Buscar

Dom casmurro - Resumo e análise crítica - Tese e defesa de Capitu

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Nome: Alexandra P. Kappke 
Dom casmurro é uma obra de Machado de Assis narrada a partir do ponto de vista de Bentinho, contando a história das lembranças de vida do mesmo e sua trajetória amorosa com Capitu a partir de uma narrativa característica do realismo, sem idealizações de personagens, onde Bentinho se torna muitas vezes bipolar, se contradiz, dissimula, toma conclusões precipitadas e por vezes, não apresenta provas concretas para suas afirmações, levando o leitor à acreditar a partir desse conjunto de fatos que o narrador em questão pode não estar alegando a verdade e sim apenas uma versão própria dos fatos, já que as afirmações do narrador não precisam ser verdades absolutas. 
Esse fato, característica da trama e narração, apesar de não poder alegar a autenticidade do ato de Capitu, sobre ter ou não traído o narrador, Bentinho, pode ajudar em conjunto com outros pontos (fatos ocorridos na estória) a formar uma opinião mais concentra. A narração confusa de Bentinho se alia à ocorridos como a morte de Escobar, as brincadeiras e imitações do filho Ezequiel, a ida ao teatro, etc , em que ele argumenta seguindo as próprias ideias.
Bentinho porém, se contradiz em diversos momentos, como por exemplo, quando vendo uma foto da mãe de Sancha, descreve-a como muito parecida com Capitu, mas atribui o fato como apenas uma coincidência, como ele mesmo descreve: “Na vida há dessas semelhanças assim esquisitas.” 
Em outros Capitulos, porém, observando seu filho, percebe semelhanças físicas e no modo de caminhar de Ezequiel com o melhor amigo, Escobar, alegando a traição. Porém se o personagem alega crer em coincidências e semelhanças da vida, porque o fato dos dois caminharem de forma parecida ou se parecerem, não poderia ser também, uma coincidência da vida? Ambos os casos podem ser justificados por causas naturais e coincidências, ainda porque seu filho não imitava somente Escobar, mas brincava de ator, militante, médico e fazia imitações de diferentes personagens. Características que poderia muito bem ter herdado da mãe, que conseguia, quando queria: atuar, dissimular e agir com naturalidade quando Bentinho não conseguia, cenas que ficam claras na adolescência do casal quando os mesmos trocam os primeiros beijos.
Sobre o menino ainda, ele estava prometido em casamento com a filha de Escobar, e Capitu fazia comentários abertos com Bentinho sobre a semelhança de Ezequiel com Escobar, se o filho fosse gerado de uma possível traição com Escobar, sendo irmão da futura noiva, é muito pouco provável que uma mãe permitisse tais coisas, embora que muitas vezes Capitu se mostrasse irritada com as imitações do menino, não eram apenas com as de Escobar.
Ainda pode salientar-se que a proposta de casamento das crianças surge da parte do próprio Escobar, e, no começo das percepções de Bentinho, o menino é apenas parecido com Escobar, ele começa a se parecer mais com o melhor amigo, a partir do momento que a obsessão enciumada de Bentinho cresce. 
O ciúmes de Bentinho é outro fato importante, que pode ter feito-o dissimular mais do que aconteceu: quando mais novo, já demonstra sinais do sentimento exagerado: “Há um instante tinha eu desejo de lhe perguntar o que havia entre Capitu e os peraltas do bairro” esse demonstrado ainda quando novo, uma pequena demonstração do sentimento que logo após, acompanha o crescimento de Bentinho, fazendo sentir ciúmes de tudo inclusive do mar, e ao decorrer da obra acaba se tornando em reflexões enciumadas como a descrita:
 “Por falar nisto, é natural que me perguntes se, sendo antes tão cioso dela, não continuei a sê-lo apesar do filho e dos anos. Sim, senhor, continuei. Continuei a tal ponto que o menor gesto me afligia, a mais ínfima palavra, uma insistência qualquer; muita vez só a indiferença bastava. Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança. É certo que Capitu gostava de ser vista, e o meio mais próprio a tal fim (disse-me uma senhora, um dia) é ver também, e não há ver sem mostrar que se vê.” Começo do Capitulo CXIII (embargos de terceiro)
Onde em tal pode se destacar ainda que a visão referente à visão dos homens sobre Capitu parte de Bentinho, onde por falta de provas e de nomes não se sabe quem é a senhora:
“A senhora que me disse isto cuido que gostou de mim, e foi naturalmente por não achar da minha parte correspondência aos seus afetos que me explicou daquela maneira os seus olhos teimosos”
A cena da ida ao teatro ainda, em que Capitu inventa uma doença e faz o marido sair sozinho, pode conter explicações que favoreçam Capitu, a primeira delas é que não se pode provar que Escobar havia saído do quarto dela, já que na volta Bentinho não o encontra no lugar, muito menos em flagrante. O ponto mais importante ainda é que, se Capitu tivesse inventado a doença para poder ficar ao encontro de um amante, porque não continuou mentindo? 
No livro ficam claras ainda características de Bentinho que podem ajudar a se ligarem aos ocorridos, como sua boa imaginação, ciúmes, memória ruim, o fato de ter sido mimado boa parte da vida, insegurança e falta de demonstração aos outros personagens da sua opinião própria, muitas vezes ligada ao medo e à algumas citações da sua característica por vezes mentirosa. 
Em exemplo a isso, a cena em que Bentinho e Capitu conversam juntos e ela pergunta se ele escolheria por ela ou pela mãe, em caso de vida ou morte, mesmo ela parecendo saber que a vontade dele seria a mãe (talvez por crença de que o amor de mãe se torna maior), ela lhe escreve a palavra “mentiroso”, quando ele dá em resposta a preferencia por ela.
Bentinho era ainda extremante inseguro, não demonstrava fortemente suas opiniões nem ao menos confiava em seus próprios sentimentos, portanto, por mais travessa, forte, ardilosa ou até mesmo dissimulada que Capitu deixou se mostrar, como poderia Bentinho confiar na certeza dos sentimentos que Capitu teria? 
Mais exemplos sobre os exageros e neuroses de Bentinho poderiam ser citados a partir do contato de Capitu com outros homens, da imaginação fértil de Bentinho, além de suas séries de incertezas e infidelidades: com ele mesmo e também com Deus. 
Ainda é interessante pensar sobre até onde Bentinho descreve os fatos com precisão, como o choro de Capitu no enterro de Escobar por exemplo: além de todos (Betinho, Capitu e Sancha) terem sido muito próximos de Escobar, Sob a suspeita, o ciúmes e as neuroses de Bentinho, seria totalmente provável que Bentinho enxergasse de forma exagerada os ocorridos e de forma preocupada.
Por fim, não há nenhuma prova concreta na obra que possa alegar a traição de Capitu, apenas indícios de suspeita que poderiam muito bem ser manipulados pela narração de Bentinho.

Continue navegando