalização e crise socialista 2 Brasil: Nova República 17 América Latina: anos recentes 38 16 Século XXI: terrorismo, xenofobia e extremismos 48 Após a análise dos documentos, responda: 1. O que levou à construção do Muro de Berlim? 2. Barreiras físicas, como o Muro de Berlim, podem de fato resolver problemas políticos? Neoliberalismo, globalização e crise socialista © Ge tty Im ag es /P au l S ch ut ze r/ Th e LI FE P ic tu re C ol le ct io n Justificativa da seleção de conteúdos.1 Sugestão de abordagem de atividade e sugestão de gabarito.2 Seja qual for a origem do problema – econômica, étnica, religiosa, ideológica –, um muro só vai piorar as coisas, pois os clichês e conceitos sobre o inimigo se multiplica- rão sem vínculo com a realidade. Como já escreveu Ryszard Kapuściński, consolida-se a ideia de que o que vem de fora, do lado oposto, só pode ser uma ameaça, um sinal de desastre, a vanguarda do Mal. ca, religiiossa,, iidedeolológógicica a –,–, uum m sosobrbre e o o ininimimigigo o sese mmulultitiplplicicaa- a idideieia dede qqueue oo qquue vvemem dde e e ded sasaststrere,, a a vavangnguauardrda a dodo MMalal.. SCHUSTER, Paul. Jovens alemães ocidentais observando a construção do muro. 1º. ago. 1961. 1 fotografia, p&b. • Jovens berlinenses ocidentais observam a construção do muro que separaria uma cidade, famílias e amigos por 29 anos HARAZIM, Dorrit. O instante certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. E-book. 13 2 Objetivos • Resgatar as principais características do Liberalismo. • Compreender a conjuntura mundial que propiciou o surgimento do Neoliberalismo, ressaltan- do as suas principais características. • Analisar as reformas colocadas em prática por Mikhail Gorbatchev na União Soviética, desta- cando as principais consequências para o bloco socialista. • Analisar o processo de reunificação da Alemanha, relacionando-o às mudanças ocorridas nos países socialistas. • Compreender as mudanças políticas, econômicas e sociais no Leste Europeu. O século XX foi marcado por duas guerras mundiais e pela Guerra Fria. A partir da década de 1950, o mundo se viu dividido em dois blocos econômicos, capitalista e socialista, com o perigo de um novo conflito destrutivo com a utilização de bombas atômicas e de hidrogênio. E as duas grandes potências mundiais, Estados Unidos e União Soviética, não pouparam esforços em ampliar suas áreas de influência. Para isso, estabeleceram bases nos países latino-americanos e atuaram nos processos de emancipação política das colônias europeias africanas e asiáticas. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.3 Organize as ideias Antes de iniciarmos o estudo dos temas do capítulo, vamos recordar alguns dos assuntos estudados. 1. (ENEM) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ociden- tal, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista. Essa divisão europeia ficou conhecida como X a) Cortina de Ferro. b) Muro de Berlim. c) União Europeia. d) Convenção de Ramsar. e) Conferência de Estocolmo. 2. A respeito da divisão da Alemanha em dois países distintos, analise as afirmativas a seguir. I. Teve origem na decisão dos países aliados em dividir a Alemanha em quatro zonas de influência para evitar um novo conflito mundial. II. Pode ser considerada uma das consequências da Segunda Guerra. III. Foi levada a cabo apenas pela União Soviética, que desejava estabelecer relações diplomáticas com os Estados Unidos. De acordo com a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. X c) Apenas as afirmativas I e II estão certas. d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. 3 A década de 1980 foi marcada pelo declínio e pela fragmentação do bloco socialista e pelo consequente fortalecimento do Capitalismo, baseado nos princípios do Neoliberalismo e na globalização da economia mun- dial. Esses acontecimentos contribuíram para o fim da Guerra Fria e para a emergência de uma Nova Ordem Mundial. A forma como eles estão interligados será trabalhada neste capítulo. Neoliberalismo: o modelo liberal reinventado O Liberalismo, que pregava a não intervenção do Estado na economia, foi fortalecido na Europa durante o século XVIII. Teve seu auge no século XIX, momento de expansão imperialista, e vigorou até a Crise de 1929. A partir da década de 1930, vários países adotaram o Estado de bem-estar social (Welfare State). Este, ao contrário do Liberalismo, pregava a forte intervenção do Estado na economia, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico de seus países e evitar que novas crises econômicas voltassem a ocorrer. No contexto da Guerra Fria (1946-1986), durante o final da década de 1970 e o início da década de 1980, houve uma retomada dos princípios liberais por parte de alguns dos principais países capitalistas desenvolvidos. Adaptados à nova realidade mundial, esses princípios foram renomeados com o nome de Neoliberalismo. O “novo Liberalismo” ganhou força na década de 1980, em especial com os líderes políticos Margaret Thatcher, do Reino Unido, e Ronald Reagan, dos Estados Unidos. Eles os aplicaram na condução da política e da economia de seus países, implantando o “Estado mínimo”. De acordo com esse conceito, o Estado deveria exercer a menor influência possível na economia, limitando- -se a executar atividades que somente ele poderia fazer, como a defesa do território e a segurança pública. Áreas como saúde e educação, por sua vez, deveriam ser entregues à iniciativa privada, que poderia explorá-las objetivando o lucro. Essa forma de conduzir a economia deu abertura a uma série de privatizações. Tal processo consiste na concessão, por parte do Estado, da exploração de determinadas áreas – como abastecimento de água, energia elétrica, transportes e comunicação – a empresas particulares e, em alguns casos, na venda da estrutura física construída para essas finalidades. O Neoliberalismo pode ainda ser entendido como a ideologia norteadora da globalização. Tal fenômeno atingiu o ápice com o fim da União Soviética e a abertura dos países socialistas à entrada de capitais, empresas e produtos oriundos do mundo capitalista. Esse processo interligou a economia de todo o mundo, transforman- do-a em um único grande mercado. © Ge tty Im ag es /T im G ra ha m GRAHAM, Tim. A primeira-ministra Margaret Thatcher fala em uma conferência política no início dos anos 1980 em Londres, Inglaterra. 1980. 1 fotografia, color. Margaret Thatcher, primeira- -ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990, foi uma das principais representantes do Neoliberalismo. A adoção de medidas impopulares, como o corte de incentivos governamentais a empresas particulares e o fim do salário mínimo, aliadas às fortes críticas ao socialismo soviético, rendeu-lhe o apelido de “dama de ferro”. 9o. ano – Volume 44 © Fo to ar en a/ M ag nu m /M ag nu m P ho to /C hr ist op he r A nd er so n © Sh ut te rs to ck /H um ph er y A globalização da produção apresenta aspectos positivos, como o fato de levar as inovações tecnológicas (melhorias nos meios de transporte, nas comunicações e nos avanços da medicina) a países que não teriam condições de desenvolvê-las sozinhos. No entanto, também suscita críticas entre seus estudiosos.Segundo eles, a grande interdependência da economia global pode ser a responsável pelas crises econômicas mundiais, de dimensões incalculáveis. Isso porque uma crise iniciada em um país acaba afetando a todos os outros, o que gera desemprego, o qual é, inclusive, apontado como umas das principais consequências da globalização. Havia uma época em que o desemprego era cíclico, ou seja, passava por fases alternadas de altos e baixos. Hoje, fala-se muito em desemprego estrutural. Isso significa que, quando ocorre uma mudança numa empresa, isto pode estar acontecendo porque um setor inteiro está sendo desativado. Dizendo de um modo mais claro: um setor da empresa desaparece, da noite para o dia, porque ocorre uma mudança em sua estrutura, e uma parte dela deixa de existir, geralmente por implantação de sistemas automatizados, o que acaba gerando inúmeros desempregados. Desesperados, e sem encontrar reco- locação, muitos deles passam a fazer bicos, trabalhar em profissões diferentes das suas ou ainda sair pelas ruas pedindo esmolas ou roubando, violentando diretamente sua própria dignidade. STRAZZACAPPA, Cristina; MONTANARI, Valdir. Globalização: o que é isso, afinal? São Paulo: Moderna, 2003. p. 42. Organize as ideias A respeito do Neoliberalismo e da globalização, faça o que se pede. 1. Qual é a relação entre o surgimento do Neoliberalismo e o fortalecimento da globalização? 2. Cite os benefícios e os malefícios causados pela globalização da tecnologia. 3. De que forma o desemprego gerado pela globalização pode implicar a ocorrência de problemas sociais internos em um país? Gabarito.4 Nesse cenário globalizado, as grandes empresas podem pensar sua produção em termos globais. Nesse senti- do, a matéria-prima é adquirida no local que a vende a preços mais baixos, e o local de produção será o que ofere- cer maiores benefícios fiscais e a mão de obra mais barata. Assim, o produto final, com preço competitivo, poderá ser vendido em diversos países do mundo. Todo esse processo é possível graças ao grande desenvolvimento das comunicações e dos transportes, que permite às empresas controlar toda a cadeia produtiva, mesmo a distância. ANDERSON, Christopher. Jovens profissionais indianos que trabalham no centro de atendimento do MsourcE, em Bangalore, atendem telefonemas para empresas nos EUA e no Reino Unido. 2003. 1 fotografia, color. TRABALHADORES em uma fábrica de roupas que exporta à União Europeia na província de Jiujiang, Jiangxi, China. 26 set. 2013. 1 fotografia, color. Em virtude da colonização inglesa, a Índia se tornou o país escolhido para o estabelecimento de call centers de grandes empresas. Os indianos são treinados para falar inglês sem sotaque. A China serve de local para o estabelecimento das fábricas de grandes marcas comercializadas em nível global. Segundo Ted C. Fishman, em sua obra China S.A., nos primeiros anos do século XXI, para cada vaga de trabalho na produção de cintos de couro em uma empresa estadunidense que deslocou seu centro industrial para Guangzou, na China, 147 postos de trabalho eram fechados nos Estados Unidos. Isso ocorria na fábrica (produção, logística, manutenção, limpeza e conservação, alimentação), no transporte, na distribuição, na comercialização dos produtos e ainda nos postos de empregos nas empresas fornecedoras de matérias-primas e de produtos de limpeza e conservação. História 5 Cotidiano A globalização da economia mundial é responsável por levar produtos a países de todos os continen- tes, tornando as marcas dessas mercadorias conhecidas em todo o mundo e gerando um processo de homogeneização dos hábitos de consumo. 1. Cite alguns dos produtos e marcas que fazem parte do seu cotidiano. Pessoal. Os alunos podem citar uma infinidade de produtos e marcas – automóveis, equipamentos eletrônicos, peças de vestuário, bebidas, alimentos, etc. 2. Qual a relação entre os produtos citados na resposta anterior e a cultura brasileira? Justifique a sua resposta. O objetivo é levar os alunos a perceber que muitos dos produtos não apresentavam nenhuma relação com a cultura brasileira. No entanto, foram assimilados pelas novas gerações e, atualmente, estão promovendo mudanças culturais. Mudanças no bloco socialista Nos primeiros anos da década de 1980, o Neoliberalismo se firmava entre os países do bloco capitalista. Por sua vez, os integrantes do bloco socialista viviam a economia planificada, caracterizada pela intervenção do Estado, que estabelecia metas e condições para seu funcionamento. Entretanto, durante essa década foi anunciada ao mundo a crise política e econômica pela qual passava a União Soviética, líder do bloco socialista. Como consequência, os demais países integrantes do bloco também foram afetados. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados. 5 Lu ci an o Da ni el Tu lio Países do bloco socialista: Leste Europeu Fonte: ARRUDA, José J. de A. Atlas histórico básico. 17. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 32. Adaptação. 9o. ano – Volume 46 Perestroika e glasnost Para compreender melhor o processo de mudanças que ocorreu nos países integrantes do bloco socialista, vamos analisar a União Soviética, líder do bloco. Nessa união de repúblicas comandadas pela Rússia, havia um grupo de pessoas ligadas ao Partido Comunista e ao go- verno, denominado Nomenklatura. Esse grupo determinava o funcionamento da cadeia produtiva das repúblicas, como os setores a serem privilegiados, a quantidade a ser produzida, o local em que se instalariam as fábricas e, até mesmo, o valor pelo qual os produtos deveriam ser comercializados. Essa organiza- ção deveria garantir a produção de tudo que fosse necessário para a população. Na prática, porém, não era o que acontecia. Era comum a falta de produtos básicos, como roupas, calçados e alimentos. Além do mais, por não haver concorrência, as merca- dorias produzidas eram, geralmente, de baixa qualidade. Tal situação permaneceu durante décadas na União Soviética. Isso levou a população a questionar as deci- sões da Nomenklatura, mais preocupada em destinar verbas para a manutenção da indústria bélica e da Guerra Fria do que para a produção de itens necessários à sobrevivência do povo. A crise foi aumentando durante os governos de Konstantin Tchernenko e Yuri Andropov. Em 1985, Mikhail Gorbatchev foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista. Ciente dos problemas soviéticos, Gorbatchev anunciou, du- rante o 27º. Congresso do PCUS, ocorrido em fevereiro de 1986, o início de um conjunto de medidas econômicas e políticas. Elas ficaram resumidas em dois termos: perestroika (reestrutu- ração econômica) e glasnost (abertura política e transparência nas ações do governo). O grupo denominado Nomenklatura era com- posto de uma classe privilegiada que, em razão de suas regalias – como o fato de poder comprar em lojas especiais, nas quais havia, até mesmo, produtos importados e nunca faltavam merca- dorias –, não sentia os efeitos da carestia. Após a queda da União Soviética, ficou conhecido o grande supermercado que havia nos porões do Kremlin, abastecido com “produtos capitalistas”, tão combatidos pelas propagandas socialistas, à disposição dos funcionários da alta cúpula. Nascido em Sebastopol, em 2 de março de 1931, Mikhail Gorbatchev cursou Direito na Universi- dade de Moscou. Foi o último secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), ocupando os cargos de secre- tário-geral e presidente entre os anos de 1985 e 1991. Pelas reformas iniciadas na União Soviética, que levaram ao fim do estado de Guerra Fria, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1990. © W ik im ed ia C om m on s/ Vl ad im ir Vy at ki n/ RI A VYATKIN, Vladimir. Mikhail Gorbatchev discursando durante o XX Congresso do Komsomol, no Kremlin. 1º. fev. 1987. 1 fotografia, color. Komsomol era a organização juvenil do Partido Comunista da União Soviética. O processo de abertura da economia planificada,denomi- nado perestroika, procurou reestruturar o país economicamente, combatendo o desemprego e a falta de gêneros essenciais para a população. Nesse sentido, uma de suas primeiras medidas foi o rea- locamento de verbas da indústria bélica para o investimento em in- dústrias de consumo voltadas à produção de eletrodomésticos, de vestuário, de transporte público, etc. Assim, o lema da reestruturação econômica “mais manteiga e menos canhões” passou a ser bradado pelos soviéticos que apoiavam as reformas. Além de modificar o direcionamento econômico do país, essa medida implicou uma mudança na política externa. O motivo é que, ao anunciar a diminuição de investimento na indústria bélica, Gorbatchev contribuiu para o final da Guerra Fria. O processo de abertura política, denominado glasnost, propunha maior transparência política. Assim, algumas das implicações dessa medida foram a diminuição da censura à imprensa soviética – que, até então, podia publicar apenas os conteúdos liberados pelo Partido Co- munista – e do combate às dissidências políticas, que se fortaleceram. O regime de partido político único, vigente até então, também deixou de existir, e novas agremiações políticas puderam ser formadas. História 7 A glasnost gerou grande oposição por parte da Nomenklatura, que resistia em perder sua posição de privilé- gios. Visando parar o processo iniciado por Gorbatchev, membros dela, em 19 de agosto de 1991, deram início a um golpe de Estado, cujos objetivos eram tirá-lo do cargo e anular as reformas. Alguns políticos mais liberais e a população que apoiava as mudanças colocadas em prática por Gorbatchev, no entanto, organizaram-se em grandes protestos e conseguiram evitar um novo fechamento político. © Ge tty Im ag es /W oj te k La sk i A tentativa de Golpe promovida pela ala mais conservadora do Partido Comunista durou de 19 a 21 de agosto. Gorbatchev, em férias na Crimeia, foi preso, sendo libertado com o fracasso do movimento. Um dos líderes na luta para evitar o Golpe de Agosto, como foi chamada a reação dos integrantes da Nomenklatura, era Boris Yeltsin. Assim, houve continuidade nas mudanças. BORIS Yeltsin, sobre um tanque, desafia os conservadores soviéticos. 21 ago. 1991. 1 fotografia, p&b. Além da crise política, o conflito entre as várias nacionalidades que formavam a União Soviética se intensi- ficou nesse momento, pois muitas desejavam a independência. Em outros casos, a mistura de diferentes na- cionalidades, em um mesmo território, incidia em violentos confrontos. Aproveitando-se do enfraquecimento do poder central, líderes locais, governantes das unidades que compunham a União Soviética, conseguiram torná-las independentes. Assim, essa situação e a crise política contribuíram para o fim da União Soviética. Tal fato representou, localmente, a independência de 15 repúblicas que antes faziam parte da União Soviética e, em um aspecto mais amplo, o enfraquecimento do bloco socialista em todo o mundo. Fonte: McKAY, Liz; SANTON, Kate (Org.). Atlas de Historia del mundo. Barcelona: Parragon, 2006. p. 273-274. Adaptação. Lu ci an o Da ni el Tu lio Federação Russa: regiões de conflito Sugestão de análise do mapa. 6 9o. ano – Volume 48 Troca de ideias As medidas tomadas por Mikhail Gorbatchev com o objetivo de reestruturar a economia e a política na União Soviética, respectivamente perestroika e glasnost, geraram um processo de desintegração dela. Reúna-se com um colega e debatam sobre os impactos que tais mudanças trouxeram para a: a) população soviética; As transformações no Socialismo e a desintegração da União Soviética representaram para a população soviética a criação de uma nova organização política. Isso porque povos e governos antes submetidos ao controle da União Soviética se tornaram independentes. Significaram também um processo de reorganização política, já que a maioria desses países tinha regimes de partido único, e a glasnost incentivou o pluripartidarismo. No âmbito econômico, essa mudança gerou um período de crise e a penetração da economia de mercado. Tal situação abriu as portas desses novos países para a entrada de capital, de mercadorias e de serviços estrangeiros, alterando seus padrões de consumo e emprego. b) Guerra Fria. Com a perestroika, Gorbatchev, de forma indireta, anunciava o fim da Guerra Fria, já que demonstrava não ter interesse em prosseguir na disputa armamentista travada com os Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Além disso, retirava seu apoio militar e econômico aos demais países do bloco socialista. Pesquisa As mudanças ocorridas na União Soviética geraram a fragmentação territorial e várias repúblicas anuncia- ram sua separação e independência do governo soviético. Como forma de tentar conter o esfacelamento, o Kremlin anunciou que nenhuma outra república poderia romper com a autoridade soviética sem que ocorresse um confronto armado. Mesmo diante da ameaça, a Chechênia anunciou sua separação, fato que gerou enfrentamentos entre for- ças da Federação Russa e líderes chechenos. Pesquise sobre a Guerra da Chechênia e, no caderno, anote as informações coletadas. Sugestão de encaminhamento de atividade, gabarito e sugestão de atividade. 7 Leste Europeu A implantação da perestroika e da glasnost deu início a um processo de enfraquecimento do Socialismo e da União Soviética. O desejo de mudanças logo se espalhou pelos demais países do Leste Europeu, até então sob a zona de influência soviética. A Polônia foi o primeiro país a eleger um governo não socialista, em 1989. Em seguida, o Partido Comunista da Hungria resolveu alterar sua orientação política, transformando-se em Partido Socialista e abrindo as portas do país para a entrada de capital estrangeiro. A Tchecoslováquia decretou o fim de seu alinhamento com o bloco socialista, e o primeiro-ministro comunista, Ladislav Adamec, renunciou ao cargo em 1990. Nesse período, teve início um processo de transição para o Capitalismo, marcado pela entrada de capitais estrangeiros no país e pela realização de inúmeras privatizações. 8 Sugestão de aprofundamento para o professor. História 9 © W ik im ed ia C om m on s A revolução que separou a Tchecoslováquia em dois países, Eslováquia e República Tcheca, foi denomi- nada Revolução de Veludo porque ocorreu sem a violência que marcou outros países do Leste Europeu. Ao contrário da Iugoslávia, na Tchecoslováquia a separação ocorreu de forma pacífica porque tchecos e eslovacos ocupavam regiões distintas do país. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.9 [...] “Ficamos sabendo, de Moscou, sobre uma nova abertura”, começou. “Esses sinais de mudança seriam reais? Deveríamos acreditar ou confiar nessa conversa?” “Se assim for,” disse Reagan, carregando a expressão e falando cada vez mais alto, mais rudemente, martelando cada palavra como se fosse um prego, “dê-nos um sinal de que o senhor é sincero – o sinal que seria inconfundível.” “Secretário-geral Gorbatchev, se o senhor busca a paz, se busca a prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se busca a liberalização, venha até este portão! Senhor Gorbatchev, abra este portão! Senhor Gorbatchev, derrube este Muro!”. MEYER, Michael. 1989: o ano que mudou o mundo – a verdadeira história da queda do Muro de Berlim. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. p. 16. A Iugoslávia, país que reunia seis repúblicas diferentes em seu território, viu o Socialismo ser derrotado em quatro delas nas eleições de 1990. O regime, no entanto, continuou a vigorar, já que os socialistas venceram as eleições na Sérvia e em Montenegro, as duas maiores repúblicas do país. Esse desencontro entre os interesses no interior do país deu início a uma guerra civil e sua divisão em vários países menores, dos quais Sérvia e Montenegro foram considerados os principais herdeiros da Iugoslávia. Nesses dois países, o regime socialista estendeu-se até 1992, ano em que os socialistas perderama maioria dos cargos nas eleições. Reunificação da Alemanha A divisão da Alemanha em República Federal Alemã (RFA) e República Democrática Alemã (RDA), capitalista e socialista respectivamente, ocorreu no contexto do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e do início da Guerra Fria (1946-1986). A Alemanha dividida e a existência do Muro de Berlim, erguido em agosto de 1961, constituíam-se nos maiores símbolos da Guerra Fria e dos perigos que ela representava ao mundo. Pelos motivos salientados acima, as pressões populares internas e de diversos países para a reunificação da Alemanha vinham ocorrendo desde 1987. Nesse ano, Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, em visita ao país para as comemorações de 750 anos da cidade de Berlim, fez um apelo a Mikhail Gorbatchev. DRAGUL, Marc. Manifestantes depositam flores durante a Revolução de Veludo em Praga. 1989. 1 fotografia, color. • Václav Havel, líder da Re- volução, deposita flores em homenagem aos que lutaram pela instauração da democracia na Tche- coslováquia e pelo fim do autoritarismo soviético 9o. ano – Volume 410 Para que o processo de mudança ocorresse, foi preciso mais que as mudanças grandiosas colocadas em prática por Mikhail Gorbatchev, a adesão dos países do Leste Europeu e a manifestação de Ronald Reagan. Foi necessário um grande movimento de greves e manifestações na Alemanha Oriental. Erich Honecker, secretário-geral do Partido Comunista Alemão, não dava mostras de adesão às mudanças desejadas. Nesse contexto, Hungria e República Tcheca anunciaram que todos os alemães orientais que dese- jassem passar pelas suas fronteiras a fim de emigrar para outros países poderiam fazê-lo. Muitos alemães orien- tais aproveitaram as férias de verão de 1989 e viajaram a esses países. Como se tratava de países integrantes da Cortina de Ferro, o governo da República Democrática Alemã não exigia autorizações prévias para a viagem. Assim, muitos indivíduos aproveitaram a ocasião e partiram para países capitalistas. Diante da crise, Erich Honecker foi substituído por Egon Krenz, tido como um político menos conservador. E o primeiro desafio do novo secretário-geral foi resolver o problema da evasão de alemães orientais para outros países. Com esse intuito, ele se reuniu com a cúpula do Partido Comunista da RDA a fim de elaborar um novo documento que regularia as saídas de alemães orientais do país. O documento tinha por objetivo afrouxar as regras para a saída de seus cidadãos em direção ao estrangeiro. O documento, rapidamente discutido e produzido, foi comunicado à população por Günter Schabowski, porta-voz do governo da RDA. Ao fazer a comunicação, os jornalistas perguntam quando as novas normas passariam a valer. Como no documento não havia tal data, Schabowski usou o termo “imediatamente” para informar quando tais normas entrariam em vigor – o que causou silêncio e depois espanto entre os profissio- nais. O comunicado ocorreu no dia 9 de novembro de 1989, às 18h56, e o Muro de Berlim não evitaria mais a passagem dos alemães orientais. Assim que os berlinenses orientais ouviram o comunicado, dirigiram-se aos postos de passagem do muro. Inicialmente temerosos de que os guardas os alvejassem, os grupos se reuniam a certa distância do muro. Entre- tanto, à medida que uma multidão se formava, ela se aproximou dos guardas e exigiu a abertura das cancelas. Diante da situação inusitada e sem obter orientação do Ministério do Interior, o capitão de guarda da fronteira autorizou a abertura dos postos de travessia. © Fo to ar en a/ RE UT ER S/ Fa br izi o Be ns ch /F ile s BENSCH, Fabrizio. Cidadãos da Alemanha Oriental e Ocidental celebram sobre o Muro de Berlim no Portão de Brandemburgo, após a abertura da fronteira. 9 nov. 1989. 1 fotografia, p&b. História 11 Apesar de toda a festa, os alemães se depararam com muitos problemas nos primeiros anos da unificação. Eram problemas de todas as ordens, que incluíam o convívio entre alemães ocidentais e orientais. A esse respei- to, leia o documento a seguir. Interpretando documentos Os alemães ocidentais comuns começaram a se queixar de coisas banais. A moradia era escassa, especialmente em Berlim. A competição por emprego poderia ser feroz. Aqueles ossies (esse termo pejorativo que tinge as relações entre alemães até hoje surgiu naquele mês de setembro [1990]) já obtinham privilégios demais: apartamento subsidiado, benefícios imediatos de seguro-desemprego, ajuda para encontrar trabalho. Uma pesquisa divulgada em setembro, no auge do êxodo, mostrava que ¼ dos alemães ocidentais temiam que os orientais tomassem seus empregos. “A desconfiança era evidente, sobretudo entre os trabalhadores jovens, que viam como competidores os igualmente jovens e bem instruídos alemães orientais”, concluía o estudo. Registrava também que, enquanto os alemães ocidentais trabalhavam uma média de 37 horas por semana, os emigrados orientais já estavam trabalhando 60 a 70 horas, muitas vezes com salário mais baixo, apenas para ter condições de seguir em frente. [...] De acordo com o texto, responda às questões a seguir. 1. Quais eram os principais privilégios que os ossies tinham após a reunificação da Alemanha? Eles tinham apartamento subsidiado, benefícios imediatos de seguro-desemprego e ajuda para encontrar trabalho. 2. Por que os jovens alemães ocidentais temiam perder o emprego para os jovens trabalhadores orientais? Os jovens alemães orientais tinham melhor formação profissional e trabalhavam muitas horas a mais por semana por salários mais baixos. MEYER, Michael. 1989: o ano que mudou o mundo – a verdadeira história da queda do Muro de Berlim. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. p. 125. ossies: alemães ou berlinenses do Leste, integrantes da antiga República Democrática Alemã (RDA). Já os alemães ou berlinenses do Oeste, integrantes da antiga República Federal Alemã (RFA), eram chamados de wessies. Sugestão de encaminhamento de atividade.10 A derrubada do muro significava o desejo de reu- nificação do país. Com o processo de abertura política (glasnost), os soviéticos concordaram em retirar-se da Alemanha. Foram marcadas eleições para março de 1990, nas quais a população alemã deveria escolher um novo governo a fim de comandar a reunificação. O processo, em vez de marcar a junção entre as duas por- ções do país, foi caracterizado pela absorção da parte socialista pela capitalista. Nesse processo, praticamente todas as indústrias da Alemanha Oriental foram elimi- nadas pelo novo governo – por serem consideradas pouco competitivas no cenário capitalista global. O modelo de produção capitalista foi estendido por todo o país, que também adotou a moeda e o sistema de leis em vigor na Alemanha Ocidental. © Ge tty Im ag es /u lls te in b ild D tl. GRIMM, Peer. Alemães empunhando bandeiras da Alemanha em frente ao Reichtag, em Berlim. 3 out. 1990. 1 fotografia, color. A posse dos novos líderes alemães confirmou a unificação da Alemanha, que ficou dividida por 29 anos. 9o. ano – Volume 412 Europa após o fim do bloco socialista Ta lit a Ka th y Bo ra Fonte: SIMIELLI, Maria E.; BIASI, Mario de. Atlas geográfico escolar. São Paulo: Ática, 1990. p. s/n. Adaptação. Eram considerados países sob a zona de influência da União Soviética: Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Romênia e Ucrânia. Observe que, atualmente, alguns desses países não existem mais, por terem mudado de nome ou sofrido movimentos separatistas, como é o caso da Iugoslávia, da qual se originaram seis países: Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Croácia e Macedônia; e da Tchecoslováquia, que foi dividida em República Tcheca e Eslováquia. Organize as ideias 1. De que forma a perestroika e a glasnost contribuíram para o processo de reunificação da Alemanha? Ao redirecionar os investimentos do país para a indústria de consumo, em detrimento da indústria armamentista e das forças militares, conformeprevia a perestroika, os soviéticos perderam força e autoridade sobre os países filiados ao bloco socialista. Isso facilitou a emergência de movimentos de protesto contra o regime. A glasnost, por sua vez, contribuiu para a formação de dissidências políticas e novos partidos políticos, o que permitiu a consolidação da oposição. O enfraquecimento do líder do bloco socialista possibilitou que os demais países dele lutassem por um governo livre das pressões soviéticas. 2. Em um plano simbólico, qual é o significado da derrubada do Muro de Berlim? O Muro de Berlim era uma barreira que demarcava a divisão do mundo entre países capitalistas e socialistas, oposição que embasava a Guerra Fria. Sua derrubada marcou, em um plano simbólico, o fim da Guerra Fria, gerado pelo enfraquecimento do bloco socialista. História 13 Retorne às questões da página de abertura do capítulo, na qual discutimos a respeito das barreiras físicas como meio de impedir problemas internos para os países. Depois, analise os documentos a seguir. “Vá correndo para Berlim. O Muro está caindo.” Eram onze e meia da noite da quinta-feira 9 de novembro de 1989 quando o mundo da Guerra Fria começou a ruir. Kai Wiedenhöfer, então um entusiasmado estudante de fotografia documental em Essen, na Renânia do Norte-Vestfália, fez bem em acatar o conselho, quase ordem, do professor e percorreu os quinhentos quilômetros que o separavam de Berlim. Ele lembra o quanto comemorou “um mundo sem muros, o mundo livre” na festança a céu aberto pela virada histórica. Júbilo prematuro. Hoje, passados 26 anos, o quadro é de uma humanidade mais aprisionada, uma massa de gente encurralada como gado. Enquanto onze novas muralhas separando regiões ou nações brotaram entre o fim da Segunda Guerra e a euforia em Berlim, de lá para cá esse número mais que duplicou. Um levantamento publicado no The Guardian calculou em cerca de 9,5 milhões de quilômetros a soma de muros, fortificações, grades e barreiras nacionais construídos apenas na última década. HARAZIM, Dorrit. O instante certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. E-book. Orientação para a realização de atividade e gabarito.11 MAUDSLEY, Brian. Vista do Mar Morto para a estrada de Jerusalém na Cisjordânia. Área Palestina da barreira de separação. Um muro de concreto alto e apartamentos israelenses atrás no topo do colina. 1 fotografia, color. HARAZIM, Dorrit. O instante certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. E-book. o ©Shutterstock/Brian Maudsley Agora, faça o que se pede. 1. A queda do Muro de Berlim promoveu algum ensinamento para a humanidade? Justifique a sua resposta. 2. Além dos apresentados aqui, pesquise e cite mais três outros muros que existem na atualidade. 3. De maneira geral, na atualidade, o que os muros pretendem deixar de fora de um território nacional? 4. Além dos muros físicos, quais outros tipos de barreiras separam povos? ©Fotoarena/REUTERS/Jayanta Dey © Sh ut te rs to ck /C ha d Zu be r ZUBER, Chad. Famílias mexicanas que vivem em Tijuana visitam uma família que vive nos EUA e se encontram no muro da fronteira. 28 jan. 2017. 1 fotografia, color. SOLDADOS da Força de Segurança da Fronteira (BSF) patrulham a cerca da fronteira internacional Índia-Bangladesh antes das eleições gerais. 4 abr. 2014. 1 fotografia, color. Outras histórias 9o. ano – Volume 414 Nova Ordem Mundial A crise socialista, que culminou com a desagregação da União Soviética e o fim do Socialismo no Leste Eu- ropeu, fez cessar a Guerra Fria. Após o término do mundo bipolarizado, os Estados Unidos se tornaram a única potência militar mundial. No campo econômico, o Capitalismo predomina na maioria dos países do mundo, e a tendência é a for- mação de blocos econômicos, no interior dos quais sejam concedidos garantias e incentivos mútuos entre os países-membros. O Socialismo, ou pelo menos alguns de seus princípios, subsiste em países como China e Cuba. Essa nova configuração mundial que emergiu do final da Guerra Fria, altamente marcada pela globaliza- ção, é chamada de Nova Ordem Mundial. O texto a seguir refere-se à Nova Ordem Mundial. Leia-o com atenção. Interpretando documentos A nova ordem internacional que está sendo gestada caracteriza-se, segundo estudiosos do tema, como um cenário dominado pelos megamercados. Cenário este em que as diferenças entre países ricos e países pobres se acentuam perigosamente, devido ao elevadíssimo padrão de desenvolvimento tec- nológico dos primeiros, o que acarreta, entre outro, um enorme movimento migratório. Estatísticas da ONU demonstram que nunca houve, como agora, tanta mobilidade da população mundial. Enormes contingentes de habitantes da África, da Ásia e da América Latina procuram desesperadamente migrar, sobretudo para a Europa e Estados Unidos. São conhecidos os problemas por eles enfrentados, devido às ações de grupos neonazistas e de extrema direita que se opõem, de forma violenta, aos imigrantes. [...] Mas não se sabe ao certo como será configurada a Nova Ordem Mundial. As indicações de que esta seria uma ordem multipolar, comandada pelos Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão, ou seja, as sociedades pós-industriais, ficaram um pouco abaladas em 2003, por ocasião da guerra contra o Iraque. Naquele momento os Estados Unidos assumiram uma postura de desconsiderar a ONU, o que levou a uma crise com a França, Alemanha e Rússia. Ficou claro, para muitos analistas, que o governo norte-americano está realmente interessado em impor uma “ordem” monopolar, baseado no fato de que seu poderio militar é incontestavelmente o maior do mundo. De acordo com o fragmento, faça o que se pede. 1. Cite algumas consequências da Nova Ordem Mundial. O aumento das desigualdades sociais, o aumento da migração de pessoas oriundas de países pobres para países ricos e o acirramento da violência contra os imigrantes. 2. Qual é o papel que, segundo os autores, os Estados Unidos pretendem assumir dentro dessa Nova Ordem Mundial? Os Estados Unidos querem assumir um posto de liderança nessa Nova Ordem Mundial, com base em sua superioridade bélica em relação aos demais países do mundo. FARIA, Ricardo de M.; MIRANDA, Mônica L. Da Guerra Fria à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2003. p. 88-89. Aprofundamento de conteúdo para o professor.12 História 15 Hora de estudo 1. Relacione a segunda coluna com a primeira. I. Nova Ordem Mundial II. Crise do Socialismo III. Neoliberalismo IV. Globalização ( III ) De acordo com esse conceito, o Estado deveria exercer a menor influência possí- vel na economia, limitando-se a executar atividades como a defesa do território e a segurança pública, caracterizando, assim, o “Estado mínimo”. ( IV ) Processo que caracteriza a interligação de toda a economia global e tende a tornar os padrões de consumo e de comporta- mento cada vez mais semelhantes em to- dos os locais do mundo. Foi incentivado pelo Neoliberalismo e pela crise do bloco socialista. ( II ) A perestroika e a glasnost, propostas por Gorbatchev, desvelaram os problemas que a União Soviética apresentava havia várias décadas. Ela relaciona-se, em última análise, ao problema estrutural de uma economia planificada, excessivamente centralizada e burocratizada. ( I ) Surgida no final da Guerra Fria, caracteri- za-se pela multipolaridade e pela configu- ração dos megamercados, embasados na existência dos acordos financeiros entre países. 2. (ENEM) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas de 1980 e 1990, gerou expec- tativas de que seria instaurada uma ordem in- ternacional marcada pela redução de conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta X a) o aumento de conflitos internos associa- dos ao nacionalismo, às disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime organizado. b) o fim da corrida armamentistae a redução dos gastos militares das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da Guerra Fria. c) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com maior envolvimento de países emergentes. d) a plena vigência do Tratado de Não Prolifera- ção, que afastou a possibilidade de um con- flito nuclear como ameaça global, devido à crescente consciência política internacional acerca desse perigo. 3. A defesa de um “Estado mínimo” contribuiu para tornar as relações econômicas entre os países capitalistas mais flexíveis. Isso porque a preconização da não intervenção do Estado na economia tende a eliminar os entraves à entrada de capital estrangeiro nesses mesmos países. Esse processo colaborou para a disseminação de multinacionais entre os capitalistas. O texto pode ser relacionado à(ao): a) Crise do Socialismo e ao Capitalismo. X b) Neoliberalismo e à globalização. c) Globalização e à crise do Socialismo. d) Globalização e ao Socialismo. e) Capitalismo e à crise do Socialismo. 4. Com o enfraquecimento do Socialismo, diversos países permitiram a entrada de capitais estran- geiros, ampliando o mercado mundial e inse- rindo-se em uma cadeia produtiva que tende a interligar cada vez mais países do mundo. O texto pode ser relacionado à(ao): a) Globalização e à Nova Ordem Mundial. b) Crise do Socialismo e à economia planificada. X c) Globalização e à crise do Socialismo. d) Globalização e ao Neoliberalismo. e) Neoliberalismo e ao Socialismo. 16 Analise as imagens ao lado e busque respostas para as questões a seguir. • Durante a Ditadura Civil-Militar, a popu- lação votava? Justifi- que a sua resposta. • Qual é a importância de eleições livres para um governo demo- crático? Brasil: Nova República 14 ©Kino.com.br/Marcos Peron MANIFESTAÇÃO estudantil: estudante pichando o Teatro Municipal em São Paulo (operário no poder). Jul. 1968. 1 fotografia, p&b. PERON, Marcos. Urna eletrônica para votação. 1 fotografia, color. © Ac er vo Ic on og ra ph ia Justificativa da seleção de conteúdos.1 Sugestão de abordagem de atividade e sugestão de gabarito. 2 17 Objetivos • Resgatar o período de Ditadura Civil-Militar no Brasil, salientando os movimentos que lutaram pela redemocratização do país. • Compreender o processo de abertura política iniciado durante os anos finais da Ditadura Civil-Militar. • Analisar o processo de redemocratização do país. • Analisar a Constituição de 1988, ressaltando a noção de cidadania e o esforço para a formação de uma sociedade com direitos iguais para todos. • Conhecer os principais fatos que marcaram as gestões dos presidentes da Nova República, des- tacando as mudanças econômicas. • Analisar a cultura e a sociedade no Brasil durante o período da Nova República. A segunda metade do século XX foi marcada na história política do Brasil pela Ditadura Civil-Militar. O Golpe de Estado de 1964 estabeleceu governos militares no país até 1985. Durante esse período, apesar de qualquer manifestação contrária ser proibida, inclusive por Atos Institucionais como o AI-5, parte da população brasileira promoveu movimentos contra a permanência dos militares no poder. Sugestão de abordagem de conteúdo.3 Organize as ideias Antes de iniciarmos o estudo dos temas do capítulo, vamos recordar alguns dos assuntos estudados. 1. (ENEM) QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991. © Fo to ar en a/ Jo aq uí n S. L av ad o Te jó n (Q UI NO ) Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos”. Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo a) impedir a contratação de familiares para o serviço público. b) reduzir a ação das instituições constitucionais. c) combater a distribuição equilibrada de poder. X d) evitar a escolha de governantes autoritários. e) restringir a atuação do Parlamento. JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. 9o. ano – Volume 418 Silenciar significava não promover críticas ou ações contra o governo e a ordem imposta pelos militares. Abertura política e redemocratização Em 1974, assumiu o cargo de presidente da Repú- blica Ernesto Geisel, militar responsável por dar início ao processo de abertura política e de redemocratização do país. Com esse objetivo, em 1978, ao final de seu man- dato, ele revogou o AI-5, instrumento legal que conce- dia poderes praticamente ilimitados aos militares. João Baptista Figueiredo, sucessor de Geisel, aprovou em 1979 a Lei da Anistia. Ela concedia perdão a todos os que cometeram os chamados “crimes políticos” durante o período de Ditadura – até mesmo aos militares que praticaram torturas e prisões arbitrárias. Pela volta de vá- rios exilados, foi um momento de grande euforia no país. Ao final do mandato de Figueiredo, em janeiro de 1985, foram realizadas eleições indiretas que es- colheram o primeiro presidente civil do Brasil em 20 anos, Tancredo Neves. No entanto, acometido por sérios problemas de saúde, ele não assumiu o cargo, falecendo em abril. José Sarney, vice-presidente, foi empossado e cumpriu o mandato até o final. O governo de José Sarney foi marcado por tentati- vas de sanar a crise econômica deixada pela Ditadura Civil-Militar. Para combater os altos índices de inflação, foi lançado, em 1986, o Plano Cruzado, elaborado por seu ministro da Fazenda, Dílson Funaro. O Plano Cruzado previa a alteração da moeda de cruzeiro para cruzado, com o corte de três zeros. Houve ainda o congelamento dos preços e a criação do “gati- lho salarial”, que concedia aumento no salário mínimo automaticamente toda vez que a inflação chegasse à casa dos 20%. No início, o plano conseguiu controlar a inflação, fato que se refletiu no barateamento das mercadorias e no aumento imediato do consumo. © D. A Pr es s/ Jo se m ar G on ça lv es /C B GONÇALVES, Josemar. Posse de José Sarney. 15 mar. 1985. 1 fotografia, p&b. Após a morte de Tancredo Neves, assumiu a presidência José Sarney. Isso desagradou a muitos brasileiros, já que ele havia participado da Arena, partido político dos militares, durante o período de Ditadura. © Es ta dã o Co nt eú do /A E/ An dr é Do ue k DOUK, André. Populares comemoram a autuação do supermercado Jumbo Pompeia por aumentar os preços de diversos produtos. 2 mar. 1986. 1 fotografia, p&b. Ao lançar o Plano Cruzado, o presidente José Sarney convocou cada cidadão brasileiro a se tornar um “fiscal do Sarney”, denunciando estabelecimentos comerciais que não respeitassem a ordem para congelamento do preço das mercadorias. Alguns donos de estabelecimentos comerciais foram agredidos ou tiveram seus estabelecimentos depredados. 2. Leia o fragmento a seguir. [...] Depois de um ano de grandes manifestações, de luta por mais liberdade, a resposta do go- verno passava longe dos anseios da população. O AI-5 suprimia o último resquício de democracia do país. O autoritarismo alcançaria seu ponto máximo, e para viver no Brasil sem correr risco de vida, seria preciso silenciar. [...] SANDER, Roberto. 1968: quando a terra tremeu. São Paulo: Vestígio, 2018. p. 282-283. De acordo com o texto, qual era o sentido de “silenciar”? História 19 A euforia causada pelo Plano Cruzado, contudo, logo se mostrou ilusória. A situação dos produtores que tiveram a diminuição das suas margens de lucro ou acumulavam prejuízos, somada ao consumo excessivo, causou desabastecimento e, com uma procura maior do que a oferta, o governo não pode conter a alta dos preços. Diante da nova crise, Sarney lançou o Plano Cruzado II, que previa a liberação do preço de alguns produtos e o aumento de tarifas de serviços básicos, como a energiaelétrica e o telefone. Além disso, houve significativo aumento nos tributos, fator que elevou os preços de automóveis, de bebidas e de cigarros, com o objetivo de desacelerar o consumo. O Plano Cruzado II, no entanto, não obteve sucesso e uma nova onda de inflação tomou conta do país. Sarney lançou ainda outros planos econômicos durante seu mandato, sem que nenhum deles conseguisse estabilizar a economia brasileira. Às vésperas de deixar o poder, em janeiro de 1989, o presidente fez uma última tentativa para estabilizá-la, lançando o Plano Verão, que previa nova troca de moeda, dessa vez pelo cruzado novo, e mais um corte de três zeros. Constituição de 1988 Além das constantes crises econômicas, o governo de José Sarney foi marcado pela promulgação de uma nova Constituição para o país, a qual, com algumas alterações, é a que permanece até a atualidade. Entre as mudanças promovidas por essa Constituição, destaca-se a posição do Estado quanto aos conflitos políticos, ficando proibida a tortura, que passou a ser considerada crime. Ações armadas contra o governo tam- bém foram qualificadas dessa forma, com o intuito de evitar que novos golpes ocorressem; o voto direto para os cargos de presidente, de governador, de prefeito, de deputados, de senadores e de vereadores foi assegurado; foram estabelecidas inúmeras medidas que beneficiavam os trabalhadores, tais como: a criação do seguro- -desemprego e da licença-paternidade, a fixação de uma multa no valor de 40% sobre o valor do FGTS em caso de demissão sem justa causa e a limitação da jornada de trabalho a 44 horas semanais. © Ab ril C om un ic aç õe s S .A ./J oã o Ra m id RAMID, João. O deputado Ulysses Guimarães mostra a Constituição brasileira, promulgada em 1988. 1988. 1 fotografia, color. Ulysses Guimarães, conhecido por intensa participação no processo de redemocratização do país, teria dito sobre a Constituição de 1988: “Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil”. Sugestão de encaminhamento de conteúdo.4 Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 9o. ano – Volume 420 Sugestão de encaminhamento de atividade e gabarito.6 A nova Constituição garantia ainda a liberdade sindical, o direito de greve e a proibição de discriminação por empresas em virtude de cor, de gênero, de idade ou de estado civil. Essas mudanças em prol dos trabalhadores renderam à Constituição de 1988 o título de “Constituição Cidadã”, cunhado pelo deputado Ulysses Guimarães. Leia alguns artigos, parágrafos e incisos da Constituição de 1988 que tratam dos direitos e dos deveres dos indivíduos no Brasil. Interpretando documentos TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. [...] Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: [...] VI – defesa da paz; VII – solução pacífica dos conflitos; VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; [...] TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III – ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; [...] CAPÍTULO VIII DOS ÍNDIOS Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tra- dições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. § 1º. São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter perma- nente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. § 2º. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, ca- bendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao. htm>. Acesso em: 18 jun. 2019. Sugestão de encaminhamento de atividade e gabarito.6 História 21 De acordo com a leitura dos trechos da Constituição e seus estudos, responda: 1. O que estabelece o texto constitucional em relação aos direitos e aos deveres dos indivíduos? 2. E em relação ao racismo? 3. De que maneira o texto constitucional se contrapõe ao AI-5? 4. Conforme estudamos, as constituições brasileiras até a década de 1960 não trataram dos indígenas, dei- xando-os de fora de seus textos. Em contrapartida, a Constituição de 1988 estabeleceu direitos e garan- tias aos povos indígenas brasileiros. Quais foram esses direitos e essas garantias? Cotidiano A Constituição de 1988, vigente na atualidade, garante igualdade de direitos a todos os brasileiros, independentemente da cor da pele, da etnia, da situação econômica ou de qualquer outra característica individual. A Constituição estabelece tal igualdade e o Estado deve assegurá-la na prática. Esses direitos estão sendo garantidos a toda a população? Justifique a sua resposta. Sugestão de encaminhamento de atividade e sugestão de gabarito.7 Você faz História Diante da realidade atual de nossa sociedade, quais medidas individuais ou coletivas podem ser tomadas para que os direitos estabelecidos pela Constituição brasileira sejam de fato cumpridos? Eleição de 1989 O governo de José Sarney chegou ao fim no ano de 1989, marcado por tentativas frustradas de conter a crise econômica. Diversos planos econômicos e mudanças de moedas, entre outras medidas, não foram suficientes para eliminar a inflação que corroía os salários e o poder de compra dos brasileiros. Apesar de todo esse cenário, a promulgação da Constituição de 1988, com um texto que buscava a inclusão de todos os brasileiros, foi um fato positivo. Em 1989, ocorreram as primeiras eleições diretas para o cargo de presidente da República no Brasil depois de 29 anos sem que os brasileiros pudessem eleger o líder máximo do Executivo. Por esse motivo, tal eleição ficou marcada na história recente de nosso país. Apresentaram-se mais de 20 candidatos à eleição presidencial, sendo a maioria deles politicamente inexpressiva. Nesse cenário, a disputa se polarizou entre dois concorrentes: Fernando Collor de Mello, can- didato pelo Partido da Renovação Nacional (PRN), e o líder sindical Luís Inácio Lula da Silva, integrante do Partido dos Trabalhadores (PT). Sugestão de encaminhamento de atividade e sugestão de gabarito.8 9o. ano – Volume 422 Aprofundamento de conteúdo para o professor.9 CRUZ, Antonio. O presidente Fernando Collor corre nas proximidades da casa da Dinda, em Brasília. 1990. 1 fotografia, p&b. Collor soube trabalhar muito bem sua imagem durante a campanha política – aparecia constantemente praticando atividades físicas ao ar livre, buscando demonstrar jovialidade e vitalidade. Em ocasiões oficiais, vestia-se de modo impecável, revelando requinte e sofisticação. Apoiado pelo empresariado brasileiro, Collor re- cebeu doações milionárias para sua campanha,das quais soube tirar grande proveito. Para isso, realizou uma campanha eficaz, na qual vendia a imagem de um político jovem, desvinculado das antigas elites políticas do país e totalmente engajado em um proje- to de modernização. Este incluía o combate à corrup- ção e a inclusão do Brasil na economia de mercado. Luís Inácio Lula da Silva, identificado com os ideais socialistas em um momento no qual o Socialismo passava por uma crise mundial, foi vencido nas elei- ções por Collor. Este recebeu pouco mais de 53% dos votos contra pouco mais de 46% de seu adversário, tornando-se o presidente mais jovem da história do país, com apenas 40 anos. MARTINS, Reinaldo. Lula discursa para metalúrgicos em São Bernardo do Campo. 14 abr. 1985. 1 fotografia, p&b. Lula despontou no cenário nacional como um dos fundadores do Partido dos Trabalhados (PT) e líder sindical. Sua associação com o Socialismo, no entanto, foi um empecilho para que fosse eleito como presidente nas eleições de 1989, de 1994 e de 1998. © Es ta dã o Co nt eú do /R ei na ld o M ar tin s Após tomar posse, Collor divulgou seu plano de governo, denominado Plano Collor. Assim como nos planos elaborados durante o governo de José Sarney, Fernando Collor decretou o congelamento dos preços e mudou a moeda, de cruzado para cruzeiro. Mas era preciso evitar que essa medida causasse nova onda consumista, como já havia ocorrido, provocando a alta dos preços e o desabastecimento. Para isso, o governo confiscou grande parte do dinheiro que a população brasileira possuía nos bancos em poupanças, contas correntes e investimentos. A promessa era a de que ele seria devolvido corrigido após 18 meses, dividido em 12 parcelas. Além dessas medidas, o plano também previa significativos cortes nos gastos públicos, como a extinção de uma série de órgãos estatais, a demissão de vários funcionários públicos e a privatização de empresas governamentais. Para estimular a entrada de produtos estrangeiros no Brasil e inserir o país na economia de mercado, o governo diminuiu os impostos sobre a importação de mercadorias. Em um primeiro momento, o Plano Collor obteve sucesso, conseguindo conter a inflação e a alta dos preços. Em pouco tempo, no entanto, o baixo consumo, aliado à entrada de produtos estrangeiros no Brasil, provocou o fechamento de muitas indústrias e aumentou os níveis de desemprego, gerando uma grave crise no país. © Ag ên ci a Br as il/ An to ni o Cr uz História 23 O impeachment Um ano após o lançamento do Plano Collor, o presidente lançou um novo plano econômico, denominado Plano Collor II, com medidas semelhantes às implantadas no ano anterior, no intuito de resolver a crise financei- ra. Porém, o plano não obteve sucesso. Em meio à crise econômica que tomava conta do Brasil, surgiram denúncias de corrupção no governo de Collor. Elas tornaram-se públicas quando o então presidente da Petrobras fez acusações contra Paulo César Fa- rias, o PC Farias, amigo e tesoureiro da campanha de Collor. PC Farias foi acusado de coagir responsáveis por em- presas públicas a conceder recursos públicos para serem utilizados por empresas privatizadas. A essa acusação, somaram-se outras, que apontavam o desvio de verbas da Legião Brasileira de Assistência (LBA), pela esposa do presidente, Rosane Collor. O escândalo ganhou grande destaque na mídia em junho de 1992, quando o irmão do presidente, Pedro Collor, concedeu entrevista a uma revista. Nela, declarava que Fernando Collor de Mello era o grande beneficiário dos esquemas corruptos operados por PC Farias. A comoção nacional gerada diante do escândalo levou o Congresso Nacio- nal a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as acu- sações. As investigações revelaram que as acusações eram verdadeiras e de- ram início a pedidos de impeachment do presidente, ou seja, de sua destitui- ção do cargo. Em setembro de 1992, o pedido foi apresentado oficialmente ao Congresso e, em 2 de outubro do mes- mo ano, Collor foi notificado de seu afastamento do cargo. Em dezembro, teve seus direitos políticos cassados por oito anos. A presidência foi entregue a seu vice, Itamar Franco, que governou até o fim do mandato. © Fo lh ap re ss /R ob er to Ja ym e JAYME, Roberto. O presidente Fernando Collor de Mello deixa o Palácio do Planalto depois de notificado de seu afastamento. 29 dez. 1992. 1 fotografia, color. • Collor e a primeira-dama Rosane Collor deixam o Palácio do Planalto Aprofundamento de conteúdo para o professor.10 Pesquisa Você já ouviu falar sobre o Movimento dos Caras-Pintadas? © Ag ên ci a Br as il/ Se rg io L im a LIMA, Sérgio. Caras-pintadas durante manifestação no Palácio do Planalto, Brasília. Set. 1992. 1 fotografia, p&b. Pesquise a respeito desse movimento, bus- cando os objetivos e os grupos que dele par- ticiparam. Anote no caderno as informações coletadas. Sugestão de encaminhamento de atividade e gabarito.11 9o. ano – Volume 424 A conjuntura que levou à eleição do presidente Collor em 1989 era inédita: acontecia em um momento de globalização mundial, na qual a troca de informações se tornava cada vez mais rápida e acessível. Nesse cenário, os meios de comunicação ganhavam cada vez mais destaque e atingiam parcelas cada vez maiores da população. Collor, ligado a esse novo cenário, soube aproveitar a seu favor o poder de influência da mí- dia, sobretudo da televisão: vendia as qualidades que os brasileiros gostariam de ver associadas a seu país – renovação, juventude, atitude. O que o presidente não esperava, no entanto, é que esse mesmo veículo, direcionado contra ele, teria o poder de gerar uma comoção popular tão intensa que acabou por destituí-lo de seu cargo. Quando surgiram as primeiras denúncias de corrupção contra seu governo, ninguém acreditava que elas teriam muito impacto. Afinal, outros presidentes já haviam sido acusados do mesmo crime, sem gran- des consequências. A diferença de sua situação, em relação a seus antecessores, estava em uma garantia constitucional criada apenas um ano antes de sua eleição, na Constituição promulgada por Sarney, em 1988. Interpretando documentos Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qual- quer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de infor- mação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituicao.htm>. Acesso em: 18 jun. 2019. Fernando Collor, portanto, não poderia utilizar a censura para evitar que o escândalo viesse à tona. As de- núncias feitas pela imprensa geraram uma comoção popular que obrigou o Senado a iniciar uma investigação e, uma vez comprovadas, o presidente foi destituído de seu cargo. Com base no documento e nos nossos estudos, responda: 1. O que o artigo 220 da Constituição de 1988 pretendia garantir? A liberdade de expressão da imprensa. 2. Que acontecimento do passado recente do Brasil tornava necessário dispor em Constituição o princípio de liberdade de imprensa? A censura imposta pela Ditadura Civil-Militar a todos os meios de comunicação e de expressões artísticas. 3. Qual é a importância de disposições como a do artigo 220 da Constituição brasileira em um regime de governo democrático? A garantia do direito de expressão, incluindo a de expressão do posicionamento político dos cidadãos. História 25 Itamar Franco e o Plano Real Em 1992, Itamar Franco tomou posse com grande apoio político e popular. Visando re- solver a crise econômica, convidou o então ministro das Relações Exteriores, FernandoHenrique Cardoso, para assumir o cargo de ministro da Fazenda. Juntos, lançaram em ju- lho de 1994 um plano de estabilização da eco- nomia, denominado Plano Real. Esse plano substituía o cruzeiro pelo real. Ao contrário dos planos anteriores, não estabelecia o congelamento de preços ou de salários. Pre- via, porém, reformas na estrutura administrativa do país e no sistema econômico, como a con- tenção dos gastos públicos associada a uma política de privatizações, bem como a equipa- ração do real ao dólar, aliada a uma alta eleva- ção nas taxas de juros. Com essas medidas, o governo conseguiu atrair investidores estran- geiros ao país e promover a modernização das indústrias nacionais, em virtude da equivalência do real ao dólar, o que tornava a compra de maquinário importado mais acessível. A inflação também foi controlada. Essa relativa estabilização da economia rendeu grande prestígio a Fernando Henrique Cardoso, que despon- tou naturalmente como o próximo candidato a presidente. Assim, formou-se a seu redor uma chapa do Partido da Frente Liberal (PFL), contra a qual concorria novamente Luís Inácio Lula da Silva, pelo PT. Fernando Henrique Cardoso ganhou a eleição já no primeiro turno, com quase 55% dos votos. Fernando Henrique Cardoso: privatizações e crise econômica Em 1995, o presidente Fernando Henrique anunciou mais uma série de medidas necessárias para equilibrar a economia e continuar na condução eficiente do novo plano econômico. Entre as medidas estavam a reforma tributária, a reforma da Previdência Social e a quebra de vários monopólios estatais, abrindo espaço para a ini- ciativa privada. Era a chegada do Neoliberalismo ao Brasil. Nesse governo, houve a aceleração dos processos de privatizações de várias empresas estatais e o fim dos monopólios em diversos setores da economia, especialmente na indústria petrolífera e no setor da telefonia. Isso levou vários partidos políticos da oposição a uma forte reação ao que consideravam política aliada aos interesses neoliberais estadunidenses. O Plano Real também passou por momentos de crise. Um dos problemas residia na equiparação do real ao dólar, medida que encarecia os produtos fabricados no Brasil. Isso aumentava a procura por produtos importa- dos. Essa situação gerou consequências negativas. Entre elas: a falência de várias empresas nacionais, altos índi- ces de desemprego, a diminuição da exportação e o aumento do déficit na balança de exportações brasileiras (entravam mais produtos importados do que saíam produtos nacionais). O déficit na balança comercial, por sua vez, levava a outro problema: a manutenção de altas taxas de juros pelo governo. Essa política governamental tinha como objetivo atrair investidores internacionais que injetas- sem dólares na economia nacional. Por outro lado, as altas taxas de juros encareciam o valor de venda dos © Fo lh ap re ss /S ér gi o Li m a LIMA, Sérgio. Rubens Ricupero, ministro da Fazenda, e o presidente Itamar Franco lançam o real. 1994. 1 fotografia, color. Durante o governo de Itamar Franco, a hiperinflação foi finalmente controlada no Brasil, graças ao Plano Real, elaborado pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e sua equipe. No mesmo ano, Fernando Henrique deixou o ministério para concorrer às eleições presidenciais, sendo substituído por Rubens Ricupero no cargo de ministro. Aprofundamento de conteúdo para o professor.12 9o. ano – Volume 426 produtos no país, o que diminuía o consu- mo, gerando a falência de empresas e de- missões. Para piorar ainda mais a situação, a política de cortes nos gastos públicos ocasionou baixo investimento por parte do governo em setores essenciais da econo- mia. Em 2001, por exemplo, ocorreu uma crise no abastecimento de energia elétrica, a qual submeteu empresas e consumidores residenciais a um racionamento, ficando conhecida como “apagão”. A implantação do Plano Real teve, por- tanto, o mérito de conseguir diminuir a inflação e estabilizar a economia do país. Contudo, também provocou uma grande recessão econômica, responsável por gerar altos índices de desemprego e o empobrecimento da população. Tais fatores levaram a um aumento nos índices de violência, em especial durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Essa situação contribuiu para diminuir consideravelmente a popularidade do presidente, que não conse- guiu reeleger seu sucessor, o candidato José Serra. Nesse cenário, Luís Inácio Lula da Silva, candidato que havia disputado as eleições anteriores e se apresentava como oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso, despontou como favorito nas eleições de 2002. Em sua campanha, Lula se esforçou para se desvincular da imagem radical de militante de esquerda associada a ele, a qual assustava, principalmente, a classe média. Sua estratégia se mostrou acertada e ele foi eleito presidente do Brasil. © Ab ril C om un ic aç õe s S .A ./A na A ra uj o FERNANDO Henrique Cardoso, com Marco Maciel, apresenta seu programa de governo. 1998. 1 fotografia, color. O controle da inflação e a estabilidade econômica nos primeiros meses após o lançamento do Plano Real fizeram com que Fernando Henrique Cardoso fosse facilmente eleito presidente. Organize as ideias Analise a tabela a seguir. Fonte: COMISSÃO Econômica para a América Latina, 1952-1997. In: SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 1998. p. 328. Taxas anuais de inflação no Brasil, 1986-1997 Ano Taxa de inflação (%) 1986 65,0 1987 416,0 1988 1 038,0 1989 1 783,0 1990 1 477,0 1991 480,0 1992 1 158,0 1993 2 489,0 1994 929,0 1995 22,0 1996 11,0 1997 4,0 História 27 Como base nos dados apresentados na tabela, responda: 1. De que forma os altos índices inflacionários registrados nos anos de 1988, 1989, 1990, 1992 e 1993 inter- feriam no cotidiano da população brasileira? Altos índices inflacionários são responsáveis por elevar constantemente o preço das mercadorias. Caso os salários não sejam reajustados na mesma medida, uma das principais consequências imediatas das altas taxas de inflação é a diminuição do poder de compra das pessoas. 2. O que explica a constante e abrupta queda dos índices inflacionários a partir de 1994? O lançamento do Plano Real, o qual tinha como objetivo a estabilização da economia do país. 3. Cite uma consequência positiva que o Plano Real promoveu na economia brasileira. O Plano Real equilibrou a economia brasileira sem a troca corriqueira de moedas e sem o imediatismo dos planos anteriores. A estabilidade da moeda conseguiu manter a inflação em índices bem inferiores aos dos anos anteriores. É possível ainda apontar o incentivo dado ao desenvolvimento da iniciativa privada. 4. Cite uma consequência negativa desse plano para a indústria nacional. O Plano Real, ao fazer do real uma moeda forte, contribuiu para desvalorizar a indústria nacional, gerando uma onda de falências e desemprego no país, o que o levou à recessão. O Brasil no século XXI Logo que Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência, o Brasil passou por alguns momentos de tensão, com medo de que o novo presidente direcionasse seu governo para a esquerda, gerando nova crise econômica no país. Isso, no entanto, não ocorreu. Lula demonstrou não ter interesse em promover grandes mudanças na política econômica herdada de seu antecessor, mantendo os índices de juros altos e o controle sobre a inflação. STUCKERT, Ricardo. Presidente Lula faz pronunciamento na abertura da reunião ministerial na Granja do Torto. 1 fotografia, color. O agravamento das desigualdades sociais durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, aliado a uma bem-sucedida campanha de marketing, levou o ex-líder sindical ao cargo de presidente por dois mandatos consecutivos, em 2002 e 2006. © W ik im ed ia C om m on s/ Ri ca rd o St uc ke rt 9o. ano – Volume 428 A principal mudança de seu governo em relação ao anterior foi a atençãodispensada à redistribuição de renda entre a população, com vistas a diminuir a desigualdade social no país. Nesse sentido, destacaram-se as criações do Programa Bolsa Família e do Programa Universidade Para Todos (Prouni). O primeiro se destina à redistribuição direta de renda com a concessão de valores mensais a famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. Em contrapartida, elas se comprometem a manter as crianças com a vacinação em dia e frequentando a escola. Já o Prouni concede bolsas de estudo a alunos oriundos de escola pública em universidades particulares. A manutenção da estabilidade política, aliada aos programas sociais, fez com que o presidente conquistasse ampla aprovação de seu governo, sobretudo em seu primeiro mandato. Em 2005, no entanto, surgiram denúncias de corrupção em seu governo. Elas afirmavam que membros de sua base aliada ofereciam o pagamento de valores mensais a políticos de oposição para que votassem favoravelmente nos projetos governamentais. Os envolvidos nesse esquema de corrupção, que ficou conhe- cido como “mensalão”, foram investigados e vários deles, condenados pelo Supremo Tribunal Federal em 2012. Essas denúncias, no entanto, não prejudicaram os planos de reeleição do presidente, que assumiu um segundo mandato em 2007. Nesse mesmo ano, Lula criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O objetivo dele era acelerar o desenvolvimento da economia aumentando a destinação de recursos públicos para as áreas de infraestrutura, de crédito e financiamento, de regulação da legislação ambiental e de revisão de impostos. Esse programa foi reeditado e, em 2010, foi lançado o PAC 2. Nas eleições presidenciais de 2010, Lula apoiou a candidatura de Dilma Rousseff, que havia ocupado os cargos de ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil durante seu governo, para o cargo de presidente. A disputa se polarizou entre ela e o candidato José Serra. Dilma ganhou as eleições no segundo turno, com pouco mais de 55% dos votos, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Brasil. Nesse primeiro mandato, a presidente deu continuidade aos projetos sociais, como o Programa Fome Zero, criado em 2003, e que retirou o Brasil temporariamente do mapa da fome da ONU. Nas eleições de 2014, Dilma Rousseff venceu com a obtenção de 51,64% dos votos válidos. A pequena diferença entre os votos de Dilma Rousseff e os de seu principal oponente, Aécio Neves, que obteve 48,36% dos votos válidos, apontava para a divisão política no país. No ano de 2015, destacaram-se o aprofundamento da crise econômica, o aumento do desemprego e as investigações de casos de corrupção em todas as esferas de poder. CASAL JR., Marcello. Posse da presidente da República Dilma Rousseff. 2011. 1 fotografia, color. © Ag ên ci a Br as il/ M ar ce lo C as al Jr • Os altos índices de popularidade do presidente Lula garantiram a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, também do Partido dos Trabalhadores (PT) História 29 No Brasil, o ano de 2013 foi marcado por manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas. As manifestações ficaram conhecidas como Jornadas de Junho. O movimento atraiu maior adesão da população após o confronto entre manifestantes e a Polícia Militar, no dia 13, na cidade de São Paulo. O Movimento Passe Livre deu início aos protestos em razão do aumento da passagem dos coletivos urbanos de R$ 3,00 para R$ 3,20. Novas pautas foram sendo inseridas para a realização dos protestos, que iam da cobrança de passagens do transporte coletivo até o impeachment da presidente Dilma Rousseff. É certo que não havia muita clareza em relação aos principais motivos que levaram à reunião de tantas pessoas protestando. Porém, muitos afirmavam que era bastante positivo a população brasileira ir às ruas para exigir seus direitos. Em muitas dessas manifestações, que começaram de forma pacífica, ocorreram saques, destruição do patrimônio pú- blico e confrontos com as forças policiais. A polarização política que ocorria em diver- sos países do mundo mostrava sua face em terras brasileiras com o crescimento do an- tipetismo, que se intensificou na luta pela re- tirada da presidente Dilma Rousseff do poder. De acordo com Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, na obra Brasil: uma biografia, foi du- rante as manifestações de 2013 que uma nova forma de protestar surgia no país. Diferentes grupos, como os movimentos LGBTs, grupos antirracistas, movimentos estudantis, entre outros, ocuparam o mesmo espaço de reivin- dicação. Também segundo as autoras, foi nesse momento que as posturas mais intransigentes e pautadas pelo ódio e sem nenhuma disposição ao diálogo ficaram mais visíveis. © Ag ên ci a Br as il/ Jo se C ru z CRUZ, José. Manifestantes protestam em frente ao Congresso Nacional contra gastos na Copa, corrupção e por melhorias no transporte, na saúde e educação. 17 jun. 2017. 1 fotografia, color. © Ag ên ci a Br as il/ An to ni o Cr uz Após tomar posse em seu segundo mandato, a presidente anunciou medidas econômicas que iam de forma contrária ao que havia prometido durante a campanha para a reeleição. Tais medidas se aproximavam do progra- ma apresentado por Aécio Neves em sua campanha eleitoral. Foram anunciadas mudanças no seguro-desempre- go, nas pensões por morte e no abono salarial. Essas mudanças no projeto econômico fizeram com que o governo perdesse apoiadores e deram voz à oposição que questionava a legitimidade do seu mandato. O segundo mandato de Dilma Rousseff durou 1 ano e meio. Ele foi marcado pelo desemprego em alta, pelo aprofundamento da crise econômica, pelas denúncias de corrupção e pelas dificuldades impostas pelo Con- gresso Nacional na discussão e na aprovação de medidas propostas pelo governo. CRUZ, Antônio. Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais. 1 fotografia, color. O rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, os surtos de zika vírus e de dengue e a derrota da seleção brasileira para a Alemanha pelo placar de 7×1 contribuíram para a ampliação dos sentimentos de raiva e de descontentamento da população. Aprofundamento de conteúdo para o professor.13 Aprofundamento de conteúdo para o professor.14 30 9o. ano – Volume 4 Diante desse quadro, cresceu o movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff. O motivo alegado para a abertura do processo foram as denominadas “pedaladas fiscais”. Serviu de base do processo o recurso das chamadas “pedaladas fiscais”. O termo é usado pelos técnicos da área econômica para indicar a postergação pela União de um pagamento de um mês para o outro ou de um ano para o outro. O expediente das pedaladas engorda o caixa do Tesouro e permite inflar artificialmente o superávit primário, de modo a criar a ficção de que o resultado obtido pelo governo melhorou – e esse fora um procedimento já utilizado por gestões anteriores do governo federal. Já a metáfora se aplica perfeitamente ao caso – afinal, se um ciclista parar de pedalar, a bicicleta tomba. SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. E-book. A Câmara de Deputados aceitou o pedido de afastamento da presidente em 17 de abril de 2016 e o Senado confirmou a decisão em 31 de agosto do mesmo ano. AUGUSTO, Antonio. Votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Brasília. 17 abr. 2016. 1 fotografia, color. © Câ m ar a do s D ep ut ad os /A nt on io A ug us to Outras versões O afastamento da presidente Dilma Rousseff do poder ficou muito longe de ter apenas uma interpretação. Tanto dentro como fora do país, as opiniões se dividiram e ainda nos dias atuais são divergentes. A esse respeito, leia o fragmento a seguir. O afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República é sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira. Acusada de praticar
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